Contradições da contemporaneidade.

24/abr

A Galatea Salvador apresenta Ininteligibilidade, primeira exposição a itinerar de São Paulo para a capital baiana. Nessa exibição individual Isay Weinfeld apresenta obras elaboradas a partir de objetos garimpados em diferentes contextos, como em feirinhas e mercados ao redor do mundo. Em Salvador, a mostra traz seis obras diferentes daquelas que compõem a seleção original, incluindo três inéditas.

Pequenos objetos como bonecos de porcelana, flores e molduras, que à primeira vista transmitem delicadeza, conduzem o público em uma experiência estética em que o artista utiliza do humor e da ironia para evidenciar contradições da contemporaneidade, utilizando signos e símbolos até então tidos como rotineiros e convencionais. Ao exercitar sua faceta artística, Isay Weinfeld não busca criar discursos, mas desmontá-los com chiste.

Na ocasião da abertura, Isay Weinfeld lançará os catálogos Isay Weinfeld Works – Rizzoli New York e ISAY W – WEINFELD, ISAY, anteriormente lançados em São Paulo, e que apresentam de forma aprofundada a sua produção na Arquitetura e na Fotografia.

Até 31 de maio.

Playground aberto.

23/abr

Pela primeira vez no Brasil, “O Outro, Eu e os Outros” propõe uma reflexão sobre o papel do indivíduo no coletivo e no espaço público. A instalação interativa Iván Argote: O Outro, Eu e os Outros ocupa o vão livre do MASP-Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, Avenida Paulista, até 10 de agosto. Esta é a primeira exposição realizada pelo museu no vão livre após a concessão do espaço para o MASP.

O vão livre de 74 metros de extensão foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi como uma praça cívica, um local de encontro e convivência destinado a manifestações culturais diversas, como dança, teatro, música e circo, além de exposições interativas e didáticas. O trabalho de Iván Argote (Bogotá, Colômbia, 1983) reforça a vocação do espaço ao propor uma instalação interativa composta por duas plataformas móveis dispostas nas extremidades do vão, transformando-o em um campo de experimentação sensorial e social.

A obra funciona como uma grande gangorra que se inclina conforme o deslocamento dos visitantes, refletindo as dinâmicas de equilíbrio e movimento coletivo. Quando uma única pessoa se move, o equilíbrio se mantém quase inalterado; no entanto, a ação coletiva pode redefinir completamente a inclinação da plataforma, que pende para um lado ou para o outro. A situação mais complexa ocorre quando os participantes distribuem seu peso de maneira equilibrada, alcançando um estado de estabilidade.

Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, e assistência de Matheus de Andrade, assistente curatorial, a instalação propõe novas leituras sobre espaços públicos, intervenções urbanas e estruturas de poder. As gangorras de Iván Argote desafiam monumentos – símbolos da memória coletiva e da História – ao transformar o espaço público em um playground aberto: um local de encontro que incentiva a convivência, o diálogo e a interação dentro da comunidade.

“É um momento histórico do museu. O projeto de Lina Bo Bardi prevê como uma de suas características centrais a confluência entre o espaço museológico e o vão livre. O trabalho de Argote dialoga com o pensamento de Lina e sugere uma metáfora para a relação entre indivíduo e sociedade, evidenciando o poder da colaboração para provocar mudanças. Ao aliar ludicidade e reflexão, o artista convida o público a repensar suas interações no espaço urbano e na vida em comunidade. Uma obra muito adequada para essa nova fase do MASP”, afirma Matheus de Andrade.

O trabalho agora encontra-se no Brasil, após ser exposto na Bienal de Lyon, na França, em 2024; em Riade, na Arábia Saudita, em 2023; e no Centquatre de Paris, em 2017. Reformuladas para se adequar ao vão livre do MASP, as gangorras têm 15 metros de comprimento, cinco metros de largura e dois de altura. A obra poderá ser vista por quem passar pela Avenida Paulista a qualquer momento, e acessada pelos visitantes todos os dias, das 10h às 22h.

Sobre o artista.

Iván Argote nasceu em 1983, em Bogotá, Colômbia, e está radicado em Paris. Artista e cineasta, realiza filmes, fotografias, esculturas e performances, além de instalações de grandes dimensões, muitas vezes construídas para espaços públicos. Seus trabalhos problematizam as relações do homem contemporâneo com as estruturas de poder, os sistemas de crenças e os espaços urbanos. Em 2024, participou da 60ª Bienal de Veneza e instalou uma escultura no High Line de Nova York, além de ter realizado exposições individuais em Copenhague, Dallas, Berlim e Ardez, na Suíça.

Renato Dib na Galeria Contempo.

O universo têxtil – costuras, bordados, tramas e camadas de tecidos – é o aspecto mais recorrente da exposição individual que Renato Dib apresenta até 17 de maio na Galeria Contempo, Jardim América, São Paulo, SP. Em “Labirinto interior” o artista se lança a uma investigação profunda sobre a interioridade e o corpo, tanto em suas dimensões visuais quanto simbólicas. Com organização do próprio artista e texto crítico de Agnaldo Farias, a mostra marca o início da parceria de Renato Dib com a galeria que, assim pode oferecer um recorte abrangente de mais de duas décadas de sua produção, pretendendo funcionar como um panorama generoso de sua poética.

Reunindo obras emblemáticas e outras inéditas, a exposição propõe um mergulho no universo de Renato Dib. “Labirinto Interior” percorre as transformações e permanências que acompanharam a trajetória do artista, destacando como a matéria utilizada se converte em linguagem e, sobretudo, como o corpo – tanto físico quanto o social e psíquico – é o ponto de partida para uma longa especulação. Vibrando entre o íntimo e o coletivo, seu trabalho convoca que se repense ao mesmo tempo a matéria que mobiliza, em especial o campo têxtil, e as analogias possíveis que junto dela se pode experimentar. Gênero, sexualidade, desejo e repulsa são termos correntes de seu extenso léxico. Tornando assim os tecidos, outrora utilizados para proteger e cobrir, suportes de um desvelamento do interior – enquanto aquilo que se oculta – e da interioridade.

Baralhando também os papéis de gênero consagrados, Renato Dib se aventura no universo da delicadeza: recolhe, coleciona e dá nova vida a tecidos finos e raros. Entre o plano e o escultórico, o artista busca compreender como aquilo que outrora servia para vestir e identificar pode ser reutilizado para recriar o dentro – tanto o biológico (feito de vísceras e entranhas), quanto aquele psicológico e sentimental.

O artista lançará um livro que explora seu longo trabalho de colagens-pinturas. “Labirinto de gabinetes”, título da publicação com o selo da Editora Afluente, desenvolvido a partir de um catálogo intitulado “Interior Design Motifs of the 19th Century”, no qual Renato Dib traz a público uma outra investida em direção ao dentro: o universo dos interiores arquitetônicos se desdobra em entranhas e interioridades.

 A palavra do artista.

Há bastante tempo eu quero mostrar meu trabalho de uma maneira mais ampla, apresentando várias técnicas e algumas pesquisas paralelas entre os materiais (o material para mim é sempre muito presente). Então a exposição vai contar com vários tipos de materialidade desde o tecido até o papel, metal e madeira. Fui explorando aí combinações. Como em meu trabalho cada peça já tem dentro dela um pensamento de colagem de aglutinar universos, texturas, cores, formas para criar uma terceira imagem. Dentre todas as técnicas eu me considero uma pessoa que faz colagem, independente do material. Nesta exposição eu pretendo mostrar essa diversidade de exploração de materiais cotidianos, com carga afetiva; manipulando todos esses materiais transformo em objetos, esculturas, painéis, tapeçarias. A ideia de reunir peças antigas com outras inéditas foi levar um pouco do que se vê no meu ateliê – essa mistura essa diversidade”.

Sobre o artista.

Renato Dib é formado em Artes Plásticas pela Faculdade Santa Marcelina (1995). O artista constrói sua obra a partir de um repertório que atravessa a pintura, a colagem e as técnicas manuais associadas ao têxtil. Seu trabalho evoca, de modo literal e metafórico, a noção biológica de tecido: suas obras remetem a entranhas, órgãos e sistemas orgânicos, revelando uma anatomia sensível. Ao longo de sua trajetória, Renato Dib apresentou seu trabalho em espaços como a Galeria Mola (Portugal), Phosphorus (São Paulo), o Museu A Casa (SP) e a Rijswijk Textile Biennial (Holanda), entre outros.

Obra em contínua reinvenção.

17/abr

Uma trajetória artística marcada por transformações, em que se misturam ironia, política, crítica de arte e memória, é tema de uma exposição no Itaú Cultural (IC), em São Paulo. A mostra Carlos Zilio: uma retrospectiva de 60 anos de criação – A querela do Brasil oferece uma visão panorâmica do artista visual e professor Carlos Zilio. A exposição segue até 06 de julho.

Com curadoria de Paulo Miyada, são apresentadas cerca de cem obras, entre pinturas, objetos e instalações, criadas entre 1966 e 2023, abrangendo todas as fases do trabalho do artista: sua militância contra a ditadura civil-militar de 1964, que o levaria à prisão; sua tese de doutorado, intitulada A querela do Brasil – a questão da identidade da arte brasileira, feita no exílio; seu retorno ao Brasil, quando passa a se dedicar ao ensino; e sua experimentação com a forma e a geometria, a abstração e a subjetividade.

Como disse Pualo Miyada ao Itaú Cultural, é “uma trajetória de muitas vidas”. Carlos Zilio estudou pintura com Iberê Camargo, no começo da década de 1960, período em que integrou mostras importantes como Opinião 66 e Nova Objetividade Brasileira. Em 1975, após produzir obras com o objetivo de promover agitação política e conscientização social e ter se envolvido com a luta armada, é preso. No cárcere, com recursos limitados, cria desenhos. Pouco depois de ser solto, exila-se. De volta ao Brasil, também se dedica ao ensino.

Diálogos e confrontos entre dois artistas.

16/abr

A Pinakotheke São Paulo exibe a exposição “Encontro/Confronto – Hélio Oiticica e Waldemar Cordeiro”, que acontece até o dia 10 de maio. A mostra reúne obras de dois dos mais importantes artistas brasileiros do século XX, que participaram ativamente dos movimentos Neoconcreto e Concreto, defendendo caminhos distintos para a arte nos anos 1950 e 1960.

A pesquisa e os interesses que moveram Hélio Oiticica (1937-1980) e Waldemar Cordeiro (1925-1973) apresentam um paralelismo que, ao longo do tempo, ficou diluído. No Rio de Janeiro, Hélio Oiticica foi um dos principais articuladores do Neoconcretismo, enquanto Waldemar Cordeiro, em São Paulo, se tornou o grande porta-voz dos concretistas. Os embates intelectuais entre os dois grupos marcaram a História da Arte Brasileira.

Na grande sala da Pinakotheke São Paulo, 18 obras de Hélio Oiticica e 19 de Waldemar Cordeiro – provenientes de coleções públicas e privadas – apresentadas frente a frente, proporcionam um encontro que busca revisitar, já com o distanciamento do tempo, os diálogos e confrontos entre os dois artistas. Idealizada por Max Perlingeiro, a curadoria da exposição é compartilhada com o artista Luciano Figueiredo, um dos maiores especialistas na obra de Hélio Oiticica, e Paulo Venancio Filho, pesquisador dos dois movimentos. Além de promover essa reflexão histórica, a mostra celebra o centenário de nascimento de Waldemar Cordeiro.

A valorização de narrativas plurais.

15/abr

O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, inaugurou três novas exposições que reforçam seu compromisso com a valorização de narrativas plurais e a articulação entre arte, memória, cultura e presença afro-diaspóricas. As mostras – que ocupam diferentes espaços do museu – dão continuidade ao trabalho de reestruturação curatorial iniciado sob a gestão de Hélio Menezes, atual diretor da instituição, e se inscrevem em um projeto museológico voltado à escuta, à experimentação e ao tensionamento de fronteiras.

Entre os destaques está a exposição “Proteção”, da artista visual e fotógrafa Rafaela Kennedy. A partir de uma série de retratos íntimos e simbólicos, o projeto apresenta um olhar sensível e potente sobre as relações de cuidado, afeto e acolhimento dentro da comunidade trans e da espiritualidade afro-brasileira. Através da fotografia, a série ressignifica a presença de corpos travestis em espaços de benção e proteção, destacando as diferentes formas pelas quais mães – biológicas, de criação ou espirituais – ancoram e legitimam a existência de suas filhas. A exposição, que acontece na Marquise do Museu Afro Brasil, um espaço aberto e acessível mesmo após o horário de funcionamento do museu, amplia esse diálogo ao levar a temática para um público diverso, fomentando o reconhecimento das múltiplas formas de maternidade e proteção dentro das comunidades afro-indígenas e LGBTQIA+. A série reforça a potência das relações que sustentam a existência trans no Brasil, promovendo um espaço de reflexão e visibilidade.

A exibição de “Acervo em Perspectiva: M’barek Bouhchichi, Nen Cardim, Washington Silvera”, é uma proposta que busca estabelecer conexões entre obras e artistas do acervo do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo. O programa expositivo propõe novos arranjos a partir das peças já presentes na coleção, incorporando também aquisições e doações recentes. Nesta edição, entram em diálogo os trabalhos de Washington Silvera, Nen e M’barek Bouhchichi – dois artistas brasileiros e um marroquino -, que exploram materiais como madeira, vidro e terra, estabelecendo conexões entre matéria, território e experiência. Embora utilizem elementos semelhantes, cada artista imprime sua própria linguagem, atravessando as fronteiras entre escultura e instalação. “Os três artistas em diálogo nesta primeira edição do Acervo em Perspectiva deixam transparecer ao público a riqueza de nosso acervo, colocando em diálogo instalações substancialmente diferentes, que partem de materiais semelhantes, ressaltando as múltiplas formas de se interpretar, narrar e exibir as artes africanas e afro-brasileiras”, conforme destaca Hélio Menezes.

E, ainda houve a inauguração da Sala de Projeção, novo espaço do museu voltado à exibição de videoinstalações, filmes e obras em movimento. Para abrir a programação, entra em exibição “Thinya”, da diretora Lia Letícia, que propõe um instigante jogo de narrativas e deslocamentos: a partir de álbuns de família encontrados num mercado de pulgas em Berlim, imagens de uma mulher chamada Inge passam a ilustrar relatos de viajantes europeus no Brasil entre os séculos XVI e XVIII – todos narrados em yathee, a língua do povo Fulni-ô. O resultado é uma obra que desmonta os regimes coloniais de representação, construindo novas camadas de leitura para o passado.

As três estreias se somam aos esforços do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, em promover exposições que desafiem os limites formais e ativem múltiplas vozes no campo da arte contemporânea e da cultura afro-brasileira.

 

Dialogando com o Barroco.

O Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC_BAHIA), unidade do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), vinculado à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult), recebe até o dia 13 de julho, a exposição “Sonia Gomes – Barroco, mesmo”, primeira mostra institucional da artista em solo baiano. Realizada pelo Instituto Tomie Ohtake, em parceria com o Ipac e patrocínio do Bradesco e Grupo CCR, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Rouanet) do Ministério da Cultura, a exposição propõe um diálogo entre a poética contemporânea da artista mineira e o legado do barroco brasileiro.

A mostra reúne cerca de 60 obras de diferentes fases da trajetória de Sonia Gomes, além de fotografias inéditas da artista em seu ateliê, registradas pela fotógrafa baiana Lita Cerqueira. A exposição ocorre em duas etapas, em Salvador e Ouro Preto (MG) que, posteriormente, convergem em uma única mostra no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, de novembro de 2025 a março de 2026.

Em Salvador, o público poderá desfrutar de uma programação diversificada, com encontros, oficinas e vivências realizadas no museu. A abertura aconteceu com a oficina educativa Palavra-semente, voltada para famílias e conduzida por Mariana Per, gerente de Educação do Instituto Tomie Ohtake. Foi realizada a mesa de debate Barroco ressignificado: memória e arte colonial em Salvador, com a participação da arquiteta Alejandra Muñoz, da historiadora Wlamyra Albuquerque e do urbanista Nivaldo Andrade, o público pode acompanhar uma roda de conversa com a artista Sonia Gomes, o curador Paulo Miyada, o diretor do MAC_Bahia, Daniel Rangel, e a artista Goya Lopes.

Para o Ipac, a chegada da mostra reforça a missão do Instituto de promover e valorizar expressões artísticas conectadas à memória, à identidade e à diversidade cultural brasileira. “Receber Sonia Gomes no MAC_Bahia é uma oportunidade de celebrar uma artista que transforma tecidos e memórias em obras que dialogam com a história, o território e as ancestralidades brasileiras – sobretudo negras e femininas”, como destacou Daniel Rangel, diretor do museu.

Livro e lançamento

A exposição é acompanhada pelo lançamento do livro Sonia Gomes – Assombrar o mundo com beleza, publicado pela editora Cobogó e organizado por Paulo Miyada. A publicação reúne imagens de obras recentes da artista, além de cadernos de anotações e cartas, revelando detalhes de seu processo criativo. O livro estará à venda no MAC_Bahia durante todo o período expositivo, com lançamento oficial previsto para o dia 25 de abril, em São Paulo.

Rio dos Pássaros Pintados e o Rio de Janeiro.

14/abr

 

Exposição coletiva no Instituto Cervantes, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, reúne artistas uruguaios e brasileiros, exaltando a cultura e as belezas naturais de cada um.

“Entre o Rio dos pássaros pintados e o Rio de Janeiro”, exibição coletiva que abre no dia 17 de abril, no Instituto Cervantes do Rio de Janeiro, vai além da exposição de obras de arte; é uma imersão num diálogo visual e emocional que liga o Uruguai e o Brasil. Artistas, cada um narrador em sua própria linguagem pictórica, convergem para explorar e celebrar os laços que constroem um rico elo entre essas duas nações. Esta exposição é um convite a uma viagem sensorial, onde cores vibrantes, formas evocativas e narrativas visuais se entrelaçam para criar uma ponte que ultrapassa fronteiras geográficas.

“Além das diferenças estilísticas, as obras partilham um fio condutor na exploração de temas comuns que ressoam profundamente em ambas as culturas. Estes temas, longe de serem isolados, realçam a rica interligação entre as tradições de ambos os países, estabelecendo pontes que transcendem fronteiras ao refletirem as particularidades de cada contexto. As obras não só celebram a diversidade, mas também promovem um diálogo enriquecedor entre os universos de cada cultura, convidando a uma reflexão partilhada sobre o humano, o cultural e o natural. Cria-se assim uma união simbólica que, longe de dissolver as diferenças, as integra numa narrativa comum, o que fortalece a riqueza deste intercâmbio”, diz Carolina Laxalt, coordenadora da exposição.

O título é uma ode poética à essência dos dois países que ressoa com a beleza natural e a liberdade: “Río de los Pájaros Pintados”, tradução de “Uruguai”, evoca a serenidade de suas paisagens e a melodia de sua fauna. Sua história é um símbolo da identidade uruguaia, uma testemunha silenciosa da vida e da cultura do país, fonte de inspiração para inúmeros artistas e poetas. O “Rio de Janeiro”, por outro lado, é um turbilhão de vitalidade, um caldeirão de culturas onde a arte floresce em cada esquina. Música, dança e pintura se entrelaçam numa sinfonia de criatividade, refletindo toda a sua alegria e diversidade. O rio, na sua forma mais abstrata, constitui uma ponte metafórica, unindo estas duas terras através da linguagem universal da arte.

Entre os artistas participantes estão os uruguaios Mercedes Davison, Graciela Montedónico, Miriam Pereyra, Susana Gelbert, Virginia Armand Ugón, Carlos Barrera e Mauricio Borgarelli, e os brasileiros Norielem Martins, David Pedrosa e Paulo de Lira. Empregando ampla gama de técnicas, desde a pintura a óleo e acrílica a técnicas mistas experimentais, demonstram a versatilidade e expressividade da pintura. Eles apresentam uma rica paleta estilística, incluindo paisagens que capturam a essência da natureza, obras surrealistas que desafiam a realidade, abstrações que convidam à introspecção e composições panistas que brincam com forma e cor. Suas obras exploram temas universais, como a beleza da paisagem, a força da figura feminina, a riqueza das tradições (candombe, tango, murga) e do quotidiano do campo e da cidade, o mar, bem como temas que mergulham na identidade e na memória.

Até 27 de abril.

Humanismo e naturalidade na fotografia.

O fotógrafo paraense Luiz Braga celebra 50 anos de carreira com a exposição “Arquipélago imaginário” no IMS Paulista. Com curadoria de Bitu Cassundé e assistência de Maria Luiza Meneses, a mostra reúne 258 fotografias sendo que 190 são inéditas para o público. No dia da abertura, Luiz Braga e a equipe de curadoria participaram de uma conversa com o público sobre a exposição. O evento é gratuito.

Luiz Braga (1956) nasceu, vive e trabalha em Belém do Pará. Começou a carreira em 1975, fotografando em preto e branco, e na década de 1980 descobriu as cores vibrantes da visualidade ribeirinha. Desde então retrata o cotidiano desse universo, sempre evitando os estereótipos. Com humanismo e naturalidade, suas fotografias mostram uma relação próxima com as pessoas e os ambientes retratados, utilizando técnicas em preto e branco, infravermelho e cores. Atualmente desenvolve um ensaio de longa duração na Ilha de Marajó, no Pará.

Celebrando uma trajetória no MAR.

O Museu de Arte do Rio (MAR), Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Dança Barbot!”, que celebra através de fotografias ilustrativas e vídeos, a trajetória do bailarino e coreógrafo Rubens Barbot (1949-2022).

A abertura acontece na terça-feira, dia 15 de abril, às 17 horas na galeria localizada no térreo do Pavilhão de Exposições do MAR. Às 18 horas haverá um coquetel para convidados.

A exposição “Dança Barbot!” apresenta a trajetória e as contribuições do bailarino e coreógrafo Rubens Barbot (1949-2022) para a dança contemporânea no Brasil. A exposição realizada em parceria com o Terreiro Contemporâneo é uma homenagem ao legado do renomado artista.

A curadoria é assinada por Marcelo Campos e Amanda Bonan, com os curadores assistentes Amanda Rezende, Thayná Trindade e Jean Carlos Azuos, além dos curadores convidados Gatto Larsen e Ricardo Brandão. Gatto Larsen foi parceiro de vida de Runens Barbot.

Nascido em Rio Grande (RS), Barbot iniciou seus estudos em dança com João Luiz Rolla, em Porto Alegre, em 1967. Com formação complementar na Escola de Ballet Contemporâneo de Buenos Aires, fundou no Rio de Janeiro, em 1990, a Cia. Rubens Barbot Teatro de Dança, a primeira companhia negra de dança contemporânea do país, voltada à valorização da cultura afro-brasileira.

A exposição apresenta fotografias, vídeos, figurinos e elementos cênicos que retratam os caminhos artísticos de Rubens Barbot. Entre os destaques estão registros de espetáculos, filmes e depoimentos de artistas que atuaram ao seu lado, além de imagens assinadas por fotógrafos como Renan Cepeda, Léo Aversa e Wilton Montenegro, que acompanharam sua trajetória.

“Dança Barbot!” ficará em cartaz no Museu de Arte do Rio de 15 de abril até 31 de agosto.