Bruno Borne na Mamute

27/nov

Finalizando o ciclo de mostras individuais de 2015 a Galeria Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, inaugura no dia 04 de dezembro a exposição “A E O”, do artista visual Bruno Borne. Sob a curadoria de Luísa Kiefer, a mostra apresenta três videoinstalações inéditas, concebidas especialmente para o espaço da galeria. Trabalhando com site-specific, o artista utiliza o próprio espaço expositivo como objeto central de suas proposições.

 

Em “A E O”, cada vogal deu origem a uma videoinstalação distinta que, por sua natureza, se encontram e se misturam no ambiente. Partindo das formas geométricas correspondentes às letras, o artista desenvolveu três projeções que reproduzem virtualmente o ambiente da sala em que estão instaladas.

 

A experiência do espectador é ainda instigada pelo som que emana de cada obra e toma o ambiente como um todo. Utilizando programas de computação 3D e misturando jogos de espelhos virtuais e reais, o conjunto de obras de Bruno Borne é um convite para adentrar um labirinto no qual a imagem e o espaço expositivos parecem se reproduzir infinitamente, sempre um dentro do outro, sem nos deixar muitas pistas do que é real e o que é virtual.

 

 

 

 

A palavra da curadora Luísa Kiefer

 

A E O, de Bruno Borne

 

Perder-se na contemplação de uma obra de arte é um exercício de escolha. Precisa ser um ato deliberado, uma decisão. Certo é que pressupõe disponibilidade. Para se entregar a este mundo que mistura real e virtual, é preciso estar livre da censura guardiã da lógica. Também não é fácil achar tempo para a contemplação em um mundo que mede o tempo em segundos ou em suas frações. A exposição A E O, de Bruno Borne, é, neste sentido, um convite: pare, olhe, desfrute sem medo de se perder.

 

Com sua obra site-specific, criada para e a partir do ambiente em que é instalada, Borne intima o público a mergulhar em três videoinstalações que retratam o próprio espaço expositivo da galeria, provocando um diálogo complexo e labiríntico entre espaço, obra e imagem. Ele utiliza programas de computação gráfica, que geram modelos 3D, para reconstruir virtualmente as salas da galeria. A partir dessa simulação é que começa o jogo e o convite para perder-se em sua obra. Espelhos reais e virtuais multiplicam o ambiente projetado, criando metaimagens que se reproduzem em looping, sem deixar muitas pistas do que é reflexo e o que é simulação.

 

Partindo das formas geométricas correspondentes às letras que dão nome à mostra, as três projeções, pensadas cada uma como uma obra independente, formam, ao mesmo tempo, um conjunto, misturando-se e complementando-se. Acompanhadas por um som ambiente que se diferencia ao nos aproximarmos de cada trabalho, A E O transforma o ambiente da galeria em obra, incorporando e transformando o entorno – e a própria presença do espectador – em imagem.

 

Diante do conjunto da exposição, cabe ao espectador decidir se aceita, ou não, o convite para perder-se na imagem e, assim, descobrir o seu poder de contemplação.

 

 

Sobre o artista

 

Bruno Borne nasceu em Porto Alegre, RS, 1979. É mestre em Poéticas Visuais pelo PPGAV/UFRGS e graduado em Artes Visuais e em Arquitetura e Urbanismo pela UFRGS. Realizou exposições individuais no MACRS e Galeria Lunara em Porto Alegre. Em 2014 foi prêmio adquisição no 43º Salão Paranaense. Em 2013 premiado no 2ª Prêmio IEAVI/RS, em 2011 recebeu o VI Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria Destaque em Mídias Tecnológicas. Tem obras nos acervos públicos do MACPR, MACRS e das prefeituras de Porto Alegre e Santo André.

 

 

Dobre a curadora

 

Luísa Kiefer nasceu em Porto Alegre, 1986. Doutoranda em história, teoria e crítica de arte pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes, UFRGS, é mestre pelo mesmo programa e jornalista pela PUCRS. Em sua tese de doutorado pesquisa a fotografia na arte contemporânea.

 

 

 

Até 05 de fevereiro de 2016.

Fernando Lindote no MAR

Por meio da trajetória de Fernando Lindote, a exposição “Fernando Lindote: trair Macunaíma e avacalhar o Papagaio”, com cerca de 180 obras explora o constante procedimento mórfico experimentado pelo artista. As distorções, deformações e transformações que compõem o processo da permanente metamorfose das linguagens estão presentes em toda a trajetória de Fernando Lindote. Com curadoria de Paulo Herkenhoff e cocuradoria de Clarissa Diniz e Leno Veras, a exposição, composta por quatro núcleos, traz desenhos, ilustrações, pinturas e esculturas do acervo e autoria de Lindote – incluindo obras criadas exclusivamente para a exposição no MAR – e também assinadas por outros artistas, como J. Carlos, Albert Eckhout, Victor Brecheret, Maria Martins, Glauco Rodrigues, Rivane Neueschwander além de obras, objetos, impressos e documentos.

 

O ponto de partida da mostra é o início da experiência de Lindote como aluno do cartunista Renato Canini – principal ilustrador brasileiro do Zé Carioca, o papagaio da Disney. A ave com as cores do Brasil – criada em 1942, quando os Estados Unidos buscavam ampliar o poder simbólico de políticas culturais e de diplomacia com a América do Sul – foi muito importante na carreira de Lindote e permeia até hoje sua obra, sendo constantemente revisitada e reinventada, assim como outros personagens estrangeiros com forte entrada na América Latina. As operações mórficas realizadas por Lindote no papagaio – e também por outros nomes – realizam um diálogo com o imaginário constituído desde a chegada do Europeu em nosso continente, o que originou alegorias da América, simbologias do Brasil e representações do Rio de Janeiro. A obra do artista que nomeia a exposição aponta a profunda relação da arte brasileira com a iconografia estrangeira que sempre debruçou seu olhar sobre a natureza tropical.

 

O primeiro núcleo apresenta o início da trajetória de Fernando Lindote nas artes focando na relação entre o artista e Renato Canini. Para contextualizar, a exposição também traz ilustrações de nomes como J. Carlos, Rivane Neueschwander, Glauco, Cláudio Tozzi, assim como exemplares de gibis do Zé Carioca, revista Cacique e O Pasquim. A segunda parte foca na biodiversidade presente nas representações da natureza dos trópicos, tendo o papagaio como um dos símbolos nacionais. O núcleo mostra as relações entre os imaginários dos nativos e dos colonizadores em relação à biodiversidade com obras de Lindote, Francisca Manuela Valadão, Albert Eckhout, Sérgio Allevato, Milton Guran, Ana Miguel e porcelanas Art Déco.

 

O terceiro módulo é composto por um grande número de obras produzidas por Lindote nos anos 1990 e 2015, principalmente, e que abordam a operação mórfica como procedimento plástico do artista, formador de um universo composto por escorrimentos e viscosidades. Completam esta terceira parte trechos do filme Saludos, amigos (Disney, 1948). A construção do imaginário da diversidade cultural através de representações do Rio de Janeiro conceitua o último núcleo. As obras aqui – além de bibelôs, cartões postais, tecidos, fotografias e personagens ícones do Rio e do Brasil – discutem o modo como a cidade foi usada na era das culturas de massa, consolidando-a como um espaço reconhecido internacionalmente por sua capacidade de configurar símbolos plásticos e gráficos.

 

A mostra “Fernando Lindote: trair Macunaíma e avacalhar o Papagaio” ocupará o térreo do Pavilhão de Exposições do MAR. Para marcar a abertura, às 11h acontece a Conversa de Galeria com a participação de Fernando Lindote, Paulo Herkenhoff, Clarissa Diniz e Leno Veras.

 

 

De 1º de dezembro a 24 de abril de 2016.

Esculturas de Beatriz Milhazes

25/nov

Até o final do mês a James Cohan Gallery apresenta a individual de Beatriz Milhazes, “Marola” – a quinta da artista na galeria nova-iorquina. Com nove pinturas e duas esculturas, a exposição vem na sequencia do sucesso da retrospectiva “Jardim Botânico”, que ocupou recentemente o Perez Art Museum de Miami.

 

Inspirada, em parte, pelos carros alegóricos do carnaval carioca, Beatriz criou cortinas em cascata de flores de poliéster, hastes de aço inoxidável e esferas, incluindo algumas grandes em alumínio ricamente pintadas com seus florais coloridos típicos, além de outros elementos pintados à mão. “eu não queria que elas se tornassem móbiles; por isso ocupam todo o percurso até o chão”, explica a artista.

 

As duas esculturas representam um novo e importante desenvolvimento na trajetória consolidada de Beatriz Milhazes. Elas evoluíram a partir de um projeto de design que a artista criou para a companhia de dança moderna de sua irmã e empregam estratégias que remetem às suas pinturas, como as superfícies em camadas que revelam e ocultam padrões subjacentes, trazendo sua aclamada dialética de cor e movimento agora para a tridimensionalidade.

 

Fontes: James Cohan Gallery, Whitewall Magazine, Artnet, Touch of class.

Fotografia de moda

24/nov

A Luste Editores promove o lançamento do livro “Quadros de Moda – Fotografia Contemporânea na Moda Brasileira”, com curadoria de Graziela Peres, Paulo Martinez e Waldick Jatobá, dia 26 de novembro, quinta-feira, às 19h, na Livraria Cultura, no Shopping Iguatemi São Paulo, Jardim Paulistano. No intuito de criar uma reflexão sobre o tema proposto, a publicação reúne trabalhos de 29 fotógrafos, atuantes e de extrema relevância na construção da indústria de moda no país, e aborda o lado artístico na realização das imagens, destacando o olhar preciso do artista em seu processo criativo.

 

Deixando de lado a sedução dos elaborados editoriais de moda, os profissionais Graziela Peres, Paulo Martinez e Waldick Jatobá se unem para a criação deste projeto pioneiro, um compêndio de fotografia de moda brasileira, sob a perspectiva do fotógrafo como artista. “Artista esse cuja missão primordial, e ao mesmo tempo misteriosa, é a de obter a impressão real do movimento, que está sempre relacionada com a dinâmica cotidiana”, comentam os curadores. Após inúmeras reuniões e uma pesquisa aprofundada e criteriosa em acervos que contemplam mais de 5 mil imagens, surgiu a publicação impar com o padrão de qualidade da Luste Editores. Além das obras mais icônicas de cada fotógrafo, o livro ainda conta suas trajetórias, experiências e “marcas registradas” na hora de capturar as cenas. Citando alguns nomes que compõem este poderoso time de artistas com imagens publicadas: André Schiliró, Bob Wolfenson, Daniel Klajmic, Felipe Morozini, Gui Paganini, Isabel Garcia, Jacques Dequeker, Klaus Mitteldorf, Renato de Cara e Vicente de Paulo, entre vários outros.

 

Ao evidenciar a linguagem artística de cada fotógrafo, “Quadros de Moda – Fotografia Contemporânea na Moda Brasileira” oferece uma gama de imagens que transcende a eficácia de textos e conceitos teóricos, uma vez que tais fotografias relatam, por si só, as mudanças culturais e de comportamento, bem como os momentos históricos e rupturas sociais ocorridos no Brasil – vistos, aqui, sob uma ótica por trás das grandes criações, editoriais e desfiles. Nas palavras de Luciane Fransciscone, gerente geral de marketing das Lojas Renner, apoiadora do projeto: “E qualquer semelhança com a arte não é mera coincidência. O fotógrafo extrai do momento sua própria obra, a partir de um olhar particular e delicado para as muitas possibilidades a sua frente. Escreve sem lápis e papel: basta um clique”.

 

Fotógrafos: Andre Schiliró, André Passos, Bob Wolfenson, Claudia Guimaraes, Cristiano Madureira, Daniel klajmic, J. R. Duran, Fabio Bartelt, Felipe Morozini, Fernado Louza, Gil Inoue, Gui Paganini, Gustavo Zylbersztajn, Henrique Gendre, Isabel Garcia, Jacques Dequeker, Klaus Mitteldorf, Marcelo Gomes, Marcelo Krasilcic, Marcio Simnch, Murillo Meirelles, Nicole Heiniger, Paulo Bega, Paulo Vainer, Renato de Cara, Rogério Cavalcanti, Tiago Molinos, Vavá Ribeiro, Vicente de Paulo.

Individual de Jac Leirner

Chama-se “métrica mínima”, a exposição individual de Jac Leirner no Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP. A artista paulistana exibe um inédito corpo de trabalho, criado com jogos de sudoku que ela resolveu e colecionou ao longo de meses. Todas as obras se desenvolvem a partir do seu esforço de dar forma a processos abstratos como lógica, raciocínio e, em especial, a passagem do tempo.

 

Na série “métrica mínima”, exposta pela primeira vez na Bienal de Sharjah deste ano, a artista emprega estratégias íntimas da sua produção como acúmulo e reordenação, além de alternâncias entre alta e baixa cultura. O pensamento matemático inerente ao passatempo é traduzido através do rigor formal de Leirner, que dispõe os jogos sobre telas lineares de linho, separados por grupos de 9 ou de seus múltiplos (18, 27 e assim consecutivamente). As obras se assemelham a réguas, denotando seu interesse por medir o tempo – ou, mais especificamente, o tempo dedicado na resolução dos jogos. Pequenas variações na altura das telas acompanham o formato dos sudokus e ao mesmo tempo estabelecem uma noção de ritmo para os trabalhos.

 

As demais obras da exposição refletem o empenho da artista de esgotar as possibilidades plásticas do novo material, utilizando bordas, restos e impressões resultantes da prática do sudoku. Em “Números”, por exemplo, Leirner faz monotipias com papel carbono, decalcando a resolução dos jogos para outra superfície. Diferente das peças sobre linho, aqui os dígitos estão livres das grades quadradas e espalham-se aleatoriamente pelo papel, gerando áreas de concentração.

 

Em outro desdobramento, a artista cria colagens com tiras coloridas de jornal extraídas da seção de quadrinhos dos periódicos. O processo decorre do ato de recortar o sudoku, resultando em formas abstratas e jogos de palavras alinhados à tradição da poesia visual. É o caso de “Ilustração para um poema”, repleta de cortes retangulares, e também de “Free Style”, com cortes irregulares. “Nível Fácil, Nível Médio e Nível Difícil” seguem a mesma lógica construtiva e sintetizam a dificuldade dos jogos através de soluções formais.

 

Cada gesto da ação principal de completar e recortar o sudoku ganha contornos meditativos, como se a ação rápida e semi-inconsciente do cotidiano recebesse uma atenção redobrada, uma concentração máxima. As ações do atelier se tornam transparentes nas obras finalizadas: acertar ou errar, escrever ou rabiscar, recortar e reorganizar definem tanto estes trabalhos como o material de que são feitos.

 

 

Sobre a artista

 

Jac Leirner nasceu em São Paulo em 1961, onde vive e trabalha. Entre suas exposições individuais recentes, destacam-se: Funciones de una variable, Museo Tamayo (Cidade do México, 2014); Pesos y Medidas, CAAM (Las Palmas de Gran Canaria, Espanha, 2014), Hardware Seda – Hardware Silk, Yale School of Art (New Haven, EUA, 2012); Jac Leirner, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2011). Seu extenso currículo de exposições inclui ainda participações em: Bienal de Sharjah (2015), Bienal de Istambul (2011), Bienal de Veneza (1997 e 1990), Documenta de Kassel (1992), Bienal de São Paulo (1989 e 1983). Sua obra está presente em diversas coleções importantes ao redor do mundo, como: Tate Modern (Londres), MoMA (Nova York), Guggenheim (Nova York), MOCA (Los Angeles), Carnegie Museum of Art (Pittsburgh, EUA), MAM (São Paulo), entre outras.

 

 

Até 22 de janeiro de 2016.

Simon Evans na Fortes Vilaça

A Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta “Interior Design”, a segunda exposição individual de Simon Evans no Brasil. O artista britânico exibe trabalhos inéditos que reafirmam sua linguagem única, reconhecida por elaboradas colagens com fragmentos de papel, textos e imagens. O caráter obsessivo de suas composições mescla-se com o universo doméstico, evocado pelos objetos de sua casa e pelo interesse em materiais têxteis.

 

O uso do texto, amplamente explorado em toda a obra de Evans, adquire aqui uma presença oblíqua, abrindo espaço para que o desenho e a forma ganhem destaque. Os escritos de “Selfish Prayer Rug” (Tapete de Oração Egoísta) parecem menos interessados em formar palavras e mais propensos a criar padrões abstratos que acompanhem o relevo da superfície – um tapete de yoga. Em meio à confusão das letras, o artista delineia seu próprio corpo, assim como em “Exotic Souls Usual Price” (Almas Exóticas, Preço Normal). Neste trabalho, porém, sua silhueta é ladeada pelas folhas de árvores que recolheu no Rio de Janeiro, onde passou os últimos meses produzindo a  exposição.

 

A coleta em si revela um aspecto importante do trabalho de Evans, que atribui significado aos materiais que escolhe para então rearticulá-los em livre associação. A obra “Repetition of the idea of the form. Materials that deny us Immortality” (Repetição da ideia da forma. Materiais que nos negam a Imortalidade) reflete uma busca obstinada pela boa sorte ao apresentar centenas de trevos-de-quatro-folhas organizadas em uma quase-paisagem.

 

Em “The World Beats Art” (O Mundo Bate na Arte), a maior obra da mostra, Evans recria o tapete que possui em casa com fragmentos de fotos, desenhos e objetos que emulam a estampa original. “Door” (Porta), por sua vez, elabora-se por meio de um minucioso processo de tecelagem: pequenas tiras de papel são trançadas para compor uma trama. Ao conectar o público com suas narrativas pessoais, o artista expõe seu próprio interior e oferece uma experiência autêntica.

 

 

Sobre o artista

 

Simon Evans nasceu em 1972 em Londres e atualmente vive e trabalha em Nova York. Sua prática artística é permeada pela colaboração com Sarah Lannan, com quem é casado e também é sua parceira criativa. Entre suas exposições individuais, destacam-se: Only Words Eaten By Experience, MOCA Cleveland (EUA, 2013); First We Make the Rules, Then We Break the Rules (Simon Evans & Öyvind Fahlström), Kunsthalle Düsseldorf (Alemanha, 2012) e Kunsthal Charlottenborg (Copenhague, Dinamarca, 2012); How to Be Alone When You Live with Someone, MUDAM  (Luxemburgo, 2012); How to get about, Aspen Art Museum (EUA, 2005). O artista já participou das seguintes bienais: 12ª Bienal de Istambul (Turquia, 2011); 31º Panorama da Arte Brasileira, MAM (São Paulo, 2009); 27ª Bienal de São Paulo (2006); Bienal da Califórnia, OCMA (Newport Beach, EUA, 2004). Sua obra está presente em diversas coleções importantes, como Aspen Art Museum (Aspen, EUA), CIFO (Miami, EUA), Louisiana Museum of Modern Art (Humlebaek, Dinamarca), Miami Art Museum (Miami, USA), MUDAM (Luxemburgo), Philadelphia Museum of Art (Filadélfia, USA), SFMOMA (San Francisco, USA), entre outras.

 

 

Até 22 de dezembro.

Prêmio CCBB Contemporâneo

Contemplada com o Prêmio CCBB Contemporâneo, Carla Chaim inaugurou a mostra “Colapso da Onda”, CCBB Rio de Janeiro, Centro, Rio de Janeiro, RJ, com uma instalação de grande dimensão, criada especificamente para o espaço expositivo, e um livro de artista, de formato intimista, também inédito. Em comum entre os dois está o grafite em pó.

 

A instalação, que tem o mesmo título da individual, ocupa 80 m² e é construída com pó de grafite. A artista determinou metade da sala para “desenhar” no piso um retângulo que, girado 5º sobre seu eixo central, faz parte da forma subir a parede. Sobre a área delimitada, Carla polvilha manualmente 50 quilos de pó de grafite com uma peneira caseira. Já para aplicar o material na parede, a artista inventou uma técnica com compressor para pulverizar e fixar o grafite.

 

A arquitetura da sala faz parte da obra, sendo suporte da instalação, e o espectador experimenta um diálogo com o trabalho, que muda de feição virtualmente, dependendo da posição do visitante.

 

– O grafite em pó sugere uma matéria constituída de milhões de pontos que se unem e se transformam em um plano homogêneo, se tornando objeto, palpável, um desenho no espaço”, descreve a artista.

 

A pesquisa de Carla Chaim amplia o campo do desenho para além de traços sobre o papel. As questões do desenho são levadas para vídeos e instalações. Em “Colapso da Onda, o grafite, elemento corriqueiro e universal para desenhar, não é usado para traçar linhas ou delinear formas. Reduzido a pó, o grafite deixa de ser ferramenta para existir como matéria pura que preenche uma superfície determinada. O resultado é uma forma densa e opaca.

 

O segundo trabalho da exposição é um livro-obra, intitulado “Multiverso”, de 60 páginas, em que o pó de grafite é aplicado com algodão sobre as folhas dobradas aleatoriamente – as dobraduras diferem em cada uma. Ao serem abertas, as páginas revelam composições variadas. O original foi escaneado e impresso em offset, com tiragem de 500 exemplares, que serão distribuídos ao público. No período da mostra, haverá livros para o visitante manusear.

 

O crítico carioca Fernando Cocchiarale sugere, no texto de apresentação, que é bom descartar leituras estritamente formais da obra de Carla, favorecidas pela geometrização de parte de seus trabalhos. Os projetos da artista não estão a serviço da invenção formal, mas da formulação espacial de campos de experiência”. Cocchiarale propõe ainda um possível pano de fundo para a produção da artista: “o das poéticas de resistência à espetacularização que permeia a lógica do mercado.”

 

 

Sobre a artista

 

Carla Chaim, nasceu em São Paulo, SP, 1983 cidade onde vive e trabalha. É bacharel em Artes Plásticas pela FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado, onde também fez pós-graduação em História da Arte. Entre os prêmios que recebeu, estão: Prêmio CCBB Contemporâneo, e o Prêmio FOCO Bradesco ArtRio, ambos em 2015, Prêmio Funarte de Arte Contemporânea [SP] e Prêmio Energias na Arte, no Instituto Tomie Ohtake [SP], onde participou também das exposições “Os primeiros dez anos”, 2011, e “Correspondências”, 2013. A artista fez residências artísticas em Arteles, Finlândia, 2013; Halka Sanat Projesi, Turquia, 2012; The Banff Centre for the Arts, Canadá, 2010. Em 2014, fez a individual “Pesar do Peso”, na Galeria Raquel Arnaud, SP, e “Norte”, em Lisboa, no Carpe Diem Arte e Pesquisa, e participou das coletivas “Afinidades”, no Instituto Tomie Ohtake e “Entre dois Mundos”, no Museu Afro-Brasil, SP. Carla tem obras nas coleções Ella Fontanals-Cisneros, Miami, EUA, Museu de Arte do Rio – MAR, RJ, e Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, Brasília.

 

 

Sobre Prêmio CCBB Contemporâneo 2015-2016

 

Em 2014, pela primeira vez, o Banco do Brasil incluiu no edital anual do Centro Cultural Banco do Brasil um prêmio para as artes visuais. É o Prêmio CCBB Contemporâneo, patrocinado pela BB Seguridade, que contemplou 10 projetos de exposição, selecionados entre 1.823 inscritos de todo o país, para ocupar a Sala A do CCBB Rio de Janeiro. O Prêmio é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea, que surgiu de um desejo da instituição em sedimentar a Sala A como um espaço para a arte contemporânea brasileira. Idealizado pelo CCBB em parceria com o produtor Mauro Saraiva, o projeto Sala A Contemporânea realizou 15 individuais de artistas ascendentes de várias regiões do país entre 2010 e 2013. A série de dez individuais inéditas, começou com o grupo  Chelpa Ferro (Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler), seguido das mostras de Fernando Limberger (RS-SP), Vicente de Mello (SP-RJ) e Jaime Lauriano (SP). Depois da de Carla Chaim (SP), vêm as de Ricardo Villa (SP), Flávia Bertinato (MG-SP), Alan Borges (MG), Ana Hupe (RJ) e Floriano Romano (RJ), até julho de 2016. Entre 2010 e 2013, o projeto que precedeu o Prêmio, realizou na Sala A Contemporânea exposições de Mariana Manhães, Matheus Rocha Pitta, Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, José Rufino, do coletivo Opavivará, Gisela Motta&Leandro Lima, Fernando Lindote, da dupla Daniel Acosta e Daniel Murgel, Cinthia Marcelle, e a coletiva, sob curadoria de Clarissa Diniz.

 

 

Até 04 de janeiro de 2016.

Olhares femininos

23/nov

As fotógrafas Ana Araújo, Eliária Andrade, Evelyn Ruman, Luciana Whitaker, Luludi Melo, Márcia Zoet, Marlene Bergamo, Mônica Zarattini e Nair Benedicto inauguraram a exposição “Se me vejo, me veem”, na Galeria eg2o, na cidade de Paraty, Rio de Janeiro, RJ. A mostra propõe uma discussão sobre a violência contra a mulher, sendo que cada artista aborda o tema em suas diversas manifestações, gerando como resultado um quadro multifacetado de denúncias, esclarecimentos e sensibilizações.

 

Profissionais atuantes e respeitadas, mulheres atentas ao dia-a-dia. Cidadãs responsáveis. Com o lema “olhares de mulheres sobre uma questão de mulheres”, as nove fotógrafas se reúnem para aliar arte à luta contra uma triste realidade: o Brasil está em quinto lugar no ranking mundial de ocorrências de crimes contra a mulher. São agressões físicas, morais, sexuais e psicológicas, sustentadas pelas relações desiguais entre os gêneros. Desigualdade entranhada em nossa sociedade desde a sua formação, e no inconsciente da maioria dos brasileiros. Neste sentido, “Se me vejo, me veem” busca apresentar trabalhos que dialogam com o tema proposto, em um ambiente de liberdade na curadoria e expografia de cada trabalho das fotógrafas, as quais terão uma área individual e específica para mostrar e “denunciar” os aspectos deste assunto. Os suportes são diversificados, mas a imagem, crua e real, é a protagonista.

 

Ana Araújo retrata “Marias Marcadas pela Violência em Recife”. Sua cidade natal, onde reside e trabalha até o presente, segundo o mapa da violência 2012, é a sexta colocada no ranking de feminicídios do Brasil: “Aqui em Pernambuco irei documentar as mulheres sobreviventes, que ficaram marcadas física e emocionalmente por essa terrível cultura de violência contra a mulher”, define a artista.

 

“Para Onde Ir?”, de Eliária Andrade, mostra uma mulher que vive no abrigo Casa de Marta e Maria, espaço que oferece acolhimento para pessoas em situação de vulnerabilidade social, vindas das mais variadas situações de violência vivenciadas nas famílias e nas ruas, com histórico de abandono e maus tratos.

 

“Autoimagem” foi o tema escolhido por Evelyn Ruman, que em registros de um caso da vida real, aplica uma metodologia de intervenção social, por meio da fotografia que desenvolve há 27 anos. “A interferência artística do fotografado em seu próprio retrato amplia a percepção de sua identidade e estimula a recuperação da autoestima”, explica a autora.

 

Luciana Whitaker, com “Cesarianas Desnecessárias”, busca provocar uma reflexão sobre o polêmico assunto. Em sua opinião: “Procedimento feito sem necessidade, apenas com objetivos comerciais, coloca em risco a vida da mulher e do bebê”. Neste ensaio, as cicatrizes contam a história.

 

Luludi Melo, em “Maternidade – Mulheres com Deficiência”, discute a violência “duplamente qualificada” que sofre a mulher portadora de necessidades especiais.

 

Um pequeno recorte do projeto nacional que desenvolveu em parceria com o Museu da Pessoa para o projeto ViraVida – uma iniciativa do SESI na recuperação de crianças e adolescentes em situação de risco –, “Meninas e Adolescentes” é o aspecto levantado por Márcia Zoet. De acordo com a fotógrafa: “o quadro mostra a fragilidade da vitima, que sofreu durante 10 anos abuso paterno”. Um tema autoexplicativo é a escolha da fotógrafa Marlene Bergamo – “BANG BANG”. Imagens fortes que são retratos de fatos diários, hoje corriqueiros mas não menos cruéis, onde a morte é a ocorrência final. “Parto humanizado…?” é a discussão proposta por Mônica Zarattini, com destaque para a situação de uma mulher que, encaminhada para um hospital universitário na hora do parto, é submetida a procedimentos e recebe medicamentos desnecessários (como uma cobaia dos alunos).

 

Nair Benedicto participa com o vídeo “Não quero ser a próxima”, uma realização conjunta do Grupo Maria Bonita com a Agência F.4, sendo as integrantes Cecília Simonetti, Lais Tapajós, Nair Benedicto, Silvia Cavasin e Vera Simonetti. Produzido em 1985, versa sobre mulheres espancadas ou assassinadas pelos maridos ou companheiros. As fotografias são das entrevistadas e dos eventos públicos sobre o assunto, resultado das pesquisas em jornais e revistas.

 

 

Citando palavras das participantes do projeto Se me vejo, me veem: “Qualquer iniciativa que esclareça e contribua para que mulheres vítimas de violência reconheçam sua situação e percam a vergonha de pedir ajuda é válida, assim como para que a sociedade esteja alerta e consciente da seriedade da questão”.

 

 

Até 06 de janeiro de 2016.

Talentos da Fotografia

A mostra “Novos Talentos: Fotografia Contemporânea no Brasil” estará em exibição em Brasília, DF, na Caixa Cultural Galerias Piccola I e II, SBS – Quadra 04, Lotes 3/4 – Asa Sul. São cinquenta trabalhos de dez consagrados artistas brasileiros, com curadoria da historiadora Vanda Klabin e coordenação e idealização de Afonso Costa. A mostra apresenta visões fotográficas variadas, com linguagens e processos de criação únicos que se utilizam de momentos políticos, da mutabilidade da natureza e até do próprio corpo como experimento.

 

“As obras apresentadas servem como um interessante panorama de visualização da produção da fotografia contemporânea nacional. A ideia da curadoria é tirar partido deste frescor em uma mostra que reúne as obras mais próximas ao espírito inquieto desses artistas, cada um na sua dimensão particular, sempre em incessante processo criativo. Eles repensam, rediscutem e reinventam a extraordinária tradição fotográfica por meio de um pensamento plástico atual, com desenvoltura artesanal, intelectual e imaginativa inéditas até aqui”, explica a curadora. Essas peculiaridades podem ser conferidas nos trabalhos expostos dos artistas brasileiros Alexandre Mury, Arthur Scovino, Berna Reale, Gustavo Speridião, Luiza Baldan, Matheus Rocha Pitta, Paulo Nazareth, Raphael Couto, Rodrigo Braga e Yuri Firmeza.

 

Paulo Nazareth, por exemplo, apresenta a série Notícias da América, resultado de suas peregrinações a pé e de carona pelo continente americano, onde imagens e acontecimentos mostram as diversas realidades sociais. Na série “Rosa Púrpura”, Berna Reale, que está representando o Brasil na Bienal Internacional de Veneza, contou com a participação de 50 jovens de Belém para discutir a questão da violência contra a mulher.

 

Com um trabalho mais político, Gustavo Speridião apresenta a série Movimento – Ayotzinapa Vive!, em que registra manifestações e atritos em regiões urbanas do México e do Rio de Janeiro. A violência, o desencanto e a condição da miséria humana estão presentes na impactante série Brasil, de Matheus Rocha Pitta. O artista mistura carnes vermelhas em um processo mimético com as areias escaldantes de Brasília.

 

A partir de imagens produzidas em São Paulo e no Chile, Luiza Baldan cria contrapontos para os espaços solitários, onde a sensação de vazio, aliada ao silêncio, circula livremente em cenários ora intimistas, ora urbanos.

A parceria entre o homem e a natureza está presente nas fotos de Rodrigo Braga, que cria um documento visual perturbador. Yuri Firmeza registra as ruínas da cidade histórica de Alcântara, primeira capital do Maranhão, construída no século XIX na esperança de hospedar o imperador D. Pedro II. Atualmente o lugar tem um centro espacial, instalado pela Força Aérea Brasileira. O artista aproveita a paisagem para mostrar o tempo sedimentado, não linear, não cronológico. A série Ruínas propõe o pensamento crítico à lógica de crescimento das metrópoles.

 

Já os artistas Alexandre Mury, Arthur Scovino e Raphael Couto utilizam o próprio corpo para suas práticas artísticas. Erotismo, rituais e mitologias estão presentes na série “Nhanderudson” – num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico, de Scovino. Alexandre Mury representa os quatro elementos naturais – ar, água, fogo e terra – a partir de seu próprio corpo. Enquanto para Raphael Couto, as ações de metamorfose do corpo se dão no detalhe, no fragmento. Ele parte de uma sensibilidade corporal e acrescenta reflexão sobre a linguagem plástica.

 

 

De 25 de novembro a janeiro de 2016.

Duas mostras individuais

19/nov

A Galeria Lume, Jardim Europa, São Paulo, SP, exibe, simultaneamente, as individuais “Areia Movediça”, de Talita Hoffmann, e “Eu Não Estou Aqui”, de ZNort, ambas com curadoria de Paulo Kassab Jr. Em “Areia Movediça”, Talita Hoffmann apresenta uma série com pinturas relacionadas a espaços em obra, construções, áreas abandonadas ou em constante transformação, mesclando desenhos arquitetônicos, cores e estruturas com elementos do design gráfico urbano. Por sua vez, ZNort utiliza técnicas e suportes variados, em trabalhos que abordam temas inerentes ao ser humano e ao “ser artista”, levantando questões como ser ou não ser algo, pertencer ou não a algum lugar, ter ou não ter valores – como status e reconhecimento.

 

Em sua individual, Talita Hoffmann estabelece uma relação entre a constante mudança dos espaços urbanos – de terrenos baldios a novas construções, além de áreas abandonadas – com o imaginário da areia movediça que, em sua opinião, tem sempre um aspecto cômico e fantasioso, elementos presentes em sua obra. Com influências que passam pelas cores e traços da arte naïf, até o design gráfico e a fotografia urbana, a artista se utiliza de estilo e técnica recorrentes em seu portfólio, porém, desta vez, não se nota a presença de personagens, focando exclusivamente nos detalhes arquitetônicos. Nas pinturas da exposição, podem ser observadas referências às técnicas de colagem e desenho, as quais fazem parte do processo criativo de Talita: “Geralmente parto de fotografias de espaços urbanos (…). A elas, junto outras imagens de catálogos, pedaços de publicidade, ou desenhos que vou coletando. Para esta série em especial, utilizei várias fotos do Google Maps, inclusive com as falhas em glitch’”.

 

Com inspiração filosófica, ZNort propõe uma reflexão aprofundada sobre devaneios existenciais. Em sua própria definição: “‘Eu Não Estou Aqui’ é uma forma de brincar com o aspecto místico que o artista exerce sobre o espectador. E quando digo “eu não estou aqui”, nego minha própria presença na obra. Eu não sou, eu não estou, eu não valho…”. Neste sentido, ZNort exibe obras em que busca utilizar materiais que dialoguem com cada conceito, em técnicas já dominadas pelo artista – como esculturas em madeira e parafina, e bordados -, bem como novos experimentos, a exemplo da substituição de bronze por concreto. Em algumas peças, ZNort pinta o concreto em cor de bronze, ressignificando um material considerado barato, ao lhe conferir uma aparência nobre. Citando uma peça da mostra, “Eu Valho um Milhão de Dólares” nos remete ao trabalho de Damien Hirst com borboletas reais, mas, aqui, utilizando borboletas de plástico, no intuito de apontar um contraponto ao preciosismo de sua referência.

 

Com estas exibições individuais de Talita Hoffmann e ZNort, a Galeria Lume marca o encerramento de seu calendário de exposições em 2015. A coordenação é de  Felipe Hegg e Victoria Zuffo

 

 

De 26 de novembro a 20 de janeiro de 2016.