Exposição de Guto Lacaz.

29/out

O Instituto Ling, bairro Três Figueiras, Porto Alegre, RS, apresenta “mezo-móbile: síntese do sublime e misterioso”, exposição individual de Guto Lacaz, artista consagrado com mais de cinco décadas de trajetória. Reconhecido por transformar objetos do cotidiano ao subverter suas funções usuais, estéticas ou arquitetônicas, Guto Lacaz também se destaca por suas instalações, performances e intervenções urbanas. Nesta mostra, o artista propõe uma instalação site specific inédita, concebida especialmente para dialogar com o espaço expositivo e com os visitantes do centro cultural. Na abertura da exposição, que acontece na terça-feira, 04 de novembro, às 19h, haverá uma conversa aberta ao público com o artista Guto Lacaz e sua filha, Nina Lacaz – convidada especial que atua no campo das artes com foco em pesquisa, curadoria e mercado. Para participar, basta fazer inscrição prévia e gratuita pelo site!

Mezo-móbile: síntese do sublime e misterioso.

Uma enorme placa de isopor ocupa o espaço expositivo; ela sobe e desce graças a roldanas, produzindo um movimento hipnótico que evoca um pulmão gigante em atividade. No centro dessa placa monumental, um espaço livre permite que pequenos grupos participem da instalação, criando momentos de proximidade entre desconhecidos que se encontram literalmente dentro da obra, enquanto ela respira ao seu redor. Mezo-móbile não nega a colaboração do visitante, mas a controla caprichosamente. Cinquenta anos depois de suas primeiras “máquinas de fazer nada”, Guto Lacaz cria uma instalação que oferece participação sob seus termos: a obra obriga o espectador a negociar – esperar que suba para atravessá-la, observar de fora enquanto desce, ou entrar no vão central e experimentar a respiração da sala ao redor do próprio corpo. A instalação simula um espaço expositivo convencional, mas perturba a fruição de forma provocativa. Subverte o conceito modernista do cubo branco – a própria galeria se torna obra e transforma sua arquitetura em arte. Não mais um receptáculo invisível, mas a protagonista da experiência. Aqui é o próprio cubo branco institucional que ganha vida autônoma e engole o espectador em seu vão, numa inversão conceitual que questiona décadas de convenções curatoriais. Mezo-móbile é, simultaneamente, irônico, democrático, sensível, impactante, tecnológico e cômico. Não há excessos, ornamentos ou efeitos gratuitos, apenas o movimento essencial que faz uma sala inteira ganhar vida. É essa capacidade de extrair o máximo poético do mínimo material que torna Mezo-móbile não apenas uma obra sobre cinquenta anos de uma carreira artística, mas demonstração prática de como essa carreira sempre operou: transformando o simples em sublime, o barato em precioso, o óbvio em misterioso.

Sobre Nina Lacaz.

Nina Lacaz nasceu em São Paulo, SP, 1995. É formada em Design de Moda pela FAAP-SP (2016) e atuou durante quase dez anos no setor, com destaque para o Estúdio Kant, sua marca autoral de estampas exclusivas inspiradas no Art Déco, no movimento neoconcreto brasileiro e em linguagens como Op Art e Arte Cinética. Em 2021, passa a atuar no mercado de arte contemporânea, integrando o departamento comercial de galerias paulistanas como Andrea Rehder Arte Contemporânea e Gomide&Co. Paralelamente, cursa especialização em Arte: Crítica e Curadoria pela PUC-SP (2023-2025), sob orientação do Prof. Dr. Fabio Cypriano. Sua monografia investiga a catalogação do acervo de Guto Lacaz, confrontando os desafios técnicos de documentar mais de cinco décadas de produção artística dispersa – entre intervenções urbanas, instalações site-specific, performances e objetos cinéticos – com as questões afetivas e metodológicas que emergem quando memória familiar e rigor documental se entrelaçam. Atualmente, atua na área comercial da Gomide&Co, em paralelo com a estruturação do primeiro inventário completo da obra de Guto Lacaz e o desenvolvimento de textos curatoriais.

Sobre o artista.

Guto Lacaz nasceu em São Paulo, SP, 1948. É arquiteto formado pela FAU de São José dos Campos (1974) e multiartista cuja produção transita entre intervenções urbanas, instalações site-specific, performances, ilustrações, objetos e design gráfico. Em 1978, o Prêmio Objeto Inusitado marca o início de sua carreira como artista visual, inaugurando uma trajetória dedicada às interações entre arte, humor, ciência e tecnologia. Sua obra integra a memória urbana paulistana, com trabalhos como “Auditório para Questões Delicadas” (1989), no lago do Parque Ibirapuera, “Periscópio” (1994), intervenção para o Arte Cidade II, “Adoraroda” (2017), no Largo da Batata, e os painéis “Quarta Revolução Industrial” (2018), na Avenida Paulista. Participou de exposições como a 18ª Bienal Internacional de São Paulo (1985) e a Gwangju Biennale (1995), além de individuais em instituições como MAM-SP, MASP, Pinacoteca do Estado de São Paulo e Chácara Lane. Em 2024, a retrospectiva “Guto Lacaz: Cheque-Mate”, com curadoria de Rico Lins e Kiko Farkas, ocupou três andares do Itaú Cultural, celebrando mais de 50 anos de produção artística ininterrupta e em plena atividade. Como ilustrador, colaborou com revistas como Caros Amigos, Wish Report e Joyce Pascowitch, além de publicar diversos livros. No design gráfico, criou logotipos, identidades visuais, capas de livros e cartazes, tornando-se membro da Alliance Graphique Internationale (AGI) em 2011. Entre seus prêmios destacam-se: Prêmio APCA (1988, 2007, 2017 e 2024, em diferentes categorias), Prêmio Abril de Jornalismo – Ilustração (1983, 1990, 1991), Bolsa Guggenheim (1995), indicação ao Prêmio PIPA (2016) e Prêmio ABCA Menção Honrosa (2024). Seu processo criativo, marcado pela influência da mecânica e eletrônica, foi tema do documentário “Guto Lacaz: um Olhar Iluminado” (2022).

A exposição estará em cartaz até 27 de dezembro, com visitação livre de segunda a sábado, das 10h30 às 20h. Visitas mediadas para grupos poderão ser agendadas previamente, sem custo, pelo site do centro cultural. Esta programação é uma realização do Instituto Ling e Ministério da Cultura / Governo Federal, com patrocínio da Crown Embalagens. 

 

Uma profusão de formas vegetais.

28/out

A exposição “Quando o corpo toca a terra”, da artista visual Beatriz Balen Susin, na Ocre Galeria, 4º Distrito, bairro São Geraldo, Porto Alegre, RS, tem curadoria de Paula Ramos, crítica e historiadora da arte, e apresenta 30 obras que retratam a Mata Atlântica em painel de 16m. de largura por 1,80cm. de altura. O painel impressiona pelo tamanho e, sobretudo, pela exuberância da pintura que contém. A mostra será aberta no dia  1º e permanecerá em cartaz até 29 de novembro.   

O painel é composto por 20 telas de 0,80cm de largura (e 1,80cm de altura), montadas lado a lado numa grande panorâmica. “Habitadas por uma profusão de formas vegetais, em uma paleta vívida e exuberante, as pinturas parecem exibir, progressivamente, um adensamento da experiência, como se fosse possível tatear a superfície das plantas, acompanhar o transporte da seiva, sentir a absorção das raízes, pulsar no ritmo da mata”, comenta a curadora, no texto de apresentação da mostra.

A exposição abriga ainda dez outras obras da artista sobre o tema da natureza. Cinco igualmente inspirados num trecho da Mata Atlântica em Santa Catarina e cinco, em papel, reproduzindo troncos de árvores de outros lugares. 

Doação física e ganho espiritual

A execução do trabalho ocupou a artista – que completará 79 anos – em dois turnos de maio a agosto passado. “Foi uma grande doação do meu corpo, mas espiritualmente representou o começo de muitas coisas. Do ponto de vista mental, me sinto jovem, tanto que quero fazer outros painéis. Não esmoreço, não me entrego. Tenho essa força, não desanimo jamais”, diz Beatriz Balen Susin. Ex-professora de Artes da Universidade de Caxias do Sul (UCS), RS,  – sua cidade natal -, ela se define como expressionista. “Sou movida pela emoção. Não planejo antes. Já saio com a tinta. Se desenhasse antes, gastaria a emoção. Adoro desenhar com o pincel, com gesto largo”. A cor é um capítulo à parte na sua atividade. “Pra mim, tudo funciona na base da cor. Tanto em paisagens como em figuras as cores vão entrando e mudando durante o processo de criação. Tenho essa mania de transformar as coisas em cores”.

A exposição coincide com a primeira COP realizada no Brasil. A Mata Atlântica, bioma presente em 17 estados do país, será um dos temas debatidos no maior evento das Nações Unidas sobre as mudanças do clima no planeta, em Belém (PA). O desafio do Brasil é alcançar o desmatamento zero em todos seus biomas até 2030, e a Mata Atlântica, por seu histórico de resistência e recuperação, pode ser o primeiro a atingir a meta. Como pessoa e artista intrinsicamente ligada à Natureza, Beatriz Balen Susin torce para que isso aconteça e para que todos possam conviver com a beleza da floresta preservada.  

 

Arte com vinho canônico e água benta.

27/out

O Instituto Ling, bairro Três Figueiras, Porto Alegre, RS, recebe o artista goiano Valdson Ramos para realizar uma intervenção artística inédita em uma das paredes da instituição. De 27 a 31 de outubro, o público poderá acompanhar gratuitamente a criação da nova obra, durante o horário de funcionamento do centro cultural. Será possível acompanhar, em tempo real, o processo criativo, as técnicas empregadas e os movimentos do artista. Após a finalização, o trabalho ficará exposto para visitação até o dia 27 de dezembro, com entrada franca.

No dia 1º de novembro, às 10h, o artista participará de um bate-papo com o público e o curador Paulo Henrique Silva, no qual comentará sua experiência, os resultados do projeto e compartilhará mais sobre sua pesquisa. A participação é gratuita. A atividade faz parte do projeto LING apresenta: Quando as fronteiras se dissolvem, com curadoria de Paulo Henrique Silva, que tem o objetivo de aproximar o Rio Grande do Sul da cultura do Centro-Oeste, trazendo artistas visuais da região para desenvolverem obras inéditas no centro cultural.

Sobre o artista

Valdson Ramos (Formoso, GO, 1972) é artista visual e arte-educador, graduado em Artes Visuais pela UFG e mestre em Ciências Sociais e Humanidades pela UEG. Suas obras exploram a iconografia religiosa brasileira, utilizando vinho canônico e água benta para refletir sobre questões contemporâneas. Participou de exposições em diversos espaços, como o Centro Cultural São Paulo (São Paulo, SP), Palácio das Artes (Belo Horizonte, MG) e o MAC (Goiás, GO). Entre suas premiações, destaca-se o 4° Salão Nacional de Pequenos Formatos do Museu de Arte de Britânia (2024). Vive e trabalha em Anápolis, GO.

Sobre o curador:

Paulo Henrique Silva (Anápolis, Goiás) foi aluno e professor na Escola de Artes Oswaldo Verano, mantida pela Prefeitura de Anápolis (GO), e graduou-se em Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Desde 2004, dedica-se à curadoria, com foco no estudo e na pesquisa da arte contemporânea produzida na Região Centro-Oeste do Brasil. Projetos recentes incluem as mostras Entre Acervos, Dialetos 1 e 2, Novas Aquisições, Um Acervo em Construção, Fotografia no Acervo do Mapa, Conversas – resistência e convergência e Vozes do Silêncio. Foi curador em mais de onze edições do Salão Anapolino de Arte e tem contribuído significativamente para a ampliação do acervo do MAPA e o fortalecimento da arte contemporânea no interior do Brasil. De 2020 a 2024, foi responsável pela Coordenação do Fundo Municipal de Cultura e Editais, Curadoria e Gestão do MAPA e da Galeria de Artes Antônio Sibasolly, em Anápolis. 

 

Sobre a água e seus diferentes biomas.

24/out

O Museu de Arte do Paço – MAPA apresenta a exposição “SOBRE ÁGUAS”, da artista Vera Reichert, cujas obras convidam o público à contemplação e à reflexão sobre a relação entre a água e seus diferentes biomas. Praticante de mergulho submarino, a artista revela a sua habilidade em capturar a essência dessa substância vital em suas mais diversas formas, inspirando-se em suas vivências no fundo do mar para nos alertar sobre a necessidade de preservação dos recursos hídricos e de se combater a poluição das águas.

Lançamento do catálogo da exposição “SOBRE ÁGUAS” de Vera Reichert

Curadoria de André Venzon

Dia 25 de outubro, às 10h

 

Do espaço privado para o espaço da galeria.

23/out

A exposição “Olhar de Colecionador: Laurita Karsten Weege”, apresentada na Simões de Assis Balneário Camboriú, SC, materializa o atravessamento entre o espaço expográfico da galeria e o olhar especializado da colecionadora, uma parceria que reconhece as contribuições significativas de Laurita Karsten Weege ao projetar um encantamento pela arte. 

Abraham Palatnik, Alberto da Veiga Guignard, Alfredo Volpi, Antonio Malta Campos, Ascânio MMM, Carlos Cruz-Diez, Cícero Dias, Eleonore Koch, Emanoel Araújo, Estúdio Campana, Flávio Cerqueira, Gonçalo Ivo, Julia Kater, Juan Parada, Mano Penalva, Marcos Coelho Benjamim, Paulo Pasta, Schwanke, Sergio Lucena, Siron Franco, Vik Muniz e Zéh Palito integram o conjunto de artistas apresentados.

A mostra apresenta o moderno e o contemporâneo, em uma proposta que transpõe o espaço privado da coleção para o espaço da galeria.

Até 20 de janeiro de 2026.

 

Panorama sobre a obra de Paulo Chimendes.

16/out

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS, instituição da Secretaria de Estado da Cultura do RS – Sedac, apresenta a exposição “Paulo Chimendes – A travessia do tempo”, evento aberto ao público. A mostra permanecerá em exibição até 04 de janeiro de 2026 no 2º andar do museu na Galeria Superior 1.

“A travessia do tempo” é uma homenagem que celebra a trajetória de Paulo Chimendes (Rosário do Sul/RS, 1953), um panorama da ampla produção desenvolvida pelo artista desde os anos 1970, focalizando alguns dos segmentos mais notabilizados de sua diversificada obra. São apresentados mais de 60 trabalhos, em sua maioria provenientes da coleção do próprio artista, juntamente a itens que integram o Acervo Artístico do MARGS.

Paulinho – como é carinhosamente conhecido no meio artístico – foi destacado como jovem artista ainda nos anos 1970, com inúmeros prêmios e participações em salões de arte, com trajetória estritamente relacionada ao aprendizado e às experiências a partir do Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre, onde ingressou aos 12 anos, em 1966, quando ainda funcionava no segundo andar do Mercado Público. Nesse ambiente, foi estimulado pelas lições e convívio com importantes professores e colegas, que figuram como nomes da história da arte sul-rio- grandense, a exemplo de artistas como Paulo Peres, Danúbio Gonçalves, Armando Almeida, Francisco Stockinger, Paulo Porcella, Clébio Sória, Vasco Prado e Fernando Baril.

O artista também tem a sua trajetória marcada pela atuação de décadas como técnico impressor de gravura, tendo colaborado com diversos outros artistas, como Alice Soares, Léo Dexheimer, Clara Pechansky e Mabel Fontana. Nesse trabalho, destaca-se o seu envolvimento com o MAM Atelier de Litografia de Porto Alegre, criado nos anos 1980 pelas artistas Maria Tomaselli, Anico Herskovits e Marta Loguercio, onde atuou junto a outros artistas, entre os quais nomes como Iberê Camargo, Francisco Stockinger e Vasco Prado. 

“A travessia do tempo” é resultado de mais de um ano de diálogo entre Chimendes e a equipe do Museu. A curadoria é de Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, e Cristina Barros, curadora-assistente. A exposição também conta com texto de apresentação escrito pela artista e amiga Maria Tomaselli.

 

Memórias em aquarelas das colônias de Gramado.

15/out

Guardião da Memória

Como forma de preservar as raízes e a identidade cultural da cidade de Gramado, RS, transformando o olhar artístico em herança coletiva, o Parque Olivas de Gramado adquiriu uma coleção de aquarelas que retratam o interior do município.  O acervo com 23 quadros é assinado pelo artista plástico Joaquim da Fonseca, e reproduz as belezas e arquitetura das colônias de Gramado, regiões que deram origem à cidade que hoje é um polo turístico do Brasil.

Com a aquisição das obras, o Olivas de Gramado ultrapassa o campo do turismo e da arte e assume o papel de guardião da memória de uma terra. Com a iniciativa, o empreendimento busca preservar para o futuro as raízes, paisagens e memórias que ajudaram a construir a identidade de Gramado.

“Nós do Olivas de Gramado, temos por essência, a valorização da nossa história, das nossas raízes, do legado deixado pelos nossos antepassados. A aquisição deste incrível acervo, retratado pelo talentoso mestre Joaquim da Fonseca, é de grande relevância para a preservação deste importante patrimônio histórico, tornando possível para as próximas gerações a contemplação da arte e o conhecimento sobre nossa verdadeira identidade cultural,” comenta o azeitólogo e sócio do Olivas de Gramado, André Bertolucci.

Uma cerimônia oficial de entrega das aquarelas foi realizada no Espaço Cultural do Olivas de Gramado, marcando o momento em que o acervo passa a integrar definitivamente o patrimônio artístico do parque. Mais que um evento, é um gesto simbólico de reconhecimento a importância das colônias que são um capítulo importante na história de Gramado, além de enaltecer a trajetória de um artista como Joaquim da Fonseca. O acervo ficará em cartaz até o dia 30 de novembro.

A palavra do curador.

“As 23 aquarelas de Joaquim da Fonseca reunidas nesta exposição são testemunhos sensíveis de um tempo fundador. Cada traço e transparência da cor guarda a memória das colônias de imigrantes italianos e alemães que deram origem à cidade de Gramado, na Serra Gaúcha”, resume o curador da exposição, Cézar Prestes, gestor cultural que há anos acompanha o trabalho do artista. “Selecionadas e apresentadas sob minha curadoria, estas obras transcendem o gesto artístico: tornam-se documento, herança e narrativa. O Olivas Gramado, ao acolher e tombar o conjunto de aquarelas, assegura que elas passem a habitar o futuro como guardiãs da história, preservando para sempre as raízes culturais da cidade”.

Sobre o artista.

O artista plástico, designer gráfico e professor universitário Joaquim da Fonseca é referência no cenário cultural gaúcho. Autor de livros sobre viagens e design gráfico, também se destacou como tradutor de obras internacionais de sua área. Aos 90 anos, o alegretense mantém intensa produção artística, tendo na aquarela sua principal forma de expressão. Sua obra registra paisagens litorâneas, urbanas e rurais, explorando os efeitos de transparência da técnica para transmitir sensações de profundidade e distância. Mais que imagens, suas aquarelas se tornaram um exercício de memória e documentação visual de lugares e costumes que marcam a identidade cultural do Rio Grande do Sul. “Encontrei na aquarela a possibilidade de registrar e documentar as impressões da paisagem que me interessa”, explica o artista.

 

Trajetória de Pedro Weingärtner.

14/out

“Detrás da tela”: trajetória do artista plástico gaúcho Pedro Weingärtner é tema de evento cultural em Porto Alegre. A nova edição do programa “Roda de Cultura” leva ao Espaço HPM o pesquisador Marco Aurélio Biermann.

Localizado no Centro Histórico de Porto Alegre, o Espaço Cultural do Hotel Praça da Matriz (HPM) recebe para mais uma edição de seu  tradicional programa “Roda de Cultura”, sempre com uma conversa descontraída entre o público e figuras-chave dos mais variados segmentos. O convidado da vez é Marco Aurélio Biermann, pesquisador da trajetória do pintor e gravador porto-alegrense Pedro Weingärtner (1853-1929). Intitulada “Pedro Weingärtner por detrás da tela”, a atividade é aberta a qualquer interessado e tem entrada gratuita, porém com vagas limitadas.

“Nossa conversa terá como foco aspectos menos conhecidos da vida e obra de Weingärtner, que circulou pela efervescente cena cultural europeia da virada do século 19 para o 20, pintando na Alemanha, Itália e França”, ressalta Biermann, que há mais de 20 anos se dedica ao tema. “Ele foi o primeiro artista plástico gaúcho de projeção internacional, em uma época na qual o Rio Grande do Sul sequer tinha galerias de arte.”

 

Intervenção artística no Museu Emílio Goeldi.

10/out

“O museu é o mundo”, anunciou o tropicalista Hélio Oiticica. 

Em “Um rio não existe sozinho”, o museu é a própria Natureza. A mostra coletiva – em parceria com o Instituto Tomie Ohtake – transforma o Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, Pará, uma instituição centenária e referência na produção de ciência na Amazônia,  em um percurso de arte viva. A mostra segue em cartaz até o dia 30 de dezembro, com obras inéditas de nove artistas, e propõe uma experiência imersiva onde as obras se misturam à fauna e flora, conectando ciência, meio ambiente e arte contemporânea para ecoar vozes dos povos da floresta e a mensagem urgente de preservação da maior floresta tropical do planeta.

“Esta ilha de biodiversidade existe em um planeta em colapso. Não é escapismo, é um lembrete do que está em jogo”, afirma Sabrina Fontenele, curadora do Instituto Tomie Ohtake. “A floresta não é cenário, é sujeito político ativo e pulsante”, completa Vânia Leal, curadora convidada.

Sobre as obras e os artistas.

A mostra é o resultado de um longo processo de imersão, que envolveu viagens de pesquisa e encontros entre artistas, mestres tradicionais, cientistas, arquitetos e ativistas. “Um rio não existe sozinho” reúne obras que exploram a relação profunda entre natureza, cultura e memória. Sallisa Rosa, de Goiás, traz uma instalação em barro que resgata o ciclo entre terra e água, enfatizando o cuidado essencial com os rios que nos conectam. Já Rafael Segatto, do Espírito Santo, utiliza remos e cores para criar uma cartografia afetiva que remete às memórias e espiritualidades do mar, apontando caminhos invisíveis que nos guiam. No Pará, o artista PV Dias propõe um vídeo mapping que sobrepõe imagens históricas do acervo do Museu Emílio Goeldi com registros atuais, revelando as marcas ambientais que insistimos em ignorar. Noara Quintana, de Santa Catarina, chama atenção para a fragilidade do ecossistema ao recriar espécies ameaçadas a partir de registros antigos, enquanto Elaine Arruda, também do Pará, narra em sua obra a travessia de três gerações ao longo do Rio Tijuquaquara, bordando memórias femininas na dança das marés. A crise climática ganha formas visuais nas paisagens térmicas de Mari Nagem, de Minas Gerais, que transforma dados da seca histórica de 2023 no Lago Tefé em um alerta urgente. O ativismo indígena se manifesta nas instalações de Gustavo Caboco, do povo Wapichana, que desafia nomes coloniais como o da vitória-régia para reivindicar memória e território. Déba Tacana, de Rondônia, conecta ancestralidade e futuro por meio da cerâmica e do vidro fundido, refletindo sobre direitos humanos e meio ambiente. Francelino Mesquita utiliza materiais naturais como o miriti para criar esculturas que simbolizam a luta pela preservação da floresta e os saberes ancestrais, ressaltando que, apesar da leveza da matéria, a mensagem é pesada: sem floresta, não há futuro.

 

Macaparana é o novo artista representado.

09/out

A Simões de Assis São Paulo, Curitiba e Balneário Camboriu, SC, anuncia a representação de Macaparana (n. 1952). José de Sousa Oliveira Filho, pintor e escultor, tornou-se mais conhecido como Macaparana, nome artístico adotado em referência à cidade onde nasceu, no interior de Pernambuco, a 120 km da capital do estado.

Sua obra se desenvolve em diferentes suportes, como papel, tela, madeira, acrílico, vidro e cerâmica. A geometria, ora reta, ora curvilínea, dá forma à triângulos, quadrados, retângulos, hexágonos e formas inventadas, que se articulam e se repetem em suas composições visuais. O artista opera a linha do desenho projetada no espaço, estabelecendo um diálogo entre o bidimensional e o tridimensional em uma geometria não rígida, influenciada por Torres García e marcada por uma abordagem espontânea e investigativa do gesto. 

Seu trabalho está presente nas coleções do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM, São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu de Arte Contemporânea MAC – USP, São Paulo; Museu de Arte Brasileira Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, São Paulo e Fundação Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto.