Adriana Varejão no MAM-Rio

16/jan

Depois de levar mais de 60 mil pessoas ao MAM paulista, a aclamada mostra “Histórias às margens” – a primeira panorâmica da carreira de Adriana Varejão – desembarca no MAM-RIO, Centro, Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ. O curador Adriano Pedrosa assina a seleção de aproximadamente 40 obras concebidas pela artista nos últimos 21 anos, que ocupam o foyer e a sala monumental do museu. Em sua trajetória de pouco mais de duas décadas, a artista carioca construiu uma das mais sólidas carreiras entre os artistas de sua geração, com amplo reconhecimento no circuito internacional. Seus trabalhos integram o acervo de grandes museus e instituições mundiais, frequentam as páginas de cultura de prestigiosas publicações internacionais e já foram exibidos em quase 30 exposições individuais realizadas no Brasil e no exterior. A mostra, viaja em seguida para Buenos Aires, onde faz temporada no Malba – a primeira individual da artista na capital argentina – de 27 de março a 08 de junho de 2013.

 

“Histórias às margens” inclui peças nunca antes expostas no Rio de Janeiro, como as obras “O Sedutor”, emprestada pela Fundació “La Caixa” (Barcelona), e “Parede com Incisões à la Fontana”, homônima à pintura da mesma série leiloada no início de 2011, na Christie’s de Londres, além de cinco outras que não fizeram parte da mostra no MAM-SP: “Green sauna”, “Pérola imperfeita”, “Contingente” e “Canibal e nostálgica”.

 

A produção de Adriana Varejão é particularmente rica em referências. Uma das obras mais expressivas de sua trajetória, “Reflexo de sonhos no sonho de outro espelho” (Estudo sobre o Tiradentes de Pedro Américo), de 1998, é um exemplo disso. A instalação, composta por 21 pinturas, constitui uma releitura da pintura “Tiradentes Esquartejado”, de Pedro Américo (1843-1905). O trabalho foi feito para a Bienal Internacional de São Paulo daquele ano (que teve curadoria de Paulo Herkenhoff e segue sendo considerada uma das melhores bienais da história) e desde então nunca mais foi exibido – o que acontecerá agora, ao lado de duas obras da série “Extirpação do Mal”, que estiveram na Bienal de 1994.

 

Esse conjunto ilustra bem o conceito que Pedrosa formatou para a primeira mostra panorâmica da artista. “Histórias às margens”, na definição do curador, são “histórias marginais, muitas vezes esquecidas ou colocadas às margens pela história tradicional, sejam elas histórias do Brasil, de Portugal, da China, da arte, do Barroco, da colonização; histórias que Varejão pesquisa, resgata e entrecruza em suas pinturas”.

 

Bons exemplos desses diálogos estão nas peças preparadas especialmente para a exposição. Em uma delas, uma extensa pintura da Baía de Guanabara num estilo chinês, a artista retoma uma série começada em 1992, quando, impressionada pela influência da arte chinesa no barroco brasileiro, passou três meses no país asiático.

 

Foi também inspirada na cerâmica chinesa, especialmente na da dinastia Song (960-1279), que Varejão começou a se interessar pelas superfícies craqueladas. Efeito presente em muitas de suas fases e bastante visíveis no maior trabalho da mostra, o painel inédito “Carnívoras”, composto por 39 pinturas de um metro quadrado cada. A obra reproduz plantas carnívoras de diversas partes do mundo, pintadas em vermelho sobre telas cujas superfícies remetem à textura de azulejos.

 

Neste políptico, a artista retoma a poética de um trabalho realizado para o Panorama da Arte Brasileira, do próprio MAM-SP, em 2003, no qual criou azulejos decorados com plantas alucinógenas. Estas criações em cerâmica podem atualmente ser vistas, junto com outras obras de sua autoria, no pavilhão permanente que o Instituto de Arte Contemporânea de Inhotim, em Brumadinho, lhe dedicou.

 

Sobre a artista

 

O envolvimento real de Adriana Varejão com o universo das artes começou com os cursos que fez na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, em meados dos anos 80. Nessa época, a artista nascida em Ipanema (RJ), em 1964, ganha o prêmio do 9º Salão Nacional de Artes Plásticas.

 

Em 1988, ela realiza a primeira de muitas exposições individuais. Uma lista que inclui mostras na Holanda, Suécia, Inglaterra, EUA e Japão, e exposições marcantes como Chambre d’échos / Câmara de ecos, que estreou na Fondation Cartier de Paris, em 2005, e itinerou para Portugal e Espanha. Considerando as mostras coletivas mais importantes, a artista já participou de mais de cem exposições, entre elas as Bienais de São Paulo de 1994 e 1998, a de Johanesburgo (1995), de Liverpool (2000 e 2006), Sydney (2001), Praga (2003), Santa Fé (2004), MERCOSUL (2005), Bucareste (2008) e da de Istambul (2011).

 

Seu trabalho pode ser visto no Centro de Arte Contemporânea de Inhotim (Brumadinho, MG), onde têm um pavilhão permanente, e está em coleções como TateModern (Londres), Guggenheim (Nova York), Stedelijk Museum (Amsterdã) e Hara Museum (Tóquio). Além de ter a obra registrada em inúmeros catálogos, e em livros importantes sobre arte contemporânea, como Vitamin P e Fresh Cream (ambos da editora inglesa Phaidon) e Women Artists in the 20th and 21st Century (editora Taschen), Varejão é tema da monografia Entre Mares e Carnes, da editora Cobogó (2009). Mais recentemente, seu trabalho foi tema de um ensaio de oito páginas na edição de janeiro de 2012 da revista ArtForum, escrito por Carol Armstrong.

 

“Essa é uma pintura de espessuras. Aliás, de muitas dimensões da espessura. Compreender o corpo da pintura é também compreender a possível dor da pintura e não abdicar de sua sensualidade e de seus fantasmas. A espessura aqui compreende amplamente, não apenas a materialidade, mas também a densidade simbólica do discurso pictórico. A obra de Adriana Varejão é o exercício de uma intrincada cartografia que vai da China a Ouro Preto, entre a imagem de um portulano e os signos da pintura, do corpo à história. É uma coleta de significantes aparentemente dispersos, que recebem uma conexão dentro de uma lógica das cenas construídas pela artista numa teatralização da história.”

Paulo Herkenhoff (trecho de texto do catálogo da mostra “Pintura/Sutura”, 1996).

 

“Trazendo o Barroco para a cena contemporânea, Varejão repõe na ordem do dia uma pintura que não teme o artifício, a ilusão, o jogo delirante e sensual com a aparência”.  

Luiz Camillo Osório (texto do livro “Entre Carnes e Mares”2009, editora Cobogó).

 

“O espaço de representação pictórica proposto por Adriana Varejão visa a angariar o olhar plurívoco do espectador, que o teatro e o cinema costumeiramente exigem dele, a fim de que presencie imagens em movimento que correm à cata, num palco ou tela, duma performance discursiva. No entanto, no caso de Adriana, o processo de encenação torna de tal modo excessivo o peso simultâneo da imagem compósita, que leva esta a deslegitimar a exigência propriamente discursiva das encenações conduzidas pela sucessão temporal de imagens. Há narrativa nas telas de Adriana, embora nelas não haja discurso, no sentido linguístico da palavra.”

Silviano Santiago (do livro Entre Carnes e Mares).

 

 

De 16 de janeiro  a 10 de março.

Na Sala A Contemporânea | CCBB, RJ

14/jan

A Sala A Contemporânea do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, a individual “Zona Temporária”, da artista mineira Cinthia Marcelle, ganhadora dos prêmios Future Generation Art Prize, Ucrânia (2010), Annual Gasworks/TrAIN artist in residency, Inglaterra (2009), International Prize for Performance, Trento, Itália (2006) e V Mostra do Programa de Exposições, CCSP, Brasil (2005).

 

“Zona temporária” reúne dez vitrines de alumínio, de 220 x 150 x 25 cm, vedadas com papéis de cores variadas – branco, cinza, pardo, laranja, rosa, instaladas de forma não linear, ocupando os 150 metros quadrados deste espaço expositivo do CCBB. Individualmente intitulados “Temporário”, os trabalhos foram pensados para serem expostos em conjunto. Esta é a primeira vez que a artista realiza o projeto em sua totalidade.

 

Completa a mostra, centrada na ideia de crise e estagnação econômicas, o vídeo inédito “Automóvel”, de 2012, no qual “o ritmo cotidiano de uma via de trânsito se revela, subitamente, um trabalho de Sísifo”, descreve a artista. Na mitologia grega, Sísifo se tornou conhecido por executar um trabalho rotineiro e cansativo.

 

A inspiração de “Zona temporária” partiu da estética das vitrines provisoriamente desativadas de centros urbanos. O primeiro trabalho desta série data de 2011, mas a artista começou a fotografar fachadas temporárias em 2006, em Havana, quando esteve em Cuba para participar da bienal naquele ano. A partir daí, registrou vitrines cobertas em Londres, Nova York, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, sua cidade natal, onde vive e trabalha. As fotos funcionaram como arquivos e objetos de pesquisa.

 

Cinthia Marcelle quis deslocar e transformar esse gesto improvisado das ruas, uma paisagem urbana, para a galeria de arte, convertendo-o em aparência mais plástica, de geometria e cor. As vitrines são cobertas por camadas de papéis superpostos, presos por fitas adesivas camufladas, diferente do que acontece na ruas, onde não há essa estetização e pode-se ver as fitas. Os planos de papel construídos pela artista criam uma relação histórica com a pintura geométrica e o neoconcretismo. Os gestos nunca se repetem. Cada vitrine é única.

 

Sendo uma situação temporária, o material é de baixo custo, tal como nesta mostra. Cinthia Marcelle usa papel kraft, papel manilha, papelão etc, conforme eles são encontrados à venda, às vezes afetados pelo tempo. Ela descreve a colocação do papel como “um malabarismo”, pois a vitrine é fechada, e só através da porta de correr, a artista consegue estruturar as camadas desse material. Na sala de exposição, as peças, que têm luz fluorescente por dentro, viram uma espécie de barreira na relação com o espectador. Não se vê o que há dentro, em razão da opacidade do papel.

 

Sobre a artista

 

Cinthia Marcelle nasceu em Belo Horizonte, em 1974. É formada em Belas Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais. Entre as mostras de que participou destacam-se a do Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2005), a Bienal de Havana de 2006, Bienal de Lyon, França (2007), Panorama da Arte Brasileira, São Paulo e Madri (2007-2008), 29ª Bienal Internacional de São Paulo (2010), Pinchuk Art Center, Kiev, Ucrânia (2011), Tate Modern, Londres (2012), Trienal do New Museum (2012), Dundee Contemporary Art, Escócia (2012), “Prelúdio: O interior está no exterior”, Casa de Vidro, São Paulo, (2012). A produção da artista transita por linguagens diversas, como o desenho, a fotografia, o vídeo e a performance. De setembro a dezembro de 2012, teve individual com cinco de seus vídeos no projeto “High Line Art”, em Nova York.

 

De 15 de janeiro a 17 de fevereiro.

Reabertura no MNBA

10/jan

 

Depois de passar por reformas estruturais em meados deste ano, reabre uma das principais mostras permanentes do Museu Nacional de Belas Artes, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Situada no 3º Piso a Galeria de Arte Brasileira Moderna e Contemporânea do MNBA abriga uma das raras mostras no Brasil onde se pode descortinar, num mesmo espaço, todo um percurso artístico que vai do inicio do século XX até o contemporâneo.

 

Na nova exposição da Galeria de Arte Brasileira Moderna e Contemporânea foram incluídas obras, a maior parte doações, como “Retrato de Yedda Schmidt” (esposa do falecido empresário Augusto Frederico Schmidt, poeta e dono do supermercado Disco, ghost-writter de Juscelino Kubitchek, etc), de Candido Portinari; telas de Willys de Castro, Décio Vieira, João Fahrion, Timóteo da Costa, Alex Flemming, gravuras de Maria Bonomi, Fayga Ostrower, e Gilvan Samico; e esculturas de Celso Antonio, entre vários outros.

 

Superando a mostra anterior, antes o espaço abrigava 180 trabalhos, agora serão 205 obras em exposição. Possuindo 1.800 metros quadrados, divididos em dois andares, a Galeria de Arte Brasileira Moderna e Contemporânea apresentará no primeiro andar o movimento da “Abstração na gravura”, com destaque para obras de Fayga Ostrower, Anna Bella Geiger, Rossini Perez, Artur Luiz Piza, Dora Basílio, Edith Behring, Anna Letycia, entre outros. No segundo andar artistas como Gilvan Samico, Maria Bonomi, Leonilson, Carlos Martins, Adir Botelho, Rubem Grilo, Claudio Mubarac e Fernando Vilela, se reunirão aos outros artistas representando a importância da gravura na produção artística brasileira das décadas de 1980 a contemporaneidade.
Na tocante às esculturas, novas peças também serão apresentadas, de artistas como Farnese de Andrade, Celso Antonio, Rubens Gerchman, Zelia Salgado, Abraham Palatnik e um bronze de Paulo Mazzucchelli.

 

Os novos trabalhos completam a coleção anterior que volta a exibir autores como: Manabu Mabe, Iberê Camargo, Beatriz Milhazes, Eliseu Visconti, Di Cavalcanti, Jorge Guinle Filho, Tarsila do Amaral, Carlos Oswald, Gonçalo Ivo, Mauricio Bentes, Amílcar de Castro, Pancetti, Guignard, Tomie Ohtake, Marcos Coelho Benjamin e Antonio Henrique Amaral.

 

A partir de 10 de janeiro (em exibição permanente).

Rio: Arte pública

28/dez


Foi lançado no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Centro, Rio de Janeiro, RJ, o site rioartecidade.com.br, dedicado às obras de arte localizadas em espaços públicos na cidade. Desdobramento do livro “Arte Ambiente Cidade: Rio de Janeiro”, Uiti, 2010, que inventariou as obras de arte dos espaços públicos no Rio. O site é bilíngüe, português/inglês, e utiliza as ferramentas disponíveis no mundo virtual para revelar detalhes históricos e artísticos de 61 obras selecionadas pela museóloga Mariana Várzea, autora do livro e curadora do projeto.

 

As obras – dentre esculturas, murais e monumentos – foram escolhidas pelo seu valor artístico, “e por transformarem os espaços públicos, levando ao cidadão a possibilidade de contemplação artística”, explica Mariana Várzea. Ela observa que as obras destacadas no site têm natureza artística ou histórica “essencialmente relacionadas à cidade do Rio de Janeiro, revelando a transformação das ruas da cidade em verdadeiras galerias a céu aberto”.

 

Cada obra é acompanhada de um pequeno texto com dados históricos e a minibiografia do artista, sua localização no serviço de mapeamento Google maps, com visualização integrada ao Google streetview.

 

Cada verbete é acompanhado de um ensaio fotográfico feito por Cesar Duarte, e de vídeos-depoimentos inéditos, produzidos especialmente para o site, composto de várias personalidades e os artistas Waltercio Caldas, Angelo Venosa, José Resende (ao lado de suas obras) e Everardo Miranda (mural de Portinari), dos arquitetos Carlos Fernando de Andrade (Arcos da Lapa), Roberto Anderson (Chafariz da Praça XV), Roberto Ainbinder (Mulher com ânfora), Augusto Ivan (escultura Módulo 6.5, de Ascânio MMM), dos curadores Alberto Saraiva (escultura de Ivens Machado), Daniela Name (escultura de Amilcar de Castro), Luiz Guilherme Vergara (Aluisio Carvão) e Luiz Camillo Osorio (escultura de Franz Weissmann, jardim do MAM), da diretora da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Claudia Saldanha (mural de Paulo Werneck, na Praça Pio X), e Mariana Varzea (estátua de Cuauhtémoc), dentre outros.

 

O site, criado e desenvolvido pela Letra e Imagem Editora e Produções, tem o patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura/Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.

 

RIO: MAIOR COLEÇÃO DE ARTE PÚBLICA DO PAÍS

 

O Rio de Janeiro sempre foi reconhecido por sua beleza natural, mas poucos sabem que a cidade abriga a maior coleção de arte pública do Brasil. Por ter sido capital da Colônia, do Império e da República, nas praças e ruas da cidade encontra-se um acervo monumental cultivado entre os séculos XVIII e XXI. Essa coleção é formada por obras assinadas por artistas pioneiros como Mestre Valentim e Rodolfo Bernadelli; fundidores exímios como Eduardo de Sá e Humberto Cozzo; ícones da arte moderna como Bruno Giorgi, Celso Antonio, Franz Weissmann, Amilcar de Castro e Aloísio Carvão; mestres do muralismo como Portinari, Burle Marx e Paulo Werneck; arquitetos brilhantes como Francisco Bologna; e artistas contemporâneos que têm projetado a arte brasileira atual no mundo todo, como Angelo Venosa, Waltércio Caldas, José Resende e Ivens Machado. O acervo da cidade contém, entre outros, um monumento que é uma das sete maravilhas do mundo: o Cristo Redentor; e uma coleção única de chafarizes e obras de ferro fundido franceses. Ele revela uma história singular de como a cidade vem sendo formada em sua complexidade cultural.

Abre Alas 9

23/dez

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a 9ª edição do “Abre Alas”. O projeto nasceu ao final do primeiro ano de vida da galeria quando Marcio Botner, Laura Lima e Ernesto Neto, diretores do espaço, perceberam que tinham um tesouro em mãos: cerca de 200 portfólios recebidos de artistas de toda parte. Resolveram então aproveitar todo esse material em uma exposição que acontece desde 2005, próxima ao carnaval. Assim como o nome “Abre Alas” remete ao carro que inaugura o desfile das escolas de Samba, o projeto “Abre Alas” é uma exposição que abre espaço para jovens artistas de todo o Brasil. Com o tempo, a exposição passou a ser internacional. Ao longo desses 9 anos, mais de 100 novos nomes participaram do projeto que acaba funcionando como uma vitrine.

 

Sabendo da importância de dar continuidade ao projeto para sedimentar seu pensamento, Marcio Botner, Laura Lima e Ernesto Neto buscam incentivar a produção desses jovens artistas, abrindo oportunidades e contribuindo para uma potencialização das redes e trocas entre artistas, galerias, colecionadores e público. Desde 2010 dois curadores e um artista são convidados para realizar a seleção dos expositores,  esse ano fizeram parte do comitê de seleção, Daniela Castro e os artistas e professores João Modé e Alexandre Sá.

 

Participam da 9ª edição os artistas Bet Katona, Bruno Baptistelli, Bruno Senise, Camila Soato, Fábia Schnoor, Frederico Filippi, Gabriel Secchin, Gustavo Torezan, Ícaro Lira, Jaime Lauriano, Juan Parada, Leonardo Akio, Oscar Barbery, Patricio Gil Flood, Rafael Perpétuo, RG Faleiros e Silvio de Camilis Borges

 

Em 2011 foi realizado o primeiro concurso de fantasia durante abertura do Abre-Alas. Dando continuidade a essa ideia, o 3° concurso será na abertura do Abre-Alas, pois é quando a galeria convida a todos a se fantasiarem e desfilarem na encruzilhada em frente A Gentil Carioca. A melhor fantasia ganha o prêmio e a saudação de todos os artistas foliões.

 

De 26 de janeiro  a 16 de março.

Henrique Oliveira no Rio

26/nov

Henrique Oliveira realiza a maior exposição individual de sua carreira, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Centro, Rio de Janeiro, RJ, sob curadoria da cientista social e historiadora de arte Vanda Klabin. São oito pinturas e cinco esculturas, datadas de 2008 a 2012, entre as quais algumas inéditas dentro e fora do país, emprestadas de coleções particulares e institucionais.A mostra será acompanhada de catálogo de 35 páginas, com reprodução de todos os trabalhos expostos e texto da curadora Vanda Klabin produzida por Mauro Saraiva | Tisara Arte Contemporânea.

 

As pinturas e esculturas de Henrique Oliveira, de dimensões arquitetônicas, têm despertado interesse internacional. Em janeiro de 2013, ele embarca para Paris, para uma residência de seis meses, que culminará com uma exposição individual, no Palais de Tokyo, na capital francesa.

 

Na sua produção, pintura e escultura não são expressões estanques. “O movimento da pintura está presente na escultura”, diz o artista. A curadora Vanda Klabin aponta certa paridade entre os dois meios: “Sua pintura, com vibrantes contrastes, harmonias dissonantes, grumos espessos e com alta voltagem cromática, tem uma conotação ambígua e é também transformada em linguagem tridimensional a desdobrar-se no espaço”.

 

Nas esculturas, Henrique Oliveira superpõe lascas de compensado flexível descartado, de tapumes de obras urbanas. Fixadas por parafusos, elas criam volumes. Em seguida, ele intervém com tinta acrílica diluída, quase aquarela, de maneira que a textura do material não mude.

 

Oliveira descreve seus trabalhos tridimensionais como a ampliação de uma textura, de um empasto de tinta a óleo, em alguns casos. Outros são “mais naturais, como tumores”, diz ele. Nos títulos que cria, essas formas aparecem compondo palavras infamiliares: Xilonoma, Xilempasto, inspiradas em consultas ao Atlas of Gross Pathology e a The New Atlas of Human Anatomy.

 

As pinturas se constituem de um misto de procedimentos. A tela é colocada no chão, Henrique joga a tinta e deixa escorrer, mas também usa a pincelada e a raspagem com espátula. Esses procedimentos não se fundem. Por isso, o resultado é semelhante a uma “colagem”, segundo ele. A profusão de cores não cria volumes. O relevo é o da própria tinta. A exposição foi contemplada pelo Pró Artes Visuais da Secretaria Municipal  de Cultura.

 

Sobre o artista

 

Mestre em Poéticas Visuais pela ECA-USP, Henrique tem um currículo de 17 individuais e 49 coletivas em cidades brasileiras e em Paris, Bruxelas, Linz [Áustria], Washington, Houston, Cleveland, New Orleans, Miami e Boulder [EUA], Brisbane [Austrália], Monterrey, Tijuana [México] e Buenos Aires, em pouco mais de uma década de carreira. O artista participou da Bienal Internacional de São Paulo de 2010, da Bienal do Mercosul e da de Monterrey, ambas em 2009. O artista é detentor dos prêmios APCA 2011 – Destaque do Ano, São Paulo; CNI SESI Marcantonio Vilaça 2009; Festival de Cultura Inglesa|Conselho Britânico, São Paulo; Projéteis FUNARTE de Arte Contemporânea 2006, RJ; Fiat Mostra Brasil 2006 e Visualidade Nascente | Centro Universitário Maria Antonia 2005, entre outros. Ganhou bolsas de residência e pesquisa de The Fountainhead Residency – Miami; do Smithsonian Institute – Washington DC; da Cité Internationale des Arts, Paris, e outras da FAPESP de mestrado e de iniciação científica. Com obras em coleções institucionais, como Pinacoteca Municipal,  Itaú, Museu de Afro-Brasil, Metrópolis [SP], MAC Rio Grande do Sul, MAM Rio e Gallery of Modern Arte de Brisbane, Henrique Oliveira, nascido em Ourinhos, SP, em 1973, vive e trabalha na capital paulista. Em 2004, ele se formou em Artes Plásticas pela ECA-USP e em Comunicação Social pela ESPM.

 

Na abertura, sábado, 01 de dezembro, tem som de Bruno Queiros, Icaro dos Santos e Quito (Nuvem) e DJ Nepal, das 16 às 21h, e conversa da curadora com o artista, às 16h.

 

De 01 de dezembro a 03 de fevereiro de 2013.

José Rufino na Casa França-Brasil

Um gigantesco corpo de herói – 193 m³ -, construído a partir de memórias físicas, traços e materiais coletados, empreende na Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, uma odisseia particular, concebida pelo artista visual José Rufino, em cuja obra o passado e o presente se enfrentam permanentemente. O “Ulysses” de José Rufino ocupará todo o vão central do prédio da Casa França-Brasil. Seu corpo, impregnado de vivências, sentimentos e essências da cidade – cuja Baía de Guanabara se transforma, por comparação, na costa da Grécia por onde Ulysses viajou – é uma ponte entre os muitos passados e os futuros possíveis para um Rio ao mesmo tempo heroico e comum, eterno e presente no aqui e agora.

 

A baía de Guanabara se transforma na Grécia de Ulysses pelas mãos de José Rufino, artista contemporâneo que é também paleontólogo, e tem uma relação permanente com o passado. O convite da Casa França-Brasil levou-o a imaginar uma nova Odisseia, em que os traços do Rio – madeiras, pedras, ferros, concreto, conchas, cerâmicas etc. – são recombinados para compor o corpo do herói. A composição deste novo e monumental Ulysses demanda toda uma logística que começa com a coleta de materiais. Desde setembro, José Rufino tem vindo ao Rio para esse garimpo pessoal das memórias impressas nas matérias recicladas e reutilizadas, que carregam suas próprias memórias.

 

José Rufino começa seus trabalhos muitas vezes a partir do lugar que ocupará. Uma obra de tal magnitude não poderia ser elaborada sem testes muito rigorosos. O espaço ideal para a primeira fase de montagem foi conseguido através de uma parceria do artista com o Galpão Aplauso, espaço cultural e social que funciona no Santo Cristo, e que prepara jovens artistas para as várias facetas que compõem o mundo do espetáculo.

 

Até 17 de fevereiro de 2013.

Modernismo no Centro Cultural Correios

16/nov

O Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Mário de Andrade – Cartas do Modernismo”. A mostra, com curadoria de Denise Mattar, encerra as comemorações dos 90 anos da Semana de Arte Moderna, traçando um panorama da implantação e expansão do Modernismo no Brasil através de obras de arte, cartas, imagens, fotos e textos do escritor que, junto com Oswald de Andrade, foi um dos principais impulsionadores do movimento artístico. Em exibição, obras assinadas por Di Cavalcanti, Segall, Cícero Dias, Ismael Nery, Portinari, Zina Aita, Augusto Rodrigues, Portinari e Enrico Bianco, artistas do primeiro e segundo modernismo, expoentes da melhor arte moderna brasileira.

 

A correspondência de Mario de Andrade é reconhecida por seu expressivo volume e pela qualidade dos interlocutores envolvidos. Os mais importantes poetas, escritores, músicos, teóricos e artistas desse período trocavam cartas com ele. O estudo delas revela o ideário modernista do autor, que se constitui como tema central da exposição, mas apresenta também o lado humano das pessoas envolvidas, suas dores, amores, brigas, disputas, picuinhas e brincadeiras.

 

O foco central das cartas apresentadas na exposição são as artes plásticas. O tema é abordado nas correspondências trocadas com Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Candido Portinari, Di Cavalcanti, Enrico Bianco, Cícero Dias e Victor Brecheret e também nas missivas entre o escritor e Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Henriqueta Lisboa. Um especial destaque é dado ao período, muito pouco conhecido, em que Mário de Andrade viveu no Rio de Janeiro, e também à sua amizade com Portinari. Neste segmento são apresentadas cartas originais de Mário de Andrade a Portinari, mantidas no Projeto Portinari.

 

Devido à sua fragilidade a maioria das cartas será apresentada em fac-símile. Considerando também a dificuldade de compreensão da caligrafia antiga, parte delas foi transcrita e impressa para facilitar a leitura. Parte delas está disponível em áudio, na voz do ator João Paulo Lorénzon, o que além de estimular uma compreensão emocional do material, estende a abrangência da mostra aos deficientes visuais.

 

Há ainda uma instalação interativa, criada pelo cenógrafo Guilherme Isnard, que permite ao visitante recompor virtualmente as cartas juntando letras que estarão flutuando projetadas na sala. Outra atração é a possibilidade de levar uma carta de Mário Andrade para casa. Para isso basta deixar escrita uma carta para a produção da mostra, para os Correios ou mesmo para o escritor Mário de Andrade. A exposição é complementada por uma cronologia de Mário de Andrade e um vídeo que contextualiza aquele período para o público através de fotos de época.

 

Até 06 de janeiro de 2013.

Inéditos de Burle Marx

13/nov

Burle Marx

O Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe com exclusividade a  exposição “Roberto Burle Marx: a figura humana na obra em desenho”. A mostra apresenta 138 obras produzidas desde 1919 (quando o artista tinha 10 anos), até a década de 1940. São desenhos que registram cenas familiares, retratos e nus feitos sobre papel, utilizando carvão, grafite, nanquim, lápis de cor, crayon, giz de cera, canetas hidrocor e guache.  Trata-se de material inédito, parte integrante do acervo exclusivo do Sítio Roberto Burle Marx/IPHAN/MinC.

 

Enfocando estritamente as figuras humanas regionais ou familiares e suas cenas diárias, os trabalhos transitam desde o mais fino traço experimental a uma forma abstrata de retratar o ser humano. Do preto e branco a uma delicada utilização das cores, as obras demonstram o desenho acadêmico na formação de Burle Marx. A exposição é dividida em dois núcleos, no primeiro são apresentados os “Retratos” e os “Nus”, que são uma constante no acervo e no segundo, exemplares da série “Cenas de bar”, variados cenários, vistos de ângulos diferentes.

 

Para esta apresentação, no Centro Cultural Correios, acrescentaram-se 17 obras ao primeiro núcleo, predominantemente em nanquim, com o intuito de enfatizar não só o desenvolvimento de uma linguagem própria em seus desenhos, como também referências culturais ligadas á cidade do Rio de Janeiro, como o Pão de Açúcar e a vida boêmia na Lapa e adjacências nas décadas de 1930 e 1940. Duas dessas obras, por exemplo, têm o mesmo tema – pessoas sentadas ao lado de outra deitada, com paisagem ao fundo – desenhado em grafite e em nanquim, ao passo que outro par se compõe de estudos de 1938 para a sua conhecida pintura “Fuzileiro”. Curadoria: Yanara Costa Haas – Sítio Roberto Burle Marx.

 

Sobre o artista

 

Conhecido essencialmente como um dos maiores paisagistas do século XX, Roberto Burle Marx era um artista completo,  de múltiplas artes, como pintura e escultura. Visionário e fundamentalmente moderno, temos em seus desenhos a primeira expressão material como artista plástico. Chamado de “Poeta dos Jardins” por Tarsila do Amaral, Burle Marx projetava suas áreas verdes como quem pinta um quadro. O Rio de Janeiro ostenta a exuberância de seus jardins nos mais belos cartões postais como no Aterro do Flamengo, no Leme e no Outeiro da Glória. O terraço-jardim que projetou para o Edifício Gustavo Capanema, no Centro, é considerado um marco de ruptura no paisagismo brasileiro. Burle Marx adquiriu de sua mãe, a exímia pianista e cantora pernambucana Cecília Burle, o gosto pela música e pelas plantas, e de seu pai, Wilhelm Marx, um alemão comerciante de couros, o dom artístico. Um exemplo desta herança genética encontra-se exposto através do desenho “Menino de Turbante” de autoria do senhor Wilhelm. Roberto Burle Marx morreu em 1994, com 89 anos. Além de seus trabalhos, legou ao mundo o Sítio Roberto Burle Marx, a mais preciosa parte de sua produção. São mais de três mil objetos de arte, entre eles desenhos, mobiliário, pinturas em diversos suportes (tela, tecido, madeira e cerâmica) e esculturas em vidro, madeira e cerâmica. Adquirido em 1949, tornou-se residência definitiva do artista em 1973, que, preocupado em preservar o resultado de suas pesquisas, doou, em 1985, a propriedade ao Governo Federal, que através da Fundação Pró Memória (hoje IPHAN), reconheceu o grande valor de sua obra e dispôs-se a manter o Sítio depois do desaparecimento de seu criador.

 

Até 06 de janeiro de 2013.

Nove no CCBB-SP

26/out

O Centro Cultural Banco do Brasil, Centro, São Paulo, SP, apresenta “Planos de Fuga – uma exposição em obras”. Com curadoria de Rodrigo Moura, de Inhotim, e Jochen Volz, de Inhotim e curador-chefe da Serpentine Gallery, de Londres, a mostra apresenta trabalhos que dialogam com a arquitetura do prédio do CCBB-SP, incluindo instalações site-specific.

A mostra reúne trabalhos de nove artistas contemporâneos: Carla Zaccagnini, Cildo Meireles, Cristiano Rennó, Gabriel Sierra, Marcius Galan, Mauro Restiffe, Renata Lucas, Rivane Neuenschwander e Sara Ramo. Também estão na exposição obras de três artistas históricos: a suíça radicada no Brasil Claudia Andujar  e os americanos Gordon Matta-Clark e Robert Kinmont. As obras de Cildo Meireles e Rivane Neuenschwander são inéditas no Brasil.

 

Segundo os curadores “Planos de fuga é uma tentativa de se imaginar uma exposição como ato coletivo, no sentido que esta ocupação temporária específica do edifício gera uma co-habitação planejada, composta de múltiplas combinações. As obras do núcleo histórico entram como notas de referência, aludindo a estados de ânimo, lugares e operações distantes fisica e temporalmente do nosso contexto, mas a fins a ele por espírito”.

 

Sobre as obras

 

Entre os trabalhos apresentados em “Planos de Fuga” estão seis instalações site-specific criadas especialmente para o CCBB-SP. É o caso de “Cortina”, de Cristiano Rennó, que ocupará o vão central do edifício com centenas de faixas de plástico translúcido, vermelhas e amarelas, afixadas no terceiro andar do prédio e suspensas no vão. Também a instalação de Sara Ramo, montada no antigo cofre do banco, no piso subsolo. A artista desenvolveu um labirinto – mental, físico e emocional – tendo entre as referências a caixa forte do Tio Patinhas, os canteiros de obras da construção civil e a mineração de metais preciosos.  O fotógrafo Mauro Restiffe foi convidado para documentar o processo de criação da mostra, assim como o momento anterior à sua chegada ao espaço e o entorno do CCBB-SP. O resultado será fixado em um livro finalizado logo após a abertura da mostra e lançado com a exposição já inaugurada, sendo ao mesmo tempo obra e catálogo.  Entre os destaques da exposição, “Ocasião”, de Cildo Meireles, projeto de 1974 que foi construído em 2004,  na Alemanha. Um grande espelho espião conecta dois quartos independentes. No primeiro, há uma bacia cheia de dinheiro e espelhos nas paredes, fazendo o espectador se confrontar com sua imagem e o monte acessível de dinheiro. A segunda sala está vazia e escura, com o espelho espião funcionando como uma janela para a primeira sala. “A Conversação”, de Rivane Neuenschwander, foi exibida em 2010 no New Museum, de Nova York. É inspirada no filme homônimo de Francis Ford Coppola, de 1974, no qual um especialista em escutas acredita que está sendo observado, e traz dispositivos de vigilância instalados em pontos estratégicos de um museu. No núcleo histórico de “Planos de Fuga”, um conjunto de obras de artistas que ajudaram a criar referência nas relações entre arte e lugar. De Gordon Matta-Clark veremos “Coat Closet”, obra de 1973, que pertence à coleção de Inhotim e será exibida pela primeira vez no Brasil. Repórter fotográfica nos anos 1960, Claudia Andujar apresenta o trabalho inédito “São Paulo Através do Carro”, no qual fotografou a cidade enquanto uma amiga dirigia. E do experimentalista Robert Kinmont, as séries “My Favorite Dirt Roads”, de 1969, uma seleção das estradas de terra favoritas do artista, e “8 Natural Handstands”, de 1969/2009, que combina fotografia, escultura e performance e fala da  relação romântica do artista com o meio e sua presença na paisagem da Califórnia, onde ele nasceu, cresceu e trabalha até hoje.

 

De 27 de outubro de 2012 a 6 de janeiro de 2013.