As florações de von Poser

19/set

O Museu de Arte Sacra de São Paulo, Luz, São Paulo, SP, inaugurou a exposição “Floração”, mostra individual de Paulo von Poser, com curadoria de Haron Cohen, exibindo a multiplicidade criativa do artista plástico em 44 obras com suportes variados: desenho, aquarela, objeto e instalação.

 

Para a mostra, Paulo von Poser aproximou em seus trabalhos o símbolo da flor com a cidade e o sagrado feminino, unindo seus traços precisos à delicadeza encontrada na natureza e à expressão artística do divino presente no acervo do museu, numa sagração de boas vindas à Primavera.

 

A flor é um tema com forte presença na carreira do artista, especialmente as rosas. Grande parte das obras foi produzida especialmente para a mostra. A montagem “valoriza o vertical, o interior, o acúmulo, a sobreposição e a surpresa”, nas palavras do artista. “A cor da exposição é densa e saturada e a montagem final reforça nesta aglutinação cromática a própria essência do surgimento da flor, sua diversidade extrema, a velocidade e intensidade de sua evolução”, diz ainda.

 

A variedade de suportes com as quais Paulo von Poser compõe sua poética visual tem uma relação bastante próxima com a evolução das flores. O artista exibe “A Flor Pré-Histórica”, conjunto de grandes aquarelas, que, montadas com a série “Vasos e Madonas”, formam um extenso mural contínuo, no qual a flor é representada pela busca de sua ancestralidade simbólica e cromática. “Flor Relíquia”, rosas em forma de relicário em madeira e ferro, incita a curiosidade e convida à interação para a descoberta do segredo guardado em seu interior. A sala destinada à exposição traz ainda uma montagem com uma série de cerâmicas pintadas em faiança e baixo esmalte como tributo à santa padroeira do Brasil.

 

O Museu de Arte Sacra de São Paulo é apresentado e homenageado em dois desenhos centrais, além de ser tema de uma série inédita de desenhos de imagens de peças de seu acervo, feitas in loco este ano, especialmente para a exposição.

 

O artista 

 

Paulo von Poser nasceu em São Paulo e formou-se arquiteto pela FAU/USP em 1982. Iniciou sua relação com o desenho em 1978, ao ingressar na faculdade. A partir daí, se descobriu como artista plástico, fazendo em 1982 sua primeira exposição. Exposições, projetos gráficos, instalações, manifestações de arte pública, vídeos, cenários ilustrações, estampas, fotografias, cerâmicas, painéis de azulejos e aulas tem sido diferentes meios para sua arte pop e gráfica. Paulo expôs obras em diversas cidades brasileiras e em países como Alemanha, Peru, Bolívia e França. Os elementos que indicaram novos rumos para seu trabalho foram as grandes pedras do Rio de Janeiro – marcos da paisagem da cidade – e o Rio Pinheiros, em São Paulo, com suas pontes, margens e construções, ambiente em constante e intensa transformação urbana. Lançou em 2010 seu primeiro livro, “A Cidade e a Rosa”, onde, mais uma vez, homenageia suas duas paixões.

 

 

Até 11 de novembro.

O tempo na Tec-Tendler

Cinco artistas brasileiros e um belga, todos com reconhecimento e passagens internacionais, apresentam obras selecionadas na Galeria TeC – Tendler Contemporânea,  Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. Esta é a primeira promoção de mostra coletiva na galeria. A exposição “O que ultrapassa o tempo?” reúne seis obras dos seis artistas representados pela  representa: Luciano Pinheiro, Luk Vermeerbergen, Mariannita Luzzati, Mauricio Silva,  Monica Barki e Sidnei Tendler.

 

O conceito da exposição está baseado na quebra de paradigmas, modismos e movimentos que são usados para catalogar e classificar a arte sob uma perspectiva histórica.

 

Para a criação dessa mostra, foram visitados cada um dos ateliers dos artistas. Essas visitas individuais, resultaram na escolha de “… uma única obra para representá-los nessa exposição. Não nos preocupamos em mostrar trabalhos antigos ou recentes, escolhemos movidos pela paixão que nos une a Arte” –  como declara a galerista Carla Tendler.

 

Até 28 de setembro.

Canudos por Adir Botelho

Canudos

A Caixa Cultural-Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Barbárie e espanto em Canudos”, com xilogravuras de Adir Botelho. A mostra é composta por 142 peças criadas ao longo de duas décadas, entre os anos de 1978 a 1998, e aborda um dos episódios mais sangrentos da nossa história. Inspirado no livro “Os Sertões”, de Euclides da Cunha – que completa 110 anos de publicação em 2012 –, o conjunto de peças nunca foi apresentado completo antes para o público.

 

A obra consiste numa seqüência de impressionantes imagens sobre o drama ocorrido no sertão da Bahia que mobilizou o Brasil no final do século XIX. A exposição reúne duas séries, “Canudos”, concebida em xilogravura, e a série “Agonia e morte de Antônio Conselheiro”, em desenhos a carvão. Embora os trabalhos possuam caráter independente, as séries se interligam em conjunto harmonioso, com características e traços próprios.

 

Considerado um dos maiores gravadores modernos brasileiros, discípulo de Raimundo Cela e Oswaldo Goeldi, com quem manteve estreito convívio profissional e afetivo, Adir Botelho “…possui uma sensibilidade rara e uma linguagem extremamente pessoal”, como afirma Monica Xexéo, diretora do Museu nacional de Belas Artes e curadora da exposição.

 

“Na visão xilográfica de Canudos, há um mundo de imagens, mas o que há de concreto é a guerra, transfigurada em corpos despedaçados, homens e mulheres de mãos erguidas, os olhos luzindo, exaustos, exaltados pela dor e desespero, trazendo dentro de si uma surpreendente e obstinada coragem”, descreve Adir Botelho.

 

Até 11 de novembro.

Produção em papel

18/set

A galeria Arte Aplicada, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Três Décadas de Arte Sobre Papel”, exibindo 30 obras de artistas selecionados pela curadora Sabina de Libman, que buscou excelência nos trabalhos nesse suporte, para oferecer um panorama de trinta anos de arte com expoentes da arte como Di Cavalcanti, León Ferrari, Flavio de Carvalho, Pietro Maria Bardi, Volpi, Tomie Ohtake, Sergio Fingermann, Abraham Palatnik e Alex Vallauri, entre tantos.

 

Embora o papel sirva como um estágio inicial para obras de arte, como croquis e rascunhos, mas é também lugar de trabalhos finalizados, sendo essencial – como suporte – no desenvolvimento e na finalização de obras. Em muitos casos, abriga o valor de obra com linguagem independente. Isso é percebido, por exemplo, nos desenhos de Di Cavalcanti e Flávio de Carvalho, nas gravuras de León Ferrari e Tomie Ohtake, nas serigrafias de Volpi e Abraham Palatnik, bem como nas litografias de Sergio Fingermann e no graffiti de Alex Vallauri.

 

Todos os artistas selecionados para “Três Décadas de Arte Sobre Papel” tiveram algum tipo de contato com Sabina de Libman: alguns realizaram exposições em sua galeria, enquanto outros participaram de mostras em instituições com sua curadoria. “Muitos deles eram ainda promessas quando os conheci e, com o tempo, consolidaram-se como grandes nomes”, diz a curadora, que anteviu tais potenciais.

 

Além dos artistas mencionados, a coletiva conta ainda com obras de Bonadei, Waldemar Cordeiro, Da Costa, Grassmann, Arcangelo Ianelli, Renina Katz, Juarez Machado, Aldemir Martins, Rubens Matuck, Marco Aurélio Rey e Mario Tagnini.

 

Até 29 de setembro.

A poética de Julio Plaza

Chama-se “Julio Plaza, Construções Poéticas”, a exposição que a Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS, apresenta na sua Sala dos Pomares. Trata-se de uma revisão do escritor, gravador, artista intermídia, teórico e professor, Julio Plaza, artista nascido em Madrid,1938 e falecido em São Paulo, em 2003. Plaza é um artista importante tanto pelo conjunto de sua obra e seu interesse desbravador no campo da arte e tecnologia, como pelas gerações de artistas que influenciou em suas atividades didáticas exercidas no Brasil.

 

Vera Chaves Barcellos e Alexandre Dias Ramos respondem pela organização e curadoria da exposição propondo uma revisão expográfica inédita no RS de sua produção artística acrescida pelo aval de terem convivido ou estudado com o artista. A obra e a vida de Julio Plaza ainda não foram objeto de publicação e seus trabalhos permanecem pobremente reproduzidos. Programada para 2013, o MAC-USP, prepara uma grande exposição de sua obra.

 

Sobre o artista

 

Artista intersemiótico e com produção multimeios, pesquisador e expert em técnicas gráficas, Julio Plaza consolidou sua obra com pintura, desenhos e objetos ainda nos anos 60, sob o vetor construtivo. Desembarcou no Brasil pela primeira vez em 1967, integrando a representação espanhola que participou da 11ª Bienal Internacional de São Paulo, e como bolsista do Itamarati, para um estágio no ESDI, Rio de Janeiro, onde permaneceu até 1969, ano em que realizou o “Livro-Objeto”, com o editor Julio Pacello. No contexto brasileiro foi um desbravador da arte interativa promovida pelo surgimento de novas tecnologias da comunicação. Trabalhou com videotexto, slow-cam TV, holografia, fax e computação digital, partilhando e influenciando gerações de artistas no campo da arte mídia e protagonizando o processo de hibridação artística dos meios na chamada cultura das mídias.

 

Autor de vários livros de artistas publicou com o poeta concretista Augusto de Campos, os célebres “Poemóbiles”, de 1968 e “Caixa Preta”, de 1975, volumes impressos que permitem ao leitor transformá-los em objetos poéticos tridimensionais e ainda o livro-poema “Re-Duchamp”, de 1976.

 

Julio Plaza teve grande atuação igualmente como organizador de exposições desde seu estágio na Universidade de Puerto Rico, onde lecionou de 1969 a 1973, ano em que se estabeleceu definitivamente no Brasil.

 

Contestador radical e bastante inconformado com o sistema da arte ao qual criticava de maneira sistemática foi autor de vários aforismos, entre eles: “Arte é um bem que faz mal.”

 

Até 14 de dezembro.

Esculturas de Isaque

Isaque Pinheiro, artista português, realiza sua segunda exposição individual na galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Desta vez o artista ocupará os dois espaços expositivos, a galeria e o anexo, em uma mostra que contará com 7 esculturas realizadas com diferentes materiais: mármore, couro, aço inox e madeira.

 

O trabalho de Isaque Pinheiro floresce nos limites dos procedimentos hegemônicos da arte contemporânea.  Em sua obra coexistem rasgos de noção greco-romana, renascentista, iluminista e, com certeza, de uma narrativa contemporânea. De fato, o trabalho de Isaque Pinheiro rebela-se contra a própria historia recente da escultura, atendendo tanto ao seu passado como a seu presente, assumindo seus últimos logros sem abandonar a condição formal, o oficio de escultor.

 

Resulta evidente que a evolução escultórica desde o classicismo das estátuas até hoje tem sido um universo de desencontros, inclusive poderíamos falar que a escultura assume uma repetida traição a si mesma em cada novo passo que dá.

 

Tradicional em sua forma de “fazer”, Isaque Pinheiro resolve conceitualmente, desde a tensão própria da poesia, buscando a incongruência do objeto, sua condição abstrata ainda quando se trata de uma proposta figurativa.

 

De 29 de setembro a 27 de outubro.

ArtRio 2012

14/set

Em sua primeira edição, em 2011, a ArtRio superou todas as expectativas, com instalações de alta qualidade, 83 galerias participantes, sendo 33 estrangeiras, exibindo obras de 700 artistas, atraindo mais de 46 mil visitantes e bom resultado de vendas.

 

Agora, o ápice dessas ações acontece novamente entre os dias 13 e 16 de setembro, com a segunda edição da feira internacional de arte contemporânea. A ArtRio 2012, Pier Mauá, Rio de Janeiro, RJ, vai reunir em quatro armazéns e um anexo do Píer Mauá, o acervo de quase uma centena de galerias nacionais e estrangeiras com trabalhos que abrangem desde a arte moderna até novíssimas obras de arte contemporânea – muitas delas inéditas. São aproximadamente 13.000m2 de área de feira, com 6.900 m2 voltados para a arte internacional. O “Programa Panorama” engloba as galerias já consagradas, com mais de cinco anos de existência, que tenham um papel atuante no mercado de arte. Já o “Programa Box”, apresenta a ousadia e inovação de galerias mais novas, que desenvolveram projetos artísticos inéditos, especialmente para a atual edição da ArtRio 2012.

 

A mostra “Solo Projects”, que traz obras de renomados artistas internacionais, conta mais uma vez com a curadoria de Julieta González (que já atuou na Tate Modern, Museu Alejandro Otero, Caracas e Whitney Museum, Nova York) e Pablo León de La Barra (consultor de arte, galerista e curador atuante no mercado londrino). Também em seu segundo ano, a mostra “ArtRio Videos” traz destaques das produções audiovisuais.

 

A feira ainda conta com “Espaço Kids”, oficina de artes para crianças, com coordenação de Daniel Azulay; com a “Livraria Blooks”, onde são realizados lançamentos de livros de arte e palestras gratuitas; pólo de alimentação e pockets shows com vista para o mar.

 

A ArtRio foi um divisor de águas no cenário brasileiro de artes visuais e no exterior, hoje é vista como uma das grandes feiras internacionais entre as que se realizam em diversos países.