O Tempo das Coisas Vivas.

16/jul

O pensamento do filósofo e sociólogo francês Michel Maffesoli – Ecosofia – é o vetor poético da exposição coletiva “O Tempo das Coisas Vivas”, no Centro Cultural Correios Rio de Janeiro, com inauguração no dia 23 de julho de 2025. A partir da ideia de que a vida contemporânea se estrutura a partir interações dinâmicas e nem sempre harmônicas, ou seja, uma ecologia da vida cotidiana ancorada em um novo paradigma ético, estético e existencial a exposição percorre camadas invisíveis da experiência do viver, tensionando os limites da vida contemporânea diante da crise ecológica e da exaustão dos valores modernos.

Com curadoria de Shannon Botelho, a mostra apresenta obras dos artistas Ana Miguel, André Vargas, Beatriz Lindenberg, Bruno Romi, Cibelle Arcanjo, Cildo Meireles, Hilal Sami Hilal, Marina Schroeder, PV Dias, Rodrigo Braga, Simone Cosac Naify, Simone Dutra e Yhuri Cruz, e convoca os visitantes a desacelerar o olhar e a acolher os sinais do presente como indícios de outros futuros possíveis.

Cildo Meireles: Percurso e Presença.

01/jul

“O desenho é a primeira percepção visual. Numa segunda etapa é preciso voltar ao desenho, detalhar. Ele acompanha esse processo de detalhamento de uma ideia. Mas sua função é captar essa coisa que passou como um relâmpago, que ainda não tem forma, cor, tamanho.”

Cildo Meireles

Encontra-se em cartaz na Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, a exposição “Cildo Meireles: percurso e presença”, uma homenagem ao icônico artista, referência na arte conceitual brasileira e internacional. A mostra resgata uma seleção de desenhos produzidos nas décadas de 1960, 1970 e 1980; e gravuras produzidas em 2009, inspiradas em desenhos da década de 1960. Destacando assim uma vertente menos conhecida, mas de grande relevância no processo criativo do artista: os desenhos. Além das obras gráficas, foram reunidos alguns objetos em pequena escala, elementos de instalações simbólicas de sua produção no plano tridimensional.

A prática do desenho permeia a produção artística de Cildo Meireles desde a infância e desempenhou um importante papel em sua trajetória. Desenhar viria a ser uma forma de expressão e reflexão, um meio para detalhamento de ideias e, também, a sua principal fonte de receita até quase 1990. A venda de desenhos para amigos e colecionadores o possibilitou dedicar-se à carreira de artista e realizar projetos mais complexos, pelos quais Cildo Meireles se tornaria mundialmente conhecido. Em entrevista a Frederico Morais, ele conta que quando tinha apenas nove anos de idade, morando em Belém do Pará, ganhou alguns trocados na escola vendendo desenhos. Após se mudar para Brasília, já na escola secundária, seguiu desenhando. Foi a forma que encontrou de estar mais perto do real e de mostrar aos colegas a sua forma de pensar. Em 1963, aos 15 anos, passou a frequentar o Ateliê Livre da Fundação Cultural do Distrito Federal, dirigido pelo artista peruano Felix Alejandro Barrenechea. Lá exercitou o desenho de observação e com modelo vivo. Na mesma época ingressou no curso de cinema do CIEM, escola experimental, vinculada à Universidade de Brasília. Foi nessa ocasião que passou pela cidade uma exposição do acervo de arte africana da Universidade de Dakar, no Senegal, reunindo esculturas e máscaras. A mostra exerceu forte influência na formação do artista, que se sentiu estimulado a enfrentar qualquer superfície com o intuito de resolver o problema da representação, a figura transportada para outro plano. Em 1964, momento de grande adversidade no país com o início ditadura militar, o curso de arte da Fundação Cultural foi fechado, mas Cildo Meireles continuou frequentando o ateliê de Felix Alejandro Barrenechea. Desde então, a prática do desenho o acompanha, e lá se vão mais de seis décadas.

Entre as obras selecionadas para esta exibição, constam desenhos livres de diferentes temáticas e formatos: alguns inspirados nas máscaras africanas mencionadas anteriormente; outros seguindo uma linguagem narrativa, com nichos alusivos aos de histórias em quadrinhos, porém com situações que se desenvolvem de forma arbitrária. Há também composições abstratas com predominância da cor; desenhos que misturam pinceladas arredondadas e tracejados evocando situações de dor e violência; e ainda cenas específicas guardadas na memória do artista.

Celebrando a visão de Luisa Strina.

05/jun

A exposição coletiva “CRIVO”, marca a perspectiva de Luisa Strina. Está em cartaz na Casa Bradesco, Bela Vista, Cidade Matarazzo, São Paulo, SP. A mostra reúne obras de mais de 30 artistas fundamentais da cena contemporânea que definem a trajetória da galerista Luisa Strina ao longo de suas cinco décadas de atuação.

Com curadoria de Marcello Dantas e Kiki Mazzucchelli, “CRIVO” traça um panorama da arte conceitual desde os anos 1970 até a atualidade, reunindo obras de artistas brasileiros e estrangeiros cujas trajetórias foram acompanhadas ou impulsionadas por Luisa Strina.

Luisa Strina: Pioneirismo e Legado

Reconhecida como uma das figuras centrais da arte contemporânea no país, Luisa Strina construiu, ao longo de sua trajetória, a galeria mais longeva de São Paulo e uma das mais influentes do Brasil. Sua atuação foi decisiva para internacionalizar a arte brasileira: em 1992, Strina tornou-se a primeira galerista latino-americana a participar da prestigiada feira Art Basel na Suíça – por alguns anos, a única brasileira no evento – abrindo caminho para que artistas e galerias do Brasil ganhassem projeção no circuito global. Não por acaso, sua galeria logo se tornou referência no cenário cultural: ao longo dos anos, Luisa Strina figurou diversas vezes na lista Power 100 da revista ArtReview, que elenca as 100 pessoas mais influentes do mundo da arte, e em 2014 foi fotografada por Annie Leibovitz para uma matéria da Vanity Fair sobre as 14 galeristas mais importantes do mundo.

Além de promover a presença brasileira no exterior, Luisa Strina notabilizou-se por descobrir e impulsionar talentos emergentes que se firmaram no circuito artístico. Foi ela, por exemplo, quem apostou no jovem artista Leonilson no início dos anos 1980 – adquirindo de imediato todos os seus trabalhos ao conhecê-lo, em uma decisão que a própria galerista recorda como “a mais rápida” de sua carreira – e lançou nomes como Antonio Dias, Cildo Meireles e Tunga quando estes ainda despontavam na cena nacional. Graças a esse apoio e à visibilidade proporcionada por sua galeria, muitos artistas brasileiros alcançaram reconhecimento bem além das fronteiras do país. Não surpreende, portanto, que Luisa Strina seja frequentemente reverenciada como a “grande dama” das artes visuais no Brasil – uma pioneira cujo rigor estético e paixão pela arte deixaram um legado duradouro. “CRIVO: A Perspectiva de Luisa Strina” celebra justamente esse legado, oferecendo ao público e à imprensa especializada uma oportunidade única de revisitar a contribuição inestimável da galerista para a arte contemporânea em um espaço de 5 mil m² onde a escala de museu permite uma nova dimensão para essa arte.

Entre os nomes da exposição destacam-se pioneiros e consagrados da arte contemporânea, como Cildo Meireles, Tunga, Anna Maria Maiolino e Antonio Dias, ao lado de referências internacionais a exemplo de Alfredo Jaar, Robert Rauschenberg e Doris Salcedo. A mostra inclui também representantes de gerações mais recentes, caso de Cinthia Marcelle, Renata Lucas, Marcius Galan, Alexandre da Cunha, Pedro Reyes, Clarissa Tossin, Leonor Antunes, Eduardo Basualdo, Bruno Baptistelli, Caetano de Almeida, Laura Lima, Jarbas Lopes e Marepe, entre outros – artistas cuja produção dialoga com a perspectiva conceitual moldada pelo “crivo” de Luisa Strina ao longo de décadas.

Até 03 de agosto.

CCBB de Brasília exibe mais de 40 artistas.

12/mai

A partir dos anos 1930, mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), países econômica e socialmente vulneráveis passaram a ser denominados “subdesenvolvidos”. No Brasil, artistas reagiram ao conceito, comentando, posicionando-se e até combatendo o termo. Parte do que eles produziram nessa época está presente na mostra Arte Subdesenvolvida, que tem curadoria de Moacir dos Anjos e da Tuîa Arte Produção. A mostra fica em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (CCBB Brasília) de 20 de maio a 03 de agosto.

O conceito de subdesenvolvimento foi corrente por cinco décadas até ser substituído por outras expressões, dentre elas, países emergentes ou em desenvolvimento. “Por isso o recorte da exposição é de 1930 ao início dos anos 1980, quando houve a transição de nomenclatura, no debate público sobre o tema, como se fosse algo natural passar do estado do subdesenvolvimento para a condição de desenvolvido”, reflete o curador Moacir dos Anjos. “Em algum momento, perdeu-se a consciência de que ainda vivemos numa condição subdesenvolvida”, complementa. A mostra, com patrocínio do Banco do Brasil e BB Asset, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, apresenta pinturas, livros, discos, esculturas, cartazes de cinema e teatro, áudios, vídeos, além de um enorme conjunto de documentos. São peças de coleções particulares, dentre elas, dois trabalhos de Candido Portinari e duas obras de Anna Maria Maiolino. Há também obras de Paulo Bruscky e Daniel Santiago cedidas pelo Museu de Arte do Rio – MAR.

Na mostra “Arte Subdesenvolvida”, o público pode ver peças de grande importância para a cultura nacional. Duas obras de Candido Portinari, Enterro (1940) e Menina Ajoelhada (1945), fazem parte do acervo da exposição. Muitas pinturas do artista figuram o desespero, a morte ou a fuga de um território marcado pela falta de quase tudo. Outra obra que também se destaca na mostra é Monumento à Fome, produzida pela vencedora da Bienal de Veneza, a ítalo-brasileira Anna Maria Maiolino. Ela é composta por dois sacos cheios com arroz e feijão, alimentos típicos de qualquer região do Brasil, envoltos por um laço preto. Esse laço é símbolo do luto, como aponta a artista. O público também terá acesso a uma série de fotografias da artista intitulada Aos Poucos.

Outro ponto alto da mostra é a obra Sonhos de Refrigerador – Aleluia Século 2000, de Randolpho Lamonier. “A materialização dos sonhos tem diversas formas de representação, que inclui um grande volume de obras têxteis, desenhos e anotações feitos pelas próprias pessoas entrevistadas, objetos da cultura vernacular e elementos que remetem à linguagem publicitária”, ressalta o artista. “Entre os elementos que compõem a obra, posso listar, além dos têxteis, neons de LED, letreiros digitais, infláveis, banners e faixas manuscritas, até conteúdos sonoros com relatos detalhados de alguns sonhos”, completa Lamonier. Assim como em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, lúdica e viva, a instalação multimídia realizará um inventário de sonhos de consumo, que inclui desde áudios e manuscritos das próprias pessoas entrevistadas a objetos e peças têxteis. A instalação ocupa o Pavilhão de Vidro do CCBB Brasília e, como explica o curador Moacir dos Anjos,”faz uma reflexão, a partir de hoje, sobre questões colocadas pelos artistas de outras décadas”.

Ao todo, mais de 40 artistas e outras personalidades brasileiras terão obras expostas na mostra, entre eles: Abdias Nascimento, Abelardo da Hora, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Artur Barrio, Candido Portinari, Carlos Lyra, Carlos Vergara, Carolina Maria de Jesus, Cildo Meireles, Daniel Santiago, Dyonélio Machado, Eduardo Coutinho, Ferreira Gullar, Graciliano Ramos, Henfil, João Cabral de Melo Neto, Jorge Amado, José Corbiniano Lins, Josué de Castro, Letícia Parente, Lula Cardoso Ayres, Lygia Clark, Paulo Bruscky, Rachel de Queiroz, Rachel Trindade, Solano Trindade, Regina Vater, Rogério Duarte, Rubens Gerchman, Unhandeijara Lisboa, Wellington Virgolino e Wilton Souza.

Arte Brasileira Subdesenvolvida.

20/fev

Até o dia 05 de maio, o CCBB Rio recebe a exposição “Arte Subdesenvolvida”, que propõe uma reflexão sobre a produção artística brasileira entre meados da década de 1930 e início de 1980, a partir de seu embate com a ideia de subdesenvolvimento, que seria tanto uma condição para aqueles que viviam no Brasil como algo a ser superado a partir de suas contradições.

A mostra tem como eixo a problematização da ideia de subdesenvolvimento. Sobretudo após a Segunda Guerra Mundial, países econômica e socialmente vulneráveis passaram a ser denominados “subdesenvolvidos”. No Brasil, artistas e intelectuais reagiram a esse conceito. Parte do que produziram nessa época está presente na exposição. O conceito durou cinco décadas até ser substituído por outros, entre os quais países emergentes ou em desenvolvimento.

Articulando trabalhos de mais de 20 artistas, incluindo documentos históricos, fotografias e escritos, a mostra incorpora manifestações também nos campos da literatura, cinema, teatro e da educação, com obras que adensam a pluralidade artística brasileira, tensionando a relação entre a arte vibrante presente nas paredes e a escassez de recursos e de urbanidade, dos litorais ao interior.

“Arte Subdesenvolvida” tem curadoria de Moacir dos Anjos e conta com trabalhos de artistas como Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Cildo Meireles, Daniel Santiago, Hélio Oiticica, Carolina Maria de Jesus, Elza Soares, Ferreira Gullar, José Claudio, Graciliano Ramos, Henfil, Luís Sacilotto, Obaluayê, Paulo Bruscky, Paulo Freire, Rachel de Queiroz, Glauber Rocha, Solano Trindade, Randolpho Lamounier, dentre outros.

Evento inédito na Casa Museu Carlos Scliar

12/fev

Com o objetivo de promover e dar visibilidade ao movimento LGBTQIAPN+, será realizado nos dias 20, 21 e 22 de fevereiro de 2025, o festival “Scliarizando – todos temos nome e sobrenome”, na Casa Museu Carlos Scliar, em Cabo Frio, RJ. O evento oferece ao público a oportunidade de assistir obras que tratam da cultura e da arte do movimento LGBTQIAPN+, tendo como pauta um mundo menos discriminatório e preconceituoso. A programação contará com exposição de trabalhos inéditos de Carlos Scliar (1920 – 2001), apresentações musicais, exibição de filmes e mesas de conversa com psicólogos, médicos, historiadores, etc. O evento é uma realização Governo Federal, Ministério da Cultura, Prefeitura de Cabo Frio, Secretaria Municipal de Cultura através da Lei Paulo Gustavo e toda a programação é gratuita.

“O evento transforma a Casa Museu Carlos Scliar em palco da arte LGBTQIAPN+, conferindo ao espaço museal responsabilidade na atuação por um mundo menos discriminatório”, diz a curadora do evento e coordenadora da Casa Museu Cristina Ventura.

Desenhos e estudos inéditos de Scliar, produzidos entre 1940 e 1960, estarão na exposição “Nus”. Artista plástico de personalidade multifacetada, humanista, Carlos Scliar participou ativamente de importantes manifestações sociais e acontecimentos culturais e políticos ocorridos ao longo do século XX. “A trajetória de Scliar nos permite afirmar que sua obra é decorrente do trabalho ininterrupto, compreendido pelo comprometimento com que tratava questões sociais de liberdade e respeito”, afirma Cristina Ventura, que completa: “Atento às relações humanas, onde há disciplina e provocação, liberdade e luta, beleza e cotidiano, valores raros encontrados no respeito ao homem, Scliar foi artista de trajetória singular, a ser revisitado”.

Também como parte do evento, será realizada uma oficina de gravura, utilizando frases presentes em obras de Scliar do período da ditadura militar, tais como: “Pergunte quem”, “Pergunte onde”, “Pergunte ainda” e “Pão e rosas para todos”, que serão impressas em tecido com as cores do arco-íris.

A programação também será animada com shows de Raisa Alves, Zarinho Mureb e das drag queens Rodrigo Rodrigues como Monayra Manon, Lenival Dantas como Susan Marx e Hugo Belford como PVC. Hugo Belford também será responsável pela oficina de Vogue, que, mais do que um estilo de dança, é um movimento de reafirmação de identidade de gêneros e sexualidade.

Haverá, ainda, a mesa de conversa “Instabilidade política e social”, com a participação da psicóloga autista Claridad Geraldel, que faz um trabalho clínico voltado à população queer e neurodivergente, e do médico psiquiatra David M. Achaval, especialista em ansiedade, depressão e deteriorações cognitivas. Também será realizada palestra com a doutora em história Eliza Toledo, que tem pesquisas voltadas para gênero, violência, história das mulheres, histórias das ciências e da saúde com ênfase na história da psiquiatria.

A programação também inclui a exibição dos filmes “Cabaré Eldorado: O Alvo dos Nazistas”, de Benjamin Cantu, “Retrato de uma Jovem em Chamas”, de Celine Sciamma, e do curta-metragem “Point 44”, de Marcio Paixão.

Sobre a Cas Museu Carlos Scliar.

O Instituto Cultural Carlos Scliar (ICCS) foi criado em 2001, mesmo ano da morte de seu patrono. O processo para criação da instituição foi acompanhado pelo artista, um acordo que fez com o filho Francisco Scliar para manter sua memória. Fundada por Francisco Scliar junto com os amigos: Cildo Meireles, Thereza Miranda, Anna Letycia, Regina Lamenza, Eunice Scliar, entre outros conselheiros, a instituição, aberta ao público em 2004, está sediada na casa/ateliê do pintor, em Cabo Frio, Rio de Janeiro. Trata-se de um sobrado oitocentista, com cerca de 1000m², adquirido em ruínas por Scliar, reformado em 1965 para abrigar seu ateliê e ampliado na década de 1970, com projeto de Zanine Caldas. A casa mantém a ambientação dos espaços deixada por Scliar, com seus objetos pessoais, acervo documental, bibliográfico, gravuras, desenhos e obras. A coleção resulta da produção do próprio artista ao longo de sua vida, somado a uma expressiva e representativa coleção de obras originais dos mais importantes artistas do cenário brasileiro do século XX, os amigos José Pancetti, Djanira, Cildo Meireles, Di Cavalcanti, Aldo Bonadei, entre outros, além de cerca de 10 mil documentos datados desde a década de 1930. Reforçando seu compromisso sociocultural, ao longo dos últimos três anos foram atendidos mais de 1000 estudantes do estado do Rio de Janeiro,em projetos educativos. Em 2023, a instituição foi agraciada com o Prêmio Darcy Ribeiro de Educação Museal, promovido pelo IBRAM.

 

Luisa Strina 50 anos livro e exposição.

13/jan

No final de 2024, Luisa Strina, um dos pilares da arte contemporânea no Brasil e no mundo, celebrou meio século de existência, com centenas de exposições apresentadas. Fundada em 17 de dezembro de 1974, a galeria atravessou décadas de transformações políticas, sociais e culturais, e, ao longo dos anos, desempenhou um papel crucial na promoção de artistas brasileiros e latino-americanos, consolidando-se como inovadora no cenário global da arte.

Para comemorar o cinquentenário da sua galeria, parte da coleção privada de Luisa Strina estará aberta à visitação pública. Amostra, apresenta alguns destaques, incluindo nomes como Cildo Meireles, Fernanda Gomes, Carl Andre, Jimmie Durham, Francis Alÿs, Mira Schendel, Leonilson, dentre outros. A exposição tem curadoria assinada pela própria galerista/colecionadora, pela diretora artística da galeria Kiki Mazzucchelli e pelo curador/galerista Ricardo Sardenberg, será lançado também Luisa Strina 50, livro comemorativo. A publicação, organizada por Kiki Mazzucchelli e Oliver Basciano, com coordenação editorial da Act. Editora, reúne textos inéditos e documentação de cinco décadas da galeria de arte mais longeva do Brasil.

Com mais de 100 exposições realizadas ao longo de cinco décadas, é uma testemunha viva do desenvolvimento da arte brasileira e internacional. Cada mostra trouxe novas reflexões e desafios, ampliando o entendimento sobre a produção artística contemporânea e reafirmando a galeria como um espaço de diálogo e inovação. A história da galeria é também a história da arte brasileira, que encontrou nas paredes da Luisa Strina um palco de projeção global.

Sobre o livro Luisa Strina 50

Com ensaios de curadores e jornalistas sobre o cinquentenário da galeria, Luisa Strina 50, organizada por Kiki Mazzucchelli e Oliver Basciano, com coordenação editorial da Act. Editora, comemora uma trajetória que se confunde com a história da arte contemporânea brasileira. O livro destaca também 100 exposições memoráveis que aconteceram em seu espaço, mostras de artistas como Alfredo Jaar, Anna Maria Maiolino, Antoni Muntadas, Cildo Meireles, Cinthia Marcelle, Fernanda Gomes, Magdalena Jitrik, Olafur Eliasson, Panmela Castro, Tunga, entre outros. A publicação traz ainda duas entrevistas com Luisa Strina, e uma rica iconografia com fotos, depoimentos e documentos.

Um olhar afetivo para a arte brasileira.

10/dez

A Galeria FLEXA, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, recebe a exposição “Um olhar afetivo para a arte brasileira: Luiz Buarque de Hollanda”, com curadoria de Felipe Scovino e expografia de Daniela Thomas. A exposição examina a figura de Luiz Buarque de Hollanda (1939-1999), advogado e colecionador que criou, com o sócio Paulo Bittencourt (1944-1996), a Galeria Luiz Buarque de Hollanda & Paulo Bittencourt, cuja atuação se deu entre 1973 e 1978, no Rio de Janeiro.  Em exibição até 15 de março de 2025.

Sobre Luiz Buarque de Hollanda

Ao longo de mais de tres décadas, Luiz Buarque de Hollanda foi um dos nomes centrais do colecionismo no Brasil, além de pioneiro na colaboração com projetos de artistas que se tornariam seminais para a história da arte brasileira. Entre eles, destacam-se nomes como Carlos Vergara, Carlos Zilio, Cildo Meireles, Debret, Glauco Rodrigues, Iberê Camargo, Iole de Freitas, J. Carlos, Mira Schendel, Rubens Gerchman, Sergio Camargo, Thereza Simões e Waltercio Caldas. A programação reunia diferentes gerações, fazendo coabitar em seu espaço vanguarda e tradição.

Reunindo cerca de 150 obras de artistas presentes na coleção e nas exposições promovidas, a mostra se divide em 4 núcleos de interesse do colecionador-galerista. São eles: Paisagem: do encantamento à hostilidade, Aproximações improváveis: o retrato entre o social e o libidinoso, Corpo partido e Linguagens construtivas e desdobramentos disruptivos. De acordo com Felipe Scovino, “a presente exposição investe, tanto curatorial quanto expograficamente, em como Luiz adquiria, organizava e mostrava a sua coleção. Ele se cercava daquilo que lhe dava prazer e conscientemente construía um modo muito singular de olhar para a arte brasileira. A galeria da qual foi sócio nos anos 1970 foi inovadora ao responder pela interdisciplinaridade de gerações, mas, acima de tudo, na constituição de um ambiente acolhedor e próximo aos artistas. Sua imagem e memória estão ligadas ao campo do afeto e da inteligência.”.

A amizade de Luiz Buarque de Holanda com os artistas e sua paixão pela arte podem ser exemplificadas na generosidade em produzir edição de obras especiais, como um livro de Mira Schendel – que hoje integra a coleção do MoMA em Nova York – e o disco Sal sem carne, de Cildo Meireles, ambos nos anos 1970. Luiz teve participação direta na edição dos exemplares do Livro-obra de Lygia Clark, em 1984, e na pesquisa, junto com Noêmia Buarque de Hollanda, para exposição e catálogo da retrospectiva da mesma artista, que começou em 1997 na Fundación Tàpies (Barcelona) e circulou por 5 países. A exposição na Flexa conta ainda com farta documentação: impressos, cartazes, convites, críticas e notícias sobre as exposições. O material nos recorda como a galeria foi um local de convívio e reflexão, que reuniu artistas, colaboradores e público interessado em debater o cenário das artes.

A diretora de cinema e teatro Daniela Thomas, que assina a expografia da mostra, escreve: “O espaço que antes me pareceu imenso, da galeria de três andares, revelou-se exíguo quando me deparei pela primeira vez com a lista de obras da coleção de Luiz Buarque, selecionada por Felipe Scovino.  Logo me dei conta, por outro lado, que esta é a questão central para o colecionador: nunca há espaço suficiente para expor os itens da sua coleção, e mesmo assim ele tenta, quando decide que tudo é superfície: as paredes da escada que leva aos andares superiores da sua casa, por exemplo. Do chão ao teto, tudo está sempre em jogo”.

A complexidade da Arte Brasileira.

02/dez

O MAM Rio reabriu ao público dia primeiro de dezembro com a mostra “Uma história da arte brasileira”, que foi vista pelos Chefes de Estado e líderes presentes no G20. Como legado do evento ao museu e à cidade, o Bloco Escola será entregue reformado, e é lá que a exposição está sendo remontada.

O icônico prédio do Bloco Escola, com seus característicos cobogós, foi o primeiro espaço do museu quando inaugurado, em 27 de janeiro de 1958. O bloco que passaria a alojar as futuras exibições só foi inaugurado em outubro de 1967, ou seja, nove anos depois de inaugurado o primeiro edifício.

Em 1959, lá aconteceram os primeiros cursos do Atelier de Gravura. Dentre as exposições ali realizadas, destacam-se algumas que marcaram não apenas a história do museu, mas também da própria História da Arte Moderna no Brasil, como a “Exposição Neoconcreta” (1959); as mostras “Opinião 65″ e “Opinião 66″ (realizadas respectivamente em 1965 e 1966); e a “Nova Objetividade Brasileira” (1967).

As obras realizadas pela prefeitura incluem, além da limpeza dos cobogós, a regularização das muretas da laje, que ganhou novas pedras em granito, a impermeabilização de pisos e jardineiras, a execução de infraestrutura elétrica; reformas em pisos, paredes e teto de salas internas e o restauro da sala onde era o antigo depósito de filmes no Bloco Escola, além do restauro do chafariz, ali em frente.

Com curadoria de Pablo Lafuente e Raquel Barreto, a exposição reúne aproximadamente 65 obras, incluindo pinturas, esculturas e fotografias, de nomes consagrados como Tarsila do Amaral, Cildo Meireles, Lygia Clark, Adriana Varejão, Di Cavalcanti e Tomie Ohtake. O objetivo é explorar a diversidade e a complexidade da Arte Brasileira ao longo de mais de um século.

Vale conferir a nova mostra (desenvolvida a partir do acervo do MAM Rio) e as novas instalações do prédio.

Quimeras 100 anos do Surrealismo.

07/nov

No centenário do surrealismo, o Espaço Arte M. Mizrahi, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta a exposição coletiva “Quimeras – 100 anos do Surrealismo”, uma jornada que explora as profundezas do imaginário e do inconsciente em um contexto contemporâneo. Sob curadoria de Jurandy Valença, a mostra reúne um conjunto de 54 obras, entre pinturas, gravuras, desenhos, esculturas e fotografias, de 18 reconhecidos artistas nacionais e internacionais que oferecem diferentes interpretações do Surrealismo e suas influências persistentes nas artes.

O Surrealismo, foi fundado por André Breton em 1924, revolucionou a forma como o inconsciente e a imaginação eram abordados nas artes. Inspirado por elementos do romantismo e caracterizado pela ênfase no poético e no onírico, o movimento foi, acima de tudo, uma rebelião contra os padrões conservadores de sua época. O Surrealismo não só redefiniu os contornos da arte, mas também impactou profundamente o pensamento filosófico e cultural, ao destacar o papel da imaginação e da fantasia na construção da realidade.

Jurandy Valença observa que o Surrealismo ainda mantém uma força emancipada e provocadora, mesmo um século após sua origem. Segundo o curador, “o Surrealismo, mais do que um movimento histórico, é uma forma de ver o mundo que resiste ao tempo e desafia o espectador a questionar as próprias noções de realidade. Ao selecionar as obras, buscamos não só a representação tradicional do movimento, mas também como ele reverbera nas expressões e interpretações artísticas de hoje”.

Na exposição, figuras como o alemão Walter Lewy, que se manteve fiel ao Surrealismo até o fim da vida, e brasileiros como Flávio de Carvalho e Mário Gruber, que criaram universos que transcendem o comum, estão ao lado de nomes como Regina Silveira e Cildo Meireles, cujas obras estabelecem diálogos menos evidentes, mas significativos com o movimento. Também presentes estão os brasileiros Octávio Araújo, com cenas que evocam mistério e magia, e Marcello Grassmann, que explora figuras mitológicas e combina o humano e o animal. A mostra aborda a questão da representatividade feminina no surrealismo, reconhecendo que o movimento foi historicamente misógino. No entanto, propõe um olhar crítico sobre essa questão, explorando como o Surrealismo, apesar de suas limitações, contribuiu para discussões sobre identidade e subjetividade.

A exposição “Quimeras – 100 anos do surrealismo” convida o público a refletir sobre a atemporalidade do Surrealismo e sua capacidade de transcender fronteiras culturais e temporais, expandindo os limites da percepção e da interpretação artística. Ao explorar como o imaginário e o inconsciente seguem vivos e desafiadores na produção artística contemporânea, a mostra reafirma o Surrealismo não apenas como um marco histórico, mas como um movimento em constante transformação, que continua a inspirar novas gerações de artistas e a ressoar profundamente nas sensibilidades atuais.

Artistas partcipantes

Alejandro Lloret, Cildo Meireles, Flávio de Carvalho, Marcello Grassmann, Mario Gruber, Octávio Araújo, Regina Silveira, Roberto Magalhães, Sonia Menna Barreto, Vik Muniz, Walter Lewy, Wifredo Lam, Juarez Machado, Vito Campanella, Leon Ferrari, Fernando Cardoso, Inos Corradin e Victor Brecheret.

Até 14 de desembro.