Claudia Melli no MAM/Rio

20/mai

Para chegar ao resultado final de suas obras, a artista paulistana Claudia Melli trabalha antes com a memória de um lugar, lembranças, que provocam uma ilusão ao espectador. De longe, parecem fotografias, mas basta se aproximar para perceber traços de nanquim sobre vidro, que remetem a um cenário que lembra a fotografia cinematográfica.

 

 

Claudia, que ano passado passou uma temporada em Basel, onde expôs seus trabalhos em uma instituição suiça voltada para a arte contemporânea brasileira, abre sua primeira exposição institucional no Brasil no dia 30 de maio, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ. A mostra “Lugares onde nunca estive” oferece um percurso pela produção de Claudia Melli nos últimos anos, onde foram selecionadas obras relevantes dentro de cada série. Na exposição serão apresentados 17 trabalhos e outras obras inéditas, quatro em técnica mista utilizando a fotografia e a maior parte em vidro, em diversas dimensões.

 

 

A artista costuma abordar em suas obras a questão da luz e do enquadramento, criando novos horizontes e perspectivas, que são resultado de registros de sua memória que a motivaram a explorar possibilidades, se apropriando de paisagens imaginárias, retomando as indagações sobre a natureza de nossos mecanismos de percepção. Sua técnica de desenho utilizando o nanquim sobre o vidro testa os limites entre desenho, pintura e imagem, tornando perto o que parece distante.

 

 

 

A relação com o vidro

 

 

Claudia Melli começou a pintar com nanquim, papel, tinta, tela, ou seja, materiais que já vinha usando em outros trabalhos. Depois de muitos experimentos, a artista percebeu que o vidro atendia perfeitamente às suas expectativas. Segundo ela, produzir suas obras utilizando o vidro a ensinou a lidar com as questões do material, ora problemáticas, ora fascinantes, e ela foi descobrindo e trabalhando aos poucos com a transparência, o espelhamento, a fragilidade, a condição de que a pintura é feita nas costas do vidro, ou seja, de traz para frente. Assim outras séries e outras paisagens foram sendo pensadas e construídas na medida em que essas questões iam se conectando com seus interesses e com o desenrolar do seu trabalho. “Quase tudo que vemos, vemos através do vidro. É o vidro da janela de casa, da janela do trabalho, o vidro do carro, o vidro da televisão. O vidro se torna a pele onde o dentro e o fora se juntam, a nossa casca do ovo, frágil proteção”, afirma a artista.

 

 

 

Sobre a artista

 

 

Claudia Melli nasceu em São Paulo, onde morou até os 14 anos. Passou a residir no Rio de Janeiro em 1980, onde construiu sua formação artística. Começou a se interessar por pintura no final dos anos 1990 e passou a frequentar aulas no Parque Lage, de pintura, desenho, gravura, teoria, arte digital, entre outros. Influenciada por artistas como Sugimoto, Gerhard Richter, Sindy Sherman, James Turrell, On Kawara e Wong Kar Way, pela relação que o trabalho deles tem com a representação da realidade, ou uma suposta realidade, Claudia vem traçando sua carreira utilizando o desenho, a luz, o enquadramento e o pensamento da fotografia. Já participou de exposições individuais no Rio de Janeiro, São Paulo e em Basel, Suiça, e recebeu em 2012 o II Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea. Seus trabalhos estão em coleções como o Instituto Figueiredo Ferraz; Coleção Gilberto Châteaubriant – MAM RJ; Coleção Banco Espírito Santo ; Artur Lescher; Heitor Martins e José Olympio Pereira.

 

 

 

De 31 de maio a 15 de agosto.

 

Na Anita Schwartz Galeria

18/mai

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a partir do dia 23 de maio, e do dia 25 de maio para o público, a exposição “Lona”, com 18 pinturas inéditas, em grandes dimensões, feitas pelo artista Gustavo Speridião exclusivamente para esta sua individual que ocupará todo o espaço de arte do Baixo Gávea.

 

O artista, nascido em 1978, é um nome destacado em sua geração, e tem integrado diversas exposições no Brasil e no exterior, como “Parasophia 2015”, com curadoria de Shinji Kohmoto, em Kyoto, Japão; “Here There (Huna Hunak)”, com curadoria de Gunnar B. Kvaran, Thierry Raspail e Hans Ulrich Obrist, no Museum of Art Park, em Doha; “Imagine Brasil”, com curadoria de Gunnar B. Kvaran, Thierry Raspail e Hans Ulrich Obrist, em Lyon, França, e no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo; e a individual “Geometrie. Montage. Equilibrage. Photos e Videos”, com curadoria de Jean Luc Monterosso, na Maison Européene de La Photographie, em Paris, em 2013. Ele tem trabalhos em importantes coleções, como Gilberto Chateaubriand/Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, MAC – Museu de Arte Contemporânea de Niterói, e MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro.

 

O título da exposição é extraído do suporte utilizado, lona de algodão, e as pinturas estarão expostas sem chassi, presas diretamente na parede, “em uma montagem simples”, conta o artista. No grande espaço térreo da galeria, serão quatorze pinturas, com dimensões de 2mx7m cada uma, e no terraço serão quatro lonas, com formato de 5,9m x 2m a 1,80 x 1metro.

 

Esta série de lonas é um desenvolvimento do trabalho de Gustavo Speridião, que tem como foco a pintura e a política, “explorar o plano pictórico e questões políticas, utilizando tinta, carvão e colagens (palavras, abstrações e cartazes)”. O artista fez uma colagem nas lonas com material gráfico coletado entre 2007 e 2014 em vários países, como Brasil, Bolívia, Portugal, Espanha, México, França, Grécia, Rússia e Turquia : “ – São cartazes de rua, políticos, de movimentos sociais”. “Este material ilustra o início da crise econômica mundial de 2008, e seus desdobramentos políticos”, diz ele.

 

No contêiner do terraço será exibido em looping o vídeo “Movimento [Moviment]” (2007/2014), com imagens capturadas entre 2007 e 2014, em diversos países, sobre o movimento social internacional. “Apresentarei obras cujos temas refletem o processo revolucionário mundial e outras que, não se ligando à este processo pelo tema, estão profundamente tomadas e coloridas pela nova consciência que dele surgiu. Utilizo o mesmo plano para campos aparentemente distintos; abstrações panfletárias, pinturas escritas e panfletos abstratos”. Esta é a segunda individual de Gustavo Speridião na Anita Schwartz Galeria de Arte. A primeira foi em 2011.

 

 

Até 04 de julho.

Expoente da arte contemporânea argentina abre mostra no MAM Rio

13/mar

 

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Mutações” de Matías Duville. Primeira individual no Rio de Janeiro de um dos mais destacados artistas contemporâneos argentinos surgidos na última década. Detentor de grande visibilidade internacional, Duville colocou a arte argentina recente em posição de destaque tanto no circuito de exposições quanto no mercado. Suas obras estão presentes na coleção do Museu de Arte Moderna de New York – MoMA, Fundação Patricia Cisneros (New York), Fundação Arco (Espanha), Museo de Arte Latino Americana de Buenos Aires  – Malba, Tate Modern, entre outros.

 

Sob a curadoria do crítico Santiago Navarro, a mostra reúne 103 obras obras realizadas a partir do ano 2000. O curador propõe uma interpretação iconográfica de uma seleção de desenhos, pinturas e instalações nas quais aparecem recorrentemente quatro imagens-idéias estruturantes da produção do artista: mutação, abrigo, intempérie e imaginário, que mapeiam o percurso de sua poética e oferecem uma perspectiva complexa e abrangente dessas questões.

 

O trabalho de Duville “ao elaborar quase que sistematicamente imagens de casas, cabanas, lareiras, troncos ocos, interiores de corpos, animais, carros, aviões etc, sempre sob ameaça ou após uma devastação, explora assuntos ligados à intempérie contemporânea: o que significa o hábitat, o que é a proteção, o que é o território, o que é o limite, o que é o estado da matéria, e qual é a relação entre tudo isso com o primitivo e o ancestral. Em sua obra, distintas dimensões do subjetivo, aparentemente ausentes, são traduzidas a figurações de espaço, corpo e objeto. As imagens de paisagens, objetos na paisagem (ou no vazio), estruturas arquitetônicas e de engenharia, formas se deslocando, situações de observação, poderiam ser interpretadas como a espacialização de um ponto de vista peculiar sobre os territórios de instabilidade que impactam nos afetos e emoções do nosso presente”, explica Santiago Navarro.

 

A realização da exposição “Mutações” de Matias Duville busca consolidar o intercâmbio artístico entre Brasil e Argentina e intensificar as trocas e debates que extrapolam fronteiras territoriais e mostram a arte e sua multiplicidade. Com Adrián Villar Rojas, Eduardo Navarro, Eduardo Basualdo, Diego Bianchi, Pablo Acinelli, Tomás Espina e Leandro Tartaglia, Duville integra uma geração de artistas argentinos que ganhou visibilidade internacional a partir da primeira década de 2000.

 

 

Sobre o artista

 

Nasceu em 1974 em Buenos Aires, Argentina. Estudou na Escuela de Artes Visuales Martín Malharro, Mar del Plata (1995-1998). Entre 1999 e 2002, como bolsista da Fundação Antorchas, estudou com Daniel Besoytaorube em Mar del Plata e com Jorge Macchi em Buenos Aires. Participou do programa TRAMA (Mar del Plata, 2004) e dos “Talleres de Artes Visuales para artistas”, dirigidos por Guillermo Kuitca e organizados pelo Centro Cultural Rojas, da Universidade de Buenos Aires (2003-2005). Em 2013, o Drawing Center (Nova York) editou seu livro “Alaska”, com a totalidade dos desenhos do projeto homônimo. No mesmo ano, foi finalista do “Prix Canson” (Paris). Em 2011, ganhou a John Simon Guggenheim Memorial Foundation Fellowship. Foi artista residente em Flora (Honda, Bogotá, 2014), SAM Art Projects (Paris, 2013), Skowhegan (Maine, Estados Unidos, 2011), Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2010), Revolver (Lima, 2008), Civitella Ranieri (2007, Umbria, Itália) e RIAA (Ostende, Buenos Aires, 2005). Suas exposições individuais mais recentes foram: “Escenario, proyectil” (Galeria Luisa Strina, São Paulo, 2015), “Precipitar una especie” (Galeria Barro, Buenos Aires, 2014), “Karma-Secuencia-Deriva” (Galeria Revolver, Lima, 2014), “Life in an Instant” (Galeria Georges-Philippe & Nathalie Vallois, Paris, 2014), “Discard Georgaphy” (École des Beaux-Arts, Chapelle des Petits-Augustins, Paris, 2013), “Safari” (MALBA, Buenos Aires, 2012), “Los martes menta” (Galeria Revolver, 2012) e “Whistle” (Galeria Nueveochenta, Bogotá, 2011). Anteriormente, fez as individuais “Cover” (MUSAC, León, Espanha, 2007) e “Autocine” (MACRO, Rosário, Argentina, 2005). Possuem obra suas as seguintes coleções: MALI (Lima), MALBA (Buenos Aires), MAMBA (Buenos Aires), MUSAC (León), Jack S. Blanton Museum (Austin, Estados Unidos), MACRO (Rosário), MoMA (Nova York), CIFO (Nova York), Tate Modern (Londres) e Fundação ARCO (Madri). Vive e trabalha em Buenos Aires, Argentina.

 

 

De 14 de março a 10 de maio.

Gonçalo Ivo na Espanha

11/mar

O pintor Gonçalo Ivo, radicado há 15 anos em Paris, realiza exposição individual na Galeria Materna y Herencia, Calle Ruiz de Alarcon 27, em Madrid, Espanha. Para esta ocasião, o artista selecionou 20 obras distribuídas entre pinturas em diversas dimensões e um conjunto de objetos pintados. Durante o evento, será lançado um livro de autoria de Martin Lopez-Vega sobre o trabalho recente de Gonçalo Ivo, com o selo da editora Papeles Mínimos, de Madrid.

 

 
A palavra de Martin Lopez-Vega

 
“…há uma geografia em sua pintura, fragmentos de musica, sons da selva e das ruas de Paris, marcas da pintura de Zurbaran e Ribera como também todas as cores do mar grego. A obra de Gonçalo Ivo, apesar de abstrata, contém um ritmo interno sutil e dela emana uma partitura pictórica que sugere lugares, lembranças, fatos ligados ao inconsciente.”

 

 
Sobre o artista

 
Foi aluno do pintor  Aluísio Carvão no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro nos anos 70. Recentemente expos na prestigiosa Galerie Boulakia em Paris onde obteve grande repercussão na mídia, inclusive uma extensa matéria no jornal Libération. Baseado em Paris, Gonçalo Ivo desenvolve uma carreira com sólidos resultados na Europa.

 

 
Até 31 de março.

Vijai Patchineelam e Carlos Zilio: diálogo no MAM-Rio

13/jan

 

 

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Resistir ao passado, ignorar o futuro e a incapacidade de conter o presente”, com obras inéditas do artista Vijai Patchineelam, com curadoria de Luiz Camillo Osorio e Marta Mestre. Completam a mostra três trabalhos do artista Carlos Zílio, da série “Equilíbrio”, de 1977, em madeira e metal, pertencentes à coleção do MAM Rio, que dialogam com as obras de Vijai Patchineelam.

 

 

A exposição terá o vídeo “Resistir ao passado, ignorar o futuro e a incapacidade de conter o presente”, que dá nome à exposição, além de fotolivros e cartazes, que formam uma única instalação, onde Vijai Patchineelam testemunha modos de apreensão da realidade. Formado em Belas Artes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, o artista fez mestrado na KonstfackUniversityCollege de Estocolmo, na Suécia, e foi lá que fez as imagens do filme que estará na exposição. Ele filmou as marchas e os protestos, as vozes clamando, os ativistas ilegais, os corpos sociais, os carros entediantes, a indisciplina do movimento, as autoestradas do norte, a tentativa continuada da criação de igualdade, muitos jovens na paisagem, a inércia europeia, etc. “Não há denúncia, testemunho ou ilustração de qualquer ideia narrativa. O político procura se fazer presente na montagem cinematográfica”, dizem os curadores.

 

 
“A exposição-instalação de Vijai Patchineelam tem a capacidade de funcionar como uma poderosa “caixa de ressonância” diante da perplexidade de um tempo suspenso entre o que já foi e o que ainda não é. Como articular gestos individuais ou coletivos, artísticos ou sociais, produzidos na montagem de um filme ou ocorridos na tomada das ruas com necessidades muito urgentes que parecem inatingíveis por nossas (boas) intenções? Esse conjunto de ‘coisas’, ou seja, de imagens em movimento e de objetos dispostos no espaço de uma determinada maneira são perguntas sobre um possível deslocamento na história”, afirmam os curadores.

 

 
A exposição será complementada por três trabalhos de Carlos Zilio, “uma espécie de ‘roteiro’ que estrutura o vídeo de acordo com as três variações de equilíbrio por corte presente na instalação”, conta Vijai Patchineelam. “E é também uma conversa entre Vijai e Zilio sobre arte. Uma homenagem que os que vêm depois fazem aos que já cá estavam. Talvez a arte seja isso mesmo, um diálogo contínuo em tempos distintos, sobre as mesmas questões”, ressaltam os curadores.

 

 
Sobre o nome da exposição, os curadores afirmam: “Um título em três atos, sem progressão nem redenção, três situações, apenas três. E ainda assim vemos sendo engendrado um pensamento que polariza dois tipos de tensão social e política; por um lado, a energia difusa do protesto, e por outro, a procura por medidas concretas”.

 

 

 

Filmes na Cinemateca do MAM Rio

 

 
No dia 21 de janeiro, às 18h30, serão exibidos dois filmes do artista na Cinemateca do MAM Rio: “Trocas Bruscas” (2012), que põe em movimento uma sucessão de imagens de natureza estáticas, porém “distendidas”, e de objetos na sua maioria industriais, que foi filmado em Jardim Canadá, Minas Gerais, área radicalmente industrializada na última década pela indústria de mineração, e Parte 2 (2014), que, ao contrario de “Trocas Bruscas”, opta por uma visão externa e noturna do bairro Jardim Canadá. Seguindo um grupo de cães de rua, “Parte 2” procura retratar a paisagem imediata explorando os terrenos baldios e as ruas do bairro. Os filmes serão musicados ao vivo pela Banda DEDO e pelo artista e músico Pontogor.

 

 
Sobre o artista

 

 
Vijai Patchineelam nasceu em 1983, em Niterói, RJ, Brasil. Formado em Belas Artes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, possui mestrado em Belas Artes na KonstfackUniversityCollege de Estocolmo, na Suécia. No início deste ano, concluiu um projeto de pesquisa de um ano na Jan van Eyck Academie em Maastricht, na Holanda. Patchineelam trabalha principalmente com vídeo, fotografia e livros. Dentre suas exposições mais recentes estão a participação do 18º Festival Videobrasil, e as mostras na IgnacioLiprandiGallery, em Buenos Aires, Argentina, e na SevenArtGallery, em Nova Delhi, Índia.

 

 

 

De 14 de janeiro a 1º de março.

 

Paço Imperial exibe Amélia Toledo

08/jan

O Paço Imperial, Centro, Praça XV, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Forma fluida”, primeira grande mostra panorâmica dedicada à obra de Amelia Toledo na cidade. A exposição reúne cerca de 60 obras – entre objetos, esculturas, pinturas e obras interativas – da artista paulista que, aos 89 anos, continua em atividade e é considerada um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira. Para comemorar seus 65 anos de atividade artística, os curadores Daniela Name e Marcus de Lontra Costa selecionaram trabalhos da década de 1950 até os dias atuais. Também será realizado um programa de arte educação e produzidos um livro-catálogo e uma série de pequenos documentários sobre a artista.

 

 

 

“O trabalho de Amélia Toledo é a entrega absoluta à pesquisa do material. Sua obra nos apresenta um fluxo que tende sempre ao infinito, um movimento que não cessa. É como se nos dissesse que a única coisa permanente é a transformação. Entre os destaques da mostra está A onda – A piscina refrescante pode ser um abismo, de 1969. É um cilindro de plástico maleável que contém água e óleos coloridos em seu interior. O movimento entre o azul e o verde simula a piscina e o abismo contidos no título. Esta é uma obra em que a vertigem está presente o tempo inteiro. Outra peça que deve mobilizar o público é o conjunto de objetos Bolas-Bolhas, uma área lotada com bolas transparentes com espuma dentro, que fazem alusão à espuma do mar, totalmente sensorial. Pode ser um ponto alto da exposição, principalmente para as crianças”, destaca a curadora Daniela Name.

 

 

 

Além de “A onda” e de “Bolas-bolhas”, fazem parte da mostra peças importantíssimas na história da artista, como “Medusa”. Nesta obra, líquidos coloridos se espalham por fios transparentes, aludindo à imensa cabeleira da personagem mitológica. O público manipula a obra, participando da reordenação de cores em seu interior. Outro ponto importante são os trabalhos da série Impulsos, em que a artista se apropria de pedras semipreciosas como jade e quartzo rosa praticamente em estado bruto para realizar esculturas.

 

 

O percurso expográfico proposto pelos curadores contempla o início da carreira da artista, trabalhos da época da ditadura – caso de “Pegada da onça” e “Faca de dois gumes”  e do livro-objeto “Divino maravilhoso” – para Caetano Veloso, de 1971. Um módulo é dedicado a joias criadas por ela, e outro à projetos públicos, como a intervenção cromática na estação Cardeal Arcoverde do Metrô Rio, de 1998.

 

 

 

 

Sobre a artista

 

 

 

Amélia Toledo nasceu em 1926, na cidade de Serra Negra, SP.  Em sua carreira, sempre utilizou materiais fluidos e em transformação, como líquidos, bolhas e corpos cheios de ar, que conferem à suas criações ares sinestésicos, que as aproximam de expoentes como Lygia Clark e Lygia Pape. A pesquisa da cor, própria de Hélio Oiticica, Aluisio Carvão e outros de seus contemporâneos, também é feita pela artista de modo muito peculiar, com materiais vazados e acrílicos. Outro ponto de distinção de sua trajetória é o uso de material orgânico – conchas e pedras – em uma relação entre corpo e paisagem, em trabalhos que resignificam a noção de escultura, tanto na escala pública quanto em ambientes internos. Hoje mora no bairro do Butantã, na capital paulista, e continua trabalhando em seu ateliê regularmente. Sua última exposição foi em 1999, uma retrospectiva na Galeria do Sesi, em São Paulo, e, em 2004, foi publicado o livro “Amélia Toledo: As Naturezas do Artifício”, de Agnaldo Farias.

 

 

 

Sobre os curadores

 

 

 

Daniela Name é crítica de arte. Mestre em História e Crítica da Arte pela EBA-UFRJ e doutoranda em Tecnologias da Estética pela ECO-UFRJ, tem graduação em jornalismo e escreveu no jornal O Globo sobre artes visuais entre 1998 e 2005. É autora dos livros “Almir Mavignier” (2013), “Quase/acervo – Ivan Grilo” (2013), “Norte Marcelo Moscheta” (2012) e “Espelho do Brasil – Arte popular vista por seus criadores” (2008). Trabalha como curadora independente e foi consultora em artes visuais do novo Museu da Imagem e do Som (MIS). É curadora-adjunta do Prêmio CNI Sesi Senai Marcantonio Vilaça.

 

 

 

Marcus de Lontra Costa foi o curador da histórica exposição Como vai você, Geração 80? (1984) e diretor de instituições como a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museu de Arte Moderna de Recife-PE. Foi curador de dezenas de mostras, entre elas as recentes Arte e política, inaugurada em 2013, Franz Weissmann – Síntese construtiva, Pop e popular e Espelho refletido, estas últimas realizadas em 2012. Ex-Secretário de Cultura de Nova Iguaçu, Lontra é sócio-diretor da MLC.

 

 

 

 

Até  10 de março de 2015.

José Damasceno na Casa França-Brasil

22/dez

A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “José Damasceno – Cirandar Todos”, com quatro instalações inéditas de José Damasceno, destacado artista da cena contemporânea. Com curadoria de Ligia Canongia, as obras têm em comum o diálogo com a arquitetura do espaço.

 
Na área central da Casa França-Brasil estará a instalação “Cirandar Todos”, que dá nome à exposição e será constituída por 150 manequins de madeira, de trinta centímetros de altura, unidos uns aos outros por um ímã não aparente, que será colocado em suas mãos, sem qualquer outro aparato de colagem ou sustentação, formando um círculo de aproximadamente nove metros de diâmetro. A instalação tem uma relação com a antiga e popular dança infantil da ciranda. Outra questão discutida neste trabalho é a escala “criando uma atmosfera ao mesmo tempo lúdica e desconcertante”, diz a curadora Ligia Canongia. “A instalação com essas miniaturas tem por princípio o embate com a escala monumental da Casa França-Brasil, subvertendo as expectativas e o uso que dela se faz habitualmente. O elemento surpresa e a perplexidade que tal obra deverá provocar são parte constituinte da concepção do artista”, afirma. As instalações “Monitor-Crayon”, “1/4” e “BRmm” estarão nas salas laterais, e também dialogam com a arquitetura da Casa França-Brasil.

 
“Monitor-Crayon” é um grande painel, de 240cm x 350cm x 9cm, composto por 75 mil peças de giz de cera, pesando ao total quase uma tonelada, justapostos apenas por encaixe, sem nenhum tipo de cola. O acaso é um fator primordial neste trabalho, em que as peças de giz são retiradas das caixas (25 mil ao todo) e embaralhadas, criando uma paleta de cores aleatórias. Este trabalho é um desdobramento da obra apresentada na exposição “Viagem à Lua”, no Pavilhão Brasileiro da Bienal de Veneza, em 2007. A formação abstrata da imagem colorida “que daí advém produz um pulsar constante no olhar do espectador e relaciona-se com o processo dos pixels nas transmissões televisas, como se a obra os materializasse em objetos”, ressalta a curadora.

 
Na mesma sala, estará a escultura “1/4” (2013/2014), composta por duas elipses sólidas de aço cortén, medindo 40cm x 27,5cm x 4cm, sendo que uma estará na parede e a outra no chão, “perfazendo um círculo imaginário e apenas sugerido, que, na imaginação do público, continuaria seu percurso cortando a parede e o chão. Dois pequenos objetos, portanto, supondo a enorme circularidade que perfuraria e costuraria os espaços da Casa França-Brasil”, conta a curadora.

 
Em outra sala estará a obra “BRmm” (2003/2014), pensada para um dos espaços da exposição, composta por uma colagem de centenas de recortes de papel jornal, no formato do mapa do Brasil. A colagem tem a forma da quina da sala onde estará exposta, em tamanho real, com seus vértices e arestas. Depois de pronta, a obra é então suspensa do teto, em meio ao espaço expositivo, reproduzindo o canto da sala, a confluência entre paredes e teto. “A própria sala de onde provêm as arestas/colagens obtidas, logo em seguida, as deve acolher numa continuidade imersiva de formas e espaços. A reconfiguração do espaço tornado objeto é ao mesmo tempo hipótese dadas aquelas linhas construídas com os recortes de papel jornal, substrato projetivo”, afirma José Damasceno. “Tal trabalho, com esse deslocamento dos cantos para o centro, potencializa e simultaneamente subverte o espaço onde se encontra. Mais uma vez, como em ‘1/4’, existe o propósito de materializar o intangível”, ressalta a curadora. Em 2003, uma versão inicial e diferente deste trabalho foi apresentado na exposição “Descubra as diferenças (experiência sobre aresta cinemática entre lugar-modelo simulado)”, no espaço Culturgest, em Porto, Portugal.

 
A exposição será acompanhada de um catálogo com texto de Ligia Canongia, a ser lançado no próximo dia 07 de fevereiro de 2015, com uma conversa aberta entre a curadora, o artista e o filósofo José Thomaz Brum.

 

 
SOBRE JOSÉ DAMASCENO

 
José Damasceno nasceu no Rio de Janeiro em 1968. Possui obras em importantes instituições no Brasil e no exterior, como Cisneros Fontanals Art Foundation (CIFO), em Miami, EUA; Colección Jumex, no México; Daros-Latinamerica, em Zurique, na Suiça; Fundación Arco, em Madri, na Espanha; Fundación La Caixa, em Barcelona, na Espanha; Helga de Alvear, em Caceres, na Espanha; Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais; Museu d´Art Contemporania de Barcelona (MACBA), em Barcelona, na Espanha; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museum of Modern Art (MoMA), em Nova York, EUA, e The Israel Museum, em Jerusalém, em Israel. Dentre suas principais exposições individuais estão: “Plot”, na Holborn Library, em Londres, em 2014; “Storyboard: José Damasceno – Monográficas”, no Centro Cultural São Paulo, em 2012; “Integrated Circuit”, na Thomas Dane Gallery, em Londres, Inglaterra, e “Estudios Paragraficos”, no Distrito 4, em Madri, na Espanha, ambas 2010; “Conjunto sequência lugar”, na Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro, em 2009; “Coordenadas y Apariciones”, no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri, na Espanha, em 2008; “Viagem à Lua”, no Pavilhão Brasileiro da 52ª Bienal de Veneza, na Itália, em 2007; “Vale o Escrito”, Projeto Parede, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 2005; “Observation Plan”, no Museum of Contemporary Art, em Chicago, EUA, e “Cinematograma”, no Projeto Respiração da Fundação Eva Klabin, no Rio de Janeiro, em 2004; “Cinemagma”, no Museu Ferroviário do Espírito Santo, em Vitória, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, em Recife, e no Espaço Cultural Contemporâneo Venâncio, em Brasília, ambas em 2001, entre outras.

 

 

 

Projeto Cofre

 
José Damasceno convidou o artista Antonio Malta (1961, São Paulo) para participar do “Projeto Cofre”, espaço na instituição que abriga trabalhos feitos especialmente para o local. O artista apresentará três pinturas, em óleo sobre tela, medindo 50cm x 60cm cada. “São imagens em estado bruto: formas tomando forma, figuras boiando na tela. Essas pinturas também têm um pouco de matéria, que é um elemento que supostamente age na direção contrária da representação. Mas, na minha ‘poética’, tudo se mistura: figuras, formas, matéria, imagem e imitação”.

 

 

 

Texto da curadora

 
José Damasceno – Cirandar todos

 
Cirandar todos é o título de uma das obras que José Damasceno apresenta na exposição, a peça central na Casa França-Brasil, e que acabou por intitular a mostra por inteiro. É provável, portanto, que essa nomeação seja índice de algo maior do que ela mesma. O título parte do cancioneiro popular infantil, que toda criança brasileira conhece: “Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar.”

 
A partir da inversão da ordem das palavras – de “vamos todos cirandar” para “cirandar todos”–, já existe a ideia de um jogo a considerar. A roda de dança, que a canção supõe, está ali representada por 150 manequins de madeira ligados por ímãs, formando um círculo com diâmetro de 9 metros, mas a dança não acontece, a situação é estática e o movimento é apenas intuído pelo espectador.

 
Ora, o paradoxo desse mover estático tem sido uma das principais questões da obra de José Damasceno, uma vez o artista buscar sempre uma sensação rítmica, cinética ou progressiva em superfícies, acontecimentos ou matérias congeladas. Em seu trabalho, as coisas aparentes e concretas funcionam como propulsoras de um móbil imaginário, que estaria em constante deslocamento, mas que apenas mental ou conceitualmente “aparece”. Existiria, então, na obra, uma mobilidade e um congelamento potenciais e oscilantes, pois que o enunciado nodal do trabalho problematiza, em paroxismo, a questão do movimento.

 
Outra hipótese inusitada seria a ideia de contrapor à monumentalidade da instituição e sua imponente arquitetura uma pequena roda de ciranda, leve, sutil e de escala extremamente reduzida. Importante relevar, contudo, que a sutileza do trabalho não compromete de forma alguma a potência de sua pulsão imaginária nem a ressonância ativa de seu silêncio.O princípio geral de fazer girar, cirandar e transformar o espaço real governa, afinal, o conjunto de todos os trabalhos.

 
A exposição por si mesma produz um evento, outro devir arquitetônico, expandido e inesperado. A partir de situações escultóricas que surgem ao longo da Casa, e que mobilizam de forma surpreendente sua própria feição física, o artista provoca o deslocamento e a reinserção dos espaços em uma dinâmica extraordinária. O espaço é tratado como um campo de situações instáveis, onde as ações poéticas intervêm de forma descontínua, transformando o perfil linear dos lugares numa ocorrência insuspeitada. Assim, José Damasceno promove outra espécie de lugar, imaginário, onde o nonsense e as relações excêntricas definem o campo aberto da linguagem.
Ligia Canongia

 

 

 

Inauguração: 16 de dezembro de 2014, às 19h30

 
Até 22 de fevereiro de 2015.

artevida programação múltipla

16/jul

Com as três inaugurações de sábado, 19 de julho, a exposição “artevida” se completa. Ela tem quatro seções, sendo as principais “artevida” (corpo), na Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, já em cartaz, e a do MAM-RIO, Parque do Flamengo, “artevida” (política). Este segmento é o mais pungente, com 160 trabalhos de 54 artistas. “artevida” é produzida pela ENDORA Arte Produções. Leia mais abaixo as informações gerais sobre esta segunda fase, com mais a instalação inédita de Georges Adéagbo, artista do Benin, premiado na Bienal de Veneza, no Parque Lage, e o Arquivo da argentina Graciela Carnevale, na Biblioteca Parque Estadual. Em cartaz até 21 de setembro, artevida é uma realização da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro com patrocínio de Itaú e Petrobras. A curadoria é de Adriano Pedrosa e Rodrigo Moura

 

 

Aberturas da segunda fase: sábado,19 de julho
15h – artevida (arquivo) Arquivo Graciela Carnevale, na Biblioteca Parque Estadual
17h – artevida (política), coletiva com 54 artistas, no MAM Rio
19h – artevida (parque), instalação inédita do beninense Georges Adéagbo, nas Cavalariças do Parque Lage

 

A exposição artevida, sob curadoria de Adriano Pedrosa e Rodrigo Moura,  se completa sábado, 19 de julho, com a abertura de artevida (política) no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, do Arquivo Graciela Carnevale na Biblioteca Parque Estadual e da instalação inédita do artista do Benin Georges Adéagbo nas Cavalariças do Parque Lage.

 

artevida, com 110 artistas e 350 obras do Brasil, Leste Europeu, Ásia, África, Oriente Médio e América Latina, é uma realização da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, com patrocínio de Itaú e Petrobras.

 

artevida (política), no MAM Rio, reúne cerca de 160 obras de 54 artistas, feitas sob regimes autoritários ou em resistência a eles, organizadas em tópicos como feminismos e racismo, democracia e eleições, mapas e bandeiras, guerra e violência, greves e revoluções. Este é um dos eixos principais da mostra, ao lado de artevida (corpo), em cartaz desde 27 de junho, na Casa França-Brasil.

 

Pensando na vocação de cada espaço, os curadores pautaram para a seção artevida (arquivo) coleções de artistas como o de Paulo Bruscky, inaugurado em 27 de junho, e o da argentina Graciela Carnevale (1942), do Grupo de Arte de Vanguardia de Rosario, que abre ao público em 19 de julho. No arquivo da artista, fotografias, documentos e recortes de jornais registram a agitação da cena artística da avant-garde argentina nos anos 1960.

 

Nas cavalariças do Parque Lage, no segmento artevida (parque), o artista beninense Georges Adéagbo começou, na sexta-feira, a montagem de sua instalação com itens que trouxe e com o que está comprando em brechós cariocas. Ele escolheu para esta obra inédita refletir sobre a relação África-Brasil, o fotógrafo francês Pierre Verger e a documentação da diáspora africana.

 

No palacete do Parque Lage, já aberto ao público, estão a instalação “RED [Shape of Mosquito Net]”, de 1956, da japonesa Tsuruko Yamazaki (1925) suspensa à beira da piscina, e trabalhos de Martha Araújo – peças de vestuário em tecido e velcro que permitem interatividade quando vestidas, e fotos de registros de performances com as roupas, no início dos anos 1980. O público pode vestir macacões com velcro da artista e colar o corpo na rampa de carpete.

 

 

Artistas de artevida (política), por ordem alfabética:

 

Abdul Hay Mosallam, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino , Antonio Caro, Antonio Dias, Antonio Manuel, Aref Rayess, Artur Barrio, Beatriz González, Bhupen Khakhar, Birgit Jürgenssen, Carlos Ginzburg, Carlos Vergara, Carlos Zílio, Cecilia Vicuña , Cengiz Çekil, Cildo Meireles, Cláudio Tozzi, Clemente Padín, Emory Douglas, Gavin Jantjes, Goran Trbuljak, Gülsün Karamustafa, Hélio Oiticica, Horacio Zabala, Ion Grigorescu, Jo Spence, John Dugger, Juan Carlos Romero, Julio Plaza, Letícia Parente, Liliana Porter, Lotty Rosenfeld, Luis Camnitzer, Luis Fernando Pazos, Lygia Pape, Lynda Benglis, Margarita Paksa, Martha Rosler, Maurício Nogueira Lima, Mladen Stilinović, Nancy Spero, Nicola L., Nil Yalter, Oscar Bony, Paulo Bruscky, Rachid Koraïchi, Ricardo Carreira, Sanja Iveković, Sue Williamson, Teresa Burga, Teresinha Soares, Wanda Pimentel, Wesley Duke Lee.

 

 

Locais

 

Biblioteca Parque Estadual
Av. Presidente Vargas 1261 | Centro – RJ

Terça a domingo,  10 às 20h. Grátis.

 

Casa França-Brasil

Rua Visconde de Itaboraí 78 | Centro – RJ |

Terça a domingo, 10 às 20h. Grátis.

 

Escola de Artes Visuais do Parque Lage
Rua Jardim Botânico 414 | Jardim Botânico – RJ
Palacete: Segunda a quinta, 9 às 19h; sexta a domingo, 9 às 17h. Grátis
Cavalariças: Diariamente, das 10h às 17h. Grátis.

 

 

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Av. Infante Dom Henrique 85 | Parque do Flamengo – RJ
Terça a sexta, 12 às 18h. Sábados, domingos e feriados, 11h às 18h.
(a bilheteria fecha às 17h30). R$ 14

Luzia Simons na Pinacoteca

18/dez

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, Estação Luz, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Segmentos”,  individual de Luzia Simons. Realizada especialmente para o” Projeto Octógono Arte Contemporânea”, a instalação é composta de quatro obras, quatro ampliações fotográficas moduladas, recortadas em 12 partes que são posicionadas no espaço com suas costas voltadas para cada uma das entradas. Incomuns em seu efeito claro-escuro, de concepção barroca, os scannogramas de Luzia Simons têm uma sonoridade trazida do silêncio para o rumor barulhento da metrópole, voltando depois ao silêncio.

 

Segundo Luzia Simons, a instalação faz uma alusão aos jardins fechados, tradicionalmente encerrados com tramas metálicas ou cercas de madeira. Alude, ainda, ao próprio Jardim do Éden. Este ambiente, no entanto, não se propõe acolhedor, mas sacramental como os ostensivos jardins ou mesmo os museus. A tulipa é o motivo central da série “Stockage”. Suas inúmeras espécies e criações deixam claro para Luzia Simons o que ela chama de “tingimento” e “transferência de cor” ou seja, o processo de adaptação e transformação. As flores brilham em meio a um escuro difuso, o que pode ser entendido como uma releitura das naturezas-mortas holandesas, mas que também trata do aspecto da fugacidade. Afinal, a tulipa tornou-se um dos motivos centrais da vanitas após o colapso do mercado holandês em fevereiro de 1637. Com isso, a artista construiu uma ponte – do século XVII até os tempos atuais, com os aspectos típicos da nossa época, como globalização, nomadismo cultural e marcas multiculturais. A quantidade de referências metafóricas que explicitamente se debruçam sobre temas atuais de nossa sociedade transformou o conteúdo aparentemente „adorável” da peça floral em uma mídia discursiva surpreendente.  Com fotografias, filmes, performances e instalações a artista, residente em Berlim, vem desenvolvendo um corpo de trabalho, desde os anos 1990, em torno de questões como identidade, memória e globalização. Ela desenvolveu sua linguagem no captar e registrar imagens, que denominou “scannograma”. Feito para a digitalização de documentos, o scanner não possui lente nem foco. ao contrário das imagens produzidas, correntemente, com lentes fotográficas. Nesta técnica os objetos são colocados diretamente sobre um scanner, que capta, minuciosamente por um sistema de linhas e pontos, todos seus detalhes formais e variações cromáticas. Os scannogramas reproduzem uma luminosidade dramática e quando ampliados em grande escala ganham teatralidade.

 

 

 

Sobre a artista

 

Luzia Simons nasceu em 1953, em Quixadá, CE. Vive e trabalha em Berlim e já participou de importantes exposições internacionais como:  Flowers and Mushrooms, Museum der Moderne, Salzburg, Áustria, 2013;  Personificação de Identidades, Bienal de Curitiba, Casa Andrade Muricy, 2013; Wenn Wünsche wahr werden, Kunsthalle Emden, Emden, Alemanha, 2013;  Lost Paradise, Mönchehaus Museum Goslar, Goslar, Alemanha, 2012;  Flowers in photography , Tokyo Art Museum, Tóquio, Japão, 2012; Time, death and beauty, FotoKunst Stadtforum, Innsbruck, Áustria, 2011; Wild Things, Kunsthallen Brandts, Odense, Dinamarca,  2010; Nature forte, Kunstverein Wilhelmshöhe, Ettlingen, Alemanha, 2009; e Garden Eden – A representação do jardim na arte desde 1890, Kunsthalle Emden, Emden, Alemanha, 2007. Suas exposições individuais incluem: Jardins Alheios, Kunstverein Bamberg, Bamberg, Alemanha, 2012; Stockage, Centre d’Art de Nature, Château Chaumont-Sur-Loire, França, 2009; Stockage, Künstlerhaus Bethanien, Berlim, Alemanha 2006; Stockage, Städtische Galerie Ostfildern, Alemanha 2005; Face migration: sichtvermerke, Württembergischer Kunstverein Stuttgart, Alemanha 2002 e Transit, SESC Paulista São Paulo, Brasil 2001. Possui trabalhos em coleções públicas como as de Graphisch Sammlung der Staatsgalerie, Stuttgart, Alemanha; Fonds National d’Art Contemporain, Paris, França; Casa de las Américas, Havana, Cuba; University of Colchester, Collection of Latin American Art, Essex, Inglaterra; Museu de Arte de São Paulo Coleção Pirelli, São Paulo, Brasil: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, entre outros.

 

 

Até 02 de março de 2014.

Daniel Feingold no MAM-Rio

08/out

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, exibe Daniel Feingold no Espaço Monumental do Museu com cerca de 60 obras inéditas. O artista apresenta fotografias e pinturas, produzidas especialmente para sua primeira exposição individual no MAM Rio. A mostra, em curadoria de Vanda Klabin, apresenta um conjunto de seis pinturas emblemáticas da trajetória do artista, produzidas entre 1999 e 2003. “Daniel Feingold possui um firme senso de direção, apesar de lidar com o fluxo do imprevisível até conseguir uma unidade pictórica. Explora as interrupções, as instabilidades e cria  um espaço complexo pelo enervamento intenso da superfície  da tela,  uma verdadeira malha flutuante de cores e geometria”, afirma a curadora.

 

A exposição está dividida em seis espaços distintos. Em uma sala sob o mezanino são apresentadas pela primeira vez 36 fotografias da série “Homenagem ao Retângulo”, feitas no Jardin des Plantes, em Paris, em 2007.  “São árvores em topiária, todas cortadas desta forma, retas, em cima e dos lados. Vi nelas uma relação espacial muito forte com o meu trabalho de pintura. Essas fotografias carregam a estrutura da minha pintura, a abstração geométrica e o pensamento plástico que busco em meu trabalho”, afirma Daniel Feingold. A curadora Vanda Klabin ressalta que as fotografias revelam “…um constante desdobrar do seu trabalho, onde a trama geométrica atua como um vetor de força no seu jogo de luz e sombra e cria novos acontecimentos plásticos que se agregam ao fluxo poético das suas pinturas”. Em outra sala, cinco pinturas da série “Yahweh”, em grandes formatos. São pinturas feitas em esmalte sintético preto fosco sobre tecido terbrim. Uma característica comum entre elas é que a tinta é diretamente escorrida sobre a tela. “É um conjunto que trata da religiosidade ao evocar a beatitude e a transcendência através da redutividade de elementos plásticos”, explica o artista.

 

Também fazem parte da exposição quatro pinturas da série “Estruturas”, que são “…obras extremamente gráficas”, em que predominam, em cada uma delas, as cores amarelo, vermelho e violeta. Neste mesmo espaço também encontram-se duas pinturas da série “Cromatistas”. “O ideário construtivista encontra ressonâncias através de uma intensa articulação de  diferentes linhas e cores que se traduzem por um fraseado sincopado e rítmico, pela emergência de uma estrutura de tramas, faturas em camadas e superposições de planos que trazem em si uma perturbadora espacialidade cromática”, conta a curadora. Outras seis pinturas também em grande formato, da série “Grades e Cortinas”, produzidas em 2012, e feitas em esmalte sintético sobre terbrim, ocupam mais um diferente espaço. “O artista aqui revela o seu enfrentamento direto com a pintura através da execução de unidades de grande escala. A exuberância da matéria nos pega desprevenidos ao combinar um sistema pictórico  com conceitos críticos, com o repensar a arte, seus limites, suas inquietações. O seu trabalho pulsa, irradia-se para as bordas e margens em formas ondulantes, fluidas, sempre materializando um novo gesto”, diz a curadora Vanda Klabin.

 

 

A palavra da curadora

 

Esta exposição de Daniel Feingold consolida  as suas afinidades com o território da pintura, ao enfatizar a qualidade da matéria e o embate com a tensão da tela, que é o núcleo plástico de seu trabalho. O ideário construtivista encontra ressonâncias por meio de uma intensa articulação de  diferentes linhas e cores que se traduzem por um fraseado sincopado e rítmico, pela emergência de uma estrutura de tramas, faturas em camadas e superposições de planos que trazem em si uma perturbadora espacialidade cromática.

 

O artista tem um firme senso de direção, apesar de lidar com o fluxo do imprevisível até conseguir uma unidade pictórica. Ele explora as interrupções, as instabilidades e cria um espaço complexo pelo enervamento intenso da superfície da tela, uma verdadeira malha flutuante de cores e geometria. Feingold aqui revela o seu enfrentamento direto com a pintura através da execução de unidades de grande escala.  A exuberância da matéria nos pega desprevenidos, ao combinar um sistema pictórico  com conceitos críticos, com o repensar a arte, seus limites, suas inquietações. O seu trabalho pulsa, irradia-se para as bordas e margens em formas ondulantes, fluidas, sempre materializando um novo gesto.

 

A trama interna das suas grandes superfícies pictóricas traz uma espécie de desordem de possibilidades e se apresenta, por vezes, como empenas. Ora parecem se arquear para fora da tela, ora ocupa lugares tremulantes nos planos frontais, mas sempre parecem querer se expandir no espaço ao redor. O gesto original se dissolve nas linhas oscilantes que se dilatam ao serem vertidas nesse universo descentrado pelo próprio deslizamento e pelo peso gravitacional da matéria viscosa da tinta, sempre à deriva, com múltiplas direções, obstruções, áreas de suspensão e intervalos luminosos, quase como uma fenda na interpretação do mundo.

 

A sequência fotográfica de Feingold tem maior imediaticidade, reivindica um exercício de metalinguagem e cria um novo espaço para a sua arte transitar. Revela um constante desdobrar do seu trabalho, em que a trama geométrica atua como um vetor de força no seu jogo de luz e sombra e cria novos acontecimentos plásticos que se agregam ao fluxo poético das suas pinturas. As obras aqui presentes revelam a sua potência pictórica, a sua presença estética e reafirmam um frescor e uma atualidade ímpares.

 

Vanda Klabin é cientista social, historiadora e curadora de arte.

 

 

SOBRE O ARTISTA

 

Daniel Feingold nasceu em 1954, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. É artista plástico desde 1988, e desenvolve trabalhos em pintura, fotografia e escultura. Graduado em Arquitetura pela FAUSS, no Rio de Janeiro, em 1982. Mestrado em Pintura pelo Pratt Institute, Brooklyn, em New York, em 1997. Dentre suas principais exposições individuais estão mostras no Atelier Sidnei Tendler, em Bruxelas, na Bélgica, em 2011; na 5ª Bienal Mercosul, em Porto Alegre, em 2005; no Centro Maria Antonia, em São Paulo, e no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Rio de Janeiro, ambas em 2003; no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2001, entre outras. São destaques de exposições coletivas: “Arte Brasileira e Depois na Coleção Itaú”, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2011; “Escape from New York”, na Nova Zelândia, em 2010, na Austrália, em 2009 e em 2007; “Minus Space Show”, no PS1 Cont Art Center, em Nova York, em 2008; “Chroma”, no MAM Rio, em 2005; “Artist in the Marketplace”, no Bronx Museum, em Nova York, em 1998; “Gravidade e Aparência”, no Museu Nacional de Belas Artes, em 1993; mostra no Centro Cultural São Paulo, em 1991, entre outras.

 

Até 17 de novembro.