Destaques/Seleção Olímpica

09/ago

A Galeria de Arte Ipanema, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, realiza a mostra “Destaques do acervo – Seleção olímpica”, com cerca de 40 obras de artistas como Cildo Meireles, Carlos Cruz-Diez, Rubens Gerchman, Franz Weissmann, Henrique Oliveira, Olimpíada e Paralimpíada, Jesus Soto, Raymundo Colares, Beatriz Milhazes, Amilcar de Castro, Frans Krajcberg, José Resende, Waltercio Caldas, Sarah Morris, Lygia Clark, Lygia Pape, Sergio Camargo, Djanira, Di Cavalcanti, Alberto Guignard, Alfredo Volpi, Djanira, Julio Le Parc, Manabu Mabe, Wanda Pimentel, Maria Leontina, Victor Vasarely, Luis Tomasello, Juan Mele, Tomie Ohtake, Aluisio Carvão, Mira Schendel.

 

Dentre as pérolas do acervo da histórica galeria sediada na Rua Aníbal de Mendonça, Ipanema, está o conjunto de oito desenhos “Descala”, feitos em 2003 por Cildo Meireles, gravados quimicamente em chapas de aço carbono. De Carlos Cruz-Diez, um dos pioneiros da arte cinética, estará exposta a obra “Physichromie nº 1848” (2013), que se transforma à medida que o espectador olha enquanto caminha a sua frente. O raro trabalho “Tô Fora SP” (1968), de Rubens Gerchman, pintura com tinta acrílica sobre cartão, também está na exposição. Do escultor Franz Weissmann, a galeria mostrará “Coluna”  (1989), em ferro pintado, com 81 cm de altura. O paulista Henrique Oliveira, que já frequentava o circuito internacional da arte ganhou ainda mais notoriedade ao integrar a 29ª Bienal Internacional de São Paulo, em 2010. Dele, será mostrada a pintura com acrílica sobre tela, também de 2010.

 

 

Breve histórico

 

Fundada por Luiz Sève, aos 24 anos, que cursava o último ano de engenharia na PUC, e sua tia Maria Luiza (Marilu) de Paula Ribeiro, a Galeria de Arte Ipanema teve como terceiro sócio Luiz Eduardo Guinle, e se instalou em 1965 em um dos salões do Copacabana Palace, passando depois para o térreo do Hotel, na Avenida Atlântica, onde permaneceu até 1973. Em 1968, Frederico Sève, irmão mais moço de Luiz Sève, entrou na sociedade no lugar de Luiz Eduardo Guinle. Com direção de Frederico Sève, a Galeria de Arte Ipanema manteve também um espaço em São Paulo, entre 1972 e 1989, na Rua Oscar Freire, em uma casa projetada por Ruy Ohtake especialmente para este fim, e depois na Rua da Consolação. Frederico permaneceu na sociedade até 2002.

 

Atualmente, Luiz Sève dirige a galeria ao lado de sua filha Luciana, no número 173 da Rua Aníbal de Mendonça, em Ipanema, até finalizar a construção do espaço que tem projeto arquitetônico assinado por Miguel Pinto Guimarães, previsto para 2017, na quadra da praia da mesma rua, no endereço original que ocupou desde 1972 (ano compartilhado com o espaço no Hotel Copacabana Palace).

 

 

Até 24 de setembro.

Coleções do MAM RIO

27/jul

Neste sábado, dia 30 de julho, o MAM Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a grande exposição “Em polvorosa – Um panorama das coleções do MAM Rio”, com destaques de seu acervo, com obras de mais de 100 artistas, brasileiros e estrangeiros, selecionadas pelos curadores Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes. A mostra vai ocupar todo o segundo andar do Museu, incluindo o Salão Monumental, em uma área de quase 2.500 metros quadrados O curador quis mostrar para o público a joia arquitetônica que é o prédio do MAM, projetado em 1958 por Affonso Reidy, e retirou divisórias, permitindo ao público uma rara perspectiva do amplo espaço do segundo andar. De um extremo a outro do espaço, há 123 metros de extensão.

 

A primeira preocupação do curador foi a de escolher obras de qualidade inegável, as quais chama de highlights, como as de Pollock, Keith Hering, Brancusi, Giacometti, Lucio Fontana, Henri Moore, Rodin, Calder, Joseph Albers, Barry Flanagan, VittoAcconti, Antonio Dias, Cildo Meireles, Nelson Leirner, Ivens Machado, Waltercio Caldas, Antonio Manuel, José Damasceno, Artur Barrio, Regina Silveira, Willys de Castro, Hércules Barsotti, Lygia Clark e Hélio Oiticica.

 

E, também, privilegiar artistas “muito conhecidos, mas pouco mostrados”, como Anita Malfatti, que “tem desenhos a carvão lindos, pouco vistos”. As obras serão articuladas por aproximações estéticas e por épocas, com alas dedicadas aos anos 1920, com o modernismo, aos anos 1950/60, com o abstracionismo, o concretismo, o neoconcretismo, a nova figuração, e à arte contemporânea.

 

Na entrada do segundo andar do museu, estará um texto sobre a mostra e uma homenagem ao artista Tunga, falecido recentemente, junto ao trabalho que dá título à exposição, da série “Desenhos em polvorosa”, de 1996, em pastel seco sobre papel, pertencente à Coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio. Um dos destaques da exposição é o conjunto reunido pela primeira vez de importantes instalações de artistas brasileiros: “Poeta/Pornógrafo”, de 1973, de Antonio Dias; “Alegria”, de 1999, de Adriana Varejão, “Cerimônia em três tempos”, de 1973, de Ivens Machado; “Ping-ping, a construção do abismo no piscar dos cegos”, de 1980, de Waltercio Caldas; “Fantasma”, de 1994, de Antonio Manuel (em sua versão original, montada em 2001; “Motim II”, de 1998, de José Damasceno; “Marulho”, de 1991, de Cildo Meireles, não vista no Rio de Janeiro desde sua primeira apresentação, no MAM, em 2002 e “Graphos 2” de 1996, de Regina Silveira. Serão apresentados, ainda; “De dentro para fora”, de 1970, de Artur Barrio; “Lute”, de 1967, de Rubens Gerchman.

 

Ao invés de textos explicativos, Fernando Cocchiarale optou por dar o contexto histórico do Brasil, para as obras de arte, por meio de fotografias dispostas em nove vitrines, de 1,70m cada, distribuídas pelo espaço expositivo. São registros do Brasil imperial, com nobres, escravos, etnográficos, do cotidiano, da vida política, ou ainda de grupos como garimpeiros, candangos e índios, de mais de 20 fotógrafos, de Franz Keller, Marc Ferrez, Jorge Henrique Papf, Martín Chambi, Alberto Ferreira Lima, Luis Humberto, Walter Firmo, Luis Brito, Milton Guran, Orlando Azevedo, Orlando Brito, Leopoldo Plentz, Duda Bentes, Carlos Terrana, André Dusek, Nino Rezendee AntonioDorgivan, entre outros.

 

“O território onde a imagem e a palavra se encontram é o fotojornalismo. É de sua natureza uma proximidade muito grande com a notícia, que é verbal. A foto é uma sobrenotícia. As coleções do MAM têm maravilhosas obras que podem ser consideradas fotojornalismo. Franz Keller mostra em 1870 índios cobertos artificialmente, porque eles não poderiam aparecer com ‘suas vergonhas’ à mostra, como disse Pero Vaz de Caminha, e foram adaptados à moral vitoriana. Papff tem umas fotografias incríveis de cafezais”, destaca.

 

Dentre as mais de 100 obras, estarão também as dos artistas Brecheret, Bruno Giorgi, Lygia Clark, Regina Vater, Diane Airbus, Marcia X(com “A cadeira careca”, seu último trabalho, feito em 2004 com Ricardo Ventura), Luiz Pizarro, Jorge Duarte, Carlos Vergara, Guilherme Vaz, Marcelo Moscheta e Jonathas de Andrade.

 

“Não acho que a arte tem que estar a serviço de nenhum discurso. Não há continuidade entre a experiência visual e discurso. Se eu e Fernanda Lopes “editarmos” bem, podemos criar um certo fluxo semântico com a exposição”, complementa Fernando Cocchiarale.

 

 

Até 06 de novembro.

 

 

Guilherme Vaz no CCBB-Rio

26/jan

O CCBB-Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta ao público a exposição “Guilherme Vaz: uma fração do infinito”, com 50 anos de produção desse artista multimeios, músico experimental, maestro, pensador e integrante das vanguardas dos anos 1970.  Um dos pioneiros da arte conceitual e sonora, Guilherme Vaz é um dos introdutores da música concreta no cinema brasileiro. A mostra conta com debates, reedição de trabalhos antigos, produção de novos trabalhos e edição de livro com ensaios inéditos, históricos e vasto conjunto de imagens e documentos.

 

A curadoria de Franz Manata apresenta o caráter inovador da obra de Guilherme Vaz ao destacar sua produção no contexto das vanguardas da arte contemporânea e sua vivência no Brasil central, com os sertanistas e povos indígenas. Em sua primeira grande exposição serão mostradas 41 obras que contemplam os diversos suportes utilizados pelo artista, como a instalação, objetos sonoros, instruções, desenhos, partituras, performances e parte de sua produção musical. “Guilherme Vaz: uma fração do infinito” destaca a importância da obra desse artista no panorama da cultura e deixará como legado um conjunto de textos, documentos e imagens para a memória da arte no Brasil.

 

 

Trajetória

 
Guilherme Vaz iniciou sua interlocução com a cena cultural do Rio de Janeiro no final da década de 1960, trabalhando com cineastas, músicos e artistas residentes na cidade. Realizou na época trilhas sonoras dos filmes “Fome de amor” (1968), de Nelson Pereira dos Santos – a primeira experiência de música concreta no cinema nacional, e O anjo nasceu (1969), dirigido por Júlio Bressane. Ambos premiados no Festival de Cinema de Brasília. Guilherme produziu trilhas para mais de 60 filmes, sendo 30 longas-metragens; ganhou nove prêmios e estabeleceu parcerias com importantes cineastas, como Júlio Bressane e Sérgio Bernardes. Segundo o curador, seu trabalho para o cinema traduz o “espírito do Brasil profundo”. Franz Manata comenta ainda o processo da pesquisa e curadoria da mostra.

 

Como músico e maestro, Vaz se envolveu com a música harmônica, a música concreta, experimental, o jazz, aprofundando-se na pesquisa com a música popular e flertando com a MPB. Esteve envolvido na fundação e apresentações do Grupo de Compositores da Bahia, organizado por Ernst Wiedmer; em 1967 funda com Vitor Assis Brasil o grupo Calmalma de Jazz Livre, que produzia jazz de vanguarda com acento na experimentação e improvisação musical; e participou da gravação do disco e da turnê do álbum de Ney Matogrosso, Água do céu-pássaro, de 1975, que apresenta sonoridade experimental permeada por elementos da natureza. Participou também da então nascente cena carioca de arte conceitual, articulada em torno das atividades do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, da criação da Unidade Experimental e de exposições históricas como o Salão da Bússola, realizado nesse museu, em 1969, e a polêmica “Agnus Dei”, realizada na Petit Galerie, no Rio de Janeiro, em 1970, além de participar das mostras internacionais: “Information”, no MoMA, em 1970, e da 8ª Bienal de Paris, em 1973, ambas relevantes no contexto da arte conceitual.

 

Dividida em três salas que ocupam o segundo andar da instituição, a exposição apresenta um percurso que se articula de forma complementar a mostrar uma fração do infinito artístico de Guilherme.

 

Na primeira sala, a experiência de Guilherme no interior do Brasil, onde desenvolveu trabalhos de antropologia, artes visuais e música pré-histórica com os povos indígenas sul-americanos Zoró-Panganjej, Gavião-Ikolem e Araras. O público poderá conhecer de perto um conjunto de pinturas realizado com o índio Carlos Bedurap Zoró, da tribo Gavião-Ikolem, de Rondônia, que por solicitação do artista reproduziu, nos tecidos fornecidos por Guilherme, suas pinturas corporais. Mais a série Solos ardentes, composta por 16 fotografias feitas com uma câmera amadora em 1999, em que crianças da tribo Gavião-Ikolem estão em frente a uma pilha de carvão da selva, dentro do escritório da Sociedade Pró-Arte, em Ji-Paraná, Rondônia.

 

Será apresentado o vídeo-concerto harmônico Música em Manaos (2004). Realizado por Guilherme e sob sua regência, a Orquestra Filarmônica Bielorussa se junta aos indígenas da etnia Gavião-Ikolem, no Teatro Amazonas. O registro é uma parceria com seu amigo, cineasta e documentarista Sérgio Bernardes (1944-2007). No outro vídeo, Uma fração do infinito, realizado em 2013 em parceria com o Instituto Mesa, Guilherme estabelece um diálogo com Charles Darwin ao refazer, simbolicamente, o caminho percorrido pelo naturalista britânico na cidade de Niterói. Um teatro sonoro onde os maracás ”acionam” as forças da natureza.

 

Na sala B estarão a escultura inédita Totem de maracás, composta por centenas de unidades do instrumento indígena, que reflete sobre o aprendizado com o universo indígena, e Jardim sem nome, uma instalação com seixos rolados que, segundo o artista, é uma metáfora acerca do universo da arte, em que sua própria história é como um imenso rio no qual os artistas são seixos dispostos ao longo do caminho.

 

A segunda sala mostra a produção de Guilherme como artista multimeios, músico experimental, maestro, pensador e integrante das vanguardas dos anos 1970. Aí poderão ser vistos sua pesquisa no campo da notação musical será apresentada (partituras convencionais, balizamentos gráficos, notações para o cinema e partituras como performance), a instalação sonora Crude, que surge a partir de sua pesquisa acerca do que ele definiu como “música corporal” iniciada na 8ª Bienal de Paris, em 1973, ainda sob o nome de Cru. Em sua primeira versão, o trabalho foi realizado de forma acústica quando o artista extraía sons diretamente da arquitetura. Já a partir da apresentação da 7ª Bienal do Mercosul em 2007, ele incorpora microfones e amplifica o som no espaço. Na versão atual, o artista convida o público para essa experiência. Tem também a instalação acusmática, composta por instruções de Guilherme Vaz, apresentadas ao público na “Information” – importante exposição de arte conceitual realizada no MoMA, em 1970. Para o CCBB o artista convida o público a seguir por um corredor, onde se escutam suas instruções. Segundo o curador é “uma estratégia para colocar ‘algo’ em evidência”.

 

A última sala destaca sua relação com a imagem em movimento através da parceria com o cineasta e documentarista Sérgio Bernardes, que traduz o Brasil profundo em sete filmes: Os guardiões da floresta (1990), Panthera Onca (1991), Cauê Porã (1999), Nós e não nós (2003), Amazônia (2006), Mata Atlântica (2007) e Tamboro (2009). A exposição conta com uma cronologia ilustrada, que aborda a vida e o percurso de Guilherme Vaz, com um vasto conjunto de documentos, obras, vídeos e arquivos de áudio.

 

Sobre o artista

 

Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Pioneiro da arte sonora, formou-se na Universidade Nacional de Brasília, tendo como professores Rogério Duprat, Décio Pignatari, Nise Obino, Cláudio Santoro, Damiano Cozzela, Régis Duprat, Hugo Mund Júnior, entre outros (1962-1964); e na Universidade Federal da Bahia, onde foi aluno de Walter Smetak e Ernst Wiedmer (1964-1966). Fundou, em parceria com Frederico Morais, Cildo Meireles e Luiz Alphonsus, a Unidade Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1968-1970). Presidiu a Fundação Cultural de Ji-Paraná, fronteira com a Bolívia, onde desenvolveu trabalhos de antropologia, artes visuais e música pré-histórica com os povos indígenas sul-americanos Zoró-Panganjej, Gavião-Ikolem e Araras. Artista multimeios e experimental, autor das obras sonoras: Walk to anywhere, Rio de Janeiro (1970); Open your door as slow as you can, Rio de Janeiro (1970); Solos ardentes, Nova Iorque (1970); Crude, Paris (1973); Ensaio sobre a dádiva, d’après Marcel Mauss, Oslo (2008). Sua obra foi incluída em importantes exposições coletivas, dentre as quais se destacam: “Hélio Oiticica e seu Tempo”, Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro (2006); VIII Biennale de Paris, Museé d’Art Moderne de la Ville de Paris (1973); “Agnus Dei”, Petite Galerie, Rio de Janeiro (1970); “Information”, MoMA, Nova Iorque (1970), entre outras.

 

Editou várias obras em CD com a gravadora OM Records: o vento sem mestre (2007), Sinfonia dos ares (2007), La Virgen (2006), Deuses desconhecidos (2006), Anjo sobre o verde (2006); A tempestade, El arte, Povos dos ares, Der Heiligue Spruch (2005); A noite original – Die SchopfungsNacht [Die Windeuber der Meer am Anfgang der Welt] (2004); Sinfonia do fogo (2004); O homem correndo na Savana (2003), todas elas lançadas no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC). Publicou a Sinfonia das águas goianas (2001), um livro em que reúne algumas das conjunções sonoras mais profundas, arcaicas e significantes do meio central da América do Sul.

 

 
Debates

 

 Guilherme Vaz e a arte contemporânea
Sinopse: Comenta aspectos de sua produção artística, destacando seu papel na introdução da arte conceitual e sonora no Brasil. Na mesma data também será lançado o livro “Guilherme Vaz: uma fração do infinito”.
Palestrantes: Franz Manata, Marisa Flórido César

 
 Data: 24/02/2016

 

 Guilherme Vaz e o cinema
Sinopse: Comenta aspectos de sua obra musical, destacando seu papel na introdução    da música concreta nas trilhas sonoras do cinema brasileiro.
Palestrantes: Franz Manata, Júlio Bressane, Suzana Reck Miranda

 
 Data: 09/03/2016

 
 
 Guilherme Vaz e a música
Sinopse: Comenta sua produção como maestro, sua relação com os aspectos estéticos da música erudita e sua relação com a formação da identidade cultural brasileira.
Palestrantes: Franz Manata, J. P. Caron

 
 Data: 23/03/2016

 

 

 Até 04 de abril.

MAM-SP, mostra prorrogada

17/dez

Quem ainda não teve oportunidade de conferir o “34º Panorama da Arte Brasileira – da pedra da terra daqui”, mostra bienal do MAM-SP, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, na Grande Sala Paulo Figueiredo, tem mais uma grande chance. A exposição, que acabaria neste mês de dezembro, foi prorrogada até fevereiro de 2016, proporcionando a paulistanos em férias, turistas na cidade e frequentadores do Parque Ibirapuera mais tempo para conferir as primeiras manifestações artísticas tridimensionais brasileiras de que se tem notícia ao lado das produções dos artistas contemporâneos Berna Reale, Cao Guimarães, Cildo Meireles, Erika Verzutti, Miguel Rio Branco e Pitágoras Lopes. Os interessados na mostra têm mais dois meses para a visita, mas no período das festas de fim de ano o museu entra em recesso. O MAM-SP fecha em 24 de dezembro e reabre no dia 5 de janeiro de 2016. A curadoria é de Aracy Amaral e a curadoria adjunta de Paulo Miyada.

 

 

 

Até 10 de fevereiro de 2016.

O atelier transparente

16/dez

O IAC – Instituto de Arte Contemporânea, Vila Mariana, São Paulo, SP, exibe uma parte importante da obra de Waltercio Caldas: seus “cadernos de artista”, acompanhados de gêneros tridimensionais, como maquetes de estudos e objetos híbridos. Uma oportunidade de tomar contato com uma autêntica imaginação escultórica contemporânea.
Ainda que em alguns casos sejam estudos, o conjunto desses trabalhos se destaca por  fornecer uma mostra do seu pensamento plástico. São centelhas de ideias que integram os cadernos a várias outras linguagens nas quais Waltercio Caldas se vale para pensar o espaço e seus atributos. Ao todo, em apresentação, mais de cem cadernos.

 

Considerando ser trabalhos que se querem “em formação”, a exposição não tem como finalidade a explicitação do indescritível processo criativo do artista. Não se trata de fornecer um guia ilustrado para a compreensão de sua produção.
Se o espectador extrair um entendimento sobre o método e o modo como o artista age na contínua elaboração de sua obra, será menos por princípio didático do que por relações traçadas a partir das diferenças que os trabalhos expõem entre si.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido no Rio de Janeiro no ano de 1946, Waltercio Caldas integra a chamada Geração 70, ao lado de artistas como Cildo Meireles e Tunga. Sua obra protagoniza uma virada no debate artístico do país ao reformular a relação da arte com a cultura e o meio artístico local. Foi assim que ela se tornou decisiva para o surgimento do que hoje conhecemos como arte contemporânea. Porém, mais do que reiterar seu estatuto de contemporaneidade, a mostra deverá apontar sua valência histórica, a partir das ideias, questões e valores atrelados aos sentidos que é capaz de produzir.

 

 

Até 20 de março de 2016.

Na dotART em Belo Horizonte

16/nov

A renovada Galeria dotART, bairro Funcionários, Belo Horizonte, MG, apresenta na galeria 1, a exposição coletiva “O dia se renova todo“, e na galeria 2, a primeira exposição individual do fotógrafo Fabiano Al Makul denominada “Outros olhos para ver”. No mesmo dia, lança os livros/obra “Galáxias“, de Antonio Dias e Haroldo de Campos e “Galpão Gaveta“, de Paulo Climachauska. Com 41 artistas e 50 obras a coletiva “O dia se renova todo dia” apresenta: pinturas, desenhos, fotografias, gravuras, objetos e esculturas. Os artistas foram convidados pelo curador Wilson Lazaro, diretor artístico da galeria, que exibe a primeira grande mostra e apresenta o conceito da nova identidade da dotART, desenvolvida pelo designer Felipe Taborda.

 

 

O time escalado para as duas exposições e lançamentos é composto dos mais diversos idiomas visuais: Adriana Varejao, Janaína Tschape, AnishKapoor, Leonilson, Cássio Vasconcellos, Pedro Varela, Paul Morrison, Richard Serra, FransKrajcberg, Rubem Ludolf, Tomás Saraceno, Ivan Navarro, Sarah Morris, PhilipeDecrauzat, Lygia Pape, Rubem Valentim, Rubem Ianelli, Alexander Calder, Iole de Freitas, Nelson Felix, Cildo Meireles, Michael Craig-Martin, Antonio Dias, Paulo Pasta, Paulo Climaschauska, Volpi, Andy Warhol,Wanda Pimentel, Lucia Laguna, Marina Saleme, Celso Orsini, Nelson Leirner, Anna Maria Maiolino, Paulo Campinho e Marina Rheingantz.

 

 

Sobre Antonio Dias e o livro obra “Galáxias”

 

Antonio Dias nasceu em 1944, em Campina Grande, na Paraíba e, ainda criança mudou-se para o Rio de Janeiro. Artista multimídia, tem a pintura como elemento de forte presença em seu trabalho. Em meados dos anos sessenta, ganhou uma bolsa do governo francês e foi morar em Paris. Depois de um longo período no exterior, entre Milão, na Itália, e Colônia, na Alemanha, volta, em fins dos anos noventa, a dividir seu tempo com o Brasil, onde tem residência no Rio de Janeiro. O projeto desenvolvido por Antonio Dias junto com Haroldo de Campos (1929-2003) no começo da década de setenta, leva o mesmo nome do famoso livro-poema do poeta concretista – “Galáxias”. E, mais de quarenta anos depois, ganha a participação da designer Lucia Bertazzo em sua produção. Com edição de 93 exemplares, e grande formato – 70cm x 50cm com 7cm de altura – “Galáxias” é um estojo de fibra de vidro revestido em tecido, que contém, em cada exemplar, um conjunto de 32 objetos feitos pelo artista, agrupados e acondicionados em dez caixas de madeira impressa com peles, tema presente em sua obra. Esses objetos – foram realizados manualmente – revêem a trajetória artística de Antonio Dias no período dos anos setenta. A realização de “Galáxias”, a cargo da UQ/ Aprazível Edições, demandou quatro anos de cuidadoso trabalho, com centenas de provas e protótipos, e grande diversidade de materiais empregados: tecido, acrílico, foam, plástico, algodão, pergaminho. As formas de impressão também variam entre fotogravura, tipografia, hot stamping, serigrafia e pouchoir. Metade da edição foi adquirida por colecionadores e importantes museus: MAC de Niterói (Coleção João Sattamini), MAM Rio (Coleção Gilberto Chateaubriand), Pinacoteca  de São Paulo e MoMA de Nova York.

 

 

Sobre Paulo Climachauska e o livro obra “Galpão Gaveta”

 

A obra de Paulo trabalha, sobretudo, com a operação de subtração e de retirada. Trata-se de um déficit que vai além da abstração numérica e se aproxima de questões econômicas, sociais e políticas, mesmo quando o artista elege a natureza como tema. No texto que acompanha a obra de 7 itens e 18 exemplares está escrito: “O Galpão Gaveta, este que você acabou de ler, começou a ser habitado em junho de 2012. Galpão é o lugar em que o extrato dos seres e o sumo das coisas se depositam. Eles podem ser habitados, sim!, por poéticas e por traços. É o que decidiu fazer Paulo Climachauska ao recolher réguas e compassos, telas e tintas, papéis e espelhos. Tudo colecionado dentro de seu imaginário e transformado em matéria-viva: o Galpão Gaveta.” Uma gaveta pode ser uma obra de arte? Pode. Uma não, muitas. O Galpão Gaveta, invento que se atribui ao artista Paulo Climachauska, traz dentro de si uma multidão de objetos. Vamos contar?

 

1. Um estojo em aço, pintado na cor laranja, de 50 x 40 cm (com 9 cm de altura) que contém… uma gaveta. 2. A gaveta, por sua vez, contém seis outros objetos. 3. O primeiro é uma pintura original sobre cartão telado em cada exemplar. Isso mesmo: um original em tinta acrílica, assinado no verso. 4. O Livro de Areia, revestido em tecido, traz arabescos gráficos do que se passa pela cabeça do artista. 5. Já o Livro dos Espelhos, também revestido em tecido, se entreabre num firmamento de números. 6. Outro estojo contém cinco gravuras e um surpreendente texto, todos impressos em serigrafia sobre acetato, revelando galpões em perspectiva – aqui denominados de “Catedrais”. 7. Uma dupla de esquadros em aço niquelado sai do berço da caixa e ficam de pé, como se esculturas fossem.

 

 

Sobre Fabiano Al Makul

 

Fabiano Al Makul é apaixonado, vai ao mundo pelo coração. Sua pesquisa não é sistemática.Os temas parecem escolhidos ao acaso, como se começasse sempre pela curiosidade. Pode ser uma canção musical, um encontro… e ao fim a imagem é sempre um gesto de afeto. Suas representações formam histórias, têm a ver com a liberdade que existe na ficção. Fantasias e sonhos: esse é sempre o começo do criar desse artista. Ele quer fazer você se emocionar diante das suas criações! Uma boa criação é construída com amor, por nuances de cores e lembranças de lugares. Há um momento especial onde o autor captura a passagem da vida e a coloca junto com o sentir “arte”. A beleza da imagem tem o poder da transformação de cada dia vivenciado, é realidade presente em quase todas as esferas do cotidiano, da estética. Vale lembrar a história da arte e seus segmentos, que conseguiam estabelecer-se porque havia “beleza” em todos os movimentos. A cor, o movimento e a música se unem ao desejo e à fragilidade, em momentos únicos da vida e em cada cena retratada por Fabiano nas suas composições visuais. Sua fotografia cria um frescor raro, que está nos romances, na alma da velha-guarda do samba, nas canções populares, nas viagens, nos lugares, na arquitetura e nas pessoas… cada um, quando entra em contato com sua obra, sente que ele traz à superfície um mundo híbrido, onde os limites entre as culturas, os meios ou linguagens são cada vez mais indefinidos. É com um “olhar de beleza” que poderemos ultrapassar quaisquer fronteiras ainda demarcadas e admirar, sentir e penetrar nas criações exibidas. O artista captura suas imagens no instantâneo da ação de ver, registrando com novo olhar as cenas do cotidiano e “escrevendo” textos com rimas de luz e sombra. Esse é o nosso poeta Fabiano!

 

Sobre a Galeria dotART

 
A dotART foi criada por Feiz e Maria Helena Bahmed nos anos setenta e é pioneira na divulgação e promoção da arte  em Belo Horizonte e no estado de Minas Gerais. Agora, surge a renovada Galeria dotART, que, com planejamento e pesquisa, desenvolve um plano para a carreira de cada um dos artistas que representa na região buscando as soluções mais criativas e eficientes, apoiados em pesquisa, consultoria, curadoria, publicações e gestão de projetos para as instituições.

 

A renovação acontece. Fernando Bahmed e Leila Gontijo são herdeiros de Maria Helena e Feiz, atuam no mercado de arte, e assumem a galeria trazendo novo vigor para os projetos. Luciana Junqueira, passa a fazer parte da dotART. Ao grupo, somam-se Wilson Lazaro, diretor artístico, e toda a equipe: Felipe Taborda, Francisco Santos, Hélio Dalseco, Ivanei Souza, Jéssica Carvalho, Robson Gomes e Sérgio Souto.

 

Ao longo dos últimos 40 anos, vários artistas já passaram pela galeria: Volpi, Amilcar de Castro, Leda Catunda, Frans Kracjberg, Cildo Meireles, Fernando Lucchesi, Marcos Coelho Benjamin, Iberê Camargo, Ianelli, Siron Franco, Bruno Giorgi, Amelia Toledo, Iole de Freitas, Marina Seleme, Sara Ramo, Paulo Campinho, Eduardo Sued, Sonia Ebling, Rubem Valentim, Angelo Venosa, Alexandre Calder, Anish Kapoor, Leonilson, Adriana Varejão, Niura Bellavinha, José Bento, Fabiano AL Makul, Adriana Rocha, Regina Silveira, Gonçalo Ivo, Paulo Pasta, Nelson Felix, Daniel Senise, Iran Espirito Santo, Manfredo de Sousa, Vik Muniz, Fernanda Nanam, Cristina Canale, Ana Horta, Paulo Climachauska, Antonio Dias, Anna Maria Maiolino, Paulo Campinho, José Bechara, Judith Lauand, Hércules Barsotti, Cícero Dias, Celso Orsini, Roberto Magalhães e Wanda Pimentel, entre outros.

 

 

A partir de 25 de novembro.

Legendas: Iole de Freitas

Cassio Vasconcelos

10ª Bienal do Mercosul

22/out

A cerimônia oficial de abertura da 10ª Bienal do Mercosul, que ganhou a titulação geral de “Mensagens de Uma Nova América”, ocorre nesta sexta-feira, dia 23 (e até 06 de dezembro), no Santander Cultural, Centro Histórico, Porto Alegre, RS. Está sendo anunciada a presença de membros da Diretoria e do Conselho de Administração, equipe curatorial desta edição, artistas, patrocinadores e parceiros.
A mostra “Antropofagia Neobarroca”, situada no Santander Cultural estará aberta para visitação.As demais mostras abrem para visitação no sábado, 24 de outubro. Em exibição obras dos mais importantes artistas latinos de diversas épocas como dentre outros, Maria Martins, Iberê Camargo, Tunga, Ione Saldanha, Hélio Oitica, Tomie Ohtake, Estevão Silva, Wesley Duke Lee, Amílcar de Castro, Carmelo Arden Quin, Cruz Diez, Tunga, Cildo Meireles, Adriana Varejão, Carlos Asp, João Fahrion, Liuba, Pedro Américo, Oswaldo Maciá, Rubén Ortiz-Toreres, Romanita Disconzi, Avatar Morais, Paulo O. Flores, Didonet Thomas, Francisco Ugarte, Luiz Zerbini e Daniel Lezama.

 

 

Mostras, Espaços Expositivos e Horários

 

Modernismo em Paralaxe
MARGS – Praça da Alfândega, s/n – Centro
Horário: De terça a domingo, das 9h às 19h

 

Biografia da Vida Urbana
Memorial do Rio Grande do Sul – Praça da Alfândega, s/n – Centro
Horário: De terça a domingo, das 9h às 19h

 

Antropofagia Neobarroca
Santander Cultural – Praça da Alfândega, s/n – Centro
Horário: De terça a sábado, das 9h às 19h. Domingo, das 13h às 19h

 

Marginália da Forma / Olfatória: o cheiro na arte
A poeira e o mundo dos objetos/Aparatos do Corpo
Usina do Gasômetro – Av. Pres. João Goulart, 551 – Centro
Horário: De terça a domingo, das 9h às 21h.

 

Plataforma Síntese
Instituto Ling – R. João Caetano, 440 – Três Figueiras
Horário: De segunda a sexta, das 10h30 às 22h. Sábado, das 10h30 às 21h. Domingo, das 10h30 às 20h

 

Programa Educativo e a obra A Logo for America – Alfredo Jaar –

Centro Cultural CEEE Erico Verissimo – R. dos Andradas, 1223 – Centro Histórico
Horário: De terça a sexta, das 10h às 19h. Sábado, das 10h às 18h

Casa Cidade Mundo

09/out

Pensar os graves problemas de habitação, desenvolvimento urbano e crescimento das cidades sob o prisma da arte, e relatar/imaginar propostas e soluções para a realidade brasileira é o tema central de “CASA CIDADE MUNDO”, primeiro módulo do projeto “A Beleza Possível”, que o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Centro, Rio de Janeiro, RJ, abriga atualmente.  Com realização do Instituto CASA –  Convergências da Arte, Sociedade e Arquitetura e curadoria de Evandro Salles, a exposição propõe “a arte como geradora de identidade, a cultura como convergência de arquitetura, cidadania e arte”, diz o curador.

 

CASA CIDADE MUNDO apresenta cerca  de 100 obras de artistas plásticos, arquitetos, artistas e pensadores que tratam do tema em suas obras ou que produziram trabalhos especialmente para a mostra [lista de participantes abaixo]. Poderão ser vistas desde obras referenciais na história da arte brasileira, como duas maquetes de casa de Lygia Clark feitas nos anos 1960, até desenhos, maquetes, fotografias, registros de ideias, textos e outras formas de elaboração visual e textual em torno da CASA como signo fundamental da cultura.

 

A exposição foi idealizada pelo Instituto CASA –  Convergências da Arte, Sociedade e Arquitetura (instituição criada no Rio de Janeiro em 2013 com vistas à promoção das relações entre arte e arquitetura em torno da habitação popular), em parceria com o Museu de Arte do Rio –  MAR (que sediará seus dois outros módulos durante 2016) e patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro, através do edital de Fomento à Cultura Carioca, com o apoio de diversos centros culturais e instituições.

 

As obras dessa mostra foram criadas especialmente para o evento, ou foram colhidas em importantes acervos e instituições:  Museu de Arte do Rio, Museu de Arte de Brasília,  Museu Bispo do Rosário, Coleção Sérgio Carvalho– Brasília, e com diversos colecionadores particulares e coleções dos artistas.

 

 

Arquitetura e arte realinhadas

 

Núcleo de referência espacial e familiar, signo cultural, marco e identidade, interseção entre o público e o privado, a casa, desde o surgimento das comunidades sedentárias, é o “espaço de troca entre o dentro e o fora, entre a cultura e o sujeito”, como diz o curador.  “É o lugar que aqui propomos tomar politicamente para pensar a arte, a arquitetura, a cidade e o mundo, hoje”, Salles sugere.

 

A mostra pretende abrir uma reflexão coletiva, polifônica e propositiva – a partir do campo da arte e do livre pensamento – sobre novas configurações em torno da relação entre arte e arquitetura no âmbito da cultura brasileira e sobre a questão da habitação social e do desenvolvimento urbano.

 

Os trabalhos inéditos – encomendados no leque “ideia– proposta– projeto– sonho– utopia– ou– realidade de habitação”–  provocam, sugerem e se projetam em uma das mais importantes linhas de atuação do Instituto CASA: o “realinhamento da arte e arquitetura no âmbito da cultura” no Brasil, corrigindo a separação dessas disciplinas, estabelecida no país no período da ditadura militar. Os fundamentos dessa reintegração têm “base tanto da arquitetura moderna como das arquiteturas com fortes raízes culturais”, ressalta ainda o curador.

 

 

Participantes

 

Adalgisa Campos  |  Adolfo Montejo Navas  |  Antoni Muntadas  |  Antonio Risério  |  ARCHE/ Elsa Buguiere  |  Armando Queirós  |  Artur Casas  |  Augusto de Campos  |  Bárbara Nascimento da Rosa  |  Carla Guagliardi  |  Carla Juaçaba  |  Chico Amaral  |  Cildo Meireles  |  Daniel Murgel  |  Daniel Senise  |  Demetris Anastassakis  |  Eduardo Coimbra  |  Eduardo Frota  |  Elizabeth de Portzamparc  |  Ernesto Neto/Laura Taves  |  Fund. Bento Rubião |  Gil Vicente  |  Gustavo Speridião  |  Guy Veloso  |  Hélio Oiticica  |  Jacobsen Arquitetura  |  João Castilho |   Jorge Mario Jauregui  |  José Bechara  |  José Damasceno  |  Lucia Koch  |  Luiza Baldan  |  Lygia Clark  |  Marcelo Silveira |  Marcos Bonisson  |  Milton Hatoum  |  Milton Machado  |  Montez Magno  |  Pablo Benetti  |  Patricia Osses  |  Paula Trope  |  Paulo Bruscky  |  Paulo Climachauska  |  Pedro da Luz  |  Pedro David  |  Pedro Rivera/Pedro Evora  |  Regina Vater  |  Rainer Hehl  |  Rodrigo Braga  |  Rodrigo Zeferino  |  Rubens Gerchman  |  Rubens Mano  |  Umberto Costa Barros  | Walter Firmo  |  Waltercio Caldas  |  Wlademir Dias-Pino  |  Yana Tamayo

 

Mostra é o primeiro módulo do projeto A BELEZA POSSÍVEL

 

A exposição inaugura um projeto ambicioso, “A BELEZA POSSÍVEL – arte e cultura para uma arquitetura social no Brasil”, que em 2016 se desdobrará em mais dois segmentos – um seminário e uma mostra, avançando para debates e criações propositivas.  O espaço da habitação, da residência, “núcleo estruturador da cidade”, que pertence tanto à esfera individual quanto à coletiva –  “não como fronteira que separa, mas como intercessão que integra”, ressalta o curador – , serve aqui de pilar para a discussão do “entrelaçamento fundamental” entre a arte e a arquitetura.

 

O conjunto de intenções de “A BELEZA POSSÍVEL” parte da reflexão sobre a arquitetura praticada hoje no Brasil e busca sugestões de novos modelos habitacionais “que associem custo compatível, qualidade de projeto, qualidade de vida, inserção urbana, sustentabilidade e desenvolvimento tecnológico”. A intenção é a de reunir grandes arquitetos brasileiros e estrangeiros para projetar casas de baixo custo e alta qualidade técnica e estética, numa proposta de democratização do direito de moradia, discutindo soluções técnicas e a sustentabilidade sem perder de vista o apuro estético.

 

 

Instituto Casa

 

O Instituto CASA – Convergências da Arte, Sociedade e Arquitetura é uma instituição civil sem fins lucrativos, criada em 2013, que trabalha com a interação entre os campos da arte e da arquitetura, objetivando o bem-estar social e o desenvolvimento da cultura em amplos setores da sociedade.

 

O campo de atividades do Instituto CASA se abre com a proposição de projetos de arte e arquitetura voltados para a moradia popular, que fomentem o diálogo permanente entre arquitetos, artistas, urbanistas, ativistas, sociólogos, economistas, educadores e pensadores.

 

Os programas e projetos desenvolvidos integram, a partir de sua abordagem colaborativa e abrangente, diversos saberes, olhares e manifestações. Desse ponto de vista, o Instituto acredita que pensar a casa como espaço primordial do indivíduo é pensar a cultura, a educação, a arte, a arquitetura, a economia como instrumentos do desenvolvimento social. Pensar a casa é pensar o mundo, e pensar a casa através da arte é pensar eticamente um novo mundo para o sujeito social.

 

 

Até 14 de novembro.

34º Panorama no MAM-SP

30/set

Destacar as primeiras manifestações artísticas tridimensionais de que se tem notícia, produzidas entre 4.000 e 1.000 anos A.C., no território que hoje é o Brasil e propor uma experimentação sobre como isso pode dialogar com a produção nacional contemporânea. Esse é o mote do “34º Panorama da Arte Brasileira – da pedra da terra daqui”, mostra bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibiorapuera, São Paulo, SP, com curadoria de Aracy Amaral, curadoria adjunta de Paulo Miyada e consultoria do arqueólogo prof. André Prous.

 

Para traçar um paralelo entre as esculturas pré-históricas encontradas em uma faixa que se estende no que hoje é o sudeste do Brasil até o Uruguai e propor um diálogo atual, os curadores convidaram Berna Reale, Cao Guimarães, Cildo Meireles, Erika Verzutti, Miguel Rio Branco e Pitágoras Lopes – seis artistas de gerações e regiões diferentes e com pesquisas artísticas contrastantes. Os selecionados produzem trabalhos que conjecturam o Brasil e que são apresentados ao lado das cerca de 60 esculturas líticas em pedra polida exibidas pela primeira vez numa grande exposição, que une o presente e o passado e aguça a discussão sobre a arte nacional.

 

A ideia dos curadores é trabalhar questões de território, paisagem e passagem do tempo, fazendo com que as esculturas arqueológicas atuem como núcleo condutor da exposição. Os artistas exercem são os interlocutores da ancestralidade ao mostrar a relação estabelecida entre passado e presente por meio das obras elaboradas, exclusivamente, para a mostra e feitas em diferentes suportes como vídeos, esculturas, fotografias, pinturas e instalações. O resultado revela um conteúdo visceral, telúrico e eventual afinidade com os artefatos pré-históricos. “As preciosidades da nossa remota antiguidade são de indiscutível perícia técnica, inventividade formal e coesão estilística e cultural”, explica a curadora Aracy Amaral.

 

O “34º Panorama da Arte Brasileira – da pedra da terra daqui” é uma chance de projetar o horizonte poético e plástico de povos que lidaram com a passagem do tempo de maneira distinta da atitude – ora extrativista, ora desenvolvimentista – que predomina na ocupação do Brasil desde o período colonial até hoje. Segundo estudos, as peças pré-históricas tinham utilidade religiosa e de ritual e foram encontradas em sambaquis (morros artificiais feitos de conchas) edificados há milhares de anos por sucessivas gerações das populações costeiras chamadas de povos sambaquieiros. “Os montes de conchas formam uma poderosa imagem de como construir relações profundas com ideias de ancestralidade e de tempo, mas que, infelizmente, são tratados com indiferença pela maior parte dos pesquisadores e artistas brasileiros, um reflexo da desatenção que temos sobre nossa própria história”, comenta Paulo Miyada.

 

 

Sambaquis e povos sambaquieiros

 

Sambaquis são montes de conchas e valvas de moluscos criados pelo homem e encontrados ao redor do mundo em contextos e dimensões variadas. Os sambaquis foram formados em intervalos que podiam durar mais de mil anos e crescer em altura e extensão, chegando a ser altos como um prédio de seis andares e largos como um quarteirão. Alguns serviam de base para habitação, cemitério ou centro cerimonial, enquanto outros ainda tinham funções múltiplas como habitação, ateliês de trabalho e sítio funerário. Embora pudessem reunir sepultamentos, os sambaquis perdiam referência a pessoas ou momentos específicos para atuar como um monumento à própria ideia de ancestralidade. No Brasil há concentrações desse tipo de estrutura, com destaque para a faixa de, aproximadamente, mil quilômetros de extensão no litoral sul do país. É a essa região que estão associados os chamados povos sambaquieiros que possuíam raro dom para o trato do material do entorno e que manipulavam pedras com refinamento e precisão. Ao longo de milhares de anos, essa povoação produziu centenas de sambaquis, peças líticas, ferramentas e artefatos, mas sofreu gradual desaparecimento. Antes da chegada dos portugueses, novos grupos indígenas, primeiro os Gês e depois os belicosos tupis-guaranis conquistaram a região da costa, trazendo novos costumes e crenças. Hoje, sambaquis são preservados como patrimônio arqueológico, mas até algumas décadas atrás eram utilizados como fonte para materiais de construção. Nas desmontagens, objetos, ferramentas, artefatos e sepultamentos foram perdidos. Muitas das peças em exposição foram descobertas em desmontes de fins extrativistas e removidas sem o registro arqueológico adequado. Agora, por lei, apenas escavações arqueológicas organizadas podem intervir nos sambaquis remanescentes. Foram registradas quase 300 esculturas de pedra ou de osso, mas dezenas desapareceram desde meados do século XX. As peças preservadas são conservadas em museus, sendo que as maiores coleções estão nas cidades de Joinville e Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ) e centros de pesquisa em arqueologia.

 

 

A Exposição

 

A Grande Sala apresenta dois vetores: o primeiro eixo contempla as cerca de 60 peças líticas exibidas em vitrines posicionadas longitudinalmente pelo espaço expositivo. A maior parte dessas esculturas são de rochas magmáticas, chamadas de diabásios, e que eram produzidas por polimento e lascamento, trabalhadas com ajuda de água e areia e, por vezes, afiadas em pedras abrasivas. As peças provêm de diversas instituições como Museu de Arqueologia e Etnologia da USP; Museu Nacional, da UFRJ; Instituto de Ciências Humanas, da UFPEL; Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville (MASJ); Museu de Arqueologia e Etnologia (MArquE) da UFSC; Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da UFPR; Museu do Homem do Sambaqui, de Florianópolis; além de Div. Museos y Patrimonio Dpto. Cultura e Museo de Arte Precolombino e Indígena (MAPI), ambos do Uruguai.

 

A outra parte da exposição contempla as obras feitas, exclusivamente, para este Panorama e que são apresentadas numa ordem que remete ao passado distante e vai trazendo, aos poucos, o público de volta para o tempo atual. Introduzindo os visitantes ao universo dos povos sambaquieiros, a primeira obra exibida é a do mineiro Cao Guimarães, que viajou para o litoral de Santa Catarina para verificar os lugares em que antes existiam sambaquis. Sob um viaduto de Florianópolis, Cao encontrou um solo coberto de conchas, ostras e berbigões. Não era um sambaqui envolto pela urbanização, mas um terreno ocupado por trabalhadores que passam o dia separando moluscos das valvas. O artista criou uma fabulação sobre o lugar e a relação com o tempo e a paisagem. As imagens atuais foram articuladas em um vídeo que atravessa tempos distintos do mesmo território somado a material de arquivo de monumentos mexicanos que, juntos, formam o vídeo-ensaio “Filme em Anexo”, de 15 minutos, que conecta a questão de território e poematiza o espaço e o tempo.

 

Miguel Rio Branco, conhecido por trabalhar pintura, foto e vídeo de forma sinestésica e por abordar questões do território brasileiro sem se ater a classificações, apresenta a instalação “Wishful thinking”, que envolve toneladas de pedras, entulho, plantas e televisões. Numa sala fechada e clara, o artista cria uma ruína construída, mas com ares de estufa, que mostra como a natureza quer tomar seu lugar de volta e provoca inquietações sobre o que aconteceria com o planeta com o possível fim da humanidade. Nas TVs são exibidas uma série de fotografias que ilustram fragmentos de cidades envelhecidas, quebradas, cenas de abandono e detritos. O projeto é uma versão imersiva que mostra um caminho a percorrer, abordando pensamentos, memórias e processos de transformação. “Em outras palavras, esta nova obra reforça o caráter enigmático da mostra, trazendo parcelas daquilo que é do território. Neste caso enquadrado como zona de decaimento, sujeira, tensão, relaxamento e, ao mesmo tempo, inexplicável beleza”, explica Miyada.

 

O carioca Cildo Meireles, um dos nomes mais importantes da arte brasileira e reconhecido internacionalmente por lidar com temas referentes a território, história, política e memória traz uma obra onírica e simbólica. Para a exposição, Cildo realiza Fronteiras Verticais, um dos projetos da série Arte Física, concebido em 1969, quando tinha 21 anos. O trabalho consiste em elevar a altitude do país em alguns centímetros ao utilizar um pequeno fragmento de kimberlito (pedra de valor geológico) no cume do Pico da Neblina, ponto mais alto do Brasil, com 2.994 metros de altitude, localizado no norte do Amazonas próximo à fronteira com a Venezuela. Ao colocar em ação, o artista polemiza noções de território em um projeto de alcance simbólico. Para a realização da obra, o artista contou com a participação de yanomamis, índios detentores do espaço naquela região para a expedição de cerca de duas semanas. Extremamente cuidadoso em zelar pela integridade do local, sagrado para essa etnia, a pequena pedra foi aderida sem agressão ao espaço. O projeto, que foi levado a cabo pelo também artista Edouard Fraipont e assistido por Miguel Escobar, é apresentado em vídeo, acompanhado de estudos, documentos e registros fotográficos da empreitada.

 

A mais jovem entre os artistas selecionados, a paulistana Erika Verzutti pertence a uma geração mais recente, mas já com reconhecimento da crítica. Escultora, o trabalho de Erika é difícil de definir por ser mais intuitivo, porém repleto de referências, sejam elas históricas, artísticas ou de design. Ao inventar, misturar e embaralhar, a artista cria formas simples possíveis de traçar relação de comparação com os zoólitos pela afinidade morfológica, tamanho e semelhança. A peça-chave para a exposição são os “cemitérios”, obras que ela trabalha ao longo do ano e dão errado ou não são utilizadas. Então, as peças abandonadas são acumuladas e depois reunidas numa só criando um grande trabalho, que possui notável relação com os sambaquis e com símbolos funerários que refletem sobre a passagem do tempo e mostram uma ancestralidade explícita.

 

Pitágoras Lopes apresenta oito telas em grandes formatos que estão entre o abstrato e o figurativo e misturam manchas, rabiscos e texturas. Pintor que produz com compulsão, Pitágoras passou meses trabalhando para a mostra e utilizando cores arenosas e terrosas, azuis marinhos e traços que fazem pensar em registros rupestres e silhuetas análogas às peças sambaquieiras, além de conchas, mares e morros. O artista goiano tem um trabalho que mistura referências e bebe da água da pintura de rua, do pop e da ilustração, mas sem ser classificado em nenhuma delas. “A produção visual de Pitágoras enreda uma espécie de cosmogonia na qual a observação atenta de um cotidiano marginal converge com a fantasia e com o delírio”, exemplifica Miyada.

 

Por fim, a paraense Berna Reale, artista comprometida com o presente e com a problemática social do País, apresenta duas obras que finalizam o fluxo da exposição e, ao mesmo tempo, trazem o público de volta para a atualidade. A primeira é um vídeo que ilustra a corrupção e a violência ao misturar políticos engravatados e vítimas fatais da violência urbana. O segundo trabalho é uma instalação ambientada numa sala fechada e escura que simula uma boate popular, onde o som são sirenes e barulhos típicos de uma viatura policial e a iluminação são as luzes vermelhas e azuis de emergência filtradas por uma tela fixada no teto e perfurada por tiros à queima roupa de diferentes calibres. Para contrastar com o clima tenso e pesado, no centro do inferninho são oferecidos aos visitantes suspiros dispostos em bandejas. “À pergunta “para que pode servir a arte”, a obra de Berna Reale responde sempre: a arte serve para estar junto com os conflitos do seu tempo. Não para resolvê-los, não para ensinar algo sobre eles e nem para apagá-los, mas, ao contrário, para torná-los presentes, visíveis e ásperos, ” finaliza o curador.

 

 

Sala Paulo Figueiredo

 

A Sala Paulo Figueiredo fica reservada para ser um espaço de aprofundamento do tema proposto pelo 34º Panorama da Arte Brasileira – da pedra da terra daqui. No local, são apresentados alguns zoólitos, acompanhados de ferramentas utilizadas na confecção das peças líticas e que também pertencem aos museus das universidades. No centro da sala, mesas e vitrines apresentam informações sobre o contexto da civilização dos povos sambaquieiros com explicações, perguntas e respostas, mapas e ilustrações. Nas paredes, são exibidos trabalhos anteriores ou recentes dos seis artistas selecionados e que se relacionam, de algum modo, com a mostra na Grande Sala.

 

 

De 3 de outubro a 18 de dezembro

CFB: 25 anos

11/ago

A Casa França-Brasil, um espaço da Secretaria de Estado de Cultura administrado pela organização social Oca Lage, apresenta a partir do próximo dia 15 de agosto “CFB: 25 anos”, cinco mostras simultâneas que celebram seus 25 anos de atividade. O curador Pablo León de la Barra reuniu trabalhos dos artistas Cildo Meireles, Alfredo Jaar, Beto Shwafaty, e os filmes “Canoas” (2010), de Tamar Guimarães; “Superfícies vibráteis” (2005), de Manon de Boer; e “Bete & Deise” (2012), de Wendelien van Oldenborgh. O espaço central será ambientado como local de convivência, como “uma praça cultural”, onde o público poderá ver uma seleção de documentos de exposições realizadas na Casa desde 1990, em curadoria conjunta com Natália Quinderé.

 

Do artista chileno Alfredo Jaar (1956), residente em Nova York desde 1982, estará o letreiro “Cultura = Capital” (2012-2015), que ficará suspenso a 3,5 metros do chão do espaço central. Ele amplia o conceito de “Arte = Capital” (“Kunst = Kapital”) de Joseph Beuys, e acompanha o pensamento dos filósofos Antonio Gramsci e Friedrich Nietzsche de que “cultura é fundamental para a existência humana”. “Para Jaar, arte e cultura constituem um espaço de resistência e desempenham um papel fundamental em nossas vidas políticas diárias”, comenta Pablo León de la Barra. “Em tempos de recessão econômica, quando cultura e educação logo sofrem cortes orçamentários, ‘Cultura = Capital’ reconhece que cultura não é apenas um fator de desenvolvimento econômico, mas uma necessidade básica e elemento indispensável para o progresso social. Invertendo a equação, sem cultura, não existe capital”, afirma o curador.

 

O espaço do Cofre será ocupado com dezesseis obras icônicas de Cildo Meireles (1948) sobre a moeda brasileira, “em uma pequena retrospectiva” das séries “Zero Cruzeiro” (1974), que, observa o curador, “questiona o valor do dinheiro”; “Inserções em Circuitos Ideológicos” (a partir de 1970), que “demonstra como os indivíduos podem interferir na economia, na política e na ideologia”; e ainda “Projeto Cédula (1970-2015).

 

Na primeira sala lateral, estará a instalação “Remediações” (2010-2014), de Beto Shwafaty, artista nascido em São Paulo em 1977. Ele discute criticamente o projeto nacional brasileiro e sua transposição para os campos da cultura visual, nas estratégias de propaganda, desde o final do século 19 até os tempos atuais, passando pelo modernismo e pelo regime militar. Para isso, criou um ambiente com linguagem museográfica, com móveis, vitrines em acrílico, painéis com treliças, fotografias e intervenções feitas sobre material impresso, como cartazes, e um monitor de televisão onde é exibido em looping um vídeo videocolagem de dez minutos, com uma colagem feita a partir de material de arquivo de cinco décadas, onde o Brasil turístico é intercalado por cenas de Zé Carioca, criado por Walt Disney dentro da política de “boa vizinhança”, uma fala do geógrafo Milton Santos sobre o legado colonial, e ainda cenas de “Terra em Transe”, de Glauber Rocha. A obra cria “uma tensão entre desejo e realidade”, diz o curador.

 

 

JARDIM DE INVERNO / ARQUIVO 25 ANOS

 

O espaço central será transformado em um “Jardim de Inverno / Praça Pública”, onde será exposto o arquivo histórico de 25 anos da CFB como centro cultural, com dez estações com mesas-vitrines, cadeiras e vasos de plantas, onde o público poderá mergulhar em uma seleção de eventos realizados ao longo da história da instituição. Pablo León de la Barra buscou criar um espaço acolhedor, e ao mesmo tempo recuperar a história tanto da construção, criada em 1820 para ser uma Praça de Comércio, quanto das exposições realizadas ao longo de seus 25 anos. “A Casa tem um público cativo, que vem aqui para ler, estar em um local público e seguro. Transformamos então o espaço central em uma grande sala de leitura, uma praça cultural”, explica o curador. A inspiração vem de “Un jardin d’hiver” (“Um jardim de inverno”), obra de 1974 do artista belga Marcel Broodthaers, um jardim de palmeiras com vitrines contendo gravuras “como forma de crítica aos discursos coloniais e à autoridade das instituições culturais”. Para compartilhar a curadoria deste espaço, Pablo León de la Barra convidou Natália Quinderé, que pesquisou os arquivos da instituição e levantou documentos sobre as exposições realizadas nos últimos 25 anos, que foram selecionados e serão dispostos em oito núcleos:

 

 

1.    Fotografia em foco

 

“Cartier Bresson & Sebastião Salgado: Fotografias”, de 27 de junho a 29 de julho de 1990; e “Retratos da Bahia: fotografias de Pierre Verger e aquarelas de Carybé”, de 19 de setembro a 7 de outubro de 1990

 

2.    “Missão artística francesa e os pintores viajantes: França-Brasil no século XIX”, de 13 de novembro a 16 de dezembro de 1990, com curadoria de Jean Boghici

 

3.    “Apoteose Tropical: desfile-exposição com pinturas de Glauco Rodrigues”, de 31 de janeiro a 3 de março de 1991, com curadoria de Frederico Morais.

 

Índios na Casa

 

“Brasilidades: Amazônia e a França – Portinari – A Festa do Bumba”, de 28 de  maio a 23 de junho de 1991, organizado pela antropóloga Berta Ribeiro;           “Programa de índio: Kuarup”, em 8, 10 e 11 de agosto de 1991; e “Grafismo Kadiwéu”, de 7 a 30 de maio de 1993.

 

5.   Internacionais – um pequeno recorte

 

“Miró: Águas-fortes e litografias”, de 25 de abril a 11 de junho de 1996; “Niki de Saint Phalle”, de 8 a 26 de janeiro 1997, com curadoria de Jean-Gabriel Mitterand; “Cerâmicas de Picasso”, de 7 de dezembro de 1999 a 22 de janeiro de 2000, com curadoria de Picasso Bernard Ruiz Picasso.

 

6. “Situações: Arte Brasileira – anos 70”, de 16 de agosto a 24 de setembro de 2000, com curadoria de Glória Ferreira e Paula Terra.

 

7. “Arte e religiosidade no Brasil – Heranças Africanas”, de 19 de fevereiro a 26 de abril de 1998, com curadoria de Emanoel Araújo e Carlos Eugênio Marcondes de Moura.

 

 

8.    Cenários espetaculares

 

“Isto é a França em Quadrinhos – I Bienal Internacional de Quadrinhos”, de31 de outubro a 5 de dezembro de 1991; “Viva a água”, de 1° de junho a 5 de julho de 1992; e “Egito Faraônico – Terra dos deuses”, de 27 de setembro de 2001 a 7 de abril de 2002, com curadoria de Elisabeth Delange, curador associado Antônio Brancaglion Jr e Marly Atsuko Shibata (assistente).

 

 

9.    Por que uma Casa França-Brasil?

 

Inaugurada em 1990, a Casa França-Brasil surgiu da conjunção de vários projetos culturais: a tentativa de criar 16 Casas de Cultura por todo Estado do Rio de Janeiro; a criação de um corredor cultural no Centro do Rio, com início no Museu de Arte Moderna; e o desejo do antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997), à época em que foi vice-governador, de restaurar a construção projetada por Grandjean de Montigny (1776-1850) a pedido de D. João VI, para ser Praça do Comércio, concluída em 1820. Alfândega a partir de 1824, arquivo de bancos ítalo-germânicos durante a Segunda Grande Guerra, e II Tribunal do Júri, entre 1956 e 1978, o prédio estava desativado. Em 1985 foi feita a assinatura para o restauro, uma parceria entre a Secretaria estadual de Cultura, o SPHAN/Pró-Memória, a Fundação Roberto Marinho e a Rhodia S.A. O projeto museográfico ficou a cargo de Pierre Catel, financiado pelo Ministério da Cultura da França, e após cinco anos de obras a Casa França-Brasil foi inaugurada, em 29 de março de 1990. A cocuradora Natália Quinderé conta que “os eventos realizados pela Casa, entre 1990 a 2008, abrangiam desde exposições de artistas brasileiros e estrangeiros, mostras sobre a cultura popular a salões de antiquário e de colecionadores de selos”. A partir de 2008, a Casa França-Brasil passou por uma nova reforma e transformação de sua missão institucional, com foco na arte contemporânea.

 

 

10.  Anos 2009-2015

 

Em 24 de outubro de 2009, a Casa França-Brasil reabriu suas portas, sob a direção de Evangelina Seiler, depois de um ano de reformas físicas do prédio e de mudança em sua missão institucional. A obra inaugural foi uma enorme estrutura suspensa por cabos e com planos transparentes da artista Iole de Freitas, projetada especialmente para esse espaço. A partir de então passaram pela instituição artistas de linguagens e produção diversa, como Laura Lima, Hélio Oiticica, Daniel Senise, Waltercio Caldas, José Rufino, Laercio Redondo, Carmela Gross, Cristina Iglesias e Dias & Riedweg. Paralelamente, o cofre da antiga Praça do Comércio e da Alfândega passou a abrigar trabalhos de artistas de trajetórias variadas, convidados, normalmente, pelo artista que ocupava o vão central e as salas principais. Expuseram ali Amália Giacomini, Ana Miguel, Pedro Victor Brandão, Analu Cunha, Efrain Almeida, Daniel Steegmann, Marcelo Cidade, Jorge Soledar, entre outros.

 

 

FILMES

 

A segunda sala lateral será transformada em um cinema, com a exibição de filmes –  cada um em um período – de três artistas que reexaminam momentos recentes da história cultural e política do Brasil:

 

15 a 27 de agosto – “Canoas” (2010, 13’30’’), 16mm transferido para digital, cor/som, de Tamar Guimarães, nascida em 1967 em Belo Horizonte, e residente em Copenhague. Em “Canoas”, é encenado um coquetel na emblemática casa modernista de Oscar Niemeyer, a Casa das Canoas, que ele projetou em década de 1950 para morar. Em meio à aparente frivolidade burguesa da festa, e enquanto são servidos por criados e garçons, os convidados discutem o passado do Brasil no que se refere às contradições entre a arquitetura moderna e o projeto social modernista, o trauma da ditadura política e do exílio, e as distinções de classe e de raça, mas também a presença de um desejo erótico pelo outro.

 

28 de agosto a 9 de setembro – ““Superfícies vibráteis” (2005, 38’), falado em francês e português, com legendas em português, 16mm transferido para digital, da artista Manon de Boer, nascida em 1966 em Kodaicanal, Índia, e radicada em Bruxelas. Em seu filme, ela dá voz às memórias pessoais da psicanalista brasileira Suely Rolnik, que, nos anos de 1960, partiu em exílio para Paris devido à ditadura brasileira e, na década seguinte, estudou com os filósofos franceses Félix Guattari (1930-1992) e Gilles Deleuze (1925-1995).

 

10 a 20 de setembro – “Bete & Deise” (2012, 41’), HD, em português e legendas em inglês, da artista Wendelien van Oldenborgh, nascida em 1962, em Roterdã, Holanda, onde vive. “Bete & Deise” apresenta um encontro entre duas mulheres em um canteiro de obras, no Rio de Janeiro. A atriz Bete Mendes e a cantora de funk Deise Tigrona conversam sobre o uso de suas vozes e posições na esfera pública, permitindo que as contradições que trazem internamente venham à tona. Utilizando uma montagem que combina de modo sugestivo as vozes das duas mulheres com suas imagens, Van Oldenborgh nos confronta com reflexões sobre a relação entre produção cultural e política e o poder que pode ser gerado quando questões públicas se entrelaçam com o pessoal.

 

 

JORNAL

 

A exposição será acompanhada de um jornal em formato tabloide, com tiragem de cinco mil exemplares e distribuição gratuita ao público visitante. A publicação terá textos de Pablo León de la Barra, Natália Quinderé, e do músico e do arquiteto Guilherme Wisnik.

 

 

PABLO LEÓN DE LA BARRA

 

Nascido em 1972, na Cidade do México, Pablo León de la Barra tem PhD em History and Theory, pela Architectural Association, Londres, em 2010. Curador independente, realizador de exposições, pesquisador em arte e arquitetura, é também curador-residente do programa Guggenheim UBS MAP para América Latina, em Nova York.

 

 

NATÁLIA QUINDERÉ

 

Natália Quinderé é doutoranda em História e Crítica de Arte no Programa de Artes Visuais da UFRJ (PPGAV/EBA), onde pesquisa sobre os museus de artista. É coeditora executiva da revista Arte & Ensaios (PPGAV/EBA/UFRJ), e trabalhou em alguns projetos curatoriais. Em janeiro de 2015, participou do programa EAVerão, da Escolas de Artes Visuais do Parque Lage.

 

 

De 15 de agosto a 20 de setembro.