Exposição-relâmpago no centenário de Franco Terranova

14/mar

 

Será comemorado com uma grande exposição-relâmpago o centenário do lendário marchand e poeta Franco Terranova (1923-2013), que esteve à frente da Petite Galerie, inovador e fundamental espaço de arte carioca que movimentou o circuito brasileiro entre 1954 a 1988, lançando nomes hoje consagrados, incentivando artistas, e criando salões e prêmios. “Uma Visão da Arte – Centenário de Franco Terranova e o legado da Petite Galerie” ficará em cartaz na Danielian Galeria, na Gávea, Rio de Janeiro, entre 04 a 18 de março.  A curadoria é de Paola Terranova – a filha caçula dos quatro filhos de Franco e Rossella Terranova, a bailarina e coreógrafa com quem ele foi casado de 1962 até sua morte – que está à frente do acervo da Petite Galerie, em um espaço na Lapa. Ela conta que para esta exposição comemorativa foram restaurados mais de 80 trabalhos. “Franco Terranova era antes de tudo amigo dos artistas, um apaixonado pela arte, e pretendemos fazer uma exposição que retrate seu olhar ao mesmo tempo afiado e afetuoso”, diz. Além dos artistas, era constante a presença na Petite Galerie de intelectuais como Ferreira Gullar, Mario Pedrosa, Millôr Fernandes e Rubem Braga.  A exposição comemorativa terá mais de 150 obras, entre desenhos, gravuras, pinturas e esculturas, de mais de 70 artistas que participaram da programação da Petite Galerie. Franco Terranova completaria 100 anos, em 09 de março próximo.

 

No dia 16 de março, às 19h, será realizado um leilão em prol da manutenção do legado de Franco Terranova, apregoado por Walter Rezende, com apoio da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro, no site Iarremate –  https://www.iarremate.com.

 

Os artistas com obras na exposição comemorativa na Danielian Galeria são: Abelardo Zaluar (1924-1987), Adriano de Aquino (1946), Alexandre Dacosta (1959), Alfredo Volpi (1896-1988), Amélia Toledo (1926-2017), Angelo de Aquino (1945-2007), Angelo Hodick (1945), Anna Maria Maiolino (1942), Antenor Lago (1950), Antonio Henrique Amaral (1935-2015), Antonio Manuel (1947), Arthur Barrio (1945), Avatar Moraes (1933-2011), Carlos Scliar (1920-2001), Carlos Vergara (1941), Cristina Salgado (1957), Darel (1924-2017), Dileny Campos (1942), Dionísio del Santo (1925-1999), Edival Ramosa (1940- 2015), Eduardo Paolozzi (1924 – 2005), Emeric Marcier (1916-1990), Enéas Valle (1951), Enrico Baj (1924-2003), François Morellet (1926-2016), Frank Stella (1936), Frans Frajcberg  (1921-2017), Franz Weissmann (1911-2005), Gastão Manoel Henrique (1933), Glauco Rodrigues (1929- 2004), Iberê Camargo (1914-1994), Ivan Freitas (1932-2006), Hércules Barsotti (1914-2010), Jac Leirner (1961), José Resende (1945), Larry Rivers (1923-2002), Leda Catunda (1961), Lothar Charoux (1912-1987), Lucio Del Pezzo (1933-2020), Luiz Alphonsus (1948), Luiz Áquila (1943), Luiz Paulo Baravelli (1942), Luiz Pizarro (1958), Marcia Barrozo do Amaral,  Maria do Carmo Secco (1933-2013), Maria Leontina (1917-1984), Mestre Vitalino (1909-1963), Milton Dacosta (1915-1988), Mira Schendel (1919-2018), Mô (Moacyr)  Toledo (1953),  Monica Barki (1956), Myra Landau (1926-2018), Roberto Magalhães (1940), Roberto Moriconi (1932-1993), Roy Lichtenstein (1923-1997), Rubens Gerchman (1942-2008), Sepp Baendereck (1920-1988), Sérgio Camargo (1930-1990), Sérgio Romagnolo (1957), Serpa Coutinho, Tarsila do Amaral (1886-1973), Tino Stefanoni (1937-3017), Tuneu (1948), Victor Vasarely (1905-1997), Waldemar Cordeiro (1925-1973), Waltercio Caldas (1946), Wanda Pimentel (1943-2019), Willys de Castro (1926-1988), Yara Tupynambá (1932) e Yvaral (Jean Pierre Vasarely- 1934-2002).

A fronteira entre o pictórico e o escultórico

13/mar

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugura no dia 15 de março, às 19h, a exposição “Tempo-Matéria”, com aproximadamente 14 novas pinturas, inéditas, do artista carioca Dudu Garcia. Os trabalhos são da série “RA 143″, de 2023, nome que faz referência ao endereço do ateliê do artista, na zona portuária do Rio de Janeiro.

Criadas em um processo de acumulação de vários materiais sobre a tela – como reboco, pedra, cal encontrados no próprio ateliê, um galpão -, e depois escavados pelo artista, essas pinturas inéditas discutem a relação entre tempo e matéria, em sua primeira exibição individual na Anita Schwartz cuja exposição vai ocupar todo o espaço térreo do prédio.

Em seu processo de criação, em que os diversos materiais são aplicados em camadas sucessivas, e depois escavados, como em um sítio arqueológico, há considerável esforço físico do artista, em um trabalho corporal intrínseco. As pinturas de Dudu Garcia situam-se na fronteira do ato escultórico. “Esses trabalhos sofrem muita ação minha na sua execução. Possuem fendas, fissuras, são peles castigadas. Diria que parte do processo é uma action painting, com muita entrega de corpo e alma, muitas decisões e renúncias”, comenta.

A matéria e a passagem do tempo são assuntos de interesse do artista desde que começou a participar do circuito de arte, no início dos anos 2000. Embora sempre tenha desenhado, e a pintura tenha permeado suas atividades profissionais, Dudu Garcia passou a se dedicar à arte depois de uma bem-sucedida trajetória profissional na indústria da moda e em sound design. Na ruptura com o universo já trilhado e o mergulho no desconhecido, ele foi o primeiro artista a ocupar a antiga Fábrica Bhering, em 2005, onde permaneceu até se transferir para o galpão na zona portuária, em 2019.

“Ao olharmos com mais atenção para a plasticidade de suas obras, percebemos que as pinturas de Dudu Garcia não representam fragmentos de paisagens urbanas, mas, se posicionam entre o campo do visível e do invisível, entre a experiência visual e sensorial da pintura”, escreveu Bianca Bernardo, gerente artística da Anita Schwartz, no texto que acompanha a exposição.

Intervenções de Lucia Koch

A Galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura – a partir de 16 de março – sua temporada de 2023 com a exposição “Córte”, da celebrada artista Lucia Koch. Serão apresentadas obras inéditas da série “Fundos”, uma das mais emblemáticas de sua produção, em que fotografa interiores de embalagens vazias usadas para acondicionar os mais diversos produtos, e que, ao serem ampliadas para a escala humana, se transformam em espaços arquitetônicos que interagem com o percurso da exposição, criando para o público perspectivas surpreendentes. Reconhecida internacionalmente por seus trabalhos que alteram a percepção dos espaços que ocupa Lucia Koch intervém sobre a luz do lugar.

As obras de “Córte” foram criadas especialmente para o espaço da Nara Roesler Rio de Janeiro, e estarão também na exposição dois trabalhos ainda inéditos no Brasil, exibidos no Palais d’Iéna, em Paris, onde a artista fez a intervenção “Double Trouble”, em outubro de 2022.

Única série fotográfica de Lucia Koch, “Fundos”, iniciada em 2001, apresentou a artista ao público internacional, e desde então tem integrado exposições individuais e coletivas ao redor do mundo, como a 8ª Bienal de Istambul (2003); a 27ª Bienal de São Paulo (2006), a 11ª Bienal de Lyon (2011), e a 1a Bienal de Rabat (2019). Em 2022, na turnê “Portas”, de Marisa Monte, imagens como “Café Extra-Forte” e “Frutas” foram projetadas no palco do show, com direção artística de Batman Zavareze, fazendo com que a cantora e os músicos parecessem estar “dentro” da caixa-tela.

“Volumes pequenos proporcionam fotos de ambientes internos que aparentam ser amplos, solenes, belos. Como algo de valor assim insignificante permite tão admirável imagem?”, pergunta Francesco Perrotta-Bosch, arquiteto pela PUC-Rio, mestre e doutorando pela USP, no texto que acompanha a exposição. Da mesma forma, Dan Cameron (1956), respeitado curador norte-americano, que escreveu sobre ela no livro “Lucia Koch” (APC, 2016), comenta: “Na série “Fundos”, Lucia escolheu a fotografia como ponto de partida, usando o interior de caixas de papelão e de sacos de papel como “dublês” de espaços arquitetônicos reais, e fotografando-os de maneira a capturar as sutilezas da luz filtrada, como se fossem o interior de capelas ou de residências modernistas”.

 

Plano Real x Virtual

As caixas são fotografadas com luz natural, e suas aberturas pré-existentes sugerem inesperadas janelas para uma “vista” externa. Duas obras da exposição são autoportantes, apoiadas no chão e não na parede, com 2,40m de altura, interceptando assim o fluxo do espectador no percurso expositivo. Com a reforma ortográfica de 2009, caiu o acento circunflexo que diferenciava os significados de “corte” para tribunal, lugar do soberano, etc., do ato ou efeito de cortar. Para o título da exposição, a artista decidiu acrescentar um acento agudo na palavra, optando pela diferenciação. Os nomes das obras se referem ao conteúdo original da embalagem, como “Arroz Jasmin” (100 x 100cm), “Silver”, embalagem de transporte de correio (100 x 188 cm), “Kombucha” (150 x 112,5cm), e as autoportantes “Lasagna” (240 x 150cm), “SansGluten” (240 x 109cm) e “SpaghetIéna”(240 x 111cm). Ao se apropriar de um objeto banal, cotidiano, despido de sua função inicial de armazenamento, a artista conduz nosso olhar para os vazios deixados. Essas imagens também sugerem uma reflexão sobre o universo do consumo, a economia do descarte e o vazio. O nome da exposição faz referência a representações gráficas de projetos arquitetônicos, conhecidas como “cortes” transversais ou longitudinais, que complementam a informação dada pela planta baixa.

 

Escultora

Dan Cameron afirma que: “Lucia Koch é escultora, antes de mais nada, e por isso as obras que cria demandam um grau de materialidade física para poder existirem. Jogando com nossas expectativas de escala, Lucia também costumava imprimir as fotografias em dimensões muito ampliadas, para fazer com que a descoberta do objeto real fosse o mais desconcertante possível”.

 

 

Exposição de José Resende

A Galeria Marcelo Guarnieri, apresenta, entre 18 de março e 22 de abril, “Notas de Rodapé: Amilcar, Lygia e Weissmann”, primeira exposição individual de José Resende – nos Jardins – , o espaço da galeria em São Paulo. A mostra é formada por um conjunto de onze esculturas inéditas produzidas a partir de cortes e dobras em seis chapas de aço corten aproveitadas integralmente. Embora surjam de chapas idênticas e sofram cortes e dobras muitas vezes iguais, cada uma das onze esculturas pode ser percebida de maneira particular. José Resende propõe a ocupação total do espaço da galeria e assim, um contato mais próximo do espectador, que, ao transitar pelas esculturas, percebe mais facilmente que com apenas a rotação de algumas delas, surgem outras bem distintas. Com o título “Notas de Rodapé: Amilcar, Lygia e Weissmann”, José Resende explicita claramente as referências com as quais esse trabalho está relacionado, convocando, de maneira alusiva, os três artistas neoconcretos para tratar das questões de interesse que compartilham. A exposição conta com texto crítico do curador Diego Matos.

Um dos artistas mais importantes da escultura brasileira, José Resende (1945, São Paulo, Brasil) explora, desde a década de 1960, as potencialidades expressivas de materiais industriais tão diversos como aço, chumbo, cobre, parafina e as relações que estabelecem com o espaço através das dinâmicas de peso e contrapeso. Durante as décadas de 1960 e 1970, José Resende esteve à frente de projetos significativos para a história da arte brasileira que buscavam levantar questões ao redor do ensino de arte, da crítica e do mercado como a Rex Gallery and Sons, a Escola Brasil, a Revista Malasartes e o jornal A Parte do Fogo. A partir da década de 1990, desenvolve projetos de arte para espaços públicos, ampliando sua investigação sobre os efeitos da relação entre suas obras e a dinâmica do espaço urbano. Destacam-se, entre elas: O Passante (1996) no Largo da Carioca, Rio de Janeiro; a peça Sem título (1997) que integra o Jardim de Esculturas do Parque Ibirapuera e os três pares de vagões suspensos à margem da Radial Leste, no Grupo de Intervenção Urbana Arte/Cidade (São Paulo, 2002).

José Resende participou de diversas exposições nacionais e internacionais, entre elas a Bienal de Paris em 1980, a Bienal de Veneza em 1988, a 9ª Documenta de Kassel em 1992, a Bienal de Sidney em 1998 e de diversas edições da Bienal de São Paulo. Em 1984, recebeu a bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation e residiu em Nova Iorque durante um ano. Entre suas exposições recentes, destacam-se: “José Resende: Na membrana do mundo”, na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2021); 33ª Bienal Internacional de São Paulo (2018) e “José Resende”, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo, 2015). Seu trabalho faz parte das coleções do MoMA – The Museum of Modern Art (Nova Iorque), MAM-SP – Museu de Arte Moderna de São Paulo, MAC/USP e Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Gerentes de novas ansiedades

A Galeria Marcelo Guarnieri tem o prazer de apresentar, entre 18 de março e 22 de abril, “Gerentes de novas ansiedades”, primeira exposição individual de RAU no mezanino de nosso espaço em São Paulo. A mostra, que marca a estreia do artista no circuito comercial, reúne cerca de dez pinturas em tela e vinte em papel produzidas durante os anos de 2021 e 2023. O artista nasceu em Ribeirão Preto em 1997 e em 2017 iniciou sua graduação em Arquitetura e Urbanismo. Em suas pinturas, incorpora aspectos da linguagem cinematográfica, e influenciado por diretores como Koji Wakamatsu, Hisayasu Satô e Takashi Ishii, explora enquadramentos cênicos e associações entre texto e imagem para representar situações de tensão e mistério.

“Gerentes de novas ansiedades”, título da mostra, faz referência ao conto “Night Picnic” da escritora Izumi Suzuki (1949-1986), ícone da contracultura e pioneira da ficção científica japonesa. “Night Picnic” é a história de um grupo, supostamente o último sobrevivente em um planeta pós-apocalíptico, que tenta performar a dinâmica de uma família humana a partir dos vestígios da cultura “terráquea”. Eles se inspiram em romances e anúncios populares, reencenando clichês de seriados de televisão. Em sua obra, RAU segue o tom da crítica à cultura de massa explorada por Izumi Suzuki na década de 1970 para situá-la no contexto dos dramas de homens e mulheres comuns, habitantes de qualquer grande cidade dos tempos de agora. Cenas intimistas de personagens frente ao espelho, fumando um cigarro enquanto pintam as unhas ou falando ao telefone dentro de um apartamento pequeno misturam-se a outras cenas onde parece haver algum conflito em ação, insinuado pela postura dos corpos, troca de olhares e figuras de poder tal como policiais e juízes. Uma atmosfera desencantada e cínica preenche as pinturas de RAU, que se assentam em tons pastéis e vez ou outra nos assustam com seus vermelhos.

Para compor suas cenas, RAU parte de sua enorme coleção de imagens e textos, stills de filmes e citações, elementos visuais e literários que lhe permitem sobrepor referências a um ritmo de prática pictórica que ele define como veloz. Suas ágeis pinceladas, mais preocupadas em definir os contrastes entre luzes e sombras, dão a dimensão de uma pintura que, por mais que seja figurativa, não pretende descrever a imagem em detalhes. Interessado em provocar leituras ambíguas de suas composições, RAU se utiliza do espaço do título da obra ou mesmo da tela para explorar o poder da palavra e causar algum ruído entre texto e imagem, incorporando, para isto, referências tão diversas como a literatura de Susan Sontag e frases de Twitter. A dissociação que busca RAU em sua pintura se manifesta também nas escolhas dos enquadramentos, deslocando com alguma frequência algum de seus personagens para fora de quadro, evidenciando assim o seu interesse por aquilo que não é imediatamente percebido e convidando o público a imaginar o que veio antes e o que pode vir depois daquele tempo em suspensão.

 

O Bastardo na Galatea

A Galatea tem o prazer de anunciar a representação do artista O Bastardo. O Bastardo (1997, Rio de Janeiro, Brasil) nasceu e cresceu em Mesquita, município da Baixada Fluminense, periferia do Rio de Janeiro. Atuando, inicialmente, com linguagens como o grafitti, o artista elabora um diálogo estreito entre questões autobiográficas e o pensamento pictórico, fruto de vivências familiares e passagens por escolas de arte, como a EAV – Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e a Beaux-Arts de Paris, na França. Hoje, O Bastardo vive e trabalha em São Paulo.

Os temas trazidos em suas obras abordam o cruzamento entre práticas cotidianas do empoderamento de pessoas negras e gestos de pertencimento a grupos sociais, como a religiosidade ou a descoloração do cabelo. Nos retratos, em séries como Pretos de griffe (2021-2023) e Só Lazer (2021-2023), consumo, lazer e autoestima são algumas das identificações exibidas por grupos que, a princípio, estão ausentes desse tipo de representação. Como aponta Lilia Schwarcz em comentário sobre O Bastardo, “Lazer e consumo configuram assuntos cada vez mais recorrentes em obras de artistas racializados, já que a história evidenciou os gestos de violência e sobrevivência como modo de inserção e denúncia às atrocidades perpetradas à maioria da população brasileira. O Bastardo faz de seu próprio nome, precedido por artigo definido, um vínculo de subversão de sua própria história, mantendo a palavra classificatória que, nas cenas das artes, passa a redirecionar o assunto e alertar para a prática de exotizar as margens.”

Em 2023, O Bastardo tornou-se membro da comissão curatorial da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Entre as suas principais exposições, estão a individual: O Bastardo: o retrato do Brasil é Preto, Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro, 2023; e as coletivas: Brasil Futuro: as formas da democracia, Museu Nacional da República, Brasília, 2023; Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro, Instituto Inhotim, Brumadinho, Minas Gerais, 2022; Histórias Brasileiras, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, São Paulo, 2022; Brasil Coleção MAR + Enciclopédia Negra; Contramemoria, Theatro Municipal de São Paulo, São Paulo, 2022; Crônicas Cariocas, Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro, 2021.

Suas obras fazem parte de coleções públicas nacionais e internacionais, tais como: Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; Xiao Museum of Contemporary Art, Rizhao, China.

 

Exposição da Coleção Eduardo Vasconcelos

10/mar

Exposição de arte “Gravado na Alma” abre no Espaço Cultural do Banco da Amazônia. O vernissage será nesta terça-feira (14) e seguirá aberta ao público para visitação gratuita até 05 de maio, no horário das 9h às 17h. Uma obra da artista Maria Perez Solá, que está em destaque na exposição Eduardo Vasconcelos no Espaço Cultural do Banco da Amazônia, em Campina, Belém, PA, é uma exposição de arte que promete ficar gravada na memória dos paraenses. A exposição de gravuras “Gravado na Alma” foi contemplada pelo edital de pautas do Banco da Amazônia e é composta por mais de 71 obras de artistas nacionais e internacionais que compõem o acervo da Coleção Eduardo Vasconcelos.

Segundo a curadora, Vânia Leal, a exposição é formada por trabalhos de artistas cujos percursos seguem várias técnicas e poéticas. “São vias que possibilitam encontros entre linhas, texturas, arquiteturas, animais e paisagens. É um espaço para dizer: gravura ao infinito do tempo e no tempo. Como um laboratório vivo em constante construção na coleção de Eduardo Vasconcelos”, explica.

Grandes nomes das artes plásticas, como Albrecht Dürer, Rembrandt, Goya, Gustave Doré e Picasso produziram gravuras, bem como artistas brasileiros de renome, como Livio Abramo, Sérvulo Esmeraldo, Flávio de Carvalho, Arthur Luiz Pìza e Tarsila do Amaral. No Pará, a gravura ganha força a partir dos anos 1970, com a obra de Valdir Sarubbi, que, junto a nomes de diversas gerações (inclusive posteriores) como Ronaldo Moraes Rego, Osmar Pinheiro, P. P. Conduru, Jocatos, Armando Sobral, Elaine Arruda, Elieni Tenório, Elisa Arruda, Glauce Santos, Jean Ribeiro e Antar Rohit, marcaram seu nome na trajetória da gravura no cenário amazônico.

“Acreditar na produção artística, no quanto ela representa hoje e para gerações futuras, é a força motriz que impulsiona e dinamiza a coleção. Meu afeto pela arte está gravado na alma, assim como as obras de tantos artistas aqui presentes”, destaca Eduardo Vasconcelos. “Agradeço ao Banco da Amazônia, que, para além de suas atividades financeiras, exerce papel fundamental no fomento ao cenário artístico e na difusão e apoio à cultura, trazendo ao público obras pertencentes a uma coleção privada”, acrescenta.

 

Núcleos da exposição

A curadora explica que a exposição possui quatro núcleos curatoriais: “projeções da natureza mutante”, “corpos passagens”, “formas e desejos da gravura” e “arquiteturas e cartografias imaginárias”.

“Os trabalhos dos artistas que integram a exposição reiteram aproximações e percursos diferentes, criam vertentes distintas entre choques e junções nos núcleos”, avalia. Ainda segundo a curadora, cada núcleo reúne uma sequência de trabalhos expressivos. “No núcleo “projeções da natureza mutante”, por exemplo, os artistas Valdir Sarubbi, Sebastião Pedrosa e Laura Calhoun trazem nas obras uma natureza mais estilizada com diferentes simbologias. Armando Sobral e Ronaldo Moraes Rego gravam desenhos de folha e casca. Diô Viana emerge com força, incisões que remetem gotas que se dissolvem em outras formas da natureza”, explica.

 

Lançamento do catálogo e ações educativas

Ao longo da exposição ocorrerão diversas ações educativas como bate papo com artistas e visitas guiadas para estudantes de escolas públicas, a fim de que adolescentes e jovens tenham contato com a arte. Também ocorrerá o lançamento do catálogo, que será distribuído gratuitamente aos visitantes.

 

A Coleção Eduardo Vasconcelos

Desde 2021, a coleção Eduardo Vasconcelos vem abrindo as portas do acervo pessoal ao público paraense por meio de iniciativas como esta do Banco da Amazônia, que viabiliza edital para selecionar projetos artísticos relevantes à região amazônica. Neste percurso, o colecionador já realizou três mostras a partir de editais similares de incentivo à arte e cultura, cujas exposições nasceram do diálogo entre a curadoria e Eduardo. Sempre convidado para participar de encontros, lives e pesquisas sobre arte e colecionismo, o professor e colecionador de arte Eduardo Vasconcelos tem um acervo de mais de 700 obras entre pinturas, esculturas, fotografias, desenhos e objetos. Há um núcleo só de arte paraense. Movido pela lógica de que a arte deve ser compartilhada, ele decidiu abrir a sua reserva técnica às grandes exposições.

“Temos uma infinidade de obras com elevada importância artística e cultural e que são vistas somente em uma esfera bem restrita. O papel do colecionador de arte não deve se restringir ao mero acúmulo das obras. Permitir que essas obras circulem e tenham visibilidade, contribui para a difusão da cultura e do próprio mercado, envolvendo todos os elos dessa cadeia. Há um papel social e político importante nisso tudo, principalmente na construção de novos olhares para a arte”, diz Eduardo Vasconcelos.

 

 

A arte mural em Tatuí

09/mar

O artista Diego Dedablio é natural de Tatuí, cidade localizada a 140 km de São Paulo e conhecida por ser a capital da música. Isso se deve ao fato de sediar o Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos – o maior do gênero na América Latina -, ou apenas Conservatório de Tatuí, como é conhecido internacionalmente.

O tema musical está presente na obra de Dedablio há muito tempo. A iconografia do músico é um personagem recorrente junto com a música popular, o sambista, o caboclo do Maracatu e o congado de Minas Gerais. Esses elementos fazem parte da pesquisa do artista que, revelou ser muito influenciado pelo Jazz, ritmo musical que começou a ouvir por causa dos professores do Conservatório da cidade.

Apesar da música ter forte apelo, a cidade também é berço de uma das maiores atrizes do país, a tatuiana Vera Holtz. A atriz é referência para todos que aspiram a uma carreira de sucesso e prestígio nas artes cênicas.

Em uma visita à cidade, Vera se deparou com alguns trabalhos de Dedablio, que se aventurava na street art. Curiosa por saber quem estaria por trás dos sprays nos muros, a atriz foi até a casa do conterrâneo. Além de ter adquirido algumas obras, Vera foi responsável por financiar a temporada que o artista passou em São Paulo para estudar na Panamericana Escola de Arte e Design. Dedablio comenta sobre o período: “Não terminei os estudos lá porque a escola começou a influenciar demais o meu estilo. Decidi sair por causa de modulação pedagógica. Estava numa fase em que a influência era um risco para mim. Aí eu decidi sair e fui fazer cursos livres lá em São Paulo mesmo”.

No bairro da Santa Cecília, onde morava, Dedablio passou a pintar pela região e foi estudar gravura, xilogravura e litogravura no Museu Lasar Segall. Com os cursos livres, pôde desenvolver seu estilo próprio, sem interferências. Nessas experimentações, aprimorou sua prática rapidamente. Entre as características do trabalho do artista está a mistura de técnicas do grafite para a fine art e vice-versa. “Há pouco tempo, fiz um mural com spray e tinta óleo juntos, que é muito incomum, né? Eu não vi ninguém fazer ainda. Normalmente, o pessoal pinta de látex”. Um dos motivos de fazer esse intercâmbio de estilos é levar a técnica das telas, como a pintura a óleo, para as ruas. “É superdifícil fazer porque é pequenininho, aí você fica lá com o pincelzinho em um muro gigante. É um martírio, mas vale muito a pena. O resultado é ótimo”.

De volta a Tatuí, Diego Dedablio sempre procurou manter contato com a capital. Para ele, a falta da efervescência em uma cidade pequena faz falta. Nas idas até São Paulo, realiza trabalhos independentes e, assim, recebeu seus primeiros convites internacionais. Em 2012, foi até Amsterdã, onde foi convidado a fazer uma intervenção na fachada de um prédio. Cinco anos depois, foi chamado pela embaixada brasileira na Bielorrússia para pintar um mural em grande escala em Minsk, capital do país. Somente dez anos depois do primeiro convite internacional é que surgiu a oportunidade de realizar um trabalho tão grande no Brasil. Em 2022, o Conservatório de Tatuí encomendou a pintura de um mural para a instituição. “Só agora, com uma nova gestão no Conservatório, uma gestão mais abrangente, com a cabeça mais arejada, é que eles fizeram esse convite. Eu achei superimportante para mim, por ser a primeira vez no Brasil pintando em grande escala”.

A ligação de Diego Dedablio com o Conservatório de Tatuí vai além da conterraneidade. O artista atribui grande parte da sua educação indireta ao contato que sempre manteve com os professores da instituição e com as referências musicais que constituem o seu trabalho: “Eu fiquei supercontente, porque meu trabalho já tem muito conceito musical dentro da parte teórica e, até da prática, de sinestesia, da questão da composição, de semiótica, de escala tonal dentro do trabalho de arte, e por aí vai. (O mural) é uma retribuição àquilo que eu aprendi, ao que as artes representam. Porque são coisas bem distantes a música instrumental, a música erudita e o grafite, né? Um negócio que é muito difícil de ver”.

Para o futuro, Diego Dedablio tem o desejo de criar o neografite: “Eu já tenho um monte de escritos teóricos aqui e eu tenho esse plano de fazer uma formalização desse neografite que abrange todas as técnicas ao mesmo tempo. É uma pesquisa que eu tenho de antropologia e sociologia com arte contemporânea, que é uma das minhas pretensões”. Apesar disso, o artista disse que não procura ter muitas ambições. “O mundo da arte é meio estranho, tem um negócio meio austero, com que eu não me identifico muito. Mas é necessário estar pontuando o espaço, estar presente. Acho que a minha ambição é estar vivo e presente no trabalho. Não eu, como pessoa, mas dar a vida ao trabalho, fazer o trabalho respirar na percepção do próximo, assim. Não chega nem a ser pretensão, acho que é uma obrigação mesmo”.  (Fonte: Arte!Brasileiros)

 

Mostra no SESC Niterói

Ativismo feminino é tema da exposição individual inédita – até 31 de maio – da artista visual, muralista e ilustradora Priscila Barbosa no Sesc Niterói, Rio de Janeiro, RJ. Retratos de mulheres mesclados a elementos vinculados aos afazeres domésticos com símbolos de insubordinação. Priscila Barbosa constrói a narrativa que compõe suas pinturas sobre tela, objetos pintados à mão e um mural de 15m² em “Ofensiva”, a partir do dia 18 de março. O intuito é provocar o espectador através da oposição: seus trabalhos refletem a pesquisa sobre a qual tem se debruçado nos últimos anos, acerca das fronteiras entre vida doméstica e pública, “dilema” que vem sendo incutido há séculos às mulheres.

“Criei imagens que à primeira vista sugerem a docilidade esperada do gênero feminino, reforçadas pelos tons rosados, uma característica da minha produção, mas que revelam atividades de insurgência e rebeldia. Pintar elementos da vida doméstica aliados a atividades revolucionárias sugere um diálogo entre a vida privada e a vida pública, uma forma de repensar os territórios que nos são oferecidos”, diz a artista. “A ideia é justamente burlar a separação entre o pessoal e o político, reafirmada pelo isolamento que sofremos quando relegadas à particularidade do interior de uma casa cuja manutenção nos drena há gerações”.

Pintar o doméstico, os utensílios de cozinha, a decoração artesanal em meio a afazeres que sugerem ações táticas revolucionárias e bélicas vislumbra um cenário em que a casa seja colocada como centro de atividade comunitária, de sociabilização e, principalmente, de coletivização do trabalho reprodutivo. Além dos trabalhos apresentados dentro da sala de exposições, será realizado um mural na parede externa, de maneira que a temática abordada rompa as fronteiras arquitetônicas e mantenha a discussão sobre o privado e o público. O muralismo é um dos pilares da carreira de Priscila Barbosa, que atua na arte urbana brasileira honrando as tradições do muralismo latino e levando discussões políticas para as ruas e espaços abertos.

 

Murais no “Le Colors Festival Paris” e “Les3Murs”

A iconografia da mulher revolucionária contemporânea com foco na América Latina é objeto de investigação da artista visual paulistana Priscila Barbosa há algum tempo. Em fevereiro, Priscila Barbosa, viu seu mural intitulado “Levante-se” repercutir no “Le Colors Festival Paris”, um dos maiores de arte urbana, que este ano ocupou 4.500m², reunindo cerca de 80 artistas do segmento. O trabalho permanece em exposição até dezembro de 2023 e propõe uma reflexão sobre a relação entre as mulheres do cotidiano na construção do feminismo e da postura revolucionária. Ela acaba de participar de outro grande projeto na França – o “Les3murs” -, que busca dar visibilidade a artistas latino americanos. Em “Latinas Fervilhando” a artista criou seu autorretrato em uma perspectiva de ataque, como se pudesse ser seguida pelos espectadores.

 

Sobre a artista

Priscila Barbosa é artista visual, muralista e ilustradora paulistana, graduada em Artes Visuais pela Belas Artes. Possui extensões em Masculinidades Contemporâneas, Feminismo Pós-colonial na América Latina e O Estado e o Corpo, todos pela PUC/SP. A artista é agenciada pela Aborda, a única plataforma brasileira de gestão de carreiras de artistas visuais no Brasil. Entre festivais que participou recentemente, vale destacar o Colors Festival (2023, Paris), Nalata Festival Internacional de Arte Urbana (2020, São Paulo), Jaguar Parade (2022, Nova Iorque) e Artecore – MAM (2018, Rio de Janeiro).

 

Artista egípcio na Bahia

08/mar

 

O egípcio de origem judaica Leo Laniado migrou com a família do Cairo para o Brasil em 1953, aos oito anos. Parte desse contato com o país, principalmente com a Bahia, resultou em uma história de 50 anos muito bem vividos, que virou a exposição “BAHIA… MINHA”, com estreia marcada para 14 de março, na Galeria Hugo França, dentro da programação em torno do Festival de Música de Trancoso.

A mostra – até 29 de abril – reúne mais de 40 obras, selecionadas dos seus últimos sete anos intensos de produção, impressas com alta tecnologia em papel de algodão. Nas produções, o artista, que chama a Bahia de “a casa fora da casa”, o artista questiona as semânticas da cor em desenhos em tons ocres, carregados de história e permeados por “coisas que estavam lá atrás e estão ressurgindo”, como explica.

Segundo o artista, as obras foram, instintivamente, trazendo elementos do cotidiano baiano, como o mar, côco e velas, não com o objetivo pré-definido de fazerem parte de uma exposição, mas porque são memórias saudosas e genuínas. “Maré Alta”, “Luz ao Entardecer”, “Pescadores”, “Namorados”, “Mesa Posta”, “Sábado”, “Contemplação” e “Praia do Itaipe” são algumas das obras com nomes autoexplicativos.