Mostra inédita de desenhos.

06/ago

Com inauguração no dia 16 de agosto, “The Lincoln Park e Outros Lugares” é a primeira exposição individual do artista plástico Paulo Amaral após quase dois anos no Espaço Cultural do Hotel Praça da Matriz, Centro Histórico, Largo João Amorim de Albuquerque nº 72, próximo ao Theatro São Pedro, Porto Alegre, RS. Constituída de 20 desenhos, a maioria inéditos e realizados durante recente viagem à cidade de Chicago, nos Estados Unidos. A mostra estará em cartaz até o dia 07 de setembro.

Estão programados dois encontros do projeto “Roda de Cultura”, com o artista recebendo o público para um bate-papo descontraído sobre sua obra e trajetória, em duas quartas-feiras – 27 de agosto e 03 de setembro. Todos os eventos são gratuitos.

A série em destaque no Espaço HPM captura paisagens naturais pela riqueza expressiva do desenho de Paulo Amaral, com a predominância do figurativo e eventuais espaços ao semiabstrato, através do uso de lápis e carvão sobre papel ou tecido, em dimensões variadas. “Ultimamente, meu trabalho tem sido marcado pelo predomínio do uso de tinta acrílica sobre tela, então eu quis fazer algo diferente e escolhi a técnica do carvão e do grafite sobre papel ou tecido, algo do qual gosto muito”, ressalta o autor.

Sobre o artista.

Artista plástico e gestor cultural Paulo Amaral, 75 anos, tem uma ampla trajetória na área cultural. Nascido em Bagé (RS), iniciou seus estudos em pintura ao final da adolescência, em 1967, durante intercâmbio na Califórnia (EUA). De volta ao Brasil, formou-se em Engenharia Civil (1974), carreira que exerceu em Porto Alegre ao longo de 30 anos. Sua produção artística em modalidades diversas – desenho, pintura, gravura, serigrafia e escultura – é marcada por mais de 50 exposições individuais e 160 coletivas, muitas das quais no exterior. Em paralelo, notabilizou-se como crítico, escritor, curador e gestor. Dirigiu o Museu de Arte do Rio Grande do Sul em três períodos, a Direção Artística-cultural da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) e presidiu o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e o Conselho Consultivo de Patrimônio Museológico, desde 2021, atua como coordenador de Artes Visuais da Secretaria Municipal de Cultura da capital gaúcha.

Exposição de Fernando Duval em São Paulo.

05/ago

A galeria NONADA SP, em sua sede paulistana, expõe “Sob o signo do ocaso – Wasthavastahunn: o universo paralelo de Fernando Duval”, com curadoria de Bernardo José de Souza, – um breve retrospecto -, obras criadas ao longo de mais de sessenta anos. Com obras totalmente inéditas, a mostra traça um panorama da produção de Fernando Duval (1937, Pelotas, RS), figura singular no cenário da arte brasileira, cujas produções – desenvolvidas ao longo de mais de seis décadas – são inteiramente dedicadas ao desenvolvimento de um universo de ficção científica: o planeta Fahadoika e, em especial, o continente de Wasthavastahunn.

Num gesto que desafia as convenções do campo artístico e da própria realidade, Fernando Duval criou uma cosmogonia própria, com personagens, línguas, tradições e tecnologias, povoando esse mundo alternativo por meio de desenhos, pinturas, esculturas, textos, narrativas orais e até um dicionário completo. Entre a ficção especulativa, o escapismo e o prazer, sua obra se insere na tradição da outsider art, sendo uma das mais notáveis expressões de invenção radical na história recente da arte brasileira.

A exposição reúne uma seleção de trabalhos que revelam as camadas narrativas, políticas e sensoriais do imaginário wasthianno: um povo fictício que, apesar da semelhança com os humanos, vive à margem de sistemas econômicos, religiosos e patriarcais. Em Wastha não há pobreza nem trabalho compulsório – tampouco fé ou dogma científico. O que impera é uma filosofia hedonista e libertária em que o prazer, a especulação intelectual e a recusa às normas constituem os pilares de uma civilização alternativa e profundamente crítica à lógica dominante no mundo real.

A mostra inclui também registros de personagens míticos – como Santa Bartola, padroeira da loucura e dos afetos desviantes – e evoca figuras centrais da política interestelar de Wasthavastahunn, como Ada Andes, baronesa e chanceler junto às Galáxias Ulteriores. As obras de Fernando Duval assumem, assim, o papel de documentos sensíveis de um mundo que não apenas questiona a normatividade ocidental, mas propõe outros modos de viver, imaginar e habitar o tempo.

O projeto curatorial de Bernardo José de Souza parte do próprio envolvimento afetivo e intelectual com a obra de Duval – artista que, ao longo de sua vida, permaneceu à margem do circuito institucional, mas criou uma das mais completas e sofisticadas ficções do século XX no Brasil. Como escreve o curador, “entre o escapismo, a luxúria e a transgressão, Duval deu corpo a um universo paralelo ao nosso, estruturado sobre as bases da imaginação, do regozijo e da recusa em viver sob a normatividade das sociedades capitalistas e patriarcais”.

Em cartaz até o dia 27 de setembro é uma oportunidade única para adentrar os meandros desse universo radical e encantador.

Diálogo entre diferentes estilos artísticos.

25/jul

A Galeria Movimento, Gávea, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta até o dia 17 de agosto a exposição coletiva “Deslimites da Escrita”, que reúne os artistas Xico Chaves e Cláudia Lyrio.  A mostra explora a íntima relação entre palavra, imagem e objeto, revelando como ambos os artistas transportam a escrita para suas criações, desafiando limites e ampliando significados.

Com uma trajetória que se estende desde a década de 1970, Xico Chaves é uma figura central na arte contemporânea e na poética brasileira. A exposição apresenta obras significativas da década de 1970, além de obras recentes e inéditas, ressaltando sua influência e inovação. Seu trabalho integra poemas, músicas e artes visuais, criando um grande mar de significados. Xico Chaves intercala diferentes linguagens e desdobramentos que celebram a diversidade da expressão artística.

Cláudia Lyrio, artista visual do Rio de Janeiro, traz uma sensibilidade única à exposição. Após sua individual no Paço Imperial, foi convidada a trazer uma parte de sua exposição para “Deslimites da Escrita”. Seu trabalho utiliza um vocabulário lírico que incorpora elementos da natureza, como árvores, aves e cor, criando narrativas poético-ficcionais. Cláudia Lyrio transporta a escrita para suas obras, refletindo sobre os ciclos da vida e enfatizando a potência visual da palavra.

O texto crítico da exposição é de Marisa Flórido Cesar, crítica de arte, curadora e professora adjunta do Instituto de Arte da UERJ. Ela contextualiza as obras e discute a importância da escrita como um elemento fundamental na arte contemporânea, amplificando as vozes de Xico Chaves e Cláudia Lyrio.

“Deslimites da Escrita” convida o público a explorar a intersecção entre as obras dos artistas, ressaltando o diálogo entre diferentes períodos e estilos artísticos. A mostra procura ser um espaço de reflexão e inspiração, onde os visitantes poderão vivenciar a arte brasileira contemporânea em suas múltiplas formas.

Figuras imaginadas de Zélio Alves Pinto.

11/jul

Com curadoria de Agnaldo Farias, a mostra – em cartaz até 15 de agosto – reúne cerca de 20 obras do artista Zélio Alves Pinto realizadas nas últimas décadas do século XX, em técnicas como pintura, desenho, xilogravura e colagem. Trata-se da primeira individual do artista em mais de 10 anos.

A Galeria MAPA, Consolação, São Paulo, SP, inaugura a exposição “ZÉLIO. Imagens e figuras imaginadas”, dedicada à produção do artista Zélio Alves Pinto produzidas entre os anos 1980 e 2000. A mostra, com curadoria de Agnaldo Farias, reúne cerca de 20 obras em técnicas diversas, como pintura, desenho, xilogravura e colagem, e lança foco sobre um período de inflexão em sua trajetória, na qual o artista desloca a prática gráfica cotidiana para uma pesquisa mais contínua e autoral no campo das artes visuais.

Reconhecido por sua atuação múltipla, Zélio Alves Pinto construiu desde os anos 1960 uma trajetória que abrange o cartum, a publicidade, o design gráfico e a direção institucional. Colaborou com publicações nacionais e internacionais como O Pasquim, Senhor, Le Rire (Paris) e Punch Magazine (Londres). A partir dos anos 1970, passou a dedicar-se com maior regularidade à produção artística, realizando exposições em instituições como MASP, MAM-RJ, Museu Real da Bélgica e em Nova York. Essa circulação entre linguagens e contextos fornece um repertório visual que permeia sua produção com referências cruzadas.

A curadoria de Agnaldo Farias propõe uma leitura concentrada nas relações visuais que organizam a obra de Zélio nesse momento. O conjunto apresentado evidencia procedimentos recorrentes – como o uso da linha como contorno e estrutura, a justaposição entre formas orgânicas e elementos gráficos, e a aparição de figuras ambíguas, entre o humano e o fabuloso. Trata-se de um recorte específico, que não busca retrospectiva, mas observação aprofundada de um período onde artista reinventa modos de narrar por meio da imagem. Com mais de uma década desde sua última exposição individual, “ZÉLIO – Imagens e figuras imaginadas” representa a reabertura pública de um segmento expressivo da produção do artista, articulando obras pouco vistas e outras ainda inéditas em São Paulo.

Ampla exposição da trajetória de Leandro Machado.

08/jul

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS, instituição da Secretaria de Estado da Cultura do RS -Sedac, apresenta a exposição “Leandro Machado – Hospícios e balneários (é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança)”. A inauguração será no dia 12 de julho quando em evento que marca também a reabertura do 2º andar do Museu.

Contemplando um panorama da produção de Leandro Machado (Porto Alegre, 1970), esta é a primeira exposição dedicada a uma compreensão mais ampla de sua trajetória e produção, sendo também a sua primeira mostra individual apresentada pelo MARGS. Assim, a seleção de obras abrange desde o início de sua atuação nos anos 1990 até o presente, como parte do processo de recuperação do acervo após a enchente de 2024. A exposição tem curadoria de Francisco Dalcol, e da curadora-assistente, Cristina Barros, com produção e preparação de obras de José Eckert, do Núcleo de Curadoria, e envolvimento de todos os setores do Museu.

Sobre o artista e a exposição.

Leandro Machado desenvolve sua obra transitando entre pintura, desenho, objeto, colagem, fotografia, procedimentos gráficos, apropriação, escrita, som, performance e intervenção, além de empregar a experiência do andar e do deslocamento como expediente artístico. Nessa prática e produção diversificadas, seus trabalhos reverberam temas e questões que encontram um sentido mais amplo de urgência política. Seja a partir de sua  condição e da reflexão sobre sua ancestralidade, seja pela leitura crítica dos sistemas de poder e das relações de desigualdade social-racial.

Já programada antes da enchente de 2024, esta exposição acontece também agora como parte do processo de recuperação do acervo após os danos da inundação parcial do térreo do Museu.

Issa Watanabe em São Paulo.

03/jul

O Instituto Cervantes de São Paulo, Avenida Paulista, apresenta uma nova exposição em cartaz em sua sede, até o dia 31 de julho. Trata-se da exibição da autoria da ilustradora peruana Issa Watanabe, “Migrantes” que, como o nome indica, retrata um tema bastante discutido na atualidade: a imigração e os fluxos dos refugiados. As obras que compõem essa mostra são provenientes do livro homônimo publicado pela artista, além de ilustrações de sua mais nova publicação, “Kintsugi”, e outras composições recentes.

Issa Watanabe começou a se aproximar do tema imigração quando foi viver em Mallorca, na Espanha, no início dos anos 2000. No país europeu, ela testemunhou as primeiras tentativas massivas de estrangeiros partirem da África em pequenos barcos rumo à Europa – uma travessia altamente perigosa, feita em embarcações precárias, mas que continuam sendo realizadas até hoje.

Uma das pessoas que se arriscou na travessia foi Abdulai, um estrangeiro proveniente do Mali e que tinha praticamente a mesma idade de Issa e seus companheiros de casa. Os jovens conheceram o rapaz em um ponto de ônibus, quando ele havia acabado de chegar ao país, sem visto, sem documentos e sem nem mesmo falar espanhol. Issa e seus amigos decidiram abrigar o jovem africano, que acabou vivendo com eles por um ano e meio. “Ele falava um pouco de francês e era assim que nos comunicávamos. Pudemos entender os motivos de Abdulai e o que uma viagem desse tipo significava para ele e para sua família. E acompanhar o processo dele tentar se adaptar a uma sociedade que, naquela época, o rejeitava”, conta a artista. Toda essa experiência inspirou Issa a dar aulas de espanhol como voluntária para os estrangeiros que chegavam à Mallorca e fez com que a artista se interessasse cada vez mais pelo tema imigração. Mas os primeiros esboços de “Migrantes” tomaram forma apenas quando ela já estava de volta ao Peru, anos mais tarde. A produção se iniciou espontaneamente, sem planejamento, e foi enchendo os cadernos de rascunhos da ilustradora. “Essa é uma obra que retrata uma situação muito difícil, que fala sobre morte, perdas, mas também esperança. Na história, os animais se ajudam mesmo sendo de espécies diferentes – alguns até mesmo se alimentam de outros na natureza”, diz a artista.

“Migrantes”, de Issa Watanabe, chega ao Instituto Cervantes de São Paulo após passar pela instituição em Roma, Salvador, Brasília e Rio de Janeiro, e faz parte da programação do Festival Cidade da Cultura. O evento conta com o apoio da Embaixada do Peru no Brasil, Consulado Geral do Peru em São Paulo, Centro Cultural Inca Garcilaso, Embaixada da Espanha no Brasil e Cooperación Española.

A arte de Maiolino no Museu Picasso.

A mostra é uma coletânea das principais obras da artista nascida na Calábria, em 1942, que cresceu na Venezuela, antes de se instalar no Brasil. Ao longo de 65 anos de carreira, Anna Maria Maiolino explora múltiplas linguagens artísticas, como disse em entrevista à RFI Fernanda Brenner, que divide a curadoria da exposição com o francês Sébastien Delot. “A ideia é fazer uma amostragem da complexidade e da coerência do trabalho dela”, explica a curadora.

“Esta exposição não é cronológica, não é montada em eixos temáticos de acordo com as décadas ou as mídias que ela trabalha, mas busca apresentar para o público como a Anna tem um vocabulário muito coeso, muito coerente e, ao mesmo tempo, absolutamente experimental em todas as mídias que ela resolve trabalhar”, diz. “Pode ser esculturas em argila, desenhos, pinturas, vídeo, fotografia, performances. Ela transitou por todas as mídias possíveis em arte contemporânea, mas sempre com um vocabulário muito específico e muito ligado com a própria origem dela, como corpo feminino migrante”, continua.

“Ela que saiu da Itália no pós-guerra, quando o país vivia uma situação de precariedade, de fome. Chegou primeiro na Venezuela, ao fim da infância, e depois no Brasil, aos 20 anos, (onde) encontra a cena brasileira e se faz artista a partir desse encontro com o Brasil”, pontua.  Parte de sua formação Anna Maria Maiolino cursou na escola Nacional de Belas Artes Cristóbal-Rojas, em Caracas. Em 1960, ela se mudou com os pais para o Rio de Janeiro, onde continuou sua formação artística, estudando pintura com Henrique Cavalleiro e xilogravura com Adir Botelho. Em paralelo, ela frequentou o curso de estética de Ivan Serpa, no Museu de Arte Moderna.  A artista diz que não trabalha com a intuição, mas pensa e repensa cada passo de sua criação. Em entrevista à RFI, Anna Maria explicou o título da mostra parisiense: “Estou aqui”. “Você busca um discurso próprio, diferente, mas isso é uma grande mentira, porque você vem do passado, com todas as culturas do passado. Isso é uma coisa muito forte para mim, porque eu era imigrante no Brasil”, lembra. “Ao chegar no Rio de Janeiro, que é uma cidade incrível, eu percebi a liberdade que a arte brasileira tinha”, completa.  Em 1968, Maiolino obteve a cidadania brasileira. Durante a ditadura, ela e o marido, Rubens Gerchman, se mudaram para Nova York, onde ela realizou parte das obras expostas em Paris. Nos Estados Unidos, a dificuldade por não falar inglês também acabou virando objeto de pesquisa, especialmente em desenhos e poemas. “Eu estive em vários países, em vários lugares. E sempre quando você muda de fronteira, o que existe é a sua presença no lugar. Então, para mim, este título significa que, mais uma vez, eu estou atravessando a fronteira, eu estou na França, estou em Paris, no Museu Picasso, que para mim é mais um território, pois sou uma andarilha, com alma de imigrante”, define.

A artista retornou ao Brasil em 1972, se instalando primeiro no Rio de Janeiro, antes de se mudar para São Paulo, após o divórcio. Suas obras são inspiradas em diferentes línguas, culturas e contextos políticos em que viveu. “Voltar a Paris é voltar para aquilo que eu sou. Eu nasci na Itália, sou uma europeia do Mediterrâneo, mas pertenço a várias camadas dos países onde vivi”, afirma. “Meu coração é brasileiro, é carioca. São Paulo não tem linha do horizonte, então me sinto prisioneira em São Paulo”, diz.  Leão de Ouro em Veneza em 2024, a artista foi recompensada com o Leão de Ouro na Bienal de Veneza pelo conjunto de sua carreira. Na ocasião, Anna Maria Maiolino dedicou o prêmio à arte brasileira e ao país que a acolheu. “Uma das coisas básicas da minha obra é a memória. A memória física e emocional”, diz. “É óbvio que a minha chegada ao Brasil me ajudou a encontrar um discurso particular meu”, continua. “Porque o brasileiro começa a sua arte com o Barroco, que é modernidade, não tem uma arte do passado. Tem a arte dos negros africanos, tem a arte dos índios e grande parte da arte brasileira carrega em si um ritual”, observa. No Museu Picasso, no bairro do Marais, a exposição de Anna Maria Maiolino dialoga com a obra do artista espanhol. Ela mesma traça semelhanças com ele. “Qual é a minha relação com o Picasso? Mesmo sendo de épocas diferentes, ele sendo homem e eu uma mulher, nós temos em comum uma coisa: a curiosidade, pois mudamos de suporte”, compara. “Picasso experimentou e “comeu” a arte de todo o mundo e “defecou” Picasso”, analisa. “Picasso foi um grande comilão, antropófago das culturas dos outros, mas transformou tudo em Picasso”, reforça. “Eu acho que eu e ele, com a diferença de idade e de séculos, temos a curiosidade de nos movermos de um suporte a outro, do desenho para a pintura, para a escultura, isso que eu tenho em comum”, afirma.    A exposição “Anna Maria Maiolino: Estou Aqui” fica em cartaz no Museu Picasso, em Paris, até 21 de setembro.

Fonte: Maria Paula Carvalho, de Paris para o Terra.

Exposição “Mix Media” de Patrick Conrad.

02/jul

Artista belga apresentará exposição individual no Museu de Arte do Paço, antigo prédio da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, RS. A exposição “Mix Media” será uma oportunidade única e imperdível para conhecer o artista belga às 10h do dia 12 de julho que permanecerá em exibição aberta para visitação até 26 de setembro.

“Mix Media”, exposição inédita de Patrick Conrad, exibirá cerca de cento e cinquenta obras sobre papel, utilizando técnicas mistas, tais como colagem, desenho e pintura. Patrick Conrad, contista, romancista e poeta é de fato, um artista multimídia, possui mais de cinquenta livros publicados e traduzidos em diversas línguas. Dirigiu filmes entre ficção e documentários pelos quais recebeu inúmeros prêmios. Tem representatividade em diversos museus e galerias em países europeus.

Novas luzes nas pinturas de Patrick Conrad.

Desde o dia que resolvi palmilhar a biografia de Patrick Conrad me convenci de que passaria a ter um convívio com um artista total com carreira internacional exitosa em todas as áreas onde atuou fosse através da linguagem literária, cinematográfica ou plástica. Livre e múltiplo. Agora, em sua escolha (consciente) na maturidade, Patrick Conrad optou por viver em nossa leal e valorosa Porto Alegre e o fez por amor. Vejo Patrick Conrad e sua multifacetada abordagem plástica poderosamente gráfica, crítica e densamente dramática. Contudo percebo muita leveza em seus traços e cores já contaminadas pelas novas luzes da terra de adoção.

Renato Rosa,

marchand e dicionarista.

Sobre Patrick Conrad.

A temporada de inverno acende grande expectativa pela exposição do multifacetado intelectual Patrick Conrad, no Museu de Arte do Paço (MAPA). Belga de nascimento (Antuérpia, 1945), Conrad é em verdade uma dessas personalidades pertencentes ao mundo, com sua ampla visão crítica e destreza naquilo que faz – e o faz de forma magistral. Pintor, novelista, poeta e roteirista – esteve em Porto Alegre pela primeira vez em 1987 para a Mostra Internacional de Cinema, selecionado pelo filme “Máscara”, estrelado por Charlotte Rampling e Michael Sarrazin. Sua filmografia conta mais de 20 inserções. Como escritor, publicou em torno de 50 livros escritos em flamengo, sua língua nativa, traduzidos para diversos idiomas como inglês, francês, alemão e chinês. Tive a oportunidade de encontrar e ler um desses romances, traduzido para o francês sob o título “Au fin fond de décembre” (Nas profundezas de dezembro) – verdadeira joia do romance noir. Desta forma, sua arte está impregnada de recortes de uma vida feita de experiências profundamente ricas – e raramente vividas. Conrad nos premia nesta exposição com cerca de 150 obras em técnica mista, todas criadas em Porto Alegre, cidade que escolheu há dois anos para viver com sua mulher Jane. Trata-se da primeira exposição de artista internacional no recém criado Museu de Arte do Paço (MAPA), motivo de muita honra para a comunidade que acolhe Patrick Conrad com muito orgulho.

Paulo C. Amaral

Coordenador de Artes Visuais da SMC/Prefeitura de Porto Alegre.

Cildo Meireles: Percurso e Presença.

01/jul

“O desenho é a primeira percepção visual. Numa segunda etapa é preciso voltar ao desenho, detalhar. Ele acompanha esse processo de detalhamento de uma ideia. Mas sua função é captar essa coisa que passou como um relâmpago, que ainda não tem forma, cor, tamanho.”

Cildo Meireles

Encontra-se em cartaz na Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, a exposição “Cildo Meireles: percurso e presença”, uma homenagem ao icônico artista, referência na arte conceitual brasileira e internacional. A mostra resgata uma seleção de desenhos produzidos nas décadas de 1960, 1970 e 1980; e gravuras produzidas em 2009, inspiradas em desenhos da década de 1960. Destacando assim uma vertente menos conhecida, mas de grande relevância no processo criativo do artista: os desenhos. Além das obras gráficas, foram reunidos alguns objetos em pequena escala, elementos de instalações simbólicas de sua produção no plano tridimensional.

A prática do desenho permeia a produção artística de Cildo Meireles desde a infância e desempenhou um importante papel em sua trajetória. Desenhar viria a ser uma forma de expressão e reflexão, um meio para detalhamento de ideias e, também, a sua principal fonte de receita até quase 1990. A venda de desenhos para amigos e colecionadores o possibilitou dedicar-se à carreira de artista e realizar projetos mais complexos, pelos quais Cildo Meireles se tornaria mundialmente conhecido. Em entrevista a Frederico Morais, ele conta que quando tinha apenas nove anos de idade, morando em Belém do Pará, ganhou alguns trocados na escola vendendo desenhos. Após se mudar para Brasília, já na escola secundária, seguiu desenhando. Foi a forma que encontrou de estar mais perto do real e de mostrar aos colegas a sua forma de pensar. Em 1963, aos 15 anos, passou a frequentar o Ateliê Livre da Fundação Cultural do Distrito Federal, dirigido pelo artista peruano Felix Alejandro Barrenechea. Lá exercitou o desenho de observação e com modelo vivo. Na mesma época ingressou no curso de cinema do CIEM, escola experimental, vinculada à Universidade de Brasília. Foi nessa ocasião que passou pela cidade uma exposição do acervo de arte africana da Universidade de Dakar, no Senegal, reunindo esculturas e máscaras. A mostra exerceu forte influência na formação do artista, que se sentiu estimulado a enfrentar qualquer superfície com o intuito de resolver o problema da representação, a figura transportada para outro plano. Em 1964, momento de grande adversidade no país com o início ditadura militar, o curso de arte da Fundação Cultural foi fechado, mas Cildo Meireles continuou frequentando o ateliê de Felix Alejandro Barrenechea. Desde então, a prática do desenho o acompanha, e lá se vão mais de seis décadas.

Entre as obras selecionadas para esta exibição, constam desenhos livres de diferentes temáticas e formatos: alguns inspirados nas máscaras africanas mencionadas anteriormente; outros seguindo uma linguagem narrativa, com nichos alusivos aos de histórias em quadrinhos, porém com situações que se desenvolvem de forma arbitrária. Há também composições abstratas com predominância da cor; desenhos que misturam pinceladas arredondadas e tracejados evocando situações de dor e violência; e ainda cenas específicas guardadas na memória do artista.

Distintas vozes na Vaquejada da Meia-Noite.

30/jun

A Almeida & Dale, Pinheiros, São Paulo, SP, inaugurou “Vaquejada da meia-noite”, exposição coletiva com curadoria de David Almeida. Ocupando o novo espaço expositivo da Fradique 1360, a mostra reúne distintas vozes e gerações de artistas conectados ao território cearense por meio de um gesto afetivo que reverbera e amplia a trajetória e a pesquisa de David Almeida. Motivado por uma investigação familiar, David Almeida, nascido em Guará, DF, aproximou-se profundamente do sertão e seus artistas, encontrando reverberações de suas pesquisas nas imagens criadas por eles.

Mais do que explicar ou catalogar a produção local, “A mostra vocaliza testemunhos assombrados da resistência, que se entrelaçam e desafiam o real imaginário do Brasil profundo, onde a reza e a crença são parte indissociável da verdade”.

A noite, a crença e o diabo, assim como a luta, o trabalho e as ferramentas de sobrevivência, são imagens que tecem o ambiente gótico-sertanejo proposto na exposição.

Artistas participantes.

Arivanio, Artur Bombonato, Arthur Siebra, Associação de Artesãos do Padre Cícero, Beatrice Arraes, Darks Miranda, Diego de Santos, Efrain Almeida, Francisco de Almeida, Gilberto Pereira, Gustavo Diogenes, J.F., José Leonilson, José Lourenço, Júlia Aragão, Juno B., Sara Costa, Sérgio Gurgel, Sérvulo Esmeraldo, Stênio Diniz, Terezinha de Jesus, Thadeu Dias.

Até 16 de agosto.