Athos Bulcão, 100 anos

23/fev

Em comemoração à trajetória de Athos Bulcão o CCBB, Brasília DF, homenageia o multiartista Athos Bulcão com uma exposição que reúne  mais de 300 obras, incluindo material inédito, mostrando a  conexão entre suas obras e sua poética. Será possível visualizar  seu caminho no Brasil e exterior, desde sua inspiração inicial  pela azulejaria portuguesa, seu aprendizado sobre utilização das  cores, quando foi assistente de Portinari, até as duradouras e  geniais parcerias com Niemeyer e João Filgueiras Lima.

 

Essa homenagem a Athos resgata o valor individual dessa arte  única, que foi produzida no Brasil; sua importância no panorama  da visualidade moderna, além da valorização e reconhecimento à  manutenção da memória nacional. Com curadoria de Marília Panitz e André Severo, a exposição “100  anos de Athos Bulcão”, realizada pela Fundação Athos Bulcão e  produzida pela 4 Art.

 

No dia 20 de março, às 19h, acontece o lançamento do catálogo da exposição.

 

Até 1º de abril.

Enredos para um corpo

Sob a curadoria de Raphael Fonseca, Paulo da Mata e Tales Frey, apresentam a partir de 01 de março, “Enredos para um corpo”, nas Galeria do 1º andar do Centro Cultural da Justiça Federal, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

 

Paulo da Mata e Tales Frey desenvolvem suas pesquisas em parceria há cerca de uma década. Mais do que cocriadores, os dois também são parceiros no campo dos afetos e possuem uma relação em que amor e trabalho se conectam. Desse encontro nasce a Cia. Excessos e essa mistura possibilita a experimentação entre as artes visuais e performativas. Porém, como se nota nessa exposição, estas metades têm pesquisas individuais que, mesmo dialógicas, demonstram suas peculiaridades. Distribuída em duas salas, “Enredos para um Corpo” parte do elemento mais investigado pelos dois: o corpo humano.

 

Na pesquisa de Paulo da Mata, a figura humana aparece de modo virtual em registros fotográficos e em vídeo. As tatuagens e a possibilidade de escrever palavras e imagens em seu próprio corpo são formas recorrentes para se refletir, por exemplo, sobre a sexualidade, os relacionamentos amorosos e questões de gênero. O vídeo “Romance Violentado” e o cartão postal impresso em série para “El Minotauro” testam o público quanto aos seus limites perante o som e a visão que insinuam o sexo ou a nudez masculina. Já em “Eu Gisberta” o artista aciona o seu interesse no estudo da História e, por meio de uma tatuagem em seu rosto, escancara o nome e o caso de Gisberta, transexual brasileira assassinada de forma brutal em 2006, no Porto, em Portugal – a mesma cidade em que os dois artistas vivem há dez anos.

 

Enquanto isso, a pesquisa de Tales Frey advém de sua experiência com as artes cênicas. O artista está interessado na sua presença física perante o olhar do público e seus trabalhos muitas vezes acontecem de maneira efêmera. As fotos que compõem “O Outro Beijo no Asfalto” trazem essas relações desde o seu título, uma citação à peça “O Beijo no Asfalto”, de Nelson Rodrigues. Duas pessoas se beijam no espaço público; o homem está vestido de noiva e seu par é uma mulher vestida de noivo. As fotos trazem um pouco do incômodo gerado quando algo foge, mesmo que sutilmente, da heteronormatividade. Enquanto isso, em “Re-banho” novamente a sexualidade é abordada, porém em relação à religião cristã. Um grupo de pessoas lava suas partes do corpo perante uma igreja e lembramos dos atos de censura e cerceamento impostos por diferentes religiões quanto à potência libertadora do sexo.

 

Por fim, “Estar a Par” é o trabalho mais recente mostrado e também executado em parceria. Assim como os outros trabalhos refletem, a partir do corpo, sobre sexualidade, homoafetividade e violência, nessa conjunção entre vídeo, objeto e performance, os artistas trazem essa discussão para uma interseção com sua própria relação afetiva. Dois pares de sapatos são transformados em uma única peça que, calçada pelos dois, possibilita uma dança que envolve cautela para que ambos performers não caiam.

 

O ato de se envolver em uma relação tão duradoura – assim como a opção por pinçar temas tão cautelosos nos tempos recentes – é certamente um balanço entre construção e queda, confiança e precaução. Esses são alguns dos enredos compostos por Paulo da Mata e Tales Frey para os seus corpos. Fica o convite à fruição por parte do público e o desejo de que os espectadores também sejam capazes de relacionar esses enredos com os seus próprios – independentemente de credo.

 

 

Obs: o artista Tales Frey fará uma visita orientada no dia 03 de março.

 

 

 

De 01 de março a 29 de abril.

Jorge Feitosa na Galeria VilaNova

A Galeria VilaNova, localizada Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, inicia seu calendário expositivo de 2018 com “Lágrimas de Ouro”, do artista visual Jorge Feitosa, sob curadoria de Bianca Boeckel. Por meio de doze fotografias, oito objetos/esculturas, dois vídeos-performance, uma instalação e um painel formado por vinte imagens, a mostra apresenta um mergulho nas emoções mais íntimas do artista e propõe reflexão sobre a memória do corpo, trazendo a tona questões como deslocamento, identidade e morte.

 

“Nasci em Porto Velho (RO) e me mudei para São Paulo ainda adolescente. Desde pequeno, quando saía com meu pai, costumava ficar sempre olhando para o lado de fora do carro para não perder nada do que se passava, e são algumas dessas imagens e paisagens que permanecem na minha memória, mesmo que fragmentadas.” Ao se aprofundar nessas lembranças ou fragmentos de memórias, Jorge Feitosa extrai de si tudo que há de mais íntimo e pessoal, como afetividades, deslocamentos, informações, emoções e sentimentos, dos quais resultam sua produção artística. Em “Lágrimas de Ouro”, o artista performa frente à câmera cenas advindas de seu próprio subconsciente e as fotografa, criando assim uma forte carga imagética e que, em alguns trabalhos, se aproxima da foto-performance. “Ao interagir com o meio, animais vivos e mortos e matérias orgânicas, suas fotografias e vídeos ganham genuinidade e textura – é como se embarcássemos juntos em suas viagens”, comenta Bianca Boeckel, curadora da exposição.

 

Sobre a técnica, Jorge Feitosa prefere que ela seja desenhada e utilizada naturalmente, para não limitar as possibilidades de suporte. “Fico sempre aberto e atento, observando cada detalhe de tudo, só ai decido a técnica e suporte.” Para esta nova mostra na Galeria VilaNova, a temática do resgate da memória afetiva e emocional continua sendo sua escolha, mas agora na condição de um indivíduo que sofreu um deslocamento físico – remetendo principalmente a sua mudança de Porto Velho (RO) para São Paulo, quando adolescente. Em suas palavras: “Quando estou com uma imagem na cabeça e quero torná-la física, busco fazer isso no menor espaço de tempo para que ela não se perca. Ganho tempo já na seleção do que levo para minhas locações – duas câmeras, um tripé, três baterias, além e claro de contar com a luz natural do ambiente. Gosto que tudo seja rápido, pois na minha cabeça já tenho toda imagem resolvida. Acredito que isso conserva o frescor e a fidelidade que quero transmitir com um trabalho”.

 

A partir da pesquisa de imagens e fragmentos de memória, o artista dá início a um trabalho, revendo a origem dessas imagens. O próximo passo desse processo é sair a campo, geralmente entre São Paulo e Rondônia, onde tenta tornar física a inspiração estética que seu subconsciente buscou. Nas palavras de Ananda Carvalho, professora, crítica de arte e curadora: “Jorge Feitosa reflete sobre as buscas de uma identidade mestiça. O artista nasceu e cresceu em Porto Velho (Rondônia), mas vive na cidade de São Paulo há mais de 30 anos. Mas, além das referências biográficas, seu trabalho procura discutir uma concepção ampliada entre as forças que interferem na constituição das subjetividades do indivíduo contemporâneo”.

 

 

Sobre o artista

 

Jorge Feitosa nasceu em Porto Velho, RO, 1969. Vive e trabalha em São Paulo. É graduado em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2013) e também possui formação em fotografia pelo MAM de São Paulo, onde participou junto ao coletivo de fotógrafos da publicação do livro Luz Marginal Procura Corpo Vago. Pesquisa a performance e sua relação com a fotografia e vídeo, trazendo à tona um imaginário que apresenta questões inerentes ao homem contemporâneo, como por exemplo, a ideia de enraizamento e deslocamento. Entre suas principais exposições destacam-se Foto-Performance, Oficina Cultural Oswald de Andrade, SP (2015), Mappa Dell’arte Nuova – Imago Mundi Art – Fondazione Giorgio Cini, Veneza-Itália (2015), 2ª Bienal de Veneza/Neves, MG, (2015), Das Matizes as matrizes, SP ESTAMPA, Verve Galeria (2015), Performa-Projetos Curados/Curated Projects, SP-Arte – Feira Internacional de Arte de São Paulo (2015), Impressões Impressas, SP ESTAMPA, Verve Galeria (2014), Da Luz ao Inacabado, Galeria 13 – Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2014), Transfigurações – O que precede o corpo, Verve Galeria (2013) e Diálogos e Expressões Gráficas, SP ESTAMPA, no Museu de Belas Artes de São Paulo (2012).

 

 

 

Sobre a Galeria VilaNova

 

Localizada na região do Parque Ibirapuera, a Galeria VilaNova promove artistas em ascensão e consagrados, e tornou-se ponto de encontro para quem aprecia boa arte. Em sua 22ª exposição, a galeria atende a um público exigente, sempre em busca de novidades em fotografia, pinturas, esculturas e diversas mídias. Através de intensa pesquisa e de uma curadoria detalhista, exibe uma grande variedade de arte conceitualmente significativa e visualmente estimulante. Uma combinação de mostras coletivas e solo, além de um acervo eclético e em constante renovação, permitem que colecionadores apreciem trabalhos sempre novos e aprendam sobre as últimas tendências. Bianca Boeckel, proprietária e diretora, atua também como consultora de artistas e clientèle, lançando mão de sua experiência internacional.

 

 

De 1º de março a 07 de abril.

Arthur Chaves na Anita Schwartz

21/fev

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Arthur Chaves – Tem uma bruxa no quintal”, com trabalhos inéditos do artista carioca nascido em 1986, e que vem se destacando no cenário da arte contemporânea com suas obras feitas com uma mistura de materiais e técnicas, como pintura, desenho e costura em peças de tecido, mas sem forma definida em suas peças. A mostra dá continuidade ao programa de individuais de artistas que estão se destacando no circuito de arte, realizadas no segundo andar da galeria. O crítico Agnaldo Farias é o autor do texto que acompanha a exposição.

 

De 2007 a 2017, Arthur Chaves participou de exposições no Jacarandá, na Casa França Brasil, na EAV Parque Lage, no Rio de Janeiro; na The School for Curatorial Studies, em Veneza; e no Ateliê Subterrânea, em Porto Alegre. É professor do curso Procedência e Propriedade, no Ateliê Novo Mundo, Rio de Janeiro.

 

Na Anita Schwartz o artista apresentará uma série nova, diferente de sua produção recente. Lá, reunirá dois grupos de trabalhos: os feitos em dois planos – embora contenham colagens que extrapolam uma ideia de superfície reta – e os compostos por aglomerados de tecido, mais fluidos. Todas as obras estarão penduradas na parede, mas o artista ressalta que ele vê os aglomerados de tecido “quase uma roupa sem corpo, um casulo, como se algo tenha passado por ali e não sabemos o que é”.

 

Um dos trabalhos conterá uma grande placa espelhada que se relaciona com as várias superfícies dos tecidos, como “um portal para outro espaço”, embaralhando a percepção do público, e criando um clima de confusão e mistério, onde as imagens vão se revelando. “Meu trabalho se vale deste ambiente meio nebuloso”, diz o artista.

 

No contêiner, no terraço da galeria, Arthur Chaves complementará a exposição com um site specific, praticamente transferindo seu ateliê para lá, e produzindo a instalação durante uma semana, contendo todos os elementos que envolvem seu processo de criação. “É uma tentativa de dar conta de uma ordem mais conceitual do trabalho”, comenta.

 

 

Obras em tecidos como desenhos

 

A imagem de pinturas acompanha o artista desde a infância, “tanto na bíblia ilustrada da família, como em um livro de história da escola”, e são uma referência importante. Entretanto, Arthur Chaves diz que ainda que várias pessoas digam que seu trabalho é pintura, não é desta forma que ele vê. “Não uso tanto a fatura do pintor, a ideia da execução de uma imagem”, observa. “As obras feitas apenas com tecidos são uma espécie de combustível no meu trabalho, e penso neles como desenhos, embora não saiba se esta é a nomenclatura mais correta, mas sem dúvida partem do raciocínio do desenho, que envolve massa, linha…” “São desenhos com limites mais formais e geométricos, misturados com a falta de controle que os tecidos trazem”, explica. “Têm a natureza do desenho, mais verdadeiro. É o osso, a estrutura, o que acontece antes”. Ele conta que “a partir desse raciocínio, as coisas foram se expandindo, principalmente para os trabalhos que estão em dois planos, ainda que não envolvam apenas papel”. Trabalho sobre uma placa plástica leve, e uso basicamente tecidos e papeis, de várias naturezas. Desde os mais simples, comprados na Saara, até um linho nobre que pertenceu à família de uma amiga”, conta.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido no dia 1º de março de 1986 no Rio de Janeiro, mas criado em Seropédica, região rural do estado, Arthur Chaves é formado em design de moda pela Universidade Veiga de Almeida, 2007, Rio de Janeiro. Ele se dedica ao desenho em suas múltiplas acepções. Suas últimas obras conciliam pintura, desenho e costura em peças de tecido sem forma definida.

 

 

De 1º a 31 de março.

No Museu Afro Brasil, catálogo

Depois de ficar em cartaz por aproximadamente sete meses e reunir um público de cerca de 100 mil visitantes, encerra, no dia 04 de março, a exposição “Barroco Ardente e Sincrético – Luso-Afro-Brasileiro”, no Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, Parque do Ibirapuera, Portão 10, São Paulo, SP. Essa foi a maior exposição sobre Barroco realizada no país desde a “BRASIL + 500 Mostra do Redescobrimento”, no ano 2000.

 

Um dia antes do encerramento oficial da exposição, na manhã do dia 03 de março, sábado, às 11h00, será lançado o catálogo da exposição “Barroco Ardente e Sincrético – Luso-Afro-Brasileiro”, no museu. Com 400 páginas e imagens das principais obras expostas na mostra, o catálogo conta com textos de Emanoel Araújo, Myryam Andrade Ribeiro de Oliveira, Fernando da Rocha Peres, Clarival do Padro Valladares, Percival Tirapeli, João Marino, Dom Clemente, Maria da Silva-Nigra, João Carlos Teixeira Gomes, entre outros pesquisadores do movimento artístico. No dia do lançamento, o catálogo da exposição “Barroco Ardente e Sincrético – Luso-Afro-Brasileiro” será vendido a preço promocional. Após a data, o catálogo poderá ser adquirido na lojinha do Museu Afro Brasil.

 

 

Sobre a exposição

 

Com curadoria de Emanoel Araújo, a exposição – que também presta uma homenagem ao Jubileu de 300 anos de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil – introduz o visitante ao espírito do barroco, passando pelas suas referências na cultura erudita e popular entre os séculos XVII e XIX, abordando as contribuições dos dois mais expressivos artistas do barroco brasileiro: Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, em Ouro Preto e Mestre Valentim, no Rio de Janeiro. Focada nas variadas manifestações do estilo artístico em Portugal e no Brasil com ênfase em suas expressões em um país miscigenado, a mostra reúne ainda pinturas, esculturas, mobiliários, oratórios, talhas, esculturas, azulejarias, pratarias e porcelanatos de artistas fundamentais para a compreensão do movimento barroco como José Joaquim da Rocha, Joaquim José da Natividade, Leandro Joaquim, José Patrício da Silva Manso, Frei Jesuíno do Monte Carmelo, José Teófilo de Jesus e Antônio Joaquim Franco Velasco.

 

Para a realização do projeto “Barroco Ardente e Sincrético. Luso-afro-brasileiro” o Museu Afro Brasil contou com o patrocínio da EDP Brasil (via ProAC ICMS) e com apoio do Instituto EDP, que coordena as ações socioambientais da empresa, além do apoio do Itaú Cultural, Rainer Blickle, Ladi Biezus, Orandi Momesso, Ruy Souza e Silva, e a parceria cultural com o Sesc SP.

Pierre Verger/Inédito

19/fev

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, exibe fotos do antropólogo e pesquisador Pierre Verger. A mostra contará com cerca de 120 fotografias que foram feitas entre as décadas de 1930 e 1960 nas diversas viagens que fez pelos cinco continentes, além de publicações e materiais de arquivo como documentos e provas de contato. Os quatro núcleos que organizam a exposição destacam diferentes momentos da produção do fotógrafo, sendo compostos por: fotografias encomendadas por ou vendidas para agências, livros editados pela Editora Corrupio, fotografias produzidas durante suas viagens de pesquisa pela Costa do Benin e Bahia e uma seleção de cópias assinadas que integraram a exposição “Pierre Verger, Le Messager” organizada pela Revue Noire em 1993 no Musée d’Art d’Afrique et d’Océanie.

 

O primeiro núcleo apresenta uma seleção do que Verger produziu para importantes agências, jornais e revistas como Alliance-Photo, Magnum, Life e O Cruzeiro, entre os anos de 1932 e 1950. Destacam-se os registros da II Guerra na China, nos quais figuram o cotidiano dos soldados e destroços silenciosos nas cidades de Xangai e Nanquin. Uma das caixas-arquivo que Verger usava para preservar e organizar pequenos envelopes com provas de contato identificadas e catalogadas, assim como outras placas de contato preparadas pelo fotógrafo também integrarão este primeiro núcleo.

 

O segundo núcleo é composto por livros editados pela Corrupio, editora baiana que em 1979 foi fundada a partir do interesse em divulgar e preservar a obra de Pierre Verger, dedicando-se às relações entre África e Bahia. Deste modo, foi a primeira a publicar Pierre Verger no Brasil e manteve uma relação estreita de colaboração com o fotógrafo até o fim de sua vida. Além de livros como “Orixás: os deuses iorubás na África e no Novo Mundo” de 1981 ou até mesmo o projeto original de “50 anos de fotografias de 1982, poderão ser vistas algumas ampliações das imagens que foram reproduzidas em seus livros.

 

O terceiro núcleo traz a produção de Verger de meados dos anos 1940 e início dos anos 1950, quando tratou de investigar as relações entre Bahia e África, mais especificamente os rituais e costumes das culturas e religiões afro-brasileiras e africanas em Salvador e na Costa do Benin. Foi a partir daí que tornou-se um estudioso do culto aos orixás, com uma bolsa de estudos partiu para a África onde renasceu como Fatumbi  “nascido de novo graças ao Ifá” e foi iniciado como babalaô, um adivinho através do jogo do Ifá. Sua pesquisa, que resultou tanto em livros, escritos, fotografias e exposições, é tida como obra de referência para os estudos sobre a cultura diaspórica. Na década de 1990, o fotógrafo Mario Cravo Neto fez algumas ampliações dos negativos referentes ao candomblé na Bahia, essas também integrarão o conjunto deste terceiro núcleo da mostra.

 

O quarto e último núcleo é formado por uma seleção de cópias assinadas por Verger que fizeram parte da importante exposição “Pierre Verger, Le Messager” organizada pela Revue Noire em 1993 no Musée d’Art d’Afrique et d’Océanie. A Revue Noire foi uma das primeiras revistas a destacar a arte contemporânea africana no mercado ocidental e a exposição, apresentada na Suíça e na França, teve um importante papel para o retorno de Pierre Verger ao cenário da fotografia de seu país de origem. As imagens foram feitas entre os anos de 1930 e 1960 e apresentam cenas de rua, de trabalho, de festa e de descanso em diversos países como Peru, Bolívia, Vietnã, Estados Unidos, Japão, Cuba, Brasil e Nigéria.

 

As fotografias de Pierre Verger trazem o registro de manifestações espontâneas da vida humana, priorizando as minorias culturais e situações de contato sem cair em abordagens exotizantes ou pitorescas. Sua câmera Rolleiflex, carregada à altura do peito, lhe permitia aproximações menos invasivas e enquadramentos menos calculados por não se posicionar diante dos olhos. Desse modo, a câmera era mais um instrumento de apreensão de momentos de contato com o outro e a imagem gerada, a expressão de um evento ainda pouco elaborado pela consciência. Para Verger, a fotografia tinha funções estéticas, documentais, afetivas e políticas, e cumpria um importante papel enquanto discurso sobre fotógrafo e fotografado. Em suas palavras: “A fotografia permite ver o que não tivemos tempo de ver, porque ela fixa. E mais, ela memoriza, ela é memória.”

 

 

De 24 de fevereiro até 04 de abril.

Duas exposições

13/fev

A Biblioteca Mário de Andrade, Anhangabaú/República, São Paulo, SP, inaugura no dia 20 de fevereiro duas exposições inéditas que abrem o ciclo de mostras de artes plásticas de 2018.

 
“A Respeito da Proximidade” de Luiz Paulo Baravelli, ocupará a Sala Oval e Sala Adjacente da Biblioteca. Produzidas desde a década de 1980 até os dias de hoje, as pinturas fazem parte da série “Caras”, que começou a ser desenvolvida por ocasião da 41ª Bienal de Veneza em 1984, da qual o artista participou. O trabalho foi retomado em 2015 e tem como premissa não seguir uma ideia de evolução ou linearidade.

 
Antes de serem “Caras” – pinturas que são quase objetos, estruturas quase autônomas – alguns daqueles rostos já habitavam outras de suas pinturas – aquelas que seguem mais ou menos o esquema figura e fundo – como mais um dos elementos de composição. São como personagens recortados de uma cena e aumentados em 500 vezes o seu tamanho, podendo ser deformados, alterados, misturados ou mesmo inventados, criados do zero. A exposição contará também com alguns estudos e desenhos do artista que foram produzidos em consonância com a série.

 

 

Sobre o artista

 
Baravelli é um dos maiores expoentes do panorama artístico paulistano e internacional de seu tempo. Nascido em 1942, em 1960 inicia o curso de Artes Plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), onde permanece por apenas dois anos. Em 1962, inicia arquitetura na Universidade de São Paulo (USP) e, paralelamente, frequenta aulas de pintura e desenho com o grande mestre Wesley Duke Lee. É nessa ocasião que o artista inicia a prática de modelos vivos – atividade que até hoje exerce e que certamente constitui o embrião para as obras expostas nesta exposição.

 

 

Até o dia 22 de abril.

 

 

 

 

Também será inaugurada no dia 20 de fevereiro, “Fósseis Contemporâneos”, de Miguel Anselmo. Segundo o autor, a exposição parte da premissa que “o ser humano é frágil por natureza, e o que temos ao nosso alcance para nos socorrer é fortificar-nos, abrigar-nos. Fortificar nossa substância material”.

 
Nas telas do artista visual e restaurador gaúcho, que vive e São Paulo desde 2001, o tema principal é a vulnerabilidade inata do homem. Suturas bordadas tornam-se ossos, enquanto pinceladas precisas enganam os olhos e se transformam em azulejos, madeiras e papéis de parede. “Os ossos no meu trabalho simbolizam a essência de vidro do ser humano, ao passo em que os azulejos e demais elementos decorativos representam ambientes que as pessoas usam para se proteger, nossas fortificações, exteriores e interiores; nossos abrigos”, completa Anselmo.

 
A exposição “Fósseis contemporâneos” compreende 17 telas, que misturam bordado e pintura a óleo, mais uma instalação, formada por uma coluna vertebral de resina plástica e PVC sobre uma cama de azulejos quebrados, que vai ocupar o centro do espaço expositivo. As obras foram produzidas entre 2014 e 2018.

 

 

Até de junho.

 

 

 

Tarsila em NY

08/fev

A exposição “Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil”, cumprirá temporada no Museu de Arte Moderna de Nova Yorque, MoMA, de 11 de janeiro a 03 de julho.

Tarsila do Amaral (1886-1973) foi uma das figuras centrais no desenvolvimento da arte moderna do Brasil, e sua influência reverbera em toda a arte do século XX e XXI. Embora relativamente pouco conhecida fora da América Latina, suas pinturas e desenhos refletem suas ambições para sintetizar as correntes da arte de vanguarda e criar uma arte moderna original para seu país de origem. “Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil”, é a primeira grande exposição de um museu na América do Norte dedicada a artista. A mostra, enfoca seu trabalho na década de 1920, quando viajou entre São Paulo e Paris, participando da vida criativa e social de ambas as cidades e forjando seu próprio estilo artístico, único.
A exposição começa em Paris com o que Tarsila, como ela é carinhosamente conhecida no Brasil, chamou seu serviço militar no cubismo. Seu rico envolvimento com o modernismo europeu incluiu associações com os artistas Fernand Léger e Constantin Brancusi, o marchand Ambroise Vollard e o poeta Blaise Cendrars. A apresentação segue suas viagens ao Rio de Janeiro e às cidades coloniais de Minas Gerais e mostra seu papel crescente e vital na cena artística emergente do Brasil e com sua comunidade de artistas e escritores, incluindo os poetas Oswald de Andrade e Mário de Andrade. Foi durante esse período que Tarsila começou a combinar a linguagem visual do modernismo com os temas e a paleta de sua pátria para produzir uma arte moderna fresca e única, brasileira.

 

A exposição celebra as obras mais ousadas de Tarsila e seu papel na fundação da Antropofagia – movimento de arte que promoveu a idéia de devorar, digerir e transformar as influências européias e outras artísticas para tornar algo completamente novo. As contribuições de Tarsila incluem o marco de 1928, o Abaporu, que foi a inspiração para o Manifesto Antropofágico e serviu como um emblema para o movimento. Apresentando mais de 120 pinturas, desenhos e documentos históricos relacionados à artista, “Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil” é uma rara oportunidade de conhecer o trabalho da artista, situado, principalmente, em coleções brasileiras.

Fotos na Galeria da Gávea

07/fev

A Galeria da Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou com a exposição “Vadios e Beatos”, a primeira de uma trilogia relacionada ao Carnaval brasileiro. Em cada ano galeria terá um curador convidado e a exposição será sempre inaugurada uma semana antes do sábado de Carnaval. A mostra “Vadios e beatos” reúne cerca de 47 obras, entres eles dois vídeos (Bárbara Wagner e Benjamim Búrca/ Karim Aïnouz e Marcelo Gomes), e 45 fotografias de tamanhos variados, em cor e em preto e branco, em impressões de papel algodão e cópias vintage em gelatina de prata (impressas pelo artista na época em que as imagens foram feitas). As obras abrangem o período dos anos de 1970 até 2018. Participam, Antonio Augusto Fontes, Arthur Scovino, Bina Fonyat, Bruno Veiga, Carlos Vergara, Celso Brandão, Cláudio Edinger, Evandro Teixeira, Guy Veloso, Miguel Rio Branco, Rafael Bqueer, Ricardo Azoury, Rogério Reis, Shinji Nagabe e Walter Carvalho.

 

A curadoria de Marcelo Campos tem como ponto de partida a afirmação de um dos primeiros teóricos da arte brasileira, Gonzaga Duque, do final do século XIX, que demonstrava desencantamento com o futuro para as artes no Brasil. O critico observava personagens sociais, capadócios de importância que viviam “à boêmia” , “tocando viola nos fados”, jogando capoeira. Assim, foi-se criando uma análise que, anos depois, configuraria uma das mais importantes compreensões sobre os modos como o Brasil lidava com ritos identitários, como o carnaval.

 

 

Até 17 de abril. 

Bienal de Arte Digital

O Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, sedia a primeira edição da Bienal de Arte Digital, que contará com exposições e performances de mais de 30 artistas de diferentes países, incluindo Brasil, Alemanha, Estados Unidos, Itália, Reino Unido, México e Suécia, explorando o tema “linguagens híbridas”. A proposta do evento é se tornar uma agenda nacional de arte digital e mostrar a cada dois anos obras e exposições que reflitam temáticas sociais importantes, evidenciando que a arte possibilita à tecnologia exibir suas experiências sociais. Entre os trabalhos, estão temas como o uso da tecnologia de célula de combustível microbiana para obter eletricidade de bactérias anaeróbicas e componentes orgânicos na água, experimento do cientista e artista brasileiro – radicado na Holanda – Ivan Henriques. Constam também na programação um simpósio internacional, com a presença do americano Joe Davis, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, além de oficinas e palestras. Depois do Rio, a Bienal seguirá para o Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte. Promoção: Festival de Arte Digital (FAD) e a idealização e curadoria é de  Tadeus Mucelli.

 

Terça a domingo, 11h às 20h | Térreo e Níveis 2, 4 e 5

Entrada franca | Classificação etária: livre

Importante:

*No dias 10 e 11 de fevereiro não haverá espetáculo

*Dia 17 de fevereiro, sábado, logo após o espetáculo, lançamento do livro “Isaac no mundo das partículas.

 

 

De 05 de fevereiro a 16 de março.