José Rufino na Casa França-Brasil

26/nov

Um gigantesco corpo de herói – 193 m³ -, construído a partir de memórias físicas, traços e materiais coletados, empreende na Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, uma odisseia particular, concebida pelo artista visual José Rufino, em cuja obra o passado e o presente se enfrentam permanentemente. O “Ulysses” de José Rufino ocupará todo o vão central do prédio da Casa França-Brasil. Seu corpo, impregnado de vivências, sentimentos e essências da cidade – cuja Baía de Guanabara se transforma, por comparação, na costa da Grécia por onde Ulysses viajou – é uma ponte entre os muitos passados e os futuros possíveis para um Rio ao mesmo tempo heroico e comum, eterno e presente no aqui e agora.

 

A baía de Guanabara se transforma na Grécia de Ulysses pelas mãos de José Rufino, artista contemporâneo que é também paleontólogo, e tem uma relação permanente com o passado. O convite da Casa França-Brasil levou-o a imaginar uma nova Odisseia, em que os traços do Rio – madeiras, pedras, ferros, concreto, conchas, cerâmicas etc. – são recombinados para compor o corpo do herói. A composição deste novo e monumental Ulysses demanda toda uma logística que começa com a coleta de materiais. Desde setembro, José Rufino tem vindo ao Rio para esse garimpo pessoal das memórias impressas nas matérias recicladas e reutilizadas, que carregam suas próprias memórias.

 

José Rufino começa seus trabalhos muitas vezes a partir do lugar que ocupará. Uma obra de tal magnitude não poderia ser elaborada sem testes muito rigorosos. O espaço ideal para a primeira fase de montagem foi conseguido através de uma parceria do artista com o Galpão Aplauso, espaço cultural e social que funciona no Santo Cristo, e que prepara jovens artistas para as várias facetas que compõem o mundo do espetáculo.

 

Até 17 de fevereiro de 2013.

Tiago Rivaldo no IBEU

23/nov

Chama-se “Eu e outros nós”, a exposição individual de Tiago Rivaldo, artista selecionado através do edital do Programa de Exposições Ibeu. A mostra, que acontece na Galeria de Arte Ibeu, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, obedece a curadoria de Eduardo Mosqueira.

 

Tiago Rivaldo apresenta nesta sua primeira mostra individual no Rio de Janeiro, “Eu e outros nós”, um conjunto de trabalhos dos últimos dez anos. Performances, ações urbanas, fotografias e vídeos circulam em torno da relação entre retrato e paisagem, identidade e território, pessoa e lugar, arte e artista.

 

Natural de Porto Alegre, RS,o artista vive no Rio de Janeiro há pouco mais de dez anos, durante os quais desenvolveu seus trabalhos em busca de uma reterritorialização. Em pequenas ficções, como personagem de si mesmo, o artista se desloca pelo cotidiano da cidade em busca de identificação exterior. É no outro que vai encontrar seu reflexo para desconhecer-se na ambiência do jogo e ser conduzido pela fragilidade das relações a zonas ainda mais inseguras.

 

Durante o período de exposição, o artista montará uma programação de ações a serem apresentadas aos domingos no calçadão da Praia de Copacabana, trecho próximo à Galeria Ibeu, entre as ruas Figueiredo de Magalhães e Santa Clara.

 

“Essa exposição “Eu e outros nós”, como toda mostra individual, é resultado de um tempo vivido pelo artista; mas, nesse caso, sobretudo, a exposição é resultado da maneira escolhida por Tiago para viver esses últimos 10 anos… Elaborando maneiras de investigar identidade (principalmente máquinas e propostas afetivas, conceituais e construtivas), Tiago buscou o encontro com o outro ou com a própria solidão. Em sua pesquisa, buscou formas de fundir o interior e o exterior da câmara escura como quem confunde objeto e tela, virtual e real, visual e tátil, observador e observado, retrato e paisagem. Criando imagem como quem cria encontros. Criando cor como quem faz caminho. Descobrindo ser como quem faz narrativas, como quem faz possível a vida e a própria vida” diz Eduardo Mosqueira.

 

Até 30 de novembro.

Coletivo na amarelonegro

13/nov

Moleculagem

A galeria amarelonegro Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “CAPUT X KAPUT”, realizada pelo Coletivo “MOLECULAGEM”. Em sua primeira exposição, o coletivo “MOLECULAGEM” apresenta na amarelonegro, série de trabalhos que exploram a relação contraditória e intrínseca entre criação e destruição. O antagonismo entre as palavras Caput (termo latino que significa cabeça) e Kaput (gíria alemã que significa destruído) sugere uma tensão que serve como ponto de partida no qual cinco cabeças, os artistas Alexandre Aranha, Bernardo Varela, Pablo Ribeiro, Pedro Conforti e Sol Galvão se inspiram para gerar experimentos visuais e sonoros.

 

De 13 de novembro a 07 de dezembro.

Nuno Ramos na Anita Schwartz

12/nov

Nuno Ramos inaugura na Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, a exposição “O globo da morte de tudo”. A mostra recebeu o mesmo nome de um trabalho de Nuno Ramos e Eduardo Climachauska, dois dos mais inventivos e múltiplos artistas da cena contemporânea, amigos e parceiros de filmes e de canções. Este trabalho ocupará todo o grande espaço térreo da galeria, com 200 metros quadrados de chão e pé direito de mais de sete metros. No segundo andar expositivo, Nuno Ramos mostrará cinco desenhos inéditos da série “Schreber”, em tinta a óleo, folhas de ouro e prata, carvão e tecido sobre papel.

 

“O globo da morte de tudo” é um projeto que vem sendo pensado há dois anos, a partir do ritual da dádiva, da oferenda, existente em sociedades primitivas. O grande salão térreo da galeria abrigará dois globos da morte, em aço, comprados de um circo, e colocados de tal forma que haverá uma interseção de cerca de 60cm entre eles, “formando um oito tombado, o símbolo do infinito”, como explica Nuno Ramos. Estes globos estarão conectados a quatro paredes de prateleiras de aço, com seis metros de altura, onde serão depositados mais de 1.500 objetos, comprados e coletados nos últimos seis meses. Esses objetos serão agrupados em quatro categorias: “Cerveja”, que conterá objetos da vida mais imediata e cotidiana; “Nanquim”, objetos associados à morte; “Porcelana”, objetos ligados ao luxo; e “Cerâmica”, ligado a coisas arcaicas e ancestrais. Cada um desses grupos será perpassado – “atravessado”, como explica Nuno –, por um líquido próprio de cada categoria: cerveja (vida imediata), tinta nanquim preta (morte), uma mistura de talco branco e água (luxo), e barro diluído (vida arcaica).

 

Algumas semanas depois da abertura da exposição, em um evento fechado ao público, dois profissionais de circo acionarão as motocicletas dentro dos globos da morte. Com o ruído provocado pelos motores e a trepidação, os objetos despencarão parcialmente das prateleiras e se espatifarão no chão. A exposição terá então dois momentos: o antes e o depois da performance das motos.

 

De 13 de novembro de 2012 a fevereiro de 2013.

Na Galeria Laura Marsiaj

10/nov

O pintor Alan Fontes exibe suas versões de casa e cidades ideais na Galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. O artista apresenta duas pesquisas em pintura: uma sobre a paisagem urbana (a série “A Cidade”) e outra sobre ambientes privados, interiores de ambientes domésticos (a série “A Casa”). Natural de Ponte Nova, MG, as duas séries foram iniciadas entre 2004 e 2005, essas pesquisas partem do universo pessoal do artista. A série “A Cidade”, é composta de paisagens urbanas cujo início ocorreu através da experiência de Alan fontes andar pela cidade e coletar imagens para a produção de pinturas que estética e simbolicamente falam dessa experiência de ver e viver na cidade.

 

As pinturas desta série apresentam uma cidade afetiva, uma visão mais poética do que documental.  A gama de cores frias e uma pintura que caminhava para uma desconstrução da forma refletiam de algum modo a maneira como ele se encaixava no mundo. Uma cidade concreta, vazia, onde a expectativa de vida observada secretamente nas casas era seu objeto de interesse.  Experiência análoga a um exercício de voyeurismo.

 

No espaço anexo da galeria, o artista mineiro expõe a obra “La Foule”, um projeto de uma instalação pictórica-sonora. O trabalho parte de uma relação poética com a música “La Foule”, de Edith Piaf, na qual uma metáfora entre o conceito de multidão e a narrativa de uma relação amorosa iniciada, vivida e findada num baile de carnaval é construída. A letra cria uma analogia entre uma história acontecida em um efêmero baile de carnaval para tratar da vida, do tempo, da impotência do homem em lidar com a imprevisibilidade dos acontecimentos.

 

 

A palavra do artista

 

“Observar a cidade do alto trazia de início uma experiência de deslocamento da paisagem, um afastamento reflexivo de onde o espectador consegue ver privilegiadamente a cidade. Ver a cidade por fora das casas e o que se encontra por dentro dos muros das casas. A ação de observar a cidade por cima permitia perceber a paisagem urbana, coletiva, pública e ao mesmo tempo micro paisagens onde cada indivíduo modifica e adapta o espaço às suas necessidades pessoais”.

 

“A casa nesse sentido representaria um auto-retrato em campo ampliado onde minhas questões pessoais e artísticas poderiam ser tratadas intrinsecamente. Falando inicialmente das imagens, comecei criando individualmente cada ambiente da casa. Cada cômodo possuía uma pintura principal em formato maior e os respectivos objetos e móveis reais pintados em cinza. Todo cômodo tinha uma referência principal que dava título à tela. Um artista, um filme ou uma personalidade dominante dentro do ambiente com coisas que eu tinha ou gostaria de ter. Também inclui imagens de trabalhos de artistas e obras que tenho como inspiração e por fim, me apropriava de tudo colocando em cada ambiente criado um auto-retrato”.

 

De 13 de novembro a 22 de dezembro

Jaildo Marinho na Pinakotheke Cultural

29/out

A Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Jaildo Marinho – Le Vide Oblique”, com obras produzidas nos últimos dez anos pelo artista nascido em Pernambuco, em 1970, e radicado na França desde 1993. A curadoria é de Max Perlingeiro. “Jaildo Marinho – Le Vide Oblique” foi apresentada em Paris, de março a junho deste ano, na Maison da América Latina, com curadoria do crítico de arte francês Jacques Leenhardt e do diretor da Pinakotheke Cultural, Max Perlingeiro.

 

Serão apresentadas 39 obras, dentre pinturas e esculturas, produzidas entre 2002 e 2012, algumas inéditas. Jaildo Marinho faz um permanente diálogo com o construtivismo. Suas esculturas, em mármore branco de Carrara e de Thassos, têm formas geométricas, algumas com a utilização da cor em tinta acrílica. As pinturas são em tinta acrílica sobre madeira e fio de algodão.

 

Na abertura da exposição será lançado um livro com a qualidade que marca a Editora Pinakotheke, com 157 páginas, trilíngue (português/inglês/francês), com textos do poeta Lêdo Ivo, do crítico de arte francês Jacques Leenhardt e do jornalista e escritor Mario Hélio Gomes, além do registro fotográfico das esculturas e pinturas realizadas nos últimos quinze anos.

 

Sobre o artista

 

Jaildo Marinho teve sua formação artística na Universidade Federal de Pernambuco.Viajou para Paris em 1993, onde trabalha e vive com a família. Em 1999, iniciou um trabalho como professor no ateliê de escultura e fundição da ADAC Ville de Paris. Na França, conheceu Carmelo ArdenQuin e passou a fazer parte do Grupo MADI. O reconhecimento pelo seu trabalho veio com o titulo de cidadão parisiense concedido pelo Governo francês em 2008.

 

Realizou exposições individuais nos seguintes espaços: Hungarian Academy of Sciences – Centre for Regional Studies, 2010; Fundação Joaquim Nabuco, Recife, Galeria Manuel Bandeira – ABL, Rio de Janeiro, 2008; Espaço Cultural Marcantonio Vilaça, Brasília, DF, 2007; Palais Omnisports de Paris Bercy, Paris, 2006; Casa do Brasil,  Espanha, Bibliothèque Historique de la Ville de Paris, ambas em 2004; Centre Culturel Franco-Brésilien, 1999 e 2003 e Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, 2002, entre outras.

 

As principais exposições coletivas foram no Musée d’Art et d’Histoire de la Ville de Cholet, França, Palais de Glacê, Buenos Aires, em 2011; Castel  dell’Ovo, Itália, 2010;  Conservatoire des Arts Plastiques de Montigny-le-Bretonneux e no Grand Palais, Maison de L’Amérique Latine, França; Spazio Arte Pisanello, Itália, 2008; Satoru Sato Art Museum, Japão, 2007; Moscow Museum of Contemporary Art, Moscou; Ludwig Museum,  Alemanha, Fondation Nationale des Arts Graphiques et Plastiques, França, em 2001, entre outros.

 

Recebeu os seguintes prêmios: Medalha de Ouro do Festival Internacional de Mahares, Tunísa, em 1995, e 3º Prêmio em escultura da Bienal de Malta, em 1999.

 

De 30 de outubro a 08 de dezembro.

Itabirito na Kunsthalle

Dando continuidade à série “Processos”, a KUNSTHALLE São Paulo, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta a primeira exposição individual de Ricardo Itabirito, com curadoria de Marina Coelho. Numa trajetória que se iniciou com o desenho industrial, o artista desenvolve seu trabalho dando ênfase ao processo de execução das obras, à relação com a matéria, ao ato de pintar, à gestualidade de cada pincelada e à escolha da paleta de cores. Tais questões são, para Itabirito, mais importantes do que a busca de um possível tema ou conteúdo conceitual. A KUNSTHALLE São Paulo, é um espaço dedicado à arte contemporânea. Abrigando exposições e projetos de artistas nacionais e internacionais, o espaço é caracterizado pela experimentação, formação de comunidade e criação de discussões em torno de temas atuais da sociedade e da arte contemporânea. Este conceito democrático busca proporcionar um ambiente informal, na tentativa de eliminar as hierarquias existentes nas relações entre artista, curador e público.

 

As obras de Itabirito apresentam figuras sem fundo, que rompem com o raciocínio renascentista, no qual se desenha delimitando com contornos, demarcando volumes, pensando na perspectiva e no fundo. Fundamental para o artista alcançar essa primitividade foi encontrar no suporte do papel a solução para a inexistência do fundo, pois, diferentemente de uma tela não pintada, que talvez tenha a conotação de uma obra inacabada, o papel em branco é um signo diferente que possibilita essa experiência. Os papéis estão fixados em bases de madeira apoiadas diretamente no chão, o que confere às obras uma presença volumétrica equivalente à de um corpo humano.

 

Para Itabirito o pintar e o repintar, com centenas de pinceladas, imprimem em suas obras uma força, uma presença energética, que podem ser visualizadas em cada uma de suas figuras. Apresentadas em escala humana, estas não têm rostos, olhos nem bocas, pois não estão ali para representar alguém, uma identidade, mas para tocar em questões universais da condição humana, questionar a representação do ser e, principalmente, criar uma comunicação que se dá através da sensação, e não pela palavra.

 

Até 07 de novembro de 2012.

Nove no CCBB-SP

26/out

O Centro Cultural Banco do Brasil, Centro, São Paulo, SP, apresenta “Planos de Fuga – uma exposição em obras”. Com curadoria de Rodrigo Moura, de Inhotim, e Jochen Volz, de Inhotim e curador-chefe da Serpentine Gallery, de Londres, a mostra apresenta trabalhos que dialogam com a arquitetura do prédio do CCBB-SP, incluindo instalações site-specific.

A mostra reúne trabalhos de nove artistas contemporâneos: Carla Zaccagnini, Cildo Meireles, Cristiano Rennó, Gabriel Sierra, Marcius Galan, Mauro Restiffe, Renata Lucas, Rivane Neuenschwander e Sara Ramo. Também estão na exposição obras de três artistas históricos: a suíça radicada no Brasil Claudia Andujar  e os americanos Gordon Matta-Clark e Robert Kinmont. As obras de Cildo Meireles e Rivane Neuenschwander são inéditas no Brasil.

 

Segundo os curadores “Planos de fuga é uma tentativa de se imaginar uma exposição como ato coletivo, no sentido que esta ocupação temporária específica do edifício gera uma co-habitação planejada, composta de múltiplas combinações. As obras do núcleo histórico entram como notas de referência, aludindo a estados de ânimo, lugares e operações distantes fisica e temporalmente do nosso contexto, mas a fins a ele por espírito”.

 

Sobre as obras

 

Entre os trabalhos apresentados em “Planos de Fuga” estão seis instalações site-specific criadas especialmente para o CCBB-SP. É o caso de “Cortina”, de Cristiano Rennó, que ocupará o vão central do edifício com centenas de faixas de plástico translúcido, vermelhas e amarelas, afixadas no terceiro andar do prédio e suspensas no vão. Também a instalação de Sara Ramo, montada no antigo cofre do banco, no piso subsolo. A artista desenvolveu um labirinto – mental, físico e emocional – tendo entre as referências a caixa forte do Tio Patinhas, os canteiros de obras da construção civil e a mineração de metais preciosos.  O fotógrafo Mauro Restiffe foi convidado para documentar o processo de criação da mostra, assim como o momento anterior à sua chegada ao espaço e o entorno do CCBB-SP. O resultado será fixado em um livro finalizado logo após a abertura da mostra e lançado com a exposição já inaugurada, sendo ao mesmo tempo obra e catálogo.  Entre os destaques da exposição, “Ocasião”, de Cildo Meireles, projeto de 1974 que foi construído em 2004,  na Alemanha. Um grande espelho espião conecta dois quartos independentes. No primeiro, há uma bacia cheia de dinheiro e espelhos nas paredes, fazendo o espectador se confrontar com sua imagem e o monte acessível de dinheiro. A segunda sala está vazia e escura, com o espelho espião funcionando como uma janela para a primeira sala. “A Conversação”, de Rivane Neuenschwander, foi exibida em 2010 no New Museum, de Nova York. É inspirada no filme homônimo de Francis Ford Coppola, de 1974, no qual um especialista em escutas acredita que está sendo observado, e traz dispositivos de vigilância instalados em pontos estratégicos de um museu. No núcleo histórico de “Planos de Fuga”, um conjunto de obras de artistas que ajudaram a criar referência nas relações entre arte e lugar. De Gordon Matta-Clark veremos “Coat Closet”, obra de 1973, que pertence à coleção de Inhotim e será exibida pela primeira vez no Brasil. Repórter fotográfica nos anos 1960, Claudia Andujar apresenta o trabalho inédito “São Paulo Através do Carro”, no qual fotografou a cidade enquanto uma amiga dirigia. E do experimentalista Robert Kinmont, as séries “My Favorite Dirt Roads”, de 1969, uma seleção das estradas de terra favoritas do artista, e “8 Natural Handstands”, de 1969/2009, que combina fotografia, escultura e performance e fala da  relação romântica do artista com o meio e sua presença na paisagem da Califórnia, onde ele nasceu, cresceu e trabalha até hoje.

 

De 27 de outubro de 2012 a 6 de janeiro de 2013.

Miro no século XVII

25/out

A FASS, Vila Madalena, São Paulo, SP, galeria especializada em fotografias do início do século XX, além de cópias de época, ou vintage, apresenta “Miro – Um fotógrafo no século XVII”, exposição composta por onze trabalhos de Miro, releituras de  pinturas do século XVII, entre as quais, telas de Caravaggio.

 

São onze imagens que capturam por linguagem fotográfica obras renascentistas italianas, flamengas, francesas e espanholas, uma seleção que Miro utilizou como referência, para admirar a semelhança, atingida sem qualquer tipo de intervenção ou manipulação digital. As fotos, com tiragem de cinco, foram feitas em estúdio, apenas com os recursos à mão do fotógrafo na década de 1980: câmeras de grande formato e filmes positivos em placas de 4×5 polegadas.

 

As fotografias reunidas na mostra refletem um momento de introspecção do autor, às voltas com questões existenciais como a finitude e transitoriedade da vida, temas caros aos mestres daquele período.  Na versão de Miro, obas como “São Jerônimo”, de 1606, “São João Batista”, de 1604, e “Flagelação de Cristo”, de 1607, encantam e emocionam pela sensação de presença que exalam os personagens, os corpos que, vindos da pintura, parecem avançar em nossa direção reivindicando humanidade.

 

Nas naturezas mortas, essa procura obsessiva por um vislumbre da verossimilhança representada em telas de 400 anos atrás alcança um grau de expressividade que transcende a mera reprodução e gera uma nova mensagem.  Exemplos desse estilo recriados por Miro são as telas “Bodegon de Cocina”, de 1665, de Mateo Cerezo e “Bodegon e Paisagem”, atribuída a Juan Van Der Hamen y Léon.

 

Sobre o artista

 

Azemiro de Souza, o Miro, nasceu em 1949, na cidade de Bebedouro, SP. Foi laboratorista, assistente e nos anos 70 e 80 tornou-se um dos fotógrafos de publicidade e moda mais influentes do Brasil. Com um estilo influenciado pelas artes cênicas, pintura e cinema, Miro criou não só belos trabalhos fotográficos, mas tendências, além de dar cara a várias marcas. Sua busca quase obsessiva pela imagem precisa e fiel à sua imaginação moldou o mito criado em torno de sua obra. Em 2010 lançou o livro “Artesão da Luz”, pela Luste Editores.

 

 

Até 22 de dezembro.

Raul Mourão no MAM-Rio

O MAM-Rio, Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Tração Animal”, com obras recentes e inéditas de Raul Mourão, artista com projeção no cenário contemporâneo nacional. A curadoria é de Luiz Camillo Osório.

 

Primeira exposição individual de Raul Mourão no MAM Rio, “Tração Animal” apresenta em três espaços distintos um conjunto de dez esculturas cinéticas em grandes dimensões, o vídeo “Plano/Acaso” (3’52), de 2009, e uma instalação, feita especialmente para a mostra, composta por um conjunto de obras em pequenas dimensões em aço, e uma iluminação especial, que resulta em um jogo de luz e sombra. O título da mostra, “Tração Animal”, remete à ideia de conflito, de homem x máquina, arte x movimento.

 

Artista que incorpora em seu trabalho referências à arquitetura e à urbanidade, Raul Mourão vem, desde 2010, desenvolvendo uma série de obras cinéticas, que recentemente ganharam o espaço público. “Tração Animal” será dividida em três salas. Na primeira, “É proibido trepar”, estão dez esculturas cinéticas inéditas de grande porte feitas com tubos galvanizados e braçadeiras, da mesma série das obras expostas recentemente na Praça Tiradentes, no centro da cidade. Na “Sala sombra”, um conjunto de esculturas cinéticas de pequenas dimensões, iluminadas por minirrefletores, criam projeções em movimento nas paredes. Na terceira sala está o vídeo digital “Plano/Acaso” (HD1080, sem áudio, 3’38”), um plano-sequência em que um elevador desce lentamente cortando as lajes de um velho edifício garagem na Rua das Marrecas, no centro do Rio. O filme foi feito no amanhecer do dia 31 de outubro de 2009, com fotografia de David Pacheco, e foi exibido pela primeira vez na paralela da Bienal de 2010, com curadoria de Paulo Reis.

 

“Tração Animal apresenta um conjunto de obras recentes de Raul Mourão. A escultura sempre foi o seu ofício, mas as imagens e a rua empurravam o fazer escultórico e sua preocupação com o volume e a gravidade para a fluência da vida. Ela entra em sua obra não como tema, mas como energia que se infiltra no processo criativo, desdobrando o olhar curioso em estruturas cinéticas, em planos rítmicos, em sombras dançantes. O movimento dos balanços se desloca para os planos verticais do elevador e deste para o desenho misterioso de luz e sombra. É uma exposição em looping, tudo vai e volta em balanço: do físico ao virtual, do corpo à luz,da luz à sombra”, diz o curador Luiz Camillo Osorio.

 

 Sobre o artista

 

Raul Mourão nasceu no Rio de Janeiro, em 1967. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e expõe seus trabalhos desde 1991. Sua obra abrange a produção de desenhos, gravuras, pinturas, esculturas, vídeos, fotografias, textos, instalações e performances. Suas peças, construídas com diversos materiais, desenvolvem um vocabulário plástico com elementos da visualidade urbana deslocados de seu contexto usual. Entre eles há referências ao esporte, à arquitetura, aos botequins e à sinalização de obras públicas. A partir de 2010 sua série de esculturas cinéticas foi exibida nas exposições individuais: “Toque devagar”, Praça Tiradentes; “Processo”, Studio-X; “Homenagem ao cubo”, Lurixs Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro; “Balanço Geral”, no Atelier Subterrânea, Porto Alegre, RS; “Cuidado Quente”, na Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP; e “Chão, Parede e Gente”, na Galeria Lurixs, Rio de Janeiro. E também nas coletivas “Projetos (in)Provados”, na Caixa Cultural, Rio de Janeiro; “Ponto de Equilíbrio”, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP; “Mostra Paralela 2010”, no Liceu de Artes e Ofícios, São Paulo, SP; e “Travessias”, no Centro de Arte Bela Maré, Rio de Janeiro. Participou ainda, em 2012, das exposições coletivas “Gil 70”, Centro Cultural dos Correios, Rio de Janeiro; “Mostra Carioca”, MAM, Rio de Janeiro; “From the Margin to The Edge”, SomersetHouse, Londres; “This is Brazil! 1990-2012”, Palexco, La Coruña, Espanha e “Genealogias do Contemporâneo – Coleção Gilberto Chateaubriand”, no MAM-Rio.

 

Até 02 de dezembro.