Expressividade fotográfica em preto e branco.

24/jun

Fotógrafo especializado na reprodução de obras de arte para catálogos e livros, Fernando Zago já trabalhou, ao longo de anos, para um grande número de artistas gaúchos, dos quais tornou-se próximo. O sentimento de amizade estimulou-o a fotografá-los em seus ateliês ou no StudioZ, de sua propriedade. O resultado poderá ser visto na exposição “Amigos Artistas”, que será inaugurada no dia 25 de junho no Museu de Arte do Paço, Praça Montevidéu, 10, Centro Histórico de Porto Alegre e permanecerá em cartaz até 19 de setembro.

“Não se pode fazer retrato sem tomar em consideração o caráter e o aspecto do motivo. O retrato bem-sucedido exige uma combinação de conhecimentos técnicos, interesse pelas pessoas e compreensão das inibições criadas pela câmera”, diz Fernando Zago. As 34 fotos da mostra são em preto e branco, no estilo clássico, com fundos neutros, luz dura e alto contraste para ganhar mais expressividade.

O curador da exposição, lembra que esse tipo de retrato, produzido por artistas, tem longa tradição na História da Arte. “Podemos referir os exemplos icônicos de Man Ray, Andy Warhol e Robert Mapplethorpe, que também imortalizaram colegas artistas. Por serem capturas feitas por um fotógrafo-artista, os registros transcendem a mera semelhança superficial, buscando momentos que vão além da instantaneidade”, declarou o professor José Francisco Alves.

Os homenageados

A galeria de mulheres artistas homenageadas é composta por Adri Hernandez, Ana Norogrando, Clara Pechansky, Helena Kanaan, Lenir de Miranda, Maria Tomaselli, Marília Fayh, Marilice Corona, Maristela Salvatori e Zoravia Bettiol. A dos homens é integrada por Alfredo Nicolaievsky, Britto Velho, Carlos Tenius, Carlos Wladimirsky, Eduardo Haesbaert, Hidalgo Adams, Hô Monteiro, José Carlos Moura, Luiz Gonzaga, Gustavo Nakle, Paulo Chimendes, Paulo Amaral, Paulo Porcella e Ricardo Aguiar. Foram retratados em vida e já faleceram Danúbio Gonçalves, Ena Lautert, Gelson Radaelli, Henrique Fuhro, José Luiz Roth, Lou Borghetti, Mário Röhnelt, Nelson Jungblut, Paulo Peres e Plinio Bernhartd.

Patrimônio cultural

Depois de encerrada a exposição, as fotografias produzidas por Fernando Zago passarão a integrar o acervo da FUNDACRED, que patrocina o projeto do artista. A FUNDACRED detém um grande acervo de obras de autores gaúchos, “um patrimônio cultural de valor inestimável para o Rio Grande do Sul”, avalia o presidente da Fundação, Nivio Lewis Delgado. Esse acervo é composto por mais de 700 obras de artistas como Aldo Locatelli, Eugênio Latour, João Fahrion, Leopoldo Gotuzzo, Oscar Boeira, Pedro Weingartner e Augusto Luiz de Freitas, entre outros.

Uma parceria inédita.

A Galatea Salvador, Rua Chile, 22 – Centro, BA, e a Luciana Brito Galeria apresentam “Regina Silveira:Tramadas”, a primeira exposição individual da artista na capital soteropolitana, com abertura no dia 04 de julho, das 18h às 21h. A inauguração da mostra coincide com a Semana da Independência da Bahia, celebrada no dia 02 de julho.

Fruto de uma parceria inédita, a exposição tem curadoria de Adriano Casanova e Tomás Toledo, conta com texto crítico de Ana Maria Maia e reúne obras emblemáticas de Regina Silveira, muitas delas inéditas no Brasil, que sintetizam sua pesquisa em torno do bordado ao longo dos anos.

Elemento recorrente na obra de Regina Silveira desde 1999, o uso do bordado em ponto de cruz, entendido como codificação da imagem, remete a uma herança trans-histórica e intercultural, relacionada à própria história remota da alfabetização das mulheres, em sua trajetória de resistência.

Uma grande instalação site-specific será destaque da mostra. Intitulada “Malfeitos”, faz parte da série dos “bordados malfeitos” e ganha uma reativação inédita adaptada à fachada de vidro da galeria, convidando o público a conhecer mais. Outros trabalhos apresentados incluem “Dreaming of Blue II” (2016), painel em cerâmica com sobrevidrado, em diálogo com a série histórica de gravuras “Risco” (1999), além de gravuras da série “Armarinhos” (2002-2003), representando elementos relacionados à prática do bordado, como agulha, botão e alfinete, e as serigrafias “Tramada” (Pink) (2014) e “Blue Skies” (2015).

Até 11 de outubro.

Mostra institucional de Manuel Messias.

23/jun

O Ministério da Cultura, via Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), e o Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, apresentam até 03 de agosto a  exibição de “Manuel Messias – Sem limites”, que conta com o patrocínio do Nubank, mantenedor do Instituto Tomie Ohtake, e o apoio da Danielian Galeria. A exposição traz a assinatura dos curadores Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto.

Primeira mostra individual institucional de Manuel Messias, a mostra reúne cerca de 70 xilogravuras e traça um panorama sensível e contundente de um artista que manteve uma produção contínua e coesa apesar de ter enfrentado grandes dificuldades por ser um homem negro, nordestino e que viveu nos limites da pobreza e da loucura. “Sem limites”, como ele próprio se definia, Manuel Messias é hoje reconhecido como um importante membro de sua geração e um dos mais destacados nomes da gravura brasileira do século XX.

A exposição perpassa três décadas de produção artística, revelando a potência poética e crítica de Manuel Messias dos Santos (1945-2001), sergipano radicado no Rio de Janeiro desde a infância. Segundo os curadores, foi através de sua mãe, que trabalhou como empregada doméstica na casa de nomes influentes da cena artística carioca, que Manuel Messias pôde frequentar aulas de arte no início dos anos 1960, particularmente o curso livre de Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Lançamento na Livraria da Travessa.

Concluído pelo fotógrafo Gustavo Malheiros no início do ano, o livro “Mulher Viva”, será lançado em julho na Livrara Travessa, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, no dia 04 de julho, às 18h, e também nesse semestre, em São Paulo. A ideia nasceu, como ele mesmo afirma no texto autoral de abertura, de um impulso urgente em amplificar vozes e rostos de mulheres que estão na linha de frente da luta contra o feminicídio.

Para representar estas vozes e estes rostos, foram convidadas 25 personalidades de diferentes áreas de atuação, dentre elas a cantora Alcione, Antônia Pellegrino, Bruna Linzmeyer, Camila Pitanga, Carol Solberg, Clara Buarque, Dira Paes, Eliana Sousa Silva (Diretora Fundadora da Redes da Maré), Erika Hilton, Gabriela Prioli, Marieta Severo, Mart’nália, Regina Casé, Roseana Murray, Tais Araújo, Marisa Orth, Ana Kariri, Deise Monteiro de Carvalho, Jurema Werneck, Marcela Cantuária, Kananda Eller e a própria Maria da Penha, cuja história deu origem à Lei com seu nome, sancionada em 2006.

Defensora das causas femininas e feministas em sua obra e trajetória, a escritora e ex-imortal da ABL, Heloísa Teixeira – falecida em março de 2025 e também retratada por Malheiros -, assinou a curadoria do projeto junto com Gringo Cardia. A proposta é reverberar como um manifesto composto por fotos e entrevistas conduzidas pela jornalista Maria Fortuna. Para todas elas, a primeira pergunta feita foi “O que é ser mulher hoje?”.

Na ocasião, Rosiska Darcy de Oliveira prestará homenagem a Heloisa Teixeira, com a participação de Numa Ciro, representante da Universidade das Quebradas, Gringo Cardia e Maria Fortuna.

No Instituto Tomie Ohtake.

18/jun

Manfredo de Souzanetto, Série Olhe bem as montanhas, 1973-1974

O Ministério da Cultura, via Lei Federal de Incentivo à Cultura, e o Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP, apresentam Manfredo Souzanetto – As montanhas, exposição com patrocínio do Nubank, mantenedor do Instituto Tomie Ohtake, e com apoio da Galeria Simões de Assis. Sob curadoria de Paulo Miyada, diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake, a mostra ficará em cartaz até 03 de agosto.

Paralelamente às exposições Teatro Experimental do Negro nas fotografias de José Medeiros, Manuel Messias – Sem limites e Casa Sueli Carneiro em residência no Instituto Tomie Ohtake.

Propondo um mergulho na formação poética e crítica de um dos nomes mais singulares da arte contemporânea brasileira, a mostra reúne cerca de 50 obras produzidas entre as décadas de 1970 e 1990. São sobretudo desenhos, fotografias e pinturas – a grande maioria advindas do acervo de Manfredo Souzanetto, que as guardou por décadas, como se antevisse a importância desses trabalhos na constituição de sua trajetória.

Nascido em 1947 no norte do Vale do Jequitinhonha, o artista teve uma infância marcada pelas paisagens montanhosas e as riquezas naturais da região – especialmente às pedras, cerâmicas e pigmentos terrosos – elementos que mais tarde se tornariam centrais em sua produção artística. As obras selecionadas revelam o processo de amadurecimento do artista, acompanhando a sua produção durante o percurso que o levou de Minas Gerais ao Rio de Janeiro, passando por Belo Horizonte, Paris e Juiz de Fora.

Ainda que tenha se deslocado por diferentes centros urbanos e circuitos artísticos, Manfredo Souzanetto manteve uma profunda conexão com sua terra natal. Em sua obra as montanhas mineiras não são apenas formas geográficas, mas entidades afetivas e políticas, evocadas em cores, volumes e superfícies que desafiam fronteiras entre escultura, pintura e intervenção paisagística. Como Paulo Miyada afirma no texto curatorial, “As montanhas, aqui, são muitas e nenhuma. Elas são memória atávica e pensamento junto da paisagem, articuladas de modo visual, material, cromático. Elas, as montanhas, são parte do que constitui este mundo, essas obras e esse artista”, conclui.

Mais do que um panorama histórico, a exposição convida o público a revisitar o gesto de olhar para a paisagem – como já propunha o artista em sua juventude com o emblemático adesivo “Olhe bem as montanhas”. Em um momento em que os territórios naturais enfrentam ameaças crescentes, as obras do artista oferecem uma reflexão sobre permanência, destruição e pertencimento. É um chamado para ver, com outros olhos, aquilo que insiste em permanecer: a paisagem como memória viva e a arte como forma de resistência.

O momento de Miguel Afa no Paço Imperial.

16/jun

O artista Miguel Afa inaugura sua nova exposição individual, “O vento continua, todavia”, no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A mostra apresenta um conjunto de obras produzidas entre 2023 e 2025, e marca um momento de síntese e afirmação da trajetória do artista, iniciada em 2001 por meio do graffiti nas ruas do Complexo do Alemão, onde nasceu e cresceu.

Formado pela Escola de Belas Artes da UFRJ, Miguel Afa transita da rua para as instituições com uma linguagem pictórica profundamente marcada por seu percurso pessoal. Sua produção propõe uma reconfiguração poética da imagem do corpo periférico, contrapondo os estigmas da marginalização com cenas que evocam afeto, cuidado e resistência. Trabalhando com uma paleta cromática enigmática, Migeul Afa cria cenas que não suavizam, mas intensificam a complexidade de suas narrativas. Em sua obra, a cor é discurso, e o gesto de esmaecer é, mais do que técnica, ato de lembrança e posicionamento. Suas pinturas revelam simultaneamente o visível e o invisibilizado, tensionando o olhar e o imaginário social.

O texto de apresentação da exposição é assinado por Jeovanna Vieira, que reflete sobre o título da mostra, inspirado em uma frase de Vincent van Gogh: “Os moinhos não existem mais; o vento continua, todavia.” Jeovanna Vieira escreve: “O título da exposição fragmenta frase de Van Gogh, que em carta para o irmão Theo provoca: “Os moinhos não existem mais; o vento continua, todavia.” Diante da obra-itinerário produzida por Miguel Afa, somos conduzidos pelo vento pressupondo a teimosia primordial, que justifica tudo ainda estar.”

“O vento continua, todavia” estará em cartaz no Paço Imperial até o dia 10 de agosto. Um dos centros culturais mais importantes do país, com forte carga simbólica na história do Brasil, o Paço – edifício histórico do século XVIII que tem acolhido algumas das exposições mais relevantes do cenário nacional – é palco de diálogos essenciais sobre arte, cultura e memória brasileira. Agora, recebe a mostra que reafirma Miguel Afa como uma voz potente e em ascensão na arte contemporânea do país.

Miguel Afa vive e trabalha no Rio de Janeiro. Começou sua trajetória por meio do graffiti em 2001, nas ruas e becos do Complexo do Alemão, e estudou na Escola de Belas Artes – UFRJ. Seu trabalho reflete sobre o corpo periférico, contrapondo suas adversidades e propondo uma nova leitura imagética que potencializa e valoriza o afeto. Suas obras alternam entre a sensibilidade poética e mensagens políticas diretas.

O olhar do artista transforma o que captura, dando-lhe uma aura própria por meio das cores que utiliza. Sua paleta amena não é mero recurso estético: é essencial à composição, ampliando a complexidade do que é representado. Longe de neutra, a cor é discurso e um posicionamento diante das cenas retratadas. Esmaecer não é apenas um gesto pictórico, mas um ato de lembrança e questionamento, revelando tanto o visível quanto o invisibilizado.

Em 2024, participou das coletivas “Dos Brasis”, no Sesc Quitandinha, Petrópolis (itinerância da mostra apresentada no Sesc Belenzinho, São Paulo) e “O que te faz olhar para o céu?”, no Centro Cultural Correios Rio de Janeiro. No mesmo ano, realizou a individual “ENTRA PRA DENTRO”, na galeria A Gentil Carioca. Em 2023, realizou a individual “Em Construção” e participou da coletiva “Da Avenida à Harmonia”, ambas no Instituto Inclusartiz no Rio de Janeiro. Suas obras fazem parte de coleções de destaque, como a Jorge M. Pérez Collection.

Visita guiada na exposição de Dani Cavalier.

13/jun

A Galatea Oscar Freire, São Paulo, SP, convida para a visita guiada da exposição “Dani Cavalier: pinturas sólidas” no dia 14 de junho, sábado, às 11 horas. Durante a visita, conduzida pela própria artista, o espectador terá a oportunidade de aprofundar nos trabalhos que integram a pesquisa de Dani Cavalier em torno do que ela chama de “pinturas sólidas”.

Por meio da justaposição de blocos de cor formados por retalhos de Lycra reaproveitados da indústria da moda, as “pinturas sólidas” de Dani Cavalier investigam as fronteiras entre pintura, escultura e instalação. Embora remetam à pintura tradicional – com o uso de chassi, composição e suporte -, essas obras rompem com a lógica pictórica ao substituir a tinta por tecidos entrelaçados. Ao incorporar técnicas têxteis associadas a saberes populares, muitas vezes transmitidos por mulheres fora do circuito das Belas Artes, a artista aproxima arte e artesanato, questionando hierarquias e expandindo os limites da prática artística.

Artistas na 36ª Bienal de São Paulo.

Lidia Lisbôa, Marlene Almeida, Maxwell Alexandre, Rebeca Carapiá e Heitor dos Prazeres estão entre os artistas na 36ª Bienal de São Paulo, que inaugura no dia 06 de setembro no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, São Paulo, SP, e permanecerá em cartaz até 11 de janeiro de 2026.

Intitulada “Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática”, a Bienal tem curadoria geral de Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, com cocuradoria de Alya Sebti, Anna Roberta Goetz e Thiago de Paula Souza, além de Keyna Eleison como cocuradora at large.

Inspirada pelo poema “Da calma e do silêncio”, da poeta Conceição Evaristo, a Bienal tem como um dos principais alicerces a escuta ativa da humanidade enquanto prática em constante deslocamento, encontro e negociação. Na exposição, serão apresentados projetos inéditos, concebidos a partir do convite da curadoria a Lidia Lisbôa, Maxwell Alexandre, Marlene Almeida e Rebeca Carapiá.

Sobre os artistas.

Lidia Lisbôa

A prática de Lidia Lisbôa se desenvolve em suportes distintos, sobretudo a escultura, o crochê, em performances e em desenhos. Sua pesquisa tem a tessitura de biografias como eixo fundamental, percorrendo os pólos da paisagem, do corpo e da memória ao utilizar matérias nas quais se imprimem o gesto e a mão da artista. Resultado de uma prática artística constante que se mistura à vida, na obra de Lidia Lisbôa, a costura e a criação de narrativas se colocam como exercício de construção subjetiva e, portanto, de cura e ressignificação.

Marlene Almeida

Marlene Almeida é pesquisadora, escultora e pintora, cuja prática fundamentalmente interdisciplinar combina conhecimentos literários, científicos e artísticos na investigação de um objeto comum à sua produção desde a década de 1970: a terra. Em expedições realizadas especialmente ao Nordeste brasileiro, Marlene Almeida cataloga e armazena amostras de terras coloridas. Essas expedições são guiadas por um projeto audaz: o Museu das Terras Brasileiras, que visa a identificação e estudo das cores encontradas em diferentes formações geológicas de todo território nacional. Em sua trajetória, ela também se nutriu de extensa atuação na militância ecológica e política.

 Maxwell Alexandre

Pautada pelo conceito de autorretrato, a prática de Maxwell Alexandre extrapola as categorias e suportes tradicionais do fazer artístico. Por meio de uma lógica de citação, apropriação e associação de imagens e símbolos, bem como pelo uso de materiais de valor simbólico e biográfico, Maxwell Alexandre constroi uma mitologia imagética que engloba religiosidade e militarismo. Da mesma maneira, sua obra confronta o estatuto institucional da arte contemporânea e os limites do campo da experiência estética.

Rebeca Carapiá

Ao utilizar o ferro e o cobre como seus principais materiais, o trabalho de Rebeca Carapiá se desdobra em esculturas, instalações, desenhos e gravuras, nos quais torção, união e aproximação entre essas matérias constituem uma caligrafia abstrata. Tomando a palavra como ponto de partida, as obras de Rebeca Carapiá insuflam, dobram e seccionam a linguagem em um exercício de deslocá-la de uma posição linear e monolítica. Assim, seus trabalhos se configuram como uma língua particular, que resulta do liame entre corpo, terreno, memória e os saberes oriundos das vivências da artista, bem como daqueles imbuídos na materialidade das peças.

Heitor dos Prazeres

Heitor dos Prazeres (1898-1966) foi um artista plástico, figurinista, compositor e sambista, reconhecido como figura fundamental do contexto cultural carioca no início do século XX e para o Modernismo brasileiro. Heitor dos Prazeres foi um autodidata, e sua inserção no ambiente artístico carioca foi a princípio pela via da música. Na segunda metade dos anos 1930, passou a se dedicar também à pintura, tratando de temas relacionados às tradições e à cultura popular brasileira e cenas do cotidiano das populações negras da cidade. O samba, o carnaval, as paisagens urbanas e as brincadeiras infantis foram seus temas mais frequentes.

Acompanhamento curatorial.

12/jun

A Galeria TATO, Barra Funda, São Paulo, SP, convida para a abertura da exposição “Crise fractal”, mostra que integra o Ciclo Expositivo do Programa Casa Tato – edição 12. Resultado de um processo de acompanhamento curatorial e trocas ao longo de sete meses, “Crise fractal” reúne obras que refletem distintos percursos poéticos e formas de abordagem das urgências do presente, com atenção à potência das construções coletivas. Com curadoria de Lucas Dilacerda e assistência de Maria Eduarda Mota, a exposição apresenta trabalhos desenvolvidos por dez artistas participantes da 12ª edição do programa.

E pelas próprias palavras do curador: “Crise fractal celebra o coletivo como potência estética e política. A exposição nos lembra que nenhuma criação ocorre de forma isolada, que todo gesto artístico carrega as marcas de seus encontros, das suas escutas, das redes que o constituem. Em tempos de crise, imaginar saídas possíveis exige coragem, mas também con-vivências: é preciso criar juntos, resistir juntos, sonhar juntos, pois a beleza está no coletivo”.

Casa Tato 13 | Inscrições abertas

Com a exposição Crise fractal, a 12ª edição da Casa Tato se encerra reunindo os desdobramentos poéticos desenvolvidos ao longo do programa. Agora, a Galeria TATO segue com as inscrições para a 13ª edição do projeto. Voltado a artistas em processo de inserção no circuito, o programa propõe um percurso de acompanhamento crítico e imersão no sistema da arte.

Elementos do cotidiano do artista.

O artista Allan Weber apresenta a itinerância da individual “My Order” no De La Warr Pavilion, em Bexhill-on-Sea, Inglaterra, com abertura no dia 12 de junho. Em seu segundo ato, a mostra ganha um novo subtítulo: “My Order: existe uma vida inteira que tu não conhece”, inspirado no fotolivro homônimo que o artista lançou em 2020. Com curadoria de Joseph Constable, Pablo León de la Barra e João Conceição, a exposição fica em cartaz até 14 de setembro.

A mostra é co-comissionada com a Nottingham Contemporary, onde foi apresentado o seu primeiro ato, chamado “My order: nenhum lugar no mundo é igual ao nosso lugar no mundo”. Ela resulta de um mês de residência artística que Allan Weber realizou em Nottingham em novembro de 2024, durante o qual retomou e complexificou a sua pesquisa em torno do trabalho com entregas por aplicativo e das conexões estabelecidas dentro do caos urbano e do trânsito pelas ruas e culturas.

A nova exposição expande o conjunto apresentado na primeira com obras inéditas. Entre elas, está uma instalação escultórica e fotográfica site-specific na galeria do andar térreo do De La Warr, pensada em diálogo com a arquitetura do edifício e com os seus arredores. A instalação procura trazer para o campo da arte elementos do cotidiano do artista, como assentos de moto de entregadores, mochilas de entrega e capacetes.

O título da mostra alude tanto ao período no qual Allan  Weber trabalhou como entregador de comida, levando “pedidos” (“orders”) aos clientes, quanto às regras internas que operam as comunidades e sistemas que atravessaram a vida do artista. “My Order” é a resposta de Allan Weber a essas regras: uma afirmação de autonomia e agência.