Exposição na Art Basel Miami Beach.

14/nov

O estande da Simões de Assis na Art Basel Miami Beach, no Miami Beach Convention Center, 1901 Convention Center Drive, Miami Beach, FL – USA 2025, reúne – de 05 a 07 de dezembro – um conjunto singular de artistas cujas poéticas se atravessam por diferentes relações com a abstração e pela investigação da paisagem. Ainda que as tendências predominantes na arte brasileira e latino-americana frequentemente se orientem pelo concretismo, apresentamos aqui a abstração sob um viés intuitivo, associado ao metafísico e ao etéreo, em práticas que tangenciam a geometria.

Há uma pesquisa cromática e formal que delineia o estande. Os artistas desenvolvem, em suportes variados, experimentações plásticas que vão de relevos em cerâmica a pinturas sem tinta com asas de borboleta, esculturas que rompem a limitação entre o bidimensional e o tridimensional, uso de pigmentação natural, esculturas em aço, as composições refletem as trajetórias poéticas dos artistas que dialogam no espaço expográfico do estande. Mesmo nos tensionamentos entre a abstração informal, a geometria e a figuração, este conjunto enfatiza como diferentes materiais e meios contribuem para expandir as possibilidades formais entre artistas de distintas origens, gerações e suportes.

Artistas participantes:

Abraham Palatnik, Amadeo Lorenzato, Ascânio MMM, Ayrson Heráclito, Carmelo Arden Quin, Carlos Cruz-Diez, Diambe, Emanoel Araujo, Felipe Suzuki, Gabriel de la Mora, Gonçalo Ivo, Hélio Oiticica, Ione Saldanha, João Trevisan, Juan Parada, Julia Kater, Macaparana, Manfredo de Souzanetto, Mano Penalva, Mário Rubinski, Miguel Bakun, Mira Schendel, Rubem Valentim, Sergio Camargo, Sergio Lucena, Thalita Hamaoui, Zéh Palito.

 

Arte Brasileira na Argentina.

10/nov

Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70 no Malba!

O Museo MALBA, Buenos Aires, inaugurou a mostra mais importante e completa já apresentada na Argentina sobre a arte inovadora e radical dos artistas brasileiros das décadas de 1960-70.

Com curadoria de Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, “Pop Brasil” reúne mais de 120 obras de diversos artistas, entre os quais, Anna Bella Geiger, Antônio Dias, Cláudio Tozzi, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Hélio Oiticica, Mira Schendel, Rubens Gerchman e Wesley Duke Lee, entre outras figuras-chave do período.

Esta exposição apresenta uma seleção representativa incluindo trabalhos do acervo da Pinacoteca de São Paulo e das coleções Roger Wright – considerada uma das mais importantes coleções de arte brasileira dedicadas à produção artística das décadas de 1960 e 1970 -, Malba e Costantini. 

Em cartaz até 02 de fevereiro de 2026.

 

Para lembrar da pintora Lucy Citti Ferreira.

06/nov

A jornalista, pesquisadora e escritora Mazé Torquato Chotil, baseada em Paris, resgata a trajetória da artista plástica Lucy Citti Ferreira, brasileira de formação europeia, cuja obra transita entre São Paulo e a capital francesa. No livro “Lucy Citti Ferreira: a pintora esquecida do modernismo”, Mazé Torquato Chotil revela uma artista autônoma, sensível e injustamente apagada da História da Arte Brasileira.

A artista plástica Lucy Citti Ferreira viveu entre dois mundos, o Brasil e a França, e construiu uma trajetória singular no Modernismo brasileiro. Nascida em São Paulo, em maio de 1911, passou parte da infância e juventude na Europa, especialmente na França e na Itália, o que influenciou profundamente sua formação estética. Estudou nas escolas de belas-artes francesas e desenvolveu uma produção marcada pela sensibilidade, pelo rigor técnico e por um diálogo constante entre pintura e música.

Apesar de sua formação sólida e da atuação no cenário artístico paulista, foi, por décadas, relegada ao esquecimento. A jornalista e escritora Mazé Torquato Chotil, autora do livro “Lucy Citti Ferreira: a pintora esquecida do modernismo”, decidiu enfrentar esse apagamento histórico. “Ela era artista tal qual o Lasar Segall”, afirma Mazé Torquato Chotil, referindo-se ao pintor com quem Lucy Citti Ferreira manteve uma relação profissional e afetiva. “Segall dizia: “Ela não era minha aluna, era minha colega de trabalho”.”

Mazé Torquato Chotil explica que o desafio maior foi justamente falar de Lucy Citti Ferreira como artista autônoma, e não como musa ou sombra de Lasar Segall. “Quando ela volta ao Brasil, já era uma pintora formada, com diploma, com experiência europeia. Era uma profissional à part entière, como dizem os franceses.” A autora destaca que a pintura de Lucy Citti Ferreira e Lasar Segall compartilhava influências europeias e que foi (o escritor e figura-chave do Modernismo brasileiro) Mário de Andrade quem os apresentou, reconhecendo afinidades estéticas entre os dois.

A biografia escrita por Mazé Torquato Chotil é também um exercício de justiça histórica, especialmente no que diz respeito à invisibilização das mulheres artistas. “Como muitas outras, Lucy foi esquecida porque era mulher. Pintora, numa época em que isso não era permitido.” A autora lembra que mesmo nomes como Anita Malfatti e Tarsila do Amaral foram “desenterradas” apenas nos anos 1980, após décadas de apagamento.

O trabalho de pesquisa foi intenso. Mazé Torquato Chotil passou dias mergulhada no centro de documentação da Pinacoteca do Estado de São Paulo, onde Lucy Citti Ferreira deixou um acervo valioso antes de morrer. “Ela fez um testamento do material que tinha – arquivos, cartas, muitas telas – e doou à APAC (Associação de Proteção e Apoio à Cultura), com a condição de que fossem distribuídas a outros museus.” Hoje, obras de Lucy Citti Ferreira estão presentes em instituições como o Museu de Arte Judaica de Paris, o MUnA em Minas Gerais, e até em cidades como Bauru, ampliando o acesso à sua produção.

Ao final da vida, Lucy Citti Ferreira fez questão de doar seu acervo, garantindo que sua obra fosse estudada e preservada. Para Mazé Torquato Chotil, esse gesto é um legado poderoso. “Ela queria que o público brasileiro tivesse acesso à sua arte. E hoje, graças a esse gesto e ao trabalho de pesquisadores, podemos finalmente reconhecer sua contribuição à história da arte brasileira do século 20.”

O livro “Lucy Citti Ferreira: a pintora esquecida do modernismo” se encontra disponível em Paris na Livraria Portuguesa e Brasileira, e no Brasil com distribuição da Editora Patuá.

Fonte: Márcia Bechara.

 

Representantes da obra de Miriam Ines da Silva.

31/out

A Almeida & Dale, São Paulo, SP, anuncia a correpresentação internacional do espólio de Miriam Inez da Silva (1937, Trindade, GO – 1996, Rio de Janeiro, RJ, Brasil), em parceria com a Travesía Cuatro.

“Para mim pintar é vida. Pinto o que amo e sinto no coração. O povo para mim, o Brasil, são uma atração grande demais. Curto ouvir causos, música popular e o mais importante, estou muito com gente, mas não importa a escala social. Minha pintura deve muito aos grandes mestres que tive em Goiás. E, no Rio, o Ivan Serpa”. 

Miriam Inez da Silva, O Popular, Goiânia, 1983

As pinturas e xilogravuras da artista conjugam referências à história da arte, a ícones da cultura pop e da literatura, assim como cenas que unem o fantástico ao cotidiano do interior – um repertório visual construído a partir de suas memórias de infância. Suas obras adquirem um caráter narrativo por meio da construção geométrica do espaço e da inserção de molduras e formas abauladas de cortinas nos vértices da tela, sugerindo um palco.

Formada pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Goiás nos anos 1950, e aluna de Ivan Serpa na década seguinte, Miriam conservou o apreço pelas técnicas artesanais de manufatura, como as envolvidas na confecção de ex-votos.

Entre as exposições mais recentes dedicadas à obra de Miriam Inez da Silva, destacam-se as realizadas na Travesía Cuatro, Madri, Espanha (2025); Cerrado Galeria, Goiânia (2024); Museu Nacional da República, Brasília (2021) e Almeida & Dale, São Paulo (2021). Seu trabalho também figurou em exposições coletivas na Pinacoteca de São Paulo (2025); Museo Madre, Nápoles, Itália (2024); Instituto Çarê, São Paulo (2022); MASP, São Paulo (2022, 2017, 2016); Fundación Juan March, Madri, Espanha (2018), além da Bienal da Gravura de Santiago, Chile (1969) e Bienal de São Paulo (1967, 1963).

 

Prêmio Jane Lombard de Arte e Justiça Social.

30/out

A artista e educadora Rosana Paulino é a vencedora do Prêmio Jane Lombard de Arte e Justiça Social 2025-2027, concedido pelo Centro Vera List de Arte e Política, em Nova York, em reconhecimento ao seu livro de artista de 2016, “História Natural?”, que explora as histórias entrelaçadas da ciência e da violência racial. A seleção de Rosana Paulino foi feita por unanimidade por um júri presidido por Chus Martínez e composto por Tony Albert, Carin Kuoni, Sennay Ghebreab e Gabi Ngcobo. Prêmio em dinheiro de US$ 25 mil e uma obra de arte de edição limitada encomendada a Yoko Ono. Como ganhadora do Prêmio, Rosana Paulino será tema de uma exposição individual na The New School, ancorada por uma das obras mais significativas do artista, apresentada em outubro de 2026 como parte do Fórum Vera List Center 2026. 

O Centro Vera List de Arte e Política anunciou a artista, educadora e pesquisadora brasileira Rosana Paulino como a vencedora do Prêmio Jane Lombard de Arte e Justiça Social 2025-2027. Rosana Paulino recebeu o prêmio pela importância e impacto de seu livro de artista de 2016, “História Natural?”. “Estamos entusiasmados em homenagear Rosana Paulino, cuja prática remodelou profundamente a forma como entendemos os legados coloniais e sua marca na vida contemporânea”, disse Carin Kuoni, Diretora Sênior e Curadora-Chefe do Centro Vera List de Arte e Política. 

Prêmio de Arte de Zurique 2025.

23/out

Artur Lescher (1962, São Paulo,SP) é o artista vencedor do prêmio concedido anualmente pelo Museum Haus Konstruktiv e pela Zurich Insurance Company Ltd., que está em sua 18ª edição. “As esculturas de Lescher não apenas ocupam o espaço – elas interagem com ele. Essa capacidade de dialogar com a arquitetura foi decisiva para sua escolha como vencedor do Prêmio de Arte de Zurique”, explicou Sabine Schaschl, diretora e curadora-chefe do Museum Haus Konstruktiv, referência em arte concreta e conceitual, sediado em Zurique, Suíça. O prêmio tem um valor total de 100 mil francos suíços – aproximadamente R$678.180,00 – que contemplam uma exposição individual do artista no Museum Haus Konstruktiv e 20 mil francos suíços em dinheiro (cerca de R$135.636,00). A exposição de Artur Lescher, “Campos entrelaçados”, tem curadoria da própria Sabine Schaschl e permanecerá em cartaz até 11 de janeiro de 2026.

Exposição e temas cósmicos

Na primeira sala da exposição, os visitantes vivenciam a tensão entre forma austera e vitalidade sutil. Com múltiplos pêndulos suspensos, Artur Lescher enfatiza a verticalidade e cria uma sensação de antigravidade. Essa leveza remete a constelações, reforçada por materiais espelhados e brilhantes. A obra “V Sagittae Memorial” homenageia a estrela dupla V Sagittae, que deverá explodir como uma nova em 2083 e brilhar como Sirius. Essa referência cósmica introduz uma dimensão de temporalidade e transformação.

Campo entrelaçado e tradição escultórica

As obras de Artur Lescher podem ser apresentadas individualmente, mas juntas formam um “campo entrelaçado” – um cosmos próprio. Ele insere sua produção na tradição escultórica de artistas como Constantin Brancuși, Louise Bourgeois (especialmente suas estelas) e Alberto Giacometti. Embora sua linguagem formal geométrica remeta à Arte Minimalista, Artur Lescher a transforma com referências mitológicas e uma dimensão animista.

Design industrial e mitologia

Artur Lescher explora técnicas de construção dos materiais, incorporando elementos do design industrial que atraem os amantes da tecnologia. Ao mesmo tempo, atribui significados mitológicos aos materiais: o cobre, mais flexível, é associado à deusa Vênus; o ferro, pesado e escuro, ao deus Hefesto. Essa carga simbólica se une ao respeito pelas propriedades físicas dos materiais – como peso, densidade e maleabilidade – que são integradas à lógica estética das obras.

Natureza, espaço e Neoconcretismo

Seu caderno de esboços revela esculturas voadoras e aves de todos os tipos, apontando para conexões entre natureza, espaço e conceitos universais – características do Neoconcretismo brasileiro dos anos 1960. Diferentemente da arte concreta europeia, o Neoconcretismo incorporava aspectos metafísicos e transcendentes. Artur Lescher cita como referências Hélio Oiticica, Lygia Clark, Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros e Max Bill, além do Manifesto Neoconcreto de 1959. Artur Lescher resume suas referências históricas assim: “Meu envolvimento com o Neoconcretismo (…) inclui o estudo das obras de artistas como Hélio Oiticica e Lygia Clark, mas também de concretistas como Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros e Max Bill. Nesse contexto, o Manifesto Neoconcreto (publicado no Rio de Janeiro em 1959) é um ponto-chave, assim como a investigação dos denominadores comuns entre o Construtivismo Russo e o Neoconcretismo.”

Arquitetura e som

Na terceira sala, a obra “Entrelinhas”, criada especialmente para o Museu, utiliza linhas de fios náilon vermelhas paralelas para medir e transformar o espaço. A escultura “Linha Vermelha (da série Metaméricos)”, composta por segmentos suspensos, remete a instrumentos musicais e transforma o ambiente em um espaço sonoro. Antes de entrar na segunda sala da exposição, os visitantes passam pela mostra paralela “Arte Concreta / Neoconcretismo”, que contextualiza a origem de sua obra. O título da exposição, “Campos Entrelaçados”, pode ser interpretado de várias formas.

 

Carolina Cordeiro na Artissima 2025.

17/out

Oval Lingotto Fiere, Turim

A Galatea anuncia sua participação na Artissima, que acontece em Turim, Itália, entre 31 de outubro e 02 de novembro. Em sua estreia na feira, a galeria apresenta um projeto solo da artista Carolina Cordeiro (Belo Horizonte, Brasil, 1983), cuja prática multidisciplinar abrange desenho, fotografia, vídeo, escultura e instalação, explorando sistemas simbólicos e a dimensão poética dos materiais a partir das tradições culturais e espirituais brasileiras.

Ocupando o estande Fuxia 2, na seção New Entries, Carolina Cordeiro apresenta um novo capítulo da série América do Sal (2021/2025), que consiste em uma instalação composta por uma grande trama de barbante de algodão da qual pendem pequenas trouxas de sal envoltas em tecido. Disposta paralelamente ao chão e atravessando o estande, a obra convida o público à interação, uma vez que se deve passar por debaixo dela para chegar à parede de fundo, onde outros trabalhos da série serão mostrados.

Monocromática, silenciosa e, ao mesmo tempo, dotada de forte carga simbólica, América do Sal estabelece diálogo com as artesanias de diferentes povos que formam a identidade brasileira, com práticas vinculadas às religiões afro-brasileiras, especialmente o Candomblé. As trouxas de sal remetem tanto aos patuás, que são amuletos de proteção, quanto aos banhos e rituais de limpeza, que sempre devem ser feitos do pescoço para baixo – a mesma medida corporal que define a altura da instalação.

 

Diambe exibe Echoes in the Present.

03/out

A Galeria Simões de Assis apresenta um projeto solo de Diambe na próxima edição da Frieze London, entre 15 e 19 de outubro no novo setor curado “Echoes in the Present” com curadoria de Jareh Das, The Regent’s Park, Park Square West. Esse setor busca fomentar conexões culturais entre artistas do Brasil, do continente africano e de suas diásporas.

Nascida em 1993 no Rio de Janeiro e atualmente radicada em São Paulo, Diambe desenvolve uma poética que articula escultura, coreografia, performance, pintura e vídeo, em obras que propõem a emergência de novos corpos e ambientes. Seu trabalho, atravessado por saberes diaspóricos, explora matérias vivas como tecidos, raízes alimentares e elementos vegetais, muitas vezes mimetizados em formas fabulatórias que tensionam a hierarquia entre natureza e humanidade.

Sobre a artista.

Diambe nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, 1993, é artista, pessoa negra e não binária que vive em São Paulo. Graduou-se em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com a Université Sorbonne Nouvelle e obteve mestrado em Artes da Cena na UFRJ. Seu corpo de trabalho é marcado pelo uso de matérias vivas, sendo recorrente o recurso de tecidos, raízes alimentares amefricanas, gravuras e coreografias que relacionam arquiteturas com movimentos espontâneos em elaborações plurais. Sua prática expande as noções de coreografia e escultura, desdobrando em instalações que também incorporam pinturas, filmes, têxteis e performances. Diambe explora possibilidades fabulativas de novos seres, elevando aspectos estéticos e ornamentais da natureza. Trata da materialidade ao lidar com o bronze e com formas reconhecíveis de povos diaspóricos, agora em novos arranjos, mimetizando outros seres ou criando novos integrantes de seu ambiente fabulado. Com esse processo criativo, são apresentadas criaturas que habitam uma natureza poderosa e autônoma, cujo poder sobrepuje o do ser humano e escape de uma ilusória situação de dominação. Atualmente se debruça em pesquisa sobre a transformação da paisagem, a diáspora alimentar e os arquivos antropológicos. 

 

Exposição de Lygia Pape na França.

30/set

Para coincidir com a Temporada Brasil-França 2025, a Bourse de Commerce – Coleção Pinault apresenta Weaving Space, a primeira exposição individual de Lygia Pape na França, importante artista brasileira de vanguarda, que estará em cartaz até 23 de fevereiro de 2026.

Nesta exposição, o público participa de uma viagem sensorial, a meio caminho entre a instalação, a abstração e a performance, uma imersão total num universo onde os materiais dão lugar às percepções. Conhecida por ter abalado profundamente os códigos da arte moderna, trata-se de uma arte viva e interativa, na qual o espetador se torna parte integrante da obra.

A instalação emblemática Ttéia 1, C dá as boas-vindas em uma sala mergulhada na semi-obscuridade, onde fios de cobre esticados como raios de luz flutuam no ar. Ao deambular por esta obra, os seus movimentos e a luz transformam a instalação: ela revela-se, desaparece, depois reaparece, sempre diferente. Aqui, o espaço torna-se matéria, estrutura e linguagem. O visitante é convidado a abrandar, a sentir, a tecer a sua própria relação com a obra.

Mas Tecendo o Espaço não pára por aí. A exposição leva o visitante a uma rica viagem aos primórdios de Lygia Pape, principalmente através de suas gravuras abstratas, base de sua linguagem visual. Esses primeiros trabalhos já revelam um desejo de romper com a passividade do olhar, recorrendo aos movimentos do corpo e ao jogo de luz. Um pouco mais adiante, pode explorar o majestoso Livre de la Nuit et du Jour (1963-1976), um diário visual da sua pesquisa sobre o tempo, o ritmo e os contrastes.

No Auditório, uma seleção de filmes experimentais prolonga esta experiência imersiva. Lygia Pape manipula as imagens como manipula o espaço: para ela, a arte não se limita a uma disciplina, mas abraça uma multiplicidade de meios para melhor questionar a vida, suas normas e suas tensões. Para quem se interessa pelo cruzamento entre arte contemporânea e compromisso social, estes filmes oferecem um olhar poderoso sobre um Brasil em plena transformação e uma artista que usou suas próprias armas para responder a um contexto político tenso.

Um lugar para experimentar a arte de forma diferente.

A exposição destina-se tanto aos amantes da arte contemporânea como aos curiosos que procuram uma nova experiência, tanto contemplativa como física. Em família, a dois ou com amigos, Weaving Space oferece um momento de suspensão, longe da agitação de Paris. No ambiente tranquilo da Bolsa de Comércio, a arte torna-se um jogo de reflexões, de presença e ausência, de vazio e tensão.

Quando em visita esta exposição, o visitante não estará olhando para uma obra de arte: estará caminhando através dela. Não estará à margem: estará envolvido, sendo chamado a interagir. Talvez esta seja a maior conquista de Lygia Pape: a ligação invisível, mas palpável, entre o artista, sua obra e o espectador.

 

Arte brasileira na Saphira & Ventura Gallery.

25/set

artista brasileiro Ezo, apresenta até 15 de outubro com obras que ressignificam materiais descartados e refletem sobre memória, consumo e futuro. Resíduos urbanos atravessam o Atlântico e ganham nova vida nas mãos do artista plástico contemporâneo Ezo, nascido no subúrbio do Rio de Janeiro, em Nilópolis. O  artista apresenta sua primeira exposição individual em Nova York na Saphira & Ventura Gallery, Manhattan, um dos espaços mais dinâmicos da cena de arte contemporânea internacional.

“O trabalho de EZO dialoga profundamente com o perfil contemporâneo da galeria ao  abordar temas relacionados à urbanidade, identidade e cultura de rua. Sua estética, que mistura elementos de descarte, do grafite e do cotidiano do subúrbio carioca, traz uma perspectiva moderna e inovadora”, destaca a curadora da Saphira & Ventura Gallery, Alcinda Saphira. 

Sobre o artista.

Ezo, é artista plástico, nascido em Nilópolis, Rio de Janeiro, RJ, cuja poética parte do reaproveitamento de materiais descartados como gesto de memória, crítica e reinvenção. Inspirada por experiências da infância, sua obra atravessa o campo da pintura e instalação, com forte presença visual. Em 2024, realizou a exposição individual A Arte do Belo Reuso no Parque Glória Maria, e integrou, em 2025, a coletiva Se Tudo Fosse Cinza, no Espaço Cultural Correios Niterói. Por meio do uso expressivo das cores, seu trabalho visa democratizar o acesso à arte e despertar o interesse por ela em todos os níveis da sociedade. A cultura popular brasileira também está presente em sua obra contemporânea, que, através da beleza e da cor, incentiva a autoestima e reforça o valor do povo ao se ver refletido na arte plástica. Em agosto de 2025, EZO apresentou a exposição individual “Pra tudo começar na quarta-feira”, no Canteiro, em Vila Madalena, São Paulo, reunindo obras criadas a partir de materiais descartados e inspiradas no Carnaval do Rio. De 16 a 23 de agosto, o público conferiu a energia, o ritmo e a crítica social presentes em seu trabalho, em uma mostra que celebra cor, movimento e criatividade.