Ernesto Neto na Pinacoteca

29/mar

A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e o Banco Bradesco apresentam, de 30 de março a 15 de julho, a exposição “Ernesto Neto: Sopro”, que ocupa o Octógono, sete salas do 1º andar e outros espaços da Pina Luz. Com curadoria de Jochen Volz e Valéria Piccoli, diretor e curadora-chefe do museu, respectivamente, a retrospectiva reúne 60 obras de um dos nomes mais proeminentes da escultura contemporânea. Desde o ínicio de sua carreira nos anos 1980, o artista vem produzindo obras que colocam em diálogo o espaço expositivo e as diversas dimensões do espectador.

 

A partir de uma compreensão singular da herança neoconcreta, Ernesto Neto (Rio de Janeiro, 1964), desdobra suas esculturas iniciais – elaboradas com materiais como meias de poliamida, esferas de isopor e especiarias – em grandes instalações imersivas, que propõem ao espectador um espaço de convívio, pausa e tomada de consciência. Sua prática escultórica engendra-se a partir da tensão de materiais têxteis e de técnicas como o crochê. Essas grandes estruturas lúdicas acolhem ações e rituais que revelam as preocupações atuais do artista: a afirmação do corpo como elemento indissociável da mente e da espiritualidade.

 

Desde 2013, o artista vem colaborando com os povos da floresta, principalmente a comunidade indígena Huni Kuin, também conhecida como Kaxinawá. A população dessa etnia, com mais de 7.500 pessoas, habita parte do estado do Acre e forma a mais numerosa população indígena do estado. “A turma da floresta tem uma ligação muito mais profunda com a natureza. Inclusive, a palavra natureza, como algo que está fora de nós, seres humanos, nem existe nessa comunidade. Eles não veem essa separação”, conta o artista.

 

“A convivência com eles me trouxe um entendimento profundo da espiritualidade, desta força de continuidade do “corpo-eu” e do “corpo-ambiente”, e também uma base estrutural “espíritofilosófica”, além da compreensão de que há muito o que descobrir enquanto humanidade: quem somos? Onde estamos? Para onde vamos?”. O entendimento do planeta como organismo interdependente permeia boa parte das obras de Ernesto Neto.

 

Para esta mostra na Pinacoteca, o artista concebeu novos trabalhos, entre eles, um para o espaço do Octógono, que acolherá quatro ações/rituais participativas abertas ao público ao longo do período expositivo. Integra também o conjunto uma obra seminal em sua trajetória: “Copulônia”, de 1989. De poliamida e esferas de chumbo, seu título faz referência à “cópula” (termo utilizado pelo artista para caracterizar um tipo de elemento, presente na obra, em que duas partes se penetram) e à “colônia” (seção da obra na qual os elementos se repetem). “Traz a ideia de população, família, corpo coletivo e convivência simbiótica”, define o artista.

 

“Copulônia marca o momento em que Neto começa a pensar a escultura não mais como um único volume mas como um todo composto de partes. Outras obras icônicas dele integram a seleção, como aquelas que contem especiarias (cravo, açafrão, urucum), as Naves (arquiteturas de tecido em que o visitante é convidado a entrar) e mesmo as mais recentes estruturas habitáveis confeccionadas em crochê. As obras do Neto convocam a participação do visitante e ativam outros sentidos além do olhar”, comenta Piccoli.

 

A exposição propõe demonstrar como a fisicalidade, o indivíduo e o coletivo sempre estiveram presentes, desde o início, na prática do artista, moldando sua poética. Sua colaboração atual com líderes políticos e espirituais das nações Huni Kuin, cujas contribuições ao artista recebem na mostra uma sala própria, aparece como uma consequência natural de sua pesquisa escultórica. “Neto vem explorando e expandindo os princípios da escultura radicalmente desde o começo de sua trajetória. Gravidade e equilíbrio, solidez e opacidade, textura, cor e luz, simbolismo e abstração ancoram sua prática, num contínuo exercício acerca do corpo individual e coletivo e da construção em comunidade”, observa Jochen Volz.

 

Esta é também a primeira exposição que propõe traçar seus primeiros experimentos nesse campo através da investigação e da apropriação do espaço expositivo até atingir seu atual engajamento social. Num momento marcado pelo descompasso entre humano e natureza, Neto propõe que a arte seja uma ponte para a reconexão humana com esferas mais sutis. “O artista é uma espécie de pajé. Ele lida com o subjetivo, com o inexplicável, com aquilo que acontece entre o céu e a terra, com o invisível. Desse lugar, consegue trazer coisas”, finaliza Neto.

 

A mostra é acompanhada de um catálogo e tem patrocínio do Banco Bradesco, Escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr e Quiroga Advogados, Iguatemi São Paulo e Havaianas. Após sua estreia na Pinacoteca, a exposição será recebida pelo Malba – Museu de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, Argentina e pelo Centro Cultural Palacio de La Moneda, em Santiago no Chile. “Ernesto Neto: Sopro” integra a programação de 2019 da Pinacoteca, dedicada à relação entre arte e sociedade. Por meio dela, a instituição propõe examinar as dimensões sociais da prática artística, apresentando exposições que redimensionam a ideia de escultura social, cunhada pelo artista e ativista alemão Joseph Beuys.

 

 

Sobre o artista

 

Ernesto Neto nasceu em 1964 no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Entre suas exposições individuais recentes, destacam-se: GaiaMotherTree, Zurich Main Station, apresentado pela Fondation Beyeler, (Zurique, Suíça, 2018); Boa, Museum of Contemporary Art Kiasma (Helsinque, Finlândia, 2016); Rui Ni / Voices of the Forest, Kunsten Museum of Modern Art (Aalborg, Dinamarca, 2016); Aru Kuxipa | Sacred Secret, TBA21 (Viena, Áustria, 2015); The Body that Carries Me, Guggenheim Bilbao (Bilbao, Espanha, 2014); Haux Haux, Arp Museum Bahnhof Rolandseck (Remagen, Alemanha, 2014); Hiper Cultura Loucura en el Vertigo del Mundo, Faena Arts Center (Buenos Aires, Argentina, 2012); La Lengua de Ernesto, MARCO (Monterrey, México, 2011) e Antiguo Colegio de San Ildefonso (Cidade do México, 2012); Dengo, MAM (São Paulo, 2010). Destacam-se, ainda, suas participações nas Bienais de Veneza (2017, 2003 e 2001), de Lyon (2017), de Sharjah (2013), de Istambul (2011) e de São Paulo (2010 e 1998). Sua obra está presente em diversas coleções importantes, entre elas: Centre Georges Pompidou (Paris), Inhotim (Brumadinho), Guggenheim (Nova York), MCA (Chicago), MOCA (Los Angeles), MoMA (Nova York), Museo Reina Sofía (Madri), SFMOMA (San Francisco), Tate (Londres) e TBA21 (Viena).

Ernesto Neto na Fortes D’Aloia & Gabriel

20/out

 

 

A Fortes D’Aloia & Gabriel, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta “O Sagrado é Amor”, a nova exposição de Ernesto Neto na galeria. O artista exibe trabalhos inéditos – entre esculturas vestíveis, fotos e uma instalação – que convidam o público a desacelerar o ritmo caótico da vida urbana para desfrutar de momentos de introspecção, acalmando a mente e ativando os sentidos.

 

Para Ernesto Neto, a manifestação do sagrado acontece em estados meditativos, através de profunda relação com a natureza. A exposição está repleta de elementos que evocam raízes e galhos, “…condutores entre a terra e o céu”, que permitem aos visitantes se conectarem. Sua ênfase em criar vínculos também manifesta-se na própria materialidade dos trabalhos, seja no tecido que se entrelaça para formar a trama do crochê – prática que se tornou central na obra do artista nos últimos anos – seja na escolha das cores, que variam entre tons de vermelho, laranja e verde, em mais uma associação com a terra e a copa das árvores.

 

No térreo da galeria, o artista apresenta uma série de obras que podem ser vestidas pelo público. “Recebo o Seu Amor, Enquanto Você Recebe o Meu”, é uma forma ameboide instalada na parede que se estende em dois braços, cada qual com uma espécie de tiara nas extremidades, repleta de cristais. As pessoas podem então colocar as tiaras na cabeça, conectando-se com a obra, com a outra pessoa e, em sentido mais amplo, com o próprio sagrado. Em outro trabalho, um manto de crochê desce do teto sustentando uma pesada esfera de água-marinha em seu interior. Para ativar a obra, três pessoas devem tirá-la dos cabides e vesti-la ao mesmo tempo – agindo assim apenas para manter o equilíbrio que impede a pedra de cair. Completam a montagem da exposição, série de fotografias feitas na Mata Atlântica, além de uma instalação no segundo andar, oferecendo uma experiência ainda mais imersiva.

 

 

Sobre o artista

 

Ernesto Neto nasceu em 1964 no Rio de Janeiro, onde ainda vive e trabalha. Ele tem sido tema de diversas exposições institucionais nos últimos anos, dentre as quais destacam-se: Boa, Museum of Contemporary Art Kiasma (Helsinque, Finlândia, 2016); Rui Ni / Voices of the Forest, Kunsten Museum of Modern Art (Aalborg, Dinamarca, 2016); Aru Kuxipa | Sacred Secret, TBA21 (Viena, Áustria, 2015); The Body that Carries Me, Guggenheim Bilbao (Bilbao, Espanha, 2014); Haux Haux, Arp Museum Bahnhof Rolandseck (Remagen, Alemanha, 2014); Hiper Cultura Loucura en el Vertigo del Mundo, Faena Arts Center (Buenos Aires, Argentina, 2012); La Lengua de Ernesto, MARCO (Monterrey, México, 2011) e Antiguo Colegio de San Ildefonso (Cidade do México, 2012); Dengo, MAM (São Paulo, 2010). Em seu extenso currículo, também destacam-se suas recentes participações nas Bienais de Veneza (2017), de Lyon (2017) e de Sharjah (2013). Sua obra está presente em diversas coleções importantes, como: Centre Georges Pompidou (Paris), Daros Latinamerica (Zurique), Inhotim (Brumadinho), Guggenheim (Nova York), MOCA (Los Angeles), MoMA (Nova York), Museo Reina Sofía (Madri), SFMOMA (San Francisco), Tate (Londres), TBA21 (Viena), entre outras.

 

 

Até 02 de dezembro.

Alfredo Jaar na Luisa Strina

14/mar

A Galeria Luisa Strina, Cerqueira César, São Paulo, SP, apresenta “The Politics of Images”, segunda exposição individual de Alfredo Jaar na galeria. Alfredo Jaar, Chile, 1956, é artista, arquiteto e vídeo maker. Após completar seus estudos no Chile, fixou-se – em 1982 -, Nova York, cidade onde vive e trabalha atualmente. Sua prática artística é focada na criação, distribuição e circulação de imagens na esfera pública.

 

O ponto de partida da exposição é a instalação “The Sound of Silence”, de 2006, “um teatro construído para uma única imagem” (Jacques Rancière). O trabalho conta a história de Kevin Carter (1960 – 1994), fotojornalista sul-africano que se tornou famoso por sua fotografia ganhadora do prêmio Pulitzer. Tirada enquanto Carter se reportava do Sudão em 1993, a fotografia mostra uma criança em estado de inanição se rastejando pelo chão enquanto um abutre a observa. Após o suicídio do autor, a fotografia se tornou propriedade de sua filha Patricia Megan Carter e seus direitos são controlados pela Corbis, a maior agência fotográfica do mundo, a qual controla mais de cem milhões de imagens e é de propriedade de Bill Gates. Usando uma linguagem sucinta, Jaar questiona não só os limites do representável e da possibilidade de observar, mas também trata de questões de responsabilidade tanto do fotógrafo individualmente quanto daqueles que controlam a circulação e a disseminação das imagens, e finalmente, o espectador.

 

“One Million Points of Light”, de 2005, foi realizado na costa de Angola, em Luanda. A câmera foi posicionada em direção ao oceano, apontando diretamente ao Brasil, em memória e homenagem aos 14 milhões de escravos enviados de Angola para o Brasil. A fotografia é reproduzida numa caixa de luz e em cartões postais que os visitantes são convidados a levar para casa.

 

“Searching for Africa in LIFE”, de 1996, foca na ausência de representação e na ausência da África na revista de notícias LIFE (a LIFE foi uma revista de fotojornalismo, fundada em 1936 por Henry Luce- também fundador da revista Time – e encerrou suas atividades com a edição de maio de 2000). O trabalho consiste em uma coleção de 2128 capas, de 1936 a 1996, mostradas em ordem cronológica e visando refletir a chocante escassez de cobertura do continente africano por uma das mais influentes revistas do mundo.

 

Jaar usa uma fórmula similar no trabalho intitulado “From Time to Time”, de 2006, o qual, outra vez, traz à tona os esteriótipos racistas que governam a percepção da mídia ocidental em relação à África. São nove capas recentes da revista Time dedicadas à África divididas pelos únicos três assuntos geralmente cobertos: doenças, fome e conflito armado.

 

 

Sobre o artista

 

Alfredo Jaar realizou exposições individuais em instituições como o New Museum, Nova York, 1992; White chapel Gallery, Londres, 1992; Museum of  Contemporary Art, Chicago, 1992; Moderna Museet, Estocolmo, 1994; Museum of Contemporary Art, Roma, 2005; Berlinische Galerie, Alte National galerie e Neue Gesellschaft für Bildende Kunst, Berlim, 2012; e Museum  of  Contemporary Art Kiasma, Helsinki, 2014.

 

O trabalho do artista faz parte de coleções tais como a do Museum of Modern Art, Nova York; Tate Collection, Londres; Guggenheim Museum, Nova York; LACMA e MOCA, Los Angeles; Centro de Arte Reina Sofia, Madrid; Centre Georges Pompidou, Paris; Moderna Museet, Estocolmo; e MASP, São Paulo.O artista participou de algumas das mais estabelecidas exposições coletivas ao redor do mundo, tais como a Bienal de Veneza (1986, 2007, 2009, 2013); Documenta, Kassel (1987, 2002); e Bienal Internacional de São Paulo (1987, 1989, 2010).

 

 

De 14 de março a 29 de abril.

Ernesto Neto na Finlândia

03/mar

A Galeria Fortes Vilaça, São Paulo, SP, e o Museum of Contemporary Art Kiasma, Helsinki, Finland, anunciam a abertura de “Boa Jibóia”, mostra individual de Ernesto Neto. Em suas instalações, Ernesto Neto continua a tradição do modernismo brasileiro, uma abordagem fortemente caracterizada pela presença e participação dos espectadores. Através de sua arte, Neto oferece um momento de pausa da agitação da vida diária, acalmando a mente e afinando os sentidos.

 

Neto está intrigado com as tradições e rituais de Huni Kuin, particularmente pelo seu desejo de alcançar a felicidade e harmonia na vida e a respeitar a sabedoria intemporal da natureza. Instalado no 5º andar no Kiasma, a nova peça de Neto contém fortes referências à cultura da Huni Kuin, simbólica e tangível. Inspirado inicialmente pela forma da cabeça de uma jibóia, a instalação contém elementos que Neto vem utilizando em seu trabalho por mais de 20 anos: a unidade da humanidade e da natureza, sensualidade, experimentação, e a produção de energia positiva. A exposição também reflete as opiniões de Neto em respeitar os direitos e as tradições dos povos indígenas e da valorização da diferença cultural.

 

Organizado pela Kiasma, a exposição reúne obras de 2009 a 2016 e é a primeira exposição individual de Ernesto Neto na Finlândia. A Kiasma tem mostrado trabalhos individuais de Ernesto Neto em exposições coletivas.

 

 

De 03 de março a 04 de setembro.