Zilio no MAM-Rio

05/dez

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro inaugura no próximo dia 03 de dezembro de 2016 a exposição “Atensão”, remontagem da histórica mostra realizada em 1976 com oito obras de Carlos Zilio (Rio de Janeiro, 1944), um dos mais importantes artistas da cena contemporânea brasileira. Com coordenação geral de Vanda Klabin e coordenação de montagem Jaime Vilaseca, a exposição irá ocupar exatamente o mesmo local da montagem original, no terceiro andar do Museu. À época, “Atensão”, a primeira individual de Carlos Zilio em uma instituição, integrou o programa Área Experimental do MAM, que existiu entre 1975 e 1978, e realizou um total de 38 exposições. Artista com reconhecimento no circuito nacional e internacional, Carlos Zilio teve sua pintura “Cerco e Morte” (1974) adquirida há dois anos pelo MoMA de Nova York. A obra integrou a exposição realizada pelo museu norte-americano “Transmissions: Art in Eastern Europe and Latin America, 1960-1980”, de setembro de 2015 a janeiro de 2016.

 

A instalação “Atensão” é formada por materiais de construção, como madeira, tijolos e pedras, articulados em equilíbrio precário e com o som incessante de um metrônomo, e remete o espectador a uma relação com a tensão. “Deste modo, o aspecto austero e geométrico do conjunto, gera uma situação na qual a questão estética está diretamente vinculada a experiência e a vida”, observa Vanda Klabin. Carlos Zilio afirma que remontar a exposição “possibilita recriar uma fase da minha produção e, simultaneamente, situar a inserção e pertinência deste trabalho hoje”.

 

O conjunto de oito obras, pertencente à Coleção MAM Rio de Janeiro, está sendo reconstituído para a exposição por Jaime Vilaseca, que participou da montagem original e de outras três que incluíram esses trabalhos: “Arte e política”, no Museu de Arte Moderna do Rio, que depois itinerou para o MAM São Paulo e MAM Bahia, em 1996 e 1997, com curadoria de Vanda Klabin. Na ocasião, Vilaseca também coordenou o restauro desses trabalhos. Vanda Klabin chama atenção para o fato de que a mostra individual de Carlos Zilio “tem caráter retrospecto, exibida agora após 40 anos, e foca uma produção estética investida de um alto teor político, uma arte engajada e com intensos posicionamentos críticos”.

 

O texto escrito pelo artista para o folder da mostra em 1976 estará na parede da entrada do espaço. Nele, Carlos Zilio destaca que “a leitura da exposição deve partir do princípio de que o seu objetivo está presente nos mínimos detalhes. As partes existem em função do todo; isoladamente, ficam sem sentido”. “A matéria é importante. Tábuas, tijolos, cabos de aço, pedras. Materiais de construção, prestes a desabar. (…) A direção do projeto é dar margem à formação de uma ampla articulação de conceitos que envolve o campo psicológico e o social; os significados objetivos e subjetivos interligados: um som (o seu ritmo), a pedra por um fio (a quase ruptura)”, destacou à época o artista. No final, ele avisa que “a linguagem está imersa na minha fantasmática, mas é preciso situar o projeto historicamente. O meu e o nosso tempo. O meu e o nosso universo. Tempo de tensões, pressões e (des)equilíbrios”.
 

 

Contexto Político-Cultural da época

 
No próximo dia 08 de dezembro, às 16h, haverá uma conversa aberta ao público sobre o contexto político da época, com o artista, os curadores do MAM, Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, e ainda o crítico Ronaldo Brito, que em 1976 integrou a Comissão Cultural do Museu, responsável pela Área Experimental.

 

 
Área experimental do MAM

 
Para Vanda Klabin, “a Área Experimental do MAM representou um espaço de afirmação para a arte contemporânea brasileira”. “Em um momento do país marcado pelo obscurantismo político e social, a Área Experimental teve um valor simbólico particular por ter sido um espaço independente”, afirma. O programa realizado pelo MAM entre 1975 e 1978 foi objeto de pesquisa de Fernanda Lopes, que resultou na publicação “Área Experimental – Lugar, espaço e dimensão do experimental na arte brasileira dos anos 1970” (Bolsa Funarte de Produção em Artes Visuais 2012, em parceria com a editora Figo). Com 208 páginas, o livro faz uma análise histórica, crítica e inédita sobre a criação e funcionamento da Área Experimental, e teve como base documentos do Centro de Documentação e Pesquisa do MAM Rio e de acervos particulares, além de mais de 20 entrevistas feitas com artistas que expuseram dentro da Área Experimental do MAM, além de críticos de arte que acompanharam aquele programa de exposições.

Os artistas que expuseram na Área Experimental do MAM foram: Emil Forman, Sérgio de Campos Mello, Margareth Maciel, Bia Wouk, Ivens Machado, Cildo Meireles, Gastão de Magalhães, Anna Bella Geiger, Tunga, Paulo Herkenhoff, Umberto Costa Barros, Rogério Luz, Wilson Alves, Letícia Parente, Carlos Zilio, Mauro Kleiman (duas mostras), Lygia Pape, Yolanda Freire (duas mostras), Fernando Cocchiarale, Regina Vater, Waltercio Caldas, Sonia Andrade (duas mostras), Amélia Toledo, João Ricardo Moderno, Ricardo de Souza, Luiz Alphonsus, Reinaldo Cotia Braga, Jayme Bastian Pinto Junior, Dinah Guimaraens, Reinaldo Leitão, Lauro Cavalcanti, Dimitri Ribeiro, Orlando Mollica, e Essila Burello Paraíso, além de Beatriz e Paulo Emílio Lemos, Murilo Antunes e Biiça, Luis Alberto Sartori, Jorge Helt e Maurício Andrés, que apresentaram a mostra coletiva “Audiovisuais mineiros”.
 

 

Sobre o artista

 
Carlos Zilio (Rio de Janeiro, 1944) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou pintura com Iberê Camargo. Participou de algumas das principais exposições brasileiras da década de 1960 – “Opinião 66” e “Nova Objetividade Brasileira”, por exemplo, ambas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro –, e de mostras com repercussão internacional, como as edições de 1967, 1989 e 2010 da Bienal de São Paulo (9ª, 20ª e a 29ª), a 10ª Bienal de Paris (1977), a Bienal do Mercosul e a exposição “Tropicália”, apresentada em Chicago, Londres, Nova York e Rio de Janeiro, em 2005. Na década de 1970 morou na França. Desde seu retorno ao Brasil, em 1980, participou de diversas mostras coletivas e individuais, entre as quais “Arte e Política 1966-1976”, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia (1996 e 1997), “Carlos Zilio”, no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2000), que abrangeu sua produção dos anos 1990, e “Pinturas sobre papel”, no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2005) e na Estação Pinacoteca (São Paulo, 2006). As mais recentes exposições coletivas que integrou foram: “Brazil Imagine”, no Astrup Fearnley Museet, Oslo, MAC Lyon, na França, Qatar Museum, em Doha, e DHC/Art, Montreal, no Canadá, em 2014; e “Possibilities of the object – Experiments in modern and Contemporary Brazilian art”, na The Fruit Market Gallery, em Edinburgh. Dentre suas mais recentes exposições individuais estão as realizadas no Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba, 2010), no Centro Universitário Maria Antonia (São Paulo, 2010), e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2011). Carlos Zilio foi professor na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 2008, a editora Cosac Naify publicou o livro “Carlos Zilio”, organizado por Paulo Venâncio Filho, sobre a sua produção. Possui trabalhos em acervos de prestigiosas instituições como MAC/USP, MAC/Paraná, MAC Niterói, MAM Rio de Janeiro, MAM São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo e MoMA de Nova York..

 

 

De 03 de dezembro a 05 de março de 2017.

Volpi

A mostra “Volpi – pequenos formatos”, do MAM SP ganhou o prêmio de melhor exposição nacional pela APCA, Associação Paulista de Críticos de Artes, que elege as melhores produções do ano. Com curadoria deAracy Amaral e assistência de Paulo Portella Filho, a mostra traz 74 desenhos e pinturas em menores dimensões que serviam de estudo antes de Alfredo Volpi pintar as grandes telas. 

 

O catálogo da mostra já está na segunda edição e a venda na Loja do MAM por R$ 38,00.

 

 

Até 18 de agosto.

Roberto Alban Galeria exibe esculturas

01/dez

A simplicidade das formas e o intuitivo processo de produção baseado no reaproveitamento da madeira são marcas fortes do trabalho de Josilton Tonm mas também a essência de sua exposição individual próximo cartaz da Roberto Alban Galeria, Ondina, Salvador, BA. A mostra recebeu o título de “A Gangorra Rasteira e o Caracol de Clarysse”, reúne cerca de 30 peças e instiga o público a pensar sobre a beleza e a leveza escondidas atrás de formas e texturas que incorporam o espaço.

 

O conceito é tudo. E são conceitos diversos e sobrepostos, às vezes ambíguos, que se desprendem de cada peça produzida por Josilton Tonm, cujo trabalho foi iniciado em meio ao vigor criativo que marcou a produção dos artistas baianos na década de 1970, e que apresenta características próprias, baseadas na inventividade e no perfeccionismo no trato da madeira e de outros materiais que acabam também incorporados a sua obra escultórica.

 

“Ele é, sobretudo, um criador de conceitos, de experiências visuais e sensoriais dos mais complexos tipos e com uso dos mais inesperados materiais. Visitar a obra deste artista é deparar-se com uma capacidade infindável de criar, recriar e transcender. A vastidão de seu trabalho deve pouco às suas mais de três décadas de criação e muito às peculiaridades qualitativas daquilo que cria e como cria”, escreve o artista Eduardo Boaventura.

 

As obras de Josilton Tonm, selecionadas para essa exposição, marcam a sua produção de esculturas em madeira ou, como ele prefere dizer, “relevos para parede onde proliferam formas geométricas”. Destaque para os dois conjuntos que intitulam a mostra. “A Gangorra Rasteira”, é literalmente uma gangorra que pende do teto, trazendo um conceito de balanço e tridimensionalidade, com sua função lúdica e “com a interação com o público, que poderá contorná-la”. O segundo conjunto, denominado “Caracol de Clarysse”, agrega sete obras que trazem outra modo de narrativa criada pelo artista.

 

Em toda a sua trajetória, Josilton Tonm procura não limitar a compreensão de sua obra a um determinado conceito ou escola. “Estou sempre experimentando; é essa a essência do meu trabalho”, diz o artista, que iniciou a produção em sua cidade natal, Alagoinhas, já trabalhando madeiras de diversas qualidades, tons, texturas e estados de conservação. Nos anos 1980, passou a incorporar outros materiais (como a pedra), mas sem nunca descuidar de um acabamento primoroso, realizando obras de extremo refinamento e beleza.

 
A obra de Josilton Tonm emerge num universo que é o seu próprio encantamento com os materiais da natureza. Cortar, furar, polir são os seus “verbos” de trabalho, sempre atendendo às demandas que o acaso lhe disponibiliza. Assim é que uma velha porta abandonada pode dar origem a uma escultura tridimensional. Treliças de madeira, brinquedos quebrados, caixotes achados na rua têm o mesmo destino. “Outro dia jogaram fora dois elefantes de madeira. Peguei na hora e construí esse trabalho”, diz, entre divertido e orgulhoso, apontando para uma escultura em seu atelier.

 

 

Sobre o artista

 

Autodidata, Josilton Tonm já participou de inúmeras exposições coletivas e de três edições da Bienal do Recôncavo, promovida pelo Centro Cultural Dannemann, em São Felix, BA. Na última, em 2012, sua obra recebeu o Prêmio Aquisição, passando a integrar o acervo da instituição. Participou ainda da Exposição Proposta MAM, Salvador/1980; do Encontro de Artistas Plásticos do Nordeste, Salvador/1981; do IX Salão Nacional de Artes Plásticas, Recife/1986. Realizou diversas mostras individuais em Salvador e outras cidades.

 

 
De 06 de dezembro a 07 de janeiro de 2017.

A Sereia e o Sapo

29/nov

“A Sereia e o Sapo”, é primeira exposição individual de Amanda Seiler. Em exibição, duas obras projetadas sobre um véu suspenso por cabos, na parede central da Galeria Cela, Centro Cultural Justiça Federal, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A curadoria é de Marco Antonio Teobaldo. As obras se alternam em um pulsar de imagens: o ambiente aquático de uma sereia aprisionada (Mermaid – 2015), e o brejo soturno, cenário do namoro de um casal de sapos (Blue and his vie en rose – 2008/2015). O ritmo das projeções ganha força com a instalação sonora criada por Flávio Lazarino, exclusivamente para esta mostra.

 

 

A palavra do curador
Amanda Seiler desenvolve um fascinante trabalho de fotomontagens digitais desde 2005, quando começou a experimentar sobreposições de imagens na tela do computador. A partir de suas fotografias e de imagens capturadas na Internet, a artista visual pesquisa composições que exigem apurado conhecimento espacial, até conseguir produzir um repertório que parece ter saído dos livros de fábulas. Contudo, seus enredos não são infantis, mas românticos, e por certas vezes, até melancólicos, quando suas cores saturadas remetem a um sentimento de desencanto, com reconhecida influência da estética kitsh.
No espaço quase tomado por completo pelas projeções, duas outras obras (Golden ball – 2008/2016 e Burst your bubble – 2009/2016) são apresentadas em impressão digital sobre tela, com intervenções em colagem, bordados e pintura, contrapondo-se às dimensões e ao suporte das outras duas. Apesar das mídias distintas, o conjunto possui uma coerência temática, que coloca o seu observador numa posição de voyeur destas cenas, cujo universo fantástico se completa com a arquitetura da própria galeria.
O método hightech de criação deste acervo onírico se rende à delicadeza da artista para narrar suas histórias, como prova de que existe espaço para a leveza no mundo contemporâneo.

 

Arte Monumental

24/nov

Uma megaexposição de arte contemporânea a céu aberto marcou a reabertura de espaço público carioca aos visitantes, Trata-se de um dos mais belos cartões postais do Rio de Janeiro, a Marina da Glória, Rio de Janeiro, RJ, que será transformado, durante um mês, em um grande museu aberto com obras tridimensionais modernas e contemporâneas. Funcionará como uma espécie de presente de fim de ano, a “Marina Monumental – Arte na Marina da Glória” marcando o retorno do conhecido espaço público após o período de realização dos Jogos Olímpicos. A exposição reúne trabalhos em grandes dimensões de dezenove artistas ligados profissionalmente a algumas das principais galerias nacionais.

 
“No Marina Monumental”, o visitante poderá apreciar grandes obras em um espaço amplo e público, mas com a adicional de serem ‘emolduradas’ por uma das paisagens naturais mais incríveis do mundo. Os trabalhos terão como pano de fundo a Baía de Guanabara, o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor, além dos Jardins do Parque do Flamengo, com sua natureza única e vigorosa”, descreve o francês Marc Pottier, curador da mostra, que vive e trabalha entre o Rio e Paris.

 
Outra atração é a variedade de expressões artísticas da mostra, que contará com instalações, esculturas, grafites, experiências interativas, performances e obras de som – todas estabelecendo uma suave interação com a arquitetura e o local. A exposição terá obras de Antonio Bokel, Almandrade, Amilcar de Castro, André Azevedo, Artur Lescher, Caligaprixo, Dirceu Maués, Frida Baranek, Flávio Cerqueira, Franz Weissmann, Galeno, Giovani Caramello, Henrique Oliveira, Ivani Pedrosa, Luiz Philippe Carneiro de Mendonça, Manfredo de Souzanetto, Paulo Vivacqua, Ursula Tautz e Zemog.

 
“É importante observar que, apesar de contar com ambientes propícios e praticamente prontos para atividades ao ar livre com a magnitude da Marina Monumental, a Cidade do Rio aproveita muito pouco essa vocação. É esse espaço que a Marina vai preencher ao incorporar a exposição à sua agenda regular de eventos”, afirma Katia Avillez, produtora executiva da megaexposição.

 

 

Até 18 de dezembro.

Dream Box edição final 

A Dream Box creative lab, localizada no Brooklyn, NY, apresenta quarta e última edição da exposição pop up de fotografia “Subject Matters” com curadoria de Juliana Leandra e direção de arte de Paulo Sabatini.

 

A mostra “Subject Matters IV” é a edição final de uma série que teve início em novembro de 2015, completando o ciclo de quatro shows pop-up apresentando fotógrafos de diferentes nacionalidades e trajetórias, cujas obras transmitem perspectivas, estilos, técnicas, estéticas e temas diferentes. Nesta edição apresenta os trabalhos de seis fotógrafos: Belinda Tellez, Bruno Feder, Charlie Kitchen, Demian Jacob, Fran Parente e José Cabaço.

 

A exposição pop-up abre no Double 6 Studio, em Greenpoint no final de semana de 19 – 20 de novembro, com coquetel de abertura no sábado, 19 de novembro, das 17h às 21h.

 

Os seis componentes de “Subject Matters IV” trabalham em diferentes áreas da fotografia; portanto, eles mantêm um certo estranhamento como grupo. Entre os vários temas abordados nas séries apresentadas para a exposição, há um elemento comum a todos: o tema é importante – “Subject Matters”.

 

Pediu-se a cada participante que respondesse de forma oral e visual a pergunta “Por que os temas são importantes?” o que resultou em uma série de imagens e um pequeno texto explicando a importância que cada artista dá ao tema escolhido. A partir disso, foi elaborado um zine que documenta as fotografias e respostas dos artistas e será distribuído durante o período da mostra. Após o encerramento da exposição, também estará disponível para compra no site da Dream Box.

 

 

Sábado, 19 de novembro, das 17:00 às 21:00

 

Período: 19 e 20 de novembro.

Jorge Salomão no Oi Futuro

22/nov

A exposição “Jorge Salomão – No meio de tudo isso”, tem curadoria de Alberto Saraiva. Jorge Salomão é um dos convidados do Projeto Poesia Visual 2 está em cartaz na Galeria 1 (primeiro andar) e Vitrine do Oi Futuro, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Poeta, letrista, diretor de teatro, irmão de Waly, Jorge Salomão nasceu na Bahia e mora no Rio de Janeiro desde 1969, onde sempre marcou presença na cena cultural. É autor de canções gravadas por nomes como Marina Lima, Adriana Calcanhotto, Cássia Eller, Barão Vermelho, Zizi Possi e Zé Ricardo, entre outros. Figura cultuadíssima no Rio de Janeiro, completou 70 anos em o3 de novembro e está lançando novo livro de poesias, “Alguns poemas e + alguns”.

 

 

Até 08 de janeiro de 2017.

Exposição de Rosângela Rennó

17/nov

Fumaças, incensos, cores, cheiros, lembranças, mistérios, segredos…Em vídeos, fotos, frascos, sensações e reminiscências de viagem, artista reconstrói conceitos como memória e temporalidade.

 

Não há espera ou espaço para ansiedade na exposição “O ESPÍRITO DE TUDO”, de Rosângela Rennó, que o Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a partir de 21 de novembro, com curadoria de Evangelina Seiler. Há, sim, uma atmosfera mágica que guarda muitas surpresas e convida o espectador a examinar objetos e ideias sob ângulos particulares, próprios. Olhares que a artista apenas sugere ou desperta, por meio de obras plasmadas em questões cotidianas da existência, no espaço vasto da memória ou na reverência pelo universo do outro, que cada indivíduo recebe, percebe ou processa de maneira única.

 

Seis obras se apropriam do Oi Futuro: desde as lanternas mágicas que abriram caminho à fotografia e flertavam com o ilusionismo de luz e sombra até a transformação radical de imagens em vídeo, pela manipulação de cor e não-cor – passando pela memória olfativa que evoca, em cada um, registros internos de variadas naturezas – a artista envolve o público em uma jornada poética, por novas formas de olhar, interpretar e reagir a variadas experiências.

 

“Rosângela Rennó ocupa o Oi Futuro com imagens, sons e aromas que dialogam com a arquitetura do centro cultural e prometem despertar novas sensações no público. Com essa exposição, o Oi Futuro reafirma sua vocação de catalisador criativo, valorizando a produção de vanguarda e inspirando a convergência entre arte contemporânea e tecnologia”, diz Roberto Guimarães, gestor de Cultura do Oi Futuro. A mostra tem o patrocínio do Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro.

 

 

Sensações

 

“Per fumum” mergulha nas essências, incensos e odores com os quais o homem se relaciona desde a Antiguidade até hoje – cada um com seu uso indicado e suas sensações embutidas. O que este ou aquele aroma, esta ou aquela resina provoca, ao primeiro contato?

 

Enquanto o olfato desperta e decifra esses significados, “Lanterna Mágica” remete ao tempo da pré-imagem, entre fotografias trabalhadas à base de sais de prata e gelatina e projeções feitas com as tradicionais lanternas mágicas – projetores antigos, do final do século 19 e início do século 20. “Per fumum” e “Lanterna Mágica” refinam os sentidos rumo a outras possibilidades.

 

Uma delas se insinua na próxima obra, As horas viajantes. Uma imponente vitrine de vidro existente no espaço, revestida de película leitosa, exibe surpresas em recortes certeiros: distintos frascos de perfume surgem aqui e ali, vazios ou com restos de seu conteúdo, enquanto seus nomes desfilam em letreiros luminosos. O sentir despertado pelas “imagens das essências” conduz à memória dos perfumes e de tudo que vem com ela. E mais uma vez o espectador é tocado pela viagem, magnetizado pelo ato de lembrar-se.

 

 

Percursos

 

Mas o ato de viajar logo se torna mais denso, ainda que menos material, na obra “Turista Transcendental”. São textos e vídeos da artista que documentam, de forma bastante peculiar, suas viagens a pontos tão distintos quanto as ilhas Reunião (no Oceano Índico, a leste de Madagascar) e Gomera (no arquipélago das Canárias), Teotihuacán (México), a cabeça da Estátua da Liberdade (Nova Iorque), o Salar do Uyuni (a maior planície de sal do mundo, na Bolívia), o estreito de Bósforo (em Istambul), a cidade mística de Allahabad (Índia), Lagos (Nigéria), Montevidéu (Uruguai) e a Chapada dos Veadeiros, no planalto central brasileiro. As imagens, manipuladas durante a edição, fazem com que essas viagens se distanciem das paisagens e se concentrem no olhar, na sensação e no ato de relacionar-se com cada cultura e cada lugar em especial.

 

O ciclo se fecha com duas obras que mantêm forte diálogo. Uma delas é Realismo Fantástico, com seus espectros de luz em constante movimento; em “Círculo Mágico”, objetos da coleção da Fundação Eva Klabin ganham voz (e luz) própria para contar suas histórias ao público, entre toques de humor, nostalgia, amargura ou mesmo resignação diante do que há de trágico no tempo suspenso da história. O vídeo “Círculo Mágico” foi resultado de um projeto de intervenção realizado em 2014 na FEK, dentro do programa “Ciclo Respiração”, do curador Márcio Doctors.

 

 

Visões

 

A artista aplica muitas camadas de sutileza à poética que constrói e, pouco a pouco, envolve o expectador num processo em que se diluem, lenta e intensamente, muitas fronteiras. Segundo a curadora Evangelina Seiler,“…ao aguçar seus sentidos através das obras expostas, o visitante se aprofundará no trabalho desta grande artista, a partir do que vê e sente e também a partir, de textos, escritos por vários autores e por ela mesma, que apontam para suas referências filosóficas e técnicas.” Rosângela Rennó diz que as obras que compõem o “Espírito de Tudo” mostram que há muitos outros mistérios entre o céu e a terra, além daqueles que os filósofos, poetas e artistas já detectaram.

Na Biblioteca Nacional

O artista plástico Marcos Duprat inaugura a exposição “Limites” no Espaço Cultural Eliseu Visconti, na Biblioteca Nacional, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A mostra reúne 60 obras sobre papel e tela que abordam as transformações do artista em sua linguagem pictórica da figuração – ou da imagem que descreve a realidade visível – para a criação de espaços e paisagens oníricas e cromáticas. Após um período de oito anos, de sua última exposição no Rio de Janeiro, e uma permanência de três anos no Nepal, Duprat reencontra o público carioca nessa mostra que ilustra etapas de seu amadurecimento e transformação de sua linguagem plástica ao longo de 40 anos de trabalho.

 

Dentre as obras expostas, algumas são datadas de décadas anteriores como citações dos desdobramentos a partir da virada do século. As obras recentes apresentam radical renovação. A técnica de Duprat é a velatura, em que a cor resulta da superposição de pigmentos em camadas. Nas telas o meio empregado é o óleo, enquanto no papel usa óleo, pastel oleoso, aquarela e lápis.

 

A mostra, que foi exibida anteriormente no MUBE, Museu Brasileiro da Escultura, em São Paulo, vem acompanhada do livro “Limites/Boundaries”, editado em 2015, e de novo catálogo editado pela Biblioteca Nacional. No texto de apresentação do livro, Vera Pedrosa assinala a transformação na obra de Marcos Duprat a partir dos seis anos de sua permanência no Japão, de 2000 a 2006, quando sua pintura sai do ateliê e se volta para a descrição da natureza com renovado vigor. Desde 2008, Duprat tem seu ateliê no Rio de Janeiro, e seu acervo pessoal conta com um número expressivo de pinturas, trabalhos sobre papel, desenhos, fotografias e esculturas.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

Nascido no Rio de Janeiro em 1944, Marcos Duprat manteve ao longo de sua vida diplomática a constância e o fluxo de sua obra. Com sua formação artística iniciada no MAM do Rio de Janeiro, prosseguiu com o mestrado em Belas Artes em Washington, D.C, onde fez sua primeira individual, em 1977. Realizou inúmeras mostras individuais no Brasil, dentre as quais MASP (1979 e 1988), MAC (1995), Pinacoteca do Estado de São Paulo (2006) e no MUBE, Museu Brasileiro da Escultura (2015), São Paulo.  No Rio de Janeiro cabe destacar Centro Cultural Correios (1995 e 2008), Instituto Cultural Villa Maurina (1996) e CCBB (1999). No exterior realizou também inúmeras exposições em museus, dentre os quais o Centro Culturale San Fedele, Milão (1990), Museu Nacional da Hungria (1993), Museo de Arte Contemporaneo de Montevidéu (1999), Teien Metropolitan Art Museum, Tóquio (2003), e a Sidhartha Art Foundation em Kathmandu (2013).

 

 

 

De 22 de novembro a 17 de fevereiro de 2017.

Liuba na Marcelo Guarnieri/Rio

16/nov

Um importante conjunto de esculturas em bronze de Liuba Wolf será reapresentado no Rio de Janeiro, pela primeira vez, na Galeria Marcelo Guarnieri, em Ipanema, 50 anos após sua primeira exibição.Em 1965, Liuba Wolf realizou uma importante exposição no MAM- Rio, como parte das comemorações do quarto centenário da cidade. Na mostra, a artista apresentou 23 esculturas em bronze, que representavam animais. Agora, 14 dessas obras estarão reunidas na presente exposição que será acompanhada de um texto da curadora, crítica e historiadora de arte Maria Alice Milliet, feito especialmente para esta mostra.

 

A exposição no MAM Rio foi de extrema importância. Realizada em um momento de grande visibilidade, em que era inaugurado o Parque do Flamengo. “A obra de Liuba teve no Rio a oportunidade de integrar, ainda que momentaneamente, um dos mais ousados projetos urbanísticos do pós-guerra. Ali, a artista pôde dar sua contribuição, ali se sentiu em casa”, escreveu Maria Alice Milliet. Naquele momento, a obra de Liuba também passava a ganhar mais reconhecimento internacional, com importantes mostras no Brasil e no exterior. Ao longo de sua trajetória, a artista participou de quatro Bienais Internacionais de São Paulo (1963, 1965, 1967 e 1973) e realizou uma grande exposição individual no Hakone Open Air Museum, no Japão, em 1985. Suas obras hoje estão em importantes coleções privadas no Brasil, Argentina, Canadá, Inglaterra, França, Alemanha, Japão, Suíça e Estados Unidos.

 

Outro fato importante é que o conjunto de esculturas apresentado na exposição do MAM Rio marcava uma mudança na obra da artista, que naquele momento deixava a figuração para explorar uma “quase abstração”, tendo a figura do animal como forte referência. “Para mim, eles são animais. Mas eu não posso explicar de onde eles vêm, deve ser do meu subconsciente. Suas formas, mesmo que reconhecíveis, são de fato uma simbiose entre vegetal e animal”, disse a artista a Sam Hunter para o livro “Liuba: At the Edge of Abstraction”. Na Galeria Marcelo Guarnieri, as obras serão apresentadas da mesma forma como foram expostas originalmente: dispostas em bases e muros baixos formados por blocos de cimento.

 

Entre 1950 e 1960, Liuba viveu entre o Brasil, onde mais tarde se naturalizou, e a capital francesa. Esse período foi muito importante para a afirmação de seu trabalho e também pelos contatos que manteve com os artistas Marino Marini, Poliakoff, entre outros. “Sua plástica, ancorada na tradição da escultura moderna na linha de Brancusi e Giacometti, se alimenta, simultaneamente, da simplificação formal introduzida pelo cubismo e da arte de culturas exóticas. Como se sabe, essas duas vertentes estiveram associadas às vanguardas artísticas que no início do século romperam com as convenções da academia. A produção escultórica de Liuba bebeu nessas fontes, chegando à maturidade durante o alto modernismo, período em que a estética moderna ganhou alcance internacional”, afirma Maria Alice Milliet.

 

 

Sobre a artista

 

Nascida em 1923 na Bulgária, Liuba ingressa em 1943 na Escola de Belas Artes de Genebra, Suíça. De 1944 a 1949 estuda com a escultora francesa Germaine Richier, a princípio na Suíça e em seguida em Paris, onde passa a viver e trabalhar em 1946. Em 1949, ainda vivendo em Paris, monta ateliê também em São Paulo. Casa-se com Ernesto Wolf em 1958 no Brasil, e passa a dividir seu tempo entre os ateliers de São Paulo e Paris. A partir de 1989 estabelece atelier também na Suíça. Falece em São Paulo em 2005. Das diversas exposições individuais e coletivas que realizou, destacam-se nas seguintes instituições: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1965; Museu Nacional de Arte Moderna de Paris, 1967; Museu de Saint Paul de Vence na França, 1968; Hakone Open Air Museum no Japão, 1985; Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1996. Participou anualmente do Salon de La Jeune Sculpture de Paris no período entre 1964 e 1979; do Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1962 e 1963; da Bienal Internacional de São Paulo nos anos 1963, 1965, 1967 e 1973; e de diversas edições do Panorama de Arte Atual Brasileira no Museu de Arte Moderna de São Paulo no período de 1970 a 1985. Suas obras integram importantes coleções públicas internacionais como a do Fond National d’Art Contemporain de Paris, do Museu de Saint Paul de Vence na França, do Kunsthelle de Nuremberg na Alemanha, do Hakone Open Air Museum no Japão e do Musée de La Sculpture en Plein Air de La Ville de Paris; e integram também importantes coleções públicas nacionais como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Coleção da Bienal de São Paulo e do Museu do Artista Brasileiro em Brasília, DF.

 

 

Sobre a Galeria

 

Marcelo Guarnieri iniciou as atividades como galerista nos anos 1980, em Ribeirão Preto, e se tornou uma importante referência para as artes visuais na cidade, exibindo artistas como Amilcar de Castro, Carmela Gross, Iberê Camargo, Lívio Abramo, Marcello Grassmann, Piza, Tomie Ohtake, Volpi e diversos outros. Atualmente com três espaços expositivos – São Paulo, Rio de Janeiro e Ribeirão Preto – a galeria permanece focada em um diálogo contínuo entre a arte moderna e contemporânea, exibindo e representando artistas de diferentes gerações e contextos – nacionais e internacionais, estabelecidos e emergentes – que trabalham com diversos meios e pesquisas.

 

 

De 19 de novembro até 21 de janeiro de 2017.