Individual de Maria Lynch

19/mar

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição da artista carioca Maria Lynch, uma das mais destacadas artistas de sua geração. Primeira individual da artista na galeria, a mostra, que ocupará todo o espaço expositivo, terá doze obras inéditas, produzidas especialmente para esta exposição. Serão dez pinturas em grandes dimensões, duas em formato menor, uma instalação e um vídeo.

 

No grande espaço térreo da galeria, com 200 metros quadrados, estarão oito pinturas em grande formato, em tintas óleo e acrílica sobre tela, com tamanhos que chegam a 1,80m x 2,25m. Na sala menor, também no térreo, estarão as pinturas “Espelho 1” e “Espelho 2”, feitas com a mesma técnica e medindo 1,40m x 1m.

 

Nas pinturas, com as cores fortes que são marca do trabalho da artista, há a silhueta de uma ou mais mulheres, todas brancas, que parecem estar se movimentando no meio da tela colorida.

 

“O meu trabalho gira em torno do universo lúdico e feminino, do erótico e de uma sublimação da realidade. Essas mulheres são projeções minhas e uma forma de anular o mundo pela ausência de sua identidade. Recrio uma ficção, uma alegoria de um excesso e ansiedade, junto a fragmentos do imaginário. A partir daí construí um repertório dessas formas e elementos que vão se metamorfoseando em sua morfologia, onde uma mídia contamina outra. Entre o gozo e a culpa, um paradoxo e uma ambigüidade”, explica a artista.

 

No terceiro andar da galeria, estará uma instalação, também inédita, feita em acrilon e tecido. Formada por tecidos coloridos, em tamanhos diferentes, as partes de encaixam formando uma espécie de centopéia. São três esculturas, que ocupam todo o espaço, de uma parede a outra.

 

No contêiner, que fica no terceiro andar da galeria, estará o vídeo “Um bosque chamado solidão”, produzido este ano especialmente para a exposição. “O vídeo é uma extensão do trabalho que retrato o corpo no processo de fragmentação, que vai de encontro com as lembranças da infância”, conta a artista.

 

Sobre a artista

 

Maria Lynch nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, em 1981, onde vive e trabalha. Maria é formada pela Chelsea College of Art & Design, Londres, onde concluiu pós-graduação e mestrado, em 2008. Dentre suas principais exposições individuais estão: “Ocupação Macia”, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, e a performance “Incorporáveis”, no MAM Rio, ambas em 2012; a mostra “Retalhos”, na Galeria Candido Mendes Ipanema, também no Rio de Janeiro, em 2006, entre outras.  As principais exposições coletivas da quais participou encontram-se a “6ª Bienal de Curitiba”, em 2011; “Presente Futuro Vol III”, no Oi Futuro, no Rio de Janeiro, em 2010; “Prêmio Funarte de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça”, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, no Rio de Janeiro e Performance “Incorporáveis”, no Oi Futuro, no Rio de Janeiro, em 2009; “Nova Arte Nova”, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro e em São Paulo, em 2008 e 2009; “Jerwood Drawing Prize”, no Jerwood Space, em Londres, em 2008, entre outras. Suas obras estão em importantes coleções públicas do Brasil, como o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, o Centro Cultural Candido Mendes, a Coleção BGA, e a coleção do Ministério das Relações Exteriores – Palácio do Itamaraty, Brasília.

 

Até 20 de abril.

 

Instalação na Caixa Cultural-Rio

A Caixa Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição “Lágrimas de São Pedro”, uma instalação composta por 6 mil lágrimas, formadas por bulbos de lâmpadas incandescentes cheios d’água presos ao teto em diferentes alturas e iluminação especial, simulando chuva.

 

A instalação, idealizada pelo artista baiano Vinícius S.A, expressa a relação lúdica entre o morador da zona rural e a chuva, e a fé do sertanejo manifestada na novena de São José, na qual cantigas e orações são oferecidas ao santo em pedido de chuva, que quando vem, é motivo de festa. O público percorrerá o caminho da instalação perpassando as 6 mil gotas, tendo as lágrimas acima da cabeça.

 

“Proponho com esse trabalho a criação de um ambiente onde o espectador penetra, envolvendo-se espacialmente na obra, possibilitando a interação entre arte e fruidor de maneira mais abrangente. Neste caso, é como se tivéssemos o poder de pausar a chuva, uma chuva de gotas grandes, limpas, transparentes, leves e com isso poder contemplar sua beleza, seu poder, seu símbolo, sua necessidade”, explica o artista Vinícius S.A.

 

Sobre o artista

 

Vinícius Silva de Almeida nasceu em 5 de setembro de 1983, em Salvador, onde vive e trabalha. Estuda Artes Visuais na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, UFBA. Em 2005, fez sua primeira exposição instalação “Lágrimas de São Pedro – Acalento ao Sertão Nordestino”, que recebeu menção especial no Salão Regional de Artes Visuais da Bahia em Feira de Santana, BA. Em 2006 participou de exposições coletivas, o Salão Regional de Artes Visuais da Bahia e a VIII Bienal do Recôncavo, com as instalações “Um minuto e meio” e “O pulso da Bienal”. Foi premiado nas duas ocasiões. Em 2008, a instalação intitulada “Sorria, você está sendo filmado!” foi premiada no Salão Regional de Artes Visuais da Bahia e integrou também a exposição Salões Baianos, na galeria Solar Ferrão em Salvador.  Em dezembro de 2008, participou com a instalação “Objeto Óptico #02” do conceituado 15º Salão da Bahia, sendo premiado com uma residência internacional em Haia, na Holanda. Em 2010, foi convidado a participar do livro “30 contemporâneos brasileiros”, do crítico Enock Sacramento.

 

Até 05 de maio.

Dois na Casa França-Brasil

14/mar

A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, abre sua temporada de 2013, com a exposição “Contos sem Reis”, individual de Laercio Redondo, sob curadoria de Frederico Coelho. A mostra, que reúne um conjunto de obras heterogêneas interrogando o processo de construção de uma identidade nacional. Tomando sempre como ponto de partida livros, filmes, personagens ou acontecimentos históricos, a obra de Laercio assume como matéria a memória e seus apagamentos (voluntários ou não), revelando e expandindo esses processos invisíveis através de imagens e instalações. Em“Contos sem Reis”, o artista revolve a história da Casa França-Brasil, pensada como emblema da cidade do Rio de Janeiro, antiga capital do Império.

 

A mostra é composta por trabalhos de grandes dimensões, mas também por pequenas interferências na arquitetura e circulação do prédio, como, por exemplo, a abertura de uma tampa no piso, revelando, assim, uma antiga galeria subterrânea logo na entrada da Casa França-Brasil. Essa intervenção guarda as relações com a planta original do edifício e assinala sua proximidade com o mar e sua antiga função de Alfândega.

 

O salão central, de 200 metros quadrados, abriga a obra “Ponto Cego”, uma construção em madeira, em que se lê a palavra REVOLVER (no sentido de investigar, examinar). Feita com pequenas ripas de madeira, a peça tem 12 metros de largura por quatro de altura. Dependendo do ponto de vista do espectador no espaço, a palavra ganha ou perde legibilidade.

 

Na primeira das salas laterais da Casa, Redondo apropriou-se de imagens do livro“Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, do artista de Jean-Baptiste Debret (1768 -1848), para construir três outros trabalhos interligados – todos inéditos. Uma das obras se constitui de um arquivo ou uma biblioteca de referência que pode ser consultado pelos visitantes, em que 77 bancos de madeira têm os assentos impressos com paisagens de Debret sobre o Rio de Janeiro.

 

Concluindo a mostra, “Carmen Miranda – uma Ópera da Imagem” ocupa a segunda sala lateral da Casa. A escultura sonora investiga a imagem da cantora luso-brasileira, atriz da Broadway e de Hollywood. Pequenos alto-falantes presos aos móbiles emitem fragmentos de um texto sobre Carmen Miranda, escrito pela filósofa brasileira Márcia Sá Cavalcante Schuback, colaboradora de Laercio Redondo nesse projeto.

 

Sobre o artista

 

Laercio Redondo, nasceu em Paranavaí, Paraná, 1967. Formado pela Academia de Belas Artes de Varsóvia, Polônia, 1993-94, e pela FAAP de São Paulo, o artista concluiu o Mestrado na Konstfack, University College of Art, Crafts & Design de Estocolmo, Suécia 2001. Realizou diversas mostras individuais, entre elas, “Lembrança de Brasília”, Galeria Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro, 2012); “Listen to me”, no Kunsthalle Göppingen, Alemanha; Centro de Artes Visuales Pedro Esquerré, Matanzas, Cuba, 2005 e no Espaço Cultural Sergio Porto, Rio de Janeiro, 2002. Entre as exposições coletivas de que participou destacam-se: “MAC 50: Doações Recentes 1”, MAC-USP, São Paulo, 2013; “Solo Projects”, Museu Carmen Miranda|ArtRio, Rio de Janeiro, 2011; “Some found text and borrowed ideas”,Björkholmen Gallery, Estocolmo, Suécia, 2010; “Leibesubüngen – Vom tun und Lassen in der Kunst”, Galerie der Hochschule für Bildende Künste, Braunschweig e também no Museu de Arte de Heidenheim, Alemanha, 2008; “Geração da Virada”, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2006; XI Triennale Índia, Nova Delhi, Índia, 2005; “The Flip Book Show”, Kunsthalle Düsseldorf, Alemanha, 2005; “Im Bild”, Kunsthalle Göppingen, Alemanha, 2004; “Modos de usar”, Galeria Vermelho, São Paulo, 2003 e Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil, 2003. Foi artista residente em diversas instituições, como, IASPIS em Estocolmo, Suécia, em 2008, Programa Batiscafo em Havana, Cuba, em 2007, e na Akademie Schloss Solitude, em Stuttgart, Alemanha, em 2004-2005. Entre os prêmios conquistados estão: Prêmio Energisa, Usina Cultural Energisa, João Pessoa, 2012; II Prêmio Sergio Motta, São Paulo, 2002; Mostra Rio Arte Contemporânea, MAM-Rio, 2002 e Salão Nacional de Artes Plásticas, MAM-Rio, 1998. O artista  vive e trabalha entre Estocolmo, Suécia, e o Rio de Janeiro.

 

De 16 de março a 05 de maio.

 

 

Projeto COFRE

 

Daniel Steegmann Mangrané apresenta “Cipó, Taioba, Yví”

 

Na Casa França-Brasil, uma nova dinâmica curatorial colaborativa foi introduzida: o artista do Cofre tem sido escolhido pelo artista que ocupa o grande espaço expositivo da Casa, criando um contato direto entre as obras apresentadas. EmContos sem Reis”, Laercio Redondo cede parte do seu espaço para Daniel Steegmann Mangrané, que ocupará a área exígua do cofre, de apenas 2 x 2m. Steegmann apresenta uma instalação, feita especialmente para a Casa, intitulada “Cipó, Taioba, Yví”. A obra é um painel vertical folheado a ouro, afixado no interior do Cofre, na altura dos olhos do visitante. Sobre ele, são projetados slides de diversas sombras de plantas endêmicas das florestas do Brasil.

 

Sobre o artista

 

Daniel Steegmann Mangrané nasceu em Barcelona em 1977 e vive no Brasil desde 2004, entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Sua obra foi mostrada recentemente em individuais na Mendes Wood, São Paulo, 2011; Halfhouse, 2011, Barcelona; Centro Cultural Sergio Porto, Rio de Janeiro, 2010; Fundació La Caixa, Barcelona, 2008. Seus trabalhos participaram de coletivas, como a Bienal de São Paulo, A Iminência das poéticas, 2012, Galeria Diana Stigter, Amsterdam, 2012; RongWrong, Amsterdam, 2012; Espai d’Art Contemporani de Castelló, 2011, Galeria Estrany de la Mota, Barcelona, 2011; Galerie im Riegerungsviertel / Forgotten Bar Project, Berlim, 2010; Galerie KoraAlberg, Antwerp, 2010; Entes, Barcelona, 2009; After-the-Butcher, Berlin, 2009; Bienal de Teheran, 2008; Museo de Arte Contemporanea de Santiago do Chile, 2008 e Centro Cultural São Paulo, 2007. Steegamann recebeu ainda bolsas e prêmios, entre os quais, do MUSAC, Ciutat d’Olot, CoNCA, ABC Prize, Miquel Casablancas, José García Jiménez Foundation e o Akademie der Kunste. Além da prática artística, Daniel Steegmann Mangrané é um dos organizadores do programa acadêmico experimental Universidade de Verão no Capacete, Rio de Janeiro.

 

De 16 de março a 05 de maio.

Kilian Glasner na galeria Laura Marsiaj

13/mar

 

O estilo promissor e intrigante da obra de Kilian Glasner, um dos nomes mais promissores da nova safra de artistas plásticos pernambucanos, chega ao Rio de Janeiro através da exposição individual denominada “Obscura” em cartaz na Galeria Laura Marsiaj, Ipanema. Nesta primeira exposição individual no Rio de Janeiro, o artista, que já expôs na Europa com obras em importantes instituições como a Calouste Gulbenkian de Lisboa, 2010, apresenta dez desenhos que marcam uma nova fase em sua trajetória, à começar pelo material escolhido. Desta vez Kilian utiliza o nanquim preto para cobrir quase todo o papel, revelando cuidadosamente pequenos pontos de luz que formam desenhos impactantes.

 

Em “Obscura”, Kilian Glasner propõe uma reflexão filosófica investigando a relação do homem com a luz, capturando a presença da vida na luz de cada imagem. Uma preocupação constante do artista é manter em suas obras um canal de comunicação com o público. Ele procura deixar claro seus objetivos, com o intuito de “tentar entrar numa consciência coletiva”, dosando o subjetivismo em nome de objetivos didáticos.

 

Sobre o artista

 

Kilian Glasner nasceu em 1977 na cidade de Recife, PE. Sua obra foi premiada no 39º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, 1999, quando o artista tinha apenas 22 anos. Realizou seus estudos de graduação e mestrado na École Nacionale Superieure de Beaux-Arts, em Paris, onde morou entre 2000 e 2007. Em 2009 foi contemplado pelo Programa Rumos Artes Visuais no Instituto Itaú Cultural e participou de mostras em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Branco e Brasília. No mesmo ano realizou mostra individual no Instituto Cultural Santander, em Recife. Em 2010 realizou a obra “O Brilhante Futuro da Cana-de-Açúcar”, na Fundação Calouste Gulbenkian de Lisboa. Em 2011 participou do programa “About Change the World Bank”, em Washington, além de mostra individual na galeria Moura Marsiaj, São Paulo. Em 2012 realizou individual na galeria Vitrine da Paulista, com projeto premiado pelo Instituto Caixa Cultural São Paulo. O artista mantém ateliê em Berlim e na Ilha de Itamaracá.

 

Até 06 de abril.

Denis Cosac na Tramas

Em exibição na Tramas Galeria de Arte, Shopping Cassino Atlântico, Rio de Janeiro, RJ, novos trabalhos do artista visual Denis Cosac, em cujo currículo consta a Faculdade de Arquitetura. No meio do caminho, resolveu mudar a direção e seguir pela estrada das artes plásticas. O que o fez mudar de ideia foi pensar que ele queria mais e além, tanto que hoje, além de ter se firmado no mercado de arte contemporânea, ainda trabalha como produtor musical. Sua arte já estampou paredes do Carroussel du Louvre, através do projeto Salon de la Société Nationale des Beaux-Arts, em 2011, onde ficou entre os 15 brasileiros selecionados. Denis destaca-se pela força da simplicidade de seu traço preto no branco, produzindo desenhos gráficos sobre tela. Apresenta sua arte através de estudos desenvolvidos utilizando croquis e perspectivas com traços humanizados, e isso veio da inspiração na arquitetura. Em sua trajetória estão uma série de coletivas como o 5º Salon D’Art Contemporain, Palais de Beaulieu, Lausanne, Suíça; Galeria Nádor, Budapeste, Hungria.; Brazilian Contemporary Art, Ward–Nasse Gallery, N.York, EUA; Affordable Art Fair, Los Angeles, EUA; “Re-Toques” –  Galeria Entrecores, SP, entre outras. Na atual exposição da Tramas, Denis exibe 13 trabalhos, entre eles uma instalação, onde dentro das características de sua trajetória, ainda vai agregar a sua experiência com a música. A fila de pessoas representa um sample, ou seja, uma amostra de áudio, e o público vai se deparar com telas relacionadas à objetos musicais, como o teclado. A exposição contará com instrumentos espalhados, como guitarra, além de cabos e plugs compondo o cenário. A mão solta do artista, aperfeiçoada através da arquitetura, dará ênfase à perspectiva e movimento. Tudo reflete a personalidade e way of life de Denis.

 

Segundo o crítico Felipe Scovino há algo veloz e intransigente, sutil e complexo nos desenhos de Denis Cosac. “Suas representações são silenciosas mas nunca disciplinadas, há uma relativa ambiguidade entre um traço ligeiro e persistente e a ideia de paisagem, e é nessa apreensão que percebemos a qualidade da sua obra, ou seja, sua principal vocação ao ser fabricada é dirigir o olhar e percepção justamente para o que ocorre no mundo”, completa Felipe.

 

As formas sem rosto mostradas pelo artista sugerem uma impossibilidade de se identificar nominalmente as figuras e isso nos encaminha rapidamente para uma zona em que percebemos que o outro não é tão distante de nós. As obras de Denis Cosac posicionam o desenho dentro de um repertório contemporâneo que o coloca com uma velocidade e um arrojo que são particularmente difíceis de serem conciliados. O artista de certa forma aponta um dado utópico: nesse descomprometimento de uma paisagem alegre e fervilhante (cujas menções a música ou a um ambiente sonoro é reforçado invariavelmente em sua obra), a imagem de uma massa homogênea não faz com que percamos o significado de nossas individualidades, mas pelo contrário, reforça uma natureza política solidária e utópica do indivíduo.

 

De 14 de março a 13 de abril.

Aquila, 70 anos

08/mar

 

O artista plástico Luiz Aquila completou 70 anos de vida e comemorou com exposição individual no Sesc Quitandinha, Petrópolis, RJ. A curadoria leva a assinatura de Vanda Klabin que selecionou 20 obras, entre oito pinturas inéditas, guaches, aquarelas, bico de pena e acrílico sobre tela. A mostra reúne telas de grandes e médias dimensões e uma série sobre papel, disposta em ordem cronológica. Durante a mostra, exibição de dois vídeos, um deles produzido por João Emanuel Carneiro há 20 anos, fazendo um passeio pelo cotidiano do artista e conta com depoimentos de Beatriz Milhazes, Daniel Senise e Aluisio Carvão. O trabalho mais antigo, “Guache Carnavalesco”, é de 1979, “corresponde justamente ao meu retorno definitivo ao Rio e a Petrópolis, depois de quase 18 anos morando em cidades como Lisboa, Paris e Brasília”, relembra o artista. “A pintura de Luiz Aquila ocupa, na história de nossa arte brasileira, uma posição singular, tanto pelo requinte cromático quanto pela extrema complexidade formal”, diz a curadora Vanda Klabin. As comemorações pelos 70 anos de Luiz Aquila vão continuar ao longo do ano, com palestras e a publicação de um livro sobre sua trajetória.

 

Até 21 de abril.

Ivan Serpa por Adriano de Aquino

Ivan Serpa – Amantes, 1965

A Caixa Cultural, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição “Olhar de Artista: Adriano de Aquino lê Ivan Serpa”, trazendo a visão do pintor Adriano de Aquino sobre a trajetória de Ivan Serpa. Na curadoria, Aquino selecionou aproximadamente 80 trabalhos de Serpa, que revelam a pluralidade própria à obra do homenageado. Ao invés de privilegiar um período da carreira de Serpa ou uma linguagem com que tenha trabalhado, a mostra explora a multiplicidade de sua trajetória, tendo como ponto de partida o quadro da “Série Geomântica”, sem título, pintado em 1973. A obra não chegou a ser concluída pelo pintor e, em catálogo, ganhou a inscrição “Inacabado” entre as suas descrições técnicas. O quadro “Inacabado” aproxima duas figuras de referência para a história da pintura brasileira, Serpa e Aquino. As trajetórias de ambos ajudam a compreender as principais forças que mobilizaram o campo artístico em meados do século XX. Cada um à sua maneira, ambos são reconhecidos por sua forte sensibilidade crítica.

 

Sobre os artistas

 

Ivan Serpa, 1923-1973, nascido no Rio de Janeiro, além de pintor e desenhista, também é reconhecido pela diversidade de linguagens que experimentou em sua trajetória. Produziu colagens em papel, desenhos, guaches, híbridos de formas abstratas e figurativas. Foi celebrado como o melhor artista jovem, na I Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, com uma pintura já concreta. Na década de 1960, esteve ligado ao movimento concretista, sendo considerado o pioneiro no Brasil. Em 1953, juntamente com Lygia Clark, Lygia Pape, Franz Weissmann, Abraham Palatinik, Hélio Oiticica e Aluísio Carvão, articulou a criação de um núcleo de arte chamado Grupo Frente.

 

Adriano Aquino, em 1973, viajou para Paris, após receber do governo francês uma bolsa de estudos, por sua participação na mostra “12 desenhistas do Rio”. Participou da exposição, “Geometria sensível”, em 1978, realizada no MAM-Rio, marco principal de sua volta ao Brasil. Há mais de 30 anos, atua como gestor e articulador de políticas públicas para a cultura. O pintor nasceu mais de 20 anos depois de Serpa, em 1946, porém compartilhou com ele muitas das inquietações que conduziam o ambiente artístico na década de 1960, quando começou a produzir.

 

Até 28 de abril.

Hugo Houayek: reflexos e cores

07/mar

A exposição individual do artista Hugo Houayek na galeria Cosmocopa, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, denominada “Sobre reflexos e cores” explora certos limites do campo pictórico, confundindo algumas fronteiras e certezas. Assim como espelhos refletem outros mundos com outras cores, a exposição busca uma possibilidade de outros mundos e cores através de pinturas, objetos, vídeo, desenhos, texto e música que são convocados para conversarem sobre este assunto.

 

Em“Lanças Azuis” são apresentados 12 objetos apoiados na parede, são ferramentas esquecidas de seu uso marcial que sofrem uma transmutação poética. Já o vídeo “1001 Cores” faz uma referencia à narrativa de Sherazade em que cada história leva a outra – uma história dentro de outra sucessivamente. O vídeo propõe uma narrativa de cores que se sucedem de maneira que cada cor termina em outra. A obra “Cadáver Esquisito” é um texto escrito a 4 mãos – uma colaboração entre Fernando Gerheim e Hugo Houayek – pensado e produzido como o jogo surrealista de maneira que não é uma tentativa de descrição, explicação ou crítica da exposição.

 

No corredor do shopping, que separa a galeria do acervo, foi montada uma obra “h² (k7 baractho remix)”que resulta da parceira com o artista Renato Baratcho. O trabalho tem sua base em uma entrevista feita pelo “Programa de Álvaro Figueiredo” da Rádio Roquete Pinto/RJ, no qual as falas foram editadas e apresentados em uma fita K7: “Lado A” erros e falhas da voz de Hugo Houayek, re-editados e re-mixados em uma espécie de trilha de áudio que se torna música. No “Lado B” a onda gráfica é convertida por algorítimo em texto e lido pelo leitor de texto. Parte do trabalho o espectador é convidado a manusear os K7 entre o lado A e B, executar o play, adiantar, voltar e virar a fita.

 

Até 02 de abril

Novo museu no Rio

06/mar

Tarsila do Amaral – Sol Poente, 1929

O Museu de Arte do Rio, MAR, Zona Portuária, Rio de Janeiro, RJ, abriu suas portas ao público. Após quase três anos em obra e com uma reforma com custo estimado em mais de 76 milhões de reais, o complexo na Zona Portuária do Rio de Janeiro soma 15 000 metros quadrados, divididos por dois edifícios: o Palacete Dom João VI, de estilo eclético, que exibirá todas as exposições de seu calendário, e o prédio modernista – onde funcionou um terminal rodoviário – abrigará o programa educativo da novíssima instituição. O curador do espaço é o experiente crítico de arte Paulo Herkenhoff.

 

Foram inauguradas quatro exposições com a abertura do museu. No térreo se encontra “O Abrigo e o Terreno – Arte de Sociedade no Brasil I”, um projeto que deve se estender pelos próximos cinco anos e que investiga questões ligadas à ocupação do espaço público e à dinâmica da sociedade. Entre os artistas reunidos estão Antônio Dias, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Waltercio Caldas, Lygia Pape e Raul Mourão. A outra mostra “Rio de Imagens: uma Paisagem em Construção”, aborda a evolução da cidade ao longo de 400 anos. Com cerca de 400 peças, o acervo exibe nomes importantes da cena nacional como Lasar Segall e Ismael Nery. As outras duas mostras foram idealizadas a partir de acervos de colecionadores particulares. O marchand Jean Boghici cedeu 140 obras de artistas como Tarsila, Di Cavalcanti, Brecheret, Rubens Gerchman, Kandinsky e Morandi. Outro colecionador que cedeu obras foi Sérgio Fadel com mais de 200 obras de estilo concretista, assinadas por Amílcar de Castro, Willys de Castro, Barsotti, Carvão, entre outros.

 

Até 07 de julho – Vontade Construtiva na Coleção Fadel

Até 14 de julho – O Abrigo e o Terreno – Arte de Sociedade no Brasil I

Até 28 de julho – Rio de Imagens: uma Paisagem em Construção

Até 01 de setembro – O Colecionador: Arte Brasileira e Internacional na Coleção Boghici

Marta Jourdan na Laura Alvim

05/mar

A Galeria Laura Alvim, Ipanema, Rio de janeiro, RJ, inaugura a maior exposição da carreira da carioca Marta Jourdan, com esculturas e um filme, feitos entre 2008 e 2012. A artista apresenta esculturas cinéticas que dão forma a experiências sutis, como condensações, fusões e evaporações, para levar o espectador a perceber o acontecimento, às vezes, desprezível.

Na Laura Alvim, ela propõe um trajeto de situações ao visitante, começando por “Zona de lançamento”: uma pequena bomba envia água para a cabeça de um retroprojetor tradicional, modificado pela artista. Uma válvula acoplada ao aparelho faz pingar o líquido sobre a lente do retroprojetor, que agiganta e projeta as gotas nas paredes  ininterruptamente.

 

Na maior sala da exposição, estará o filme “Súbita matéria”, em que, com uma câmera de altíssima velocidade que registra até mil quadros por segundo, a artista filma a poesia das explosões. A captura mostra os movimentos no milésimo de segundo, revelando a delicadeza das partículas de uma explosão, a magia da água na luz,  a força de um jato que surpreende uma mulher pelas costas. Marta usou dinamites, canhão de ar e 30 mil litros de água para compor as cenas.

 

Em “InSólidos”, um dispositivo eletrônico aciona um ferro de solda que derrete barras de estanho. O estanho derretido pinga em um copo com água formando gotas sólidas.

 

No trabalho intitulado “Óleo”, a artista usa um recipiente com óleo, que espelha o ambiente. Ao se acionar um motor, o cilindro de alumínio gira em alta velocidade e desfaz a imagem refletida sobre o óleo, do ambiente e/ou do público. Quando o motor para, a imagem se recompõe. A operação dura 23 segundos.

 

“Líquidos perfeitos” é um conjunto de 11 esculturas, em que gotas d’água de recipientes de vidro pingam sobre chapas quentes de ferros industriais de passar roupa. Ao tocar a placa de 100º C, as gotas evaporam formando pequenas nuvens e produzindo um som de tzzzzziiii. Os ferros são instalados sobre bancos de madeira de diversas alturas.

 

No texto do folder, o crítico Fernando Cocchiarale diz que “Marta não quer dar forma permanente à matéria sólida. Ela cria, inversamente, máquinas voltadas não só para a alteração de estados físicos da matéria, sobretudo aqueles da transformação da solidez (condição permanente da matéria escultórica), em líquido (InSólidos) e deste, em gasoso (Líquidos perfeitos), como também para a alternância de movimento e repouso (Óleo).”

 

Sobre a artista

 

Marta Jourdan, nasceu no Rio de Janeiro, em 1972. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Graduada em Teatro pela Escola de Artes de Laranjeiras, RJ, em História pela PUC-Rio, a artista completou seus estudos em Cinema na Escola Jacques Le Coq, em Paris, onde desenvolveu técnicas de construção de objetos cênicos. Neste período trabalhou no acervo do Centro Georges Pompidou, Paris. Suas principais exposições individuais foram na Galeria Artur Fidalgo, RJ, 2012; Mercedes Viegas Arte Contemporânea, RJ, 2008 e na Fundação Eva Klabin, RJ, “Projeto Respiração”, 2007.

 

Entre as coletivas das quais participou estão “Super 8″, Christopher Grimes Gallery, Los Angeles, 2011; “Nova Escultura Brasileira”, Caixa Cultural, RJ, 2011; “Projeto Coleções Instituto Inhotim”, BH, MG, 2010; Projeto “2 em 1” Cavalariças do Parque Laje, RJ, 2009; Instituto Goethe de Nova York, 2008; Festival Multiplicidade, Sesc Pompéia, SP, 2008; Jeu de Paume, Paris, 2007; Gandy Gallery, Bratislava, Eslováquia, 2007 e Kunstverein Hamburgo, Alemanha, 2001.

 

A curadoria da programação da Galeria Laura Alvim é do crítico carioca Fernando Cocchiarale, que se despede com a exposição de Marta Jourdan, depois de dois anos.

 

Até 28 de abril