Pleno verão com Sergio Gonçalves

20/fev

A Sergio Gonçalves Galeria, Centro, Rio de Janeiro, RJ, abriu suas portas para homenagear o verão. “Quem viver, verão!” é a exposição que reúne artistas de várias gerações, de todos os cantos do Brasil, de suportes e mídias diferentes, com um desafio especial. Criar, interferir, customizar e dar novas cores a diversos guarda-sóis que ocuparão a Galeria e sua fachada, trazendo um clima praiano ao Centro Histórico do Rio.

 

Ao todo, 24 artistas foram convidados para essa nova celebração das artes visuais ao verão, onde o guarda-sol – um dos nossos deuses protetores das radiações solares cada vez mais intensas, renegado por muitos, mas venerado e companheiro inseparável de outros nas incursões praianas – ganha status de arte nas mãos de artistas como Ana Durães, Anita Kaufmann, Carlos Araújo, Clarissa Campello, Cristina Sá, Daniel Ventura, Deneir, Denize Torbes, Eduardo Ventura, Felipe Barbosa, João Magalhães, Laura Michelino, Leonardo Videla, Ligia Teixeira, Lin Lima, Márcio Zardo, Newman Schutze, Osvaldo Carvalho, Raimundo Rodriguez, Roberto Tavares, Rosana Ricalde, Thereza Salazar, Vânia Barbosa e Wladimyr Jung. A curadoria é de Sergio Gonçalves.

 

Além de todas as criações, o artista Deneir leva sua bicicleta voadora, onde apresenta uma performance em que o artista acopla um guarda-sol a uma bicicleta, que é girado interativamente pelos presentes, fazendo com que todos interajam com a instalação.

 

Inspirados nos rituais que os povos antigos realizavam a cada mudança de ciclo da natureza, ou seja, a cada mudança de estação, a chegada do verão é celebrada com muita alegria em diversas culturas e religiões pelo mundo. Desde os anos 80, é comemorada na França com a “Fête de la Musique”, que já faz parte do calendário de mais de cem países.

 

No Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, celebração é o que não falta. O verão carioca encanta todas as tribos; de músicos a empresários, de turistas a moradores, de hippies a patricinhas.

 

 

Até 15 de março.

ONLY YOU POR LEONARDO KOSSOY

19/fev

Dramas e mitos, oposições e fronteiras, corpos e gestos compõem a exposição “OnlyYou”, do fotógrafo Leonardo Kossoy, no Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, com curadoria de Fernando Azevedo. Formada por 145 imagens, divididas em 16 ensaios realizados em estúdio com dois atores (Gilda Nomacce e Germano Melo), “OnlyYou” articula fotos, instalações e vídeos. “Não quero falar da relação entre homem e mulher, mas da questão binária do pensamento. Na mente, existe um modelo binário. Você só consegue pensar em algumas coisas se imaginar o oposto”, afirma Kossoy, cujas “imagens idealizadas” investigam os limites da linguagem fotográfica, expandida por conceitos da literatura, das artes visuais e da psicanálise.

 

 

O curador Fernando Azevedo avalia que “Only You” nos questiona sobre todos aqueles momentos em que nos encontramos duplamente a sós nos rituais da vida a dois. “O trabalho não tem respostas, não diz que sim nem que não, somente examina, multiplamente, fragmentariamente, em todas as direções”.

 

 

Para Leonardo Kossoy, o objeto fotografado preexiste em nossos desejos. “Você fotografa o que deseja, só vê e se dá ao trabalho de enquadrar se for a imagem do seu desejo”, defende o artista, que se impregna de imagens antigas do inconsciente. Nos quadros dos pintores Caravaggio e Francis Bacon, encontrou modelos de perspectivas, de enquadramentos e de iluminação. Dessas investigações surgiu a opção por cubos e pelo fundo preto – uma “câmara obscura”. No centro de seus interesses, as diversas formas de imagem, num estudo que se estende da pintura ao cinema.

 

 

Realizada entre 2011 e 2013, a série fotográfica “OnlyYou” é seu primeiro trabalho em estúdio, com modelos nus (encaixotados ou em situações dramatizadas). “Eu procurava drama. Para realizar os ensaios eu encontrei um casal de atores que resolveram a questão da expressão cênica. Tinha que ser ator. Gosto muito de ópera, de gestos extremos”, diz o fotógrafo.

 

 

“Nenhum apelo ao corpo belo. Nenhum desejo de mostrar a perfeição do corpo. Tampouco nenhum projeto acerca dos corpos abjetos”, define Ana Kiffer, professora doPrograma de Pós-Graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade do Departamento de Letras da PUC- Rio. “Também não se poderia definir a nudez como sendo um dispositivo erótico por excelência desse trabalho. Mesmo que se possa aí encontrar tal efeito. Nenhum pornô. Ou pós-pornô”.

 

 

 

Sobre o artista

 

Nos últimos anos, Leonardo Kossoy realizou as exposições “4un-common places in Brooklyn”, 2004, “Desoriente: o Eu nômade”, Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo e Rio de Janeiro – 2006/2007, “Espanhas”, Centro Cultural da Caixa do Conjunto Nacional – 2007 e a coletiva “Onde a Água Encontra a Terra”, 2009/2011 – ao lado de Fernando Azevedo e Carol Armstrong -, apresentada no Masp em São Paulo, no Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro, na Fundação Clóvis Salgado em Belo Horizonte, no Museu Oscar Niermeyer em Curitiba e na Casa das Onze Janelas em Belém. Em 2012, a convite do curador e escultor Emanoel Araujo, integrou a exposição “A sedução de Marilyn Monroe”, no Museu Afro Brasil, SP. Com “OnlyYou”, Instituto Tomie Ohtake, apresenta suas novas investigações mentais e estéticas, nas quais “o nu é uma paráfrase da verdade”.

 

 

Sobre o curador

 

 

Fernando Azevedo é fotógrafo e curador independente. Nascido no Rio de Janeiro, ele está baseado no Brooklyn, em Nova York, onde mantém o A/STUDIO. Tem mestrado em artes pelo Pratt Institute, NY, e mestrado em História da Arte pelo Graduate Center da City University de Nova York. Seu trabalho como curador e fotógrafo foi exibido, entre outros lugares, no Museo Reina Sofia, em Madrid; MASP; Pinacoteca de São Paulo; Centro Cultural Banco do Brasil, Rio e São Paulo; Museu Oscar Niemeyer, Curitiba; e Casa das Onze Janelas, Belém. Atualmente escreve sua tese de doutorado sobre literatura, fotografia e artes em relação ao movimento “Ocuppy Wall Street” no Departamento de Literatura,  Cultura e Contemporaneidade na PUC-RJ.

 

 

 

Até 06 de abril.

Isaque Pinheiro em Lisboa

Isaque Pinheiro realiza exposição individual na Galeria Caroline Pagès , Lisboa, Portugal. A exposição  denomina-se “Memória” e nela, Isaque Pinheiro apresenta uma série nova de trabalhos cujo conjunto é, no mínimo, surpreendente. Desde os gigantescos dardos feitos de madeira nobre e metais ricos e de ressonância simbólica, como o latão ou a prata, até aos alvos encontrados, à maneira de Max Ernst nos singulares desenhos que a própria natureza fez no interior escondido das árvores, passando por uma gigantesca colagem cujas sucessivas camadas produzem todo um conceito de escultura bidimensional até a um imaginoso vídeo que retoma a temática desta última e a reconstrói num processo quase alucinatório que lhe multiplica os sentidos, todas estas novas obras convergem juntas numa quase instalação que multiplica o espaço que integram de coordenadas conceptuais surpreendentes, e em que as obras por si mesmas são como que partes de um todo, idealmente impossível de separar, mesmo se funcionam também cada uma delas separada das restantes.

 

 

Até 29 de março.

 

Fonte: Galeria Laura Marsiaj

Uma seleção de Anita Schwartz

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição coletiva “Éter”, com 24 obras de 17 artistas representados pela galeria, sendo três delas – dos artistas Gustavo Speridião e Otávio Schipper – inéditas. As demais obras foram produzidas entre 1999 e 2013, em diferentes técnicas e suportes, como pintura, desenho, escultura, instalação e site specific.

 

“Éter é uma reunião de obras do acervo que preenchem delicadamente o espaço da galeria. Na mostra, encaramos o desafio de selecionar trabalhos que se confundem com o ambiente expositivo, seja por transparências, reflexões ou camuflagens. Por isso, o título da exposição se refere ao éter, no sentido de uma substância hipotética, menos densa que o ar, que já se acreditou ocupar todo universo”, afirma Anita Schwartz.

 

A mostra, que ocupará todo o espaço expositivo da galeria, terá obras dos artistas Abraham Palatnik, Ana Holck, Angelo Venosa, Antonio Manuel, Carla Guagliardi, Carlos Zílio, Claudia Bakker, Daisy Xavier, Estela Sokol, Everardo Miranda, Gustavo Speridião, Ivens Machado, Nuno Ramos, Otavio Schipper, Sabrina Barrios, Waltercio Caldas e Wanda Pimentel.

 

Os trabalhos são muitas vezes tão sutis que exigem do espectador uma atenção, uma entrega do olhar. “A exposição busca encorajar os visitantes a contemplarem as obras, propondo um novo olhar sobre o espaço”, diz a galerista.

 

 

O espaço

 

Ao construir em 2008 seu novo espaço, com projeto do arquiteto Cadas Abranches, Anita Schwartz mudou o patamar das galerias de arte na cidade. Com cerca de 800 metros quadradas, o espaço moderno passou a ser um local privilegiado para as artes visuais no Rio de Janeiro. O projeto arquitetônico foi totalmente pensado para abrigar uma galeria, iniciativa pioneira na cidade. O cuidado com que se cercou essa construção é visível nos mínimos detalhes. Absolutamente tudo foi pensado para deixar o artista confortável em apresentar seu trabalho em qualquer formato ou suporte.  O conceito de “cubo branco”, ou seja, um espaço neutro que não interfira com a obra de arte, é o centro do projeto.  Com mais de sete metros de altura de pé direito, a sala principal tem 140 metros quadrados de área, permitindo a colocação de obras de arte em tamanho monumental.  Ainda no térreo, há uma sala multiuso, que permitirá desde trabalhos em papel a vídeos. No terceiro andar, mais um generoso espaço expositivo, e um terraço com piso de madeira.  Ainda no terraço, um contêiner com 20 pés que abriga videoinstalações.

 

 

Até 12 de abril.

Curso no Rio com Walter Firmo

18/fev

Venha ver em preto e branco, pois a vida é colorida. Quer descobrir os segredos do Preto e Branco? São 56 anos de fotografia, de um dos fotógrafos mais premiados e renomados do mundo, ex-diretor do In Foto, Comendador da Fotografia Brasileira, 10 prêmios Nikon, Golfinho de Ouro, citado na Enciclopédia Britânica, Prêmio ESSO de Texto, trabalhou nos principais órgãos de imprensa do país. Há 22 anos, se dedica a ministrar aulas de fotografia. Poucos sabem, mas Walter Firmo, é um ” SEM COR HÍBRIDO DO PRETO E BRANCO”, os segredos desse mestre do olhar estão a partir de março, a disposição de quem deseja conhecer e ter um olhar rebuscado e sagaz. Informações e inscrições: dudafirmo1@gmail.com

BRICS no Oi Futuro

17/fev

O Oi Futuro, Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, abre ao público “BRICS”, mostra com a produção de vídeo e fotografia de artistas contemporâneos dos cinco países que formam o bloco com as maiores economias emergentes da atualidade: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A mostra tem curadoria de Alberto Saraiva, curador de Artes Visuais do Oi Futuro, e de Alfons Hug, diretor do Instituto Goethe no Rio de Janeiro, e Co-curadoria de Sarat Maharaj (África do Sul), Gao Shiming (China), Joseph Backstein (Rússia), Bose Krishnamachari (Índia).

 

A mostra foi organizada para responder às expectativas geradas pelas conquistas políticas e econômicas desses cinco países, que hoje representam 40% da população mundial, no campo da arte e da cultura. Obras do brasileiro Silvino Santos (“No paiz das Amazonas”, 1921) trazem visões importantes de questões sociais, já consideradas polêmicas quando foram filmadas e que se mantêm atuais – estão ao lado da produção recente de artistas nacionais como Paulo Nazareth e Juliana Stein, que integraram a Bienal de Veneza em 2013, Cao Guimarães e Romy Pocztaruk.

 

Entre os chineses, estão Ip Yuk-Yiu, Chen Chieh-Jen, Cao Fei, Yang Fudong, e Gao Shiqiang, cujas obras refletem uma nova poética a partir das transformações sociais do país. A Rússia é representada por Haim Sokol, Elena Kovylina e Roman Mokrov. Vivek Vilasini, SarnathBanerjee e Navin Rawanchaikul trazem à cena representações de uma nova Índia. “My Fitzcarraldo”, do cineasta e diretor teatral alemão Christoph Schlingensief, documenta filmagens que realizou em Manaus. Obras dos sul-africanos Donna Kukama e Mikhael Subotzky completam a mostra.

 

Mostra é resultado de dois anos de pesquisa

 

Os curadores Alberto Saraiva e Alfons Hug pesquisaram por dois anos e fizeram várias viagens aos países do BRICS, para conhecer de perto a produção contemporânea recente de vídeo e fotografia e selecionar o material da mostra. Para o co-curador Alberto Saraiva, “a mostra no Oi Futuro é uma oportunidade de o público brasileiro conhecer o trabalho de importantes nomes da arte contemporânea internacional sob um recorte inédito e instigante, que mostra por que esses artistas estão hoje na vanguarda mundial”. Depois da estreia no Oi Futuro no Flamengo, Saraiva pretende levar a exposição para os outros países do bloco emergente. “A meta é que seja uma mostra itinerante, que contribua para o intercâmbio de experiências entre artistas de cada local”, afirma.

“Se, há cem anos, Berlim, Paris e Moscou formavam o epicentro da modernidade e, a partir do século XX, Nova York passou a dar o tom, é possível que os países do BRICS passem a ser os novos indicadores dos caminhos da cultura”, diz Hug. “Essas perspectivas em si já são suficientes para justificar um projeto BRICS. Além disso, este grupo de países também goza de destacada prioridade na política cultural internacional”, completa o co-curador.

 

Para Alfons Hug, a contraproposta dos artistas tem início, não raramente, na busca de um material “orgânico, não-espetacular, quase precário”. “Se o marketing das cidades do BRICS revela as reluzentes superfícies das novas metrópoles como o mais amplo panorama da renovação urbana, a arte dedica-se à morfologia da alma e ao destino de cada um”, diz. Na visão de Hug, raramente, no modernismo, e apenas em poucos locais fora deste grupo de países, as pessoas são conduzidas para tão perto dos limites do que se pode suportar física e psiquicamente. “No turbilhão de concreto, vidro, fuligem e barulho que transforma o homem em pequenina peça anônima em meio à massa, a arte é capaz, com sua imperturbável percepção da diferença, de dar forma e voz ao indivíduo.

 

 

De 17 de fevereiro a 06 de abril.

Janaina Tschäpe na Fortes Vilaça

A Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, apresenta a exposição “The Ghost in Between”, na qual Janaina Tschäpe, artista residente em NY, mostra seu mais recente filme. Produzida na Amazônia e apresentada em forma de dupla projeção, a obra enfoca o olhar romântico sobre um mundo a desbravar das viagens científico-exploratórias do século XVIII e XIX. A prática do vídeo e da fotografia é paralela à pintura e ao desenho no desenvolvimento da poética de Tschäpe. As diferentes mídias se influenciam permanentemente. Dentro destes quatro campos, ao longo dos anos, a artista recorreu diversas vezes à mitologia e à literatura em contraponto às descobertas da ciência para criar seres fantásticos, células e plantas fictícias, em um universo onde o real e o imaginário coabitam. O título do filme alude a um costume brincalhão dos habitantes do alto Amazonas de procurarem fantasmas em fotografias. Segundo eles o fantasma fica no limite entre o começo da vegetação ribeirinha e o seu próprio reflexo no rio. Para os povos indígenas que formam a base da população local, o mundo invisível é tão real quanto o visível e isto informa a rica e híbrida mitologia amazônica.

 

“The Ghost in Between” propõe uma viagem subjetiva ao flertar com a ideia romântica da busca pelo desconhecido. Vemos uma mulher navegando pela paisagem, refletida num Rio Negro imóvel e espelhado. A imagem vai se tornando abstrata, como as manchas simétricas do teste psicológico de Rorschach, e assim o mundo conhecido abre espaço para a existência de seres místicos. A mulher se metamorfoseia em menina e em criatura e volta a ser mulher. Há cenas povoadas por crianças e seres antropomórficos que ora permanecem imóveis, como em documentos etnográficos, e ora interagem com a natureza em cenas justapostas às sequências de paisagem. Em narrativa ambígua, por vezes beirando a exploração do exótico, a artista subverte e questiona precisamente o lugar de quem observa e é observado. O mundo imaginário e fantasioso, embebido de um velado romantismo ingênuo  nos leva a um lugar onde nada pode ser definido de fato, o lugar onde fantasmas habitam.

 

 

Sobre a artista

 

Janaina Tschäpe nasceu em Munich, Alemanha em 1973. Entre suas exposições individuais destacam-se Quimera no IMMA – Irish Museum of Modern Art, 2008; em 2009 a Trienal do Centro Internacional de Fotografia, Nova York e Museu de Arte Kasama Nichido, Japão. Já participou de exposições coletivas no MAC USP, São Paulo; MAM, Rio de Janeiro; LiShui Museum of Photography, China; New Museum, Nova York; Guggenheim Museum, New York entre outras.  Sua obra está em importantes coleções tais como Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Moderna Museet, Stockholm, Suécia; Inhotim Centro de Arte Contemporânea, Minas Gerais, Brasil; Centre Pompidou, Paris, França Museu Nacional Centro de Arte Reina Sophia, Madrid, Espanha.

 

Até 15 de março.

Fernando Zarif: temporada-relâmpago

Treze obras e uma performance compõem a temporada-relâmpago de mostra dedicada a Fernando Zarif (1960-2010). Trata-se de criações do artista que vão ocupar o MAM-RIO, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, de quinta (20) a domingo (23). Morto em 2010, aos 50 anos, Fernando Zarif nunca se preocupou muito em divulgar sua obra. Realizou apenas nove individuais, pouco diante de intensa vida intelectual: sua casa foi ponto de encontro de artistas como Tunga, Lenora de Barros e Jac Leirner, entre muitos outros. Sua rica produção, de cerca de 2 000 obras, nos mais variados suportes e técnicas, está sendo catalogada pela família. Trezentas delas compõem o livro “Fernando Zarif – Uma Obra a Contrapelo”, organizado pelo artista José Resende, que será lançado na abertura, quinta (20), no Museu de Arte Moderna. No mesmo dia, a instituição inaugura a temporada-­relâmpago de uma mostra com treze criações de Zarif, entre desenhos, telas, colagens e objetos, no foyer. Na abertura, entre 18h e 21h, e no sábado (22), das 16h às 18h, o espaço será ocupado por uma reconstituição da última performance do artista, realizada no Rio há cinco anos – agora conduzida pela atriz e diretora Bia Lessa, sua filha, Maria Borba, e amigos de Zarif. Nela, os espectadores são convidados a folhear os cadernos que o artista recheou de textos, ilustrações e colagens.

 

Fonte: Rafael Teixeira-VEJA-Rio

Nuno Ramos na Caixa Cultural/Rio

As obras de Nuno Ramos costumam provocar reações variadas, mas nunca indiferença. Assim aconteceu com “Bandeira Branca”, na 29ª Bienal de São Paulo, trazia três urubus em um enorme viveiro e despertou a fúria de defensores de animais. Ainda em 2010, o artista levou ao MAM-Rio “Fruto Estranho”, instalação de 10 toneladas na qual restos de árvores sustentavam dois aviões revestidos de sabão. Na individual em cartaz na Caixa Cultural, Galeria 4, Centro, Rio de Janeiro, RJ, a surpresa da vez é “Hora da Razão”, resultado de doze horas de árduo expediente repetido por treze dias. O trabalho reúne três estruturas de vidro cobertas por cerca de 300 quilos de breu derretido. Sob as formas geométricas vazadas, além da massa de aspecto orgânico, vivo, que escorre, monitores de vídeo exibem o músico Rômulo Fróes, o artista plástico Eduardo Climachauska e a cantora Nina Becker interpretando o samba “Hora da Razão”, do baiano Batatinha (1924-1997). Completam a mostra 78 belos desenhos inéditos da série Munch. Criados com folhas de ouro, prata e bronze, tinta a óleo e carvão sobre papel, inspirados na produção do pintor norueguês Edvard Munch, os quadros homenageiam a mãe do autor, a historiadora Dulce Helena Pessoa Ramos, falecida em 2011.

 

 

Até 09 de março.

 

Fonte: VEJA-Rio

IWAJLA KLINKE EM SÃO PAULO

14/fev

Coerente em sua proposta de apostar em projetos de artistas residentes, que desafiam pelas temáticas e limites da representação, além de iluminar a questão do gênero, o Transarte, São Paulo, SP, realiza sua segunda exposição com obras de Iwajla Klinke.

 

A artista alemã, que nasceu em 1976 e mora em Berlim, reúne nesta mostra alguns trabalhos de suas expedições pela Europa, Canadá e Brasil realizados em 2013. O núcleo brasileiro – inédito – apresenta séries de retratos e composições de elementos da natureza que a surpreenderam. Usando a fotografia pura, sem luz artificial e sem manipulação digital, ela evidencia a sua lente Cult. “Iwajla negocia, com o delírio e a fantasia, sua maneira realista e despudorada de transgredir”, afirma Maria Helena Peres, idealizadora e diretora do espaço Transarte.

 

Sua obra, tão particular quanto a sua figura, já que Klinke é andrógina, estabelece relações do humano e da natureza com o sagrado. Sua forma de retratar pessoas, como a realizada no Brasil, conforme escreve Jorge Colli, “faz com que as imagens cheguem ate nós como vindas de um sonho embebido em espiritualidade”. Já nas chamadas “naturezas mortas” que produziu também por aqui, ela lança mão de pedaços de frutos, alimentos e plantas ao redor, para ali mesmo retirar toda a exuberância destas formas orgânicas que a provocaram. “Elas se organizam como as de Eckhout, um Eckhout convertido, católico, e tomado pela mística de Zurbarán”, escreve o crítico.

 

Com fundo neutro, preto ou marron, Klinke usa luz natural para criar efeito sépia remetendo a uma pintura de Vermeer, conforme ressaltou o crítico e colaborador da Art News e do Wall Street International, David Galloway, sobre a mostra da artista em cartaz até março, na galeria Voss, em Dusseldorf. “O que também parece irradiar em suas sobras é uma luz interior, espécie de epifania profundamente enraizada nos rituais cujas origens podem ter sido esquecidas, mas cuja energia espiritual persiste”, destaca Galloway.

 

Sobre a artista

 

Fotógrafa e cineasta baseada em Berlin, Iwajla Klinke estudou Ciência Política, Estudos Judaicos e Estudos Islâmicos na Universidade Livre de Berlim e trabalhou como jornalista durante muitos anos antes de dirigir seu primeiro filme, “Moskobiye”, em 2004. Seu segundo filme, “The Raging Grannies Anti Occupation Club” (o clube anti-ocupação das vovós enfurecidas), foi lançado para aclamação da crítica em 2007. Com obras no acervo da Saatchi Gallery, em Londres, Klinke, graças a seu interesse pela internet, tem um grande número de seguidores em suas redes sociais.

 

 

De 20 de fevereiro a 11 de junho.