Glauco Rodrigues na Bergamin & Gomide

25/jan

 

 

A Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, tem o prazer de apresentar sua primeira exposição do ano Acontece que somos canibais individual do artista Glauco Rodrigues (1929-2004). Entre os dias 06 de fevereiro a 13 de março de 2021, a exposição apresenta cerca de 30 obras que compreendem o período de 1969 a 2002, e conta ainda com texto crítico da historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz.

 

Acontece que somos canibais por Lilia Moritz Schwarcz

 

Chega em ótima hora a exposição Acontece que somos canibais que traz as obras da fase pop do artista Glauco Rodrigues. Num momento em que grassa o obscurantismo; em que temos sido lesados por uma crise que é política, econômica, moral, cultural e da saúde; em que vamos sendo invadidos por uma patriotada fácil e que sequestrou os nossos símbolos nacionais; em que tomamos um golpe a cada dia, nada como o humor satírico e crítico do artista gaúcho que, com suas cores fortes, seus desenhos em série, seu fundo branco infinito fez política a partir da arte. Política com muita arte.

Glauco Rodrigues (1929-2004) nunca coube numa caixinha ou numa definição fácil. Nascido em Bagé, no Rio Grande do Sul, ele começou na profissão como autodidata. Logo recebeu sua primeira bolsa de estudos ofertada pela própria prefeitura da sua cidade e passou três meses na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (ENBA), que aglutinava velhos, mas também, novos talentos. De volta, funda em 1951 o Clube da Gravura de Bagé junto com os colegas Glênio Bianchetti e Danúbio Gonçalves. O grupo, que tinha em comum claras simpatias pelo socialismo, passou a se dedicar à figuração, retratando paisagens da região, num ambiente basicamente rural.

A convivência com os amigos pintores fez com que Glauco resolvesse se dedicar às artes visuais, profissionalmente. Muda-se então para a capital de seu Estado e participa do Clube de Gravura de Porto Alegre, fundado por Vasco Prado e Carlos Scliar.

Em 1958, parte para o Rio de Janeiro em busca de uma carreira mais sólida. Nesse contexto, associa-se à Senhor, uma publicação onde o amigo Carlos Scliar já colaborava, além de nomes conhecidos no meio carioca, como Clarice Lispector e João Guimarães Rosa, e os então novatos Paulo Francis e Jaguar.  De curta duração, apenas cinco anos – de 1959 e 1964 -, a Revista fez história, por conta de sua importância para as letras nacionais e as artes gráficas; área em que Glauco Rodrigues rapidamente se destacou.

Nessa época, e para sobreviver na cidade grande, Glauco se dedicou também a fazer retratos da elite local e daquela que circulava pela animada capital do país. Eram retratos pouco comportados, que incluíam cenas inusitadas e personagens inesperados; tudo numa mesma tela. O artista participou em 1960 do IX Salão Nacional de Arte Moderna, quando obteve um prêmio que lhe facultou viajar ao exterior. Já na Europa, tomou parte da Bienal de Paris e, por conta de um convite da embaixada brasileira, morou em Roma entre os anos de 1962 e 1965, quando teve oportunidade de participar da XXXII Bienal de Veneza. Voltou-se então para o abstracionismo; gênero muito estimado naquele contexto.

Ao retornar ao Brasil, toma parte da exposição Opinião 66, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, junto com artistas como Anna Maria Maiolino, Hélio Oiticica, Ivan Serpa e Lygia Clark. Por outro lado, se ressente com o novo ambiente político do país, marcado pelo Golpe de 1964. Definitivamente, o Brasil que deixara não era mais aquele para o qual reencontrava.

Decide, então, que era chegada a hora de contar a sua história visual do Brasil. Datam dessa época, telas do artista com clara influência da arte pop, que anunciava uma estética em série e avessa ao que considerava ser o “hermetismo da arte moderna”. O uso de cores fluorescentes, brilhantes e vibrantes – feitas com tinta acrílica, poliéster e látex -, empregadas até então quase que exclusivamente na publicidade, nas capas de revistas, nos cartazes de rua e nos objetos de consumo, também caracterizava o gênero.

Glauco, que convivera com esse movimento quando no exterior, aderiu a ele traduzindo-o para o contexto brasileiro. O gênero também combinava com os sentimentos do artista na época de seu retorno ao Brasil. O diagnóstico previa uma grave crise da arte, e a maneira de apresentá-la era produzindo obras críticas à massificação da cultura popular capitalista, tão marcada pelo consumo.

O pintor passa a rever, de maneira iconoclasta, obras brasileiras clássicas, temas ligados à identidade nacional – os indígenas, a natureza tropical, o futebol, o carnaval -, bem como assuntos vinculados à história nacional.

Como morava perto da praia, Glauco começou a retratar cenas cotidianas de  banhistas, acrescidas da combinação de uma série de elementos simbólicos e inusitados – garotas de biquíni ao lado de militares; atores conhecidos, usando diminutas sungas, contracenando com pessoas anônimas e vestidas de maneira mais convencional; o Pão de Açúcar ladeado por frutas tropicais; a imensa escultura do Cristo Redentor convivendo com frases pop do tipo: “o que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca”.

O pop, que bebia da experiência gráfica e reprodutível, entra de frente na obra de Glauco Rodrigues, que passa a criar telas muito coloridas, lembrando as tonalidades chapadas da produção industrial. Ao mesmo tempo, o artista quebra a harmonia introduzindo figuras em situações variadas, mas que parecem soltas no espaço, uma vez que dispostas diante de grandes planos de fundo imaculadamente brancos, e que assim passam a impressão de serem infinitos.

São dessa época as obras por ele definidas como Brasilianistas e Antropofágicas. O artista gaúcho relê a antropofagia de Tarsila do Amaral e do movimento modernista paulistano para também devorar assuntos canônicos da história e das artes no Brasil.   Séries como Terra Brasilis (1970), Carta de Pero Vaz de Caminha (1971), No país do Carnaval (1982), Sete vícios capitais (1985), fazem parte da guinada pop do artista.  Atento à eficácia simbólica, Glauco finalizou muitas telas sobre o Pão de Açúcar e centenas sobre São Sebastião, com o santo sendo personificado no corpo de artistas nacionais, e sempre cobertos de flechas.

Ao lado do processo antropofágico – e que o leva a traduzir e deglutir o Brasil a partir de pinturas que carregam, ao mesmo tempo, humor e crítica social -, Glauco impregna em suas obras uma clara carnavalização da cultura brasileira. O indígena, as frutas, o futebol, as passistas de escolas de samba… todos recebem cores tropicais e muitas vezes aparecem acompanhados de frases críticas; tudo num clima e num ritmo de carnaval.

Seu processo criativo começava com a reprodução de cartões postais, de imagens retiradas de revistas ou dos jornais, e de suas próprias fotografias. Era a partir desses registros que o artista recriava ambientes, abusando do verde e amarelo e por vezes introduzindo a própria bandeira nacional. A dissonância e o deslocamento entre as figuras e as circunstâncias apresentadas, o clima de festa, a brincadeira, são elementos que deixam evidente a veia satírica do pintor que, em tempos de ditadura, se negava a compactuar com os mitos e estereótipos criados e difundidos pelos militares.

Na exposição Acontece que somos canibais, a fase pop de Glauco Rodrigues está muito bem representada. Frutas tropicais, o Cristo Redentor, o Carnaval, as mulheres de biquíni, os indígenas kaxinawá, dividem espaços com cenas retiradas da história do Brasil. Esse é o caso das releituras, na chave do tropicalismo crítico, da tela de Almeida Júnior – O derrubador brasileiro (1875) -, e da obra A primeira missa no Brasil, de Vitor Meireles (1861). Muito conhecidas, utilizadas quase que como carteiras de identidade, essas duas pinturas devolvem, na chave do patriotismo, faces e expectativas de um país que se quer ver como desbravador e que gosta de se representar na base da (falsa) tolerância e de um suposto (e ilusório) pacifismo.

Já na perspectiva de Glauco Rodrigues, porém, o realismo vira sátira e burla, por meio da alusão e da correspondência. Nada é exatamente o que ali se apresenta. Nessa nova “Missa” (que não é mais a “Primeira”) desfilam em ritmo de samba, indígenas, religiosos e militares, aliás, já presentes na cena criada por Meireles. Mas no quadro de Glauco eles dividem espaço com pessoas anônimas e curiosas, crianças, casais e personalidades políticas. Aqui, sim, vemos uma verdadeira “Geleia geral”, parodiando a música lançada por Gilberto Gil e Torquato Neto em 1968, numa espécie de homenagem ao Tropicalismo.

Já o Derrubador de Glauco Rodrigues aparece com uma postura corporal idêntica à cena original, produzida por Almeida Junior, mas ao invés de se recostar numa rocha, apoia-se num duplo mapa do Brasil, verde e azul, aliás a cor do machado que ele carrega ostensivamente em sua mão esquerda. O contorno físico do território do Brasil, associado às cores da bandeira, como que invertem a situação, e o que era elevação vira agora crítica: piada pronta.

Indígenas, uma mãe e seu filho, surgem por vezes vestidos como catequizados – a despeito de manterem alguns sinais identitários, como pinturas corporais e um colar típico -, por vezes com suas indumentárias e instrumentos tradicionais apenas traídos pela blague das cores verde e amarela, por um colar de metal ou um relógio no braço esquerdo do rapaz. Como se vê, estão todos juntos e separados; convertidos e famintos, como diz a sentença que completa a cena.

Bananas, cajus, milhos, raízes, são descritos à moda dos naturalistas oitocentistas, mas denunciados, mais uma vez, pela abundância exagerada do verde e amarelo, por sob o mesmo fundo branco.

Mulheres negras vestidas à moda ou com roupas carnavalescas -frequentemente apresentadas em verde e amarelo – levam à mão uma menina indígena, com seu colar de nação ostensivamente maior do que seu corpo diminuto.

Enfim lá estão eles, os brasileiros, híbridos como queria o “mito da democracia racial” – que nessa época era muito explorado pela Ditadura Militar -, mas, ao mesmo tempo, por demais hierarquizados. Mistura também funciona aqui na base do “todos juntos e separados”.

Até mesmo a tipologia gráfica toma um formato e importância fundamentais quando inseridos nas telas de Glauco Rodrigues. De um lado, ela lembra os escritos que acompanhavam as aquarelas dos viajantes do século XIX, que, não contentes de esboçar pitorescamente a colônia dos portugueses, não raro, incluíam textos e assim procuravam dirimir qualquer dúvida de interpretação. No caso das telas de Glauco, porém, a tipografia assume papel crítico, ao mesmo tempo que vira elemento estético. Em geral desenhadas em azul, muitas vezes em verde e amarelo ou com uma palheta própria, elas se configuram como elementos de caráter tipográfico prontamente transformados em letras cursivas, porque feitas pela mão do artista que introduz a irregularidade intencional do gesto humano. Até nesse aspecto há, portanto, duplicidade e ambiguidade; no mesmo lugar onde se lê com presumida naturalidade, reside o lugar da inversão sagaz elaborada pelo artista.

A obra de Glauco Rodrigues ficou durante longo tempo basicamente esquecida, talvez por não corresponder ou se encaixar de maneira óbvia aos cânones modernistas da época. Entretanto, nos dias hoje, nesses tempos tão distópicos em que vivemos, quando a realidade parece exagerada e surreal (mas infelizmente não é), quando a política vira espetáculo fácil de autoritarismo, onde o verde e amarelo foram sequestrados de uma parte importante da população, a ironia sutil de Glauco talvez esteja finalmente em casa e diga respeito aos tempos do agora. Esse tempo em compasso de espera e que se apresenta na forma de um presente sem futuro.

Os kaxinawá de Glauco Rodrigues somos nós!  O verde e amarelo somos nós! Tudo em sua obra é arte antropofágica, no sentido dado pelos povos ameríndios que fazem da comida um ritual de troca e deglutição, sem geografia certa ou tempo delimitado.

Tudo deve ser digerido e vomitado, numa celebração da cultura brasileira que devora aos “outros”, mas também a si própria e a “nós” mesmos. Isso porque, “acontece que somos canibais” – verdes e amarelos, e tropicais.

 

“Catarsis”, da norueguesa Cathrine Crawfurd: 21 jan nos Correios Centro

15/jan

 

Artista norueguesa no Rio

“Catarsis”, exposição da artista norueguesa Cathrine Crawfurd, inaugura no dia 21 de janeiro, no Centro Cultural Correios, Centro, RJ, onde ocupará duas salas sob curadoria de Susi Sielski Cantarino. Compondo a primeira sala, 27 pinturas abstratas de grandes formatos, alguns dípticos, usando a técnica de acrílica sobre tela, a maioria concebida durante a Pandemia; na segunda sala, fotografias.

 A palavra da artista

A prática de transformar um trauma ou uma situação difícil em algo belo, que dê esperança e alívio é algo bastante recorrente em meus trabalhos. Durante o infeliz desafio que enfrentamos este ano, essas habilidades vieram à tona como uma grande necessidade. A solidão e o isolamento não eram mais uma escolha para criar, e sim uma obrigação.

A palavra da curadoria

Eu me apaixonei imediatamente pelo trabalho da Cathrine. É intuitivo, lírico e poético. Inspira paz. As obras possuem também uma força invisível, translúcida, que mediante diferentes tons de tintas diluídas, por vezes parecem nos conduzir para dentro de uma nuvem espessa, já noutras explodem magicamente, formando uma chuva de meteoros de cores complementares e análogas que conversam delicadamente entre si. Dá vontade de navegar e mergulhar no interior de cada pintura. Acabamos nos conhecendo através de uma amiga norueguesa em comum e tivemos uma afinidade incrível. Assim surgiu a amizade e o convite para a curadoria.

O processo de criação

O processo de criação da artista é diretamente influenciado pela sua história de vida, já que morou em diversos países pelo mundo. Cidades, culturas desconhecidas e línguas incompreensíveis aguçam os sentidos, segundo Cathrine, em busca de impressões reconhecíveis. Cada lugar – com suas luzes distintas, sua própria paleta de cores, sua estrutura arquitetônica específica e um código de identidade particular – faz parte deste processo. Uma outra curiosidade sobre seu trabalho é o formato mais utilizado pela artista, que acompanha o da escala humana, com base na sua própria altura.

Sobre a artista

Cathrine Crawfurd cursou a Escola de Arte em Oslo, Noruega, de 1989 a 1991, onde se formou. Depois disso, não parou mais, tendo concluído curso na Academia Nacional de Belas Artes, na Universidade de Bergen, também na Noruega, em 1997, além da Faculdade de Belas Artes, na Universidade de Barcelona, Espanha. Em 1996, participou de uma residência artística de três meses na Villa Moderne, em Paris. Entre as individuais já realizadas pelo mundo, estão: em1998 e em 2000, na Galleri Elenor, Oslo (Noruega); em 2007, no Town Hall of Silly, Silly (Bélgica); em 2009, na Galerie Stephanie, Bruxelas (Bélgica), em 2013 no Open Studio, Paris (França), em 2014, na Her Majesty Queen Sonja´s Church and Cultural Center, Paris (França); em 2014, na La Galerie du Cercle Suédois, Paris (França); em 2015, na Galleri Perrongen, Valdres Fine Art Society, Valdres (Noruega), e no Brasil, em 2019, na Maquês 456, no Rio de Janeiro. Ao longo de sua carreira artística, também integrou diversas coletivas, como Bergen Fine Art Society, Bergen, Noruega (1998); Exposição Anual, condado de Østlandet (Østlandsutstillingen), Fredrikstad, Noruega (1999);  Atelier Aberto, «OSLO OPEN», Oslo, Noruega (2002); Feira de Arte da Associação Norueguesa-Belga, Liège, Bélgica (2008); Exposição Anual, Prefeitura de Woluwe St-Pierre, Bruxelas, Bélgica (2008); Exposição Anual, Prefeitura de Woluwe St-Pierre, Bruxelas, Bélgica (2009);  Exposição Anual, Prefeitura de Woluwe St-Pierre, Bruxelas, Bélgica (2010); Volume et valeur, projeto interdisciplinar com a pianista Natalia Strelchenko, Paris, França (2014); Exposição Anual, Studio W, Fornebu Art Center, Oslo, Noruega (2015 e 2016); JACARANDÁ+, Marquês 456, Rio de Janeiro, Brasil (2018). Em 1999, recebe bolsa de viagem para Havana, Cuba e em 2015, bolsa anual de trabalho, em Oslo, Noruega. Lecionou em várias escolas de arte e arquitetura, Oslo, Noruega, entre 1999 e 2006, bem como na Ėcole du Chant d’Oiseau, Bruxelas, Bélgica, de 2006 a 2010. Em 2013, leciona artes no Lycée International, Saint-Germain-en-Laye, França, em 2014, no Estabelece Atelier, Oslo, Noruega, e, em 2016, dá aulas de arte em Bratislava, Slovakia, e em Roma, Itália. Já em 2017, passando a residir no Rio de Janeiro, se estabelece em atelier com um grupo de artistas, na Marquês 456 e, posteriormente, na Casa Arlette.

De 21 de janeiro a 21 de março.

“Relicto”, por Fernando Limberger.

 

 

 
O Museu da Cidade, Sé, São Paulo, SP, convida até 14 de junho para a exibição de “RELICTO”, uma exposição orquestrada pelo talentoso artista visual Fernando Limberger dividida em dois espaços, a saber: Casa da Imagem e Beco do Pinto. 


Para a visitação é solicitado o uso de máscara, higiene das mãos e distanciamento social.

Tudo o que você me der é seu: prosas de mulheres na arte popular

13/jan

 

Arte popular

A exposição “Tudo o que você me der é seu: prosas de mulheres na arte popular” encontra-se em exibição até 30 de janeiro na Central Galeria, Vila Buarque, São Paulo, SP. É arte de raiz popular de alta qualidade vista através dos trabalhos das artesãs Nilda Neves, Lira Marques, Rosana Pereira e Efigênia Rolim, “quatro artistas com produções permeadas por símbolos de identidade, consistência e particularidades”. Texto do curador Renan Quevedo

 

Tudo o que você me der é seu: prosas de mulheres na arte popular Antes de tudo que vem a seguir, houve silêncio.

 

É louvável notar que, nos últimos anos, as instituições de arte tenham revisto seus históricos e esforços a respeito da diversidade em seus acervos. A fim de reconhecer locais de fala e trazer novas vozes argumentos para uma discussão mais democrática e pagar a vergonhosa dívida secular com grupos invisibilizados, projetam exposições em que o norte é o equilíbrio. A mostra Tudo o que você me der é seu – prosas de mulheres na arte popular é uma delas; traz as obras de quatro mulheres de diferentes origens, gerações e repertórios.

 

 

Faço minhas as palavras de Paulo Rezutti: “Não! As mulheres não precisam de mais um homem para falar por elas. A mulher brasileira tem voz própria há anos”.  Aqui, oferecemos o espaço para essas artistas cujas obras falam por si mesmas. Com o Novos Para Nós, me proponho a contar as histórias que presencio e escuto sobre a obra e a vida, que nunca se desassociam, dos artistas populares (utilizarei este termo, embora com ressalvas). Ainda que 77% dos artesãos brasileiros sejam mulheres, a agenda artística e cultural se mantém distante dessa realidade. É um apagamento? Na exposição, buscamos contextualizar as histórias vividas, inventadas e testemunhadas por Nilda Neves, Lira Marques, Rosana Pereira e Efigênia Rolim, quatro artistas com produções permeadas por símbolos de identidade, consistência e particularidades.

Fazendo uso de barro, papel, plástico, tinta, tecido e metal, entre tantos outros materiais, as quatro artistas tecem narrativas. De acordo com Walter Benjamin (1892-1940), a prática da arte de narrar está ligada às mais antigas formas de trabalho manual. Ao passo que os homens saíam para caçar, as mulheres ficavam responsáveis pela produção de cestaria, bordado, tapeçaria e trançado, além da propagação para as próximas gerações, trocando experiências.

 

Nilda Neves (1961) é natural do sertão de Botuporã (BA). Bisneta de tupis-guaranis, estudou contabilidade e foi professora de matemática e comerciante, entre outras profissões. Em São Paulo, virou dona de bar. Os calotes a forçaram a ser manicure, o que só fazia a clientela gritar de dor. Nilda conta, gargalhando, que foi colocada para cortar cabelo – “e eu nunca tinha cortado nem cabelo de rato” . Como pagamento de uma dívida, ganhou três DVDs: dois não funcionaram e o terceiro mostrava um religioso lendo um livro. A situação, que a deixou revoltada, também trouxe ideias: “Vou escrever o meu livro”. Uma sequência de páginas com histórias, crônicas e pensamentos sobre a vida tomou forma. Com a falta de dinheiro, Nilda se viu forçada a fazer o desenho para a capa. As pessoas gostaram do que viram dentro e fora do livro e a incentivaram no novo ramo.

 

Nilda, então, começou a pintar telas com temáticas referentes à vida no sertão, retratando tempos e costumes: cangaceiros, retirantes, atividades manuais, animais, paisagens, comidas, profissões, vínculos afetivos, conflitos e folclore. Lançou mão de pinceladas arrastadas e secas, que preenchem a tela e dão origem a texturas e padrões. O bom humor, uma das características mais marcantes no trabalho de Nilda, divide espaço com lamentos, introspecções, solitudes e vazios. “Me chamavam de artista plástica, mas eu dizia que não era porque achava que esse termo era pra quem fazia arte com plástico”, conta rindo. “O que as pessoas acham feio, eu acho bem bonito.”  

Lira Marques (1945), nascida em Araçuaí (Vale do Jequitinhonha, MG), tem um diálogo com a natureza em diversas formas. Sabe e entende que veio da terra e que para ela voltará. Sua mãe fazia bonecas de pano e presépios de barro para presentear os vizinhos, e assim foi despertada a curiosidade de Lira: ainda criança, começou a fazer pequenas esculturas com cera de abelha, posteriormente se dedicando à cerâmica. Os desenhos em papel e pedra – que hoje são seu carro-chefe – só surgiram em 1994, após fortes dores nos braços. Hoje, Lira coleciona diferentes tons de pigmentos minerais que encontra pela região e aplica em seu trabalho, além de investigar e acumular um conhecimento inesgotável sobre a cultura popular, o comportamento, a música, os habitantes e sobretudo a vida dos que lá persistem.

 

 

A série aqui exposta foi batizada por Lira de “Meus bichos do sertão”. São representações feitas em barro com traços da economia e da estética rupestres: figuras bípedes e quadrúpedes que se assemelham a aves, répteis e anfíbios e, frequentemente, são híbridos entre real e imaginário. Os animais são definidos por seus bicos, penas, chifres e rabos; ora sozinhos, ora acompanhados por seus ovos, índices da flora e minerais. Em determinados momentos, Lira agrupa elementos em formas ovaladas que sugerem exposição em pedras e pastos, reclusão em cavernas e buracos; ou, ainda, os escava como uma arqueóloga da própria vida e história. A aridez estética é marcada pelo relevo da matéria-prima e reforçada pelos ângulos agudos das extremidades dos bichos. Podem ser “mansos, mas também ariscos” – está pronta para soltá-los em troca de proteção e adiamento dos apocalipses.

 

 

Também do Vale do Jequitinhonha, Rosana Pereira (1988) nasceu em Caraí (MG) com uma bolinha de barro nas mãos. Filha, neta, bisneta, tataraneta de ceramistas – e aqui nos perdemos na incerteza de sua árvore genealógica, mas seguros da atividade quase tricentenária na região – desde pequena foi iniciada na modelagem do barro. A produção de Rosana é diretamente ligada à produção de seu avô, Ulisses Pereira Chaves (1922-2006), celebrado como um dos maiores escultores brasileiros por Burle Marx e Lélia Coelho Frota.

 

 

Influenciada esteticamente por Ulisses, Rosana adquire temática própria e flexiona a rigidez das figuras do avô com movimentos e interações entre os corpos. De poucas palavras e grande timidez, encontrou na escultura a melhor forma para se comunicar. Suas obras mostram figuras antropozoomórficas, com corpos humanos e rostos de animais. A figura feminina, em sua grande maioria, traja um vestido de noiva, e, a masculina, terno completo para o casamento. Subvertendo a rígida tradição local, há uma inesperada relação entre os personagens: os femininos têm o poder e o controle da cena. São eles quem rastejam, caem, fraquejam, obedecem, são carregados e fragilizados. Rosana, a mais jovem presente na exposição, resume a série com: “Faço isso porque a mulher também é importante”, levantando uma bandeira não de superioridade, mas de igualdade entre os gêneros. 

 

 

Efigênia Rolim (1931), natural de Abre Campo (MG), iniciou sua produção artística em Curitiba (PR). Conhecida como “Rainha do Papel de Bala” há mais de 30 anos, um fato mudou toda a sua história: andava pela rua quando viu um objeto brilhante no chão. Surpresa, se abaixou para pegá-lo; era “apenas” um papel de bala. Pensou nas relações que estabelecemos com pessoas e concluiu que, enquanto o papel tivesse uma função embrulhando o doce, despertaria interesse por parte de alguém. Chamou-o, então, de “mísero caído”. Começou a recolher todos os que via pela frente, pensando: “Se conseguir um por dia, no final do ano tenho 365” – enquanto as pessoas só a chamavam de louca. “Ninguém achou que eu fosse vingar.” 

 

 

Os papéis invadiram suas vestimentas e, juntamente com outros materiais considerados “lixo”, são matérias-primas das esculturas, compondo também apresentações e poemas. “As pessoas ficam impressionadas com o trabalho que tenho para fazer minhas peças, mas não há nada que eu goste mais do que isso. É preciso de imaginação e querer fazer.” Marcados pelo processo de acúmulo, destruição, construção, ressignificação e bricolagem, seus trabalhos apresentam narrativas oniscientes inspiradas em contos de fada. Seus personagens e histórias transitam entre o real e o extraordinário, frequentemente manipulados com o recurso pedagógico da repetição. Apresentamos a inédita série “Natureza racional”, justificada pela artista com: “Cansei de falar com os homens, agora vou falar com os animais”. Autointitulada Guardiã do Mundo, com a voz no presente e seu eco no futuro, Efigênia nos provoca a respeito da sustentabilidade e das próximas etapas da humanidade ao interferir no tamanho real dos homens e bichos, propondo novas dimensões e relações entre eles. 

 

 

Nilda e Lira se voltam para o meio de criação rural como base para a formação de seus discursos, enquanto Rosana e Efigênia projetam narrativas com preocupações a princípio urbanas, embora certamente de interesses universais. O equilíbrio também ocorre por meio das intersecções, similaridades e dissonâncias de suas falas: feminino, cotidiano, deslocamento, força, tempo, igualdade, resiliência, ancestralidade e consciência ambiental, entre tantos outros temas. A distância acadêmica revela uma crescente pesquisa de matérias e experimentações técnicas em busca de um apuro narrativo e estético.

 

 

As histórias contadas através dos trabalhos presentes na mostra foram construídas com base na observação do cotidiano vivido ou percebido, dos costumes e da sensibilidade. São narrativas que moram nas quatro artistas e as mantêm vivas. Já os objetos perdem o valor contemplativo e podem assumir caráter de devoção, evocando suas crenças, sonhos, pensamentos e questionamentos. Recusando serem caladas, as ideias que propagam se baseiam na perpetuação, preservação e libertação de suas raízes, do cotidiano e do futuro que agoniza e sufoca.

 

 

Se “por muito tempo na história, ‘anônimo’ era uma mulher”, como escancara Virginia Woolf (1882-1941), queremos que as prosas das mulheres sejam notadas, que suas vozes sejam ouvidas e que possamos nos inspirar com suas histórias. É preciso visitá-las e revisitá-las para que grupos periféricos ganhem um novo e merecido espaço na noção de arte brasileira, em nossas agendas e em nossa sociedade, abandonando as margens. “Tudo o que você me der é seu” é uma generosa troca, e somos nós que ficamos com o presente.

Salão Online de Artes Visuais do Ibeu

11/jan

 

Pela primeira vez desde que foi concebido, há quase 50 anos, o Salão de Artes Visuais Galeria Ibeu será realizado em formato digital. Após seleção aberta em novembro de 2020, a 1ª edição do “Salão Online de Artes Visuais Galeria Ibeu” reabre o calendário de exposições em janeiro. Tendo como objetivo divulgar a produção de artistas brasileiros realizada em 2020, em meio às medidas de prevenção ao contágio pelo Coronavírus, o Salão acontece até o dia 5 de fevereiro através das plataformas Instagram (@galeriaibeu) e Blog da Galeria Ibeu (ibeugaleria.blogspot.com).

Naturais do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Goiás e Espírito Santo, foram ao todo 32 artistas selecionados: Alexandra Ungern, Aline Moreno, Ana Klaus, Antônio Freire, Bruno Alves, Bruno Lyra, Camille Fernandes, Claudia Lyrio, Edson Macalini, Fabi Cunha, Fava da Silva, Fernando Brum, Fernando Correia, Júnior Franco, Larissa Camnev, Laura Villarosa, Leo Stuckert, Liliana Sanches, Lucas Ribeiro, Luísa Prestes, Maria Eugênia Baptista, Mariane Germano, Mateus Morbeck, Myriam Glatt, Nina Maia, Patricia Pontes, Paulo Juno, Raul Leal, Rodrigo Westin, Sandra Gonçalves, Thomaz Meanda, Vicente Brasileiro. Entre as mídias utilizadas encontram-se pinturas, esculturas, instalações, desenhos, colagens, vídeos e fotografias.

Artistas sem Galeria

O 12º Salão dos Artistas sem Galeria em sua versão de 2021 apresenta nas galerias LONA, Barra Funda e ZIPPER GALERIA, Jardins, ambas em São Paulo, SP, uma nova seleta de artistas. O naipe é composto pelos jovens Ana Andreiolo, André Bergamin, Evandro Angerami, Laura Villarosa, Leonardo Luz, Marc do Nascimento, Mateus Moreira, Paloma Mecozzi, Rafaela Foz e Thiago Fonseca.

 

As exibições coletivas obedecem dias diferentes de abertura como 14 de janeiro na Lona Galeria e 16 de janeiro na Zipper Galeria com encerramento em ambas no dia 20 de fevereiro.

Mulheres: Argentina & Brasil

 

Cerca de 80 obras de 15 artistas mulheres da Argentina e do Brasil, reunidas pela curadora Maria Arlete Mendes Gonçalves, ocuparão todo o prédio do Centro Cultural Oi Futuro no Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, na exposição Una(S)+, de 13 de janeiro a 28 de março. A mostra ocupará do térreo à cobertura, passando pelas galerias, escadas, elevador e pátio externo, e inaugura a programação do Oi Futuro em 2021, seguindo todos os protocolos de segurança sanitária. Produzidas em dois momentos – antes e durante a pandemia – as obras afirmam a potência feminina na arte.

Prevista inicialmente para maio de 2020, e adiada duas vezes por conta do coronavírus, a exposição “ganhou um caráter mais amplo, ao incorporar o estado quarentena da arte”. A curadora decidiu incorporar à mostra também as obras criadas pelas artistas durante o confinamento em suas casas, já que elas produziram continuadamente, mesmo sem a estrutura de seus ateliês. “Elas ampliaram seus campos de trabalho e ousaram lançar mão de novas linguagens, materiais, tecnologias e redes para romper o isolamento e avançar por territórios tão pessoais quanto universais: a casa, o corpo e o profundo feminino”, explica Maria Arlete Gonçalves. “São obras de artistas de gerações distintas e diferentes vozes, a romperem as fronteiras geográficas, físicas, temporais e afetivas para somar potências em uma grande e inédita ocupação feminina latino-americana”, assinala a curadora.

A exposição nasceu da instalação “Fiz das Tripas, Corazón”, da artista portenha/carioca Ileana Hochmann, que ao expor em Buenos Aires em 2019 convidou artistas da Argentina e do Brasil, com a ajuda de Maria Arlete Gonçalves, para dialogarem com seu trabalho. Agora, esta exposição chega ao Rio de Janeiro ampliada, com mais artistas e desdobrada com trabalhos surgidos na pandemia.

As artistas que integram a exposição são, da Argentina: Fabiana Larrea (Puerto Tirol, Chaco), Ileana Hochmann (Buenos Aires), Marisol San Jorge (Córdoba), Milagro Torreblanca (Santiago do Chile, radicada em Buenos Aires), Patricia Ackerman (Buenos Aires), Silvia Hilário (Buenos Aires); do Brasil: Ana Carolina Albernaz (Rio de Janeiro), Bete Bullara (São Paulo, radicada no Rio), Bia Junqueira (Rio de Janeiro), Carmen Luz (Rio de Janeiro), Denise Cathilina (Rio de Janeiro), Evany Cardoso (vive no Rio de Janeiro), Nina Alexandrisky (Rio de Janeiro), Regina de Paula (Curitiba; radicada no Rio de Janeiro) e Tina Velho (Rio de Janeiro).

Exibição em dupla 

07/jan

 

 

Em “Buscadores: a vitalidade da arte”, os artistas Bruno Schmidt e Roberto Barciela, em cartaz até 31 de janeiro na Casa de Cultura Laura Alvim, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, exibem suas últimas experiências artísticas. Distintos formalmente entre si, Bruno Schmidt comparece com série de obras viscerais criadas em composições vigorosas  sendo a maioria em grandes dimensões enquanto Barciela exibe-se de modo distinto e inteiramente oposto com pinturas e objetos geométricos; um trabalho cerebral, calculado em perfeito contraponto e contrastes de cores.  A mostra também pode ser visitada pelo Youtube, através do link https://youtu.be/AiIwXWqy__8. O vídeo tem uma duração de cerca de 10 minutos. A curadoria traz a assinatura de Paloma Carvalho.

 

 

Para a curadoria Bruno Schmidt “explora elementos prosaicos, papéis e emborrachados: signos, materiais descartados que vão deixando por terra seus significados e usos originais para serem percebidos como elementos plásticos, como material de trabalho” enquanto em sua visão, Roberto Barciela “desafia materiais industriais e aquela geometria. Formas animam-se, reagem a seus cortes. Dinâmicas, expressivas, adquirem a personalidade exuberante das cores acrílicas – lisas, brilhantes, intensas, mas contudo sem excesso de gestos.”

 

Representação de Emanoel Araújo

05/jan

 

 
A Galeria Simões de Assis, Curitiba, PR e São Paulo anunciou a representação do escultor, gravador e museólogo Emanoel Araújo.
 
Sobre o artista

 

 

Emanoel Araújo, nasceu em Santo Amaro da Purificação numa tradicional família de ourives, aprendeu marcenaria, linotipia e estudou composição gráfica na Imprensa Oficial de sua cidade natal. Em 1959 realizou – ainda em Santo Amaro – sua primeira exposição individual. Mudou-se para Salvador na década de 1960 e ingressou na Escola de Belas Artes da Bahia (UFBA), onde estudou gravura.

Foi premiado com medalha de ouro na 3ª Bienal Gráfica de Florença, Itália, em 1972. No ano seguinte recebeu o prêmio provindo da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor gravador, e, em 1983, o de melhor escultor. Foi diretor do Museu de Arte da Bahia (1981-1983). Lecionou artes gráficas e escultura no Arts College, na The City University of New York (1988). Expôs em várias galerias e mostras nacionais e internacionais, somando cerca de 50 exposições individuais e mais de 150 coletivas. Foi diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo (1992-2002) e fundador do Museu Afro Brasil (2004), onde é Diretor Curador. 

Em 2005, exerceu o cargo de Secretário Municipal de Cultura de São Paulo e em 2007 foi homenageado pelo Instituto Tomie Ohtake com a exposição “Autobiografia do Gesto”, que reuniu obras de 45 anos de carreira.

 

Moda na Fundação Iberê

Em 2021, a Japan House São Paulo (JHSP) vai expandir sua presença pelo Brasil, por meio de um projeto de itinerância que terá como um dos primeiros destinos a Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS. A partir do dia 04 de março, a instituição abrigará a exposição “O fabuloso universo de Tomo Koizumi”. Segundo o superintendente da Fundação, Emilio Kalil, a mostra marcará o início do processo de criação do Departamento de Moda, Design e Arquitetura.

 

 

“O fabuloso universo de Tomo Koizumi” apresenta as surpreendentes criações do designer japonês, destaque na semana de moda de Nova Iorque de 2019, e que, na exposição inédita criada para a JHSP, propôs um panorama pela moda contemporânea sob o olhar do artista que foge das tendências tradicionais e ousa em cada corte de tecido. “A importância de Tomo Koizumi no cenário fashion internacional é inquestionável. Acreditamos que se trata de artista único, um nome acertado para inaugurar o tema moda na programação da Fundação”, comenta Eric Klug, presidente da Japan House São Paulo.

 

 

Sobre o artista

 

 

Nascido na província de Chiba, Tomo, 32 anos, foi descoberto pelo dono de uma loja de varejo que ficou encantado pelas roupas produzidas por ele, ainda quando era estudante universitário. Fundou a sua marca “Tomo Koizumi” e, antes de sua ascensão, trabalhou como figurinista para diversos designers japoneses. Em 2016, teve uma de suas peças usada pela cantora Lady Gaga durante uma visita ao Japão. Dois anos depois, teve seu perfil no Instagram descoberto por Katie Grand (na época, editora-chefe da revista LOVE), que ficou fascinada por seu trabalho e usou de seus melhores contatos para orquestrar um desfile do artista na semana da moda de Nova Iorque (2019), com apoio do estilista Marc Jacobs e um time de peso. 

Finalista do prêmio LVMH em fevereiro de 2020, Tomo Koizumi é considerado hoje um dos principais jovens designers do Japão e veste celebridades internacionais com as suas peças em eventos de gala e red carpet. Ele também lançou na semana da moda de Milão uma coleção cápsula com a marca italiana Emilio Pucci.