Tarsila, raridades

09/mar

 

 

O escritório de arte Paulo Kuczynski, Alameda Lorena, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta, a partir do dia 12 de março, “Tarsila: as Duas e a Única”, uma raridade que merece ser colocada na agenda. Trata-se de uma mostra com apenas duas pinturas, “Paisagem com Dois Porquinhos” (1929) e “Segunda Classe” (1933). A primeira tela é característica da fase da produção da artista conhecida como “Pau Brasil”, em que a construção de uma ideia de brasilidade é buscada. A segunda já traz Tarsila menos esfuziante e mais sintonizada com a desigualdade social que assola o país até hoje .

As duas telas pertencem a coleções privadas e, por isso, não são vistas com facilidade, como ocorre com peças que são de propriedade de museus. Os trabalhos estão à venda – os valores não foram revelados, mas estão na casa dos milhões – e foram selecionados pelo marchand Paulo Kuczynski, que esteve à frente também da venda da tela “A Lua” (1928), de Tarsila, ao Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMa) por cerca de 20 milhões de dólares em 2019.

Fonte: Veja-SP.

Francisco Rebolo: Viver a paisagem

08/mar

 

 

 

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, apresenta, entre 19 de março e 30 de abril, “Viver a paisagem”, exposição de obras de Francisco Rebolo (1902-1980). A exposição marca a comemoração dos 120 anos do nascimento do artista.

“Viver a paisagem”, mostra organizada em colaboração com o Instituto Rebolo,  reúne cerca de 30 pinturas produzidas entre as décadas de 1940 e 1970 que refletem o interesse do artista por uma integração entre a paisagem, sua obra e seu modo de vida. Nascido e formado em bairros de classe operária imigrante da zona leste de São Paulo, onde se concentravam as atividades fabris do início do século vinte, Francisco Rebolo transferiu-se na década de 1940 para o ainda bucólico bairro do Morumbi e ali “começa a traçar o caminho de se tornar um dos maiores paisagistas da arte brasileira, vivendo intrinsecamente na maior e mais importante fonte de inspiração de toda a sua obra”, como afirma Sergio Rebollo. Além das pinturas de paisagens suburbanas, marinhas e naturezas-mortas, a exposição contará com fotografias de arquivo e objetos que fizeram parte do ateliê do artista.

A vida no então distante Morumbi não impediu Francisco Rebolo de ter uma participação ativa na organização da classe artística em São Paulo. Em meados da década de 1930, ainda dividindo suas funções entre a pintura decorativa e a pintura de cavalete, passa a receber em seu ateliê/escritório no Palacete Santa Helena artistas como Mario Zanini, Alfredo Volpi, Clóvis Graciano, Aldo Bonadei, Fulvio Penacchi e Alfredo Rizzotti. O grupo, que seria batizado pela crítica da época de Grupo Santa Helena, era formado por descendentes de imigrantes de origem popular e operária que traziam com suas telas a imagem de uma modernidade diferente daquela reivindicada pelo grupo de 1922. Preocupados pelos aspectos técnicos e artesanais da pintura, retratavam o cotidiano da São Paulo suburbana. Rebolo foi um dos fundadores do Sindicato dos Artistas e Compositores Musicais, além de ser um dos criadores do Clube dos Artistas e Amigos da Arte (o Clubinho) em 1945. Anos mais tarde, fez parte do grupo que trabalhou para a criação do Museu de Arte Moderna (MAM-SP) e da sua Bienal de São Paulo, onde expôs e foi membro do júri.

Francisco Rebolo, “um mestre do meio-tom” segundo Sérgio Milliet, testemunhou um período de profundas transformações na paisagem urbana de São Paulo que, naquele momento, passava de província a metrópole. O processo de demolição de casas e construção de arranha-céus que hoje a cidade vivencia em ritmo acelerado, apenas se iniciava, e um modo de vida cada vez mais distanciado da natureza ia se configurando. No conjunto de pinturas apresentadas em “Viver a paisagem”, é possível observar o movimento inverso de Rebolo, que ia em direção ao campo, às montanhas e ao mar; um movimento que o permitiu compreender, durante quatro décadas, os aspectos daquelas paisagens através de sua prática pictórica. A busca do artista pela simplicidade da forma e por uma geometrização sutil se manifestou de maneiras diversas ao longo dos anos de produção, resultado de uma investigação plástica que incorporava soluções experimentadas em outras técnicas, como a xilogravura, por exemplo. A discreta paleta de cores da qual se utilizava e as cenas silenciosas compostas por árvores e casarios, revelam em Rebolo a visão otimista de uma relação harmônica com a natureza. Agradecimentos: Sergio Rebollo, Lisbeth Rebollo Gonçalves, Antonio Gonçalves de Oliveira e Olívio Tavares de Araújo.

 

Chagall no CCBB Rio

 

 

O Centro Cultural Banco do Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe “Marc Chagall: Sonho de amor”. A exposição apresenta a trajetória de vida e obra do pintor Marc Chagall (1887-1985), que marcou as artes no século XX com a criação de um universo único, pautado pelo lirismo e pelo uso revolucionário de formas e cores. São mais de 180 obras, produzidas entre 1922 e 1981, através de pinturas, aquarelas e gravuras que abrangem seus temas mais caros: a infância e a tradição russa, o sagrado e suas representações, o amor e o mundo encantado nas ilustrações das Fábulas de La Fontaine. As obras são provenientes de coleções do exterior e de acervos museológicos brasileiros. A curadoria é de Dolores Duràn Ucar.

Até 06 de junho.

Volpi popular no MASP

23/fev

 

 

“Volpi popular” é a terceira de uma série de exposições que o MASP, Paulista, São Paulo, SP, organiza em torno de artistas modernistas brasileiros canônicos do século 20 que empregam referências populares ou vernaculares em seus trabalhos. Em 2016, o MASP organizou “Portinari popular” e, em 2019, “Tarsila popular”.

Alfredo Volpi nasceu em Luca, Itália, 1896 e faleceu em São Paulo, Brasil, 1988, é um artista central da arte brasileira do século 20 e sua pintura é caracterizada por um repertório único de experiências e influências que mesclam tradições modernas e populares, incluindo interesses como: o trabalho artesanal, as festas populares, os temas religiosos e as fachadas da arquitetura colonial e vernacular brasileira.

De família de origem trabalhadora, o artista migrou ainda criança para São Paulo e sua produção inicial era voltada para paisagens urbanas e rurais, distantes do estilo que marcaria sua obra. Na década de 1950, Volpi começou a sintetizar suas composições, tornando sua figuração cada vez mais geometrizada, com padrões, formas e temas recorrentes – como suas famosas bandeirinhas, mastros, faixas, fachadas e ogivas – que desenvolveu até o final de sua carreira.

Assim, a sua obra passou a ganhar as características formais que tanto o tornaram conhecido, com a sua pintura de espaços planificados, com campos cromáticos bem definidos, mas com contornos irregulares, marcados pelo uso sensível e sutil da cor, e pela textura áspera da sua têmpera.

Nesse sentido, a mostra de caráter panorâmico abrangerá diversos períodos da carreira do artista e contará com cerca de 100 pinturas. A exposição foi organizada em torno do contínuo interesse de Volpi pelos temas do imaginário popular brasileiro e estruturada em seções temáticas, como paisagens do campo e do mar; fachadas; bandeiras e mastros; representações religiosas; festas populares; e retratos.

Acompanhando a mostra, será publicado o mais amplo catálogo sobre o artista num único volume, com ilustrações de todas as obras exibidas e mais. O livro conta com textos escritos especialmente para a ocasião por Adele Nelson, Antonio Brasil Jr., Aracy Amaral, Kaira Cabañas, Nathaniel Wolfson, Sônia Salzstein e Tomás Toledo, uma nota biográfica escrita por Matheus de Andrade, e duas entrevistas históricas com o artista feitas por Mario Pedrosa e Walmir Ayala. A publicação em capa dura conta com design de Paulo Tinoco, do Estúdio Campo, duas edições separadas na língua portuguesa e inglesa, e distribuição internacional por meio de Karen Marta Editorial Consultant e Distributed Art Publishers, nos Estados Unidos.

A curadoria é de Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP e Tomás Toledo, curador-chefe, MASP.

Até 05 de junho.

Raio-que-o-parta: ficções do moderno no Brasil

 

 

A exposição reflete sobre a noção de “arte moderna” no Brasil para além da década de 1920 e do protagonismo muitas vezes atribuído pela história da arte a São Paulo. Para tal, são reunidas obras de um arco temporal que vai do final do século XIX a meados do século XX, além da essencial presença de artistas que desenvolveram suas pesquisas em diversos estados brasileiros.

O título da exposição é inspirado em antigas casas de Belém do Pará, com fachadas elaboradas pela justaposição de azulejos quebrados, formando desenhos geométricos angulados e coloridos. Conhecido como “raio que o parta”, este estilo arquitetônico foi influenciado pelo modernismo nas artes plásticas, em uma busca por superação dos modelos neocolonial e eclético, vistos pela elite paraense como ultrapassados. O modismo deste novo estilo não se restringiu às elites locais, sendo logo apropriado por outras camadas da sociedade, que popularizaram a nova arquitetura pelos bairros de Belém do Pará, a partir da década de 1950.

Ao articular a noção de modernidade com o território brasileiro, a exposição “Raio-que-o-parta: ficções do moderno no Brasil” pretende repensar a centralidade desse evento que ficou marcado na escrita da história da arte no país, a partir de uma ampliação não apenas cronológica, mas também geográfica. Trata-se de um projeto que visa dar prosseguimento ao reconhecimento da importância do movimento modernista de São Paulo e, ao mesmo tempo, mostrar ao público que arte moderna já era discutida por muitos artistas, intelectuais e instituições de Norte a Sul do país, desde o final do século XIX, perdurando esse debate até o final da primeira metade do século XX.

A intenção da exposição é dar atenção aos diversos tipos de linguagens e formas de criar e compartilhar imagens nesse período. Para além das linguagens das belas-artes (desenho, pintura, escultura e arquitetura), o projeto traz exemplos importantes de fotografia, do cinema, das revistas ilustradas e de documentação de ações efêmeras, essenciais para ampliar a compreensão das muitas modernidades presentes no Brasil. O projeto surge a partir do trabalho de sete pesquisadores, dedicados a diferentes regiões do país, que têm larga experiência em discussões a respeito da arte moderna na interseção entre o local e o nacional. A partir dessas pesquisas, suas múltiplas vozes e interesses, a exposição será dividida em núcleos baseados em tópicos constantes a esse período histórico no Brasil, os quais serão apresentados ao público de forma didática. A intenção é levar ao público a certeza de que a noção de Arte Moderna, no Brasil, é tão diversa quanto as múltiplas culturas, sotaques e narrativas que compõem um país de dimensão continental.

A mostra integra o projeto Diversos 22, do Sesc São Paulo, que celebra o centenário da Semana de Arte Moderna e o bicentenário da Independência, refletindo criticamente sobre as diversas narrativas de construção e projeção de um Brasil, e traz cerca de 600 obras de 200 artistas, como Lídia Baís, Mestre Zumba, Genaro de Carvalho, Anita Malfatti, Tomie Ohtake, Raimundo Cela, Pagu, Alberto da Veiga Guignard, Rubem Valentim, Tarsila do Amaral, Mestre Vitalino, dentre outros.

Curadores: Aldrin Figueiredo, Clarissa Diniz, Divino Sobral, Marcelo Campos, Paula Ramos e Raphael Fonseca, curadoria-geral de Raphael Fonseca tendo como curadores-assistentes, Breno de Faria, Ludimilla Fonseca e Renato Menezes. Consultoria de Fernanda Pitta.

Livro para Manuel Messias

10/fev

 

 

A Danielian Galeria, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, lança neste sábado, dia 12 de fevereiro, das 16h às 20h, o livro “Manuel Messias – Do tamanho do Brasil”, com 248 páginas, bilíngue (port/ingl), formato 27cmx21cm, e textos de Ademar Britto Junior, Guilherme Gutman, Lilia Schwarcz, Marcus de Lontra Costa, e Rafael Fortes Peixoto, e uma cronologia do artista por Izabel Ferreira.

“Manuel Messias – Do tamanho do Brasil” (Danielian Edições) é o resultado de minuciosa pesquisa, feita a partir de arquivos de jornais, catálogos, e depoimentos de quem conviveu com o artista, como Anna Bella Geiger, Martha Pires Ferreira, Guilherme Gutman, Matias Marcier e Evandro Carneiro, recupera a cronologia do artista e sua importância.

A renda obtida na venda do livro no dia do lançamento será revertida para os projetos sociais Tropa da Solidariedade, do rapper Shackal, e Cidadão Considerado, do mestre de capoeira Toni Vargas.

“Com esse projeto, temos a intenção de abrir espaço para mais discussões e reflexões sobre a obra desse grande artista que migrou do Sergipe para o Rio de Janeiro, onde se estabeleceu e enfrentou na carne as injustiças sociais, o racismo estrutural e a pobreza, resistindo através de sua obra”, diz Ludwig Danielian, que junto com seu irmão Luiz Danielian dirige a galeria fundada em 2005.

A tiragem de “Manuel Messias – Do tamanho do Brasil” é de 1000 exemplares, e o preço é de R$ 120,00.

Semana de Arte Moderna na Art Lab Gallery

 

 

Um marco com importância reconhecida a posteriori pela história e pela sociedade, a Semana de Arte Moderna de 1922 buscou e cumpriu o papel de romper o vínculo existente entre a produção artística brasileira e as matrizes europeias, quebrando as amarras da arte e assim permitindo a construção de umacultura prioritariamente nacional.

Como homenagem aos 100 anos do evento, Juliana Mônaco exibe na Art Lab Gallery, Jardins, São Paulo, SP, a exposição “Semana de Arte – celebração do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922” onde exibe ao público trabalhos originais de Anita Malfatti, Emiliano Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral, autores que participaram da mostra. Antonio Peticov, artista contemporâneo convidado, apresenta uma série inédita com 07 pinturas, além de obras de períodos diversos de sua trajetória em linguagem direta com os modernistas e a Semana de 22. Complementando os 300 trabalhos em exibição, 84 artistas apresentam obras em suportes distintos como pinturas, gravuras, fotografias, esculturas, e jóias.

Em 1922, variadas representações culturais participaram do evento, como dança, música, literatura, pintura, arquitetura, escultura, poesia e palestras. Realizada em uma época de turbulências no âmbito político, social, econômico e cultural, a Semana de Arte Moderna teve como uma das figuras mais importantes, os escritores Mário de Andrade e Oswald de Andrade e o pintor Di Cavalcanti. Os destaques que se perpetuaram destacam os modernistas Oswald de Andrade, na literatura, Víctor Brecheret, na escultura, e Anita Malfatti, na pintura, sendo ela responsável pela primeira exposição modernista brasileira, em 1917 onde suas obras, influenciadas pelo cubismo, expressionismo e futurismo,

escandalizaram a sociedade da época. Não havia um conceito que unisse os artistas, nem um programa estético definido. A intenção era destruir o status quo. E eles conseguiram. Nas palavras da curadora Juliana Monaco, “Escritores, pintores, escultores, e músicos sedentos por renovação, chocaram a elite paulistana, provinciana, em um evento central para a arte na Semana de 13 a 17 de fevereiro de 1922 em uma exposição de trabalhos com predileção nacionalista e o objetivo de fincarnuma posição contra o academicismo, contra o passadismo, como eles mesmos, os modernistas, defendiam”.

Semana de Arte

A Art Lab Gallery “…também revisita o passado, reflete o presente e discute novas propostas para a arte brasileira através da perspectiva de 84 jovens artistas que participam como agentes históricos da nossa Semana de Arte”, explica Juliana Monaco. O tributo a Villa Lobos é expresso com a presença de um centenário piano no espaço expositivo que estará disponível ao público durante o período de exibição da mostra.

De 11 a 19 de fevereiro.

 

 

 

 

Paisagens de Lorenzato

03/fev

 

 

No dia 09 de fevereiro, das 10h às 19h, abre na Gomide & Co, Jardins, São Paulo, SP, a exposição Lorenzato: Paisagens com uma seleção de pinturas do artista mineiro Amadeo Luciano Lorenzato.

 

Sobre o artista

 

Amadeo Luciano Lorenzato (1900-1995), nasceu e morreu praticamente junto com o século XX. O trânsito que experimentou entre o Brasil e a Itália permitiu que acompanhasse tanto a construção de uma capital – Belo Horizonte – quanto a reconstrução de cidades devastadas – como a Arsiero do pós-guerra, onde trabalhou entre 1920 e 1924. O conjunto da obra de Lorenzato, contudo, não se volta necessariamente para a ascensão das metrópoles industriais nem para os grandes embates da civilização. Ainda que tenha acompanhado fatos históricos influentes, o artista decidiu dedicar sua pintura a motivos singelos abordados com originalidade e vigor. Assim, como podemos notar nas cerca de 35 pinturas selecionadas para “Lorenzato: Paisagens”, o seu vocabulário se constitui de poentes, lagos, montanhas, fachadas, árvores, rios, naturezas-mortas e congêneres.

 

Até 19 de março.

 

 

Lorenzato na Gomide & Co.

 

Lorenzato

 

 

No dia 09 de fevereiro, a Gomide & Co, Jardim Paulista, São Paulo, SP, convida para a abertura da exposição “Lorenzato: Paisagens” com uma seleção de 35 pinturas do artista mineiro Amadeo Luciano Lorenzato.
Em meio às paisagens que Lorenzato pintou, encontramos variações entre obras de caráter figurativo e narrativo e obras em que as figuras estão ali um tanto difusas, ressaltando o jogo entre as formas e as cores, em um flerte com a abstração. O vocabulário de Lorenzato se constitui de poentes, lagos, montanhas, fachadas, árvores, rios, naturezas-mortas e congêneres; além disso, aparecem também inúmeras fachadas que nos transportam para os bairros periféricos de Belo Horizonte, e estados fronteiriços de Minas Gerais. As pinturas de Lorenzato, que em vida manteve o hábito de “andar para pintar”, nos convidam a revisitar uma variedade de paisagens imaginárias; que figurativas ou abstratas, emergem de uma realidade vivida do artista, mas também despertam uma memória afetiva, quase nostálgica, do espectador.

 

“Eu tenho que ver a paisagem, as cores. Se não vejo, não pinto.” – Amadeo Luciano Lorenzato, em entrevista concedida a Cláudia Gianetti e Thomas Nölle, Belo Horizonte, jul. 1988.
Sobre o artista

 

Amadeo Luciano Lorenzato. Nascido em 1900 em Belo Horizonte (+1995), filho de imigrantes italianos, passou a infância na capital recém inaugurada. Aos 20 anos de idade, mudou-se com a família para a Arsiero, Itália, onde participou da reconstrução da cidade que fora devastada durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1925, durante o breve período em que estudou na Reale Accademia delle Arti em Vicenza, foi introduzido à prática de pintura de cavalete. Entre 1926 e 1930, passou por Roma, onde conheceu o pintor holandês Cornelius Keesman, que tornou-se um grande parceiro de observação e o acompanhou em um circuito de bicicleta, passando pelo leste europeu em direção à Ásia, projeto interrompido devido à recusa do passaporte italiano de Lorenzato. Na década de 1940, passou por Bruxelas e trabalhou em Paris até seu regresso ao Brasil, em 1948. Na cidade de Petrópolis, retomou seu ofício na construção civil, mais especificamente como pintor decorativo de paredes. Em 1949 trouxe a esposa, Emma, e Lorenzo, seu único filho, ao Brasil. Em 1956, em decorrência de um acidente de trabalho, Lorenzato aposentou-se precocemente aos 56 anos. No entanto, o acidente que lhe causou uma aposentadoria prematura não o impediu de dar continuidade às excursões que estimularam seu trabalho no ateliê.
De 09 de fevereiro a 19 de março.
Segunda a sexta,10 às 19 horas
Sábados, 10 às 15 horas

Uso de máscara é obrigatório para visitas. Entrada gratuita.

 

 

 

Reencontro de Morandi com o Brasil.

07/dez

 

 

Depois de uma bem-sucedida exposição em São Paulo, a mostra “Ideias – O Legado de Morandi” será apresentada de 15 de dezembro de 2021 a 21 de fevereiro de 2022, no primeiro andar do Centro Cultural Banco do Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, trazendo obras de um dos mais destacados artistas do século 20. A exposição é patrocinada pela BB DTVM.

 

Com uma investigação profunda da cor e da luz permeando sutilezas, Giorgio Morandi se dedicou intensamente à pintura de naturezas-mortas, especialmente de conjuntos de garrafas. Seu estilo ficou marcado por uma obra que reflete sobre o tempo e as relações produzidas pelo olhar. Esse universo é representado na exposição, que tem curadoria de Gianfranco Maraniello e Alberto Salvadori, e reúne obras que vieram diretamente do Museo Morandi, localizado na cidade de Bolonha, na Itália.

 

“O percurso expositivo apresenta uma variedade de obras diversas – entre pinturas, aquarelas, desenhos e gravuras – que formam uma métrica composta por contínuas referências formais e variações tonais, e trazem à luz os temas examinados por Morandi desde os primórdios até a maturidade: naturezas mortas, flores e paisagens, os temas privilegiados da sua contínua pesquisa de novas modalidades representativas e objetos de uma indagação extremamente atual sobre a linguagem pictórica e gráfica e sobre as infinitas relações possíveis entre volumes, espaço, luz e cor”, ressalta o curador Gianfranco Maraniello.

 

O artista tinha particular interesse pelas pinceladas de Paul Cézanne, André Derain, Douanier Rousseau, Pablo Picasso e Georges Braque, além de mestres da tradição italiana como Giotto di Bondone, Masaccio, Paolo Uccello e Piero della Francesca. A sua pintura foca numa gama bastante reduzida de temas, como as vistas do povoado de Grizzana ou as célebres naturezas-mortas de garrafas e potes. Nas obras, é possível ver as sutis mudanças na luz da tarde, a poeira que se deposita nos objetos, a passagem do tempo que se faz visível na própria matéria das garrafas que reaparecem uma e outra vez, quadro após quadro, ano após ano.

 

Essa exposição proporciona um reencontro de Morandi com o Brasil, pois o artista recebeu o Prêmio de pintura na IV Bienal de São Paulo em 1957. “É uma oportunidade para prolongar o tempo e o olhar sobre a sua obra, para além do contato excepcional de 1957. Uma tentativa de oferecer novas possibilidades de adquirir familiaridade com as séries pictóricas e retraçar os motivos da sua “ordem”, graças ao extraordinário volume de patrimônio e de iniciativas que qualificam o Museu dedicado ao artista por sua cidade natal”, comenta Maraniello.

 

No CCBB, uma reprodução fotográfica em grande formato de Luigi Ghirri levará o público a ter a sensação de estar no ateliê do próprio Morandi. Também está disponível ao público a instalação interativa Morandi Coletivo, um aplicativo que permite ao usuário montar suas próprias composições a partir da escolha de alguns dos elementos que Morandi usava de forma recorrente em suas obras. A composição é livre e coletiva – os visitantes editam em tempo real figura e fundo.

 

Dentre inúmeras combinações possíveis, há quatro obras escondidas que podem ser montadas pelo público, revelando a obra original. Cada elemento também possui uma frase sonora associada e as quatro obras escondidas na instalação representam cada um dos quatro compassos e acordes da música.

 

A exposição também exibe o documentário La polvere di Morandi (A poeira de Morandi), 2010, 59 min, dirigida por Mario Chemello. Além disso, um webapp com áudio-guia de vídeo libras comentando 10 obras da exposição. No dia da abertura, às 18h, haverá uma palestra gratuita com o professor e pesquisador Victor Murari, especialista em Morandi.

 

Além das obras de Morandi, o público ainda pode conferir na mostra obras de outros artistas que se inspiraram no seu trabalho, como Josef Albers, Wayne Thiebaud, Franco Vimercati, Luigi Ghirri, Rachel Whiteread e Lawrence Carroll.

 

De acordo com Maraniello, todos foram impactados pelo trabalho do pintor italiano e mostram a capacidade de atingir várias gerações. “Autonomia e a irredutibilidade do percurso de Morandi constituem a exemplaridade de uma resiliência que desarticula os paradigmas da vanguarda e das neovanguardas, apresentando-se nos contextos interpretativos da China, do Japão, da Coreia do Sul que, em anos recentes, têm acolhido com grande entusiasmo exposições promovidas em colaboração com o Museu Morandi”, finaliza.

 

Na história das artes visuais do século 20, Morandi ocupa um lugar especial como expoente destacado de uma linhagem de artistas cuja obra se impõe, num mundo cada vez mais cacofônico e ruidoso, pela reiteração silenciosa, a parcimônia, a simplicidade. A pintura de Alfredo Volpi, o cinema de Yasujirō Ozu ou a poesia de João Cabral de Melo Neto são exemplos de produções afins à de Morandi, em que as coisas se apresentam pelo que elas são, como se isso fosse simples.

 

Sobre o artista

 

Nasce em 20 de julho de 1890 em Bolonha, Itália, cidade onde passa toda a sua vida. Nas primeiras pinturas, a partir dos anos 1910, mostra a sua precoce atenção aos impressionistas franceses, em particular Cézanne e, logo depois, Derain, Douanier Rousseau, Picasso e Braque. Volta a sua atenção para a grande tradição italiana, estudando Giotto, Masaccio, Paolo Uccello e Piero della Francesca.

 

Nos meados dos anos 1910, pinta obras que mostram uma experimentação futurista e, a partir de 1918, passa de maneira muito pessoal por uma breve fase metafísica. Em 1918, entra em contato com a revista e o grupo Valori Plastici, com o qual expõe em Berlim em 1921. A partir dos anos 1920, inicia um percurso pessoal que seguirá com especial coerência, mas também com resultados sempre novos, dedicando a sua pintura apenas a três temas: naturezas mortas, paisagens e flores.

 

Em 1930, obtém a cátedra de técnica da gravura na Accademia di Belle Arti de Bolonha, cargo que manterá até 1956. Inicialmente apoiado e admirado por literatos, em 1934 é apontado por Roberto Longhi como “um dos maiores pintores vivos da Itália”, por ocasião da sua aula inaugural na Universidade de Bolonha. Em 1939, recebe o Segundo Prêmio de pintura na III Quadrienal romana.

 

Em 1943, durante a guerra, deixa Bolonha e se refugia em Grizzana, onde permanece até 25 de julho de 1944. Durante esse período, pinta numerosas paisagens. Em 1948, depois de expor ao lado de Carrà e De Chirico na Bienal de Veneza, recebe o prêmio de pintura da Comuna de Veneza.

 

Em 1953, recebe o Primeiro Prêmio de gravura na II Bienal de São Paulo, em que participa com 25 águas-fortes. Em 1957, a Bienal de São Paulo lhe confere o Grande Prêmio de pintura, à frente de Chagall. No último decênio, chega a uma pintura cada vez mais rarefeita. Morre em Bolonha em 18 de junho de 1964.

 

SOBRE O CCBB

 

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro ocupa o histórico nº 66 da Rua Primeiro de Março, no centro da cidade, prédio de linhas neoclássicas que, no passado, esteve ligado às finanças e aos negócios.

 

No final da década de 1980, resgatando o valor simbólico e arquitetônico do prédio, o Banco do Brasil decidiu pela sua preservação ao transformá-lo em um centro cultural. O projeto de adaptação preservou o requinte das colunas, dos ornamentos, do mármore que sobe do foyer pelas escadarias e retrabalhou a cúpula sobre a rotunda.

 

Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil conta com mais de 30 anos de história e celebra mais de 50 milhões de visitas ao longo de sua jornada. O CCBB é um marco da revitalização do centro histórico da cidade do Rio de Janeiro e mantém uma programação plural, regular, acessível e de qualidade.  Agente fomentador da arte e da cultura brasileira segue em compromisso permanente com a formação de plateias, incentivando o público a prestigiar o novo e promovendo, também, nomes da arte mundial

 

O prédio possui uma área construída de 19.243m². O CCBB ocupa este espaço com diversas atrações culturais, como música, teatro, cinema e exposições. Além disso, possui Biblioteca, além de abrigar o Arquivo Histórico e o Museu Banco.

 

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro funciona de quarta a segunda de 9h às 20h. A entrada do público é permitida apenas com apresentação do comprovação de vacinação contra a COVID-19 e uso de máscara. Não é necessária a retirada de ingresso para acessar o prédio, os ingressos para os eventos podem ser retirados na bilheteria do CCBB ou previamente no site eventim.com.br.

 

Sobre a A BB DTVM

 

A A BB DTVM é líder da indústria nacional de fundos de investimento, com patrimônio líquido sob gestão de R$ 1,374 trilhão em recursos e 20,9% de participação de mercado, conforme ranking de Gestores de Fundos de Investimento da Anbima, de setembro de 2021. Oferece soluções de investimento inovadoras e sustentáveis para todos os perfis de investidores e sua excelência em gestão é atestada por duas importantes agências de rating – Fitch Rating e Moody´s.

 

Funcionamento: De quarta a segunda, das 9h às 20h.

 

*retirada de ingresso no app ou site eventim.com.br ou na bilheteria do CCBB.

 

Palestra com o professor e pesquisador Victor Murari: dia 15 de dezembro, às 18h. Gratuito, com retirada de ingresso na bilheteria do CCBB RJ.