Fabiano Al Makul na Galeria Um

25/ago

A Galeria Um, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, realiza a exposição “Caderno de Anotações”, individual do artista paulistano Fabiano AlMakul, com séries inéditas de fotografias dentro de sua pesquisa de cor, agora dedicada aos tons de laranja, azul-marinho e lilás, além do preto e branco.Serão mostradas três séries de fotografias dentro de sua pesquisa sobre cor, que atua como elemento de conexão de diferentes assuntos, como detalhes arquitetônicos, paisagens, objetos, texturas, cenas urbanas, entre outros. O artista cria conjuntos em média com 16 pequenas obras – os “polípticos” – que têm a predominância de uma só cor. Os diversos tons e materiais fotografados, agrupados como se fossem um grande quadro, levam o espectador a criar um ritmo com o olhar, que se detém em um detalhe e a seguir é atraído por outro. Na exposição estarão polípticos nas cores laranja, azul-marinho e lilás, em um total de cerca de 50 imagens.

 

Outro interesse do artista, a fotografia em preto e branco, também será exposto em “Caderno de Anotações”, com o registro de cenas do cotidiano caracterizadas pela simplicidade, e ricas em sombra e luz.  Serão 17 fotografias agrupadas em três polípticos: “Conflito”, “Caminhos” e “Elos”. Outras sete fotografias da série “Minha alma” serão exibidas separadamente.

 

 

Economista de formação, graduado pela FAAP, Fabiano Al Makul normalmente fotografa com câmeras digitais, mas não hesita em utilizar o celular quando está sem elas, e vê algo que o atrai. Independentemente da ferramenta que tem à mão, é fiel ao impacto do primeiro olhar. “É difícil encontrar novamente o mesmo ângulo”, diz. Reconhece que seu comportamento é quase compulsivo, por estar sempre ligado no que vê, e ser atraído por cenas na cidade a ponto de se desviar do caminho.  “Alguém deixa um paninho amarelo pendurado em uma porta turquesa, em um horário em que a luz está especial, e, pronto! A cena com alma está formada. A isso eu chamo de poesia do gesto”, explica. Ele conta ainda que às vezes está com uma série pronta, mas depara com novas situações que muitas vezes são inseridas no conjunto, e até modificam o contexto da obra. À medida que fotografa, vai delineando seu trabalho. A seleção se dá depois, entre dezenas de fotografias.

 

O título da exposição vem da definição dada por um amigo, o também fotógrafo Lucas Lenci, sobre o processo criativo de Fabiano AlMakul. “O Lucas sintetizou de maneira brilhante a melhor definição que alguém já deu de meu trabalho”, diz o artista. Além disso, foi no registro de um texto de rua, de autor desconhecido, a quem chama de “Curador do Acaso”, que encontrou a surpreendente leitura deste “Caderno de Anotações”.

 

 

 

Sobre o artista

 

Nasceu em 1973, na cidade de São Paulo, Brasil, onde vive e trabalha. Formado em Economia pela FAAP, em São Paulo, Fabiano Al Makul fez sua primeira exposição individual, “Elementos em Cor”, em 2013, onde mostrou sua pesquisa pela cor, a partir de elementos de cenas simples, cotidianas, ou mesmo em um espectro mais amplo. No mesmo ano, sua obra “Dona Tereza da Mangueira” se destacou na mostra coletiva “Mail ArtCupcake”, realizada no MuBE, em São Paulo, onde retrata outra de suas grandes paixões, a alma da velha guarda do samba. Em 2015, realizou sua segunda exposição individual, “A Riqueza da Cena Simples”, também em São Paulo, onde revelou em contexto poético a sutileza do detalhe de cenas que normalmente passariam despercebidas. Sua produção fotográfica, agrupada em polípticos, demonstrava então situações distintas conectadas pelas cores, e outras séries em que capturou com sensibilidade cenas do cotidiano ricas em sombra e luz. No final do mesmo ano, abriu em Belo Horizonte a exposição individual “Outros Olhos pra Ver”, uma seleção de seus trabalhos com curadoria do crítico Wilson Lazaro.Seu trabalho já integra coleções no Brasil e no exterior, como a CIFO – The CisnerosFontanalsArt Foundation, de Ella FontanalsCisneros.

 

 

De 01 de setembro a 15 de outubro.

 

Na Galeria Oscar Cruz

O artista recifense Bruno Vilela inaugura exposição “Textos bárbaros”, exibição individual na Galeria Oscar Cruz, Vila Nova Conceição, São Paulo, SP.

 

 

Textos Bárbaros

 

O grafite nasce da necessidade ancestral do homem de marcar sua passagem pela terra. Das cavernas de Lascaux aos muros das nossas cidades as motivações continuam as mesmas: a demarcação de um território e a vontade do homem de mostrar sua passagem por essa vida. Uma transgressão, “é um terrorismo visual”, segundo a filósofa Márcia Tiburi. A primeira vista parecem apenas rabiscos para olhos destreinados mas, toda a manifestação artística feita com a palavra recebe o nome de literatura, então temos nos muros a literatura bárbara. Bárbaro significa pessoa não-civilizada. Para os gregos quem não era grego era um bárbaro. Quem picha deixa claro que não faz parte daquela estética grega de beleza da fachada branca. É um estrangeiro em sua própria cidade. Com outros códigos, dialetos e grafia.

 

O grafite em sua gênese ocupou esse espaço transgressor de denuncia política. Hoje é aceito e “domesticado” pela sociedade. A arte que surgiu no Brasil nos meados dos anos 60 para denunciar a ditadura militar é a mesma feita hoje para afastar os pichadores que fazem uso da tinta para gritar sua voz nos muros da sociedade, livros em branco prontos para serem escritos.

 

Minha experiência de desenho e pintura migrou para fábulas urbanas, mitos ordinários das coisas comuns das ruas. Trago a expressão de anônimos pichadores, design de objetos públicos e sinalização de rua, para minha própria linguagem nos materiais clássicos das artes plásticas como o papel, pastel e a pintura a óleo. Eu que já fui grafiteiro nos anos 90 e designer nos anos 2000, resgato essa memória subvertendo esses meios para o campo das artes dentro de uma galeria. Minha intenção é mostrar que essa expressão considerada vandalismo, feia e suja, pode ser bela e poética; e que a beleza está no olhar de quem tem a capacidade de ver vidas, mistérios e histórias nos muros. “Muro branco é cidade sem voz” diz uma pichação que define esse pensamento.

 

Andy Warhol disse nos anos 80 que: “A coisa mais bonita em Tóquio é o McDonald’s. A coisa mais bonita em Florença é o McDonald’s. Pequim e Moscou ainda não tem nada que seja bonito”. Na minha opinião o que define civilização, no sentido de metrópole desenvolvida, visualmente falando, são as pichações dos muros. Uma cidade de muros brancos não tem nada que seja bonito. Não tem voz. E foi viajando por essas grandes capitais que criei esse vocabulário para minhas obras. Madrid, Paris, Buenos Aires, São Paulo, Lisboa e principalmente Londres de onde nasceu todo um caderno com estudos para essa exposição.

 

Muitos pichadores se referem a prática como o esporte da periferia. São os escaladores, montanhistas da cidade que arriscam a vida para deixar sua “bandeira” demarcando um território no cume dos prédios. Verdadeiros heróis que arriscam suas vidas para não passar nesse mundo como um muro em branco.A pichação, orgânica e analógica, amolece a arquitetura mecânica e digital da cidade. Gera contraste se fundindo a paisagem urbana e transforma tudo em dança.

 

 

De 13 de setembro a 30 de outubro.

Debate no MAM-SP

MAM-SP, Parque do Ibirapuera, Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portão 3,promove um debate sobre o colecionismo privado e a visibilidade pública. Como as coleções privadas podem se abrir ao público com a colaboração de instituições museológicas? Esse é o mote principal da mesa redonda “Colecionismo Privado e Visibilidade Pública”, que o Museu de Arte Moderna de São Paulo realiza na segunda-feira, 29 de agosto, a partir das 19h30. Para participar da discussão, o MAM convidou o galerista Eduardo Brandão e os colecionadores José Olympio da Veiga Pereira e Andrea Pereira, com mediação do curador Felipe Chaimovich. O debate deve girar em torno da questão da valorização de um patrimônio privado quando passa a ser exibido ao público pelos museus, dando oportunidade de acesso a esses patrimônios, quando assim expostos.

 

Ofício e engenho

A arte popular de Silvio Nunes Pinto,Fundação Vera Chaves Barcellos,Viamão, RS, cuja exposição chamada “Ofício e Engenho”, será inaugurada exposição neste sábado, 27 de agosto, apresentando peças e esculturas do artesão morto aos 65 anos. Ao longo de 40 anos, Silvio Nunes Pinto fez de sua pequena oficina de marcenaria, em Viamão, um universo particular no qual deu forma a uma série de engenhosos objetos em madeira. Quando ele morreu, em 2005, a artista Vera Chaves Barcellos decidiu entrar nesse espaço de criação tão íntimo para ver o quanto dessa produção havia sido ali guardada ao longo do tempo.

 

A surpresa foi não só encontrar centenas de peças nunca vistas, mas descobrir que se tratava de um conjunto de trabalhos de força expressiva, situados na tênue linha do que separa o que é arte ou artesanato, artista ou artesão, estético ou utilitário.

 

– O Silvio chamava esse espaço de “meu ateliê”, e os trabalhos dele, de “minha obra” – comenta Vera, que o conheceu ainda nos anos 1960.

 

Autodidata e sem nenhuma instrução artística, Nunes Pinto deu origem a objetos e esculturas que intrigam pela originalidade das construções e pelo grau de invenção formal que ultrapassa a função utilitária. Esse caráter o vincula a toda uma linhagem da chamada arte popular ou naïf. Também pelo fato de que a matéria é a madeira, seja ela trabalhada no entalhe ou como módulos a serem acoplados na elaboração de objetos. E porque a natural feição rústica confere às inventivas criações uma atemporalidade típica da arte primitiva.

 

– Ele não tinha formação artística, mas era muito habilidoso, observador e tinha uma grande sensibilidade – comenta Vera. – A criatividade e certo humor fazem com que muitas das peças não sejam decifradas de primeira em seu motivo ou utilidade.

 

Objetos que chamam atenção pela inventividade podem ser vistos como esculturas

 

Nesse sentido, os móveis nunca parecem ser exatamente móveis, tamanha é a estranheza causada pelo design inusitado. O mesmo vale para os objetos que Nunes Pinto considerava decorativos por não terem função, mas que, observados agora, podem facilmente ser reconhecidos como esculturas. Na exposição, também podem ser vistas diversas ferramentas igualmente intrigantes que o próprio Nunes Pinto construiu, mas não sem subverter a feição que habitualmente se esperaria de instrumentos funcionais. Tudo isso criado no pequeno ateliê que foi reproduzido na exposição em suas dimensões originais para exibir um vídeo com imagens captadas no original espaço de trabalho.

 

Texto de Francisco Dalcol para o jornal Zero Hora/Porto Alegre.

A arte de Tozzi em livro

24/ago

Será lançado nesta próxima quinta-feira, dia 25, a partir das 19hs, no Instituto Europeodi Design, Rua Maranhão, 617, Higienópolis, São Paulo, SP, o livro “Claudio Tozzi. Público/ Privado”, cuja autoria traz a assinatura do crítico de arte Jacob Klintowitz. Este livro faz uma análise do percurso do artista, das questões estéticas e sociais dele e de sua geração brasileira, e discute as manifestações de sua arte na condição de obra privada e/ou pública.A seguir, um recorte do texto ensaístico do livro.

 

 

A palavra de Jacob Klintowitz

 

Um observador desatento não reconheceria na obra atual de Claudio Tozzi o mesmo autor das obras de algumas décadas anteriores. A transformação formal da obra do artista tem sido notável e, mais até do que isto, a aparência, a visualidade das obras, dá a sensação de que a alteração se deu no próprio cerne desta obra, na concepção que o artista tem do mundo, na sua cosmovisão, na sua abordagem desta visão e no seu método de criação, na maneira como no seu espírito surge a imagem e se materializa no suporte. Da maneira de ser do artista à sua expressão. E, no entanto, esta conclusão estaria longe da verdade.

 

Certamente é uma contradição em termos, um observador desatento. Ainda que, por comodidade de espírito, muitas pessoas permaneçam muito tempo com os mesmos juízos de valor. Para nós é útil este observador imóvel e indiferente ao tempo histórico e ao tempo pessoal, pois evidencia o caráter dinâmico do percurso do artista, as transformações de seu trabalho e nos estimula a expor o núcleo permanente, o elemento unificador da ação e do método de Claudio Tozzi. O processo contínuo e ininterrupto de transformação, de criação inovadora de suas formas, demanda um observador igualmente flexível.

 

A produção atual da obra de Claudio Tozzi emerge de profundas questões estéticas e filosóficas e ajuda a iluminar o passado do artista. E, de muitas maneiras, é tal a sua transformação em relação ao passado, que evidencia o sentido da produção inicial de sua geração e as questões das décadas de 60 e 70, em boa parte respostas ao impacto causado pela nova sociedade de produção e consumo em massa e a espetacularização de todos os processos e narcisismos patologicamente infantilizados em razão do formidável desenvolvimento dos meios tecnológicos de comunicação que acompanhou e possibilitou este inicio de globalização da vida planetária.

 

A sociedade de produção e consumo em massa, por sua própria natureza, tende a homogeneizar as pessoas pelo padrão médio ou, em certos casos, pelo menor padrão possível, como se pode ver na manipulação de opinião e engajamento político. E a sociedade do espetáculo não só conferiu aos indivíduos a possibilidade de protagonismo, mesmo que efêmero, como avançou até a criação de protagonismo em grupos restritos, desde grupos de opinião, grupos profissionais, grupos políticos, até a montagem de veículos tecnológicos de controle pessoal. A previsão é de que estes recursos tecnológicos continuem a evoluir em alta velocidade.

 

E o processo de globalização acentuou a interdependência econômica dos países, tornou mais imediata e evidente a influência cultural de alguns países sobre outros, cultura em seu caráter antropológico, o de cultura em seu sentido totalizante dos processos de linguagem e não apenas como concepção de formas. Boa parte da produção de formas culturais está atrelada ao desenvolvimento tecnológico e à capacidade do mercado consumidor de ampará-la, o que já indica quais os países dominantes. Entende-se facilmente, portanto, como a produção estética deste período está fixada em objetos industriais, em figuras carismáticas nacionalistas em oposição nacionalista à globalização e em visões do urbanismo predatório.

 

O fetiche do objeto é resultado direto desta situação social. A arte trouxe este objeto para dentro do seu espaço e o glorificou. A banalidade do objeto industrial evidentemente chocou o mundo de repertório culto. A imprensa de muitas maneiras pretendeu ver uma posição crítica nesta glorificação que transformou o objeto vulgar em protagonista. Mas é difícil acreditar nesta postura crítica. Talvez na origem, no ponto de partida…

 

Sobre o artista

 

Claudio Tozzi, nasceu em São Paulo, SP, 1944. Pintor, desenhista e programador visual. Formado em 1968 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, continuou a atividade como artista plástico em 1963, através de uma obra na gráfica, e ganhou o concurso para o cartaz do XI Salão Paulista de Arte Moderna. Em 1969 realiza viagem de estudos à Europa, quando realiza as séries “Astronautas” e “Parafusos”, com gravuras, objetos e pinturas. A partir de 1972 sua obra evoluiu do pop para o conceitual. Realizou estudos com a cor, o pigmento e a luz. Recebeu diversos prêmios, entre os quais: Prêmio da Crítica (APCA), objeto em 1973, Prêmio da Crítica (ABCA) de viagem ao exterior em 1975, Prêmio de Viagem ao Exterior no Salão Nacional de Arte Moderna (NAM) em 1979. Temas urbanos e conflitos sociais são predominantes em sua obra e constituem o seu universo visual. Realizou o painel “Zebra”, na Praça da República, e o painel “Colcha de retalhos”, para a estação de metrô Sé.

Novas de Giovani Caramello

19/ago

Hoje, Giovani Caramello, escultor hiper-realista brasileiro, abre mostra individual, em Santo André, SP, na Casa do Olhar, Luiz Sacilotto. Denominada “Introspecção”, dessa vez o artista, que já teve seu nome relacionado aos maiores expoentes da técnica no mundo, faz novas experimentações em sua arte e apresenta ao público três instalações inéditas. Com três peças inéditas, “Introspecção” reúne três instalações e as primeiras esculturas em escala real.

 

Após o encerramento da exposição, Giovani Caramello viaja ao Rio de Janeiro para participar da ArtRio, feira reconhecida como um dos mais importantes eventos do segmento no mundo. “Esta é primeira vez que a OMA Galeria integra o elenco de expositores, o que representa um grande passo para um espaço ainda considerado novo no circuito. Então, para nos destacarmos entre os demais, vamos levar obras ainda inéditas para o público local e dar a oportunidade para que os visitantes conheçam os nomes que integram o quadro de representados pela galeria”, adianta.

 

De uma poesia incontestável e técnica que surpreende e o coloca entre as grandes revelações da arte nacional, Giovani Caramello, instiga o público com temas recorrentes em seu íntimo por meio de suas obras. Dessa vez, vai ser possível conhecer características profundas da personalidade do artista, tais como timidez, ansiedade e solidão, que segundoCaramello são sentimentos universais e que costumam gerar proximidade com seus admiradores.  “Tento transmitir, de uma forma visual, sensações que já superei em minha vida, mas que outras pessoas podem estar passando ou refletindo sobre este mesmo tema. Para isso, optei por experimentar e inovar dentro da minha técnica e fazer uma obra autobiográfica”, comenta.

 

 

Ambientes

 

Em “Introspeção”, diferente das demais exposições que realizou anteriormente, o artista apresenta três instalações que estarão localizadas em salas distintas para que o público tenha uma experiência única durante a visitação. Para termos uma ideia, a sala com as obras da instalação “Solidão” é composta por quase mil monges, feitos em gesso e com uma única peça localizada ao centro revestida por folhas de ouro, o diferenciando dos demais. Na sala “Me Deixe em Paz” há uma obra, no tamanho próximo ao de uma criança real dentro de uma caixa de papelão. Na “Fobia Social”, que é uma obra autobiográfica em tamanho real, o artista está soterrado por pedras.

 

Segundo Thomaz Pacheco, que assina a curadoria da mostra e é galerista da OMA Galeria, espaço que representa Giovani Caramello, nesta exposição o público poderá entrar em contato com o novo momento, mais amadurecido, do artista. “Mesmo tendo uma curta carreira, ele tem mostrado um trabalho muito denso no sentido poético. Em suas obras Giovani parece esculpir emoções em que muitas vezes parecem se dar em um tempo expandido. Seria o mesmo que dizer que as obras estão sentindo, pensando, vivendo… sempre no gerúndio”, comenta.

 

 

De 19 de agosto a 24 de setembro.

Willys de Castro em Londres

17/ago

Depois de Claudio Tozzi e Alfredo Volpi, o neoconcretista Willys de Castro será o próximo artista brasileiro a ganhar uma retrospectiva na galeria Cecilia BrunsonProjects, em Londres, que vem turbinando a representação de nomes da arte do país a partir de sua base na capital britânica.

 

Marcada para outubro, a primeira mostra do artista no Reino Unido será um desdobramento de sua recente exposição no Instituto de Arte Contemporânea, em São Paulo, que destacou sua série mais célebre, os “Objetos Ativos”.

Fonte: Texto de Silas Martí para a Folha de São Paulo.

Projetos do Ateliê397

16/ago

O Ateliê397, Vila Madalena, São Paulo, SP, com apoio da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, via ProAC, convida para mais uma exibição do projeto Sessão Corredor + Extras, com as mostras “Coisas de viado! Coisas de bichinha!” e “TransAmaZônica”.

 

 

 Coisas de viado! Coisas de bichinha!

 

Com curadoria do crítico e cineativista francês, YannBeauvais, o programa traça a relação entre filmes experimentais e a cultura gay do Brasil, onde a prática de fazer cinema/vídeo se nota como um ato de resistência. A sessão apresenta uma gama variada de trabalhos realizados por artistas de diferentes gerações, que percorrem a historiografia do vídeo nacional com espaço para novas expressões, transitando entre o experimental e o novelesco. Após a exibição o evento segue com uma conversa com o curador.

 

 

TransAmaZônica

 

A sessão “TransAmaZônica”, com curadoria do artista Adler Murada, exibe um programa de vídeos com foco na produção de jovens artistas do norte e nordeste brasileiro. Um mapa de correspondências entre essas regiões e a paisagem amazônica, aludindo a um território polimorfo de emancipação do gênero e da ficcionalidade. Acompanhando a sessão, o artista propõe uma intervenção na galeria do Ateliê397, com lançamento da publicação que narra o projeto.

 

 

+ Extra

 

Após sessão, a mostra segue em festa com performances de Leona Vingativa e Lady Incentivo, a partir das 20h.

 

 

Serviço:Sessão Corredor + Extras | Coisas de viado! coisas de bichinha!

Dia 19 de agosto, sexta-feira, às 20h30, palestra com o curador após a sessão

 

Sessão Corredor + Extras | TransAmaZônica

Dia 20 de agosto, sábado, às 17H.

+ Festa com performances com LeonaVingativa com participação de Lady Incentivo, às 20H.

 

 

Sessão Corredor + Extras.

 

Criado pelo Ateliê397, o projeto abre espaço para curadorias de vídeo arte, onde a cada sessão apresenta ações que podem desdobrar-se em falas, performances e mostra em diálogo com o contexto da mostra.

Individual de Maria Tomaselli

A pintora e gravadora Maria Tomaselli exibe desenhos em pastel e acrílica sobre papel no StudioClio, Cidade Baixa, Porto Alegre, RS. A mostra, integra o “Projeto Quadro Branco”, uma parceria entre o Café Studio Clio, Cerveja Coruja e Museu do Trabalho.

 

 

Sobre a artista

 

Maria Tomaselli(Cirne Lima), nasceu em Innsbruck, Áustria. Veio para Brasil em 1965,morando e trabalhando entre Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Olinda. Estudou pintura com Iberê Camargo, gravura em metal com Eduardo Sued, Anna Letycia e Mario Doglio; iniciou escultura com XicoStockinger. Expôs individualmente inúmeras vezes em galerias de renome do Brasil e Europa. Participou das Bienais de São Francisco, Cuba, Maldonado, Áustria, São Paulo, San Juan e Mercosul, em Porto Alegre. Recebeu 19 prêmios e cinco destaques em salões do Brasil e exterior. Atualmente reside em Porto Alegre, onde freqüenta as oficinas de gravuras do Museu do Trabalho.

 

 

De 22 de agosto a 21 de outubro.

Alex Flemming – RetroPerspectiva

O corpo, a obsessão do pintor Alex Flemming, ganha exposição no Museu de Arte Contemporânea, MAC-USP, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP. (*) A curadoria é de Mayra Laudanna.

 

Na mostra estão reunidas 120 obras entre pinturas, gravuras e objetos que exploram as manifestações físicas no campo da sexualidade, da política e da religião.

 

 

O corpo em suas diferentes manifestações – política, sexual, afetiva, religiosa – ocupa toda a “retroperspectiva” que o pintor paulistano Alex Flemming, 62, abriu no segundo andar do Museu de Arte Contemporânea (MAC). O neologismo é justificável, explica o artista, que mora há mais de 20 anos em Berlim: retrospectiva não se aplica a uma mostra distante do formato consagrado pela visão positivista do modernismo – que acreditou numa evolução linear da arte. A exposição se projeta para o futuro. Literalmente. A última série exibida na mostra é também o ponto final do pintor e dos espectadores: ela reúne seis dezenas de laptops pintados com nomes de amigos, como se fossem lápides de um cemitério, nossa última morada.

 

Não se trata de um exercício mórbido, mas do reconhecimento que também a obsessão que Flemming tem pelo corpo que um dia vai acabar. Em pó. Enquanto isso, ele celebra a beleza desse corpo – seja masculino ou feminino. Flemming expõe sua escancarada sensualidade em 120 obras (pinturas, objetos, gravuras).

 

Autor da intervenção visual na estação Sumaré do metrô, realizada em 1998 com retratos de anônimos estampados em placas de vidro, Flemming já explora a temática do corpo há quase 40 anos. Uma das séries mais antigas da exposição, que tem como curadora a professora e ensaísta Mayra Laudanna, trata do corpo político em plena ditadura. O título Natureza Morta (1978) alude à tortura de presos políticos durante o regime militar, no ano em que a Justiça responsabilizou a União pela morte do jornalista Vladimir Herzog (1937-1975) nas dependências do DOI-Codi.

 

Como tudo na obra de Alex Flemming é autobiográfico, também nessa série ele se coloca no lugar dos torturados. Em outras, ele pinta suas roupas (íntimas, inclusive), a valise que o pai comandante usava em suas viagens, sapatos velhos e até um divã (todos os seus móveis em Berlim também são pintados). Ou usa seu retrato no lugar do rosto do Cristo ou de Verônica, a santa do sudário, sem que isso lhe pareça uma atitude blasfema. Crente a seu modo, ele diz detestar a religião institucionalizada, fazendo uso sincrético de ícones católicos e da umbanda em pinturas de uma série que coloca lado a lado Santa Cecília, Iemanjá, São Jorge e uma sereia.

 

Ainda nessa série de corpos míticos, ele insere um Adonis sem roupa no interior de um ostensório, objeto usado para expor e transportar a hóstia consagrada em cultos da Igreja Católica. Não por provocação, como fazia seu amigo León Ferrari, garante o pintor. “Se o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, por que não comemorar essa beleza?”, pergunta Flemming com inocência pagã.

 

Essa criatura, como o homem vitruviano de Da Vinci, é um ser de corpo perfeito, celebrando a descoberta das proporções matemáticas do ser humano pelo pintor renascentista. Esse homem, símbolo da simetria que rege o universo, é construído e desconstruído por Flemming em séries como BodyBuilders (2001/2) em que corpos modelados nas academias servem de suporte de mapas territoriais de zonas de conflito, apontando para o paradoxo do mundo contemporâneo, que constrói um corpo e destrói o espírito.

 

O pintor argumenta que essa relação o distancia das fotografias de corpos nus masculinos por outro obcecado pelo físico, o norte-americano Robert Mapplethorpe (1946-1989). “A nudez de Mapplethorpe é clínica”, diz. “A grandeza dele está na temática”. Flemming, que morou em Nova York com uma bolsa da Fullbright, em 1981, já explorava o tema dos conflitos sociais e as paixões, mas o fazia desconstruindo o corpo. Exemplo disso é uma série iniciada em 1984, ao voltar dos EUA, que explora, por meio da alegoria, as deformações do corpo.

 

Alguns exemplares da série estão expostos na mostra do MAC. Um deles junta a parte superior da Vênus de Botticelli com os membros inferiores de Adão e Eva da Expulsão do Paraíso de Cranach, forjando uma criatura monstruosa de quatro pernas, como nas xilogravuras do naturalista italiano UlisseAldrovandi (1522-1605). Aldrovandi, que inventou seres híbridos, metade humanos e metade bestas, não é, contudo, sua única referência. Flemming também leva a Olympia pintada por Manet para um leito de hospital, mas ela, nua, não emana erotismo, e sim o fim de um ciclo (artístico, inclusive), respirando com a ajuda de aparelhos.

 

Para Flemming, vida e morte são indissociáveis. Isso explica a presença de sua Olympia entubada na última sala da exposição, que abriga a série Caos, projeto agora retomado – como em outros casos, em se tratando de uma obra circular, que sempre volta ao tema do corpo.

(*) Texto de Antonio Gonçalves Filho para O Estado de São Paulo.

 

 

 

 

A palavra de Katia Canton, Vice-Diretora do MAC-USP

 

É com enorme prazer que o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo apresenta a retrospectiva de Alex Flemming. Comemorando 60 anos de vida, 40 anos de produção e uma carreira de reconhecimento internacional, o artista compartilha com o público um repertório vasto, potente e original de trabalhos realizados em várias fases de seu intenso trajeto profissional.

 

Autor de uma das obras públicas mais emblemáticas da cidade de São Paulo, a estação de metrô Sumaré, contendo imagens de retratos anônimos acompanhados de poemas brasileiros, que vão desde Anchieta até Haroldo de Campos, formando um imenso painel de celebração de uma identidade híbrida, impressa em vidro. Alex Flemming é um artista múltiplo. Maneja pintura, fotografia, gravura como brilhantes exercícios de liberdade e paixão.

 

No entanto, é predominantemente como pintor que ele se vê. Pintor, ainda que sua pintura se expanda para além das telas. No histórico vasto de suas criações, sua paleta é vibrante, às vezes ofuscante até. Parece gritar cores. As tintas são aplicadas às telas, mas também a objetos, tape tes, aviões, animais empalhados, móveis, roupas, cartelas de remédios, réguas e cartões plásticos. Se é que podemos definir Alex Flemming como um pintor, há que se dizer que se trata de um pintor que entinta as superfícies das menos convencionalmente adequadas para as normas tradicionais impostas na história das belas artes. E consistentemente sobre elas faz uso de toda a liberdade conquistada, podendo aplicar sobre as pinturas letras, objetos, mapas, utensílios domésticos e até ossos. Em cada obra sua, tudo se compõe num estranho e, ao mesmo tempo, sedutor alfabeto imagético absolutamente singular.

 

A intensidade desse alfabeto corresponde às buscas complexas do próprio artista. Seus temas se relacionam à vida, ao corpo, à sexualidade, à morte e à espiritualidade. Sua obra procura a alma, enfim.

 

 

Até 11 de dezembro.