Ulf Lindell, um artista sueco

27/abr

Três anos após ter chegado ao Brasil para mostrar seus trabalhos no Centro de Arte Maria Teresa Vieira, Praça Tiradentes, Centro, Rio de Janeiro, RJ, Ulf Lindell retorna à mesma galeria, com obras em técnica mista sobre alumínio. A mostra está dividida em duas partes: “A Casa do Paraíso”, que dá título à exposição, e “A Noiva Intocável”, série de monotipias, vista a partir da perspectiva de um gato.

 

A inauguração acontece no próximo dia 4 de maio, quarta-feira, às 18 horas.

 

“A Casa do Paraíso” e “A Noiva Intocável” tratam do inatingível. Quando o artista começou a trabalhar com imagens de um casamento desfeito, a casa, segundo ele, era como um sonho que não poderia ser mantido. “Como paredes que nós construímos para proteger as coisas que desejamos manter desesperadamente. Uma metáfora para a segurança, mais do que para a felicidade. A casa torna-se, então, uma ilusão de felicidade”, observa.

 

E Ulf vai mais além: “Da busca desesperada por uma ilusão criada por cada um. O subconsciente não distingue realidade de imaginação. Essa casa do paraíso se encontra na concretude de nosso imaginário, onde os sonhos são uma complexa obra pictórica, e as alucinações integradas fazem uma cena  onírica.

 

As imagens são trabalhadas em uma técnica que é uma espécie de monotipia. Com o tempo, elas se tornaram mais abstratas. Ainda assim, há uma grande parte de abordagens figurativas. O artista busca um equilíbrio entre o figurativo e o abstrato.

Nascido em Örebro, Suécia, Ulf Lindell vive e trabalha dentro de um barco em Estocolmo. Transitou pelo hiper-realismo, instalações e arte abstrata.Em seus quase trinta anos de trajetória artística, acumula exposições em Paris, Moscou, São Petersburgo, Washington, Bogotá, São Paulo, além do Rio de Janeiro, onde já expôs duas vezes, e Estocolmo.

 

De 04 a 25 de maio.

Dois : um dinamarquês, outro sueco

A exposição “Veias”, na Caixa Cultural São Paulo, Centro, São Paulo, SP, exibe 105 imagens em preto e branco de dois grandes nomes da fotografia documental mundial – o sueco Anders Petersen, 1944, Estocolmo, e o dinamarquês Jacob Sobol, 1976, Copenhagen, que expõem juntos pela primeira vez. Com curadoria do sueco Imants Gross, os trabalhos têm em  comum um olhar íntimo sobre cenas cotidianas de pessoas marginalizadas na sociedade, como alcoólatras, viciados em drogas, prostitutas, travestis, criminosos e psicopatas. As imagens se tornam ainda mais impactantes com o grande formato das fotografias, que chegam a 2,5 metros de comprimento.

 

Para este trabalho na Caixa Cultural, os dois fotógrafos criaram uma espécie de diário pessoal onde anotaram reflexões pessoais sobre a vida, as pessoas e a forma como se encontra o mundo de hoje. “À primeira vista, as imagens de Petersen e Sobol podem parecer fortes e impiedosas para alguns, mas, indo além da superfície – ou da pele -, é uma representação intensa, quente e não tão semelhante com a realidade, mas que é sentida como real”, observa o curador Imants Gross.

 

Anders Petersen é considerado uma lenda da fotografia, e é conhecido pela capacidade de criar laços com as pessoas fotografadas, gente desconhecida que ganha um ar distinto. "As coisas que eu faço são uma espécie de fotografia documental privada. Esse é o verdadeiro desafio: estar presente, mas manter a distância", explica o sueco. Uma de suas imagens mais famosas foi usada na capa do álbum “Rain Dogs”, de 1976, do artista canadense Tom Waits.

 

Trinta anos mais novo, Jacob Sobol pode ser considerado um sucessor do mestre sueco, com seus registros repletos de imprevisibilidade do cotidiano. Sobol compara o ofício de tirar fotos ao de um caçador: "A relação que os caçadores estabelecem com a natureza ao seu redor é muito importante. É preciso estar interligado ao todo, e este sentimento tem deixado um grande impacto na minha vida e no trabalho.”

 

Artistas de gerações diferentes, possuem afinidades de linguagem, o que justificou esse encontro. Ambos pertencem à mesma escola de fotografia documental, em que o desafio do fotógrafo é estar presente o mais próximo possível de cenas privadas, mas com um distanciamento suficiente para registrá-las com olhos de voyeur. As suas preocupações os fazem observar muitas vezes o terrível, o compulsivo, o incontrolável e o sentimento de autodestruição que existe nas pessoas, mas ambos são fotógrafos, que destacam o “amor” em suas muitas e diferentes manifestações.

 

“As imagens que Petersen e Sobol nos oferecem, todas em preto e branco, podem parecer frias num primeiro momento, mas quando tomamos conhecimento dos universos retratados e dos personagens, conseguimos sentir o calor dos corpos, a intensidade das situações. É possível enxergar verdade e amor no olhar de quem está sendo revelado e também do seu revelador", conclui o produtor Luiz Prado.

 

Promovido pelo Instituto Cultural da Dinamarca, o projeto começou na Letônia, passou pela Rússia e China antes de vir ao Brasil com temporada já realizada também na Caixa Cultural de Curitiba, Salvador e Rio de Janeiro. ”É com grande satisfação que recebemos a arte de Petersen e Sobol, que têm em comum uma linguagem incomum. As imagens expostas trazem uma ausência de respostas, e revelam muitos questionamentos. Como dizem os dois fotógrafos: “Veias” não é sobre fotografia. É um documentário da vida abstrato, expressivo, emocionante e provocador”,explica Anders Hentze, diretor do Instituto Cultural da Dinamarca.

 

 

 

Até 08 de maio.

Para Ivens Machado

26/abr

O MAM Rio, apresenta uma homenagem ao artista Ivens Machado (Florianópolis, 1942 – Rio de Janeiro, 2015), falecido há um ano, e que ao longo de cinco décadas produziu obras destacadas na cena contemporânea. Com curadoria de Fernando Cocchiarale, serão apresentadas, no Salão Monumental do Museu, dezesseis importantes obras do artista, algumas não vistas pelo público há anos. Estarão esculturas, instalações e desenhos pertencentes à Coleção Gilberto Chateaubriand / MAM Rio, e desenhos e um vídeo do Acervo Ivens Machado, projeto responsável pelo seu legado, a cargo da designer Mônica Grandchamp, colaboradora e amiga próxima do artista.  Ao longo de sua trajetória, iniciada em 1973, quando venceu o V Salão de Verão no MAM, participando a seguir da XII Bienal de São Paulo, Ivens Machado só teve no Museu uma exposição individual, em 1975, embora tenha integrado ali diversas mostras coletivas.

 

“Ivens talvez seja o artista de sua geração mais importante surgido no sul do país, ainda que sua obra tenha florescido no Rio de Janeiro, cidade em que se radicou a partir de 1964”, destaca Fernando Cocchiarale. O curador lembra que Ivens Machado foi “pioneiro da videoarte no Brasil – sua primeira experiência com este meio eletrônico foi feita em 1974, simultaneamente à de outros artistas como Anna Bella Geiger e Sonia Andrade”. “Algumas questões (ou eixos poéticos) atravessam o conjunto da obra de Ivens desde seu florescimento efetivo, lá pelo começo dos anos 1970, até seus trabalhos finais dos dois últimos anos. Tais eixos poéticos resultam de práticas de permanente construção/reversão, acionadas por Ivens para a produção de esculturas contaminadas por métodos e práticas da construção civil popular-comunitária, tanto no que diz respeito aos materiais de que são feitas – cimento, vergalhão, areia, azulejos, pedras etc. – como pelo rústico acabamento dos trabalhos”, observa.

 

Ocupando lugar de destaque no Salão Monumental estará a grande instalação “Cerimônia em três tempos” (1973), que será montada como na versão original, vencedora do V Salão de Verão do MAM Rio. Em uma referência a um açougue, a obra traz sobre um ambiente de  plástico branco três mesas de azulejos brancos, que recebem o sangue que pinga de uma carne pendurada. Na extensa parede de doze metros de comprimento, será projetado o vídeo “Encontro/Desencontro” (2008), de 12 minutos, de Ivens Machado, em codireção de Samir Abujamra. Nele, atores e acrobatas fazem um percurso que vai desde a extinta Perimetral, até uma cena poética em que balançam nus, suspensos em cordas.

 

A curadoria optou por não fazer divisões espaciais, ampliando a visão do espectador do conjunto da exposição, que ocupará ainda os dois espaços contíguos com as esculturas e os desenhos.

 

 

Esculturas e desenhos

 

“Mesas” (1996), em concreto armado, madeira e ferro, não é vista desde 2003. “Tapete” (1979), em concreto armado e vidro, foi exposta há sete anos. A exposição terá ainda uma das mais importantes obras de Ivens Machado, “Mapa Mudo” (1979), um mapa do Brasil feito com cacos de vidro verde cravados sobre cimento. Realizada durante a ditadura militar, a imagem evoca, ao mesmo tempo, as exuberantes florestas brasileiras e os muros das residências bem protegidas, sendo também um símbolo das fronteiras sociais e políticas no país. Em relação às esculturas, Fernando Cocchiarale acentua que “há que considerar também a reversão simbólica desses métodos e práticas representada pela precariedade anticartesiana dos resultados específicos destas obras que sequer correspondem aos quesitos funcionais das construções populares, fator que atribui a esses trabalhos um teor contradiscursivo”.

 

O curador destaca que estarão na exposição os primeiros três desenhos de Ivens Machado, dois de 1974 e um de 1980, em que fez, à mão, pautas sobre cadernos. Mais tarde, o artista passou a intervir “diretamente na operação das máquinas de pautar da indústria de cadernos, ou no velamento de pautas com tintas corretoras de estêncil para mimeógrafo”. “Marco inicial do florescimento poético de Ivens, a questão se manifesta de outra maneira, mas com o mesmo sentido e intenção contradiscursivos”. “Aqui o teor espacial normativo das pautas de caderno é desconstruído graficamente, por meio de linhas que se rompem ou quebram a uniformidade da página original, por meio de desvios e sinuosidades, ou são ‘corrigidas” por corretores de estêncil”, explica.

 

A série de dezesseis desenhos “Fluidos Corretores” (1976), com corretor para estêncil sobre papel, da Coleção Gilberto Chateaubriand / MAM Rio, ocupa uma extensão de quase dez metros, e será complementada com outro desenho da série, de 1974, feito com caneta sobre folha de caderno.

 

 

 

Sobre o artista

 

Ivens Machado (Florianópolis, SC, 1942 – Rio de Janeiro, RJ, 2015). Escultor, gravador e pintor. Estudou gravura na Escolinha de Arte do Brasil (EAB), no Rio de Janeiro, onde foi aluno de Anna Bella Geiger (1933). Em 1974, fez sua primeira exposição individual na Central de Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro. Participou quatro vezes da Bienal de São Paulo – em 1981, 1987, 1998 e 2004 -, e também esteve na Bienal de Paris e na Bienal do Mercosul, em Porto Alegre. Possui esculturas públicas no Palazzo di Lorenço, na Sicilia, Itália, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, no Jardim das Esculturas do MAM, São Paulo, no Jardim da Luz, na Pinacoteca de São Paulo, no Jardim das Esculturas do MAM, Salvador, e no Largo da Carioca, Rio de Janeiro (atualmente retirada até a finalização da reurbanização do Centro da Cidade). Sua última exposição individual foi na Casa França-Brasil, em 2011. Além dela, merecem destaque a exposição “Encontro/desencontro” (2008), no Oi Futuro; “Acumulações (2007), no Paço Imperial; “O Engenheiro de Fábulas” (2001), apresentada no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, na Pinacoteca do Estado, em São Paulo, no Museu de Arte Contemporânea, em Curitiba, e no Museu Ferroviário da Vale do Rio Doce, em Vitória. Em 1975, ele realizou uma exposição individual no MAM Rio. Dentre suas principais exposições coletivas estão: “Lines”, na Hauser & Wirth, em Zurique , na Suiça e “On the Edge: Brazilian Film Experiments of the 1960s and Early 1970s”, no MoMA, em Nova Yok, ambas em 2014; “Sobrenatural”, na Estação Pinacoteca, em São Paulo e “Fato aberto: o desenho no acervo da Pinacoteca do Estado”, em 2013/2014; ”Violência e Paixão”, no MAM Rio e no Santander Cultural, no Rio Grande do Sul, em 2002; “Palavra Imagem”, no MAM Rio, e ”Espelho Cego”, no Paço Imperial e no MAM SP, ambas em 2001; ”Século 20: arte do Brasil-Brasil+500”, na Fundação Caloustre Gulbekian, em Portugal, em 2000; “Vista Assim Mais Parece um Céu no Chão”, 16oSalão Nacional de Artes Plásticas, no MAM Rio, e “Terra Incógnita”, no CCBB Rio, ambas em 1998; “Re-Aligning Vision”, no Museo del Barrio, em Nova York, em Arkansas, Austin, Monterey e Miami, nos EUA, e em Caracas, na Venezuela, em 1997; “A Fronteira dos Vazios – Livro  Objeto”, no CCBB Rio, em 1994; “A Caminho de Niterói” – Coleção João Sattamini, no Paço Imperial, em 1992, e no Centro Cultural São Paulo, em 1993; “Brasilian Contemporary Art”, no MAC – SP e “Brasil Segni D’Arte”, em Veneza, Milão, Florença e Roma, na Itália, ambas em 1993, entre outras.

 

 

 

Acervo Ivens Machado

 

 

O Acervo Ivens Machado é o projeto responsável pela gestão do acervo pessoal do artista, com curadoria da designer Mônica Grandchamp, amiga de longa data de Ivens Machado. Selecionado pelo Prêmio Funarte de Incentivo às Artes Visuais em 2015, para mapeamento da obra de Ivens Machado, e inscrito no Rumos Itaú Cultural 2016 – com resultado previsto para maio – o Acervo Ivens Machado tem como missão a catalogação da produção do artista, sua manutenção e visibilidade. Mônica Grandchamp é formada em desenho industrial pela Faculdade da Cidade, com pós-graduação iniciada em História da Arte e Arquitetura, na PUC-Rio, é professora de História da arte e História do design no Senac-RJ, desde 2011.

 

Texto de Fernando Cocchiarale

 

 

Esta mostra homenageia Ivens Machado, artista recentemente falecido, cuja contribuição para a história da arte brasileira das últimas cinco décadas ainda está por ser criteriosamente estabelecida. A maior parte das peças aqui expostas pertence ao MAM (coleção Gilberto Chateaubriand e coleção MAM), complementadas com obras do Acervo Ivens Machado, projeto responsável pela gestão do acervo pessoal do artista. Pioneiro da videoarte no Brasil (sua primeira experiência com este meio eletrônico foi feita em 1974, simultaneamente à de outros artistas como Anna Bella Geiger e Sonia Andrade, por exemplo), sua produção nessa mídia é marcada pela criação de situações em que o poder e seu tenso exercício é corporificado por atores que podem atuar em interação com o artista ou sem ele. Ivens talvez seja o artista de sua geração mais importante surgido no sul do país, ainda que sua obra tenha florescido no Rio de Janeiro, cidade em que se radicou a partir de 1964. No entanto algumas questões (ou eixos poéticos) atravessam o conjunto da obra de Ivens desde seu florescimento efetivo, lá pelo começo dos anos 1970, até seus trabalhos finais dos dois últimos anos. Tais eixos poéticos resultam de práticas de permanente  construção/reversão,acionadas por Ivens para a produção de esculturas contaminadas por métodos e práticas da construção civil popular-comunitária, tanto no que diz respeito materiais de que são feitas − cimento, vergalhão, areia, azulejos, pedras etc. – como pelo rústico acabamento  dos trabalhos. Há que considerar também a reversão simbólica desses métodos e práticas representada precariedade anticartesiana dos resultados específicos destas obras que sequer correspondem aos quesitos funcionais das construções populares, fator que atribui a esses trabalhos um teor contra-discursivo. Nos desenhos manuais de pautas de caderno, nos trabalhos em que Ivens interveio diretamente na operação das máquinas de pautar da indústria de cadernos ou no velamento de  pautas com tintas corretoras de estêncil para mimeógrafo marco inicial do florescimento poético de Ivens a questão se manifesta de outra maneira, mas com o mesmo sentido e intenção  contra-discursivos. Aqui o teor espacial normativo das pautas de caderno é desconstruído graficamente, por meio de linhas que se rompem ou quebram a uniformidade da página original por meio de desvios e sinuosidades, ou “corrigidos” por corretores de estêncil.

 

 

 

De 30 de abril a 26 de junho.

Verger/Guarnieri no Rio

25/abr

Em parceria com a Fundação Pierre Verger de Salvador, BA, a Galeria Marcelo Guarnieri apresenta a exposição “Pierre Verger” na inauguração de seu espaço expositivo em Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. O local inaugurado exibirá obras produzidas durante toda a trajetória do fotógrafo e etnografista franco-brasileiro. Grande parte do trabalho que ele desenvolveu era dedicado à pesquisa e aos registros ligados às religiões de matriz africana.

 

Verger começou a fotografar e viajar pelo mundo em 1932, aos 30 anos de idade. Durante os 14 primeiros anos de sua carreira como fotógrafo, suas imagens foram publicadas nas mais importantes revistas francesas e internacionais da época. Em 1946, quando chegou à Bahia, converteu-se ao Candomblé, tornou-se o babalaô Pierre “Fatumbi” Verger e, embora levasse um estilo de vida nômade, Salvador passou a ser sua residência fixa. Hoje, a casa onde vivia abriga fundação homônima dedicada à sua obra, às pesquisas e ao intercâmbio cultural entre Brasil e África.

 

Em 2015, a Galeria Marcelo Guarnieri promoveu duas mostras de Verger em suas unidades de São Paulo e Ribeirão Preto. Para a mostra do Rio, a galeria apresentará um novo recorte dividido em 3 blocos. Um deles é dedicado apenas aos registros com foco em apetrechos musicais clicados em países da América Latina e África – essas imagens foram exibidas no MAM-Bahia em 1992 e mostram tambores, instrumentos de sopro e cordas usados em rituais e celebrações.

 

O outro conjunto apresenta uma série de imagens selecionadas pelos editores da Revue Noire – Jean Loup Pivin e Pascal Martin Saint Léon – e pelo próprio fotógrafo, a partir de 300 negativos que foram expostos ou transformados em cópias de altíssima qualidade e, posteriormente, nos fotolitos do livro “Le Messager”. Apresentada no ano de 1993, pela Revue Noire, no Musée d’Art d’Afrique et d’Océanie, na França e na Suiça, “Pierre Verger, – O Mensageiro” destacou a importância da arte e da cultura africana para o ocidente, com mostras que colocaram, novamente, o público europeu em contato com o trabalho do fotógrafo. Verger esteve presente na abertura desta exposição em Paris, e a Revue Noire conseguiu que ele assinasse uma certa quantidade de cópias. Não era uma prática comum na trajetória de Verger, que privilegiava os negativos, por representarem as suas memórias.

 

Por fim, o último bloco da exposição carioca apresenta um grupo vintage de fotos raras ampliadas pelo próprio Verger em diferentes períodos de sua carreira – a partir dos anos 30. Entre elas, se destaca uma vista panorâmica de Pequim, cenas urbanas de Nova York, Mali e França. Importante ressaltar que essas imagens reunidas pela galeria foram ampliadas manualmente em sais de prata e apresentam a assinatura de Verger ou o carimbo de identificação.

 

Além de abrir esta exposição inaugural, a Galeria Marcelo Guarnieri chega ao Rio de Janeiro representando artistas como: Gabriela Machado, Luiz Paulo Baravelli, Masao Yamamoto e Mario Cravo Neto.

 

 

A palavra de Verger

 

“Nós concordamos em definir fotografia nos seguintes termos: a fotografia permite ver o que não tivemos tempo de ver, porque ela fixa. E mais, ela memoriza, ela é memória. O milagre é que essa emoção sentida diante de uma fotografia muda, testemunha de um fato fixado por um instantâneo, possa ser sentida espontaneamente por outros, revelando um fundo comum de sensibilidade, frequentemente reprimida, mas reveladora de sentimentos profundos, constantemente ignorados.” (Pierre “Fatumbi” Verger, na ocasião da exposição Pierre Verger, Le Messager, realizada pela Reuve Noire, em Paris e na Suíça. Abril de 1993.)

 

De 30 de abril a 11 de junho.

Galeria Ipanema: 50 anos

15/abr

A Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, dá continuidade à celebração de seus 50 anos de atividades com a exposição “50 anos de arte”, com cerca de quarenta trabalhos de artistas emblemáticos do espaço de arte aberto em 1965, como Portinari, Raymundo Colares, Milton Dacosta, Djanira, Iberê Camargo, Guignard, Volpi, Bandeira, Beatriz Milhazes, Cruz-Diez, Di Cavalcanti, Krajcberg, Weissmann, Ione Saldanha, Jesus Soto, Pancetti, Luis Tomasello, Lygia Clark, Lygia Pape, Mabe, Maria Leontina, e Sergio Camargo.

 

Grande parte das obras não é vista pelo público há muitos anos, pertencentes a coleções privadas e sem participar de exposições. Há várias raridades, como o óleo sobre tela “Paisagem de Brodowski”, de 1940, de Portinari, que passou a integrar nos anos 1980 a Coleção Gilberto Chateaubriand pelas mãos da galeria. Esta tela havia pertencido inicialmente a Assis Chateaubriand, que a mantinha na sala de jantar de sua casa na Avenida Atlântica, em Copacabana, e estava em posse de outro colecionador. Sergio Camargo está representado com duas obras de parede: “Relief 13-83”, de 1965, que esteve na Bienal de Veneza de 1966, e “Untitled (Nº 462)”, de 1978, de 2m de comprimento, a maior de uma série que só tem outras duas no mundo, ambas em coleções nos EUA.

 

Ao longo de seus 50 anos de história, a Galeria Ipanema teve um contato privilegiado com grandes artistas modernos e com a nova geração emergente. Realizou as primeiras exposições individuais de Raymundo Colares, em 1969, e de Paulo Roberto Leal, em 1971, ainda no Hotel Copacabana Palace, espaço que ocupou desde sua inauguração em 1965, até 1973. A colaboração com diversas coleções privadas, sempre trabalhando com grandes nomes da arte, é outra característica da Galeria Ipanema.

 

Quando foi inaugurada, em um espaço do Hotel Copacabana Palace, em 1965, a Galeria Ipanema – então “Galeria Copacabana Palace” – viu surgir suas companheiras de atividade na época: a Petite Galerie, de Franco Terranova, a Bonino, de Alfredo e Giovanna Bonino, e a Relevo, de Jean Boghici. Luiz Sève, sócio-fundador que está à frente da Galeria Ipanema até hoje, teve contato com todos os artistas trabalhados pela galeria, apenas Portinari (1903-1962) e Guignard (1896-1962) já haviam falecido antes de sua inauguração. A galeria foi uma das precursoras a dar visibilidade ao modernismo, representando por muitos anos, com uma estreita relação, os artistas Volpi e Di Cavalcanti. O venezuelano Cruz-Diez é representado pela galeria, que mantém um precioso acervo, fruto de seu conhecimento de grandes nomes como Hélio Oiticica, Ivan Serpa, Lygia Clark, Sérgio Camargo, Jesús Soto, Mira Schendel, Guignard, Pancetti, Portinari, Di Cavalcanti, Cícero Dias, Iberê Camargo, Tomie Ohtake, Lygia Pape, Amelia Toledo, Milton Dacosta, Maria Leontina, Dionísio del Santo, Antônio Bandeira, Heitor dos Prazeres, Vasarely, Rubens Gerchmann, Nelson Leirner, Waltercio Caldas, Franz Weissmann, Ângelo de Aquino, Geraldo de Barros,  Heitor dos Prazeres, Joaquim Tenreiro e Frans Krajcberg.

 

A exposição “50 anos de arte” reunirá obras pertencentes a coleções particulares e de seu próprio acervo, que dão um panorama da abrangência da atuação da galeria.

 

 

Breve histórico

 

Fundada por Luiz Sève, aos 24 anos, que cursava o último ano de engenharia na PUC, e sua tia Maria Luiza (Marilu) de Paula Ribeiro, a Galeria de Arte Ipanema teve como terceiro sócio Luiz Eduardo Guinle, e se instalou em 1965 em um dos salões do Copacabana Palace, passando depois para o térreo do Hotel, na Avenida Atlântica, onde permaneceu até 1973. Em 1968, Frederico Sève, irmão mais moço de Luiz Sève, entrou na sociedade no lugar de Luiz Eduardo Guinle. Com direção de Frederico Sève, a Galeria de Arte Ipanema manteve também um espaço em São Paulo, entre 1972 e 1989, na Rua Oscar Freire, em uma casa projetada por Ruy Ohtake especialmente para este fim, e depois na Rua da Consolação. Frederico permaneceu na sociedade até 2002.

 

Atualmente, Luiz Sève dirige a galeria ao lado de sua filha Luciana, no número 173 da Rua Aníbal de Mendonça, em Ipanema, até finalizar a construção do espaço que tem projeto arquitetônico assinado por Miguel Pinto Guimarães, previsto para 2017.

 

 

De 19 de abril a 19 de maio.

Acontece no Paraná

12/abr

Encontra-se em cartaz no Museu de Arte Contemporânea do Paraná  -MAC-PR-, a mostra “A cor no espaço, o espaço na cor”, com obras de 62 artistas, e “Alumbramento”, do artista Luis Lopes, com cerca de 20 pinturas.

 

Com curadoria de Ronald Simon, a exposição “A cor no espaço, o espaço na cor” tem origem em um segmento de obras do acervo na qual a cor e o espaço conduzem a organização das obras, sua composição, sem levar em conta a dicotomia figuração/abstração. Mesmo não se atendo à história da arte contemporânea, a exposição registra passagens importantes de alguns movimentos da arte como a pop-art brasileira, o abstracionismo geométrico, o expressionismo abstrato, etc. Entre os artistas em exposição estão: Alfredo Volpi, Amilcar de Castro, Andréia Las, Bia Wouk, Cristina Mendes, Domicio Pedroso, Fernando Bini, Fernando Burjato, Fernando Velloso, Guilmar Silva, Helena Wong, Henrique Leo Fuhro, Leila Pugnaloni, Luiz Áquila, Marcus André, Mário Rubinski, Pietrina Checcacci, Samico, Sérgio Rabinovitz, Uiara Bartira, Werner Jehring.

 

A mostra apresenta ainda uma sala especial com pinturas de Osmar Chromiec – importante artista para a história da arte paranaense – e uma série de esboços e estudos de obras, recentemente doados ao museu.

 

Na exposição “Alumbramento”, Luis Lopes abre mão do figurativismo e faz da luz corpo e espírito. Pinta a memória e para isso se vale da sombra para prestigiar a luz. Sua pintura se apresenta de imediato, mas não se entrega por inteiro à primeira vista em sua narrativa poética. Há uma dança de cores a ser desvendada.

 

 

Até 12 de junho.

Na galeria do IBEU

A Galeria de Arte IBEU, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, duas exposições individuais simultâneas das artistas Leandra Lambert e Mari Fraga: “Passagens Atlânticas” e “Tempo Fóssil”, com curadoria de Cesar Kiraly e Michelle Sommer, respectivamente. As artistas foram selecionadas através do edital do Programa de Exposições Ibeu 2016/2017.

 

Em sua segunda individual, “Passagens Atlânticas”, Leandra Lambert apresenta fotografias da série “Entremundos (pelo olho do bicho)”, uma composição sonora e objetos poéticos como as “Luvas de Areia” e a “Gargantilha de pedras portuguesas, asfalto, monóxido de carbono e engasgos”, relacionados à experiência de suas três Atlânticas: a avenida, em Copacabana, a mata e o oceano.

 

A exposição relaciona diversas concepções do termo “passagem” a esse universo: a passagem dos corpos pelos ambientes, o transitório, a passagem do tempo; a noção de passagem literária, passagens entre ficção e história; a passagem de um estado a outro, de uma matéria a outra, transformação; lugar de transição e devir, espaço do que antecede o desconhecido.

 

A galeria apresenta, no mesmo período, a exposição individual “Tempo Fóssil”, da artista Mari Fraga, com curadoria de Michelle Sommer. A partir de uma pesquisa sobre o elemento Carbono, a artista atravessou diversos materiais – nanquim, grafite e carvão – para recentemente se debruçar sobre a energia e os materiais fósseis, como petróleo, asfalto, carvão mineral e gás natural. “O trabalho acabou por adentrar a esfera da política a partir de uma trajetória de investigação da matéria”, conta a artista.

 

A exposição exibirá o vídeo “63 Perfurações”, de 2015. Neste trabalho é observada uma sessão de acupuntura sobre um mapa mundi marcado nas costas da artista por exposição à luz solar. Inédito no Brasil, “63 Perfurações” foi exibido na SU Gallery Konstfack, galeria em Estocolmo, Suécia, em 2015. A distância radical entre as escalas do humano e do planeta desafia nossa percepção de espaço e tempo, temática que é explorada nas obras “Cálculos para Acupuntura Planetária”, de 2015 e na escultura inédita “Fosso Fóssil”. Por fim, a escultura também inédita “Gerações” marca o encontro entre uma madeira nova e uma pedra de carvão mineral – resquícios de florestas que ocuparam o planeta Terra há milhões de anos.

 

No seu processo artístico, Mari Fraga desenterra fragmentos de petróleo, betume, carvão mineral, madeira sedimentada, sal. Molda, então, a matéria que estava escondida sob a terra como as raízes das árvores. Da matéria fóssil, unidas entre si pela presença do elemento químico Carbono, emerge  plasticidade, em suas distintas temporalidades. O Carbono é o nó poético – com cor, rugosidade, textura e crítica – que está contido na escala fractal das obras, em sua maioria inéditas, de Tempo Fóssil”, diz a curadora  Michelle Sommer no texto de apresentação da mostra.

 

 

 

Sobre as artistas

 

Leandra Lambert – É artista multimídia em atividade desde 2009 e compositora-performer em música eletrônica/experimental desde o início dos anos 90. Participou de exposições e eventos no Brasil, EUA, França, Chile, Cuba, Noruega e Rússia. Sua primeira exposição individual foi “Danças Atlânticas”, no CCJF, Rio de Janeiro. Doutoranda em Artes, em co-tutela UERJ / Paris 1 Panthéon-Sorbonne.

 

Mari Fraga – É artista e pesquisadora. A ação humana na natureza é o foco de sua prática recente, que problematiza as fronteiras entre o natural e o artificial. Doutoranda em artes pelo PPGArtes UERJ, desde 2012 é editora da Revista Carbono, publicação online que propõe diálogos entre pesquisas artísticas e científicas. Foi curadora dos Encontros Carbônicos, em 2014 e 2015.

 

 

Até 20 de maio.

Lugar perdido da memória

08/abr

Gabriel Wickbold Studio & Gallery, Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, expõe 32 obras da fotógrafa sérvia Isidora Gajic na mostra “Teias e Tramas”, com curadoria de Miguel Rio Branco. Em suas fotoso tempo é o fio condutor, a conexão entre os elementos e suas construções.. Nesta série, a escrita e as imagens, juntas, criam outros entendimentos, composições fluídas além da descrição, atingindo outra densidade. Na poética presente, o mar vira lâmina de chumbo, a neve transforma-se em luz celestial, permitindo que as portas da imaginação se abram para outras dimensões, além do que consideramos realidade.

 

Em  “Teias e Tramas”, o tempo e suas conexões com os elementos, suas construções, criam ficções e fricções: em ritmos suaves quase melódicos, porém com uma densidade dramática. “Na criação fotográfica atual existem equívocos primários, que limitam a nossa alma, que tentam nos levar a um mundo medíocre de selfies”, conceitua Isidora.

 

Histórias pessoais são o formato favorito do trabalho de Isidora Gajic. Ela transforma sentimentos e relacionamentos em fotografias. Usando imagens como uma forma de poesia visual, que desfoca autobiografia e ficção, ela cria livros artesanais, colagens, e diálogos visuais com imagens. Nas obras da artista, os conceitos básicos que se espera de uma fotografia: onde? Quando? O que é? Não são mais necessárias: a leitura é outra, a emoção prende e leva a um lugar perdido da memória, lugar sem referências. Segundo a fotógrafa, “se tentarmos ver nas imagens aqui construídas em grupos, apenas documentos do que ocorreu, estaremos nos diminuindo, caindo no erro das multidões que nem sequer vivenciar o presente sabem mais, apenas o captam para, congelado, servir de troféu”, diz a artista.

 

Sobre seu trabalho, o curador Rubens Fernandes Junior diz: “Isidora Gajic faz suas primeiras incursões em seu arquivo e por sua vez reúne algumas pulsões que provocam sensações diversas. Sua imagens – neve, teias de aranha, tramas irregulares, águas em movimentos aleatórios, entre outras situações – são provocativas. Em quase todas elas encontramos aquilo que o poeta russo Vladmir Maiakowski chamou de “fendas do acaso”, ou seja, situações visuais que promovem não apenas associações e situações inesperadas, mas também, distintas possibilidades poéticas e perceptivas”.

 

Seu colega curador e fotógrafo conceituado, Miguel Rio Branco, sintetiza: “A obviedade dos conceitos que são algo por demais presentes na arte contemporânea, algo que facilita a pseudo compreensão dos objetos de arte, não se encontram aqui: temos sim, caminhos abertos a várias interpretações que é a base da verdadeira poesia”. A coordenação é de Gabriel Wickbold.

 

 

Até 13 de maio.

SP-Arte

06/abr

A 12ª SP-Arte sedimentou seu lugar como uma das mais importantes feiras da América do Sul, trazendo neste ano cerca de 120 galerias ao deslumbrante Pavilhão da Bienal desenhado por Oscar Niemeyer no Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP.

 

A Feira reúne mais de 120 das principais galerias de arte do Brasil e do mundo, além do novo setor dedicado ao Design e a continuidade de projetos curatoriais consagrados.

 

Chegou a semana das artes mais badalada do ano. Em paralelo, diversas galerias e museus da cidade inauguram exposições e promovem eventos que tornam o calendário artístico da cidade ainda mais agitado.

 

A feira começa na quinta-feira , dia 07,  e vai até 10 de abril. De visitas noturnas a apresentações de performances, o evento também inspira uma movimentada agenda pela capital.

Seminário Internacional

O “Seminário Internacional Cidade em Transe”, que terá a participação de artistas, fotógrafos, curadores, geógrafos, assistentes sociais, historiadores, entre outros profissionais, o seminário discutirá a cidade sob diferentes perspectivas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Salão de exposições 2.3 – segundo anda, nos dias 06 e 07 de abril. A organização é de Laura Burocco e MAM Rio com o patrocínio da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, através da Superintendência de Museus. O seminário apresentará ainda diálogos estabelecidos por alguns artistas em diferentes cidades onde tiveram ocasião de trabalhar, com uma atenção especial à cidade do Rio de Janeiro.

 

O seminário terá a participação dos artistas Pablo Ares, Guga Ferraz e Pedro Victor Brandão, do fotógrafo Mauricio Hora, do historiador Claudio de Paula Honorato, da curadora Beatriz Lemos, da assistente social Evelyn Serra Parente, entre outros.

 

“Perspectivas desafiadoras sobre a questão urbana, para além da esfera acadêmica, têm surgido nos últimos anos em trabalhos de numerosos artistas. Essas práticas, que acabam se envolvendo na concepção e na espacialidade da vida urbana, criam um diálogo entre o material e o imaterial, o objetivo e o subjetivo, o sujeito e o objeto, as ideologias e as representações, procurando formas diferentes de comunicar a experiência urbana”, afirma Laura Burocco.

 

“A partir do entendimento do espaço que incorpora o quadro físico, e também o mental e o social, os trabalhos apresentam as próprias práticas de ocupação. Nesse sentido, interessa revelar a mútua interferência entre a cidade e o artista; o trabalho e o espectador; entre a realidade e sua representação”, diz Laura Burocco.

 

No dia da abertura do seminário, foi lançado o livro “Trajetória: cursos e eventos MAM Rio”, de Elizabeth Catoia Varela, curadora do Departamento de Documentação e Pesquisa MAM Rio. A publicação traz os cursos e eventos realizados pelo MAM Rio ao longo dos 67 anos de existência do museu, que tiveram grande importância no cenário artístico carioca e nacional. A documentação foi tratada e inventariada a fim de que sua divulgação reforce a missão do museu e também contribua para futuras pesquisas sobre o cenário cultural da cidade e do país.

 

Programa:

 
DIA 06 DE ABRIL DE 2016 – CIDADE MUNDO

 
14h – Abertura – Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand, presidente do MAM; Mariana Várzea, Superintendente de Museus, da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro; Elizabeth Catoia Varela, curadora do Departamento de Documentação e Pesquisa MAM; e Luiz Pizarro, artista plástico e curador de Educação do MAM.

 

14h20 – O território da cidade: um convite à ação • A cidade e suas transformações: Produção alienadora e indícios de insurgência, por Álvaro Ferreira; • Mapeamento coletivo: o uso de dispositivos gráficos para ativação de práticas colaborativas e relatos críticos sobre os territórios, pelo coletivo Iconoclasistas/ Pablo Ares.

 

16h30 – Diálogos entre Espaços Outros • A garantia de direitos das pessoas em situação de rua, por Evelyn Parente / Secretaria do Desenvolvimento Social do Rio de Janeiro • Cidade e estéticas marginais, por Stanley Vinicius • Apologia à bagunça: Rastros de contramemória na metrópole especulada, por Raphael Soifer.

 

 

DIA 07 DE ABRIL DE 2016 – CIDADE RIO  

 

14h – Práticas de Ocupação da Cidade • Arte e esfera pública. Arte como gatilho sensível para a produção de novos imaginários, por Brigida Campbell • Projeto Pedregulho: uma experiência de residência, por Beatriz Lemos • O projetor como ferramenta de ação direta, por Coletivo Projetação / Ernesto Fuentes Brito • Imagem e desvios na paisagem, por Pedro Victor Brandão • Arte-intervenção, suportes inusitados, diálogo com equipamentos urbanos e a gentrificação do grafite, por Mario Band’s.

 

 

16h40 – Entre realidade e representação: a região portuária do Rio de Janeiro • História, memória, patrimônio, escravidão e reparação na pequena África: O caso do cemitério dos Pretos Novos, por Claudio de Paula Honorato • Zona Imaginária, por Mauricio Hora • O Corpo do Processo, por Guga Ferraz.

 

 

17h30 – Debate | Encerramento Fernando Cocchiarale

 

 

Sobre os participantes:

 

Laura Burocco – Formada em Direito pela Universidade de Milão, tem especialização em Políticas Internacionais e Desenvolvimento pela Universidade de Roma; pós-graduação em Sociologia Urbana pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e um Master in Building Environment em Habitação pela Universidade de Witwatersrand WITS, de Johannesburg. Sua área de pesquisa: políticas urbanas e desenvolvimento, criatividade, vigilância, ações coletivas e cidadania insurgente, intervenções políticas em arte pública.

 

Álvaro Ferreira – É pesquisador 1D do CNPq. Tem graduação em geografia pela Uerj (1996), mestrado em Planejamento Urbano e Regional pelo IPPUR/UFRJ (1999) e doutorado em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (2003). Fez Pós-Doutoramento com o professor Horacio Capel na Universitat de Barcelona (2009). É professor do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e Professor Associado da Uerj.

 

Pablo Ares – Artista, designer gráfico e um dos fundadores do grupo Iconoclasistas. Desenha cartografias desde 2000 e criou diversos dispositivos gráficos e visuais apresentados em oficinas de mapeamento coletivo, realizadas na América Latina e na Europa. Com Iconoclasistas, participou de diversas mostras de arte em países como Espanha, Alemanha, Áustria, Estados Unidos, Chile, México, Brasil, Argentina, Líbano, Equador, Austrália, entre outros.

 

Evelyn Serra Parente – Assistente social formada pela UFF em 2002. Atualmente diretora do Centro Pop Barbara Calazans e do Centro Interprofissional de Apoio à Criança e ao Adolescente (Ciaca).

 

Stanley Vinicius – Formado em artes cênicas com habilitação em cenografia e indumentária pela Escola de Belas Artes/UFRJ. É mestre em aumstrategien – Arte em espaço público pela Kunsthochschule, Berlim. Desde 1991, vive na Alemanha, onde atua como cenógrafo e artista visual realizando trabalhos em artes cênicas, artes visuais e videoinstalação. Claudio de Paula Honorato – Mestre em História pelo PPH/UFF e doutorando em História pela PPGH/UNIRIO, é coordenador do Núcleo de Pesquisa do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos, coordenador do Curso de Pós-graduação Lato-sensu em História da África e professor de História da África da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Duque de Caxias – Feuduc. Atuou como consultor na elaboração do dossiê de candidatura do Cais do Valongo a Patrimônio da Humanidade para o Comitê Cientifico da Unesco e membro efetivo da Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil OAB/RJ.

 

Mauricio Hora – Nascido e criado no Morro da Providência, é fotógrafo de renome internacional, com mais de 20 anos dedicados à fotografia. Foi autor e fotógrafo do “Projeto Favelité”, que em 2006 cobriu as paredes da estação do metrô Luxemburgo, em Paris.

 

 
Guga Ferraz – Artista visual, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É graduado em escultura pela Escola de Belas Artes/UFRJ. A partir do ano 2000, passa a integrar o grupo “Atrocidades Maravilhosas”, realizando trabalhos de intervenção urbana na cidade do Rio de Janeiro. A intervenção é o meio mais utilizado pelo artista, questionando temas como a violência urbana, as relações entre indivíduo e cidade e a própria cidade como lugar.

 

Raphael Soifer – Performer e pesquisador norte-americano, radicado no Brasil desde 2007. Seu trabalho tem como foco a vida social e política das ruas, as estéticas de poder, a memória incorporada e a interatividade urbana. Suas performances incluem “Tradição é aquilo que diz que não acaba nunca” (2015); “Pesquisas lapianas: Pombagiras” (2011); e “Cada um no seu quadrado” (2010), explorações da crescente privatização e militarização do espaço público carioca.

 

Pedro Victor Brandão – Artista visual, trabalha com fotografia, performance e práticas sociais. É graduado em Fotografia pela Universidade Estácio de Sá (2007-2009) e atendeu aos cursos livres da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (2005-2010 e 2015). Desenvolve séries de trabalhos considerando diferentes paisagens políticas em pesquisas sobre economia, direito à cidade, cibernética social e a atual natureza manipulável da imagem técnica.

 

Mario Band´s – Formado em comunicação social, publicidade e propaganda, foi estudante da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. É um comunicador, arte-educador e grafiteiro. Artista interventor urbano com obras marcadas pelo intenso uso da geometria e precisão no trabalho com luz, sombras e cores.

 

 
Brígida Campbell – Artista, pesquisadora e professora do curso de graduação em artes vsuais da Escola de Belas Artes da UFMG. Doutoranda em artes visuais na Escola de Comunicações e Artes da USP. Mestre em Arte e Tecnologia da Imagem pela EBA-UFMG.

 

Beatriz Lemos – Mestre em História Social da Cultura (PUC-Rio). Em colaboração com o MAM/Rio, coordenou o projeto de catalogação dos documentos e da obra de Márcia X (1959-2005). Atua como curadora especializada em artes e redes digitais. Durante o primeiro semestre de 2015, realizou a etapa de pesquisa Lastro pela América Central, viajando com 12 artistas e três curadores brasileiros, entre Panamá, Costa Rica, Guatemala e México. Desde setembro de 2015, integra o programa Curador Visitante da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, que desenvolve para a Biblioteca e Centro de Documentação e Pesquisa.

 

Coletivo Projetação – O Projetação é um coletivo autônomo de mídia-ativismo que luta pela democratização da cultura e dos meios de comunicação. Tendo o projetor como ferramenta e acreditando na força da ação direta, o grupo usa qualquer superfície da cidade para gerar reflexão e produzir contra informação, mostrando uma realidade que não é vista nos grandes meios de comunicação. Ao participar de manifestações, organizar cineclubes e fazer outras ações audiovisuais, tem como objetivo: divulgar as pautas daqueles que lutam contra o machismo, o genocídio indígena, a criminalização da pobreza, a violência e o genocídio do povo negro e da favela, pelo direito à moradia, pelas causas LGBT e pelo fim da militarização da PM, por exemplo.