A dança como símbolo multifacetado.

06/jun

Para a Art Basel 2025, A Gentil Carioca propõe um olhar sensível sobre a dança, entendida não apenas como expressão artística, mas como elemento central nas vivências coletivas, nos rituais sociais e nas formas de resistência ao longo dos séculos. A dança surge aqui como símbolo multifacetado: linguagem do corpo, ferramenta de transmissão de saberes, modo de narrar histórias e preservar tradições. As obras selecionadas dialogam com essas múltiplas dimensões, ressaltando a importância da dança na construção de identidades culturais, na delicadeza das relações humanas e na constante busca por pertencimento. Participam desta edição: Agrade Camíz, Ana Silva, Arjan Martins, Denilson Baniwa, João Modé, Kelton Campos Fausto, Laura Lima, Misheck Masamvu, Miguel Afa, Novíssimo Edgar, O Bastardo, OPAVIVARÁ!, Pascale Marthine Tayou, Renata Lucas, Rodrigo Torres, Rose Afefé, Sallisa Rosa, Vinicius Gerheim, Vivian Caccuri, Mariana Rocha, Rafael Baron.

Apresentamos também um Kabinett que propõe um diálogo inédito entre as obras de João Modé, Ivan Serpa e Max Bill. Pioneiro do concretismo, Max Bill teve influência decisiva na arte latino-americana e, em 1951, recebeu o prêmio de escultura na primeira Bienal Internacional de São Paulo, impactando gerações de jovens artistas. Em ressonância com esse legado, João Modé desenvolve desde 2013 a série “Construtivo (Paninho)”, na qual utiliza costura e bordado para homenagear a tradição geométrico-abstrata da arte brasileira, criando formas “construtivo-afetivas”. No espaço, obras inéditas de João Modé dialogam com peças emblemáticas de Ivan Serpa e Max Bill.

Exposição Brígida Baltar – A pele da planta.

04/jun

O Instituto Ling, Três Figueiras, Porto Alegre, RS,  inaugura no dia 10 de junho a exposição individual “A pele da planta”, de Brígida Baltar. Com curadoria de Marcelo Campos, a mostra apresenta uma seleção de obras da artista produzidas especialmente para esta exposição, reunindo desenhos, fotografias, esculturas e bordados.

O projeto original, concebido por Brígida Baltar em 2020 para o espaço expositivo, evoca a atmosfera dos jardins do centro cultural. Após seu falecimento, em 2022, a proposta foi finalizada em diálogo com o Instituto Brígida Baltar, respeitando sua poética e memória.

A mostra fica em cartaz até o dia 09 de agosto, com visitação gratuita de segunda a sábado, das 10h30 às 20h. Também é possível agendar visitas mediadas para grupos, sem custo, pelo site do  Instituto Ling.

No dia da abertura, haverá uma conversa aberta ao público com a participação do curador Marcelo Campos; de Tiago Baltar, filho da artista e diretor-presidente do Instituto Brígida Baltar; de Jocelino Pessoa, gestor cultural e diretor artístico do Instituto; e do artista Ygor Landarin, que foi assistente de Brígida Baltar e hoje segue trabalhando no Instituto Brígida Baltar. Para participar, é necessário realizar inscrição prévia, também gratuita, pelo site do Instituto Ling.

Fusões entre corpos humanos e vegetação.

03/jun

 

A exposição “Nós Combinamos de Não Morrer”, estreia no Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro, Parque da Cidade, Gávea. Trata-se de mostra individual do artista plástico carioca Fessal. Com obras entre desenhos, pinturas, vídeos e instalações, a mostra propõe uma reflexão profunda sobre a relação do ser humano com o mundo natural e o espaço que habita. Entre todos os organismos vivos deste planeta, existe um acordo invisível – um combinado que ultrapassa crenças, culturas e fronteiras geográficas. A vida, sabe-se lá com quem ou o quê, está sempre se reconstruindo, seguindo adiante. E esse combinado fundamental é simples e poderoso: não morrer. A exposição apresenta fusões delicadas entre corpos humanos e vegetação, explorando o diálogo entre a individualidade e o todo natural de maneira sutil e instigante. Longe de oferecer respostas prontas, as obras convidam o público a uma experiência reflexiva, despertando questionamentos sobre comportamento, consumo e a conexão com o meio ambiente. A curadoria é de Ananda Banhatto.

Além da mostra principal, o projeto inclui um audiovisual exclusivo que contextualiza a produção artística e uma extensa programação paralela durante os três meses de exibição. Oficinas, rodas de conversa, intervenções artísticas e ações educativas irão envolver a comunidade local, os visitantes do museu e os frequentadores do Parque da Cidade, fortalecendo o diálogo entre arte, meio ambiente, política e cultura comunitária.

“Nós Combinamos de Não Morrer” reforça o compromisso com a arte contemporânea e a promoção da consciência socioambiental, ampliando o acesso do público a discussões relevantes para a cidade do Rio de Janeiro.

Até 15 de setembro.

MATCH!

21/mai

Exposição de desenhos reflete sobre performatividade masculina em plataformas do tipo Tinder. Com humor e ironia, mostra de Júnia Azevedo abraça temas como identidade, corpos, afetos e subjetividades no Centro de Arte UFF, Icaraí, Niterói. A curadoria é de Renato Rezende. A abertura acontece no dia 21 de maio

Júnia Azevedo apresenta de 10 retratos com textos, feitos em grafite sobre papel algodão. Como em plataformas de namoro virtual tipo Tinder, homens distintos apresentam seus perfis conforme seus interesses – sexo, amizade, uma parceira amorosa ou a busca da alma gêmea. “Há algo de machista e patético na forma como esses homens nos olham (olham para as mulheres) e se descrevem. Ao mesmo tempo, eles nos comovem. São pessoas solitárias, que carregam em seus rostos as marcas do tempo, e buscam ser felizes, como é de seu direito, a partir de seus princípios e conceitos de amor e sexo. As obras de Júnia nos provocam, desestabilizando-nos entre o repúdio e o terno, entre o estético e o ético, entre o trágico e o risível”, diz o curador Renato Rezende. Os desenhos apresentam com ironia e humor a maneira como homens heterossexuais de meia-idade se expõem e se posicionam em aplicativos de relacionamento. “Com traço preciso e sutileza crítica, a artista revela os discursos afetivo-sexuais e políticos que esses homens – em sua maioria brancos e urbanos – mobilizam ao se apresentarem nessas plataformas. Ao provocar o riso, suas obras também abrem um espaço de crítica sobre a performatividade masculina em contextos digitais”, explica Fernando Lima, diretor da Galeria de Arte UFF.

No mesmo dia e horário, abrem também no Centro de Artes UFF as exposições “Abismo”, de Rodrigo Pedrosa; “Afiyé”, da dupla Jão&Jota; e “É no silêncio que meu corpo grita”, de Nawi da Mata. As mostras são produzidas pela Divisão de Artes Visuais do Centro de Artes UFF, que tem como objetivo a promoção e divulgação de arte contemporânea, com vistas a fomentar a pesquisa, estimular novos processos investigativos e experimentações de linguagens, além de fortalecer as dinâmicas sociais.

Até 13 de julho.

Exposição homenagem para Maria Tomaselli.

30/abr

Onde os pássaros caem e as casas flutuam, é a nova exposição de Maria Tomaselli em exibição no Museu de Arte do Paço – MAPA Praça Montevidéu, Centro Histórico, Porto Alegre, RS.

Com foco numa homenagem que aborda diferentes aspectos da produção de Maria Tomaselli, a exposição “Onde os pássaros caem e as casas flutuam” traça um panorama que une obras da Pinacoteca Aldo Locatelli com obras do acervo particular da artista.

Sob curadoria de Nicolas Beidacki, a exposição mergulha no mundo pictórico e filosófico de Maria Tomaselli, abordando questões que vão das deformidades habitacionais até as agonias do corpo, numa mescla de passado e presente, sem desconsiderar desafios contemporâneos, como o sentido de um futuro ancestral e a abordagem que o mesmo trouxe para pensar o mundo que habitamos, seja nas ocas, nas casas ou em nós mesmos.

Ainda que aberta para visitação do público, a curadoria, considerando a condição de saúde atual da artista – que está em recuperação de um procedimento médico – optou por realizar uma atividade de encerramento em substituição ao evento de abertura. Assim, no dia 17 de maio, sábado, às 11h, no Museu de Arte do Paço, será realizada uma conversa pública com Maria Tomaselli e o curador para abordar a trajetória e os processos criativos da artista, recentemente homenageada no “XVII Prêmio Açorianos de Artes Plásticas”.

Em cartaz até 22 de maio

Diferentes fases de Elizabeth Jobim.

24/abr

A Casa Roberto Marinho, inaugura duas exposições dedicadas à obra de Elizabeth Jobim: “A inconstância da forma” e “Entre olhares – Encontros com a Coleção Roberto Marinho”. A ocupação dos dois andares do instituto cultural marca as quatro décadas de carreira da artista carioca, apresentando as diferentes fases de sua produção e traçando relações visuais entre suas obras.

“No térreo, Elizabeth Jobim estabelece um diálogo único com o nosso acervo. Assim, seguimos com a tradição das exposições individuais contemporâneas do Cosme Velho, que promovem não apenas a exibição de trabalhos, mas novas leituras e interações entre passado e presente”, diz Lauro Cavalcanti, o diretor da Casa Roberto Marinho.

No andar superior, a curadoria de Paulo Venancio Filho opta por uma mostra panorâmica com mais de 50 desenhos e pinturas, revelando como, ao longo dos anos, a pesquisa artística de Elizabeth Jobim evoluiu de forma pendular, em constante relação com sua própria trajetória.

A palavra da artista

“As exposições pontuam os principais momentos do meu percurso. Com o Paulo, decidimos incluir trabalhos do início da minha carreira que há tempos não eram expostos. Já na seleção para o térreo, em que faço a curadoria a partir do acervo da Casa Roberto Marinho, entram artistas cujas obras dialogam diretamente com a minha produção”.

Reconhecida como um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira, Elizabeth Jobim integrou a icônica exposição Como vai você, Geração 80?, realizada no Parque Lage em 1984. Agora, ao ocupar os espaços da Casa Roberto Marinho, revisita sua obra marcada pela interseção entre pintura, escultura e instalação.

O Instituto Casa Roberto Marinho fica na Rua Cosme Velho, nº 1105, Rio de Janeiro.

Diálogos e confrontos entre dois artistas.

16/abr

A Pinakotheke São Paulo exibe a exposição “Encontro/Confronto – Hélio Oiticica e Waldemar Cordeiro”, que acontece até o dia 10 de maio. A mostra reúne obras de dois dos mais importantes artistas brasileiros do século XX, que participaram ativamente dos movimentos Neoconcreto e Concreto, defendendo caminhos distintos para a arte nos anos 1950 e 1960.

A pesquisa e os interesses que moveram Hélio Oiticica (1937-1980) e Waldemar Cordeiro (1925-1973) apresentam um paralelismo que, ao longo do tempo, ficou diluído. No Rio de Janeiro, Hélio Oiticica foi um dos principais articuladores do Neoconcretismo, enquanto Waldemar Cordeiro, em São Paulo, se tornou o grande porta-voz dos concretistas. Os embates intelectuais entre os dois grupos marcaram a História da Arte Brasileira.

Na grande sala da Pinakotheke São Paulo, 18 obras de Hélio Oiticica e 19 de Waldemar Cordeiro – provenientes de coleções públicas e privadas – apresentadas frente a frente, proporcionam um encontro que busca revisitar, já com o distanciamento do tempo, os diálogos e confrontos entre os dois artistas. Idealizada por Max Perlingeiro, a curadoria da exposição é compartilhada com o artista Luciano Figueiredo, um dos maiores especialistas na obra de Hélio Oiticica, e Paulo Venancio Filho, pesquisador dos dois movimentos. Além de promover essa reflexão histórica, a mostra celebra o centenário de nascimento de Waldemar Cordeiro.

Um gesto de desejo e pertencimento.

10/abr

No meu jardim tudo se mistura

A Ocre Galeria, bairro São Geraldo, 4° Distrito, Porto Alegre, RS, apresenta a exposição individual “no meu jardim tudo se mistura”, de Téti Waldraff (Sinimbu, RS, 1959), com curadoria de Paula Ramos. A mostra revela o profundo vínculo da artista com a Natureza, que se manifesta em sua prática de desenhar, pintar e criar a partir das formas orgânicas e dos ciclos de vida observados em seus jardins.

Para Téti Waldraff, o ato de desenhar e pintar é também um gesto de desejo e pertencimento. É no cotidiano entre Porto Alegre e Faria Lemos, cercada por árvores, arbustos e flores, que ela encontra matéria e inspiração. O jardim é espaço de cultivo e de criação, um território onde o natural e o artístico se fundem. Ali, o ato de observar o desabrochar das flores se transforma em linhas, cores e formas. Seu ateliê é móvel, adaptável: um banco, um bloco de notas, papéis soltos. Em cada gesto, emerge o desejo de registrar o instante e a matéria viva que o compõe.

A exposição expande essa experiência sensível, ao mesmo tempo em que desdobra pesquisas formais e conceituais realizadas em projetos anteriores, a exemplo da série “Nos rastros do Jardim de Giz”. Produzidos durante o período de isolamento social, imposto pela Pandemia, os desenhos da série surgiram a partir do painel produzido por pela artista junto ao Centro Cultural da UFRGS, em março de 2019.

No dia 12 de abril, às 11h, a Ocre Galeria promove uma conversa com Téti Waldraff e mediação da curadora Paula Ramos, crítica, historiadora de arte e professora do Instituto de Artes da UFRGS. O evento é uma oportunidade para o público conhecer mais sobre o processo criativo da artista e os caminhos que levaram à construção da exposição. A entrada é franca e o espaço tem acessibilidade.

Até  03 de maio.

Coletiva A Coisa dRag.

01/abr

Reunindo artistas emergentes e consolidados no circuito de arte brasileira, a mostra apresenta obras relacionadas ao fenômeno drag e seus elementos de transgressão. No dia 04 de abril, no Centro Cultural da UFMG, inaugura-se a exposição coletiva a Coisa dRag, Belo Horizonte, MG, reunindo produções de 34 artistas brasileires, sob curadoria de Sandro Ka e assistência curatorial de Elis Rockenbach.

A mostra é resultado de um amplo mapeamento realizado em 2024, integrado à pesquisa A dragficação como fenômeno cultural e problemática na produção artística contemporânea (PRPq/UFMG), desenvolvida na Escola de Belas Artes da UFMG. A partir desse levantamento, o conjunto exposto revela um recorte da produção de artistas atuantes em diversas partes do país.

Participam da exposição: Adriano Basilio, Amorim, André Venzon, Augusto Fonseca, Avilmar Maia, Caio Mateus, Camila Moreira, Carambola, Carolina Sanz, Cassandra Calabouço, Cavi Brandão, Cynthia Loeb, Dods Martinelli, Efe Godoy, Lili Bertas, Elis Rockenbach, Sarita Themônia, Glau Glau, Hugo Houayek, Ítalo Carajá, Karine Mageste, Lai Borges, Lia Menna Barreto, Lorenzo Muratorio, Maria Carolina, Rafa Bqueer, Renato Morcatti, Rodrigo Mogiz, Sandro Ka, Tatiana Blass, Téti Waldraff, Thix, Tolentino Ferraz e Victor Borém.

Até 16 de maio.

Pequenas fábulas visuais de Liliana Porter.

27/mar

A exposição “Otros cuentos inconclusos”, da artista argentina Liliana Porter, apresenta mais de 30 obras, compondo um panorama da sua produção dos últimos cinco anos. Radicada em Nova York desde 1964, a artista soma mais de 60 anos de carreira, período em que desenvolveu uma sólida e significativa pesquisa em torno da representação da condição humana. Essa é a quinta exposição da artista – até 07 de junho – na Luciana Brito Galeria, São Paulo, SP, que também promoveu sua primeira mostra individual no Brasil, em 2001.

“Otros cuentos inconclusos” empresta o seu título da sua mais recente obra em audiovisual, “Cuentos inconclusos” (2022), concebida em parceria com a artista Ana Tiscornia. Como o título sugere, o vídeo nos coloca diante de pequenas narrativas, cujos desfechos podem ser atribuídos de acordo com a nossa própria imaginação. Para tanto, o vídeo é apresentado em cinco partes, por meio de narrativas construídas com a combinação de frases extraídas da obra de literatura infantil “Simbad, o Marujo” e cenas animadas das instalações da artista. A trilha sonora, assinada por Sylvia Meyer, representa papel importante, ajudando não apenas na ambientação das cenas, como também dando vida aos personagens inanimados.

A produção de Liliana Porter nos coloca diante de pequenas fábulas visuais, ou crônicas atemporais da nossa própria condição de ser humano. Uma de suas grandes habilidades recai no poder de síntese das suas representações, que paradoxalmente (ou ironicamente) acontece a partir do colecionismo. Bibelôs, brinquedos, ornamentos e outros pequenos objetos garimpados ganham vida pelas mãos da artista. Eles permanecem armazenados até serem “licenciados” pela sua poética, por vezes ácida, por vezes bem humorada. O poder da simples combinação desses elementos, muitas vezes acrescidos de pinturas e desenhos, pautam questões profundas e inerentes da sociedade contemporânea, como é o caso da obra “The Anarchist (Woman in Red)” (2022), onde uma pequena figura executa a grande tarefa de desenrolar um novelo de lã inteiro para criar obstáculos àqueles que quiserem adentrar o ambiente. Ou em “The Way Out (with red car)” (2022), em que uma grande barreira não é páreo para um simples carro vermelho. A artista também apresenta um conjunto de 20 pequenas assemblages sobre papel e outras dez micro-instalações, onde objetos minúsculos ganham um grande poder narrativo, por meio de metáforas que tratam do tempo e da memória presente nos nossos repertórios mais íntimos.