Viagem Pitoresca pelo Brasil

13/ago

Nara Roesler São Paulo apresentará, a partir do dia 17 de agosto, a exposição “Viagem Pitoresca pelo Brasil”, com dezenove fotografias em grande formato, recentes e inéditas, de Cássio Vasconcellos, produzidas nos últimos três anos, em que faz uma homenagem às florestas brasileiras, resultado de incursões pelos vestígios de mata atlântica em São Paulo, Paraná, e Rio de Janeiro. Em cartaz até 12 de outubro.

No salão com pé direito duplo, um painel curvo, com doze metros de extensão por três de altura, com a imagem de uma figueira da mata gaúcha, dará um caráter imersivo para o público. A curadoria é de Ana Maria Belluzzo, crítica e pesquisadora, professora titular de Historia da Arte da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade de São Paulo. O evento integra o Circuito Jardim Europa, que acontecerá neste dia.

Para produzir cada fotografia, muitas vezes o artista leva um dia inteiro de buscas pela luz e pelo ângulo perfeitos. As imagens são então trabalhadas digitalmente em várias etapas e camadas, até obter o resultado desejado. “Em uma representação que lembra muito os artistas viajantes, como Thomas Ender e Rugendas, Cássio faz um trabalho requintado, em que mesmo em fotos panorâmicas é possível identificar cada um dos elementos, em um naturismo e detalhismo tais que por instantes há a dúvida se é fotografia ou gravura”, observa o pesquisador e curador Theo Monteiro.

Na abertura, no dia 17 de agosto, será lançado o livro “Cássio Vasconcellos – Viagem Pitoresca pelo Brasil” (Fotô Editorial, 2024), com 192 páginas, formato 32 x 23,5cm, e textos da curadora e pesquisadora Ângela Berlinde, do historiador Julio Bandeira e do botânico Ricardo Cardim.

O título da exposição faz referência aos primeiros registros conhecidos das florestas brasileiras, iniciados pelo aristocrata e arqueólogo francês Conde de Clarac (1777-1847), com seu desenho “Floresta Virgem do Brasil”, gravado em metal por Claude François Fortier (1775-1835), em 1822, referência para os chamados “artistas viajantes” do século 19, integrantes da Missão Artística Francesa, como Jean-Baptiste Debret (1768-1848), que ao voltar à França publicou “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil” (1834-1839).

O curador e pesquisador Theo Monteiro salienta que “é muito difícil fotografar mata fechada, e com o tratamento feito por Cássio ele consegue criar um tipo de representação que lembra muito o que os viajantes estrangeiros faziam – Clarac, Rugendas (1802-1858), Thomas Ender (1793-1875) – só que é fotografia”. “Com este tratamento muito requintado e elaborado, ficamos na dúvida por alguns instantes se é fotografia ou gravura, que é uma ideia da fotografia e da arte contemporânea: de que meio estamos falando? Até que ponto aquele meio é verídico ou não, se é real ou imaginário? Não é simplesmente uma releitura de um trabalho acadêmico. Tem um jeito de fazer um enquadramento no olhar que fica compreensível. Por mais panorâmico que seja o trabalho do Cássio, você consegue identificar cada um dos elementos. Tem um naturismo, um detalhismo. Não é simplesmente bater uma foto da mata”, afirma.

Cássio Vasconcellos ressalta: “Não tenho a preocupação de revisitar os locais feitos pelos artistas viajantes, e até nem seria possível, com a transformação havida na paisagem desde então”.

Para o público perceber este diálogo proposto pelo artista com os pintores viajantes, estarão na exposição reproduções em alta qualidade das obras “Fôret Vierge Du Brésil” (“Floresta Virgem do Brasil”),1822, buril, 68 x 87 cm, gravura em metal de Claude Francois Fortier a partir de desenho do Conde de Clarac; “Forêt Vierge (Le bords du Parahiba)” e “Valle da Serra do Mar” (“Chaine de Montagnes près de la Mer”), litografias de Charles Motte (1784-1836), a partir de desenhos de Jean-Baptiste Debret, presentes na edição de “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, Paris, Firmin Didot Frères, tomo I,1834.

Ana Maria Belluzzo, no texto que acompanha a exposição, destaca que “o artista apura valores inerentes à fotografia, acentua e transforma registros do real, que são interpretados com aplicação de recursos de edições digitais”. “A imagem ganha teor expressivo ao aparecer revestida de dimensões plásticas, gráficas, táteis”, observa. “Sob comando da escrita da luz, os raios luminosos emitidos pela vegetação chegam até nós. Vistas em contraluz introduzem o sujeito/observador no interior da mata. Em contrapartida, o desfoque do fundo das fotos e o aspecto turvo de entes vegetais, em destaque, tendem a recriar cenários enigmáticos, até fantásticos. Motivam sensações oníricas. A visão da natureza nos escapa. A irrealidade da paisagem também se insinua pela extrema limpidez de pormenores ampliados. Imagens nos transportam para um mundo fantástico, por vezes fantasmático”.

Grande exposição no Recife

21/set

 

Com curadoria de Moacir dos Anjos, a mostra “Necrobrasiliana” chegou em Recife, PE, e permanecerá em exibição até 29 de janeiro de 2023 na Galeria Vicente do Rego Monteiro, da Fundação Joaquim Nabuco. A nominata de artistas participantes é composta por Ana Lira, Dalton Paula, Denilson Baniwa, Gê Viana, Jaime Lauriano, Rosana Paulino, Rosângela Rennó, Sidney Amaral, Thiago Martins de Melo, Tiago Sant’Anna, Yhuri Cruz e Zózimo Bulbul. Para o curador, a exposição é um desdobramento das pesquisas que desenvolve desde 2008, sob a relação entre arte e política, partucularmente o Brasil contemporâneo e essas investigações resultaram em alguns projetos de exposição, que permitiram a ele se “aproximar da produção de vários artistas que lidam com as violências que formaram e ainda constituem” o Brasil. “Comecei a perceber a recorrência de trabalhos de artistas, principalmente afrodescendentes e indígenas, mas não apenas, que estavam fazendo, em suas obras, embates críticos com essas imagens que supostamente retratavam o Brasil entre os séculos 16 e 19. A partir daí, comecei a pesquisar mais ativamente esta produção”.

 

Moacir dos Anjos ainda revela que a mostra foi concebida em 2019, pela Fundaj. No ano seguinte, a Fundação e o Museu Paraense (MUPA) fizeram um acordo de cooperação técnica e cultural, que teve como primeiro fruto a exposição “Educação pela Pedra”, realizada em 2021, no museu paranaense. Por causa das agendas das instituições, ambas decidiram que “Necrobrasiliana” seria primeiro exibida em Curitiba e, depois, no Recife.

 

Com os anos de pandemia e o agravamento da crise política que o Brasil atravessa, a exposição se tornou ainda mais relevante, de acordo com o curador. “As questões que ela apresenta, e o racismo, em particular, tornaram-se mais urgentes. A coincidência com as comemorações dos 200 anos da Independência também deram maior pertinência, pois muitas das obras se referem, de modo crítico, a imagens feitas naquele tempo, que ainda hoje informam a memória que temos do Brasil dos tempos de colônia e império”, avalia.

 

O título da mostra é uma alusão ao conceito de necropolítica – políticas de morte, para o controle das populações -, elaborado pelo filósofo, teórico político, historiador e professor universitário camaronês Achille Mbembe. E se refere, também, à brasiliana, nome dado à produção de viajantes europeus ao País, durante o período colonial, por artistas, escritores, cartógrafos e cientistas, como Albert Eckout, Frans Post, Jean-Baptiste Debret, Johan Moritz Rugendas e Nicolas-Antoine Taunay.

 

“É também o título de um trabalho de Thiago Martins de Melo, que conheci numa exposição do artista em São Paulo, no início de 2019. Duas pinturas dessa exposição estão presentes em Necrobrasiliana, mas não aquela de título idêntico”, diz.

 

Moacir dos Anjos argumenta que os trabalhos expostos revelam duas estratégias artísticas principais, em curso, que se debruçam sobre a reavaliação da representação colonial no Brasil. Por um lado, diz ele, há obras que focam na exposição de danos impostos às populações racializadas, ao longo da história do País, a exemplo das criações de Thiago Martins de Melo, Jaime Lauriano ou Rosana Paulino. Outros, apontam para uma “dimensão de cura e redesenho” do que poderia ser o Brasil no futuro, a saber, os trabalhos de Gê Viana, Ana Lira e Yhuri Cruz e Dalton Paula. “Em alguns, essas duas operações se embaralham um pouco. Como está no título do ensaio publicado no catálogo, são estratégias artísticas que querem ‘defender os mortos e animar os vivos’, pondera. “Ou seja, defender os mortos de suas dores, mas, também, simultaneamente, animar os vivos a fazerem valer, no tempo de agora, os desejos frustrados ou sufocados de tantos no passado. Insistir nessa relação de ‘intimidade’ entre a experiência dos que vivem agora com as vidas dos que há muito morreram me parece, de fato, fundamental.”

 

Escola de Belas Artes, 200 anos

11/nov

O Museu Nacional de Belas Artes, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Escola de Belas Artes:1816-2016 Duzentos anos construindo a arte brasileira”. Sob a curadoria de Angela Ancora da Luz, a mostra faz um recorte da produção artística da instituição que formou e ainda forma centenas de artistas brasileiros desde Vítor Meireles, Antônio Parreiras, Eliseu Visconti, passando por Burle Marx, Goeldi, Portinari, Weissmann, Anna Maria Maiolino, Roberto Magalhães, Lygia Pape, Celeida Tostes, Mauricio Salgueiro até Felipe Barbosa, Bruno Miguel, Jarbas Lopes entre muitos outros.

 

Criada por Decreto Real de D. João em 12 de agosto de 1816, a primeira sede da Escola de Belas Artes foi na Travessa das Belas Artes, próxima a Praça Tiradentes. O prédio, de Grandjean de Montigny, foi projetado para receber a então Academia Imperial das Belas Artes e foi inaugurado em 5 de novembro de 1826. Em 1908, já com o nome de Escola Nacional de Belas Artes, a instituição transferiu-se para seu segundo prédio, com projeto de Morales de los Rios, na Avenida Rio Branco, onde hoje situa-se o Museu Nacional de Belas Artes.

 

Segundo a curadora da exposição, Angela Ancora da Luz, que dirigiu a EBA entre 2002 e 2010, “…a presença da Escola no contexto da sociedade brasileira revelou sua identidade por aspectos pouco conhecidos, mas de grande interesse social e político, além de seu princípio norteador fundamental: o ensino artístico. Uma escola de grande peso no Império e que esteve aberta a todos os que desejassem buscar o caminho das artes, sendo aceitos pelos grandes mestres dos ateliês. O que contava na hora da seleção era o talento, sem restrição ao grau cultural, à raça ou situação econômica. Cândido Portinari, por exemplo, mal havia completado o terceiro ano do curso “primário” quando foi aceito pela instituição, tornando-se a grande referência da pintura brasileira”.

 

“São incontáveis os pintores, escultores, desenhistas, gravuristas, cenógrafos, indumentaristas, designers, restauradores e paisagistas que saíram dos ateliês e salas da escola. O grande desafio que a presente exposição nos trouxe foi o de apresentar apenas alguns destes artistas e suas obras. Mesmo se ocupássemos todas as salas deste museu (…) ainda assim seria impossível apresentar a excelência de tudo que aqui se produziu”, completa a curadora.

 

A exposição ocupará dois salões expositivos do MNBA abrangendo a produção dos artistas que passaram pela Escola de Belas Artes, desde sua criação até a presente data. A dificuldade de selecionar as obras desta mostra comemorativa foi muito grande. Pela excelência dos artistas que passaram por seus ateliês – impossível trazer um representante de cada período – a opção da curadoria foi privilegiar os que tiveram a formação da escola. Muitos desses artistas foram alunos do Curso Livre, admitidos pela avaliação dos Mestres. Passaram pela instituição artistas de todas as classes sociais, a escola sempre foi uma unidade que presava pela diversidade. De todos que cursaram a Escola de Belas Artes, mesmo os que não a concluíram, ficou o reconhecimento do papel fundamental que ela representou em suas trajetórias.

 

O eixo curatorial enfatizou a Escola de Belas Artes como instituição que preserva a preocupação social, política e intelectual das diferenças individuais, o que não impede a formação de um corpo e de uma identidade. A curadoria buscou evidenciar as diferenças e afinidades em desenhos, gravuras, pinturas, esculturas, instalações, vídeos e performances que fizeram da escola um paraíso vocacionado para a arte e a cultura no Rio de Janeiro, potente e famosa caixa de ressonância artística do Brasil.

 

O projeto conta com patrocínio integral da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e a produção/idealização da exposição está a cargo de Anderson Eleotério e Izabel Ferreira – ADUPLA Produção Cultural, que já realizou importantes publicações e exposições itinerantes pelo Brasil, como Farnese de Andrade, AthosBulcão, Milton Dacosta, Miguel Angel Rios, Raymundo Colares, Carlos Scliar, Debret, Aluísio Carvão, Henri Matisse, Bruno Miguel, Antonio Bandeira, Manoel Santiago, Teresa Serrano, Regina de Paula, Nazareno, entre outros.

 

 

Artistas

 

Abelardo Zaluar, Adir Botelho, Alfredo Galvão, Almeida Reis, Amés de Paula Machado, Anna Maria Maiolino, Antonio Manuel, Antônio Parreiras, Arthur Luiz Pizza, Augusto Müller, Bandeira de Mello, Barbosa Júnior, Batista da Costa, Belmiro de Almeida, Bruno Miguel, Burle Marx, Carlos Contente, Cândido Portinari, Celeida Tostes, Décio Vilares, Eduardo Lima, Eliseu Visconti, Estêvão da Silva, Felipe Barbosa, Franz Weissmann, Georgina de Albuquerque, Glauco Rodrigues, Grandjean de Montigny, Henrique Cavaleiro, Hugo Houayeck, Isis Braga, Ivald Granato, Jarbas Lopes, Jean-Baptiste Debret, João Quaglia, Jorge Duarte, KazuoIha, Lourdes Barreto, Lygia Pape, Manfredo de Souzanetto, Marcos Cardoso, Marcos Varela, Marques Júnior, Mauricio Salgueiro, Maurício Dias & Walter Riedweg, Newton Cavalcanti, Oscar Pereira da Silva, Oswaldo Goeldi, Patrícia Freire, Paulo Houayek, Pedro Américo, Pedro Varela, Quirino Campofiorito, Renina Katz, Ricardo Newton, Roberto Magalhães, Rodolfo Amoedo, Rodolfo Chambelland, Ronald Duarte, Rui de Oliveira, Vítor Meireles e Zeferino da Costa

 

 

 

Até 12 de fevereiro de 2017.

A Missão Artística Francesa

15/set

A Pinakotheke Cultural Rio, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “A Missão Artística Francesa e seus discípulos”, que comemora o bicentenário da chegada Missão Artística Francesa (1816-2016) ao Brasil. Com curadoria de Maria Eduarda Marques e Max Perlingeiro, a mostra reúne pinturas, desenhos, gravuras esculturas, documentos, além de peças de Numismática. São obras raramente vistas, produzidas por artistas que integraram a “Missão”, seus discípulos e também de seu antecessor Nicolas Poussin (1594-1665), cuja pintura em óleo sobre tela “Himeneu travestido assistindo a uma dança em honra a Príapo, 1634-1638”, da coleção do MASP é vista, pela primeira vez, em exposição no Rio de Janeiro.

 

Como sempre nas exposições da Pinakotheke Cultural, a mostra será acompanhada de uma publicação, com as imagens das obras e textos dos dois curadores, e ainda do filósofo, sociólogo e crítico francês Jacques Leenhardt, que recentemente publicou o livro “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil – Jean-Baptiste Debret” (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo), resultado de mais de dez anos de pesquisa.

 

A vinda da “Missão Francesa ao Brasil”é o fato fundamental da história da pintura no século XIX. A corte portuguesa, fugindo à invasão das tropas francesas de Napoleão, sob o comando do general Jean-AndocheJunot (1771-1813), aportou na Bahia no início de 1808, transferindo-se em seguida para o Rio de Janeiro. O fato é que a “Missão Francesa” – o grupo de artistas e artífices reunidos por seu líder Joachim Lebreton (1760-1819) – chegou ao Rio de Janeiro a bordo do brigue de três mastros “Calpe”, de bandeira norte-americana, na data de 20 de março de 1816.

 

Um dos destaques da mostra é o quadro de Nicolas Poussin (1594-1665), um dos mestres da pintura francesa, que pertenceu à família real espanhola. O painel de grandes dimensões da coleção MASP, que mede 167cm x 376cm.  A grande surpresa do processo da restauração foi a aparição de um falo ereto na figura central do quadro, o “Príapo”, deus da fecundidade e dos jardins, que sofreu, em séculos anteriores, “repinte de pudor”. A tela “Himeneu travestido assistindo a uma dança em honra a Príapo” mostra o deus grego do casamento, vestido de mulher, em uma dança para Príapo, que costuma ser representado com o falo em perpétua ereção. Sua pintura repercutiu nos pintores neoclássicos dos séculos XVII ao XIX. Considerado fundador do classicismo francês, Poussin influenciou todo o classicismo europeu, em especial a arte de Jacques Louis David, que adotou o rigor formal de suas composições. David acrescentou o sentido da virtude revolucionária ao ideal clássico de Poussin. Os artistas franceses que integraram a chamada “Missão Artística” de 1816, formados nos cânones do neoclássico, e contemporâneos de David, eram filiados à arte de Poussin, que lhes serviu de referência estética.

 

A exposição terá, ainda, obras de artistas da Missão Francesa, como Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830), Jean Baptiste Debret (1768-1848), Auguste Taunay (1768-1824), Auguste Grandjean de Montigny (1776-1850), Charles-Simon Pradier (1783-1847), Marc Ferrez (1843-1923), ZépherinFerrez (1797-1851), Hippolyte Taunay (1793-1864), Adrien Taunay (1803-1828), Félix Émile Taunay (1795-1881). Completam a mostra pinturas feitas pelos discípulos da Missão Francesa, como August Muller (1815-1883), Charles-Simon Pradier (1783-1847), Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879) e Simplício Rodrigues de Sá (c. 1800-1839).

 

As obras que compõem a exposição pertencem a importantes coleções públicas e particulares do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Ceará, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), o Instituto Moreira Salles, o Museu Dom João VI, e o Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, Museu Imperial, em Petrópolis, Fundação Edson Queiroz, em Fortaleza, o Instituto São Fernando, em Vassouras, no Estado do Rio, e a Coleção Hecilda e Sergio Fadel, no Rio de Janeiro.

 

 

Sobre Max Perlingeiro

 

Editor e empresário no setor cultural. Nasceu no Estado do Rio de Janeiro, em 1950, graduando-se em Engenharia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1973) e Engenharia de Segurança pela Escola de Engenharia da Universidade do Brasil (1974). Organizou diversas exposições de arte no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza, Brasília, Londres, Lisboa, Buenos Aires e Paris. Em 1980, criou a primeira editora especializada em livros sobre arte brasileira no país – Edições Pinakotheke, cujas publicações têm conquistado premiações nacionais como o Prêmio Jabuti (Câmara Brasileira do Livro), Prêmio Gonzaga Duque (Associação Brasileira de Críticos de Arte), Prêmio de Literatura (Instituto Nacional do Livro) e Prêmio Triomus (Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus). As publicações educacionais voltadas para o público infantil recebem a chancela de “altamente recomendável”.

 

Nessas três décadas à frente da Pinakotheke, planejou empresarialmente projetos culturais como “História da Pintura Brasileira no Século XIX” (Vera Cruz Seguradora e Fundação Roberto Marinho), “Seis Décadas de Arte Moderna – Coleção Roberto Marinho” (Fundação Roberto Marinho, no Rio de Janeiro, Fundação Gulbenkian, em Lisboa, e Ministério das Relações Exteriores, em Buenos Aires), “Pintores alemães no Brasil durante o século XIX” (Siemens S/A, premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte), “Portinari em Londres”, comemorativa do centenário de nascimento de Candido Portinari, “José Pancetti, marinheiro, pintor e poeta”, “Alberto da Veiga Guignard”, “Emiliano Di Cavalcanti”, “Bruno Giorgi”, comemorativa do centenário de nascimento do artista, “Antonio Bandeira”, “Lasar Segall, Corpo Presente”, Franz Weissmann”, comemorativa do centenário de nascimento do artista, e mais recentemente, “ManabuMabe – obras dos anos 1950 e 1960” e “Arte Contemporânea Brasileira dos anos 1950 aos dias atuais”.

 

Integrou o conselho curador da Coleção Roberto Marinho, da Coleção Cultura Inglesa, e o conselho consultivo do Museu Nacional de Belas Artes. Atualmente integra também o conselho das instituições Paço das Artes e Museu da Imagem e do Som de São Paulo, ligados à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, e o Instituto Lina e Pietro Maria Bardi, em São Paulo. Hoje, dedica-se com exclusividade à gestão da empresa Pinakotheke Cultural, que inclui três sedes: Rio de Janeiro, São Paulo e Fortaleza. É especialista na administração de relevantes coleções particulares no Brasil. Tem participado de debates e conferências sobre Editoração (Bienal do Livro, em São Paulo), Direitos autorais (ECAD) e especialmente sobre seguro de obras de arte (Instituto de Resseguros do Brasil), área na qual tem prestado consultoria a seguradoras e museus oficiais. Em 1989 foi condecorado com o título de Cavaleiro da Ordem de Rio Branco, por relevantes serviços prestados à cultura brasileira, pelo Ministério de Relações Exteriores do Governo Federal.

 

 

 

De 22 de setembro a 26 de novembro.

Rio setecentista

02/jul

Com a abertura da exposição “Rio Setecentista, quando o Rio virou capital”, o MAR, Museu de

Arte do Rio, comemora os 450 anos de fundação da cidade “…propondo um trajeto visual para

adentrar esse século de sua história” com obras de José Leandro de Carvalho, Mestre

Valentim, Johann Moritz Rugendas, Carlos Julião, Nicolas Taunay, Agostinho de Santa Maria,

André Thevet, Joaquim José da Silva Xavier, René Duguay-Trouin e Jean Baptiste Debret. A

curadoria do evento é de Miryan Andrade Ribeiro, Ana Maria Monteiro de Carvalho,

Margareth Pereira e Paulo Herkenhoff.

 

 

Rio Setecentista, quando o Rio virou capital

 

No século XVIII, o Rio de Janeiro torna-se capital do Vice-reino do Brasil e efetivamente se

transforma na grande cidade que conhecemos: área de encontro entre cultura e comércio,

polo de urbanidade e símbolo privilegiado de brasilidade frente ao mundo. Com a exposição

Rio Setecentista, quando o Rio virou capital, o MAR comemora os 450 anos de fundação da

cidade propondo um trajeto visual para adentrar esse século de sua história.

 

Do Rio setecentista, do Rio do ouro, do barroco e rococó, dos escravos do Valongo e do Paço

dos Vice-reis restam sobrevivências. O que desse Rio foi destruído, o que é herança ingrata?

Certamente foi no século XVIII que o Rio assegurou sua fama estética. A cidade maravilhosa

une beleza natural a beleza urbana, ideia recorrente em propagandas, propostas políticas ou

mesmo críticas. Também naquele momento, a população negra expandiu-se, ainda que

sempre à margem, e os índios, tão importantes na luta pela posse e fundação da cidade junto

aos portugueses, simplesmente desapareceram do registro do desenvolvimento carioca.

 

O encontro da cidade com o poder público é um dos aspectos mais fortes de sua história

setecentista: capital por quase 200 anos, o Rio percebeu o envolvimento do poder com o

dinheiro, com a religião, com a cultura e com a exclusão social. Deixamos de ter vice-reis ou

eles apenas mudaram de nome? Mais de um século após a abolição, estamos livres das

sombras da escravidão? Essas são perguntas que esta exposição não permite calar,

questionando qualquer pretensão a uma ordem natural das coisas. O Rio de Janeiro é um lugar

privilegiado por natureza, mas é também reflexo de sua complexa e contraditória história.

 

Carlos Antônio Gradim (Diretor-Presidente do Instituto Odeon)

 

 

A partir de 07 de julho.

Reedição de obra rara

12/mai

​Um marco da história editorial brasileira, uma edição que levou cinco anos para ser concluída, de autoria de Gilberto Ferrez e concebido por Raymundo de Castro Maya, com 200 ilustrações em preto e branco e 50 pintadas a mão. Trata-se de “A muito leal e heroica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro”, cujo lançamento será dia 13 de maio no Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

 

O comitê Rio 450 anos lança edição fac-similar dessa obra rara, além de exposição que exibirá o making-of do livro, que foi originalmente lançado nas comemorações dos 400 anos da cidade, em 1965. Na mostra – design de montagem de Daniela Thomas e Felipe Tassar -, estarão expostas obras originais de Jean Baptiste Debret, Victor Frond, Marc Ferrez, Thomas Ender, Angelo Agostini, entre outros, além de lay-outs, bonecas e correspondências trocadas entre Gilberto Ferrez, Raymundo de Castro Maya, o editor francês Marcel Mouillot, bibliotecas e instituições culturais nacionais e internacionais durante a pesquisa desses cinco anos.

Debret nos Correios

03/mar

Artista integrante da Missão Artística Francesa, movimento que revolucionou o panorama das belas-artes no Brasil no início do século XIX, Jean-Baptiste Debret (1768-1848) fez história ao registrar, com talento e minúcia, personagens e cenas do Brasil – notadamente do Rio, onde residiu entre 1816 e 1831. Paisagens, cenas urbanas, costumes sociais e transformações naquele período, tais como vistos pelo artista, estão em “O Rio de Janeiro de Debret”, em cartaz no Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Com 120 obras pertencentes à Coleção Castro Maya (que reúne mais de 500 trabalhos de Debret, entre aquarelas e desenhos), a exposição engrossa a lista de comemorações pelos 450 anos da cidade.

 
Parte significativa das imagens retrata questões oriundas da polarização entre homens livres e escravos no país, tema caro ao artista. Em uma aquarela, por exemplo, vê-se uma senhora indo à missa em sua cadeira carregada por homens negros. Outro trabalho, de aparente simplicidade, exibe um rico registro da época: reúne no mesmo quadro uma loja de barbeiro, profissional então dedicado a variadas funções, um amolador de facas e uma vendedora de tabuleiro na mão. O Rio de Janeiro da época – então com cerca de 100.000 habitantes – foi retratado por Debret com grande minúcia e intimidade, ao ponto de tornar sua obra um catálogo de porm­enores da vida na cidade, ressaltando-se, principalmente, as questões sobrevindas da polarização da sociedade entre homens livres e escravos, um aspecto nitidam­ente exótico e chocante para os olhos europeus.

 
Debret não poderia ficar de fora das comemorações dos 450 anos do Rio de Janeiro: a iconografia do Brasil no período de transição de um modo de vida colonial para o de Nação independente ficou monopolizada pelo retrato criado por Jean-Baptiste Debret através dos desenhos e aquarelas produ­zidos durante sua estada na Corte.

 
Segundo a curadora da mostra, Anna Paola Baptista, “Debret é o cronista maior da vida do Brasil na primeira metade do século XIX. Ele acompanhou e documentou visualmente o início do Brasil como Nação independente, especialmente no Rio de Janeiro que agora comemora 450 anos”.

 

 
Até 03 de maio.