Adriana Varejão no MAM-Rio

16/jan

Depois de levar mais de 60 mil pessoas ao MAM paulista, a aclamada mostra “Histórias às margens” – a primeira panorâmica da carreira de Adriana Varejão – desembarca no MAM-RIO, Centro, Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ. O curador Adriano Pedrosa assina a seleção de aproximadamente 40 obras concebidas pela artista nos últimos 21 anos, que ocupam o foyer e a sala monumental do museu. Em sua trajetória de pouco mais de duas décadas, a artista carioca construiu uma das mais sólidas carreiras entre os artistas de sua geração, com amplo reconhecimento no circuito internacional. Seus trabalhos integram o acervo de grandes museus e instituições mundiais, frequentam as páginas de cultura de prestigiosas publicações internacionais e já foram exibidos em quase 30 exposições individuais realizadas no Brasil e no exterior. A mostra, viaja em seguida para Buenos Aires, onde faz temporada no Malba – a primeira individual da artista na capital argentina – de 27 de março a 08 de junho de 2013.

 

“Histórias às margens” inclui peças nunca antes expostas no Rio de Janeiro, como as obras “O Sedutor”, emprestada pela Fundació “La Caixa” (Barcelona), e “Parede com Incisões à la Fontana”, homônima à pintura da mesma série leiloada no início de 2011, na Christie’s de Londres, além de cinco outras que não fizeram parte da mostra no MAM-SP: “Green sauna”, “Pérola imperfeita”, “Contingente” e “Canibal e nostálgica”.

 

A produção de Adriana Varejão é particularmente rica em referências. Uma das obras mais expressivas de sua trajetória, “Reflexo de sonhos no sonho de outro espelho” (Estudo sobre o Tiradentes de Pedro Américo), de 1998, é um exemplo disso. A instalação, composta por 21 pinturas, constitui uma releitura da pintura “Tiradentes Esquartejado”, de Pedro Américo (1843-1905). O trabalho foi feito para a Bienal Internacional de São Paulo daquele ano (que teve curadoria de Paulo Herkenhoff e segue sendo considerada uma das melhores bienais da história) e desde então nunca mais foi exibido – o que acontecerá agora, ao lado de duas obras da série “Extirpação do Mal”, que estiveram na Bienal de 1994.

 

Esse conjunto ilustra bem o conceito que Pedrosa formatou para a primeira mostra panorâmica da artista. “Histórias às margens”, na definição do curador, são “histórias marginais, muitas vezes esquecidas ou colocadas às margens pela história tradicional, sejam elas histórias do Brasil, de Portugal, da China, da arte, do Barroco, da colonização; histórias que Varejão pesquisa, resgata e entrecruza em suas pinturas”.

 

Bons exemplos desses diálogos estão nas peças preparadas especialmente para a exposição. Em uma delas, uma extensa pintura da Baía de Guanabara num estilo chinês, a artista retoma uma série começada em 1992, quando, impressionada pela influência da arte chinesa no barroco brasileiro, passou três meses no país asiático.

 

Foi também inspirada na cerâmica chinesa, especialmente na da dinastia Song (960-1279), que Varejão começou a se interessar pelas superfícies craqueladas. Efeito presente em muitas de suas fases e bastante visíveis no maior trabalho da mostra, o painel inédito “Carnívoras”, composto por 39 pinturas de um metro quadrado cada. A obra reproduz plantas carnívoras de diversas partes do mundo, pintadas em vermelho sobre telas cujas superfícies remetem à textura de azulejos.

 

Neste políptico, a artista retoma a poética de um trabalho realizado para o Panorama da Arte Brasileira, do próprio MAM-SP, em 2003, no qual criou azulejos decorados com plantas alucinógenas. Estas criações em cerâmica podem atualmente ser vistas, junto com outras obras de sua autoria, no pavilhão permanente que o Instituto de Arte Contemporânea de Inhotim, em Brumadinho, lhe dedicou.

 

Sobre a artista

 

O envolvimento real de Adriana Varejão com o universo das artes começou com os cursos que fez na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, em meados dos anos 80. Nessa época, a artista nascida em Ipanema (RJ), em 1964, ganha o prêmio do 9º Salão Nacional de Artes Plásticas.

 

Em 1988, ela realiza a primeira de muitas exposições individuais. Uma lista que inclui mostras na Holanda, Suécia, Inglaterra, EUA e Japão, e exposições marcantes como Chambre d’échos / Câmara de ecos, que estreou na Fondation Cartier de Paris, em 2005, e itinerou para Portugal e Espanha. Considerando as mostras coletivas mais importantes, a artista já participou de mais de cem exposições, entre elas as Bienais de São Paulo de 1994 e 1998, a de Johanesburgo (1995), de Liverpool (2000 e 2006), Sydney (2001), Praga (2003), Santa Fé (2004), MERCOSUL (2005), Bucareste (2008) e da de Istambul (2011).

 

Seu trabalho pode ser visto no Centro de Arte Contemporânea de Inhotim (Brumadinho, MG), onde têm um pavilhão permanente, e está em coleções como TateModern (Londres), Guggenheim (Nova York), Stedelijk Museum (Amsterdã) e Hara Museum (Tóquio). Além de ter a obra registrada em inúmeros catálogos, e em livros importantes sobre arte contemporânea, como Vitamin P e Fresh Cream (ambos da editora inglesa Phaidon) e Women Artists in the 20th and 21st Century (editora Taschen), Varejão é tema da monografia Entre Mares e Carnes, da editora Cobogó (2009). Mais recentemente, seu trabalho foi tema de um ensaio de oito páginas na edição de janeiro de 2012 da revista ArtForum, escrito por Carol Armstrong.

 

“Essa é uma pintura de espessuras. Aliás, de muitas dimensões da espessura. Compreender o corpo da pintura é também compreender a possível dor da pintura e não abdicar de sua sensualidade e de seus fantasmas. A espessura aqui compreende amplamente, não apenas a materialidade, mas também a densidade simbólica do discurso pictórico. A obra de Adriana Varejão é o exercício de uma intrincada cartografia que vai da China a Ouro Preto, entre a imagem de um portulano e os signos da pintura, do corpo à história. É uma coleta de significantes aparentemente dispersos, que recebem uma conexão dentro de uma lógica das cenas construídas pela artista numa teatralização da história.”

Paulo Herkenhoff (trecho de texto do catálogo da mostra “Pintura/Sutura”, 1996).

 

“Trazendo o Barroco para a cena contemporânea, Varejão repõe na ordem do dia uma pintura que não teme o artifício, a ilusão, o jogo delirante e sensual com a aparência”.  

Luiz Camillo Osório (texto do livro “Entre Carnes e Mares”2009, editora Cobogó).

 

“O espaço de representação pictórica proposto por Adriana Varejão visa a angariar o olhar plurívoco do espectador, que o teatro e o cinema costumeiramente exigem dele, a fim de que presencie imagens em movimento que correm à cata, num palco ou tela, duma performance discursiva. No entanto, no caso de Adriana, o processo de encenação torna de tal modo excessivo o peso simultâneo da imagem compósita, que leva esta a deslegitimar a exigência propriamente discursiva das encenações conduzidas pela sucessão temporal de imagens. Há narrativa nas telas de Adriana, embora nelas não haja discurso, no sentido linguístico da palavra.”

Silviano Santiago (do livro Entre Carnes e Mares).

 

 

De 16 de janeiro  a 10 de março.

Na Sala A Contemporânea | CCBB, RJ

14/jan

A Sala A Contemporânea do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, a individual “Zona Temporária”, da artista mineira Cinthia Marcelle, ganhadora dos prêmios Future Generation Art Prize, Ucrânia (2010), Annual Gasworks/TrAIN artist in residency, Inglaterra (2009), International Prize for Performance, Trento, Itália (2006) e V Mostra do Programa de Exposições, CCSP, Brasil (2005).

 

“Zona temporária” reúne dez vitrines de alumínio, de 220 x 150 x 25 cm, vedadas com papéis de cores variadas – branco, cinza, pardo, laranja, rosa, instaladas de forma não linear, ocupando os 150 metros quadrados deste espaço expositivo do CCBB. Individualmente intitulados “Temporário”, os trabalhos foram pensados para serem expostos em conjunto. Esta é a primeira vez que a artista realiza o projeto em sua totalidade.

 

Completa a mostra, centrada na ideia de crise e estagnação econômicas, o vídeo inédito “Automóvel”, de 2012, no qual “o ritmo cotidiano de uma via de trânsito se revela, subitamente, um trabalho de Sísifo”, descreve a artista. Na mitologia grega, Sísifo se tornou conhecido por executar um trabalho rotineiro e cansativo.

 

A inspiração de “Zona temporária” partiu da estética das vitrines provisoriamente desativadas de centros urbanos. O primeiro trabalho desta série data de 2011, mas a artista começou a fotografar fachadas temporárias em 2006, em Havana, quando esteve em Cuba para participar da bienal naquele ano. A partir daí, registrou vitrines cobertas em Londres, Nova York, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, sua cidade natal, onde vive e trabalha. As fotos funcionaram como arquivos e objetos de pesquisa.

 

Cinthia Marcelle quis deslocar e transformar esse gesto improvisado das ruas, uma paisagem urbana, para a galeria de arte, convertendo-o em aparência mais plástica, de geometria e cor. As vitrines são cobertas por camadas de papéis superpostos, presos por fitas adesivas camufladas, diferente do que acontece na ruas, onde não há essa estetização e pode-se ver as fitas. Os planos de papel construídos pela artista criam uma relação histórica com a pintura geométrica e o neoconcretismo. Os gestos nunca se repetem. Cada vitrine é única.

 

Sendo uma situação temporária, o material é de baixo custo, tal como nesta mostra. Cinthia Marcelle usa papel kraft, papel manilha, papelão etc, conforme eles são encontrados à venda, às vezes afetados pelo tempo. Ela descreve a colocação do papel como “um malabarismo”, pois a vitrine é fechada, e só através da porta de correr, a artista consegue estruturar as camadas desse material. Na sala de exposição, as peças, que têm luz fluorescente por dentro, viram uma espécie de barreira na relação com o espectador. Não se vê o que há dentro, em razão da opacidade do papel.

 

Sobre a artista

 

Cinthia Marcelle nasceu em Belo Horizonte, em 1974. É formada em Belas Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais. Entre as mostras de que participou destacam-se a do Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2005), a Bienal de Havana de 2006, Bienal de Lyon, França (2007), Panorama da Arte Brasileira, São Paulo e Madri (2007-2008), 29ª Bienal Internacional de São Paulo (2010), Pinchuk Art Center, Kiev, Ucrânia (2011), Tate Modern, Londres (2012), Trienal do New Museum (2012), Dundee Contemporary Art, Escócia (2012), “Prelúdio: O interior está no exterior”, Casa de Vidro, São Paulo, (2012). A produção da artista transita por linguagens diversas, como o desenho, a fotografia, o vídeo e a performance. De setembro a dezembro de 2012, teve individual com cinco de seus vídeos no projeto “High Line Art”, em Nova York.

 

De 15 de janeiro a 17 de fevereiro.

Presença de Rubens Mano

07/jan

 

Na exposição “corte e retenção”, em cartaz na Casa da Imagem, São Paulo, SP, Rubens Mano apresenta uma instalação no Beco do Pinto, 13 fotografias e um vídeo de curta duração. O material foi criado a partir de uma ação comandada pela prefeitura, que destruiu grande parte das caixas de madeira usadas para o transporte de hortifrutis no Ceasa, em São Paulo. A partir desse episódio, o artista aborda questões referentes às dinâmicas visíveis e e invisíveis presentes na produção do espaço físico da cidade.

 

A palavra de Guilherme Wisnik

 

Apropriando-se poeticamente dessas caixas como ready-mades urbanos, Rubens Mano cria uma grande montanha que obstaculiza a passagem. E se as pilhas originais, tal como vemos nas fotos, se escoravam em espaços estreitos de calçadas contra muros descascados, envolvendo postes e árvores, no Beco do Pinto o artista cria um volume profundo e impenetrável, e autônomo enquanto forma geométrica e cargas portantes. Assim, enquanto o corte no primeiro caso está associado à destruição e remoção das caixas, no segundo ele reaparece como interrupção de um fluxo através das mesmas caixas, em uma espécie de retorno simbólico do reprimido, para falar em termos psicanalíticos. Sendo o trabalho de arte uma ação física real, é como se a dinâmica de transformação de uma parte da cidade ativasse involuntariamente processos em outros locais, reaparecendo então como enigma, e sem deixar de trazer também, nela inscrita, uma componente de violência surda.

 

Quase no pé do antigo Colégio dos Jesuítas, o Beco do Pinto é uma das vielas íngremes construídas para conectar a colina histórica da cidade à baixada do rio Tamaduateí, onde se situa, significativamente, a primeira Zona Cerealista de São Paulo. Fechado por um portão, o Beco já está hoje interditado ao livre trânsito entre essas áreas, deixando de ser um espaço público. Assim, ao edificar uma rigorosa trama de caixas entre a antiga Casa no 1 da cidade e o Solar da Marquesa de Santos, Rubens Mano conecta discursivamente elos invisíveis da metrópole, ainda que na forma física de uma obstrução. Um bloqueio que também funciona como elemento de conexão.

 

Até 31 de maio.

Abre Alas 9

23/dez

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a 9ª edição do “Abre Alas”. O projeto nasceu ao final do primeiro ano de vida da galeria quando Marcio Botner, Laura Lima e Ernesto Neto, diretores do espaço, perceberam que tinham um tesouro em mãos: cerca de 200 portfólios recebidos de artistas de toda parte. Resolveram então aproveitar todo esse material em uma exposição que acontece desde 2005, próxima ao carnaval. Assim como o nome “Abre Alas” remete ao carro que inaugura o desfile das escolas de Samba, o projeto “Abre Alas” é uma exposição que abre espaço para jovens artistas de todo o Brasil. Com o tempo, a exposição passou a ser internacional. Ao longo desses 9 anos, mais de 100 novos nomes participaram do projeto que acaba funcionando como uma vitrine.

 

Sabendo da importância de dar continuidade ao projeto para sedimentar seu pensamento, Marcio Botner, Laura Lima e Ernesto Neto buscam incentivar a produção desses jovens artistas, abrindo oportunidades e contribuindo para uma potencialização das redes e trocas entre artistas, galerias, colecionadores e público. Desde 2010 dois curadores e um artista são convidados para realizar a seleção dos expositores,  esse ano fizeram parte do comitê de seleção, Daniela Castro e os artistas e professores João Modé e Alexandre Sá.

 

Participam da 9ª edição os artistas Bet Katona, Bruno Baptistelli, Bruno Senise, Camila Soato, Fábia Schnoor, Frederico Filippi, Gabriel Secchin, Gustavo Torezan, Ícaro Lira, Jaime Lauriano, Juan Parada, Leonardo Akio, Oscar Barbery, Patricio Gil Flood, Rafael Perpétuo, RG Faleiros e Silvio de Camilis Borges

 

Em 2011 foi realizado o primeiro concurso de fantasia durante abertura do Abre-Alas. Dando continuidade a essa ideia, o 3° concurso será na abertura do Abre-Alas, pois é quando a galeria convida a todos a se fantasiarem e desfilarem na encruzilhada em frente A Gentil Carioca. A melhor fantasia ganha o prêmio e a saudação de todos os artistas foliões.

 

De 26 de janeiro  a 16 de março.

Thiago Toes na Reserva+

18/dez

Thiago Toes

O artista plástico Thiago Toes realiza sua primeira exposição individual em terras cariocas. A mostra “Uma Luz que Nunca se Apaga” reúne cinco telas e três desenhos, e está em cartaz na galeria Reserva +, Copacabana, Rio de janeiro, RJ.

 

Entre as obras expostas e inéditas, está a pintura “Desejando Milagres”, uma tela geométrica com tinta acrílica e aquarela, que compõem grande parte de seus trabalhos. “Essa pintura tem tudo a ver com o título. Um milagre é uma forma de luz, de fazer isso acontecer. Quero despertar a fé nas pessoas, fazer com que elas acreditem em um bem maior”, afirma o artista.

 

É deste conceito que surgiu o nome da exposição, com a premissa de que deve sempre existir uma luz que nunca se apaga, que representa nossas esperanças. As cores presentes nas telas também transmitem essa ideia e falam por si só, como, por exemplo, as cores claras que representam espasmos de sonhos; as escuras refletem o universo interior; enquanto as quentes demonstram sentimentos. A paleta de cores estimula esse desejo de conforto, luz e busca por calmaria e reflexão interior.

 

Seus desenhos são marcados pelos traços geométricos, a arte abstrata, o cubismo e o surrealismo. Além de tudo, os trabalhos refletem poesias, como um salto no vazio, nos sonhos, no universo paralelo e particular do artista. Em grande parte dos desenhos, um personagem surge em meio às cores e cria então seu próprio habitat íntimo e excepcional. Mistérios e inquietudes são retratados através de cores gélidas, que em algumas ocasiões ganham um toque forte de vida, com tons de magenta, laranja, lilás, azul, branco e cinza.

 

Sobre o artista

 

Thiago Henrique, ou Toes, como é conhecido, descobriu o graffiti na adolescência e fez as primeiras experimentações aos 15 anos. Hoje faz parte da nova geração de grafiteiros de São Paulo, estado onde cresceu e mora.

 

O artista já realizou trabalhos em Miami (Projeto Wynwood Walls), Los Angeles e, junto com a dupla Osgemeos, realizou alguns trabalhos, como um mural para o festival Indie Hip Hop (Sesc). Em outubro de 2010 ganhou patrocínio da marca de roupas RVCA e foi o único artista da empresa a expor seu trabalho para o projeto Design For Humanity (Billabong). Em março de 2011, recebeu o convite para ser um dos artistas do festival Risadaria, com curadoria d’Osgemeos, e expos seu trabalho na Bienal de São Paulo.

 

A percepção de arte e a naturalidade com que lida com os tons e contrastes se encarregaram, com o tempo e com a sua vontade, de transpor os aspectos visuais do graffiti. Hoje e cada vez mais Thiago se dedica à pintura de telas com o uso de pincel, aquarela, pastel, óleo e até mesmo spray e látex.

 

Até 04 de janeiro de 2013.

Marcelo Moscheta | “Norte”

17/dez

Também no Paço Imperial, encontra-se em exibição “Norte”, individual do paulista Marcelo Moscheta, no térreo do prédio, sob curadoria de Daniela Name. São dez instalações, feitas a partir de sua viagem de três semanas ao Ártico, em 2011. Desde 2000, o artista cria instalações, desenhos e fotografias, identificando e recolhendo elementos da natureza de lugares remotos, para construir pensamentos sobre paisagem e memória.

 

Moscheta destaca a instalação “Atlântida”, pela associação com o continente perdido. O trabalho é inspirado na cidade-fantasma de Pyramiden, antigo polo soviético de mineração, onde só moram duas pessoas, que sobrevivem das expedições turísticas.

 

“Maré Vers.1.3” se compõe de uma máquina, criada por Moscheta, em que um motorredutor aciona o movimento vertical de três projetores, reproduzindo o vaivém das marés, enquanto a projeção na parede tenta, em vão, conciliar as três imagens em uma única linha do horizonte. É a vitória da natureza sobre as tentativas de apreensão e controle feitas tanto pela ciência quanto pela arte.

 

Em “A line in the Arctic #4”, dá-se outro duelo entre paisagem e natureza. Moscheta tentou traçar, com fita adesiva amarela, no chão coberto de gelo, as linhas do meridiano e do paralelo que passam por ali, nas direções norte, leste, sul e oeste.

 

As “Fotocromáticas” do Ártico têm origem na constatação de que há muito mais tons de branco na neve do que se pode supor. Outra relação imediata é o esforço que o olho faz para verter uma foto em preto e branco, imaginando uma paleta que possa colorir a paisagem.

 

“Miragem” fragmenta em 35 partes uma única imagem, em que o Moscheta retrata uma montanha gelada. A escala da natureza e a perda da noção de profundidade fazem com que a paisagem do Ártico pregue peças e iluda o viajante. As demais instalações são intituladas “Ilha Elephant”, “Notes from the cold”, “NY Alesund”, Driftwood” e “À deriva”.

 

Marcelo Moscheta é Mestre pela Universidade Estadual de Campinas. Participou de coletivas e individuais no Brasil e na Europa e tem obras incluídas nas coleções de museus brasileiros e belgas, além de coleções particulares nos EUA, na Itália, Rússia e em países latino-americanos. Suas últimas residências artísticas, antes do Ártico, foram o deserto de Atacama (Chile), a fronteira entre o Brasil e o Uruguai, as regiões de Galiza (Espanha) e Bretagne (França) e a floresta amazônica.

 

Até 17 de fevereiro de 2013.

Projeto de Acosta e Murgel

06/dez

Em mostra na Sala A Contemporânea do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ, os artistas Daniel Acosta (RS) e Daniel Murgel (RJ) unem-se, pela primeira vez, para um trabalho único. A exposição é um site specific e foi denominda pelos autores como “O sacrifício pela vida na guarita (Sacredfishyousystem)”.

 

O título da exposição recebeu uma tradução livre com a palavra sacrifício transformada em sacredfishyou – sagrado+peixe+você, em que YOU (você) pretende jogar o público para dentro do sistema. O desenvolvimento desta obra, site specific, começou, como conta Acosta, com o “re-conhecimento do trabalho de cada um, já que não nos conhecíamos antes do convite de Mauro Saraiva, programador da Sala“. A partir de então, visitaram os ateliês um do outro, conversaram sobre desenhos e projetos até chegarem a um único desenho. Ideias individuais foram cedendo espaço na direção do trabalho compartilhado, criando um título que indica um sistema em funcionamento.

 

São duas guaritas de isopor, suspensas em cantos opostos da sala. Dentro delas, muitas plantas e lâmpadas piscando constantemente como alarme. As plantas são irrigadas por um mecanismo que retira água de dois aquários com peixes, colocados sobre o piso, que são lentamente esvaziados por um sistema hidráulico. Com o tempo, os peixes ficam sem água. A vida das plantas significa a morte dos peixes. Entre as questões citadas por Acosta e Murgel, estão a de sistemas de segurança que nos prendem, cercam e isolam, as luzes que geram tensão, o mato crescendo nas guaritas e a ideia de “ruína”, como “o mote principal de desenvolvimento do trabalho”, segundo Acosta. Os artistas têm a presença expressiva da arquitetura em suas produções. Acosta trabalha mais com as questões artificiais da arquitetura, e Murgel, é influenciado pela arquitetura popular e seus materiais rústicos.

 

Sobre os artistas

 

Daniel Acosta nasceu em Rio Grande, RS, em 1965, vive e trabalha em Pelotas, RS.  Doutor em Arte pela ECA|USP, também é professor de escultura da Universidade Federal de Pelotas.  Seu trabalho busca a relação entre suas obras e outros elementos constitutivos do ambiente, como diz, “gerando consciência crítica sobre o que nos aborrece ou nos deixa felizes, nos encanta e mesmo nos define, já que, em nossos corpos ambulantes, nós também somos a cidade”.

 

Entre dezenas de individuais e coletivas, Acosta participou da Bienal Internacional de São Paulo de 2002, da Bienal do Mercosul de 1999, 2009 e 2011, e do Panorama de Arte Brasileira de 1997, no MAM-SP. Ele é do elenco da Galeria Casa Triângulo, SP, onde fez individuais em 1995, 2005, 2008 e 2010. Em ocasiões diversas, apresentou esculturas|mobiliários ou cabines|mobiliários para espaços urbanos. Entre elas “Riorotor”, Itaú Cultural|SP, “Kosmodrom”, Bienal do Mercosul de 2009, “Toporama”, permanentemente montada no foyer do Centro Cultural São Paulo desde 2010. Em 1997, Acosta teve livro sobre seu trabalho dentro da “Coleção Artistas da USP”, com  texto do crítico de arte Tadeu Chiarelli. Foi premiado em salões em Curitiba, Brasília, Salvador e Florianópolis.

 

Daniel Murgel nasceu em Niterói, RJ, em 1981. Vive e trabalha entre o Rio de Janeiro – terminando o bacharelato na EBA|UFRJ – e São Paulo. Filho e neto de arquitetos, Murgel reconhece a influência determinante da arquitetura em sua produção, com especial interesse na arquitetura popular, buscando, como diz, “poesia no ordinário e no feio”. Sua obra apresenta situações ligadas ao universo das ruínas urbanas, junto à presença da resistência da natureza em gramas que nascem em meio a calçadas. Este ano, o artista participou da coletiva “Espejos: en el camino al pais de las maravillas”, no Centro Cultural Haroldo Conti, em Buenos Aires, prédio que foi cativeiro de milhares de pessoas durante a ditadura na Argentina.

 

Murgel fez individuais nas galerias Laura Marsiaj e Mercedes Viegas (Rio de Janeiro, 2010 e 2008). Entre as coletivas destacam-se Novas aquisições de Gilberto Chateaubriand (MAM Rio, 2010), Arte in Loco (FUNCEB, Buenos Aires, 2009) e Museu Vazio (MAC-Niterói, 2007). Em 2010, foi premiado no Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte|Bolsa Pampulha e indicado ao Prêmio Marcantônio Vilaça. Participou de residências artísticas em Buenos Aires (El Aleph Arte), em 2009, e em Belo Horizonte, em 2010|2011 (Bolsa Pampulha). Possui obras nas coleções Gilberto Chateaubriand|MAM Rio e Banco do Nordeste do Brasil.

 

Esta é a quinta mostra da temporada 2012-2013 deste espaço que o CCBB RJ destinou, desde 2009, exclusivamente à arte contemporânea brasileira.  A programação, idealizada pelo produtor Mauro Saraiva, reúne artistas que exemplificam a produção ascendente, vinda de cidades do nordeste, sul e sudeste do país. Esse ano, a Sala A Contemporânea já apresentou as individuais de José Rufino (PB), da dupla estabelecida Gisela Motta e Leandro Lima (SP), do coletivo carioca OPAVIVARÁ! e do gaúcho Fernando Lindote. Depois da dupla inventada Daniel Acosta e Daniel Murgel, vêm Cinthia Marcelle (MG), Eduardo Berliner (RJ) e uma coletiva, sob curadoria da pernambucana Clarissa Diniz, em abril de 2013.

 

Até 06 de janeiro de 2013.

Exposição de Emmanuel Nassar

“Este Norte”, exposição individual de Emmanuel Nassar, sob curadoria de Felipe Scovino, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, apresenta cerca de 55 trabalhos – pintura sobre tela, papel e chapas metálicas, e fotografias – datados entre 1988 e 2012, exemplificando a multiplicidade de leituras da obra deste artista paraense, radicado em São Paulo.

 

O título da mostra tem as mesmas iniciais do nome do artista, E e N, letras que também aparecem em várias telas, simbolicamente como pontos cardeais. Nassar avalia a alegoria das iniciais como o E sendo referência ao indivíduo, seu nome Emmanuel, e o N, ao coletivo, de Nassar, dos seus antepassados. Também pode remeter a Este (leste) e Norte, os pontos geográficos, ou ainda a Efêmero e Natureza ou Eu e Nós, como sugere o artista.

 

Scovino centra a curadoria para além das referências a uma geometria popular, que seria uma associação rasa ao trabalho de Nassar, e chega a “…um elemento cínico, sarcástico e, em certa medida, violento”, como ele conceitua. Nele estão, segundo o curador, pensamentos estéticos originários de várias representações da cidade – a gambiarra, a rua e seus acidentes – a um repertório que inclui Mondrian e outros artistas.

 

“Este Norte” não é uma retrospectiva, mas um panorama de tempos distintos da produção do artista. Nos encontros dos dois, durante o último ano, o curador identificou um aspecto menos avaliado da obra de Nassar, que é a revelação de um elemento mais ácido, às vezes, violento, como na presença mãos e braços decepados, a linguagem da rua nas chapas metálicas, um rifle e indivíduos acorrentados. Até então, a crítica aproximou a obra de Nassar ao popular, em detrimento da consideração de um lado cínico de sua produção.

 

A seleção de obras de “Este Norte” “foge de um Brasil exótico, quente ou espetacular. Há uma miséria que reina no país e está sendo relatada na sua obra”, defende Scovino, que dá como exemplo o processo de escolha e produção das chapas metálicas. “É essa ‘sujeira’ que me interessa apresentar ao público com essa exposição”, define o curador.

 

Nassar argumenta que passou a juventude na ditadura militar brasileira e seu trabalho tem a cor e a liberdade vigiada, a geometria, mas inclui uma perversão que pode estar em uma geometria imperfeita, como em “Mãodrian, de 1995, que remete ao pintor Mondrian, mas é feito com retas tortas, tem uma tramela de arame e um prego amarrado para, supostamente, sustentar o retângulo.

 

Incorporar dificuldades, remendos e improvisos ao conceito do trabalho é um dos orgulhos do artista. E exemplifica: “Tela que não passa na porta do apartamento vira díptico; as chapas são módulos de 90x90cm, porque isso permite diferentes adaptações a espaços expositivos. Elas viajam muitas vezes sem embalagem e vão se arranhando, o que foi incluído no trabalho e levou o artista a soluções mais brutas, mais perversas.

 

Os suportes que Nassar usa – tela, fotografia, chapas metálicas – podem provocar um embaralhamento no espectador. A pintura está muito próxima da fotografia e a chapa pode vir a ser “tela”, quando recebe tinta. O artista explica que sua ideia de arte é a de tirar de um contexto e dar outro significado. As chapas metálicas, de restos de propaganda, fragmentos de superfícies pintadas descartadas, se juntam a outras concebidas por ele. Com o tempo, elas se desgastam e o espectador já não consegue mais distinguir o que é lixo e o que foi criado pelo artista. As fotos são pinturas fotografadas e apresentadas junto com as pinturas reais. A intenção é mesmo a de confundir o olhar do visitante. Nassar batizou uma fase de seu trabalho de “popcopiado”, para conceituar o trabalho de “mixagem, de apropriação”, diz ele, que considera “acadêmico” se autodenominar único, sem influência”. “Somos popcopiados”, alega.

 

A palavra do artista

 

Eu copio dos neoconcretistas, eu copio do pop americano, eu copio de todo mundo e crio uma coisa que está tão copiada, que ninguém vai poder dizer que não é minha. […] Sempre achei que o perigo era copiar de uma só fonte. Se eu copiar de muitas fontes, ninguém vai poder dizer que já viu isso antes. São popcopiados. Uma profusão de cópias, que confunde o original e se torna um novo original.

 

Sou um repetidor daquilo que eu faço, em todas as linguagens. Sempre estou fazendo o mesmo”, confessa o artista. Nassar diz “adorar a ideia de que as pessoas confundam a autoria de seus trabalhos. É a ideia de apropriação contaminada pela minha autoria” explica.

 

Na mostra, há pintura copiada de foto de Nassar e há foto dele a partir de sua pintura. É a cópia da cópia. Ele confessa gostar da ideia de confundir aquilo que foi feito por ele, aquilo que não foi feito por ele, mas que foi editado, trazido, unido pelo artista.   

 

Os suportes podem variar, mas Nassar nunca deixa de pensar como pintor. Ao mesmo tempo, ele não está refém do material da pintura. Há casos em que ele nem pega na tinta, mas na câmera fotográfica. Os trabalhos desta série ele intitula “pintura fotografada”.

 

Em vários momentos, Nassar equilibra cores dissonantes, como um verde fosforescente com cinza e preto. Há ainda a incidência de preto, cinza e chumbo no fundo da tela, que formam uma composição cromática distinta de outros pintores de sua geração. Há chapas autorais, outras são simplesmente apropriadas e algumas, interferidas por ele, que valoriza a economia de recursos e não considera errar nunca, porque sempre existe a recuperação e a reutilização.

 

Sobre o artista

 

Emmanuel Nassar nasceu em 1949, no Pará. Vive e trabalha em São Paulo. Começou a expor em 1979 e, a partir de então, fez dezenas de individuais no Brasil e em Lisboa, Berlim, Colônia e outras cidades alemãs, e Amsterdam. Nassar participou de várias Bienais internacionais, como a de São Paulo, do Mercosul, de Tijuana (México), Cuenca (Equador), Havana (Cuba) e Veneza. Ele tem obras nas coleções institucionais nacionais, como MAM Rio, MNBA, MAM SP, MAC USP, Itaú, Marcantonio Vilaça, MAMAM, e internacionais, como Patricia Phelps de Cisneros (NY-Caracas), Suermondt-Ludwig-Museum (Aachen, Alemanha), Aachen, Germany e Universidade de Essex – Collection of Latin American Art (Colchester, Inglaterra).

 

A mostra será acompanhada de catálogo bilíngue (português e inglês), de  84 páginas, com reprodução em cores dos trabalhos expostos e outros, e texto inédito do curador Felipe Scovino. A exposição “Este Norte”, de Emmanuel Nassar,é uma produção de Mauro Saraiva | Tisara Arte Contemporânea e foi contemplada pelo Pró Artes Visuais da Secretaria Municipal  de Cultura. Na abertura, sábado, 1º de dezembro, tem som de Bruno Queiros, Icaro dos Santos e Quito (Nuvem) e DJ Nepal, das 16 às 21h, e conversa do curador Felipe Scovino com o artista, às 17h.

 

Até 03 de fevereiro de 2013.

Henrique Oliveira no Rio

26/nov

Henrique Oliveira realiza a maior exposição individual de sua carreira, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Centro, Rio de Janeiro, RJ, sob curadoria da cientista social e historiadora de arte Vanda Klabin. São oito pinturas e cinco esculturas, datadas de 2008 a 2012, entre as quais algumas inéditas dentro e fora do país, emprestadas de coleções particulares e institucionais.A mostra será acompanhada de catálogo de 35 páginas, com reprodução de todos os trabalhos expostos e texto da curadora Vanda Klabin produzida por Mauro Saraiva | Tisara Arte Contemporânea.

 

As pinturas e esculturas de Henrique Oliveira, de dimensões arquitetônicas, têm despertado interesse internacional. Em janeiro de 2013, ele embarca para Paris, para uma residência de seis meses, que culminará com uma exposição individual, no Palais de Tokyo, na capital francesa.

 

Na sua produção, pintura e escultura não são expressões estanques. “O movimento da pintura está presente na escultura”, diz o artista. A curadora Vanda Klabin aponta certa paridade entre os dois meios: “Sua pintura, com vibrantes contrastes, harmonias dissonantes, grumos espessos e com alta voltagem cromática, tem uma conotação ambígua e é também transformada em linguagem tridimensional a desdobrar-se no espaço”.

 

Nas esculturas, Henrique Oliveira superpõe lascas de compensado flexível descartado, de tapumes de obras urbanas. Fixadas por parafusos, elas criam volumes. Em seguida, ele intervém com tinta acrílica diluída, quase aquarela, de maneira que a textura do material não mude.

 

Oliveira descreve seus trabalhos tridimensionais como a ampliação de uma textura, de um empasto de tinta a óleo, em alguns casos. Outros são “mais naturais, como tumores”, diz ele. Nos títulos que cria, essas formas aparecem compondo palavras infamiliares: Xilonoma, Xilempasto, inspiradas em consultas ao Atlas of Gross Pathology e a The New Atlas of Human Anatomy.

 

As pinturas se constituem de um misto de procedimentos. A tela é colocada no chão, Henrique joga a tinta e deixa escorrer, mas também usa a pincelada e a raspagem com espátula. Esses procedimentos não se fundem. Por isso, o resultado é semelhante a uma “colagem”, segundo ele. A profusão de cores não cria volumes. O relevo é o da própria tinta. A exposição foi contemplada pelo Pró Artes Visuais da Secretaria Municipal  de Cultura.

 

Sobre o artista

 

Mestre em Poéticas Visuais pela ECA-USP, Henrique tem um currículo de 17 individuais e 49 coletivas em cidades brasileiras e em Paris, Bruxelas, Linz [Áustria], Washington, Houston, Cleveland, New Orleans, Miami e Boulder [EUA], Brisbane [Austrália], Monterrey, Tijuana [México] e Buenos Aires, em pouco mais de uma década de carreira. O artista participou da Bienal Internacional de São Paulo de 2010, da Bienal do Mercosul e da de Monterrey, ambas em 2009. O artista é detentor dos prêmios APCA 2011 – Destaque do Ano, São Paulo; CNI SESI Marcantonio Vilaça 2009; Festival de Cultura Inglesa|Conselho Britânico, São Paulo; Projéteis FUNARTE de Arte Contemporânea 2006, RJ; Fiat Mostra Brasil 2006 e Visualidade Nascente | Centro Universitário Maria Antonia 2005, entre outros. Ganhou bolsas de residência e pesquisa de The Fountainhead Residency – Miami; do Smithsonian Institute – Washington DC; da Cité Internationale des Arts, Paris, e outras da FAPESP de mestrado e de iniciação científica. Com obras em coleções institucionais, como Pinacoteca Municipal,  Itaú, Museu de Afro-Brasil, Metrópolis [SP], MAC Rio Grande do Sul, MAM Rio e Gallery of Modern Arte de Brisbane, Henrique Oliveira, nascido em Ourinhos, SP, em 1973, vive e trabalha na capital paulista. Em 2004, ele se formou em Artes Plásticas pela ECA-USP e em Comunicação Social pela ESPM.

 

Na abertura, sábado, 01 de dezembro, tem som de Bruno Queiros, Icaro dos Santos e Quito (Nuvem) e DJ Nepal, das 16 às 21h, e conversa da curadora com o artista, às 16h.

 

De 01 de dezembro a 03 de fevereiro de 2013.

Mostra de Fernanda Gomes

A Galeria Laura Alvim, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, sob a curadoria do crítico Fernando Cocchiarale,  a exposição individual de Fernanda Gomes. Há mais de vinte anos, a artista  vem construindo uma obra singular, inclassificável dentro dos parâmetros tradicionais das artes visuais, com repercussão Brasil e no exterior. O trabalho de Fernanda Gomes é muito particular, diferente de tudo a que se está acostumado, mas seu currículo demonstra que ela é incensada mundo afora. Um exemplo: o Centre Pompidou (Beaubourg), Paris, acabou de adquirir uma obra da artista que em suas palavras, “dá importância ao que a maioria acha banal”.

 

Fernanda Gomes realizou mostras individuais e coletivas em quase todos os países da Europa, além dos Estados Unidos, México, Austrália, Nova Zelândia e Japão. Participou das bienais internacionais de São Paulo, 1994, Istambul, 1995, Sydney, 1998 e Veneza, 2003. Neste momento, participa da Bienal Internacional de São Paulo. Seu trabalho faz parte, entre outras, das coleções do Miami Art Museum, Tate Modern, Fundación/Colección Jumex, Vancouver Art Gallery, MAM-Rio e Museu Serralves, em Portugal, onde também desenvolveu escultura permanente para o parque do museu.

 

A palavra da artista

 

“Penso uma exposição como um momento preciso em uma atividade contínua, aberto para uma dimensão comum a todos. Inclui o lugar, em toda sua amplitude. O espaço da galeria é também lugar, território ao mesmo tempo mítico e familiar, Ipanema! Inclui a praia, a rua, a praça, o morro. Expande-se esta dimensão na experiência do encontro, em um espaço da cidade, para a cidade, com possibilidades infinitas e imprevisíveis.”

 

“Será uma exposição que parte mais de princípios do que de projetos, como me agrada fazer. Sem temas ou sistemas determinados, mas pensando também no desenho como início de tudo. Desenho: verbo e substantivo. Desenho que é também risco na superfície do mundo, ação e tempo, o inseto e seu trajeto e o vento na areia. Registro de vôo, mapas, cartas de navegação, marcas que tentamos apagar, nódoas nos tecidos, aquarelas da umidade dos dias, e o pó, terra, ferrugem! Ver as coisas, todas as coisas, em sua beleza. Desenho que é pensamento plástico essencial, vocabulário ancestral que cria outros roteiros para a imaginação. Todos desenhamos quando crianças. Porque tantos param de desenhar?”

 

Até 17 de fevereiro de 2013.