Duas mostras no CCBB/Rio

18/dez

O artista austríaco Erwin Wurm produz um deslocamento de elementos do cotidiano para o campo da arte, reconfigurando objetos familiares como casas, carros, roupas e alimentos para um contexto inesperado, engraçado e ao mesmo tempo crítico em relação à sociedade contemporânea. Em suas obras, elementos inanimados ganham vida orgânica – uma residência obesa, um vaso sanitário magro, uma salsicha cheia de personalidade, um carro acima do peso. A exposição apresenta uma série de trabalhos que discute o corpo humano não apenas a partir do físico, mas também de suas camadas psicológicas e espirituais. A curadoria é de Marcello Dantas.

 

 

Até 08 de janeiro.

 

Uma retrospectiva do fotógrafo e cineasta francês Raymond Depardon que reúne 165 obras em cores do artista, feitas entre 1950 e 2013, sendo a maior parte inédita é o atual cartaz do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A exposição de fotografias “Un moment si doux”  foi apresentada com muito sucesso de público e crítica em 2014/2015, no famoso Le Grand Palais, em Paris, e no museu MUCEM, em Marselha. As fotos selecionadas cobrem Europa, América Latina, África e Brasil, e incluem grandes formatos espetaculares.

 

 

Até 05 de fevereiro de 2018.

Obras de Rossini Perez

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Porto Alegre, RS, exibe a exposição “Caminhos de Rossini Perez”, em parceria com o Museu Nacional de Belas Artes/Ibram/MinC. A mostra, com curadoria de Claudia Regina Alves da Rocha, está em cartaz nas galerias João Fahrion, Pedro Weingartner e Ângelo Guido do MARGS. A curadora e chefe da Divisão Técnica do Museu Nacional de Belas Artes, Cláudia Rocha, falou – na abertura  – sobre a exposição. O evento foi organizado pela Associação dos Amigos do Museu de Artes do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (AAMARGS). A coleção de obras de arte do artista Rossini Perez no Museu Nacional de Belas Artes/Ibram/MinC é composta de mais de 200 trabalhos, entre gravuras, pinturas e desenhos. O MARGS apresenta um recorte da coleção do museu carioca e do artista que apresenta sua trajetória entre os anos de 1950 e 1970.

 

 

A palavra da curadora sobre a trajetória do artista

 

Rossini Perez iniciou-se artisticamente no Rio de Janeiro entre os anos de 1945 e 1949, quando foi aluno de Luiz Almeida Junior que orientava um curso de pintura ao ar livre denominado Grupo Colméia. O artista aprendeu a misturar as tintas e, sobretudo, a realizar pinturas de paisagens da cidade. A partir de 1951, passou a frequentar a Associação Brasileira de Desenho e a ser aluno de Ado Malagoli iniciando efetivamente a sua trajetória artística. A década de 1950 foi um período marcado pelo avanço de processos de industrialização e desenvolvimento econômico brasileiro. O lema da campanha “50 anos em 5”, do Presidente da República Juscelino Kubitschek, estava embuído de um grande otimismo que caracterizou o final da década como um momento significativo em termos de mudanças de costumes com acessos a bens produzidos a partir dos setores automobilístico, de plásticos, borracha e vidro. No campo das artes, os chamados Anos Dourados foram marcados pela Bienal de São Paulo, Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), Companhia Cinematográfica Vera Cruz e a Bossa Nova.

 

Nesta época, Rossini Perez visitou as primeiras Bienais de São Paulo e conheceu as gravuras de Edward Munch que o fizeram escolher essa expressão como caminho. Frequentou os ateliês de Oswaldo Goeldi, Iberê Camargo e Fayga Ostrower. Em 1951 também participou da primeira Exposição de Arte Abstrata, realizada no Sesc Quitandinha em Petrópolis, e de diversas exposições nacionais e internacionais nesta época. O cenário brasileiro tanto para a arte contemporânea quanto para a gravura ainda era inicial. A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, não dispunha de uma galeria de arte. Mas foi nesta década que se iniciou um mercado de arte principalmente com a criação da Petite Gallerie na Copacabana de 1954.

 

Os materiais ainda não especializados permitiram ao artista criar suas gravuras iniciais dentro das temáticas “favela”, “morro”, “barcos” e “cais”. Usando tintas não específicas para gravura e matrizes de latão e de placas de linóleo, suas criações eram impressas também sobre papel não especial, o chamado papel Fabriano. Em 1959 era assistente de Johnny Friedlaender no Atelier de gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, aonde permaneceu até 1961. A década de 1960 trouxe mudanças significativas para sua arte pois tornou-se bolsista da Rijksakademie em Amsterdã aperfeiçoando-se na litografia. Com acesso a materiais especializados desenvolveu grande domínio das técnicas de gravura. Neste período suas obras tendiam para as composições abstratas e em meados dessa época surgiram as composições em relevo criadas em matrizes de cobre e zinco, iniciando também composições a partir de mais de uma matriz.

 

O uso de matrizes de cobre e zinco proporcionou uma nova interação com os materiais aonde o inesperado produzido pelas reações químicas produzia novos efeitos que se coadunavam com a expectativa do artista. Morou dez anos em Paris e percorreu diversos países europeus incorporando suas influências em suas obras de arte. Na década de 1970 colaborou na implantação de oficina de gravura em metal na Ecole Nationale des Beaux-Arts de Dacar, Senegal. Suas gravuras são fortemente influenciadas por formas de elementos do cotidiano africanos como trouxas, cintas, novelos e sinuosidades. Elas tornam-se mais complexas ao criar imagens a partir de matrizes compostas por várias partes. No final dos anos de 1970, voltou para o Brasil aonde lecionou em Brasília e, finalmente, no Atelier de Gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

 

 

Até 28 de janeiro de 2018.

Julio Le Parc: da Forma à Ação

13/dez

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta adaptada para seu espaço, a grande retrospectiva de Julio Le Parc, realizada em 2016 no Pérez Art Museum Miami (PAMM). Com a mesma curadoria de Estrellita B. Brodsky e consultoria artística de Yamil Le Parc, a mostra em São Paulo, com patrocínio do Bradesco, apresenta mais de 100 obras que trazem uma centelha de experiências físicas e visuais do consagrado artista. Ao incluir as principais instalações e trabalhos raramente vistos em papel e materiais de arquivo, “Julio Le Parc: da Forma à Ação” é uma exploração da figura central de Le Parc na História da Arte do Século XX.

 

“As investigações de Julio Le Parc sobre as maneiras de engajar e empoderar o público redefiniram e reinterpretaram a experiencia da arte”, afirma a curadora Estrellita B. Brodsky. “Movido por um sólido ethos utópico, Le Parc continua a olhar a arte como um laboratório social, capaz de produzir situações imprevisíveis e de ludicamente engajar o espectador de novas maneiras. Seu posicionamento radical continua cada vez mais relevante após seis décadas”.

 

O artista argentino logo após mudar-se para Paris, tornou-se, em 1960, membro fundador do coletivo de artistas Grupo de Pesquisa de Artes Visuais (GRAV). Ao enfatizar o poder social de objetos e situações de arte não mediados e desorientadores, Le Parc buscou limpar as estruturas e sistemas que separam espectador de obra. Sua inovação no campo da luz, movimento e percepção foi central para os movimentos da arte cinética e ótica da época, servindo suas teorias como veículo de mudança social e política, que continuaram a integrar a vanguarda parisiense de 1960 adiante.

 

Esse espírito da arte como ímpeto social move-se pela mostra em três secções temáticas. A primeira, “Da superfície ao objeto”, reúne trabalhos iniciais em papel e pinturas que mostram o uso de cor como meio de desestabilizar a superfície bidimensional. Estão expostas obras de 1958, com estudos do bidimensional com tinta e guache em papel, assim como pinturas de 1959 até hoje. Também consta nesse segmento, o monumental “A Longa Marcha”, um grupo de 10 pinturas vibrantes que flutuam ao redor de uma parede arredondada.

 

Em “Deslocamento”; “Contorções”; “Relevos”, estão os revolucionários labirintos-instalação, de Le Parc exibidos pela primeira vez como parte da participação da GRAV na Bienal de Paris de 1963, as caixas de luz e obras de contorção. A sequência de três cômodos imbuídos de luz oferece aos espectadores uma experiência sensorial poderosamente desorientadora.

 

Por fim, “Jogo & Política de participação” dissolve os muros físicos e ideológicos que separam espectador, obra de arte e instituição. Precursor do movimento de estética relacional, esse período da carreira de Le Parc considera como a arte pode encorajar uma nova consciência sobre o espaço social do indivíduo.

 

“Acredito que a exposição de Julio Le Parc despertará o mesmo interesse e encantamento do público causado pela mostra de Yayoi Kusama, que realizamos em 2014, por também provocar singular experiência sensorial aos espectadores”, diz Ricardo Ohtake, presidente do Instituto Tomie Ohtake.

 

O trabalho desenvolvido pela curadora Estrellita B. Brodsky é uma pesquisa retrospectiva da abrangente prática de Le Parc e uma análise de seu impacto tanto em seus contemporâneos na América Latina quanto na Europa vanguardista do pós-Guerra e subsequentes gerações de artistas. Apesar do âmbito histórico, a exposição conversa com força com o presente, demandando presença física e perceptiva do público. “Julio Le Parc: da Forma à Ação” apresenta o artista à nova geração, permitindo que cada visitante reaja de forma direta e pessoalmente ao trabalho.

 

 

Até 25 de fevereiro de 2018.

Fuga : Verve e Mezanino juntas

A Verve Galeria, Jardim Paulista, São paulo, SP, em parceria inédita com a Galeria Mezanino, exibe a coletiva “Fuga”. Sob curadoria de Ian Duarte Lucas e Renato de Cara, são propostos 3 diálogos entre 6 artistas de ambas as galerias: Luisa Malzoni e Emídio Contente; Vladimila Veiga e Leo Sombra; e Luciano Zanette e Sergio Niculitcheff. Composta por 25 obras, a expografia pensada para a mostra coloca os trabalhos em contraponto, do qual emergem inúmeras possibilidades de associação. Da música erudita foi emprestado o título da exposição, que investiga processos de espelhamento, modulação, expansão e síntese entre as obras.

 

Assim como nas outras artes, a música possui a capacidade de nos transportar de um lugar a outro num deslocamento, ainda que temporário, da realidade. Palavra do latim que tem o duplo significado de fugir (fugire) e caçar (fugare), a “fuga” é um estilo de composição contrapontística com origem na música barroca, em que as vozes ecoam, uma após a outra, o tema principal, em operações de repetição e contraposição – importante ressaltar que todas as vozes com a mesma importância na composição.

 

Com esta inspiração, a coletiva “Fuga” apresenta diversas linguagens e conceitos, em obras que passam pelas técnicas de escultura, fotografia, gravura e pintura, sempre no intuito de revelar paralelos e correlações entre o trabalho dos artistas.

 

“Pela contraposição, fica evidente a complementaridade entre os processos poéticos de cada um, pois afinal é do encontro que se traça o devir de todo artista”, concluem os curadores Ian Duarte Lucas e Renato de Cara. A coordenação é de Allan Seabra.

 

De 14 de dezembro de 2017 a 20 de janeiro de 2018.

Toyota no MAM-Rio

08/dez

O Museu de Arte Moderna do Rio (MAM) recebe a exposição “Toyota – O ritmo do espaço”. A mostra, com curadoria de Denise Mattar, reúne obras e instalações do japonês erradicado no Brasil Yutaka Toyota, que, aos 86 anos, apresenta uma retrospectiva. Entre os feitos do artista estão monumentos expostos em grandes cidades do mundo como São Paulo e Tendo, no Japão.

 

Ocupando uma área de aproximadamente 1.000m², a exposição no MAM contará com uma coleção de 80 obras, entre recriações de instalações apresentadas na 10ª Bienal e peças expostas em instituições como o Museu de Arte Contemporânea de Niterói e o Palácio Itamaraty, além de coleções particulares.

 

Em sua trajetória, Toyota teve como base a percepção do espectador como cocriador de suas peças, o que reflete parte do conhecimento que absorveu nos costumes dos países onde viveu.

 

– Criei milhares de obras de diferentes técnicas, que iam de pequenos múltiplos a imensos monumentos. Sempre fui fiel às mesmas indagações, as quais me fizeram mergulhar nesse universo das artes. Busquei na cultura ocidental, por meio da física quântica, o significado de espaço. Com a minha origem oriental, busquei o significado íntimo de algo espiritualmente superior. Talvez seja essa a conexão entre o homem e o universo – diz

 

Fonte: oglobo.globo.com/rio/bairros/exposicao-no-mam-apresenta-retrospectiva-do-artista-plastico-yutaka-toyota

Obras de Sérvulo Esmeraldo

05/dez

O Instituto Ling, Porto Alegre, RS, apresenta a exposição “PulsationsPulsações – Do arquivo vivo de Sérvulo Esmeraldo”, do artista cearense falecido em fevereiro deste ano, pouco antes de completar 88 anos. A exposição mostra uma das trajetórias mais originais da arte brasileira: conhecido por seu rigor geométrico-construtivo. O artista incursionou por técnicas diversas como escultura, gravura, ilustração e pintura. Sérvulo Esmeraldo é um dos pioneiros da arte cinética e autor de obras de geometria e luminosidade singulares.

 

A mostra, com curadoria de Ricardo Resende, traz 84 peças – entre gravuras, matrizes, desenhos, estudos, relevos, maquetes, instalações, documentos e fotografias – que fazem parte do arquivo do IAC – Instituto de Arte Contemporânea, São Paulo, SP. Organizada a partir do arquivo de Sérvulo Esmeraldo – atualmente sob a guarda do IAC, a exposição compreende a fase em que o artista viveu na França entre os anos de 1957 e 1980.

 

“PulsationsPulsações” joga uma luz sobre o rico processo criativo do artista em seus primeiros anos na França, uma fase de aprendizado, de iniciação nas técnicas da gravura em metal e litografia. Contempla os desenhos e as gravuras em metal que compõem esse período europeu, sob a influência do abstracionismo lírico que vigorava na capital francesa naquele momento, que seria uma resposta à action painting nova-iorquina. É acompanhada, ainda, de uma seleção de esculturas e de duas pinturas posteriores a essa fase, quando explorou a topologia das coisas e formas.

 

 

A palavra do curador

 

São trabalhos definitivos para a compreensão da importância de sua contribuição para a arte brasileira. O que se vê no arquivo agora exposto é esse mesmo olhar e os mesmos gestos divagantes, que passam por todas as formas de representação artística, principalmente daquelas que não conhecemos. Manchas, ranhuras, rabiscos e linhas, pulsações das quais saem novas formas sobre o papel e sobre o espaço.

 

Sobre o artista

 

Sérvulo Esmeraldo nasceu em 27 de fevereiro de 1929 no Crato, Ceará. Na infância morou no Engenho Bebida Nova, propriedade rural da família, produtora de açúcar mascavo, aguardente e rapadura. Ainda criança, fez incursões pela modelagem em barro e pequenos trabalhos tridimensionais em madeira de casca de cajá, onde reproduzia paisagens rurais. Aos 13 anos, criou sua primeira xilogravura, “Homem trabalhando com enxada”, impressa na tipografia do jornal A Ação, órgão da diocese. Na década de 60, ganhou uma bolsa de estudos do governo francês para estudar em Paris, na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts. Nessa época, passou a morar em Neuilly-Plaisance – onde viveu por quase 20 anos – e conheceu artistas como o argentino Julio Le Parc e o venezuelano Jesús Rafael Soto, que então davam os primeiros passos na chamada Arte cinética. Deixou de se dedicar exclusivamente à gravura e passou a experimentar outras linguagens como o tridimensional e, claro, a arte cinética. Sua série mais conhecida do período é “Excitáveis” – objetos feitos de acrílico, que reagem ao toque do espectador – trabalho que o destacou no cenário da arte cinética internacional. Entre muitas exposições realizadas com sua obra nos últimos anos, destacam-se a retrospectiva “Sérvulo Esmeraldo”, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2011, e a individual “Arquivo vivo de Sérvulo Esmeraldo”, no Instituto de Arte Contemporânea, SP, em 2014, exposição que deu origem à mostra no Instituto Ling, em Porto Alegre. Sérvulo Esmeraldo faleceu em fevereiro de 2017, em Fortaleza. Criou até o seu último momento de vida, pouco antes de completar 88 anos de idade, deixando um legado dos mais inquietantes da arte brasileira dos séculos XX e XXI.

 

Organização: Instituto Ling e Instituto de Arte Contemporânea de São Paulo / Realização: Ministério da Cultura / Governo Federal / Patrocínio: Crown Embalagens

 

 

Até 31 de março de 2018.

Luciana Caravello na Untitled

04/dez

A Luciana Caravello Arte Contemporânea participa pela segunda vez da Untitled, em Miami Beach, EUA. Para esta importante feira de arte contemporânea, que este ano acontece de 6 a 10 de dezembro, a galeria levará trabalhos dos artistas Ivan Grilo e Lucas Simões.

 

De Ivan Grilo, serão apresentados o vídeo “Não é um muro. É um abismo” e placas em bronze, que se referem ao vídeo. As placas possuem frases em alto relevo, tanto em português quanto em inglês, tais como: “Não é um muro, é um abismo” e “Eu já sabia que aquilo era uma despedida”. O vídeo foi desenvolvido a partir da descoberta de uma tradição da cidade de Alcântara, no Maranhão, em que acontece uma festa popular desde os tempos da escravidão em homenagem a São Benedito. Incomodada com a festa, a elite branca da cidade contratou conjuntos de música de câmara para tocarem nos espaços públicos nos mesmos dias da festividade do povo negro numa tentativa de encobrir o som quente e contagiante dos tambores com música erudita europeia. Desde então, se tornou comum nos ares daquela cidade que todo ano houvesse o cruzamento simultâneo entre os sons de origem europeia e africana. Ivan Grilo recria no vídeo esse embate sonoro e social, colocando frente a frente dois trios de músicos: um trio de música de câmara tocando clássicos da música erudita europeia e um grupo de três músicos tocando atabaques reproduzindo toques característico do sistema polirrítmico ligado à religiosidade e à musicalidade afro-brasileira. Cada trio está reproduzido em um canal de vídeo, e entre eles um terceiro canal com uma imagem dramática de um mergulho em um abismo.

 

De Lucas Simões serão apresentadas cinco esculturas em concreto e papel, produzidas este ano, das séries “White Lies” e “Corpo de Prova”. A primeira é composta por colunas feitas de pilhas de concreto e papel. As obras estão dispostas em uma estrutura de metal, como se fossem pilares de um edifício imaginário em processo de construção ou demolição. O papel e o concreto parecem cair em cascata em direção ao solo ou subir para o céu em um padrão regular, congelados um momento antes de cada pilar cair. Os elementos concretos são inspirados no movimento pós-moderno, na arquitetura e no contraste com o papel fino que o suporta. Em “Corpo de Prova”, as estruturas de concreto parecem se equilibrar sobre o bloco de papel, dando a impressão de que podem se movimentar a qualquer momento.

 

O principal objetivo da Luciana Caravello Arte Contemporânea, fundada em 2011, é reunir artistas com trajetórias, conceitos e poéticas variadas, refletindo assim o poder da diversidade na Arte Contemporânea. Evidenciando tanto artistas emergentes quanto estabelecidos desde seu período como marchand, Luciana Caravello procura agregar experimentações e técnicas em suportes diversos, sempre em busca do talento, sem discriminações de idade, nacionalidade ou gênero.

 

De 6 a 10 de dezembro – Ocean Drive and 12th Street, Miami Beach – Luciana Caravello Arte Contemporânea – Stand B07

 

Diálogos na Carpintaria 

29/nov

Dando continuidade ao programa experimental da Carpintaria, espaço da Fortes D’Aloia & Gabriel, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, a exposição “Opening Night” propõe um diálogo entre três artistas de diferentes gerações cujas práticas orbitam majoritariamente em torno da escultura. A norte-americana Lynda Benglis, a brasileira Erika Verzutti e o inglês Jesse Wine apresentam, em conjunto, quinze obras de suas produções recentes. A “noite de abertura” sugerida no título refere-se livremente ao filme homônimo do diretor norte-americano John Cassavetes de 1977, lançado no Brasil como “Noite de Estreia”. Na trama, uma atriz de meia-idade – vivida por Gena Rowlands – enfrenta uma crise de identidade enquanto ensaia sua nova peça de teatro. A exposição alude ao palco em que se desenrola a história ao apresentar uma única base para dispor todo o conjunto de trabalhos do trio. A plataforma transforma as esculturas em veículos análogos aos atores, ao mesmo em que borra o gap geográfico e geracional dos três artistas para sublinhar suas afinidades. Relacionando-se entre si, os trabalhos de Lynda, Erika e Jesse transmutam-se em poderosas alegorias da condição da escultura na contemporaneidade – munidas, nesta reflexão, de artifícios como a ironia, o experimentalismo na manipulação dos materiais e um vasto léxico de referências, diretas e indiretas, à história da arte.

 

Veterana do trio, a produção de Lynda Benglis, está profundamente enraizada na história da arte norte-americana. Seus trabalhos começam a ganhar notoriedade no fim da década de 60, quando sua obra surge como uma resposta à predominância masculina na prática da fusão entre pintura e escultura, oriunda de movimentos como o Minimalismo e o Process art. Marcadas por uma forte fisicalidade, as esculturas da série “Elephant Necklace” criam relações dinâmicas entre massa e superfície, onde a matéria maleável se torna rígida e vice-versa, em um processo de congelamento do gesto. Também integram a exposição duas obras com bronze e pedra da década de 90, “Man/Landscape” e “Landscape II.”

 

Na produção da paulistana Erika Verzutti o gesto também ocupa uma posição elementar. O seu fazer escultórico revela-se na investigação da natureza de objetos mundanos, dentre frutas, vegetais e materiais próprios da prática artística. Repleto de humor, seu exercício de livre associação dá origem a trabalhos que distanciam-se de uma identificação imediata, frequentemente evocando narrativas pessoais e relacionadas à história da arte. “Mulher Fruta”, por exemplo, alude à idealização do corpo em uma escultura de papier machê e isopor, ao passo que “Dieta ” retrata, em bronze, uma curiosa torre com ovos e bananas.

 

A ênfase no material manifesta-se também na obra de Jesse Wine. O jovem artista elege a cerâmica como material predominante e através de técnicas tradicionais desafia noções de composição, forma e narrativa. Trabalhos como “Modern Emotion” e “So Human” , ambos de 2017, fazem alusão crítica à representação do corpo na escultura moderna, enquanto “Santa Fe” e outros da mesma série trazem arranjos que flertam com a paisagem.

 

 

De 28 de novembro a 27 de janeiro de 2018.

Raro Percurso – 52 anos da Galeria de Arte Ipanema

24/nov

A Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, abre no próximo dia 28 de novembro, às 19h, a exposição “Raro Percurso – 52 anos da Galeria de Arte Ipanema”, marcando a inauguração de sua nova sede em prédio com projeto arquitetônico de Miguel Pinto Guimarães. Dirigida por Luiz Sève e sua filha Luciana Sève, a Galeria de Arte Ipanema passará a ocupar o andar térreo e metade do primeiro andar da construção com quatro andares e dois subsolos, que abriga ainda três unidades destinadas a escritórios empresariais. Ao longo do período de exposição será lançado o livro “Raro Percurso – 52 anos da Galeria de Arte Ipanema”, pela Barléu, com texto do crítico Paulo Sergio Duarte, capa dura, formato de 21cm x 25cm, e 100 páginas. “Espero que um jovem que começa sua coleção, um jovem artista ou, mesmo, crítico possam ter uma ideia, embora tênue, do contexto em que nasce a Galeria de Arte Ipanema”, escreve Paulo Sergio Duarte. Para ele, o percurso de Luiz de Paula Sève no mercado de arte e de sua galeria é “coisa raríssima, para não dizer única no Brasil”.

 

Com atividades ininterruptas, a Galeria de Arte Ipanema volta assim ao seu tradicional endereço no número 27 da Aníbal de Mendonça, onde se instalou em 1972, e mostra nesta exposição inaugural de seu novo espaço sua íntima relação com a história da arte, e a força de seu acervo. Serão exibidas cerca de 60 obras de mais de 50 artistas de várias gerações e diferentes pesquisas, expoentes da Arte Contemporânea e do Modernismo, entre eles grandes mestres da Arte Cinética, do Concretismo e do Neoconcretismo. Junto a pesos-pesados da arte, a exposição também reunirá pinturas de artistas mais jovens, como a norte-americana Sarah Morris, conhecida por suas pinturas geométricas de cores vibrantes, inspiradas principalmente na arquitetura das grandes metrópoles – e os paulistanos Henrique Oliveira e Mariana Palma.

 

Em uma verdadeira festa para o olhar, a exposição se inicia com seis pinturas cinéticas da série “Physichromie” de Cruz-Diez – artista representado pela galeria -, que oferecem três diferentes conjuntos de cores de acordo com a posição do espectador: de frente, caminhando da esquerda para a direita, ou no sentido contrário. Esses trabalhos se juntam a outros grandes nomes da arte cinética, como um óleo sobre tela da década de 1970 e um móbile dos anos 1960 de Julio Le Parc; uma versão em formato de 55 cm da espetacular “Sphère Lutétia” , uma das três obras de Jesús Soto na mostra; uma pintura de mais de 1,60m da série “W” de Abraham Palatnik , entre trabalhos de outros cinéticos, como o relevo de quase três metros de largura de Luis Tomasello.

 

 

Construtivismo e Neoconcretismo

 

De Sérgio Camargo estarão três significativos relevos em madeira pintada, e um deles, “Relief 13-83”, participou da Bienal de Veneza em 1966, onde o artista tinha uma sala especial com 22 obras. De Waltercio Caldas, integrará a mostra a escultura “Fuga”, esmalte sobre aço inox e lã. Um núcleo da exposição é composto por uma gravura de Richard Serra, pela obra “Maquete para interior”, de Lygia Clark, uma escultura em aço pintado de Franz Weissmann, uma escultura e uma pintura de Amilcar de Castro, duas pinturas de Aluísio Carvão e dois trabalhos de Ivan Serpa. A “Pintura nº 355”, do argentino Juan Melé , também integrará a mostra.

 

 

Mais pinturas – Abstracionismo, Expressionismo, Nova Figuração

 

Quatro pinturas de Alfredo Volpi – uma dos anos 1960 e três da década seguinte – também estarão na exposição, bem como conjuntos das famosas séries “Ripa” e “Bambu”, dos anos 1970, de Ione Saldanha, em têmpera sobre madeira. “52 anos – Um raro percurso” mostrará óleos sobre tela dos anos 1960 e 1950 de Tomie Ohtake e Manabu Mabe, dois artistas que participaram da exposição inaugural da Galeria Ipanema, em 1965. Arcangelo Ianelli, Abelardo Zaluar e Paulo Pasta também terão obras na mostra. A exposição apresentará pinturas de Iberê Camargo, Milton Dacosta, Maria Leontina, Jorge Guinle e Beatriz Milhazes. Raymundo Colares, artista que fez sua primeira individual na Galeria de Arte Ipanema, estará representado pela pintura “Midnaite Rambler”, em tinta automotiva sobre madeira. Wesley Duke Lee terá na exposição três pinturas em nanquim, guache e xerox sobre papel: “Nike descansa ”, “O Alce (Sapato com fita amarrando), e “Os mascarados”. “Tô Fora SP”, de Rubens Gerchmann, e duas pinturas de Wanda Pimentel, das décadas de 1970 e 90, se somam a quatro obras de Paulo Roberto Leal, artista que também teve sua primeira individual realizada pela Galeria Ipanema. Outros grandes nomes da arte contemporânea que integrarão a mostra são Frans Krajcberg, Cildo Meireles, Nelson Félix, Antonio Manuel e Vik Muniz.

 

 

Modernismo

 

Luiz Sève teve um contato privilegiado com grandes artistas, entre eles sem dúvida está Di Cavalcanti, de quem serão exibidas três óleos sobre tela. Outros grandes nomes do modernismo que estarão na exposição são Portinari, com a pintura “Favela”, Djanira, com “Sala de Leitura”, e Pancetti , com “Farol de Itapoan”.

 

 

Breve história de um raro percurso

 

A história da Galeria Ipanema se mistura à da arte moderna e sua passagem para a arte contemporânea, e seu precioso acervo é fruto de seu conhecimento privilegiado de grandes nomes que marcaram sua trajetória. Fundada por Luiz Sève, a mais longeva galeria brasileira iniciou sua bem-sucedida trajetória em novembro de 1965, em um espaço do Hotel Copacabana Palace, com a exposição de Tomie Ohtake e Manabu Mabe, entre outros. Até chegar à casa da Rua Aníbal de Mendonça, em Ipanema, em 1972, passou por outros endereços, como o Hotel Leme Palace e a Rua Farme de Amoedo.

 

 

Presença em São Paulo

 

De 1967 a 2002, Frederico Sève – irmão de Luiz – foi sócio da Galeria Ipanema, onde idealizou e dirigiu de 1972 a 1989 uma expansão em São Paulo, inicialmente na Rua Oscar Freire, em uma casa construída e especialmente projetada pelo arquiteto Ruy Ohtake. A Galeria Ipanema foi uma das precursoras a dar visibilidade ao modernismo, e representou, entre outros, com uma estreita relação, os artistas Volpi e Di Cavalcanti , realizando as primeiras exposições de Paulo Roberto Leal e Raymundo Colares. Nascido em uma família amante da arte, Luiz Sève aos 24 anos, cursando o último ano de engenharia na PUC, decidiu em 1965 se associar à tia Maria Luiza (Marilu) de Paula Ribeiro na criação de uma galeria de arte. Na família amante de arte, outro tio, o pneumologista Aloysio de Paula, médico de Pancetti, havia sido diretor do MAM. Luiz Sève destaca que é na galeria que encontra sua “fonte de prazer”. Uma característica de sua atuação no espaço de arte é “jamais ter discriminado ou julgado qualquer pessoa pela aparência”. “Há o componente sorte também”, ele ressalta, dizendo que já teve acesso a obras preciosas por puro acaso. A Galeria Ipanema mantém em sua clientela colecionadores no Brasil e no exterior, e já atendeu, entre muitas outras, personalidades como o mecenas da arte David Rockefeller, Robert McNamara – Secretário de Defesa do Governo Kennedy -, e o escritor Gabriel Garcia Marquez.

 

 

Até 23 de dezembro.

19 artistas na Luciana Caravello

17/nov

Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, no dia 22 de novembro, a exposição coletiva “Ma”, com cerca de 20 obras recentes e inéditas, que tratam da importância da pausa e do silêncio, em um mundo com tantas informações. Com curadoria de Luisa Duarte, serão apresentadas pinturas, esculturas, objetos e intervenções de 19 artistas: Alexandre Canonico, Ana Linnemann, André Komatsu, Anna Maria Maiolino, Daniel Steegmann Mangrané, Fernanda Gomes, Leticia Ramos, Lucas Simões, Manoela Medeiros, Marcius Galan, Maria Laet, Mira Schendel, Nicolás Robbio, Paloma Bosquê, Rodrigo Cass, Romain Dumesnil, Túlio Pinto, Valdirlei Dias Nunes e Vivian Caccuri.

 

As obras da exposição possuem uma geometria sensível, com cores de baixa intensidade, que se contrapõem ao mundo atual, onde temos sempre muitas imagens, muitas cores e muitas informações por todos os lados. “São obras que caminham na contramão de um presente marcado pelo regime do espetáculo, da aceleração e da hipervisibilidade”, afirma a curadora Luisa Duarte.

 

A maioria das obras da exposição é recente ou inédita e algumas, como dos artistas Paloma Bosquê, Manoela Medeiros, Rodrigo Cass e Vivian Caccuri, foram produzidas especialmente para a mostra. Mesmo seguindo esta linha, a curadora optou por também incluir a obra “Buraco ao Lado”, de Anna Maria Maiolino, que faz parte da série “Desenho Objeto”, de 1976/2005. O emblemático trabalho, que foi incluído por se enquadrar na proposta da mostra, é composto por diversos papeis brancos sobrepostos e recortados, que são colocados dentro de uma caixa de madeira com vidro.

 

Alguns dos trabalhos da exposição possuem cores neutras e delicadas, como é o caso das obras de Fernanda Gomes, feitas com madeira e tinta branca, e Valdirlei Dias Nunes, que apresenta dois relevos em que placas de mdf são envoltas por uma fina camada de madeira de cedro, como se fossem quadros.

 

Em outros, a ideia da pausa aparece em obras que parecem ter tido o movimento interrompido, como “Cumplicidade #5”, de Túlio Pinto, em que uma grande barra de concreto e uma bola de vidro são segurados por uma corda, e “Corpo de prova n 17”, de Lucas Simões, em que um bloco de concreto não está totalmente apoiado no chão. Em ambas, a sensação é de que os objetos podem se movimentar a qualquer momento. Este também é o caso de “Ponto de Fuga” (2015), de Marcius Galan, em que o artista faz um rasgo na parede, onde coloca uma barra de ferro, que também é apoiada no chão.

 

“Em meio a uma época na qual a arte é convocada a escolher e verbalizar, constantemente, uma posição sobre o mundo, ou seja, possuir um discurso, escolher um lado, narrar situações do âmbito real, ‘Ma’ surge recordando a importância da pausa, do intervalo, do vazio necessário para que algo possa, novamente, ser dito de forma potente”, diz a curadora.

 

O nome da exposição vem da palavra japonesa “Ma”, que pode ser traduzida como a experiência do espaço que inclui elementos temporais e subjetivos. A exposição é a continuação de um projeto recente da curadora Luisa Duarte, que já realizou outras duas mostras seguindo esta mesma linha de pesquisa. O nome da mostra surgiu a partir de um texto da crítica e curadora Kiki Mazzuchelli sobre a obra de Paloma Bosquê, que estava presente em uma dessas mostras.

 

 

Sobre a curadora

 

Luisa Duarte é crítica de arte e curadora independente. É crítica de arte do jornal O Globo, desde 2009. Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica – PUC-SP. Doutoranda em Teoria da Arte pela UERJ em 2017. Foi por cinco anos membro do Conselho Consultivo do MAM-SP (2009-2013). Foi curadora de diversas exposições e do programa Rumos Artes Visuais, Instituto Itaú Cultural (2005/ 2006); integrou a equipe de curadoria de Hans Ulrich Obrist para a mostra “The Insides are on the Outside”, Casa de Vidro de Lina Bo Bardi, São Paulo, 2013; Foi organizadora, com Adriano Pedrosa, do livro ABC – Arte Brasileira Contemporânea, Cosac & Naify, 2014.

 

 

Sobre a galeria     

 

O principal objetivo da Luciana Caravello Arte Contemporânea, fundada em 2011, é reunir artistas com trajetórias, conceitos e poéticas variadas, refletindo assim o poder da diversidade na Arte Contemporânea. Evidenciando tanto artistas emergentes quanto estabelecidos desde seu período como marchand, Luciana Caravello procura agregar experimentações e técnicas em suportes diversos, sempre em busca do talento, sem discriminações de idade, nacionalidade ou gênero.

 

 

De 22 de novembro a 21 de dezembro.