Viagem Astral na Marcia Barrozo do Amaral

31/out

Roberto Magalhães é a próxima exposição da Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. A mostra denomina-se “Viagem Astral”. Roberto Magalhães fala das imagens, da quantidade de imagens diferentes que costumam brotar initerruptamente em seu pensamento. De uma maneira inesgotável, segundo ele “…como uma torneira aberta no mundo, sem forma e sem tempo”. A série de desenhos inéditos que será apresentada, que reúne 30 trabalhos, foi iniciada no noroeste da Argentina e talvez, pelas circunstâncias vividas nessa região desértica e inóspita, muitos deles têm conotações místicas que parecem ressurgir de maneira simbólica de um passado experimentado há 40 anos, durante um período de introspecção e a descoberta do mundo interior do artista. Entre os desenhos místicos e espirituais, está a nave que manobra sobre a superfície de planetas e luas onde o artista pode então vislumbrar objetos pertencentes aos povos que ali habitam. São máquinas e aparelhagens de funcionamento desconhecido, medidores, monumentos, estruturas, cuja finalidade não é conhecida e que talvez sirvam apenas como sugestões da enorme quantidade de ideias que pretende futuramente concretizar no espaço tridimensional em que vivemos. Aparecem mapas, caminhos e roteiros dos mundos imaginários que visita. Em alguns desenhos são acrescentados textos, que, para o artista, é uma tentativa de mostrar com palavras que vai colhendo desordenadamente, frases explicativas  de que imagina e vislumbra.

 

 

O artista descreve seus trabalhos

 

“Nossa mente é mesmo surpreendente! E me deleito sempre quando viajo à bordo dela, com nossa capacidade de imaginar o que queremos, quando quisermos e do jeito que escolhemos”.

“São como ferramentas que me permitem construir o necessário para viajar com a mente, ou seja, módulos que reunidos me possibilitam compreender o que não vejo e proporcionar alguma coerência às referências que vou encontrando nesse vôo”.

“São como sínteses, clamores ou até mesmo êxtases proporcionados por essa imensidão impensável do invisível, que nos rodeia e interpenetra e do qual nunca teremos uma compreensão lógica e satisfatória”.

 

 

Sobre o artista:

 

Roberto Magalhães surgiu na cena artística brasileira no início da década de 1960. É um dos principais integrantes do grupo de jovens pintores que realizaram, no MAM-RIO, a exposição “Opinião 65”, iniciativa revolucionária por trazer uma nova linguagem visual para as artes plásticas no Brasil. Ganhou, em 1966, o cobiçado prêmio de viagem ao exterior no XV Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Fixou residência em Paris entre 1967 e 1969, desfrutando do prêmio recebido na IV Bienal de Paris e participou de exposições no exterior. Depois de oito anos sem expor – suas inquietações e questionamentos o tinham levado ao misticismo -, em 1975, Magalhães recomeçou sua vida artística, expondo e lecionando no Museu de Arte Moderna. Em variadas técnicas, Roberto Magalhães constrói uma longa trajetória, destacando-se como uma das referências nas artes plásticas no Brasil e consolidando-se no circuito internacional, incluindo entre os anos 1960 do século passado e 2013, passagens pela IV Bienal Internacional de Gravura; “Brazilian Art Today”/Royal Academy, Londres; VII Bienal Internacional de São Paulo; “Xilografia/Xilogravura”/Museu de Las Artes, Guadalajara, Mexico; “Retrospectiva”/MAM-RIO; “Roberto Magalhães – Pinturas, Dibujos y Grabados”/Museo de Arte Contemporáneo de Caracas Sofía Imber, Caracas, Venezuela;“Desenhos”/Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro, 2001; “Otrebor – A Outra Margem”/Caixa Cultural, Rio de Janeiro e Brasília; “Preto/Branco 1963-1966 – Xilogravuras e Desenhos”/Parque Lage, Rio de Janeiro e “Roberto Magalhães- Pinturas e Desenhos”/Art Museum of Beijing Fine Art, China, 2011.

 

De 12 de novembro a 02 de dezembro.

No Oi Futuro, Ipanema

30/out

A solidão, mesmo (ou principalmente) nos formigueiros humanos; o isolamento voluntário, a segregação social em guetos, a dissolução na grande paisagem são os temas que norteiam a exposição “Nenhuma Ilha”, de Elisa de Magalhães no Oi Futuro, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ.  A mostra – que tem curadoria de Marcelo Campos –  foi criada,  a partir de imagens captadas da janela da casa de Elisa de Magalhães, que, como uma ilha, observa o que se passa à sua volta. A exposição, começa no saguão do elevador que conduz à galeria. Ali, ouve-se a narração de um estranho diálogo travado por dois religiosos, inspirado em personagens criados a partir de ficções de Lewis Carroll (Alice através do espelho) e de Umberto Eco (A Ilha do dia anterior). A narração é supostamente feita por um personagem da dupla Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares. Esse diálogo, que atravessa tempos (são livros escritos com muitos anos de diferença), já anuncia a suspensão temporal que a exposição vai provocar no visitante.  É a obra sonora – Catedral -, recentemente apresentada no Mosteiro de Alcobaça, em Portugal, na exposição coletiva “ObraNome III”, com curadoria de Wagner Barja.

 

 


SEIS TRABALHOS

 

O primeiro trabalho, dos seis que compõem a exposição é o vídeo que batiza o conjunto, exibido no saguão do Oi Futuro Ipanema. Projetado em uma tela de 4 metros, foi produzido em 2010 a partir da janela de sua casa/atelier, em Santa Teresa. Usando uma potente lente zoom, Elisa filmou o tráfego carioca no início da noite – carros nos viadutos que margeiam a Baía de Guanabara, a alguns quilômetros de distância, que parecem andar em círculos, como brinquedos, em viadutos que não levam a lugar nenhum. A janela como posto de observação é personagem importante – desse seu posto, Elisa produziu ainda outros olhares. A instalação “Mar Aberto” apresenta duas fotos – semelhantes, mas feitas  em dias diferentes – da paisagem da cidade vista do alto. Parece um mar, com rasgos de luz. O livro O Mar, de John Banville, completa a obra. Já “Iluminações” é a foto feita de uma escadaria vazia, na comunidade dos Prazeres, em Santa Teresa, iluminada por um poste de luz. A distância e a pouca luz corrompem a imagem e transformam a paisagem em volta numa mancha azulada. O vídeo “Escrita” foi produzido a partir da leitura do conto de Jorge LuÍs Borges “A Escrita do Deus”. O monitor é instalado no chão da galeria, simulando um buraco onde está a própria Elisa, que olha para cima a cada vez que um personagem oculto abre a tampa desse lugar. No quinto trabalho, “A Vida dos Outros: Passagens”, a janela da artista volta a ser protagonista – produzido especialmente para o videowall com uma câmera equipada com um potente zoom, mostra o registro de escadas e passagens das comunidades em seu entorno, de dia  e de noite, com gente ou sem gente. Elisa transforma o vIdeowall numa espécie de tabuleiro, onde dia e noite se opõem nas telas, num sobe e desce de escadas que não termina nunca. O último trabalho, a foto “O Olho da Ilha”, funciona como uma espécie de marca visual da exposição – a foto de uma gota d’água caindo na superfície de uma piscina natural, que fica na vizinhança do estúdio. “E chamei de Olho da Ilha, por se tratar de uma ilha de água cercada de floresta por todos os lados”, explica.  “Elisa de Magalhães observa, de um ponto de vista insular, a janela de seu apartamento, o que acontece em seu entorno. Assim, faz do acontecimento comum, um advento do memorável. Aqui nos colocamos a questionar, quaisquer ações, quaisquer gestos são passíveis de narração?”- Marcelo Campos, curador.

 
 
Até 22 de dezembro.

Le Parc Lumière

24/out

Obras cinéticas de Julio Le Parc encontram-se em cartaz na Casa Daros, Botafogo, Rio de janeiro, RJ. Julio Le Parc nasceu em Mendoza, Argentina, em 1928. Em1958 mudou-se para Paris, onde vive até hoje. A turbulência política e social dos anos 1960 ofereceu um ambiente fértil para o desenvolvimento de uma obra ampla e variada, que lhe deu gradualmente reconhecimento internacional, como demonstra o prêmio que recebeu na Bienal de Veneza em1966. Nossa exposição na Casa Daros enfoca um dos aspectos mais importantes da obra do artista: sua preocupação com as alterações da luz. As peças na Coleção Daros Latinamerica, a maioria datada dos anos 1960, somam-se para formar uma grande sinfonia de luz em movimento. Ao lado de seus colegas do Groupe de Recherche d’Art Visuel (GRAV), nos anos 1960, Le Parc rompeu radicalmente com a convenção artística, ao rejeitar as imagens estáticas em favor de um dinamismo que coloca as obras de arte em fluxo constante, eliminando a possibilidade de pontos de vista fixos. O animado jogo de luz em suas obras transforma o espaço, ao dissolvê-lo e recriálo continuamente, tornando o espectador parte integral de uma Gesamtkunstwerk (obra de arte total). A substância material dos vários aparelhos e máquinas luminosas é transposta,de forma elegante e completa, para um plano imaterial. O artista estabelece um conjunto de condições básicas, mas as sobreposições e outras características dos fenômenos luminosos resultam do acaso. Essa abordagem aleatória gera constelações sempre novas e surpreendentes, que não podem ser totalmente captadas. Experimentar esses fugazes acontecimentos luminosos nos incentiva a refletir sobre a natureza instável da realidade e o curso irregular da própria vida, com todas as suas interrupções e mudanças.

 

 

As obras cinéticas de Le Parc resistem à interpretação em termos específicos. É essa a intenção do artista. Em um mundo em que tudo e todos são organizados — o que não deixa de ocorrer no reino supostamente livre da arte —, Le Parc oferece com suas obras cinéticas uma saída de nossa existência regimental, libertando os espectadores de seu estado de dependência, ao permitir que se tornem parte de uma experiência luminosa total. Buscando dar um maior grau de autodeterminação aos espectadores-participantes, Le Parc seria o último a lhes impor uma visão determinada: “O que importa é o que as pessoas veem, não o que alguém diz”. O caráter profundamente humano de sua obra e sua dimensão política estão no rigoroso repúdio a afirmações absolutas. Esta é uma arte livre e democrática, cheia de respeito pela humanidade, antiautoritária e avessa ao culto da genialidade. Le Parc expressou essas atitudes em seus numerosos manifestos artísticos e políticos. Mas Le Parc é também um mago único, com poderes irresistíveis. Com alegria e leveza, ele nos transporta para um universo caleidoscópico de luz que tremula, brilha, dança, salta e ondula, um reino de irresistível elegância e beleza, que exerce fascínio hipnótico. No jardim de luz encantado de Le Parc, tornamo-nos crianças de novo, absortos em nossos jogos, esquecidos do resto do mundo.

 

 

 

Sobre a Casa Daros

 

A Casa Daros é uma instituição da Daros Latinamerica, uma das mais abrangentes coleções dedicadas à arte contemporânea latino-americana, com sede em Zurique, Suíça. Daros Latinamerica conta com cerca de 1.200 obras, entre pinturas, fotografias, vídeos, esculturas e instalações, de mais de 117 artistas, e segue em expansão. A Casa Daros é um espaço de arte, educação e comunicação, que ocupa um casarão neoclássico do século XIX, preservado pelo Patrimônio da cidade do Rio de Janeiro. Projetado pelo arquiteto Francisco Joaquim Bethencourt da Silva (1831-1912), encontra-se em um terreno de mais de 12 mil metros quadrados, em Botafogo, Rio de Janeiro. O espaço apresenta exposições da Coleção Daros Latinamerica e tem forte foco em arte e educação – com diversas atividades para o público. Oferece, ainda, uma agenda de seminários e encontros com artistas no auditório, além da biblioteca especializada em arte latino-americana contemporânea, o Espaço de Documentação, o Espaço de Leitura com catálogos de exposições da coleção, restaurante/café e loja.

 

 

Até 23 de fevereiro de 2014.

Dia 24, Beatriz Milhazes, o catálogo

Ministério da Cultura, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, Banco Itaú Unibanco, Statoil, Base 7, Associação dos Amigos do Paço Imperial e o Centro Cultural Paço Imperial convidam para o lançamento do catálogo  da exposição “MEU BEM”, individual de Beatriz Milhazes, editado pela Base 7 Projetos Culturais, com textos do curador Frédéric Paul e registros fotográficos dos mais de 60 trabalhos da exposição. Na ocasião, terá um bate-papo com a artista e Lauro Cavalcanti, diretor da Instituição. A conversa acontecerá na Sala Academia dos Felizes, com capacidade para 80 pessoas. Senhas serão distribuídas para o público a partir das 17h.

 

 

Dia: 24 de outubro.

Velloso na Almacén/ Gávea

21/out

Estabelecido com um dos mais prestigiados artistas plásticos de Minas, Fernando Velloso volta ao Rio de Janeiro para mostrar “O Vermelho e o Negro”,  na Galeria Almacén, Shopping da Gávea, exposição individual com 25 obras em pintura acrílica sobre madeira e pintura automotiva sobre chapas de aço – e todas em vermelho e negro, como aponta o título, uma citação do clássico de Stendhal. A aparentemente dominante geometria das obras revela delicados desenhos e detalhes, inspirados na azulejaria luso-brasileira – “quem não conheceu uma casa no interior com azulejos hidráulicos, uma coisa tão nossa?”, pergunta ele.  As obras com acrílica sobre madeira de demolição incorporam relevos e detalhes originais das portas, tábuas, janelas.  Todas as peças têm dimensões variadas, e foram criadas em 2013, no atelier do artista em situado na mata que cerca Belo Horizonte, mais precisamente em Nova Lima. Fernando Velloso, que já expôs na unidade Barra da Almacén (e também, por duas vezes, na atual galeria ainda no tempo de Ana Maria Niemeyer), é artista exclusivo Almacén no Rio de Janeiro.

 

 

O ateliê e o palco

 

Há exatos 40 anos, o jovem belo-horizontino Fernando Velloso vivia uma grande mudança. Estava prestes a se formar em arquitetura pela UFMG, mas começava efetivamente uma carreira como artista plástico. A arquitetura, como profissão, ficaria para trás. “Talvez até a mesma força estranha que o tenha impelido a fazer o curso, a ponto de levá-lo até o fim, volta e meia se revele nas construções arquitetônicas de seus quadros”, diz ainda José Alberto Nemer em artigo sobre o artista. Nessas quatro décadas, Fernando Velloso vem trilhando diversos caminhos da linguagem artística – seus trabalhos, que podem ser vistos em uma linha do tempo no site do artista[2], mostram a exploração de suportes e técnicas variadas. “E me considero um pop caipira”, ele se diverte, mencionando em especial as criações casadas com o trabalho de cenografia, como no período do marcante patchwork do balé 21, do Grupo Corpo. Mas não de passagem – a cenografia é um campo onde sua expressão marcou época: foram oito cenários para o Grupo Corpo (incluindo, além do colorido 21, os tubos aéreos de Bach e as rosas gigantes de Nazareth), além de trabalhos para cinema (Tieta, de Cacá Dieges), televisão (Uma mulher vestida de sol, de Luiz Fernando Carvalho) e ópera (Les Doubles, Ópera Du Rhin, Strasbourg, Alemanha). Sobre essa dobradinha pintura-cenografia, “Fernando Velloso conserva em seu processo – e usando aqui um termo de Roland Barthes – um déplacement sémiologique, uma espécie de deslocamento para a linguagem artística de certos princípios que têm sua gênese na arquitetura. Basta ver com que fluência ele cria cenários para a dança e o cinema, enriquecendo o espaço cênico e reforçando no espetáculo seu poder de força criativa e coerência expressiva”, continua Nemer em seu artigo. E Velloso reforça: “na verdade,  eu sou mesmo é pintor e nunca me considerei cenógrafo, mas aprendi muito fazendo cenários – em termos de recursos, escala, proporção. O trabalho nos palcos não interferia na pintura – ao contrário, sempre acrescentou, enriqueceu meu vocabulário no ateliê. Mão dupla”. Nos elementos da obra de Fernando Velloso, já estiveram presentes recortes em metal, lona, folha de ouro, tecidos, chitas, palha, madeira, flores de pano, ready-mades como ex-votos e santinhos, fotografias familiares; evocações da barroca memória mineira, na intensa brasilidade da iconografia religiosa e popular, com dourados e cores explodindo nas telas. Também estão presentes na evolução estilística de Velloso a geometria e a sobriedade, nas formas e cores. “As heranças aqui parecem surgir de um olhar em direção a um momento de maturidade da arte brasileira: o concretismo, movimento da década de 1950 que busca a abstração”, escreveu em 2011 Katia Canton.

 

 

A galeria

 

A Almacén, galeria de Edson Thebaldi, está desde 1986 no CasaShopping da Barra da Tijuca;  expandiu-se e se estabeleceu em junho de 2013 no tradicional ponto onde funcionou de 1977 a 2012 a Galeria Anna Maria Niemeyer, no Shopping da Gávea; nesta unidade, Edson é sócio de Paulo Barros.

 

 

De 05 a 23 de novembro.

Estudos de Amilcar no IAC

17/out

Como resultado de uma pareceria entre o IAC, Instituto de Arte Contemporânea, Vila Mariana, São Paulo, SP, e o Instituto Amilcar de Castro, Nova Lima, MG, o público poderá ver pela primeira vez em exibição estudos de vários trabalhos que criaram o vocabulário do consagrado artista mineiro e obras realizadas do início ao final de sua trajetória em 2002.

 

Estudos em cartolina e uma série de cerca de 40 desenhos revelam o pensamento escultórico de Amilcar de Castro, bem como pequenas peças em aço inox para serem executadas em aço corten. Além deste grande núcleo que enfoca os processos do artista, a exposição, com curadoria de Rodrigo de Castro, se completa com cerca de 20 pinturas e cerca de 40 esculturas, obras realizadas durante os 40 anos de sua carreira (da década de 70 aos 2000). Há também um desenho, nunca apresentado ao público, anterior a este período, de 1947, época em que Amilcar de Castro convivia com Guignard, seu mestre.

 

A escultura de invenção formal e matriz construtiva, produzida por Amilcar de Castro, um dos líderes do movimento neoconcreto, evidencia o encontro íntimo entre o gesto e a matéria. Já suas telas revelam a força de seu desenho de origem gráfica, decorrente de sua trajetória na imprensa brasileira, de 1953 a 2002, na qual o artista fez história, ao renovar o visual de diversos veículos impressos. Amilcar de Castro costumava repetir que não era um pintor e sim um gráfico.

 

De 17 de outubro a 01 de fevereiro de 2014.

Ione Saldanha no MAM-Rio

16/out

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM-Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, mantém em cartaz a exposição ”Ione Saldanha: o tempo e a cor”, retrospectiva da artista. A exposição apresenta desde suas figuras e fachadas dos anos 1940 e 1950 até o amadurecimento do uso da cor passando pelas aproximações construtivas que inspiraram seu trabalho. A exposição “Ione Saldanha: o tempo e a cor” traz obras em suportes tradicionais e experimentais, lançando um olhar amplo sobre a trajetória da artista. As décadas de 1960 e 1980 ganham foco especial por tratar de períodos em que sua produção atingiu uma poética madura e particular, materializada pelo uso sensível da cor. A curadoria é de Luiz Camillo Osório.

 

 

Sobre a artista

 

Nascida em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 1919, Ione ainda criança viu a família envolvida no movimento de 1923, que marcou a história do estado pelo conflito entre chimangos e maragatos. Devido às ligações políticas, o pai da artista integrou o governo de Getúlio Vargas em 1930, o que determinou a ida da família para o Rio de Janeiro – cidade onde Ione Saldanha residiu até seu falecimento, em 2001. O flerte com a arte se deu desde cedo, através dos primeiros estudos com Pedro Corrêa de Araújo e das viagens a Florença e Paris. Durante os anos 1950 e 1960, seus trabalhos foram apreciados em diversas cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Santiago do Chile, Roma, Berna e Houston.

 

 

A palavra do curador

 

O início da trajetória de Ione Saldanha caracteriza-se por uma pintura figurativa, marcada por cores escuras, sombrias e interiorizadas. Voltada para cenas mais intimistas, via a pintura como crônica de uma experiência de mundo solitária e isolada.
Em meados da década de 1950 as fachadas vão se transformando em notações geométricas, que se são mais simples do ponto de vista da construção figurativa, são bem mais complexas no que diz respeito ao jogo rítmico de formas e cores. A pintura fica mais ventilada e o olho corre mais solto pela superfície da tela.
Entre o final da década de 1950 e meados da década seguinte, ela vai conquistando sua maioridade poética, seu estilo singular no qual descontração e vibração se complementam e se potencializam. Para isso ela faz uso de materiais precários, pedaços de ripa, bambus e bobinas, dando-lhes uma extraordinária pulsação lírica. A beleza é na sua obra uma afirmação singela do existir, um dizer sim à vida.
Luiz Camillo Osorio, curador

 

Até 10 de novembro.

 

A primavera no Fidalgo

15/out

“É necessário sair da ilha para ver a ilha,
não nos vemos se não nos saímos de nós” – José Saramago

 

Artur Fidalgo galeria, Rio de Janeiro, RJ, apresenta Suzana Queiroga com “Sobre ilhas e nuvens” e Daniel Tucci com “O que há de mais profundo no homem é a pele”, ambos em uma viagem fantástica e emocionante no coração de Copacabana! Suzana Queiroga, que também está em cartaz com a exposição “Olhos d’Água” no MAC-Niterói e com “Vida Secreta”, na vitrine da Travessa Ipanema, traz uma série inédita de pinturas, além de uma escultura e um vídeo. Sua narrativa, que paira no horizonte da melancolia, aborda com leveza a questão da transitoriedade. Daniel Tucci, que participou no mês passado da exposição “Em Obras”, com curadoria de Franz Manata, ocupa o Armazém Fidalgo e uma parte da galeria com uma instalação impactante sobre identidade.

 

 

Suzana Queiroga em “Sobre ilhas e nuvens”

 

Ela saiu em busca de ilhas desconhecidas e resolveu ter como guia as nuvens passageiras do céu. Uma missão que só poderia cair nas mãos de quem sabe sonhar. Explorou uma paleta de azuis profundos, violetados, cinzas azulados, chumbos esverdeados, rosas alaranjados. O tempo voa. Todos os tons que brilham dentro do infinito do céu, atravessam a pressão atmosférica e cortam a profundidade dos mares. O tempo escorre. Luz e vibração. Com sutileza e determinação, encontrou o que buscava. Nesse caminho solitário de quem se aventura na busca pelo desconhecido, Suzana Queiroga pintou a transitoriedade e o sublime. Revelou ilhas e nuvens que satélite nenhum seria capaz de registrar. Se na exposição do MAC, seu inflável suspenso no teto do museu tem o peso trágico da morte do pai, na galeria, as nuvens tem a leveza de quem aprendeu a contemplar a impermanência das coisas. Além de trazer esses tesouros, Queiroga mostra uma impressão na parede, singela e sutil, que durará somente o período da exposição. Apresenta também, pela primeira vez, desenhos e uma grande pintura.

 

 

Daniel Tucci em “O que há de mais profundo no homem é a pele”

 

Partes, camadas, relações, o impensado. Tudo é manifesto na superfície, como escreveu o filósofo francês Valéry em frase que dá título à instalação: “Ce qu’il y a de plus profond en l’homme, c’est la peau”. O tatuador e artista plástico Daniel Tucci apresenta uma instalação com mais de 500 autorretratos. Em um mergulho no conceito de identidade na pós-modernidade, Tucci se multiplica como a força de uma propaganda bolchevique. Não resgata uma ideia platônica de representação, nem benjaminiana da reprodução versus a aura do autêntico. Tucci revela o ser que se torna a partir da junção de camadas de diferenças, conflitos e dualidades. No centro da vitrine do Armazém Fidalgo, coberta por centenas de azulejos com seu autorretrato em vermelho (a imagem é de um autorretrato sobreposto sobre um lenço de papel usado para limpar tatuagem), está uma escultura da cabeça do artista composta por mais de 70 camadas de acrílico forradas por esses lenços. Conforme o visitante de aproxima da vitrine e se posiciona no centro, ele percebe a formação do rosto do artista. Dentro da galeria, um autorretrato de 200×150 cm, feito a partir da trama de papéis que ele usa para limpar tatuagens impõe sua presença. Ali também serão expostos um lenço com sua imagem em silkscreen e azulejos.

 

De 17 de outubro até 16 de novembro.

 

Kboco na SIM galeria

14/out

A SIM galeria, Curitiba, Paraná, apresenta trabalhos recentes de Kboco. A apresentação é de Felipe Scovino: “Nas recentes obras de Kboco nos deparamos com uma imagem fatiada, retomada e reinventada. Mas que imagem é essa? Qual é o signo que ela revela? São cidades que apresentam uma arquitetura em trânsito, um dinamismo frenético da urbanidade. São obras que não possuem apenas a visualidade da rua mas possuem o cheiro, as incongruências e belezas do nosso entorno.  Não há uma narrativa com começo, meio e fim, porque aliás não há fim. É uma obra em andamento. Nosso olhar se perde – pois não há um centro -, ele é multidirecionado e assim avistamos as inúmeras encruzilhadas, avenidas, ruas, prédios, casas, parques que compõem essas telas. Como uma planta baixa, suas pinturas sobrevoam uma cidade imaginária constituída por inúmeras referências, que variam desde fabulações a indícios de arabescos, torres, portais, pórticos e fachadas. Esta proximidade com a transformação da cidade e o contato com a arquitetura estão conectados desde o início da trajetória do artista. Suas pinturas murais realizadas em cidades com características e formações históricas e temporais tão distintas como Goiânia, Olinda e Porto Alegre auxiliaram na construção de um método muito próprio relacionado a sua percepção sobre o desenvolvimento da cidade, seus males e benefícios.

 

Ainda pensando no alargamento das influências ou diálogos que sua obra realiza, é interessante pensar não apenas nas relações (talvez já óbvias) que as obras de Jean-Michel Basquiat e Keith Haring tiveram não somente para a obra de Kboco mas para a transição entre uma produção artística realizada na rua e seu deslocamento para o cubo branco.

 

O trabalho especialmente produzido para a exposição cria uma associação com as suas telas e além disso, deslocando para a história da pintura, sua obra amplia o conceito de pintura de paisagem. Não seriam paisagens de ordem mimética, mas formas que ao mesmo tempo em que apontam a falência de uma representação figurativa, alcançam novos limites para a pintura. Em suas obras, a fragmentação do objeto leva-nos a duvidar sobre a realidade ou presença de um lugar, e aí surge a necessidade de reunir seus pedaços em uma unidade. Este discurso acerca da paisagem não tem mais ligação com um objeto do mundo natural, mas com a investigação a respeito das próprias circunstâncias que são mobilizadoras dessa transformação da paisagem”.

 

 

De 18 de outubro a 16 de novembro.

Gentil-Lagoa

11/out

A Galeria A Gentil Carioca Lá, Av. Epitácio Pessoa 1674, sala 401, Lagoa, Rio de Janeiro, RJ, promove “Diferentes olhares: inserção dos artistas brasileiros no
cenário global”, tendo como convidados Stefano Baia Curioni, vice-presidente ASK Research Center, Universidade Bocconi; Marcio Fainziliber, colecionador, Presidente do Conselho do MAR; Eliana Finkelstein, Fundadora da Galeria Vermelho, Presidente da ABACT; Marcio Botner, fundador da Galeria A Gentil Carioca , Membro do Comitê ABMB, vice-presidente do Parque Lage, tendo como moderador da mesa-redonda Elsa Ravazzolo, representante da América do Sul e Central do Jornal The Art Newspaper.

 

Data: 10 de Outubro, às 18:30h.