19ª Mostra Internacional de Arquitetura.

27/nov

A Fundação Bienal de São Paulo anuncia a participação brasileira na 19ª Mostra Internacional de Arquitetura – La Biennale di Venezia, Giardini Napoleonici di Castello, Padiglione Brasile, 30122, Veneza, Itália, com abertura em 10 de maio de 2025. O projeto curatorial e expográfico do Pavilhão do Brasil terá curadoria da arquiteta Luciana Saboia e dos arquitetos Eder Alencar e Matheus Seco, do grupo Plano Coletivo. O projeto para a Bienal de Arquitetura de Veneza é uma curadoria de práticas e pesquisas em desenvolvimento que contará com a colaboração de pesquisadores, professores, arquitetos e artistas de várias regiões do país.

O projeto busca refletir sobre as complexas interações entre natureza, infraestrutura e práticas arquitetônicas no contexto brasileiro, dialogando diretamente com o tema geral dessa edição, Intelligens. Natural. Artificial. Collective., proposto pelo curador geral Carlo Ratti. Comissária: Andrea Pinheiro, Presidente da Fundação Bienal de São Paulo.

Sobre os curadores do Plano Coletivo

Luciana Saboia. Arquiteta formada pela Universidade de Brasília, UnB (1997), doutora em teoria e história da arquitetura e da cidade pela Université Catholique de Louvain, UCLouvain (2009) e  pesquisadora visitante no Office for Urbanization da Harvard Graduate School of Design, GSD (2017). É professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, FAU Unb, e pesquisadora com vasta experiência em paisagem e apropriação social. Luciana Saboia desenvolve pesquisas focadas nas transformações ambientais e sociais das periferias metropolitanas. Com atuações internacionais, ela propõe novas estratégias para o projeto da paisagem, que refletem sua visão crítica e engajada sobre a arquitetura e o planejamento urbano.

Eder Alencar. Arquiteto formado pela Universidade de Brasília, UnB (2010). É sócio-fundador do ARQBR Arquitetos, onde desenvolve um trabalho que combina a relação da arquitetura com o contexto local a um profundo compromisso com a crítica arquitetônica, buscando sempre responder às escalas humanas e paisagísticas de cada projeto. Junto ao ARQBR, possui um histórico de prêmios em concursos públicos de grande relevância.

Matheus Seco. Arquiteto formado pela Universidade de Brasília, UnB (1999), é mestre em Architectural Design pela Bartlett School of Architecture, UCL, (2004). Sócio-fundador do BLOCO Arquitetos, desenvolve um trabalho que reflete um interesse na relação direta do projeto com condicionantes específicas e respeito pelo contexto local. Junto ao BLOCO, foi premiado em concursos nacionais e internacionais de obras construídas.

Pré-abertura: 08 e 09 de maio de 2025.

Duração: 10 de maio a 23 de novembro de 2025.

A presença da natureza.

Para a Art Basel Miami Beach 2024, Miami Beach Convention Center, FL, USA, A Gentil Carioca (Stand G17) apresentará uma seleção de obras que investigam a presença da natureza por meio das complexas interações entre o humano e o meio ambiente. Os trabalhos dos artistas revelam como essa conexão se manifesta tanto em dimensões simbólicas quanto materiais, abordando a criação como um ato simultaneamente natural e cultural. Assim, exploram as tensões e harmonias que permeiam esse diálogo essencial.

Participam desta edição: Agrade Camíz, Ana Silva, Ana Linnemann, Arjan Martins, Cabelo, Denilson Baniwa, Jarbas Lopes, Laura Lima, Novíssimo Edgar, Maria Nepomuceno, Miguel Afa, Misheck Masamvu, Vivian Caccuri, Renata Lucas, Rodrigo Torres, Sallisa Rosa, Vinicius Gerheim, O Bastardo, Kelton Campos Fausto e João Modé.

Exibições em  04, 05 (preview) de dezembro e 06, 07 e 08.

As paisagens insólitas de Petrillo.

Exposição individual inédita do artista Petrillo apresenta sua produção recente, entre pinturas, desenhos e instalação com 1.200 obras que levou seis anos para ser concluída.

A investigação do artista visual Petrillo sobre as possibilidades de paisagens/lugares foi o que deu origem à sua nova mostra individual, “Territórios Possíveis – paisagens insólitas”, que ocupará o Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, até 11 de janeiro de 2025. Esta pesquisa integra seu repertório visual e imagético, que parte da referência de imagens e fotografias reais. Fazendo uma proposição da recriação da espacialidade, Petrillo observa a sua topografia e recria imagens e paisagens inexistentes, lugares por ele idealizados. Complementa a expsoição a grande instalação “Territórios Reconstituídos”, composta por cerca de 1.200 desenhos de pequenos formatos em caixas acrílicas de CD, onde demorou seis anos para ser finalizada.

A palavra do artista

“Esses trabalhos são fruto de uma pesquisa que venho realizando há algum tempo e são bastante pautados na questão da espacialidade e nos estudos de espaço e lugares  propriamente ditos. Comecei a observar a questão das curvas de nível nfluenciado pela faculdade de Arquitetura, onde dou aulas de desenho. Todo esse processo foi desembocar agora: ressignificando as “voçorocas” (afundamento de solo), acenando também para uma preocupação ecológica e como uma pequena denúncia sobre o que o homem está fazendo na degradação do meio ambiente. Ressignifico não apenas as paisagens que pura e simplesmente vemos, mas também expresso algo mais visceral e impulsivo, a paisagem que está dentro do imaginário de cada um. As manchas nas pinturas são intencionais, vou colocando camadas sobre camadas, nada é aleatório”.

Marcus de Lontra Costa assina o texto crítico “Várias Paisagens”, discorrendo sobre o processo de realização das obras.

José Adário exibe ferramentas de orixás.

26/nov

A Galatea tem o prazer de apresentar o projeto José Adário: no caminho de Ogum na Art Basel Miami Beach 2024, entre os dias 06 e 08 de dezembro, exibindo as esculturas de ferro – também conhecidas como ferramentas de orixás – do artista baiano José Adário (1947). Nascido em Salvador, na Bahia, Adário deu início à sua trajetória como ferreiro quando tinha apenas 11 anos de idade. Guiado pelo mestre e mentor Maximiano Prates, Adário aprimorou a sua prática como ferreiro de santo na oficina de Prates situada na histórica Ladeira da Conceição da Praia, seu local de trabalho até hoje.

As ferramentas de santo são esculturas de ferro que operam uma espécie de mediação entre os homens e os orixás, entre o mundo físico (Aiyê) e o mundo espiritual (Orum). Nos terreiros de Candomblé, elas são utilizadas em rituais e para devoção. Por produzi-las com grande originalidade e sofisticação formal, José Adário passou a ser reconhecido não só como o escultor-ferreiro mais celebrado dos terreiros da Bahia, mas como um artista cuja prática é intimamente vinculada às raízes afro-diaspóricas da cultura de sua região – Salvador é considerada a cidade mais negra fora da África.

Um museu especial.

Museu dedicado aos carros, com muita arte, design e educação, o CARDE abriu as portas ao público, em Campos do Jordão, São Paulo, SP. O CARDE é um projeto da Fundação Lia Maria Aguiar, que desde 2008 desenvolve programas de educação, arte, cultura e saúde, entre crianças e jovens de Campos do Jordão.

Campos do Jordão (SP), a 170 km da capital paulista, é a cidade mais alta do Brasil, com altitude média de 1.628 metros. Famosa por atingir baixas temperaturas, atrai muitos turistas, que apreciam também que apreciam também a gastronomia e a arquitetura locais. Porém, a partir de agora, para muitos, ela também será lembrada como a sede de um importante museu de automóveis brasileiro: o CARDE.

São cerca de 100 carros expostos de forma rotativa (o acervo tem mais de 500 automóveis) em ambientes divididos de acordo com as décadas dos anos 1900, mostrando as referências de suas épocas também atatravés da arte, com obras de artistas renomados como Candido Portinari e Di Cavalcanti, joias, esculturas e gravuras. Também entre as histórias contadas há veículos governamentais, nacionais e esportivos.

Por trás desse projeto visionário está Gringo Cardia, um dos mais renomados designers e cenógrafos do país, conhecido por transformar espaços em experiências memoráveis.

Fonte: Quatro Rodas.

Rigor geométrico e práticas artísticas.

A galeria A Gentil Carioca, anuncia a abertura de  “Geometria Crepuscular”, exposição coletiva n’A Gentil Carioca Rio de Janeiro.

A exposição propõe uma reflexão sobre a geometria na arte contemporânea, explorando uma abordagem que se afasta da rigidez formal e exata para incorporar aspectos mais sutis, sensoriais e subjetivos. O grupo de artistas estabelece um diálogo entre o rigor geométrico e as práticas artísticas, investigando questões como o tempo, a memória e o futuro. Essa investigação se dá especialmente por meio do uso de materiais “pobres” ou reciclados, além de referências a cosmologias indígenas e narrativas afrofuturistas.

A ideia de uma “geometria crepuscular” aponta para o momento em que as formas tradicionais são dissolvidas, desafiando as noções de ordem e precisão, abraçando a indefinição e as sombras. A geometria é vista como uma passagem, um espaço intermediário entre o dia e a noite, a luz e a escuridão, o visível e o invisível.

Participam da mostra: Agrade Camíz, Aleta Valente, Desali, Dani Cavalier, Mariana Rocha, Mayra Carvalho, Novíssimo Edgar, Panmela Castro, Rose Afefé, Sallisa Rosa, Silia Moan, Siwaju, Vinicius Gerheim, Tainan Cabral, Xadalu Tupã Jekupé e Zé Tepedino.

A coletiva foi inaugurada simultaneamente à exposição “Ègbé ọ̀run Ẹgbẹ́ àiyé”, a primeira exibição individual de Kelton Campos Fausto n’A Gentil Carioca Rio de Janeiro. A trilha sonora da noite ficou por conta da dupla de DJs Anette Canivette (PE) e Myra Mara (RJ), da XÊPA.

Ambas as exposições estarão abertas para visitação até 1º de fevereiro de 2025.

Última itinerância da 35ª Bienal.

De 30 de novembro de 2024 a 09 de março de 2025, a cidade de Porto Alegre, RS, receberá a última parada da itinerância da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível, uma exposição correalizada pela Fundação Iberê Camargo e a Fundação Bienal de São Paulo. Curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel.

O evento encerrará o ciclo de exposições que, ao longo de 2024, percorreu dez cidades brasileiras e três internacionais, ampliando as discussões propostas pela Bienal de São Paulo em sua última edição, realizada em 2023. Ao todo, a 35ª Bienal alcançou 14 cidades, incluindo seu último destino.

Entre os 121 participantes da 35ª Bienal de São Paulo, sete deles estarão presentes com suas obras na Fundação Iberê Camargo: Aurora Cursino dos Santos, Katherine Dunham, MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin), Nontsikelelo Mutiti, Rosana Paulino, Ubirajara Ferreira Braga, e a dupla Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich. Os trabalhos selecionados para a última itinerância refletem diálogos sobre ancestralidade, memória e as complexas relações entre corpos, territórios e resistência, temas centrais desta edição da Bienal.

No dia 30 de novembro, durante a inauguração da itinerância, a entrada é gratuita e a equipe educativa da Fundação Bienal de São Paulo realizará uma visita mediada, às 15h30.

Espaço de diálogo entre trajetórias artísticas.

22/nov

A Art Lab Gallery, sob direção e curadoria de Juliana Mônaco, inaugurou mais uma edição do Circuito Contemporâneo. A exposição coletiva reúne 44 artistas, entre representados pela galeria e selecionados por edital público, consolidando-se como um espaço de diálogo entre diferentes trajetórias artísticas. A mostra estará aberta ao público até 07 de dezembro, na sede da galeria, localizada na Vila Madalena, São Paulo.

Com cerca de 200 obras, o Circuito Contemporâneo apresenta um panorama diverso da produção artística contemporânea brasileira, incluindo pinturas, esculturas, fotografias e joias autorais. A proposta curatorial, enfatiza a liberdade de expressão dos participantes, que apresentam obras em portfólio livre, destacando suas técnicas e identidades individuais.

A exposição é composta por 22 artistas representados pela Art Lab Gallery, como Canudim, Maria Eduarda Comas, Flavio Ardito e Sadhana, e 22 artistas selecionados por edital, entre eles Tomaz Favilla, Isaac Sztutman e Maria Estrela Joias. A diversidade dos participantes reflete a abrangência da iniciativa, que busca incluir produções de diferentes contextos regionais e sensibilidades culturais.

Artistas representados: Canudim, Carlos Sulian, Carolina Lavoisier, Crys Rios, Emanuel Nunes, Evandro Oliveira, Flavio Ardito, Germano, Graça Tirelli, Gray Portela, Heitor Ponchio, Joana Pacheco, Junior Aydar, Lidiane Macedo, Lolla, Maria Bertolini, Maria Eduarda Comas, Mari Kirk, Maurizio Catalucci, Patricia Ross, Ricardo Massolini, Sadhana.

Artistas selecionados: Adriana Piraíno Sansiviero, Anne Walbring, Barrieu Wood Design, GUS, Isaac Sztutman, Leticiaà Legat, Jorge Herrera, Juliana Rimenkis, Maria Estrela Joias, Maria Figueiredo, Nancy Safatle, Narcizo Costa, Priscilä Boldrïni, Pamela Lahaud, Rapha Masi, Robson Victor, Rogerio Oliveira, Roger Mujica, Silvio Alvarez, Simone Fiorani, Tomaz Favilla, Yan.

Três fotógrafas em foco.

Exposição de fotos emoldura o Brasil profundo com lentes europeias. Imagens das fotógrafas Claudia Andujar, Lux Vidal e Maureen Bisilliat estão em cartaz no Centro MariAntonia da USP.

Suíça, Alemanha e Inglaterra. Em meados dos anos 1940, três jovens saíam de seus países de origem devido à Segunda Guerra Mundial, iniciando trajetórias que as levariam, décadas depois, às aldeias indígenas do Brasil. As fotógrafas Claudia Andujar, Lux Vidal e Maureen Bisilliat penetraram nas terras Parakanã, Xikrin, Xingu e Yanomami, capturando imagens singulares dos povos locais. Cerca de 300 dessas imagens encontram-se exibidas na exposição “Trajetórias Cruzadas”, em cartaz até 23 de fevereiro de 2025 no Centro MariAntonia da USP. “Para essas três mulheres, a fotografia foi uma forma de estabelecer contato com a população brasileira. Apesar de falarem várias línguas, elas não falavam português quando chegaram aqui. Então, foi também uma forma de comunicação muito eficiente”, afirma a antropóloga Sylvia Caiuby Novaes, professora do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, curadora da mostra, que além das fotos traz também revistas, desenhos e um vídeo.

A exposição ocupa três salas do Centro MariAntonia. A primeira delas, intitulada Início, apresenta fotos da trajetória pessoal de Andujar, Vidal e Bisilliat. São imagens que remontam à infância e juventude das três fotógrafas, vividas em terras estrangeiras, e fotografias do começo das suas carreiras profissionais.

A segunda sala, chamada Outros Viveres, destaca as produções mais aclamadas das três fotógrafas, reunindo fotografias das aldeias indígenas visitadas por elas. Imagens de um incêndio no Xingu, feitas por Andujar em 1976, estão ao lado de fotos da estrutura de uma oca em construção, de autoria de Bisilliat, e de retratos de indígenas obtidos por Vidal, nunca antes expostos ao público.

Na terceira sala da exposição, Encontros, é exibido o vídeo Aqui é o Mundo, produção de 2023 dirigida por Maíra Bühler. O filme mostra as três fotógrafas conversando, enquanto manuseiam fotografias feitas em viagens pelas aldeias indígenas. As imagens expostas fazem parte dos acervos Instituto Moreira Salles (IMS), do Lisa, de Lux Vidal e da Galeria Vermelho.

Sobre as três fotógrafas

Claudia Andujar nasceu em Neuchâtel, na Suíça, em 1931. Passou a infância em Orádea, entre a Hungria e a Romênia. Entre 1944 e 1945, seu pai e sua família paterna, de origem judaica, são enviados aos campos de concentração de Auschwitz e Dachau. Em 1946, muda-se para Nova York com seu tio Marcel Haas. Casou-se com o espanhol Julio Andujar e adotou seu sobrenome. Entre 1949 e 1952, estudou no Hunter College e começou a pintar, inspirada pelo expressionismo abstrato. Decide vir para o Brasil em 1955, onde começa a se interessar por fotografia. Nos anos 1960, trabalha como fotógrafa freelancer para revistas brasileiras e norte-americanas, como Claudia, Realidade, Life e Look. Enquanto trabalhava em um número especial da revista Realidade dedicado à Amazônia, em 1971, entra em contato com os Yanomami. Sete anos mais tarde, funda, junto com outras pessoas, a Comissão pela Criação do Parque Yanomami (CCPY), que luta pelo reconhecimento do território daquele povo. Faz diversas exposições sobre os Yanomami, no Masp (1989), no Memorial da América Latina (1991), na Bienal de Arte de SP (1998), no MIS (2000), na Pinacoteca (2005), no Instituto Moreira Salles (2019) e na Fundação Cartier de Paris (2002 e 2020).

Lux Vidal nasceu em 1930, em Berlim. Passou a maior parte de sua infância e juventude na Espanha e na França, onde estudou Letras Clássicas. Em 1951 obteve o título de Bacharel em Artes pelo Sarah Lawrence College, em Nova York (EUA), onde cursou Antropologia, Literatura e Teatro. Chegou em São Paulo em 1955, lecionou na Aliança Francesa e no Liceu Pasteur, e, em 1967, voltou a estudar Antropologia na USP, onde realizou seu mestrado e doutorado. Em 1969, ingressou como professora no Departamento de Antropologia da USP e a partir de então desenvolveu diversas pesquisas e ações indigenistas, especialmente com os Mebengokré-Xikrin, do Pará, e os povos indígenas do Oiapoque, Amapá. Lux formou um grande número de antropólogos e antropólogas e contribuiu para a fundação de várias organizações indigenistas, como a Comissão Pró-Índio de São Paulo, e segue realizando publicações e trabalhos relacionados aos povos indígenas.

Maureen Bisilliat nasceu em 1931 em Englefield Green, na Inglaterra. Filha de uma pintora escocesa e de um diplomata argentino, morou em diversos países quando criança por conta da profissão de seu pai. Em 1955, estudou pintura com André Lhote e, dois anos depois, estudou artes em Nova York, na Arts Students League. Maureen vem para São Paulo em 1953 com seu primeiro marido, o fotógrafo espanhol José Antonio Carbonell e, em 1959, se muda definitivamente para o Brasil. Ela então abandona a pintura e começa a se dedicar mais à fotografia. Entre os anos 1960 e 1970, trabalha para a revista Realidade, da Editora Abril. Na mesma época, começa a editar fotolivros, onde traça equivalências entre suas fotografias e trechos de livros de autores brasileiros. Em 1973 faz sua primeira viagem ao Xingu com os irmãos Villas-Boas, mesmo ano em que inaugura a Galeria O Bode, em São Paulo. Em 1988, é convidada por Darcy Ribeiro a constituir o Pavilhão da Criatividade no Memorial da América Latina. Maureen publica diversos fotolivros, filmes e realiza exposições na Bienal de São Paulo (1985), Fiesp (2009), IMS (2020) e MIS (2022).

Fonte: Jornal da USP.

Tapeçarias de Concessa Colaço.

Mundos encantados, entrelaçamentos de formas e densidade nas cores é a proposta para conhecer de perto as tapeçarias bordadas de Concessa Colaço. Entre acabamentos primorosos e a temática romântica, que marcam sua trajetória como artista, a exposição apresenta 14 peças selecionadas pela curadora Denise Mattar.

Ao desistir da carreira musical, a artista Concessa Colaço (1929-2005), que nasceu em Portugal e naturalizou-se brasileira, emergiu na arte têxtil, influenciada por sua mãe, Madeleine Colaço. Agora, quase 20 anos após seu falecimento, a tapeceira-musicista é homenageada com a mostra “Concessa Colaço: concertos bordados”, na Arte132 Galeria, Moema, São Paulo, SP, evidenciando sua trajetória na tapeçaria. Cada tapete levava, em média, seis meses para ser confeccionado. Concessa Colaço empregava lãs e sedas naturais em seus tapetes, confeccionados com cerca de 140 mil pontos em cada metro quadrado. Além de usar o ponto arraiolo e o brasileiro – criado pela própria mãe – ela usava ainda uma variante do ponto corrido, inspirado nas tapeçarias medievais. Para obter as inúmeras tonalidades de uma mesma cor, que conferem profundidade à tecitura, criando um efeito gradual, a artista usava lãs coloridas que ganhavam outros tingimentos por cima, resultando em tons únicos. No auge de sua produção, a artista chegou a trabalhar com dez artesãs.

“Nenhum trabalho de Concessa é datado e as fontes para pesquisa de seu trabalho são muito restritas, mas é possível perceber que, nas 14 tapeçarias apresentadas na exposição, o desenvolvimento de algumas vertentes temáticas e estilísticas. Rita Cáurio, no livro “Artêxtil”, referência essencial para a tapeçaria brasileira, define o trabalho de Concessa como “um autêntico neobarroco têxtil”. De fato, existe uma faceta de sua obra na qual a artista parece retomar suas raízes portuguesas”, explica a curadora Denise Mattar.

Tapeçarias de Concessa

A década de 1990, entretanto, marcaria o encerramento do período dourado para as artes têxteis, tanto no Brasil quanto no exterior. A proposta da síntese das artes caiu em desuso e a tapeçaria perdeu espaço. Concessa, assim como muitos outros tapeceiros, não resistiu a esse momento e parou sua produção com as bordadeiras. Deixou o apartamento no Rio e se mudou para cidade de Maricá, onde residiu até seu falecimento, em 2005.

Até 14 de desembro.