Daniel Lannes – novo artista representado

13/dez

 

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, tem o prazer de anunciar a representação do artista Daniel Lannes.

 

Sobre o artista

Daniel Lannes (Niterói, RJ, 1981) vive e trabalha em São Paulo. O artista se formou em Comunicação Social pela PUC-Rio (2006), tendo mestrado em Linguagens Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012). Pintando desde a sua infância, Lannes passou a se dedicar profissionalmente à produção artística em 2003, ano em que começou a cursar pintura com Chico Cunha e João Magalhães na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Na mesma instituição também foi aluno de Fernando Cocchiarale, Anna Bella Geiger, José Maria Dias da Cruz, Reynaldo Roels e Viviane Matesco.

A pintura de Daniel Lannes se debruça sobre o corpo físico, cultural e histórico, sendo a tríade sexo, poder e violência assunto fundamental para a sua poética. Transitando na fronteira entre o figurativo e o abstrato, suas composições podem trazer ora um nítido retrato de uma figura histórica, ora manchas difusas que sugerem um evento a ser completado pela nossa imaginação. Seu colorismo, fatura e composição, construídos através de pinceladas largas, constituem uma produção que demonstra apuro técnico e vigor experimental na mesma medida. Segundo Daniel Lannes, “…uma pintura bem sucedida é aquela na qual o acidente processual e a intenção narrativa intercalam-se na construção da imagem”. Revela-se, então, o leitmotiv de sua obra: narrar, não explicar.

Daniel Lannes foi ganhador do Prêmio Marcantonio Vilaça 2017/18, selecionado para a residência artística do programa LIA – Leipzig International Art Programme 2016/17, em Leipzig, na Alemanha; e para a residência Sommer Frische Kunst 2015, em Bad Gastein, na Áustria. Em 2013, foi indicado à 10ª edição do Programa de prêmios e Comissões da Cisneros-Fontanals Art Foundation (CIFO). Por duas vezes foi indicado ao Prêmio PIPA, em 2011 e 2013. Entre as suas principais exposições estão as individuais Jaula, Paço Imperial, Rio de Janeiro (2022); A Luz do Fogo, Magic Beans Gallery, Berlim (2017); República, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio (2011); e as coletivas Contramemória, Theatro Municipal de São Paulo (2022); Male Nudes: a salon from 1800 to 2021, Mendes Wood DM, São Paulo (2021); Perspectives on contemporary Brazilian Art (2018); Art Berlin, Berlim; e Höhenrausch (2016), Eigen + Art Gallery, Berlim (2016). Suas obras fazem parte de diversas coleções privadas e públicas, entre elas: Instituto Inhotim, Brumadinho, Minas Gerais; Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro; Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio; e Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Em maio de 2023, o artista abrirá a sua exposição individual na Galatea. Em breve, mais detalhes serão compartilhados. É, portanto, com muito entusiasmo que anunciamos Daniel Lannes entre os nossos artistas representados.

 

 

A mágica da cor 

27/fev

A Lurixs Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ, abre a programação 2018, em sua nova sede no Leblon, com a exposição individual de Renata Tassinari, “A Espessura da Cor”, sob curadoria de Felipe Scovino, na quinta-feira, 01 de março, às 18h. São 15 trabalhos – dez pinturas e cinco desenhos (pintura sobre papel) – realizados entre 2015 e 2018, em que se vê planos geometrizados por cores sobre papel ou estruturas de acrílico em lugar de telas, resultado de uma pesquisa que a artista faz desde 2003.

 

Em uma primeira observação, as obras de Tassinari provocam dúvidas: são retângulos e quadrados soltos, justapostos, ou se trata de uma superfície contínua? A pintura é feita sobre tela por trás da caixa acrílica ou a tinta é aplicada diretamente sobre a placa industrializada que também lhe serve de proteção? Há ainda a madeira nua, sem tinta alguma, que  entremeia os planos de acrílico. Tassinari conta que a forma de seus trabalhos tem inspiração na arquitetura urbana – fachadas, portas e janelas – de linhas e ângulos retos exclusivamente. O desenho da estrutura das pinturas é transformado em caixas de acrílico de cinco centímetros de profundidade.

 

A parte interna dessas caixas é pintada com tinta acrílica e a face externa ganha camadas de tinta a óleo, sem se sobreporem. O contraste da característica dos materiais, o brilho da placa acrílica, a opacidade do óleo no plano de fora e da madeira,  mais o fio branco de tinta nas bordas do suporte criam um volume, que projeta os planos pintados para o espaço. As cores e a materialidade é que provocam a impressão de relevo e depressão, mas a estrutura é absolutamente plana. Aos olhos do espectador, é quase uma mágica o que Tassinari consegue criar com as cores. E aí entra outro recurso autoral da artista: ela cria sua paleta cromática e todas as cores são bem-vindas. Nenhuma sai do tubo industrializado à venda no mercado.

 

“Transmitir esse caráter expansivo à cor definitivamente não é pouca coisa. Transformar a cor em algo que magicamente avança em direção ao  espaço e que em outros casos, dentro da sua obra, concretamente ganha uma espessura ou dobra, como é o caso das pinturas recentes que fabricam uma imagem, como escrevi há pouco, da fratura, são características notáveis no trabalho da artista”, elogia o curador Felipe Scovino.

 

Dentro do que está reunido nessa exposição, há a série “Lanternas”, formada por módulos de acrílico pintados e instalados na parede em linhas paralelas verticais ou horizontais, que dão a ilusão de hastes de luz acesas. “A partir das ‘lanternas’, os trabalhos aumentaram sua relação com o espaço”, diz a artista. O conjunto mais recente dessa mostra é o intitulado “Beiras”, que são um desenvolvimento das lanternas, de aparência mais econômica na forma (mais estreita) e composição de cores (tons rebaixados).

 

Nas pinturas sobre papel, que Tassinari prefere chamar de desenhos, o plano é dividido com linhas de grafite em quadrados e retângulos. Alguns campos são eleitos para receber tinta a óleo em tons intensos ou suaves. Ambos demonstram um toque de leveza, como se o papel merecesse um contato mais fluido por ser frágil. Críticos detectam na produção da artista um chamado para um olhar mais minucioso e atento do espectador, em contraste com a dispersão vertiginosa do momento.

 

“Em tempos de uma desatenção acelerada, as obras da artista nos levam a nos determos sobre os detalhes, as minúcias e as singularidades de um gesto sobre o papel, a espessura do óleo ou a fresta branca (o “pulmão da obra”, o risco por onde corre o ar) que percorre os limites da pintura sobre a superfície de material acrílico transparente”, resume o curador Felipe Scovino.

 

 

Sobre a artista

 

Formada em Arte pela FAAP, SP, onde foi aluna de grandes mestres como Carlos Fajardo e Dudi Maia Rosa, Renata Tassinari tem dezenas de mostras individuais e coletivas em seu histórico, incluindo a retrospectiva no Instituto Tomie Ohtake, SP, em 2015 e mostras solo no MAM RJ, MAM SP e Paço Imperial. Paulo Venancio Filho, Rodrigo Naves, Lorenzo Mammi, Taisa Palhares e Laura Vinci são alguns dos críticos,  historiadores de arte e artistas que já escreveram sobre seu trabalho.

 

 

“A Espessura da Cor” fica em cartaz até 14 de abril.

Claudia Melli na Galeria Eduardo Fernandes

23/jun

 

O canto à capella é aquele entoado sem o uso de qualquer instrumento. Voz solitária. Esta remissão a um tipo de canto que nos endereça um chamado para um estado de quietude e interiorização pode ser visto como um gesto, mesmo que prosaico, que caminha na contramão de um mundo atual perpassado pelo ruído incessante. É desta natureza, mais próxima do murmúrio, de que nos fala as obras de Claudia Melli expostas desde o dia 19 de junho na Galeria Eduardo Fernandes, Vila Madalena, São Paulo, SP,  na mostra “Capella”.

 

 

Antes de qualquer gesto interpretativo é preciso recordar o processo de realização dos trabalhos da artista no que tange a técnica. Lembremos que o termo técnica,para os gregos antigos, significava arte. Ou seja, a téchne estava intimamente ligada ao processo de construção de uma poética, como mais tarde vai retomar Heidegger em seu texto “A Questão da Técnica”. Assim, as escolhas “técnicas” do artistas estão intimamente ligadas ao “conteúdo” da obra.

 

 

Quando enxergamos de longe um trabalho de Claudia cremos que estamos diante de uma fotografia. É somente um olhar mais atento e próximo que vai revelar que não se trata de uma foto, mas sim de desenho com nanquim sobre vidro. Esta conquista de um estado ilusório se dá através da alta precisão do desenho, do contraste entre o preto e o branco, entre claro e escuro. Mas o que tal técnica quer dizer, o que significa desenhar com nanquim sobre vidro no lugar de fotografar, mas ainda assim evocar o ato fotográfico? Esta pergunta é importante para chegarmos ao sentido do trabalho. O tempo que leva para a realização de cada obra (sempre única e não reprodutível), a concentração e o cuidado exigidos, o preciosismo que tal método demanda, todos estes elementos rimam com trabalhos nos quais a solidão se faz presente, nos quais nunca há presença de seres humanos.Tal modo de fazer encontra eco nos espaços vazios, permeados por presenças ausentes, ou mesmo paisagens que evocam certa melancolia, lembranças de um lugar já visto. Aí reside o parentesco com a fotografia, símbolo daquilo que congela um tempo e deflagra uma memória palpável de algo que já passou.

 

 

Sobre a artista

 

 

Nasceu em São Paulo, SP, 1966. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Frequentou diversos cursos no Parque Lage, tendo como professores Luiz Ernesto, Fernando Cochiaralle, Charles Watson entre outros. Realizou exposições individuais em 2012,  “Entre o Perto e o Distante” na Galeria HAP – Rio de Janeiro, RJ, 2011, “Tudo da vida é um país estrangeiro” na Galeria Eduardo Fernandes – São Paulo, SP, 2010, “Série Azul” na Galeria Penteado – Campinas, SP, 2008, “ONDE” no Durex Arte Contemporânea – Rio de Janeiro, RJ e em 2005, “Série verde” no Instituto Arte Clara – Rio de Janeiro, RJ.Participou de importantes exposições coletivas no Rio de Janeiro, São Paulo, Nova Iorque, e na Galeria A. Kunstandel – OSLO, Noruega, além de espaços institucionais como o Museu da República e Casa França-Brasil, ambos no Rio de Janeiro, Brasil. A artista possui obras na Coleção Gilberto Chateaubriand – MAM-RIO, Col. Banco Santander, Col. Banco Espírito Santo, Brazil Golden Art Investimentos, Artur Lescher, Heitor Martis e Fernanda Feitosa.

 

 

Até 08 de agosto.

No Espaço Cultural Citi

08/abr

O crítico de arte Jacob Klintowitz assina a apresentação e a curadoria da exposição individual de Manu Maltez no Espaço Cultural Citi, Paulista, São Paulo, SP. Artista multimídia, Manu Maltez é um destes artistas jovens que respira arte e utiliza todos os meios dos quais tem conhecimento para expressar-se seja desenho, gravura, música, ou atuando como instrumentista, editor e ilustrador.

 

Manu Maltez por Jacob Klintowitz

 

O fragmento e o paradoxo.

 

Talvez seja a intermitência na produção o que causa certa espécie em Manu Maltez. Eu acompanho o seu trabalho há muitos anos e tenho sempre a impressão de que ele cria por imersão profunda: a cada série um mergulho no incógnito. E, logo depois, ele se dedica à outra coisa. Assim ele desenha, faz gravura, compõe, toca contrabaixo, ilustra poemas e ficção que o emociona, edita livros. E esta amplitude de interesses explica porque a sua imagem pessoal é um pouco difusa. A nossa ainda é uma época de especialistas. O lado paradoxal, entre outros elementos, é que, após obter qualidade, ele parece desinteressado da continuação.

 

É claro que este artista se move por desafios formais. Encontrar o equivalente visual do poema “O corvo”, de Edgar Allan Poe é uma temeridade. Está longe de ser o melhor de Poe, mas é o mais famoso e o mais comentado. As traduções são inúmeras e este poema é acompanhado por um brilhante ensaio de Poe sobre a construção literária. É um paradoxo, pois o romântico e expressionista Poe faz um tratado cartesiano sobre o processo criativo do poema. Em minha opinião trata-se não de uma descrição veraz, do ponto de vista histórico, mas de outra obra de ficção. Esta contradição essencial deve ter atraído de maneira fatal Manu Maltez.

 

O que é fascinante é a qualidade do seu desenho. Feito de densidades diferentes, gestual e preciso ao mesmo tempo, muitas vezes ele lembra os esboços e estudos de mestres renascentistas. O acabamento contemporâneo, com o seu conceito de mostrar o processo do fazer – os andaimes da obra – pode recordar o que antigamente era só um estudo. É o caso de Maltez. Mas nele a memória associativa é requintada. E a sua gravura, para ficarmos no terreno visual, criada com o mínimo de elementos, retoma a extraordinária tradição brasileira da gravura que já nos deu Marcello Grassmann, Octávio Araújo, Mário Gruber, Maria Bonomi, Anna Letycia, Lívio Abramo, Oswaldo Goeldi, entre tantos outros importantes artistas.

 

Manu Maltez é um jovem artista de talento afirmativo. A amplitude de suas realizações é animadora. Este admirador de Kafka, Goya, Fellini, Grassmann, Goeldi, Rosa, Stravinsky, Poe, Glauber, Tom, Iberê, Thelonius Monk, tem nos habituado à pequenas séries de alta qualidade. Fragmentos. Agora, na passagem para a maturidade artística, talvez seja a hora de nos apresentar uma sinfônica completa.

 

Até 24 de maio.

Vik Muniz: Espelhos de papel

27/mar

Vik Muniz inaugura a sua primeira mostra na Galeria Nara Roesler, Jardim Europa, São Paulo, SP, espaço que passou a representá-lo no Brasil desde o ano passado e no qual ele inicialmente estreou, em novembro último, no papel de curador, assinando uma coletânea dedicada à Op-art. “Espelhos de papel”, a nova exposição, com onze obras inéditas, é a primeira individual de Muniz em São Paulo desde 2010.

 

As obras apresentadas pertencem à nova série “Imagens de Revista 2”, na qual o artista vem trabalhando nos últimos dois anos. Tendo mais uma vez a fotografia como objeto final de sua produção, Vik volta a se apropriar dos fragmentos de revistas., utilizando papéis rasgados, criteriosamente escolhidos a partir de imagens de publicações variadas. “Elas precisam ser rasgadas para parecerem mais acidentais, como se tivessem caído ali como confetes”, diz ele sobre o processo de colagens.

 

Vik Muniz joga com os limites da representação, recompondo imagens de obras referenciais que já fazem parte do repertório visual do espectador. A série atual parte do constante interesse do artista pelas ilusões de ótica e pelas brincadeiras, que ele diz explorar igualmente a sério. Vik conta que em visitas a museus observou que os espectadores, às vezes, se moviam para frente e para trás, numa espécie de transe, enquanto exploravam a fronteira mágica entre conceito e objeto. Para ele, justo nesse ponto de transição dá-se o encontro que considera o sublime em arte: “Esses são os momentos que contêm em sua transcendência a própria natureza da representação”.

 

Em seu texto de apresentação da mostra “Espelhos de papel”, o jornalista Christopher Turner observa que, à primeira vista, as obras parecem familiares, uma galeria de imagens famosas.“Mas quando olhadas de perto elas não são o que parecem”. Cada quadro é uma colagem composta por centenas de imagens artisticamente arrumadas de acordo com a gradação de cores: “Esse vertiginoso mosaico de imagens superpostas, que dissolvem o plano do quadro numa multiplicidade de pontos focais, foi escaneado e ampliado para que o espectador possa ver os cabelos, as fibras e até a celulose do papel cortado nas bordas”, escreve Turner.

 

O conjunto de fotografias digitais C-print em grandes formatos, que constitui a montagem da Galeria Nara Roesler, foi selecionado pelo próprio Vik Muniz. A mostra “Espelhos de papel” inclui composições a partir das pinturas de Monet, Coubert, de Kooning e Wilhelm Eckersberg, entre outras. Os trabalhos foram produzidos nos estúdios do Brooklyn, em Nova York, e da Gávea, Rio de Janeiro, cidades entre as quais o artista se divide atualmente.

 

Para a crítica e curadora Luisa Duarte, “…sua obra abriga uma espécie de método que solicita do público um olhar retrospectivo diante do trabalho. Para “ler” uma de suas fotos, é preciso indagar o processo de feitura, os materiais empregados, identificar a imagem, para que possamos, enfim, nos aproximar do seu significado. A obra coloca em jogo uma série de perguntas para o olhar, e é nessa zona de dúvida que construímos nosso entendimento”.

 

Simultaneamente à mostra solo de Vik Muniz, a Galeria Nara Roesler apresenta, na programação paralela do projeto Roesler Hotel, a individual “Atacama: 1234567” – da curadora chilena Alexia Tala, que traz pela primeira vez ao Brasil a obra do artista britânico Hamish Fulton.

 

Sobre o artista

 

Vik Muniz nasceu em 1961, em São Paulo, SP. Vive e trabalha em Nova York e Rio de Janeiro. Participou de inúmeras bienais, como da 49ª Bienal de Veneza, Itália, 2001; 24ª Bienal Internacional de São Paulo, Brasil, 1998; Bienal de Arte Contemporânea de Moscou, Rússia, 2009, entre outras. “Vik”, no Centro de Arte Contemporânea de Málaga, Espanha, 2012; “Relicário”, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, Brasil, 2011; e “Vik Muniz”, no Nichido Contemporary Art, em Tóquio, Japão, 2010, são suas mais recentes exposições individuais. Algumas das mostras coletivas de que participou são: “Swept Away”, no Museum of Arts and Design, em Nova York, 2012, e “Pure Paper”, na Rena Bransten Gallery, em São Francisco, 2011, ambas nos Estados Unidos; “Fragments latino-américains’, na Maison de l’Amérique Latine, em Paris, França, 2010; e “Surface Tension”, no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, Estados Unidos, 2009. Suas obras integram acervos como os do Centre Georges Pompidou, em Paris, França; Guggenheim Museum, em Nova York, Estados Unidos; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri, Espanha; e Inhotim – Instituto de Arte Contemporânea, em Brumadinho, MG, Brasil.

 

De 2 de abril a 11 de maio.

Em Ribeirão Preto

23/mar

A galeria Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto, São Paulo, SP, agora em novo endereço, inaugurou as exposições de Tomie Ohtake, Alice Shintani e Acervo Aberto #1. Após sete anos mantendo suas atividades na Rua São José, a galeria passa agora a ocupar um novo edifício na Rua Nélio Guimarães, 1290. O espaço foi ampliado visando uma maior flexibilidade expositiva, o que permitirá a realização de projetos simultâneos e a possibilidade de exibir parte do acervo.

 

A abertura contou a exposição terceira individual de Tomie Ohtake na galeria. A exposição é formada por pinturas, esculturas e gravuras de décadas distintas e a mostra é parte integrante das comemorações do centenário da artista. Tomie mantém grande vitalidade em seu processo de produção, realizando trabalhos em diversos suportes e escalas. Seus gestos são livres e com referenciais orgânicos. Desde os anos 60 há uma linha coerente e potente nas obras da artista. Em Ribeirão Preto podemos ver um de seus projetos no Teatro Pedro II, para o qual a artista desenhou a cúpula para a reinauguração da casa nos anos 90.

 

Sobre a artista

 

Tomie Ohtake vive e trabalha em São Paulo, SP. Nasceu em Kyoto, no Japão, em 1913. Veio ao Brasil na década de 30, radicando-se em São Paulo. Em 1968 naturaliza-se brasileira. Começa sua produção apenas com 40 anos de idade e a partir disso desenvolve um caminho coerente que perpassa seis décadas ininterruptas. Tomie Ohtake participou de diversas bienais internacionais como as de São Paulo, Veneza, Bienal Latino-Americana de Havana e diversas outras. Em suas exposições recentes destaca: Pinturas Cegas, na Fundação Iberê Camargo – Porto Alegre; Mulheres, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói; A Poética da Forma, Museu Oscar Niemeyer – Curitiba, dentre outras.

 

Alice Shintani / O cru e o cozido

 

Alice Shintani vem trabalhando a partir de uma idéia expandida de pintura que abrange do suporte tradicional sobre tela a intervenções pictóricas e ambientes imersivos. “Procuro criar situações que embaralhem de alguma forma esse jeito de olhar dos nossos tempos, de rotular e descartar imediatamente. A idéia é propor uma experiência que seja um tanto irreprodutível através das imagens, isto é, que você possa criar as suas próprias conexões com o trabalho ali ao vivo (e com as pessoas, com o mundo), que isso ainda valha a pena nesses nossos dias tão midiáticos.”

 

Para a inauguração da nova Galeria Marcelo Guarnieri, a artista apresenta uma série inédita de pinturas. “O Cru e o Cozido”, título que ilustra a mostra, homenageia a obra homônima do antropólogo Claude Lévi-Strauss, célebre por uma análise cuidadosa de centenas de mitos ameríndios, a partir da qual apresenta um olhar afetivo e pleno de alteridade sobre as múltiplas culturas desse Outro e, por consequência, sobre o modo como percebemos a cultura ocidental e a nós mesmos. Referências à parte, a mostra é proposta como uma experiência silenciosa e aberta ao observador participante, convidando-o a movimentar o seu próprio repertório de ideias e a sua imaginação particular.

 

Sobre a artista

 

Alice Shintani vive e trabalha em São Paulo, SP. Neta de imigrantes japoneses, Alice Shintani é formada em Engenharia de Computação pela UNICAMP. Realizou diversas exposições individuais entre elas “Hanafuda”, Galeria Mercedes Viegas, Rio de Janeiro, RJ, 2012; “Bakemono”, Casa Triângulo, São Paulo, SP, 2011; “Sinopse”, Galeria Mercedes Viegas, Rio de Janeiro, RJ, 2010; “Éter”, Galeria Virgilio, São paulo, SP, 2009; Galeria Marcelo Guarnieri, Campinas, São Paulo, SP, 2008; “Quimera”, Galeria Virgílio, São Paulo, SP, 2007, entre outras. Principais mostras coletivas: “Além da Forma: plano, matéria, espaço e tempo” e “O Colecionador de Sonhos”, Instituto Figueiredo Ferraz, 2012-2013; “Técnicas de Desaparecimento”, Cuba, 2012; “Rumos Artes Visuais”, Instituto Itaú Cultural, São Paulo, SP; Espaço Ecco,  Brasília, DF e Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ, 2009; “Nova Arte Nova”, CCBB RJ e SP, 2008; “Oriente, Ocidente”, Centro Cultural São Paulo, 2008; “Temporada de Projetos”, Paço das Artes, São Paulo, SP, 2007. Em 2012 recebeu premiação no “II Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea”, através de júri formado por grupo de curadores internacionais.

 

Até 27 de abril.

Milan/Nassar: Infiltrações

22/mar

Em sua quinta mostra na Galeria Millan, Vila Madalena, São Paulo, SP, Emmanuel Nassar ocupa mais que o espaço expositivo tradicional, infiltrando-se pelas demais áreas da galeria, explorando-as de forma a esfumaçar os limites autorais entre suas obras e as dos outros artistas que ocupam tais espaços. A mostra tampouco se restringe a apresentar apenas sua produção mais recente, colocando lado a lado trabalhos de diferentes períodos e em diferentes suportes (objetos, pinturas, chapas metálicas e desenhos), prezando pela ampla gama de novos significados que podem surgir a partir dessas relações.

 

Emmanuel Nassar se torna ainda mais ousado na exploração crítica dos mecanismos que sustentam o meio das artes (modus operandi que permeia sua trajetória desde os anos 1980). “Infiltrações” traz uma ampliação do repertório de apropriações e embaralhamentos de Nassar, que cita e se deixa citar por obras de outros artistas, criando uma espécie de jogo para o visitante e questionando o conceito de espaço individual, coletivo e autoral.

 

Procedimento que compartilha com uma série de artistas de sua geração, a apropriação de imagens pré-existentes, o esvaziamento de seu significado prévio e sua ressignificação (em geral como invólucro formal aberto a uma multiplicidade de significados, nenhum mais correto que o outro) são marcas do trabalho de Nassar. O artista paraense construiu seu universo poético a partir da contaminação entre a tradição erudita (especialmente a construtiva) e a imagética popular do norte do Brasil, aproximando ambas as linguagens, ao mesmo tempo em que permite que se questionem mutuamente, em espécie de eterno procedimento dialético.

 

Se, como foi dito pelo crítico Tadeu Chiarelli, Nassar esgarça “até o limite as bordas entre arte e antiarte, testando, nesse processo, a cumplicidade dos outros componentes do circuito e a complacência do espectador comum”, é justo dizer que, em “Infiltrações”, Nassar descobre novos limites tanto para essa fronteira quanto às relações que a envolvem.

 

Até 20 de abril.

Ricardo Camargo exibe Edo Rocha

O artista plástico e arquiteto Edo Rocha apresenta na Ricardo Camargo Galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, a exposição “O Passado Presente”, uma síntese da sua produção artística de 1967 a 2013, período em que expressou sua emoção e pensamento por meio de diversos tipos de materiais e técnicas. Essas duas vertentes do seu trabalho podem ser identificadas entre as 22 obras selecionadas, entre telas, esculturas, aquarelas e transparências. Merece destaque uma série de sete relevos em papel sobre papel produzidos em 2012, nos quais mescla sinais de impulsividade, delicadeza e movimento.

 

Há dez anos Edo Rocha não fazia uma exposição em São Paulo. Sua última mostra foi Arquitetura e Arte. Mesmo com pouco tempo para dedicar ao ofício, ele nunca deixou de manifestar sua expressão artística desde quando começou a pintar aos 13 anos de idade. Edo Rocha aproveita o momento para dedicar a mostra a seus amigos e gurus Wesley Duke Lee e o Willys de Castro, que interferiram de maneira definitiva em seu trabalho.

 

A palavra do artista

 

É incomum um artista falar sobre sua obra. Na verdade, quando ele quer comunicar sua emoção, ele faz a obra e não a explica. Comecei a pintar aos 13 anos e com 17 estava na IX Bienal de São Paulo. Ser um artista e arquiteto não é fácil, pois a arquitetura toma muito tempo e dedicação. Em 50 anos, pintei mais de 600 quadros e em 40 anos de arquitetura, mais de 900 projetos e mais de 10.000.000 de m² projetados, enfim, bastante trabalho. Esta exposição, “O Passado Presente”, tenta mostrar a releitura dos dois lados do meu trabalho, relacionado com o pensamento e a emoção.

 

Durante minha trajetória tive 2 W, amigos & gurus que interferiram de forma positiva no meu trabalho. O Wesley Duke Lee e o Willys de Castro, coincidentemente os dois começavam com W e os 2 eram o extremo. Wesley, a emoção, provocação, irreverente e inusitado, o Willys, o concreto, racional, previsível e coerente.

 

Demorou algum tempo para que estas duas forças, aparentemente antagônicas, se harmonizassem em um único pensamento. Esta exposição junta o pensamento, a emoção, o sentimento e a sensação, de forma a permitir enxergar melhor o futuro.

 

Sobre o artista

 

Edo Rocha. Arquiteto, urbanista, artista plástico e fotógrafo. Formado pela FAU, é presidente da Edo Rocha Arquiteturas. Com uma trajetória artística de mais 50 anos, participou da Bienal Internacional de São Paulo, nas edições de 1967 e 1969, realizou diversas exposições no Brasil e no exterior. É, desde 1980, membro do Conselho do Museu de Arte Moderna de São Paulo, MASP e ainda faz parte do Conselho da Associação dos Escritórios de Arquitetura, ASBEA.

 

Até 23 de março.

40 fotos de Boris Kossoy

08/mar

“Busca-me”, é a nova e inédita série concebida por Boris Kossoy, nome fundamental na história da fotografia brasileira – como autor e pensador –, será apresentada nesta sua primeira individual na galeria Berenice Arvani, Cerqueira César, São Paulo, SP. Conforme aponta o curador da exposição Diógenes Moura, as 40 fotografias (peças únicas, sem cópias), “não são apenas imagens, nem em seus signos e em suas representações, mas cada uma contém a vida inteira do fotógrafo”.

 

Segundo Moura, depois da exposição realizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2008, Kossoy recolheu-se como de costume, em casa e em vários países do mundo e está de volta para comprovar que uma fotografia não possui apenas uma face exterior. “E, não sendo exterior, um dos seus manequins poderá inclusive sorrir, ou derramar uma lágrima. A fotografia de Kossoy é precisa: domina o tempo. O espectador sente a presença do fotógrafo invisível querendo sair para encontrar o sol, se aproximar do hidrante vermelho que, como os ETs, estão de volta. Os hidrantes, os ETs ou a natureza onde novamente no meio das folhas encontraremos outra máscara, um grito”, completa o curador.

 

Em “Busca-me”, Boris Kossoy evoca seu mundo flutuante, “um roteiro imaginado, entre muitos outros, de situações, prazeres, amores, perfumes e dores que afetaram para sempre seus sentidos. Vemos personagens deste teatro imaginário onde coabitam seres dos dois mundos e imaginamos os espectadores com eles interagindo numa relação secreta e triangular”, explica o fotógrafo. Todo esse universo foi interpretado a partir de paisagens, ruas e praças, o olhar do fotógrafo através das janelas, diante de espelhos, pelo interior de vitrines, nas telas do cinema e da TV e dos aparelhos eletrônicos.

 

Boris Kossoy, com seu preciosismo técnico e teórico, extrai, sobretudo, do profundo os fundamentos de sua fotografia. Com isso, vem construindo uma trajetória que o coloca como um dos mais importantes fotógrafos brasileiros, autor de produção aclamada também internacionalmente.

 

Sobre o artista

 

Suas obras fazem parte de importantes coleções permanentes, como do Museum of Modern Art – MoMA, N.Y; George Eastman House, Rochester, N.Y; Smithsonian Institution, Washington, D.C.); Bibliothèque Nationale de Paris, Paris, França; Museu de Arte de São Paulo, São Paulo, SP, entre outras.

 

Como pensador, Kossoy, recentemente assinou a curadoria da elogiada mostra “Um olhar sobre o Brasil. A Fotografia na construção da Imagem da Nação”, realizada no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP. Em sua produção intelectual, destacam-se os livros: Viagem pelo Fantástico; Hercule Florence, a Descoberta Isolada da Fotografia no Brasil; Origens e Expansão da Fotografia no Brasil – Século XIX; Fotografia e História; Realidades e Ficções na Trama Fotográfica e Os Tempos da Fotografia: O Efêmero e o Perpétuo.

 

Kossoy é também professor titular da Escola de Comunicações e Artes da USP, foi diretor do Museu da Imagem e do Som de São Paulo e do IDART – Divisão de Pesquisas do Centro Cultural São Paulo criou dentro da mesma universidade NEIIM – Núcleo de Estudos Interdisciplinares de Imagem e Memória. É membro do conselho consultivo da Coleção Pirelli-MASP de Fotografia, entre outras instituições culturais.

 

Até 19 de abril.

Rodrigo Kassab explora limites

05/mar

A Galeria LUME, Itaim Bibi, São Paulo, SP, inaugura sua programação de exposições de 2013 com “Priva-cidade, Publi-cité”, mostra individual de Rodrigo Kassab, na qual são exibidas pela primeira vez todas as fotografias da série que dá nome à mostra.

 

Esse conjunto de fotografias é composto por imagens de linhas paralelas que delineiam fachadas de prédios e janelas, que são o cerne dessas fotografias. Em “Priva-cidade, Publi-cité”, o artista faz uma investigação dos limites e das relações entre os espaços públicos e os privados. “Percebi que este limite estava muito presente em cortinas e janelas, e, ao fotografá-las, poderia colocar o espectador entre esses dois espaços, como um voyeur, mas sem o elemento fetiche do voyeurismo, que é o medo de ser percebido”, explica Rodrigo.

 

O que se vê nessas fotografias são fragmentos de histórias, que, embora pessoais, estão à vista de quem passa diante dessas janelas. “A eterna pausa da fotografia nos dá segurança e nos permite a reflexão. Se pararmos para pensar, esse jogo entre público e privado vai acompanhar a foto onde quer que ela esteja”, diz ainda o artista.

 

Em sua pesquisa conceitual, Rodrigo Kassab escolhe um ambiente e caminha a esmo por ele até se deparar com elementos que servem como resposta a suas indagações. A série foi iniciada em Paris, daí o motivo para uma das palavras do título estar em francês. “Se essas imagens fossem estar situadas em algum lugar, esse lugar seria o espaço que há entre a privacidade e a publicidade, que parece imenso, mas na verdade é menor que o traço que separa o titulo”, reflete o fotógrafo.

 

Com influência do construtivismo, grande inspiração para “Priva-cidade, Publi-cité” é a arquitetura, analisada sob o espectro de reflexo humano e interação social, além do fator efemeridade, visto que as construções fotografadas para a série podem deixar de existir em algum momento, dando lugar a novas histórias, compartilhadas com o mundo, acidentalmente ou não, através das janelas. A curadoria é de Paulo Kassab Jr e a coordenação de Felipe Hegg.

 

Formado em Cinema e Fotografia, Rodrigo Kassab trabalha como diretor de cinema, diretor de fotografia e fotógrafo. Além das artes visuais, o artista se interessa principalmente pela arquitetura e música, artes que busca retratar em suas imagens. Morou em Paris de 2008 a 2011.

 

Até 25 de março