O grande intérprete do Amor e da Modernidade.

20/out

Para celebrar a vida e o legado do poeta Vinícius de Moraes, que completaria 112 anos, o Museu de Arte do Rio (MAR) abriu a exposição “Vinicius de Moraes – por toda a minha vida” que ficará em cartaz até 03 de fevereiro de 2026.

Com curadoria de Eucanaã Ferraz e Helena Severo, a mostra reúne mais de 300 itens entre manuscritos, fotografias históricas, vídeos, livros raros, capas de discos, objetos e documentos pessoais, instrumentos musicais, esculturas e obras de arte de artistas amigos de Vinicius. 

“Vinicius de Moraes foi um dos construtores do Brasil moderno – aquele que se reconhece na poesia, na música, no afeto e na liberdade. Sua obra atravessa o século vinte como um fio de beleza e humanidade, revelando um país que aprendeu a cantar o amor e a emoção. Nesta exposição propomos um percurso sensível por sua vida e criação, pela alegria e delicadeza com que soube transformar o cotidiano em arte”; analisa a curadora Helena Severo.

A mostra propõe uma viagem afetiva e estética pela vida e pela obra de Vinicius de Moraes – o poeta, diplomata, dramaturgo, jornalista, compositor e cantor que marcou a cultura brasileira do século XX. Organizada em núcleos temáticos, a exposição percorre seus principais eixos de criação: a música, a poesia, o teatro, as artes visuais e as cidades que fizeram parte de sua trajetória.

Entre os grandes destaques está o espaço dedicado a “Orfeu da Conceição” (1956), peça teatral que inaugurou a parceria de Vinicius de Moraes com Tom Jobim. O núcleo apresenta croquis originais de figurinos de Lila Bôscoli e Carlos Scliar, cartazes de divulgação de Djanira, Scliar e Luiz Ventura, fotografias de José Medeiros registrando os ensaios da montagem e um desenho em alto-relevo de Oscar Niemeyer para o cenário do espetáculo, que estreou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O público poderá conferir alguns instrumentos como o piano, utilizado em parcerias como a série “Os afro-sambas” (1966), com Baden Powell, também foi tocado por Tom Jobim durante ensaios da peça “A invasão” (1962), de Dias Gomes.

A mostra traz ainda obras inéditas, como gravuras e desenhos de Lasar Segall, Guignard, Di Cavalcanti, Carlos Leão, Oswaldo Goeldi, Augusto Rodrigues e Dorival Caymmi. Entre os destaques, está o quadro “Retrato de Vinicius de Moraes” (1938), de Cândido Portinari. As artes plásticas e visuais reafirmam a convivência de Vinicius de Moraes com grandes nomes de sua geração. Estão reunidas obras de Portinari, Guignard, Pancetti, Santa Rosa, Cícero Dias, Dorival Caymmi, Carybé e Carlos Scliar, artistas que foram amigos próximos do poeta.

“Vinicius de Moraes – por toda a minha vida” reafirma o legado do poeta como um dos grandes intérpretes do amor e da modernidade, cuja obra permanece viva e presente. Para além de sua produção literária e musical, a exposição evidencia o homem que viveu intensamente as transformações culturais e comportamentais de seu tempo, ajudando a moldar a sensibilidade brasileira.

 

No Museu Chácara do Céu.

16/out

“O Rio de Ciro: A Cidade em Xilogravuras” pelo olhar de Ciro Fernandes.

Retratando a cidade maravilhosa através da força da arte nordestina, o Museu Chácara do Céu, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, abre as portas para a exposição “O Rio de Ciro: A Cidade em Xilogravuras”, celebrando a trajetória do artista plástico Ciro Fernandes e a sua paixão pelo Rio de Janeiro. A exposição, que permanecerá em cartaz até 30 de janeiro de 2026, se dá por meio de 76 obras autorais que transitam entre a técnica milenar da xilogravura e demais estilos, como pinturas, calcogravuras, litogravuras e nanquim. Obras que dialogam com as narrativas populares do nordeste e revelam a versatilidade do xilogravador, pintor, ilustrador, escritor e luthier, Ciro Fernandes, em diferentes linguagens visuais

Durante o vernissage, no sábado, 18 de novembro, os convidados poderão desfrutar de uma apresentação do violonista e compositor Jean Charnaux, trazendo a sonoridade carioca em diálogo com a experiência visual de Ciro Fernandes, com direito a uma vista deslumbrante da cidade do Rio de Janeiro.

Distribuindo as obras em diferentes núcleos temáticos, a mostra inicia com “O Rio de Ciro: um Caso de Amor”, que retrata a chegada do artista ao Rio de Janeiro e sua paixão pela Cidade Maravilhosa, com obras que capturam o ciclo urbano e cotidiano dos cariocas. O núcleo seguinte da mostra, “Lapa e Seus Mistérios”, revela a atmosfera boêmia e cultural do bairro, destacando figuras icônicas como Madame Satã e eternizando a diversidade e a essência das ruas da cidade.

A exposição segue conectando às raízes nordestinas por meio dos núcleos “A Tradição Cordelista Chega à Cidade Maravilhosa”, que narra a forma como o artista retomou a xilogravura nos cordéis urbanos da capital; e “A Natureza Exuberante de Ciro” (Sala Imersiva), que transporta os visitantes para dentro de uma sala de vidro com obras do artista em formato de “lambe-lambes” e adesivos, permitindo que as obras dialoguem com a vista panorâmica do Rio de Janeiro. Integrando diferentes formatos, a exposição não se restringe apenas a xilogravura, podendo também ser apreciadas as pinturas em tinta acrílica sobre tela; calcogravuras e litogravuras; ilustrações; artes em nanquim; além de capas de cordéis, LPs, matérias de jornal e livros de grandes escritores ilustrados pelo artista. 

O público poderá se inspirar e imergir no cenário criativo de Ciro Fernandes, a partir da exibição de suas ferramentas de trabalho, como a prensa, materiais de entalhe e as matrizes de madeira das obras. Tais instrumentos auxiliaram a ditar as dimensões variadas das obras, sendo a menor com proporções de 28 x 32cm e a maior com 90 x 220cm. Como medida de democratização do acesso à cultura, a exposição contará com quatro oficinas programadas para crianças de escolas públicas da região de Santa Teresa. Usando gravuras de material reciclado (Tetrapack), os workshops trarão atividades lúdicas e culturais para as crianças, abordando a natureza do Rio de Janeiro e buscando a representação dos pássaros da cidade, à espelho do que inspira Ciro Fernandes.

“O Rio de Ciro: A Cidade em Xilogravuras” tem curadoria de Mariana Lannes, diretora de produção cultural e idealizadora de projetos artísticos, com atuação nacional em música, artes visuais, cultura popular e impacto social; além de Alessandro Zoe, fundador do escritório de gestão artística CRIVO, somando mais de 8 anos de experiência à frente de produções culturais em teatro, música e artes visuais

Sobre o artista.

Desde criança, Ciro Fernandes se encantou pelo desenho e pela arte, imerso na cultura dos cordéis e na tradição da xilogravura popular do sertão da Paraíba, desenvolvendo suas habilidades como gravurista. Ao longo da vida, o artista viveu em diferentes cidades do Brasil, como Natal e São Paulo, mas encontrou seu verdadeiro lar no Rio de Janeiro, onde se apaixonou pelas belezas da cidade, incluindo sua natureza exuberante, o Carnaval, as ruas do centro e da Lapa, e pelo efervescente movimento cultural do bairro. No auge dos 83 anos, Ciro Fernandes é um dos grandes nomes da cena artística brasileira, sendo considerado um patrimônio da xilogravura no país. 

 

A exposição, fica em cartaz até o dia 30 de janeiro de 2026

 

Panorama sobre a obra de Paulo Chimendes.

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS, instituição da Secretaria de Estado da Cultura do RS – Sedac, apresenta a exposição “Paulo Chimendes – A travessia do tempo”, evento aberto ao público. A mostra permanecerá em exibição até 04 de janeiro de 2026 no 2º andar do museu na Galeria Superior 1.

“A travessia do tempo” é uma homenagem que celebra a trajetória de Paulo Chimendes (Rosário do Sul/RS, 1953), um panorama da ampla produção desenvolvida pelo artista desde os anos 1970, focalizando alguns dos segmentos mais notabilizados de sua diversificada obra. São apresentados mais de 60 trabalhos, em sua maioria provenientes da coleção do próprio artista, juntamente a itens que integram o Acervo Artístico do MARGS.

Paulinho – como é carinhosamente conhecido no meio artístico – foi destacado como jovem artista ainda nos anos 1970, com inúmeros prêmios e participações em salões de arte, com trajetória estritamente relacionada ao aprendizado e às experiências a partir do Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre, onde ingressou aos 12 anos, em 1966, quando ainda funcionava no segundo andar do Mercado Público. Nesse ambiente, foi estimulado pelas lições e convívio com importantes professores e colegas, que figuram como nomes da história da arte sul-rio- grandense, a exemplo de artistas como Paulo Peres, Danúbio Gonçalves, Armando Almeida, Francisco Stockinger, Paulo Porcella, Clébio Sória, Vasco Prado e Fernando Baril.

O artista também tem a sua trajetória marcada pela atuação de décadas como técnico impressor de gravura, tendo colaborado com diversos outros artistas, como Alice Soares, Léo Dexheimer, Clara Pechansky e Mabel Fontana. Nesse trabalho, destaca-se o seu envolvimento com o MAM Atelier de Litografia de Porto Alegre, criado nos anos 1980 pelas artistas Maria Tomaselli, Anico Herskovits e Marta Loguercio, onde atuou junto a outros artistas, entre os quais nomes como Iberê Camargo, Francisco Stockinger e Vasco Prado. 

“A travessia do tempo” é resultado de mais de um ano de diálogo entre Chimendes e a equipe do Museu. A curadoria é de Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, e Cristina Barros, curadora-assistente. A exposição também conta com texto de apresentação escrito pela artista e amiga Maria Tomaselli.

 

Homenagem com painel em mosaico.

Exposição Mosaico Getúlio Marinho, o Amor, celebra pioneiro da música afro-brasileira com painel de mosaicos na Pequena África.

O Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica apresenta até 15 de novembro, a exposição Mosaico Getúlio Marinho, o Amor, que apresenta ao público pela primeira vez o painel de ladrilhos em homenagem a Getúlio Marinho da Silva (1889-1964), conhecido como Amor, pioneiro na gravação de cânticos de religiões de matriz africana. A mostra, sob curadoria de Marco Antonio Teobaldo, marca um momento inédito: o painel criado pelos artistas John Souza e Natalia Reyes Najle, do Ateliê Cosmonauta Mosaicos, será exibido no espaço cultural antes de sua instalação permanente na região da Pequena África, território que compreende os bairros da Gamboa, Saúde e Santo Cristo.

Um pioneiro da resistência cultural

Getúlio Marinho entrou para a história da música brasileira em 1930, quando gravou ao lado de Mano Elói e acompanhado pelo Conjunto Africano os primeiros registros fonográficos de cânticos rituais afro-brasileiros pela gravadora Odeon. O disco Macumba (Ponto de Ogum) representou um ato de coragem e insurgência em plena era de perseguição sistemática às religiões de matriz africana, quando terreiros eram invadidos, atabaques apreendidos e praticantes criminalizados. Baiano radicado no Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX, homem negro, músico e mestre-sala, Amor transformou o disco em território de liberdade e afirmação identitária, desafiando o projeto de apagamento sistemático das culturas negras no Brasil.

Memória e pertencimento

A escolha da Pequena África para instalação permanente do painel não é casual. Batizada pelo sambista Heitor dos Prazeres, essa região foi o coração pulsante da diáspora africana no Rio de Janeiro. Ali, onde funcionou o Cais do Valongo, onde a Pedra do Sal se tornou quilombo urbano e nasceu o samba carioca, a memória de Getúlio Marinho encontra seu lugar de pertencimento. A exposição vai além da celebração, propondo uma reflexão urgente sobre os silenciamentos históricos. O patrimônio construído por Getúlio Marinho é apresentado ao lado de matérias jornalísticas preconceituosas da época, publicadas durante as batidas policiais realizadas no mesmo período em que o compositor revolucionava a indústria fonográfica com seus cânticos de macumba.

Arte como reparação

A técnica do mosaico, com seus fragmentos cuidadosamente dispostos para formar uma imagem coesa, oferece uma metáfora perfeita para a própria trajetória de Getúlio Marinho. Cada ladrilho representa uma nota, um ponto cantado, uma memória que o trabalho paciente da pesquisa e da arte recompõe, devolvendo dignidade e visibilidade a quem sempre esteve presente, mas permaneceu invisibilizado pelas narrativas hegemônicas. “Esta exposição é um gesto de reparação simbólica e um compromisso com o futuro”, afirma o curador Marco Antonio Teobaldo. Ao instalar o painel na região onde existiam terreiros invadidos pela polícia, reafirmamos que a memória é campo de disputa e que o espaço público deve refletir a diversidade e a complexidade de nossa formação cultural.

 

Intervenção artística no Museu Emílio Goeldi.

10/out

“O museu é o mundo”, anunciou o tropicalista Hélio Oiticica. 

Em “Um rio não existe sozinho”, o museu é a própria Natureza. A mostra coletiva – em parceria com o Instituto Tomie Ohtake – transforma o Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, Pará, uma instituição centenária e referência na produção de ciência na Amazônia,  em um percurso de arte viva. A mostra segue em cartaz até o dia 30 de dezembro, com obras inéditas de nove artistas, e propõe uma experiência imersiva onde as obras se misturam à fauna e flora, conectando ciência, meio ambiente e arte contemporânea para ecoar vozes dos povos da floresta e a mensagem urgente de preservação da maior floresta tropical do planeta.

“Esta ilha de biodiversidade existe em um planeta em colapso. Não é escapismo, é um lembrete do que está em jogo”, afirma Sabrina Fontenele, curadora do Instituto Tomie Ohtake. “A floresta não é cenário, é sujeito político ativo e pulsante”, completa Vânia Leal, curadora convidada.

Sobre as obras e os artistas.

A mostra é o resultado de um longo processo de imersão, que envolveu viagens de pesquisa e encontros entre artistas, mestres tradicionais, cientistas, arquitetos e ativistas. “Um rio não existe sozinho” reúne obras que exploram a relação profunda entre natureza, cultura e memória. Sallisa Rosa, de Goiás, traz uma instalação em barro que resgata o ciclo entre terra e água, enfatizando o cuidado essencial com os rios que nos conectam. Já Rafael Segatto, do Espírito Santo, utiliza remos e cores para criar uma cartografia afetiva que remete às memórias e espiritualidades do mar, apontando caminhos invisíveis que nos guiam. No Pará, o artista PV Dias propõe um vídeo mapping que sobrepõe imagens históricas do acervo do Museu Emílio Goeldi com registros atuais, revelando as marcas ambientais que insistimos em ignorar. Noara Quintana, de Santa Catarina, chama atenção para a fragilidade do ecossistema ao recriar espécies ameaçadas a partir de registros antigos, enquanto Elaine Arruda, também do Pará, narra em sua obra a travessia de três gerações ao longo do Rio Tijuquaquara, bordando memórias femininas na dança das marés. A crise climática ganha formas visuais nas paisagens térmicas de Mari Nagem, de Minas Gerais, que transforma dados da seca histórica de 2023 no Lago Tefé em um alerta urgente. O ativismo indígena se manifesta nas instalações de Gustavo Caboco, do povo Wapichana, que desafia nomes coloniais como o da vitória-régia para reivindicar memória e território. Déba Tacana, de Rondônia, conecta ancestralidade e futuro por meio da cerâmica e do vidro fundido, refletindo sobre direitos humanos e meio ambiente. Francelino Mesquita utiliza materiais naturais como o miriti para criar esculturas que simbolizam a luta pela preservação da floresta e os saberes ancestrais, ressaltando que, apesar da leveza da matéria, a mensagem é pesada: sem floresta, não há futuro.

 

Festival Internacional de Arte Naif em Brasília.

09/out

Com entrada gratuita, a sexta edição do Festival Internacional de Arte Naif (FIAN) chegou à CAIXA Cultural Brasília, até 07 de dezembro, reunindo 96 trabalhos de artistas de 20 estados brasileiros e de 15 países. O termo “Arte Naïf”, de origem francesa, remete à ideia de arte ingênua, popular. Essa manifestação artística valoriza temas cotidianos e manifestações culturais em obras coloridas, frequentemente produzidas por artistas autodidatas. O FIAN se firma como um movimento de fortalecimento da estética Naïf, ainda pouco reconhecida pelo sistema formal artístico. Com um caráter não hegemônico, o festival propõe uma abertura de espaço e de discurso para artistas que retratam, com autenticidade, o cotidiano, a religiosidade, a cultura e as memórias coletivas.

A curadoria desta edição é assinada por Jaqueline Finkelstein (ex-diretora do Museu Internacional de Arte Naïf – MIMAN/RJ), Jacques Dupont (colaborador do Museu Internacional de Arte Naïf de Magog, Canadá) e Pedro Cruz (sócio fundador da Galeria André Cunha de Arte Naï, Paraty, RJ), que selecionaram os trabalhos a partir de critérios como originalidade, qualidade plástica, caráter autoexplicativo e fidelidade à estética Naïf.

Idealizado e coordenado pelo artista paraibano Adriano Dias, o FIAN já é referência no cenário artístico, reunindo nomes de diferentes gerações e países. “O festival consiste em uma plataforma de visibilidade para a arte Naïf, uma linguagem que fala de pertencimento, memória e identidade. Nosso compromisso é dar voz a essa produção que, apesar de sua força, segue invisibilizada em muitos espaços institucionais”, afirma Adriano Dias. A sexta edição do FIAN presta homenagem à artista carioca Vera Marina, radicada em Brasília e reconhecida por sua trajetória dedicada à arte Naïf. O evento de abertura foi realizado em 08 de outubro e contou com a presença de nomes nacionais e internacionais, como o venezuelano Maldonado Dias, o idealizador Adriano Dias e a homenageada Vera Marina, reforçando o caráter plural e coletivo do festival.

 

Finissage com ação performática.

08/out

pós uma trajetória de intensa visitação e repercussão no MIS – Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, a instalação Tangências/Alumbramento, de Elisa Stecca e Willy Biondani, chega ao fim com uma ação performática neste sábado, 11 de outubro. A proposta encerra o percurso iniciado em julho, quando os artistas transformaram a sala Maureen Bisilliat em um ambiente de experimentação estética e sensorial sobre o diálogo entre arte e natureza.

O encerramento celebra esse mesmo espírito de transbordamento. Sob orientação de Marisa Lambert, as artistas Fetú, Jenniffer Aquino, Rafaela Tonela e Rosa Morena – integrantes do Curso de Dança e da Pós-Graduação em Artes da Cena do Instituto de Artes da Unicamp – realizam uma performance de improvisação inspirada nas formas e movimentos da natureza. A ação, que utiliza a própria ambientação sonora da instalação, propõe novas relações entre corpo, som e espaço, integrando-se às obras e ao público como um último gesto de encantamento e alumbramento. Serão duas apresentações, às 15h e às 16h30, com duração aproximada de 17 minutos cada, sujeitas à lotação da sala. A performance encerra também um ciclo de desdobramentos do projeto, que incluiu o lançamento de uma caixa de imagens e catálogo em edição limitada, concebida como extensão material da experiência expositiva. Entre o sonho e o concreto, Tangências/Alumbramento reafirma o poder da arte de despertar sentidos, expandir fronteiras e renovar o olhar sobre a natureza e o tem

Um dos maiores nomes da fotografia brasileira.

A Unibes Cultural apresenta ao público até 26 de outubro a exposição “Exteriores”, do consagrado fotógrafo brasileiro Bob Wolfenson. Composta por um conjunto de 53 fotografias, de média e grandes dimensões, a mostra apresenta uma crônica visual da diversidade humana, revelando corpos em movimento, expressões passageiras e instantes únicos capturados nas ruas de diferentes cidades ao redor do mundo.

Ao longo de cinco décadas de carreira, Bob Wolfenson consolidou-se como um dos maiores nomes da fotografia brasileira, conhecido por seus retratos de personalidades, imagens de moda e produções em estúdio. Em “Exteriores”, ele percorre o caminho oposto ao controle do ambiente fechado e mergulha na imprevisibilidade do espaço público, de tudo que lhe é “exterior”. O olhar do fotógrafo se volta para o acaso, para o fluxo das cidades e seus habitantes anônimos – pessoas atravessando faixas, distraídas em pensamentos ou em contato breve com a câmera.

Nas palavras do artista, fotografar do lado de fora é um exercício de intuição: “quase sempre, o fotógrafo não saberá previamente o que se tornará alvo de seu interesse quando estiver em campo”. Assim como um escritor que anota ideias em um caderno, Bob Wolfenson transforma sua câmera em ferramenta de observação e descoberta, em um gesto que combina o instinto do viajante com a curiosidade do cronista.

“Exteriores” é um fragmento de uma história, da construção e investigação de um vocabulário fotográfico. Trata-se do processo de autodecodificação do personagem-fotógrafo e do percurso narrativo que ele, intuitivamente, traçou ao longo da vida. Esses recortes de memória atravessam as entranhas das cidades, percorrem ruas sem itinerário aparente, transitam por naturezas lúdicas, desertos imaginários e cenas antagônicas, resultando em estados de intensa carga emocional e certa vulnerabilidade.

Sobre o artista.

Nascido em São Paulo, SP, em 1954, Bob Wolfenson iniciou sua trajetória profissional aos 16 anos como assistente de fotografia no estúdio da Editora Abril, sob a direção de Chico Albuquerque. Ao longo de mais de cinco décadas, consolidou-se como uma referência nacional em retratos, fotografia de nus e de moda, transitando habilmente entre projetos artísticos e publicidade. Suas obras integram acervos de importantes instituições, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Entre os momentos marcantes de sua carreira estão: Jardim da Luz (Masp, 1996); Antifachada – Encadernação Dourada (MAB/FAAP, 2004) e Retratos (Espaço Cultural Porto Seguro, 2018).

Sobre a curadora. 

Ana Tonezzer é formada em Comunicação com habilitação em Cinema pela FAAP. Atua como assistente de fotografia no Estúdio Bob Wolfenson, onde também contribui com a digitalização e edição de acervos fotográficos e projetos expositivos. Possui experiência em direção de arte, figurino e produção executiva em filmes, videoclipes e exposições. Trabalhou com artistas como Vincent Catala e participou de mostras como Sub/Emerso (SENAC) e África em São Paulo (Museu da Imigração). Desenvolve projetos de comunicação visual, web design e gestão de redes sociais para marcas e instituições culturais. É fluente em inglês e possui domínio de ferramentas como Adobe Photoshop, Premiere, InDesign e WordPress.

Sobre a autoria do projeto expográfico.

André Vainer é arquiteto e urbanista formado pela FAU-USP, com ampla atuação em projetos culturais, especialmente em mostras de arte e fotografia. Foi responsável pelo projeto expográfico de diversas edições do Festival SESC_Videobrasil e de exposições como Retratos, de Bob Wolfenson, Otto Stupakoff, Infinito Vão e Memórias Inapagáveis, além de contribuir para a reforma do Solar do Unhão, sede do MAM-BA. Seu trabalho se destaca pela sensibilidade ao espaço e à narrativa expositiva, valorizando a interação entre público, obra e arquitetura. Também atua como professor na Escola da Cidade, mantendo diálogo constante entre prática e reflexão sobre arquitetura e cultura.

 

Bruno Novelli no Museu Inimá de Paula.

07/out

Uma narrativa visual rica e envolvente.

A Galatea tem o prazer de compartilhar que o artista Bruno Novelli (Fortaleza, 1980) fará a sua maior exposição individual, “Sol de ouro”, no Museu Inimá de Paula, em Belo Horizonte, MG. A mostra, que acontece de 10 de outubro a 30 de novembro, revela o universo híbrido do artista, onde fauna e flora se fundem em 27 composições tropicais, idílicas e fantásticas.

Entre realidade e imaginação, Bruno Novelli nos conduz a paisagens imersivas que vibram em cores cintilantes, criando atmosferas de encantamento e exuberância. As obras expostas, datadas desde 2012 até produções mais recentes, seguem referências que vêm desde o bestiário da pintura medieval, do Renascimento, passando por expoentes da chamada “arte popular”, do Surrealismo e da Pop Arte.

O curador Thierry Freitas, que assina o texto crítico da exposição, escreve: “A prática de Bruno Novelli insiste na pintura como linguagem e veículo, apostando em sua capacidade de renovar imaginários e despertar novas percepções sobre nosso lugar em relação ao todo que nos envolve. Como numa experiência sensorial, suas obras nos convidam a explorar um mundo híbrido, em que a natureza não é apenas cenário, mas protagonista de uma narrativa visual rica e envolvente, na qual realidade e fantasia se entrelaçam com a exuberância da vida.”

 

Paixão por movimento.

06/out

Artista francês mostra sua paixão por movimento a partir dos “giros” de Elis Regina e das formas de Iberê Camargo. Vencedor do Prêmio Aliança Francesa de Arte Contemporânea 2025, Tom Brabant abre “Elíptico 33 rpm” no Museu de Arte do Paço, Porto Alegre, RS.

No dia 15 de outubro, a Aliança Francesa de Porto Alegre, a Fundação Iberê e a Secretaria da Cultura de Porto Alegre, por meio da coordenação de Artes Visuais, inauguram a exposição “Elíptico 33 rpm”, do artista francês Tom Brabant. A mostra, resultado da residência artística de Brabant na Casa Iberê, com orientação de Eduardo Haesbaert, que foi impressor de Iberê Camargo, abrirá no Museu de Arte do Paço (MAPA) e pode ser visitada até dia 16 de janeiro de 2026.

“Deslizar é um movimento, uma transição entre dois estados e, às vezes, entre dois mundos. Por exemplo, eu o situo entre o florescimento e o desaparecimento das coisas, flutuando entre a inspiração e a expiração de um movimento, onde posso livremente contornar, explorar e subverter os assuntos que me interessam. A partir daí, meus projetos nascem, na maioria das vezes, de analogias e montagens de ideias nas quais tento fazer coexistir duas realidades aparentemente incompatíveis. Jogos de palavras – presentes em meus títulos – e efeitos visuais são os brilhos da minha prática, oferecendo aos espectadores a oportunidade de prestar atenção a imagens residuais, impressões fantasmagóricas e encenações ilusórias”, destaca o artista.

“Elíptico 33 rpm” é inspirada em duas forças da arte brasileira muito presentes na vida de Tom Brabant: Iberê Camargo e Elis Regina. A exposição é composta por uma série de pequenas gravuras, duas outras gravuras de grandes dimensões, uma obra de Iberê Camargo, um vídeo editado pelo próprio artista sobre Elis Regina e a instalação de um disco girando a fim de transmitir o movimento infinito da cantora.

“Ao pesquisar a obra Iberê, fiquei impressionado com seu interesse por objetos em movimento: os carratéis de sua infância, as pipas e, especialmente, os ciclistas. Nessa perspectiva, experimentei na gravura essa ideia de laços, repetições (sobreposições) e também de “fantasma”. O segundo encontro foi com Elis Regina. Quando aprendi seus apelidos, como “Hélice Regina” e “Eliscóptero”, imaginei imediatamente o que poderia restar de sua energia rotatória, o que pode gravar em nossa memória – as lembranças de seus gestos – de sua existência quase mítica”, conta Tom Brabant.

A residência cruzada acontece no âmbito do 8º Prêmio Aliança Francesa de Arte Contemporânea, que também selecionou a artista brasileira Gabriela Stragliotto (Galópolis/Caxias do Sul) para uma residência artística no Centre Intermondes de La Rochelle entre 29 de novembro a 28 de janeiro de 2026. O Prêmio Aliança Francesa de arte contemporânea é realizado pela Aliança Francesa Porto Alegre, o Ministério da Cultura e a Fundação Iberê Camargo. Patrocinado pela empresa TIMAC AGRO, recebe o apoio da Casa Iberê, do centro Intermondes – Humanidades Oceânicas, do Consulado geral da França em São Paulo e da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

Sobre o artista.

Artista interdisciplinar, Tom Brabant concluiu seus estudos na École des Arts Décos de Paris. Trabalha com desenho, vídeo, instalação e faz obras no espaço público. Sua prática visa questionar a relação com a obra, com o visível, posicionando-se numa estética do talvez. Nascido em 2000, em La Rochelle, França, Tom Brabant tem construído sua produção em torno do conceito de “deslizar”, um movimento plural e fluído que, para o artista, consiste em criar sobre o que já existe. Seu universo visual e conceitual também transita entre “loops”, espirais e elipses, onde tudo parece recomeçar ou se repetir. Tom Brabant gosta de distorcer as coisas, de enganar o olhar e de tornar incerto o que se acredita ser uma verdade.