Exposição Brígida Baltar – A pele da planta.

04/jun

O Instituto Ling, Três Figueiras, Porto Alegre, RS,  inaugura no dia 10 de junho a exposição individual “A pele da planta”, de Brígida Baltar. Com curadoria de Marcelo Campos, a mostra apresenta uma seleção de obras da artista produzidas especialmente para esta exposição, reunindo desenhos, fotografias, esculturas e bordados.

O projeto original, concebido por Brígida Baltar em 2020 para o espaço expositivo, evoca a atmosfera dos jardins do centro cultural. Após seu falecimento, em 2022, a proposta foi finalizada em diálogo com o Instituto Brígida Baltar, respeitando sua poética e memória.

A mostra fica em cartaz até o dia 09 de agosto, com visitação gratuita de segunda a sábado, das 10h30 às 20h. Também é possível agendar visitas mediadas para grupos, sem custo, pelo site do  Instituto Ling.

No dia da abertura, haverá uma conversa aberta ao público com a participação do curador Marcelo Campos; de Tiago Baltar, filho da artista e diretor-presidente do Instituto Brígida Baltar; de Jocelino Pessoa, gestor cultural e diretor artístico do Instituto; e do artista Ygor Landarin, que foi assistente de Brígida Baltar e hoje segue trabalhando no Instituto Brígida Baltar. Para participar, é necessário realizar inscrição prévia, também gratuita, pelo site do Instituto Ling.

Fusões entre corpos humanos e vegetação.

03/jun

 

A exposição “Nós Combinamos de Não Morrer”, estreia no Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro, Parque da Cidade, Gávea. Trata-se de mostra individual do artista plástico carioca Fessal. Com obras entre desenhos, pinturas, vídeos e instalações, a mostra propõe uma reflexão profunda sobre a relação do ser humano com o mundo natural e o espaço que habita. Entre todos os organismos vivos deste planeta, existe um acordo invisível – um combinado que ultrapassa crenças, culturas e fronteiras geográficas. A vida, sabe-se lá com quem ou o quê, está sempre se reconstruindo, seguindo adiante. E esse combinado fundamental é simples e poderoso: não morrer. A exposição apresenta fusões delicadas entre corpos humanos e vegetação, explorando o diálogo entre a individualidade e o todo natural de maneira sutil e instigante. Longe de oferecer respostas prontas, as obras convidam o público a uma experiência reflexiva, despertando questionamentos sobre comportamento, consumo e a conexão com o meio ambiente. A curadoria é de Ananda Banhatto.

Além da mostra principal, o projeto inclui um audiovisual exclusivo que contextualiza a produção artística e uma extensa programação paralela durante os três meses de exibição. Oficinas, rodas de conversa, intervenções artísticas e ações educativas irão envolver a comunidade local, os visitantes do museu e os frequentadores do Parque da Cidade, fortalecendo o diálogo entre arte, meio ambiente, política e cultura comunitária.

“Nós Combinamos de Não Morrer” reforça o compromisso com a arte contemporânea e a promoção da consciência socioambiental, ampliando o acesso do público a discussões relevantes para a cidade do Rio de Janeiro.

Até 15 de setembro.

Alair Gomes: o erotismo no belo.

Exposição no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, pela primeira vez, parte de acervo de fotos arquivado por mais de 25 anos, sob curadoria de Luiz Pizarro. Fruto do recorte de uma das séries da coleção reunida por Klaus Werner, jornalista alemão e grande amigo do artista, a exposição “Alair Gomes: o erotismo no belo” será inaugurada no dia 14 de junho.

Ao longo de anos, Klaus Werner comprou fotografias de diferentes séries de Alair Gomes, além de outras tantas adquiridas através de permuta por materiais que ele trazia da Alemanha, tais como papel fotográfico, filmes, entre outros itens. Agora, parte deste acervo de fotos sai da gaveta para ser exibido ao público, que terá acesso a um material inédito, com cerca de 60 registros em preto e branco.

Considerado até então, inédito e único no Brasil, seu trabalho conquistou reconhecimento internacional e nacional em 2001. Além disso, um conjunto de suas fotografias foi selecionado para a Bienal de São Paulo em 2012, e algumas obras fazem parte do acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), do MAM/Rio e do Instituto Cultural Gilberto Chateaubriand. Sua obra foi tema do filme-documentário “A morte de Narciso” (2003), de Luiz Carlos Lacerda, que será exibido em uma das salas da exposição. A expografia e design são assinados pela Dupla Design.

“A série erótica aqui apresentada – toda ela originalmente manipulada, revelada e ampliada pelo próprio Alair, no laboratório em seu apartamento, que também servia como estúdio para fotografar os modelos – faz parte de um trabalho inovador e provocativo do artista, considerando, em especial, o período em que foram criadas: as décadas de 1970 e 1980. Ao capturar a beleza e a vulnerabilidade do corpo masculino, ele explorava a sensualidade, a intimidade e a relação do homem com seu próprio corpo, numa época em que a nudez masculina era bastante censurada, principalmente quando remetia à ideia de homossexualidade. Vale destacar também a importância da realização desta exposição em um espaço público (o museu do Paço Imperial, que celebra seus 40 anos), confrontando a beleza e o rigor estético da obra de Alair Gomes com o contexto sociocultural retrógrado e muitas vezes reacionário que temos vivenciado nos últimos anos”.

Luiz Pizarro

Sobre o artista.

Alair de Oliveira Gomes (1921-1992) nasceu em Valença, município do Rio de Janeiro. Formou-se em Engenharia civil e Eletrônica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A partir de 1965 passou a se dedicar à fotografia, produzindo ao longo de 26 anos mais de 170 mil negativos. Alair Gomes também foi criador e coordenador do setor de Fotografia da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, nos anos 1970. Entre 1976 e 1984, participou de mostras coletivas em Nova York, Paris, Rio de Janeiro e Toronto. Seu trabalho conquistou reconhecimento internacional e nacional em 2001, em uma grande mostra retrospectiva na Fundação Cartier de Arte Contemporânea em Paris, com imagens que integram o acervo da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro.

Em cartaz até 10 de agosto.

Endereço: Praça XV de Novembro, 48 – Centro – RJ

O Panorama do Ateliê por Luiz Aquila.

30/mai

Quem já teve o privilégio de estar com o artista Luiz Aquila em seu ateliê sabe o quão prazeroso é vivenciar o seu processo criativo, sempre brindado com muitas histórias de vida. Em “Panorama do Ateliê”, grande individual que será inaugurada no dia 14 de junho, no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, o curador Lauro Cavalcanti propõe um prolongamento deste espaço, proporcionando um pouco dessa experiência.

Com projeto expográfico de Ana Luisa Dias Leite, a mostra ocupa três salas do edifício histórico, tendo um espaço destinado a desenhos menores que estarão dispostos em mesas com vidro, bem como um álbum de serigrafias.

A produção tem estado acelerada como nunca. Em julho deste ano, haverá outra individual do artista, intitulada “A Escolha do Artista”. Será na Galeria Patrícia Costa, que o representa há mais de 20 anos e estará em cartaz simultaneamente.

A Escrita da Pintura

por Lauro Cavalcanti)

Esta exposição de Luiz Aquila, “Panorama do Ateliê”, apresenta pinturas, desenhos e gravuras, em sua maioria inéditas, realizadas nos últimos dez anos deste século XXI. O ateliê é o seu local de ação e a pintura o campo a ser explorado. O desenho, na sua definição, assemelha-se ao dedilhar de um músico deixando sons aleatórios prontos a lhe mostrar caminhos de harmonia e composições que irão quase sempre desaguar em telas. Numa direção inversa, gravuras em grande formato exploram temas com origem pictórica, além de possuírem os atrativos especiais naquilo intrínseco à sua artesania.

Em “Quase Tudo”, sua retrospectiva no mesmo Paço Imperial em 2012, vi-me tentado a escolher o subtítulo “Never Ending Tour” emulando o nome encabeçando todas as apresentações de Bob Dylan. Nelas, além de músicas novas, há sempre o exercício de dar constantemente versões novas a clássicos muitas vezes apenas reconhecíveis por algumas palavras de suas letras.  O conceito de um som único e totalizante, em permanente movimento, é um dos modos pelos quais o bardo de Minnesota expressa a “Zeitgeist” da virada dos séculos XX e XXI.

Voltando ao Luiz Aquila, parece-me que um procedimento similar lhe norteou nos múltiplos ateliês ao longo de sua trajetória. Todas as suas telas são nomeadas principiando pelo termo “A pintura”. A partir daí alternam-se referências a pequenos fatos do cotidiano, citações a pessoas de seu círculo, uma notícia do dia, fatos aleatórios… Os nomes, propositalmente, raramente descrevem a obra em si reafirmando a sua irredutibilidade. Um dos títulos desses novos trabalhos chamara-me atenção: “A Pintura e o seu Picadeiro continuam”. Um jeito de afirmar a continuidade ao lado de uma certa imprevisibilidade de suas ações: um território que pode ser de lutas, divertimento, ironias, heróis, “clowns” e surpresas. É possível traçar tipologias e agrupamentos no seu trabalho recente. Nalgumas uma cor explode e domina o campo, sobrepondo-se, ou melhor, definindo embates das pinceladas, todavia, ainda visíveis. De certo modo é o minimalismo possível para uma abstração gestual na qual um tom tudo passa a dominar. Podemos pensar numa família composta pelas telas “A pintura e a pergunta da pintura”, com paleta privilegiando o sombrio, “Novo Desenho antigo” e “Pintura para Manitas del Plata” ambas dominadas por tons vibrantes de rosa, magenta e amarelo. “A Pintura e as velhas paredes” apresenta uma rara referência direta à arquitetura tema dominante de sua formação, não fosse ele filho de Alcides da Rocha Miranda, um dos mais sensíveis arquitetos da era de ouro do movimento carioca de construções.  Formas egressas diretamente do vocabulário modernista, tratadas com alegria desconstrutiva, apresentam o trio “A pintura e seu idílio”, “A Pintura e suas Bacantes” e “A Pintura para meninos e meninas”. A eletricidade disruptiva rompe a organização estrutural em “A Pintura sob a Lava” tal uma avalanche inevitável que a existência por vezes nos prega. “A Pintura, o azul e linhas submersas” traz a novidade de linhas horizontais delimitando áreas de cor e uma diagonal que procura, em vão, entrar na conversa.  Pode-se perceber um artista revisitando lógicas antes exploradas assim como criando pujantes desafios. Em resposta à “Pintura admirada por seu autor” impõe-se o rico fruir dos visitantes ao desvendar o panorama de seu ateliê que poderia ser expresso por “As pinturas e seus encantos nos espectadores”.

Rio, junho de 2025.

Em cartaz até 10 de agosto.

Design e cotidiano na Coleção Azevedo Moura.

A exposição Design e cotidiano na Coleção Azevedo Moura, realizada sob curadoria de Adélia Borges, em cartaz no Museu do Ipiranga, São Paulo, SP, apresenta um extenso conjunto de objetos colecionados especialmente no Rio Grande do Sul, que permitem refletir sobre as formas tradicionalmente excludentes de pensar o passado brasileiro. Reunidos pela sensibilidade do olhar do casal Maria Cristina e Carlos Azevedo Moura, esses objetos formam uma das maiores coleções brasileiras relativas à imigração de italianos e alemães chegados ao Sul do país a partir do século 19.

A coleta foi feita pelo casal ao longo de muitos anos e chega a milhares de itens. São móveis, utensílios domésticos, ferramentas, fotografias que nos ajudam a entender como uma coleção representa o dia a dia dessas pessoas enquanto construíam uma nova vida no Brasil.

Até 28 de setembro.

O Inventário Parcial de Luiz Dolino.

29/mai

No dia 14 de junho, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, RJ, inaugura a importante mostra do artista Luiz Dolino, “Inventário Parcial”, que contemplará telas de grandes dimensões produzidas recentemente, entre 2020 e 2025, exibidas em conjunto com algumas obras concluídas há 45 anos. Curado por Monica Xexéo, o evento tem sabor de dupla comemoração para o artista: além de estar completando 80 anos de vida, com esta exposição Luiz Dolino retorna à cidade onde foi criado, com a qual mantém forte vínculo. Na ocasião da abertura será lançado o livro de mesmo título, contendo ilustrações e textos de críticos arte, artistas e amigos pessoais, como Carlos Drummond de Andrade, Nélida Piñon, Frederico Moraes e Leonel Kaz.

Com mais de cinco décadas de carreira no Brasil e tendo percorrido países como Espanha, Portugal, Grécia, Áustria, Perú, Uruguai e Argentina, Luiz Dolino tem o trabalho reconhecido pela abstração geométrica. Marcadas pelo uso de cores e justaposições criativas, suas telas se destacam pela combinação que ele, como artista com formação também em ciências exatas, faz com singular precisão. Na casa-ateliê em Petrópolis, no meio da natureza exuberante, a produção segue em ritmo enérgico, como o espectador poderá testemunhar na mostra que ficará em cartaz até o dia 24 de agosto.

 O espectro luminoso da pintura de Luiz Dolino

por Monica F. Braunschweiger Xexéo.

A abordagem da exposição Inventário Parcial, título homônimo ao livro organizado Luiz Geraldo Dolino do Nascimento, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói – MAC, por ocasião das celebrações do seu octogésimo aniversário, reflete o espectro de interesse do pintor que viveu e trabalhou por longo período no exterior, convivendo com renomados intelectuais contemporâneos, com os quais privou uma afetuosa amizade.  Com sólida e erudita formação, Dolino, residiu, no México e Bolívia, e, posteriormente, na Argentina, Uruguai, França e Portugal e essas experiências foram marcantes na sua formação e na descoberta da pintura como vocação. Idealizada para os espaços do MAC-Niterói, prestigiosa instituição cultural, projetada pelo arquiteto modernista Oscar Niemeyer (1907-2012), para abrigar, preservar e divulgar as transformações visuais na arte brasileira ao longo dos últimos anos, na então capital fluminense, a exposição Inventário Parcial, dialoga com o museu e sua singular coleção, aproximando relações geográficas e simbólicas.

Disciplinado, desenvolve na intimidade de seu ateliê, em Petrópolis, cidade serrana do Estado do Rio de Janeiro, seus trabalhos a partir de cuidadosa pesquisa de materiais e técnicas, na busca de assinatura própria. Diariamente, circula entre telas, cavaletes, pincéis, desenhos, mapotecas, traineis e livros, criando vigorosas e luminosas obras, com paleta cromática definida e elementos geométricos harmoniosos. Dolino recorda: “O caminho percorrido na busca de uma gramática pessoal levou-me ao encontro dos elementos de clara inspiração geométrica que são visíveis na decoração de objetos de uso cotidiano e ritualístico, assim como também no próprio corpo de nossos ancestrais indígenas, que cultivaram o gosto pelas formas simplificadas e estabeleceram uma linguagem capaz de expressar o seu universo simbólico por meio de um sofisticado código de formas geométricas”.

Ao percorrer a exposição descobrimos os contornos da prática do seu pensamento e processo de criação. São pinturas, gravuras e esculturas, construídas nas últimas cinco décadas, com movimentos definidos, emoção e rigor. De formatos e tamanhos diversos suas obras são refinadas. Quadrados e retângulos dialogam em poética sintonia, criando objetos que pulsam e atraem o nosso olhar, abrindo horizontes e janelas desdobráveis que nos estimulam a reflexão. Estudado por importantes historiadores da arte, críticos de arte e museólogos, Dolino fez da pintura o seu território, a sua poesia, a sua existência.

Até 24 de agosto.

O pop brasileiro.

A década de 1960, marcada por tensões políticas, transformações sociais e a chegada de novas linguagens artísticas ao Brasil, é o pano de fundo da nova exposição da Pinacoteca, “Pop Brasil: Vanguarda e Nova figuração, 1960-70″. Com 250 obras de mais de cem artistas do período na Pina Contemporânea, Luz, São Paulo, SP, é a maior mostra do museu no ano.

As obras, muitas exibidas em conjunto pela primeira vez, são principalmente do acervo da Pinacoteca e da Coleção Roger Wright – que estão em comodato com a instituição há anos. Fazem parte artistas como Hélio Oiticica, Pietrina Checcacci, Nelson Leirner e Cláudio Tozzi.

Quem entra na sala expositiva encontra o conjunto original de bandeiras serigrafadas do “Happening das Bandeiras” (evento artístico realizado em 1968 no Rio), revelam Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, curadores.

Depois segue-se uma sala com obras que homenageiam ícones populares da época, como o cantor Roberto Carlos e astronautas, elevados ao status de celebridades com a corrida espacial. Em outro espaço, peças fazem críticas à ditadura militar (1964-1985). Ao lado, trabalhos sobre as mudanças de comportamento da sociedade ganham destaque. O trajeto expositivo termina em uma retrospectiva sobre a transformação da arte dos anos 1950.

Adoração/Na instalação criada em 1966, Nelson Leirner exibe uma espécie de palco que revela uma imagem do cantor Roberto Carlos, acessada por meio de uma catraca. Mesclando símbolos católicos com a imagem do artista em neon, reflete sobre a lógica da indústria cultural.

O Bandido da Luz Vermelha/O quadro de Cláudio Tozzi faz referência ao caso de João Acácio Pereira da Costa, criminoso que ganhou o apelido Bandido da Luz Vermelha e ficou conhecido por assaltos e homicídios em São Paulo. Nele, o artista remete à linguagem das histórias em quadrinhos com a pintura de uma mulher que se pergunta se o homem entrará em sua casa durante a madrugada.

Envolvimento/A série de Wanda Pimentel, feita em 1968, retrata um corpo feminino em um ambiente doméstico anárquico, retratado com linhas e enquadramento e precisos. A obra levanta questões sobre papéis de gênero.

Matéria e Forma/Também de Nelson Leirner, mostra a transformação da matéria-prima em produto de consumo por meio de uma instalação com um tronco de árvore, do qual sai uma cadeira pronta.

Parangolés/Um dos trabalhos mais radicais de Hélio Oiticica, são vestimentas feitas com tecidos e plásticos que têm a intenção de integrar o espectador à obra de arte, que pode experimentar suas réplicas. O artista é conhecido por questionar o uso de suportes tradicionais na produção artística.

O Povo Brasileiro/O conjunto de cinco bandeiras da artista Pietrina Checcacci faz parte do movimento “Happening das Bandeiras” e tem desenhos que tematizam questões ligadas à formação de uma família tradicional, aos problemas da classe média e à performance da política.

O Presente/Em 1967, a artista Cybèle Varela fez caricaturas que ironizam a figura dos generais da ditadura militar, como forma de resistência ao govern

Fonte: Isabela Bernardes/Guia Folhas.

Instrumento para pensar o tempo.

O MuBE, Jardim Europa, São Paulo, SP, inaugurou exposição inédita da artista e escultora Laura Vinci. Com curadoria de Agnaldo Farias, FLUXOS, aborda as relações das obras com as questões da natureza e da paisagem, conectando com o espaço arquitetônico em movimento e reflexões sobre o tempo e explora as interfaces da arte, arquitetura e ambiente, enquanto dialoga com a icônica arquitetura do MuBE, projetada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha.

“Laura Vinci transforma o espaço em organismo sensível. Em FLUXOS, ela faz da matéria um instrumento para pensar o tempo, a impermanência e as forças invisíveis que nos atravessam. Sua obra não se impõe, mas se insinua, instaurando uma escuta do ambiente e uma desaceleração do olhar. O público percorrerá os ambientes do museu ao sabor de uma atmosfera habitada por acontecimentos que provocarão a desaceleração de seus passos; um encadeamento de experiências a um só tempo sensoriais e contemplativas, dele exigindo atenção e escuta.”, comenta Agnaldo Farias, curador da exposição

Composta por estruturas metálicas e sistemas mecânicos, como nas peças com vapor a frio, que é empregado como matéria efêmera ocupando o espaço de forma orgânica e imprevisível, a instalação evoca a presença do ar e de forças invisíveis, instaurando um ritmo silencioso e constante. O público é convidado a percorrer o ambiente e se deixar afetar por uma atmosfera que provoca desaceleração, atenção e escuta do espaço, propondo assim uma experiência sensorial e contemplativa. A mostra “FLUXOS” é uma continuidade da pesquisa poética de Laura Vinci sobre estados de transformação, presença e impermanência. Ao ocupar o espaço do MuBE, se integra à arquitetura brutalista do museu e revela, em sua leveza e escala, uma dinâmica marcada pela impermanência.

A produção de Laura Vinci, transita por escultura, instalação e intervenções, com ênfase em experiências sensoriais e materiais em transformação. Ao longo de sua carreira, participou de importantes mostras institucionais, como a Bienal de São Paulo, além de realizar exposições individuais em grandes instituições de arte. Sua obra integra acervos públicos e privados e é reconhecida por sua sutileza formal e profundidade conceitual.

Até 07 de setembro.

Ancestral Afro-Américas no CCBB RJ.

27/mai

Mostra apresenta até 01 de setembro, obras de renomados artistas afrodescendentes do Brasil e dos EUA, como Emanoel Araújo, Abdias Nascimento, Simone Leigh, Leonardo Drew, Rosana Paulino e outros.

Reunindo cerca de 160 obras de renomados artistas negros do Brasil e dos Estados Unidos, a exposição “Ancestral: Afro-Américas” chega ao Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro a partir do dia 04 de junho. Com direção artística de Marcello Dantas e curadoria de Ana Beatriz Almeida, a mostra celebra as heranças e os vínculos compartilhados entre os povos afrodescendentes brasileiros e norte-americanos no campo das artes visuais, promovendo uma reflexão crítica sobre a diáspora africana. A mostra conta também com um conjunto de adornos comumente chamado de “joias de crioula”, indumentária usada por mulheres negras que alcançavam a liberdade no período colonial brasileiro, especialmente na Bahia, como forma de expressar sua ancestralidade, e uma seleção de arte africana da Coleção Ivani e Jorge Yunes, com curadoria de Renato Araújo da Silva. Os segmentos buscam localizar, por um lado, as brechas em que a ancestralidade africana se fez presente durante o Brasil colonial, e, por outro, seus elementos na arte produzida em seu território de origem.

A exposição ocupará todas as oito salas do primeiro andar do CCBB RJ com obras de artistas como Emanuel Araújo, Abdias Nascimento, Simone Leigh, Sonia Gomes, Leonardo Drew, Mestre Didi, Melvin Edwards, Lorna Simpson, Kara Walker, Arthur Bispo do Rosário, Carrie Mae Weems, Monica Venturi, Julie Mehretu, entre outros.

Faz parte da exibição a obra de Abdias Nascimento, ícone do ativismo cultural no Brasil, amplamente reconhecido por suas contribuições à valorização da cultura afro-brasileira e por ter recebido o Prêmio Zumbi dos Palmares. Entre os artistas norte-americanos, Kara Walker se destaca com sua arte provocativa, que examina questões históricas e sociais, que lhe rendeu o prestigiado Prêmio MacArthur. Julie Mehretu é outra presença significativa, reconhecida por suas complexas pinturas que estabelecem um diálogo com a geopolítica atual. Complementando esse panorama, a destacada artista brasileira Rosana Paulino traz um olhar crítico sobre raça e identidade, ressaltando a diversidade e a profundidade das vozes representadas na mostra. Ainda se somam a eles nomes como o da jovem artista Mayara Ferrão, que utiliza a inteligência artificial para repensar cenas de afeto entre pessoas negras e indígenas não contadas pela “história tradicional”; e Arthur Bispo do Rosário, com seus mantos bordados e objetos que transcenderam o tempo e subverteram o conceito de beleza e loucura. Reforçando o diálogo poderoso sobre identidade, cultura e história, e refletindo a complexidade da experiência humana, há obras de Kerry James Marshall, Carrie Mae Weems e Betye Saar.

Núcleo de Arte Africana.

A exposição celebra as conexões entre a herança africana e a arte contemporânea no Brasil e nas Américas, destacando a ancestralidade como uma grande fonte de criatividade artística. Desta forma, para ampliar o conceito, a mostra terá um núcleo de Arte Africana Tradicional, com curadoria de Renato Araújo da Silva, trazendo obras de povos de países como Nigéria, Benim, Guiné, Guiné-Bissau, Angola e República Democrática do Congo. A seção homenageia o continente de origem da humanidade, evidenciando a força das tradições e inovações culturais transmitidas ao longo do tempo.

Sobre os curadores.

Ana Beatriz Almeida é artista visual, curadora e historiadora da arte, com foco em manifestações africanas e na diáspora africana. Nascida em Niterói (Brasil), em 1987, é mestre em História da Arte e Estética pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP) e atualmente é doutoranda em Estudos de Museus na University of Leicester, no Reino Unido. Almeida é também cofundadora e curadora da plataforma de arte 01.01, consultora curatorial do MAC-Niterói e foi curadora convidada do Glasgow International 2020/2021. Participou de residências curatoriais em Gana, Togo, Benim e Nigéria, durante as quais pôde se reconectar com parte de sua família que retornou ao Benim durante o período da escravidão. Como artista, desenvolveu ritos em homenagem àqueles que não conseguiram sobreviver à travessia atlântica durante o tráfico de escravizados. Sua técnica N’Gomku foi desenvolvida ao longo de cinco anos de pesquisa para a UNESCO sobre as tradições das comunidades afro-brasileiras do Baba Egum e da Irmandade da Boa Morte. Apresentou performances no Centro Cultural São Paulo, Itaú Cultural, SESC Ipiranga e Casa de Cultura da Brasilândia, em São Paulo; e na Bienal do Recôncavo, na Bahia. Ministrou um curso de verão sobre sua técnica de performance na Goldsmiths University, em Londres, Inglaterra, e participou da residência artística Can Serrat, em Barcelona, Espanha. O trabalho de Almeida integra a coleção permanente do Instituto Inhotim, em Brumadinho.

Renato Araújo da Silva graduou-se em filosofia em 2002 pela Universidade de São Paulo (USP). Pesquisador e curador, atua como consultor em arte africana das Coleções Ivani e Jorge Yunes desde 2018, Cerqueira Leite e Tomás Alvim, desde 2021. Assina exposições como curador de arte africana e asiática. Foi curador da exposição trilogia África, Mãe de Todos Nos (MON-Curitiba 2019) e da exposição “A Outra África trabalho e religiosidade” (Museu de Arte Sacra de São Paulo 2020), Crenças da Ásia – Museu de Arte Sacra e Diversidade Religiosa de Olímpia (2024). Além de ser autor de dezenas de catálogos de exposições, foi coautor do livro África em Artes (Museu Afro Brasil, 2015), é autor dos livros Arte Africana Máscaras e Esculturas 2 vols. (Beï 2024-225), Legados Arte Africana da Col. Cerqueira Leite (Unicamp-PUC-Campinas 2023), 5 mil anos de Arte Chinesa. (Instituto Confúcio 2024) e coautor de Sol Nascente a Col. de arte Japonesa Cerqueira Leite (PUC-Campinas 2024) e dos e-books Arte Afro-Brasileira altos e baixos de um conceito (Ferreavox 2016), “Temas de Arte Africana” (Ferreavox 2018), entre outros.

Sobre o diretor artístico.

Marcello Dantas é um premiado curador interdisciplinar com ampla atividade no Brasil e no exterior. Trabalha na fronteira entre a arte e a tecnologia, produzindo exposições, museus e múltiplos projetos que buscam proporcionar experiências de imersão por meio dos sentidos e da percepção. Nos últimos anos esteve por trás da concepção de diversos museus, como o Museu da Língua Portuguesa e a Japan House, em São Paulo; Museu da Natureza, na Serra da Capivara, Piauí; Museu da Cidade de Manaus; Museu da Gente Sergipana, em Aracaju; Museu do Caribe e o Museu do Carnaval, em Barranquilla, Colômbia. Realizou exposições individuais de alguns dos mais importantes e influentes nomes da arte contemporânea como Ai Weiwei, Anish Kapoor, Bill Viola, Christian Boltanski, Jenny Holzer, Laurie Anderson, Michelangelo Pistoletto, Studio Drift, Rebecca Horn e Tunga. Foi também diretor artístico do Pavilhão do Brasil na Expo Shanghai 2010, do Pavilhão do Brasil na Rio+20, da Estação Pelé, em Berlim, na Copa do Mundo de 2006. Foi curador da Bienal do Mercosul, realizada em 2022, em Porto Alegre, e é atualmente curador do SFER IK Museo em Tulum, no México. Formado pela New York University, Marcello Dantas é membro do conselho de várias instituições internacionais e mentor de artes visuais do Art Institute of Chicago.

Lygia Clark na Alemanha.

20/mai

A Neue Nationalgalerie exibe até 12 de outubro a primeira retrospectiva da artista brasileira Lygia Clark na Alemanha. A exposição abrangente apresenta cerca de 120 obras de arte que representam toda a sua produção artística do final da década de 1940 até a década de 1980, desde pinturas geométricas e abstratas até esculturas participativas e trabalhos performáticos. Um aspecto central da exposição é a abordagem interativa no trabalho de Lygia Clark. Os visitantes podem interagir com uma variedade de réplicas criadas especialmente para a exposição.

Lygia Clark é considerada uma inovadora radical do conceito de arte porque redefiniu fundamentalmente a relação entre artista e espectador, bem como entre obra e espaço. Como principal representante do movimento Neoconcretismo iniciado no Rio de Janeiro em 1959, Lygia Clark entendia a obra de arte como um fenômeno orgânico. Ela exigia uma experiência subjetiva, corporal e sensual da arte e fez da participação ativa do espectador um componente elementar de sua arte. A retrospectiva na Neue Nationalgalerie permite que os visitantes vivenciem essa abordagem participativa na obra da artista  por meio da interação com cópias da exposição. Além disso, são realizadas regularmente apresentações que valorizam a obra desta importante artista do século XX.

No início de sua carreira, Lygia Clark criou pinturas em estilo geométrico-abstrato. Contudo, a partir de 1954 ela começou a desbravar a tela. Foram criados painéis em relevo que criam uma conexão com o espaço. Com a fundação do Movimento Neoconcreto, deu-se o passo em direção ao espaço tridimensional. Os representantes do Neoconcretismo entendiam a obra de arte como um fenômeno orgânico e vivo. Esses princípios são expressos nos Bichos (Animais) de Clark. São esculturas geométricas e móveis que podem ser dobradas em posições sempre novas pelo observador. Como resultado, foram criados seus Objetos Sensoriais, incluindo óculos, máscaras e trajes, que estendiam a experiência sensorial dos receptores para todo o corpo. No final da década de 1960, ela desenvolveu seu conceito de Corpo Coletivo, que descreve ações performáticas de construção de comunidade. Perto do fim de sua carreira, finalmente desenvolveu uma abordagem de terapia corporal que utilizou em seus objetos de arte.

A retrospectiva na Neue Nationalgalerie reúne cerca de 120 empréstimos de coleções particulares e museus internacionais, incluindo a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museu de Arte Moderna e a Coleção Cisneros de Nova York.

Catálogo da exposição

Um catálogo bilíngue em alemão e inglês será publicado pela E. A. Seemann Verlag para acompanhar a exposição. É a primeira publicação em língua alemã sobre Lygia Clark e oferece uma visão geral abrangente de seu trabalho.

A exposição tem curadoria de Irina Hiebert Grun e Maike Steinkamp, ​​​​pesquisadoras associadas da Neue Nationalgalerie.