Bate-papo na Mul.ti.plo.

10/jul


Na próxima sexta-feira, dia 12 de julho, a Mul.ti.plo Espaço Arte, Rua Dias Ferreira, 417, sala 206, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, promove uma conversa entre a artista Sandra Antunes Ramos e o crítico de arte e curador Felipe Scovino. O encontro acontece em torno da atual mostra “Costuras”, da artista paulista, aberta em 04 de junho. A artista reuniu para esta exibição individual, cerca de 30 pinturas em pequenos formatos, que misturam tinta a óleo e costura sobre papel. Nessas obras, Sandra Antunes Ramos trabalha tanto a questão pictórica, com blocos de cor, sua marca registrada, como rompe com isso, através do uso de linhas fluidas e costuradas, que remetem ao corpo feminino. São obras delicadas, tanto no formato quanto no acabamento, que tentam equilibrar o geométrico e o orgânico, a rigidez e a fluidez. Prorrogada, a mostra vai até 27 de julho. O bate-papo começa às 18h30, com entrada franca. Vagas limitadas.

Mundo vivo em Paris

09/jul

Reunindo uma comunidade de artistas, botânicos e filósofos, a Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris, França, ecoa a mais recente pesquisa científica que lança nova luz sobre as árvores. Organizada em torno de grandes conjuntos de obras, a exposição “Trees” dá voz à numerosas pessoas e artistas (entre os quais, alguns artistas brasileiros) que, através de sua jornada estética ou científica, desenvolveram um forte e íntimo vínculo com as árvores, revelando assim a beleza e a riqueza biológica desses grandes protagonistas do mundo vivo, ameaçado hoje com o desmatamento em larga escala. A curadoria é de Bruce Albert, Hervé Chandès e Isabelle Gaudefroy.

Artistas participantes e colaboradores da exposição: Efacio Álvarez, Herman Álvarez, Fernando Allen, Fredi Casco, Claudia Andujar, Eurides Asque Gómez, Thijs Biersteker, José Cabral, Johanna Calle, Jorge Carema, Alex Cerveny, Raymond Depardon, Claudine Nougaret, Diller Scofidio + Renfro, Mark Hansen, Laura Kurgan, Ben Rubin, Robert Gerard Pietrusko, Ehuana Yaira, Paz Encina, Charles Gaines, Francis Hallé, Fabrice Hyber, Joseca, Clemente Juliuz, Kalepi, Salim Karami, Mahmoud Khan, Angélica Klassen, Esteban Klassen, George Leary Love, Cesare Leonardi, Franca Stagi, Stefano Mancuso, Sebastián Mejía, Ógwa, Marcos Ortiz, Tony Oursler, Giuseppe Penone, Santídio Pereira, Nilson Pimenta, Osvaldo Pitoe, Miguel Rio Branco, Afonso Tostes, Agnès Varda, Adriana Varejão, Cássio Vasconcellos, Luiz Zerbini (foto).

Até 10 de novembro.

Guilherme Callegari na Verve

08/jul

A Verve Galeria, Jardim Paulista, São Paulo, SP, exibe “NDÚSTRIA”, do artista visual Guilherme Callegari. Com curadoria de Eduarda Freire e texto crítico de Juliana Monachesi, e em sua primeira exibição individual na galeria, Callegari apresenta 25 pinturas – óleo, acrílica, giz oleoso, carvão, caneta esferográfica e lápis de cor sobre tela -, que abordam sua visão sobre a indústria e a comunicação na sociedade moderna, apoiado em seu trabalho diário e numa extensa pesquisa sobre o design gráfico. O conjunto de letras “NDÚSTRIA”, pelo qual se intitula a mostra, foi pensado pelo artista unicamente como um símbolo que identificasse a exposição. A palavra em si é coerente com o título de algumas das pinturas expostas. Buscando, com essa abstração, chamar atenção apenas para os desenhos e a sonoridade que eles passam.

A produção de Guilherme Callegari surge de um trabalho diário, de sua relação prática com a pintura. Das indústrias automobilística e da comunicação vem sua pesquisa permeável à seleção de cores, elementos e símbolos – explorando o grafismo e sua dessignificação. Sobre seus trabalhos, o pintor Rodolpho Parigi já escreveu: “As cores de Guilherme Callegari são de natureza industrial e plástica, não é uma paleta de paisagens ou mesmo de um pintor de carne. Sua paleta é de uma impressora profissional ou mesmo de um birô de silk screen […] Guilherme trabalha como uma máquina, mas suas pinturas tem características e especificidades de obra prima, no sentido de obra única. As passagens são delimitadas como em um desenho, trazendo mais uma informação gráfica. Mesmo quando o artista mistura seus elementos, a sempre uma borda bem definida que os diferencia. Tudo é sólido e plano. O encontro das cores acontece na maioria das vezes por intersecção e não por fusão. Isso nos faz lembrar dos pantones gerados pelo Photoshop ou pelas lojas de tinta de parede.”

Sem necessariamente possuírem um caráter narrativo, as obras apresentadas por Guilherme Callegari abrangem elementos oriundos do universo do design gráfico – como a tipografia e a caligrafia -, porém exauridos de significados semânticos ou emblemáticos, usados como formas na composição de seus trabalhos. Nos dizeres de Douglas de Freitas, acerca do trabalho do artista: “Nas pinturas de Callegari não há erro, tampouco há correção a ser feita. O que existe é a busca por uma solução de composição precisa, sem nunca apagar completamente o que foi feito, nunca zerar o que foi realizado, mesmo que aquilo aparentemente não faça mais sentido no caminho que a pintura tomou. É anular com um X o que não tem mais efeito, porque perdeu sentido no jogo compositivo do artista, fazendo desta errata parte da solução “correta” de sua pintura. […] São esses os artifícios que o Callegari lança mão na realização de suas pinturas. Não existe regra ou material preciso, o trabalho se dá no acumulo e sobreposição desses diferentes elementos e materiais, como carvão, acrílica, esmalte sintético, giz de cera, resina, entre outros tantos”. Como define a curadora Eduarda Freire: “Entre uma suspeita levantada sobre a possibilidade interpretativa de sigilos místicos, internacionalidade ou aleatoriedade, o artista convence de que existe um espaço potente, agora preenchido, entre um pôster informativo e uma pintura. Obedece à almejada perfeição visual instituída pelo design, ao mesmo tempo que dribla o funcionamento da produção comunicativa e midiática na simples admissão da gratuidade da produção artística”. A coordenação é de Allann Seabra e Ian Duarte Lucas.

Sobre o artista

Guilherme Callegari nasceu em Santo André, onde vive e trabalha. Graduou-se em Design Gráfico com ênfase em tipografia em 2011. Sua obra lida com temas do Design Gráfico/Comunicação e da pintura. Depois de sua formação, o artista se deixa contaminar por suas pesquisas em Design Gráfico na faculdade e passa a assumir essa temática como objeto de pesquisa em sua pintura. Callegari já ganhou prêmios em salões de Praia Grande e Santo André, participou de exposições coletivas na BARÓ Galeria, Zipper Galeria e duas individuais na Casa Nova Arte e Cultura Contemporânea. Seus trabalhos integram coleções em São Paulo, Rio de Janeiro, Peru e Holanda. Integra as Coleções Públicas: MAR – Museu de Arte do Rio, Casa do Olhar Luiz Sacilotto (Santo André – SP), Palácio das Artes (Praia Grande – SP).

De 11 de julho a 17 de agosto.

Selfie na Fundação Iberê Camargo

02/jul

A Fundação Iberê, Porto Alegre, RS, inaugura no dia 06 de julho dois andares da exposição “#Selfie: Iberê em modo retrato”. O quarto andar será ocupado com 13 fotos para documentos do artista e outras 36 de Iberê retratando personalidades, como a mãe Doralice Bassani Camargo, Vasco Prado, Sivuca e Adriana Calcanhotto. No terceiro, as três salas serão totalmente interativas, com espelhos e iluminação especial para selfie do público.

 

Diferente do que muitos imaginam, o autorretrato não é algo relativamente novo. A primeira selfie foi feita em 1839 pelo metalúrgico Robert Cornelius, pioneiro na fotografia dos Estados Unidos. Na época, os autorretratos eram o tipo mais comum de fotografias, compreendendo um número estimado de 95% dos daguerreótipos sobreviventes. Na pintura, se afirmou no século 14 e passou a ocupar um lugar de destaque na arte europeia, atravessando diferentes escolas e estilos artísticos.

 

A difusão da retratística acompanhava os anseios da corte e da burguesia urbana de projetar suas imagens na vida pública e privada. Paralelamente aos retratos realizados sob encomenda, e a outros concebidos com amigos e familiares, os artistas produziam uma profusão deles que funcionavam como meio de exercitar o estilo, como instrumento de sondagem de estados de espírito e também como recurso para a tematização do ofício.

 

Iberê retratista

 

Ao longo da vida, Iberê Camargo criou diferentes representações de si mesmo. Pintava-se sob um olhar interior que o mostrava como uma máscara, um enigma, o arquétipo da insondável natureza do homem: “Pinto porque a vida dói”.

 

Para ele, “[…] retratar-se revela narcisismo, todos os pintores o são. Na sucessão de minha imagem no tempo, ela se deteriora como tudo que é vivo e flui. Muitas vezes, me interroguei diante do espelho. No passar do tempo, nos transformamos em caricaturas”, dizia Iberê.

 

A selfie é, portanto, a forma mais expansionista de autoexpressão visual. É algo especialmente fascinante como o ato de retratar a si mesmo tenha sobrevivido a tantas passagens, transformações e movimentos que a arte atravessou em sua história.

 

Até 29 de setembro.

Light Art Rio no Oi Futuro

01/jul

O Oi Futuro, Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, abre dia 07 de julho a exposição “Light Art Rio”, dedicada à light art (arte da luz), com instalações e esculturas de luz de artistas contemporâneos. A curadora Fernanda Vogas convidou três artistas que incorporam a luz como elemento principal de criação para expor obras no projeto, em cartaz no Centro Cultural Oi Futuro até 28 julho.

 

A mostra inclui obras dos artistas Alexandre Mazza (PR), Anaisa Franco (SP) e Carmen Slawinski (RJ). Tomando como ponto de partida o uso da luz para alterar a percepção dos espaços na arte contemporânea, os trabalhos dos artistas exploram temáticas de cor, tempo, luz artificial, projeção e tecnologia. De instalações a esculturas, os visitantes experimentarão a luz em suas diversas formas sensoriais e espaciais.

 

O artista Alexandre Mazza vai apresentar trabalhos de diferentes épocas que possuem como unidade a água. A obra “Água-viva” de 2012 propõe ao visitante uma reflexão sobre a relação do natural e do artificial. A obra “Bússola”, de 2017 foi pensada durante uma expedição imersiva de 20 dias do artista no Salar de Uyuni, a maior planície de sal do mundo, na Bolívia, e traz a imagem de uma bússola boiando em um riacho sobre uma rolha de cortiça, em busca de orientação. As obras “Águas I, II, III e IV” de 2019, expressam a força e a potência de uma queda d´água contínua de cachoeiras. Atualmente, o artista também apresenta a exposição “Somos sua luz”, na Luciana Caravello Arte Contemporânea, em Ipanema, até o dia 13 de julho.

 

A artista Anaisa Franco vai apresentar a obra “Sistema circulatório”, uma escultura de luz que é conectada à internet por um software que mapeia todo o tráfego das companhias aéreas. O software cria centenas de linhas de luz que representam todas as rotas dos aviões que estão voando, em tempo real, por todo o planeta. No ser humano, o sangue circula, transporta e entrega os nutrientes e oxigênio necessários para as células. A obra cria uma metáfora entre a circulação do corpo humano, que distribui nutrientes e oxigênio, e o transporte aéreo, que conecta distâncias e culturas.

 

A artista Carmen Slawinski vai apresentar uma obra criada especialmente para o projeto.  A obra “A cor que habito”, feita com planos de fios brancos iluminados, delimitam campos de cor-luz, criando um ambiente imersivo, onde o visitante mergulhado na cor experimentará a luz em suas formas sensoriais. A artista cria uma nova arquitetura para a sala de exposição através de luz.

 

Sobre a curadoria e os artistas

 

 

FERNANDA VOGAS

 

Idealizadora e curadora, é Mestra em Artes Visuais pelo PPGAV – UFRJ e graduada em comunicação social. Foi aluna da Escola Massana – Centre d’Art i Disseny em Barcelona e frequentou as aulas de filosofia dos professores Francisco Elia e Ivair Coelho. Seu currículo apresenta filmes experimentais premiados e exibidos no Göteborg International Film Festival (Suécia), Copenhagen Art Festival (Dinamarca), TousEcrans Festival (Suíça), Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano (Cuba), CefalùFilm Festival (Itália), entre outros. Em 2010 foi selecionada para participar do projeto Gesamt, filme-instalação idealizado pelo cineasta Lars Von Trier. Disaster 501: WhatHappenedto Man? Em 2017 criou o Acusmática Visual ao lado do artista espanhol Xabier Monreal, um projeto de arte sonora com participações em festivais como o FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (2018), Bogotá Short Film Festival (2018), Arquivo em Cartaz (2018) e Mostra do Filme Livre (2018)

 

ALEXANDRE MAZZA

 

Artista com formação musical, trabalhou durante 18 anos como baixista e compositor e passou a se interessar pela luz e pela eletricidade. Desde 2008 se dedica somente ao que chama de “multiplicação da luz”, utilizando diversos materiais, tais como espelhos, vidros, metais, lâmpadas, acrílicos e madeira. É principalmente através dos objetos que o artista confronta seus espectadores com jogos visuais: com o que se vê e o que se acredita ver, com o que está ali e o que se imagina estar. Indicado ao prêmio Pipa em 2012 e 2014, o artista já apresentou seus trabalhos em exposições no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM RJ), no Centro de Artes Hélio Oiticica, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro, entre outros. Suas obras estão em diversas coleções privadas e públicas como a do MAM RJ e do Museu de Arte do Rio (MAR).

 

ANAISA FRANCO

 

Artista, cria interfaces que ligam o físico com o digital, utilizando conceitos da psicologia e das ciências cognitivas. Desde 2006 tem desenvolvido trabalhos em Medialabs, residências e comissões em Instituições. É mestre em Arte Digital e Tecnologia pela Universidade de Plymouth na Inglaterra, financiada pela Bolsa Alban e Bacharel em Artes Plásticas pela FAAP em São Paulo. Tem exibido internacionalmente em exposições como 5th Seoul International Media ArtBienalle em Seoul na Korea, ARCOmadrid, Vision Play no Medialab PRADO, Sonarmática no CCCB em Barcelona, Espanha. Tekhné no MAB e Mostra LABMIS em Sao Paulo, Live Ammo em Taipei, entre muitas outras.

 

CARMEN SLAWINSKI

 

Artista plástica e lighting designer, expôs seus trabalhos de pintura em Paris, Mônaco, Cagnes Sur Mer e La Garde. Em 1993 a luz entra na sua pintura e expõe no Centro Cultural Cândido Mendes (Ipanema) 1996 e no Museu Nacional de Belas Artes em 1998. Criou em 1999/2000 iluminação cinética para a fachada do Centro Cultural Banco do Brasil do Rio. Em 2002, fez a iluminação “Alice e o Barão na Cidade Maravilhas” no interior do túnel da rua Alice, ligando Laranjeiras ao Rio Comprido. Em 2008 realizou a instalação “Contenções” no Centro Cultural Parque das Ruínas. Em 2013 apresentou a obra “Tecendo planos com fios de luz” no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio. Em 2015, criou o projeto de iluminação do Projeto Paixão de Ler no Museu de Arte do Rio – MAR.

Vik Muniz na Paulo Darzé

27/jun

Vik Muniz é artista plástico, fotógrafo e pintor, conhecido internacionalmente por usar materiais inusitados em suas obras, como lixo, açúcar e chocolate. Pela primeira vez na Bahia, não só com uma individual, apresentando a criação de novas obras, a exposição Handmade retoma caminhos e procedimentos que já havia trilhado no passado, investigando de forma aguda e sintética a tênue fronteira entre realidade e representação, entre o objeto original e sua cópia. A abertura acontece no dia 04 de julho, das 19 às 22 horas, na Paulo Darzé Galeria, Salvador, Bahia, com temporada até 10 de agosto.

 

No dia 05 de julho, o artista abre uma nova mostra no Museu de Arte Moderna, Solar do Unhão, sob o título Imaginária, trabalhos criados a partir de milhares de recortes de catálogos de exposições, onde revisita a arte sacra, através das figuras dos santos. “Os santos, exemplos de pessoas que colocaram a sua fé acima da própria vida, sempre exerceram um enorme fascínio nas mentes artísticas. Não é por coincidência que a história da arte esteja tão relacionada à história da fé. Grande parte do que admiramos na história da arte está objetivamente relacionada à arte sacra e, subjetivamente, ao ato de acreditar. Eu, como artista contemporâneo, sempre ansiei compartilhar os temas que tanto colaboraram para o desenvolvimento da cultura das imagens”.

 

HANDMADE

 

O público não verá em Handmade obras realizadas a partir de imagens conhecidas, tampouco referências a materiais mundanos – aspectos comuns no trabalho do artista. Vik alude nesta mostra à vasta tradição da arte abstrata, destilando para isso suas fórmulas básicas na criação de maneiras inusitadas de meditar sobre a imagem e o objeto, sobre a ambiguidade dos sentidos e a importância da ilusão, onde traça a constante preocupação do artista em transcender as dimensões simbólicas da imagem. Além da paradoxal relação entre imagem e objeto e do recorrente uso de estratégias ilusionistas – “A ilusão é um requisito fundamental de todo tipo de linguagem”, diz, “esses trabalhos flertam com a arte conceitual e estabelecem um intenso diálogo com a arte abstrata, cinética e concreta. Sobretudo, pelo interesse comum em relação às teorias da Gestalt, mais especificamente nos campos da psicologia e da ciência”. Repetição, ritmo, profundidade, espaçamento, uso das cores primárias ou gradações sutis de cinza e preto estão entre as questões caras à abstração e que compõem o alfabeto com o qual Vik lida em Handmade. Mas vai, além disso, ao lançar mão do vocabulário construtivo para mais uma vez colocar em questão o estatuto da imagem no mundo contemporâneo. “A exposição mostra um artista diferente e que sou eu ao mesmo tempo”, conclui.

 

Handmade explora a natureza da percepção, da realidade e da representação, e desafia questões de materialidade. As obras de Handmade remetem aos princípios fundamentais da arte abstrata propriamente dita – cor, composição, forma e ritmo – e se servem de conexões com movimentos da arte abstrata, como a op art, a arte conceitual e o construtivismo. As obras são excepcionalmente ricas em alusões, exigindo dos espectadores o direcionamento da atenção para os próprios materiais e os levando a refletir sobre o seu processo de criação. Como sugere o título da série, estas obras únicas são resultado de um processo híbrido que integra elementos artesanais ou físicos – sobretudo pintura e colagem – com fotografia digital de alta resolução. Estes estudos abstratos e materiais convidam o espectador a investigar mais de perto a dicotomia entre o objeto físico e sua representação, e, ao mesmo tempo, reinventam as possibilidades de construção da imagem fotográfica. A complicada relação imagem-objeto ressaltada nestas obras funciona sempre nos dois sentidos. O que se espera que seja uma foto não é; e o que se espera que seja um objeto é uma imagem fotográfica. Numa época em que tudo é reproduzível, a diferença entre a obra e a imagem da obra quase não existe. Os resultados da investigação e da experimentação são complexas composições, cada obra individual apresentando combinações de diferentes técnicas – papel e papelão são pintados, recortados e organizados em uma superfície, e em seguida são fotografados para poderem ser manipulados novamente. Depois são reorganizados e fotografados de novo, criando, assim, múltiplas camadas de volume, sombras e planos pictóricos. As formas geométricas simples e as cores primárias criam uma tensão e uma impressão de movimento dinâmico. Ao criar diferentes camadas que revelam elementos subjacentes e suas fotografias, inventa-se uma verdadeira trompe-l’œil onde os objetos e seus correspondentes fotográficos se entrelaçam em um jogo visual de ilusões.

 

Sobre o artista

 

Vik Muniz (Vicente José de Oliveira Muniz) nasceu em São Paulo, no dia 20 de dezembro de 1961. Formou-se em Publicidade na Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, em São Paulo. Em 1983, mudou-se para Nova Iorque. Atualmente vive e trabalha entre Rio de Janeiro e Nova York. Vik Muniz iniciou sua carreira artística ao chegar à Nova York em 1984, realizando sua primeira exposição individual em 1988. A partir desta data, começou a desenvolver trabalhos que faziam uso da percepção e representação de imagens usando diferentes técnicas, a partir de materiais como o açúcar, chocolate, catchup, gel para cabelo e lixo. Naquele mesmo ano, criou desenhos de fotos que memorizou através da revista americana Life. Fotografou os desenhos e a partir de então, pintou as fotos para conferir um ar de realidade original. A série de desenhos foi denominada “The Best of Life”. Vik Muniz fez trabalhos inusitados, como a cópia da Mona Lisa de Leonardo da Vinci, usando manteiga de amendoim e geleia, como matéria prima. Com calda de chocolate, pintou o retrato do pai da psicanálise, Sigmund Freud. Também recriou muitos trabalhos do pintor francês Monet. Alcançou reconhecimento internacional como um dos artistas mais inovadores e criativos do século 21. Conhecido por criar o que ele descreve como ilusões fotográficas, trabalhando com uma surpreendente variedade de materiais não convencionais – incluindo açúcar, diamantes, recortes de revista, calda de chocolate, poeira e lixo – para meticulosamente criar imagens antes de registrá-las com sua câmera. Suas fotografias muitas vezes citam imagens icônicas da cultura popular e da história da arte, desafiando a fácil classificação e envolvendo de maneira divertida o processo de percepção do espectador. Sua produção mais recente propõe um desafio ao público ao apresentar trabalhos que colocam o espectador constantemente em xeque sobre os limites entre realidade e representação, como atesta a obra Two Nails (1987/2016), cuja primeira versão pertence ao MoMA de Nova York. Em 2005, Vik lançou um livro denominado “Reflex – A Vik Muniz Primer”, contendo uma coleção de fotos de seus trabalhos já expostos. Uma de suas exposições mais comentadas foi denominada “Vik Muniz: Reflex”, realizada no University of South Florida Contemporary Art Museum, também exposta no Seattle Art Museum Contemporary e no Art Museum em Nova York. O processo de trabalho consiste em compor imagens com os materiais, normalmente perecíveis, sobre uma superfície e fotografá-las, resultando no produto final de sua produção. Em 2010, foi produzido um documentário intitulado “Lixo Extraordinário” sobre o trabalho de Vik Muniz, com catadores de lixo de Duque de Caxias, cidade localizada na área metropolitana do Rio de Janeiro. A filmagem recebeu um prêmio no festival de Berlim na categoria Anistia Internacional e no Festival de Sundance. O artista também se dedicou a fazer trabalhos de maior porte. Um deles foi uma série de Imagens das Nuvens, a partir da fumaça de um avião, e outras feitas na terra, a partir do lixo. No dia 7 de setembro de 2016, na abertura dos “Jogos Paraolímpicos Rio 2016”, Vik Muniz, um dos diretores da cerimônia, criou uma obra de arte formada por peças de um quebra-cabeça que eram levadas por cada delegação, com o nome do país de um lado e a foto dos atletas do outro. Cada peça era colocada no centro do palco do Maracanã, e com a colocação da última peça, pelo artista, formou-se um enorme coração que começou a pulsar com o uso de projeção de luzes. A obra de arte fez referência ao conceito central da cerimônia resumido na frase: “O coração não conhece limites”. Uns dos mais recentes trabalhos de Vik Muniz são os 37 mosaicos que decoram as paredes internas do novo trecho do metrô de Nova Iorque, que liga a Rua 72 à Segunda Avenida. Inaugurado em dezembro de 2016, obra que durou três anos para ser concluída, e que explora os diversos tipos de frequentadores do metrô de Nova Iorque. Nesta sua trajetória vem realizando prestigiadas exposições em instituições como o International Center of Photography, New York; Fundació Joan Miró, Barcelona; Museo d’Arte Contemporanea, Rome; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Tel Aviv Museum of Art e Long Museum, Shangai. Suas exposições recentes incluem Vik Muniz: Handmade (Nichido Contemporary Art, NCA, Tóquio, Japão, 2017); Afterglow: Pictures of Ruins (Palazzo Cini, Veneza, Itália, 2017); Vik Muniz (Museo de Arte Contemporáneo, Monterrei , México, 2017); Vik Muniz: A Retrospective (Eskenazi Museum of Art, Bloomington, EUA, 2017); Vik Muniz (High Museum of Art, Atlanta, EUA, 2016); Vik Muniz: Verso (Mauritshuis, The Hage, Holanda, 2016); Escola Vidigal – 15ª Mostra Internazionale di Architettura | La Biennale di Veneza (Veneza, Itália, 2016); Une Saison Brésilienne | Vik Muniz na Coleção Géraldine e Lorenz Bäumer (Maison Européenne de la Photographie, Paris, França, 2016); Lampedusa, 56a Bienal de Veneza, (Naval Environment of Venice, Itália, 2015) e Vik Muniz: Poetics of Perceptions (Lowe Art Museum, Miami, EUA, 2015).

 

Em 2001, representou o Brasil no Pavilhão da 49a Bienal de Veneza. Em dezembro de 2008, o MoMA sediou Artist’s Choice: Vik Muniz, Rebus, como parte de uma série de exposições com artistas convidados. Também foi convidado da edição do ano 2000 da Bienal de Whitney, no Whitney Museum of American Art; da 24ª Bienal Internacional de São Paulo; e da 46ª Corcoran Biennial Exhibition:Media/Metaphor, na Corcoran Gallery of Art em Washington, DC. Seus trabalhos fazem parte de coleções de arte públicas como a do Museum of Modern Art, Nova York;Guggenheim Museum, New York; Tate, London; Metropolitan Museum of Art, Nova York; Los Angeles Museum of Contemporary Art, Los Angeles; Tate Gallery, Londres; Centre Georges Pompidou, Paris; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madri; e do Museum of Contemporary Art, Tokyo. O trabalho do artista também é tema do filme Lixo Extraordinário (Waste Land), indicado ao Oscar de melhor documentário em 2010. Em 2011, foi nomeado Embaixador da Boa Vontade da UNESCO.

#tbt na Carpintaria

25/jun

A Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a mostra coletiva #tbt com seleto elenco de artistas da cena contemporânea nacional como Adriana Varejão, Barrão, Beatriz Milhazes, Carlos Bevilacqua, Erika Verzutti, Ernesto Neto, Iran do Espírito Santo, Jac Leirner, Janaina Tschäpe, Leda Catunda, Lucia Laguna, Luiz Zerbini, Mauro Restiffe e Valeska Soares.

 

De acordo com a linguagem do Instagram, a hashtag #tbt – sigla para “throwback thursday” ou em tradução livre “lembrança de quinta-feira” – é utilizada para legendar imagens que datem de algum momento do passado, seja ele longínquo ou recente. A exposição toma este deslocamento temporal como mote para reunir obras realizadas entre a década de 80 e o início dos anos 2000, investigando as diferentes poéticas e temáticas presentes no limiar da produção dos artistas que integram o conjunto. O impulso de lançar um olhar retroativo ao presente evoca o famoso quote do teórico canadense Marshall McLuhan: “olhamos o presente através de um espelho retrovisor, marchamos de costas em direção ao futuro”.

 

Na ocasião da abertura, a Editora Cobogó promove o lançamento do livro de Carlos Bevilacqua no Rio de Janeiro, monografia que percorre os 30 anos de carreira do artista carioca através de reproduções de obras, estudos e anotações. A publicação conta com introdução do próprio artista, depoimentos de colegas, texto crítico de Paulo Sergio Duarte e entrevista concedida a Luiz Camillo Osorio.

 

De 27 de junho a 27 de agosto.

 

 

Reminiscências/Livro e exposição

 

Em sua nova exposição na Fortes D’Aloia & Gabriel, Carlos Bevilacqua apresenta uma instalação, esculturas e aquarelas que operam na tensão permanente entre instabilidade e equilíbrio, no intervalo semântico definido por ele como “instante poético”. Durante a abertura, a Editora Cobogó promove o lançamento do livro do artista carioca, monografia que percorre seus 30 anos de carreira através de reproduções de obras, estudos e anotações. A publicação conta com introdução do próprio artista, depoimentos de colegas, texto crítico de Paulo Sergio Duarte e entrevista concedida a Luiz Camillo Osorio.

 

Bevilacqua resume seu trabalho escultórico afirmando: “Eu não trabalho com formas. Trabalho com forças”. Ele emprega materiais como madeira e aço em suas configurações mais sintéticas – linha, ponto, círculo, esfera – para então testar seus limites físicos até o momento preciso em que as tensões encontram seu ponto de estabilidade. A forma é, portanto, a expressão de uma força, que por sua vez resulta da interação das energias potenciais de cada elemento. Ensaio Sobre Linhas Concretas (2019) surge desse exercício e apresenta uma complexa estrutura com linhas de aço que cruzam o espaço da Galeria de parede a parede. Cada seção das retas que compõem essa instalação aérea é interrompida por outros elementos (molas, parábolas, círculos) que atuam como intervalos na propagação de energia pela rede inteira. Em outros trabalhos, como Estrelas fixas (2019) e 3 Luas e o Cubo de Ouro (2015), a imbricada dinâmica de forças opera em uma escala fluida e variável, revelando a liberdade com que Bevilacqua transita entre o micro e o macro.

 

Na série inédita Paletas e Fantasmas (2019), o artista emprega paletas de pintura que, ao invés de tinta ou pinceis, abrigam elementos escultóricos para engendrar cenários ou “armadilhas simbólicas”, como ele descreve. A alusão à pintura ecoa ainda no conjunto de trabalhos da primeira sala da exposição, que têm a cor como fio condutor. Exibindo pela primeira vez em sua carreira uma série de aquarelas, Bevilacqua associa as figuras vibrantes dessas obras com as esferas coloridas que pontuam as esculturas O Vermelho Originário (2017) e O Vermelho da Noite (2017).

 

Sobre o artista

 

Carlos Bevilacqua nasceu no Rio de Janeiro em 1965, onde vive e trabalha. Depois de estudar arquitetura no Brasil, cursou a New York Studio School of Painting, Drawing and Sculpting (Nova York, 1991/1993). Entre suas exposições, destacam-se as individuais no MAM Rio (Rio de Janeiro, 2000), no MAM-SP (São Paulo, 1992) e, mais recentemente, Indeterminado no Centro Cultural Candido Mendes (Rio de Janeiro, 2019). As mostras coletivas incluem participações em: Lugares do Delírio, SESC Pompeia (São Paulo, 2018) e MAR (Rio de Janeiro, 2017); Intervenções Urbanas, Museu da República (Rio de Janeiro, 2016); Calder e a Arte Brasileira, Itaú Cultural (São Paulo, 2016); Desejo da forma, Akademie der Künste (Berlim, 2010); Um Mundo Sem Molduras, MAC-USP (São Paulo, 2009). Sua obra está presente nas coleções do Instituto Inhotim, do MAM Rio, do MAC-USP, entre outras.

 

De 25 de junho a 10 de agosto.

 

No Anexo Milan

24/jun

Mario Cravo Neto é o atual cartaz do Anexo Milan, Pinheiros, São Paulo, SP, através da exposição “O Estranho e o Raro”. Mario Cravo Neto teve como um de seus mestres seu próprio pai, o escultor Mario Cravo Junior e hoje é considerado como um dos artistas brasileiros pioneiros da fotografia contemporânea brasileira a receber reconhecimento internacional – a partir dos anos 1970 -, realizando mostras em diversas capitais ao redor do mundo. Algumas das mais importantes de sua carreira foram  as XI, XII, XIII, XIV e XVII Bienais de São Paulo, Geográfias (in)Visibles, Arte Contemporáneo Latinoamericano en la Colecion Patricia Phelps de Cisneros, Centro Cultural Eduardo León Jimenes, Santiago, República Dominicana(2008), Mapas Abiertos, Fotografia Latino-Americana 1991-2002, entre outras.

 

As obras apresentadas na exposição pertencem ao período de  sua passagem por Nova Iorque, onde viveu no final dos anos 1960, e por Salvador, cidade onde nasceu. Faz parte desse recorte o período em que o artista ficou imobilizado em decorrência de um acidente de carro. Nesse espaço de tempo Neto ficou na casa de seus pais, e a dor e as transformações que marcam essa etapa da vida do artista se refletem em seus registros, que fundem o imaginário místico e religioso. A curadoria é de Bené Fontelles e a exposição é composta de 52 fotos e uma instalação.

 

 

Até 13 de julho.

Duas mostras na Athena

17/jun

No dia 18 de junho, a Galeria Athena, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, inaugura as exposições “Colapso”, coletiva com curadoria do artista Rodrigo Bivar e “Panapanã”, individual do artista português Tomás Cunha Ferreira que realiza sua primeira exposição no Brasil. Em comum, as duas mostras pensam a pintura e o desenho de forma ampliada, em obras que não necessariamente utilizam tinta e lápis, mas que partem da lógica da pintura para construir uma narrativa. Os trabalhos são inéditos, em sua maioria, ou recentes.

 

Na sala I, será apresentada a obra do artista visual português Tomás Cunha Ferreira (que também é músico), na exposição “Panapanã”, que terá obras inéditas, produzidas este ano, que, assim como na mostra “Colapso”, utilizam a lógica da pintura. No dia da abertura, Tomás Cunha Ferreira fará uma performance com os músicos brasileiros Domenico Lancellotti e Pedro Sá. 

 

Na sala II, estará a coletiva “Colapso”, com obras de Ana Prata, Bruno Dunley, Cabelo, Débora Bolsoni, Leda Catunda, Paulo Whitaker, Rafael Alonso e Rodrigo Andrade, com curadoria do também artista Rodrigo Bivar. 

 

 

COLAPSO 

 

“Colapso” é uma coletiva que propõe uma reflexão a partir da pintura e desenho, que traz quatro artistas da geração dos anos 1980 – Cabelo, Leda Catunda, Paulo Whitaker e Rodrigo Andrade – e quatro artistas de uma geração mais nova – Ana Prata, Bruno Dunley, Debora Bolsoni e Rafael Alonso. “São formas de se pensar a pintura e o desenho através da obra de oito artistas”, afirma o curador Rodrigo Bivar, que escolheu o assunto por ter familiaridade, por concentrar sua pesquisa nessas técnicas, selecionando artistas que o ajudam a pensar a pintura e o seu próprio trabalho. “Sou artista, e resolvo minhas questões pelo aspecto visual e teórico. E é isso que quis mostrar nesta minha curadoria, uma curadoria através da visão dos artistas”, diz Rodrigo Bivar. 

 

Os trabalhos apresentados não são necessariamente pinturas e desenhos, mas obras que pensam sobre esse aspecto. “Embora a Leda Catunda vá mostrar uma colagem, ela é uma artista que todo o trabalho se desenvolve a partir da pintura”, afirma o curador. Já Rodrigo de Andrade, Bruno Dunley, Ana Prata e Paulo Whitaker trabalham a pintura como seu principal meio. Rafael Alonso pensa a prática e, principalmente, a forma como mostra suas pinturas, como algo instalativo. Já Débora Bolsoni e Cabelo são artistas cuja pintura não é seu principal meio de expressão, mas em suas obras têm muito do pensamento sobre desenho. 

 

O nome da exposição se relaciona com o momento político delicado em que vive o país. “Colapso, vem da ideia de que, apesar do momento calamitoso em que vivemos, os artistas continuam fazendo arte, fazendo o que acreditam”, diz o curador Rodrigo Bivar. Além disso, também parte da ideia de que os trabalhos da exposição, apesar de usarem a técnica da pintura e do desenho, não necessariamente dialogam entre si. “Existe muitas diferenças entre eles, entre os trabalhos e entre as pesquisas”, ressalta. 

 

 

PANAPANÃ

 

 Na sala I da galeria estará a exposição individual“Panapanã”, do artista visuale músico português Tomás Cunha Ferreira, que nasceu em Lisboa, mas morou no Brasil quando criança. Apesar de o artista ter uma forte relação com o país, tendo realizadocomomúsico, diversas parcerias com músicos brasileiros, seu trabalho visual será apresentado pela primeira vez no país nesta exposição. 

 

Com cerca de 12 obras, sendo a maioria delas em tecidos, sobre os quais o artista propõe interferências, utilizando a lógica da pintura. Em algumas, ele introduz elementos como acrílico e arame, e também faz pequenas intervenções em tinta a óleo, aquarela e costuras. “Jogo com os elementos pictóricos, sem me preocupar se estou usando o pincel ou não. Às vezes uso a máquina de costura como pincel”, diz o artista. 

 

As obras feitas com os tecidossão presas por pregos apenas na parte de cima, deixando-os ligeiramente soltos, com movimento quando bate um vento, por exemplo. Os panos utilizados também são diversos, alguns bem leves, com diferentes espessuras, com caimentos diferentes e relevos. “O trabalho não está fixo, emoldurado. É um corpo, que não é só uma superfície pintada, tem espessura”, ressalta o artista. O nome da exposição, “Panapanã”, significa coletivo de borboleta em Tupi Guarani, e vem da ideia de movimento desses panos. 

 

Neles, há marcas propositais de dobras, que formam pequenos relevos. O contorno não é regular: algumas quinas são abauladas e outras mais pontudas. “Desdobro os panos como se fossem um mapa e os vincos fazem parte da pintura. O que me interessa é o aspecto físico. As margens, por exemplo, não são retas, possuem formas diferentes”, conta o artista, que mostrará alguns panos abertos e outros dobrados. 

 

Além dos panos, haverá três colagens em papel, em que o artista utiliza letras e cores, que servem de base para as músicas de Tomás, como se fossem partituras, em que ele utiliza o som das letras e as cores. “Não é nem pintura nem poesia, não uso verso nem pincel, é entre os dois, mas usando elementos de ambos. Gosto de estar entre as coisas, entre a música e a pintura”, afirma o artista. Haverá, ainda, um vídeo em looping, que mostra essas obras em papel com diferentes cores, letras e formas. 

 

De 18 de junho a 20 de julho.