Curadoria na ArtRio 2019

27/ago

A ArtRio 2019 apresenta Victor Gorgulho como curador do MIRA, programa que explora narrativas visuais de artistas consagrados e novos nomes, que usam a vídeo arte como plataforma. Os trabalhos selecionados serão exibidos em um grande telão na Marina da Glória. Jovem foca a curadoria do terceiro ano do programa em filmes realizados na segunda década dos anos 2000. Victor Gorgulho – que deu o nome de “Novos Horizontes” para essa curadoria – está trabalhando na seleção de filmes realizados do início da segunda década dos anos 2000 até o momento (2011-2019). Entre os trabalhos já selecionados estão o último filme de Luiz Roque (ZERO, 2019) e o penúltimo filme da dupla Bárbara Wagner & Benjamin de Burca, (RISE, 2018).

 

Sobre o curador

 

Com 28 anos, Victor Gorgulho é curador independente, jornalista e pesquisador. Formado em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ele cursa o mestrado de História, Política e Cultura na FGV-RJ. Trabalhou como assistente da crítica e curadora Luisa Duarte nas exposições “Carlos Vergara – Sudários” (2014), no Instituto Ling, em Porto Alegre; “Adriana Varejão – Pele do Tempo” (2015), no Espaço Cultural UNIFOR, em Fortaleza; e “Quarta-feira de Cinzas” (2015), no Parque Lage, no Rio de Janeiro, dentro do programa Curador Visitante, idealizado por Lisette Lagnado.

 

Foi curador das exposições “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”, junto com Bernardo José de Souza, no Espaço Átomos (Coletiva, Rio de Janeiro, 2016) e na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2017); “O terceiro mundo pede a bênção e vai dormir” (Coletiva, Despina, 2017); “Eu sempre sonhei com um incêndio no museu” (Laura Lima e Luiz Roque no Teatro de Marionetes Carlos Werneck, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, 2018); e “Labor” (Coletiva, Om.Art, 2018/2019). Atuou na coordenação artística da Carpintaria, espaço da galeria Fortes D’Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro, entre 2016 e 2019, onde foi responsável pela curadoria das exposições coletivas “Perdona que no te crea” e “#tbt”, ambas em 2019. Integra o corpo curatorial da Despina, centro de pesquisa e residência artística no Centro do Rio de Janeiro, sob a direção de Consuelo Bassanesi.

 

Em 2019, a ArtRio acontece na Marina da Glória, de 18 a 22 de setembro. Mais do que uma feira de reconhecimento internacional, a ArtRio é uma grande plataforma de arte, com atividades e projetos que acontecem ao longo de todo o ano para a difusão do conceito de arte no país, solidificar o mercado e estimular o crescimento de um novo público. Em sua nona edição, a ArtRio reforça, entre suas principais metas, a valorização da arte brasileira, como foco na qualidade, inovação e apresentação de novos nomes para possibilitar ao público uma experiência enriquecedora e diferenciada de visitação, possibilitando, também, uma ampliação do colecionismo.

 

Com 28 anos, Victor Gorgulho é curador independente, jornalista e pesquisador. Formado em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ele cursa o mestrado de História, Política e Cultura na FGV-RJ. Trabalhou como assistente da crítica e curadora Luisa Duarte nas exposições “Carlos Vergara – Sudários” (2014), no Instituto Ling, em Porto Alegre; “Adriana Varejão – Pele do Tempo” (2015), no Espaço Cultural UNIFOR, em Fortaleza; e “Quarta-feira de Cinzas” (2015), no Parque Lage, no Rio de Janeiro, dentro do programa Curador Visitante, idealizado por Lisette Lagnado.

 

Foi curador das exposições “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”, junto com Bernardo José de Souza, no Espaço Átomos (Coletiva, Rio de Janeiro, 2016) e na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2017); “O terceiro mundo pede a bênção e vai dormir” (Coletiva, Despina, 2017); “Eu sempre sonhei com um incêndio no museu” (Laura Lima e Luiz Roque no Teatro de Marionetes Carlos Werneck, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, 2018); e “Labor” (Coletiva, Om.Art, 2018/2019). Atuou na coordenação artística da Carpintaria, espaço da galeria Fortes D’Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro, entre 2016 e 2019, onde foi responsável pela curadoria das exposições coletivas “Perdona que no te crea” e “#tbt”, ambas em 2019. Integra o corpo curatorial da Despina, centro de pesquisa e residência artística no Centro do Rio de Janeiro, sob a direção de Consuelo Bassanesi.

 

Em 2019, a ArtRio acontece na Marina da GlóriaDe 19 a 22 de setembro.

 

Preview – 18 de setembro.

 

 

Naïfs Brasileiros

 

A Galeria Evandro Carneiro Arte, Shopping Gávea Trade Center,Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta até 14 de setembro a “Exposição Nossos Naïfs Brasileiros”. A mostra conta com 40 telas, de artistas diversos. Em destaque na exposição encontram-se as obras “O parque”, de JMS (Júlio Martins da Silva); “Mocinha lendo Carolina”, de Elza de Oliveira Souza (Elza OS); “A sanfoneira”, de Miranda, entre outros. As peças pertenciam à coleção de Lucien Finkelstein e estão à venda.

Descobrir a ingenuidade, a simplicidade, a franqueza, a liberdade, o colorido todo especial, tropical, quente, sedutor, tal qual a alegria de viver do povo brasileiro, é encontrar a essência da pintura de nossos naïfs. Esses artistas, dotados de um senso plástico natural, não se prendem a regras ou modismos e nem se deixam influenciar pelas tendências do momento.

 

Eles nos mostram, através de suas pinceladas diretas e objetivas e suas técnicas intuitivas ou até mesmo criadas por eles próprios, os mais variados temas, tais como: festas populares, religiosidade, mitos, lendas, brincadeiras e folguedos de crianças, a vida no campo e na cidade, o imaginário, a fauna e a flora de nosso país, o cotidiano em que vivem, narram nossa história, mostram a diversidade cultural e nossas belezas naturais, mas também podem fazer críticas sociais, defender a salvaguarda da natureza e a preservação do meio-ambiente, através de suas ingênuas pinceladas.

 

O Brasil é um dos cinco grandes da arte naïf no mundo, junto a França, Haiti, ex-Iugoslávia e Itália. Aqui encontramos uma quantidade imensa de artistas e constata-se que a cada dia que passa esse número cresce. Além de pintar em telas, vidros, eucatex, madeiras, cascas de árvores, tecidos, peles de animais, os naïfs podem também se expressar através de bordados, cerâmicas, esculturas, xilogravuras, etc., fazendo uso de seus recursos inesgotáveis.
Apesar de não seguirem regras, escolas e tampouco tendências, é curioso ressaltar semelhanças que podem surgir entre pinturas e também técnicas usadas por artistas de cantos inteiramente diversos do mundo. Assim, como explicar tais coincidências, a não ser através do conceito do inconsciente coletivo criado pelo psiquiatra suíço Jung? Diz-se que a arte naïf aparece nos primórdios da humanidade, que nossos ancestrais, podem ter sido os primeiros pintores naïfs. Pois através da pintura rupestre, nas paredes de suas cavernas, eternizaram seus rastros, partes do seu cotidiano, suas caças, se comunicando e inventando uma linguagem para se expressar e deixar registrada.

 

O francês “Douanier” Rousseau foi o expoente da arte naïf moderna. Dele surgiram, no final do século XIX e início do XX, as mais belas e exóticas florestas, vegetações e animais, que para assombro dos grandes mestres da época, ele dizia os encontrar logo ali, num jardim perto de onde morava. Foi com a sua pintura única, simples, direta e imaginária que encantou os mais famosos. Num jantar na casa de Picasso, declarou ao mestre: “Você e eu, somos os mais importantes artistas de nosso tempo, você no estilo egípcio e eu no estilo moderno.” Os naïfs brasileiros são os mais autênticos e verdadeiros porta-bandeiras da pintura brasileira. Deleitem seus olhos e aqueçam seus corações com as pinceladas da exposição Nossos Naïfs Brasileiros na Galeria Evandro Carneiro Arte.

 

Luiz Aquila no MNBA

26/ago

Em “Luiz Aquila III Milênio – criação em aberto”, um dos mais reconhecidos pintores brasileiros apresenta obras inéditas realizadas entre 2009 e 2019, a partir 31 de agosto, na Sala Bernardelli, no Museu Nacional de Belas Artes, Cinelândia, Rio de Janeiro, RJ. Ao todo, serão expostas 30 pinturas, que contam com a liberdade criativa do artista para articular cores e contrastes, através de planos e pinceladas presentes e expressivas em diversas dimensões.

 

 

Segundo o poema de João Cabral de Melo Neto, “Quadro nenhum está acabado/ disse certo pintor;/ se pode sem fim continuá-lo,/ primeiro, ao além do quadro/ que, feito a partir de tal forma,/ tem na tela, oculta, uma porta/ que dá a um corredor/ que leva a outra e a muitas outras”. “A lição de pintura” traduz a essência da exposição “LUIZ AQUILA III MILÊNIO – criação em aberto”.  “Luiz Aquila pertence a uma geração de artistas com sólida e erudita formação. Disciplinado e meticuloso, desenvolve na intimidade de seu ateliê as suas obras, a partir de intensa pesquisa de materiais e suportes. Diariamente, num exercício incansável de amor e troca, tensão e conflito entre criador e criatura, transita entre telas, cavaletes, pincéis, desenhos, rabiscos e superposições cromáticas, quando a sua mão, em gestos cadentes e poéticos, proporciona, uma obra mágica, uma obra única, fruto da inquietação de um pintor maior”, afirma Monica Xexéo, diretora do Museu Nacional de Belas Artes.

 

 

Trechos de textos críticos e estudiosos, como Casimiro Xavier de Mendonça, Felipe Chaimovich, Lauro Cavalcanti, Lelia Coelho Frota, Luiza Interlenghi, Marcus Lontra, Mario Barata, Vanda Klabin, Vera Pedrosa e Wilson Coutinho compõem o espaço expositivo da Sala Bernardelli, ajudando o visitante a conhecer a trajetória do artista. Um exemplo é a frase do crítico e historiador Frederico Morais que elucida, em parte, a escolha do nome da mostra: “Aquila procura manter seu processo de criação em aberto, sujeito a alterações, o quadro fluente, em andamento. O quadro vai nascendo ali, no corpo-a-corpo com a matéria com que constrói sua pintura, num diálogo ativo e inteligente”.

 

 

Uma das paredes foi reservada para a exibição do filme-documentário “Aquila, Luiz”, dirigido por Luiz Carlos Lacerda. “Acredito que todo cineasta deve ter o cuidado de procurar nas Artes Plásticas referências de luz e enquadramento. Minha admiração pelo trabalho do Aquila vem de muito tempo, nos conhecemos há vários anos. Devo bastante ao resultado da fotografia e do movimento de câmera, que acompanha o ritmo das suas pinceladas, ao diretor de fotografia Alisson Prodlik”, diz Luiz Carlos. “O que mais me chamou atenção durante as filmagens foi o extremo compromisso com a liberdade de criação. É uma relação impulsiva, ele entra num transe e fica obnubilado pela expressão”, complementa.

 

Durante a exposição, até o dia 1º de dezembro, haverá uma programação variada de atividades, que prevê visitas comentadas pelo artista e palestras com alguns convidados especiais. Desdobramentos de quadros e pintura-instalação composta por sete grandes telas se destacam

 

Certa vez, o curador Lauro Cavalcanti afirmou que a produção de Aquila seria uma pintura “em permanente construção”. Um dos destaques da mostra, a série de quatro telas “Mergulhos no Azul”, confirma esta fala, onde a cor é usada como assunto e a partir dela ocorrem improvisos cromáticos.

 

 

Impactante, a composição de sete telas originadas da pintura-instalação do MAM-SP, em 2013, está sendo exibida no Rio pela primeira vez. As pinturas dinâmicas e gráficas medem 210x140cm cada uma, e ganham uma dimensão monumental capaz de transportar o espectador para dentro da atmosfera do artista, que aqui utilizou técnica mista de acrílica e eventual uso de colagens.

 

 

Sobre o artista

 

 

Luiz Aquila criou na pintura, no desenho e na gravura. Também foi professor e diretor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde exerceu grande influência sobre a Nova Pintura Brasileira, Geração 80. Nasceu em 27 de fevereiro de 1943, no Rio de Janeiro, e iniciou-se nas artes através de seu pai, o artista plástico e arquiteto Alcides da Rocha Miranda. Foi aluno de Aluísio Carvão, pintura, no MAM-RJ e de xilogravura de Oswaldo Goeldi na Escola Nacional de Belas Artes. Frequentou cursos livres na Universidade de Brasília (UnB), foi bolsista do Governo Francês em Paris, do British Council em Londres, e da Fundação Gulbenkian em Lisboa e Évora. Ao longo da carreira, participou de mais de 200 exposições (individuais e coletivas) no Brasil e no exterior, e foi chamado pelo crítico Frederico Morais de “herói de sua própria pintura”. Participou da 17ª, 18ª e 20ª Bienal Internacional de São Paulo em 1983, 1985 e 1989, respectivamente e também da Bienal de Veneza. Em 1988, transferiu-se para Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro. Em 1992, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e, em 1993, o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) realizaram mostras retrospectivas de seu trabalho. Em 2003, exposição individual no Museu de Arte Contemporânea (MAC-Niterói).  Em 2013, o artista comemorou cinco décadas de trajetória com uma grande retrospectiva no Paço Imperial.

 

 

 

 

Panorama de Arte Brasileira

Sertão é palavra de origem desconhecida. Na língua portuguesa, há registros de sua existência desde o século XV. Quando aqui aportaram, os colonizadores já trouxeram consigo o termo, usando-o para designar o território vasto e interior, que não podia ser percebido da costa. Desde então, a esse vocábulo atribuem-se diversos sentidos, sem nunca ser fixado numa ideia pacificada. É constituído, inclusive, por oposições: pode referir-se à floresta e ao descampado, ao lugar deserto e também ao povoado, àquilo que é próximo e ermo. Qualifica o visível e o desconhecido, trata da aridez e da fertilidade, do inculto e do cultivado.
Ainda que tenha chegado ao Brasil na caravela, sertão não cessa de se insurgir contra o colonialismo e de escapar de seus desígnios. Mantém sua potência de invenção, não se rende aos monopólios dos saberes patriarcais, exige novos pactos sociais, desierarquiza sua relação com a natureza, reverencia o mistério, festeja. Sertão é, antes e depois de tudo, experimentação e resistência, qualidades fundamentais para viver a arte e que nos trazem a este 36º Panorama da Arte Brasileira, em exibição no MAM, até o dia 15 de novembro, no Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP.
No Brasil que pleiteava sua modernização, no início do século XX, sertão passou a referir-se, sobretudo, à região do Nordeste de clima semiárido, ilustrada por sua vegetação de caatinga, em oposição ao litoral. Nesse momento, reforça-se o projeto de um lugar seco, primitivo, rude, propagandeando um outro na iminência do flagelo. Forja-se, dessa maneira, uma condição de submissão que justificaria políticas assistencialistas, mas sobretudo a atualização de medidas de exploração. Suas imagens estão presentes por toda a cultura brasileira, ainda que nenhuma delas dê conta de tudo o que pode significar.
Contrariando determinismos, e sob a luz de uma certa produção de arte do Brasil, Sertão é modo de pensar e de agir. Termo evocativo, traz consigo afetos transformadores, formas políticas, ideais de criação, memórias de luta, rituais de cura, ficções de futuro. Esta arte-sertão que aqui se apresenta está no deslizar das linguagens. Mais que um lugar, essa condição sertão é a travessia. Espalha-se Brasil afora, está no manejo do roçado, supera-se na viela da favela, desce pelo leito do rio, está escrita nos muros da cidade e presente na terra retomada. Manifesta-se nos encontros e nos conflitos.
No 36º Panorama da Arte Brasileira, 29 artistas e coletivos reúnem-se para compartilhar estratégias de resistência e modelos de experimentação, a partir de suas histórias. Se sertão está no limite do que se pode apreender, por definição, a ideia de panorama é complementar na forma de sua contradição. A importância de juntar essas instâncias e acolher essas oposições, no entanto, se dá pela necessidade cada dia mais atual de defender existências não hegemônicas e de compartilhar outros modos de vida. Enquanto a arte puder afirmar sua condição sertão, vai ter sempre luta, vai haver sempre a diferença, vai existir sempre o novo.
Júlia Rebouças

 

 

Curadora

 

Artistas:
1- Ana Lira (Caruaru – PE, 1977. Vive no Recife); 2 – Ana Pi (Belo Horizonte, 1986. Vive em Paris); 3 – Ana Vaz (Brasília, 1986. Vive em Lisboa); 4 – Antonio Obá (Ceilândia – DF, 1983. Vive em Brasília); 5 – Coletivo Fulni-ô de Cinema (Águas Belas – PE); 6 – Cristiano Lenhardt (Itaara – RS, 1974. Vive em São Lourenço da Mata – PE); 7 – Dalton Paula (Brasília, 1982. Vive em Goiânia); 8 – Daniel Albuquerque (Rio de Janeiro, 1983. Vive no Rio de Janeiro); 9 – Desali (Contagem – MG, 1983. Vive em Belo Horizonte); 10 – Gabi Bresola & Mariana Berta (Joaçaba – SC, 1992 / Peritiba – SC, 1990. Vivem em Florianópolis, SC); 11 – Gê Viana (Santa Luzia – MA, 1986. Vive em São Luís); 12 – Gervane de Paula (Cuiabá, 1961. Vive em Cuiabá); 13 – Lise Lobato (Belém, 1963. Vive em Belém); 14 – Luciana Magno (Belém, 1987. Vive em São Paulo); 15 – Mabe Bethônico (Belo Horizonte, 1966. Vive em Genebra e Belo Horizonte; 16 – Mariana de Matos (Governador Valadares – MG, 1987. Vive no Recife); 17 – Maxim Malhado (Ibicaraí – BA, 1967. Vive em Massarandupió – BA); 18 – Maxwell Alexandre (Rio de Janeiro, 1990. Vive no Rio de Janeiro); 19 – Michel Zózimo (Santa Maria – RS, 1977. Vive em Porto Alegre); 20 – Paul Setúbal (Aparecida de Goiânia – GO, 1987. Vive em São Paulo); 21 – Radio Yandê (Rio de Janeiro, 2013); 22 – Randolpho Lamonier (Contagem – MG, 1988. Vive em Belo Horizonte); 23 – Raphael Escobar (São Paulo, 1987. Vive em São Paulo); 24 – Raquel Versieux (Belo Horizonte, 1984. Vive no Crato – CE); 25 – Regina Parra (São Paulo, 1984. Vive em São Paulo); 26 – Rosa Luz (Gama – DF, 1995. Vive em São Paulo); 27 – Santídio Pereira (Curral Comprido – PI, 1996. Vive em São Paulo); 28 – Vânia Medeiros (Salvador, 1984. Vive em São Paulo); 29 – Vulcanica Pokaropa (Presidente Bernardes – SP, 1993. Vive em Florianópolis).

 

 

50 anos de Panorama

 
O Panorama da Arte Brasileira teve sua primeira edição em 1969 e foi idealizado como forma de o museu recompor seu acervo e voltar a participar ativamente do circuito artístico contemporâneo. A princípio evento anual, o Panorama passou a ser realizado a cada dois anos a partir de 1995, contando até o momento 35 edições.
Parcerias
O 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão procurou ampliar seu tempo e espaço de atuação por meio de parcerias estratégicas: com a Festa Literária Internacional de Paraty, serão promovidas duas mesas de debate convidando um participante da Flip e um participante do Panorama, com a mediação de Júlia Rebouças e Fernanda Diamant, curadora da 17ª edição da Flip; com o Auditório Ibirapuera, vizinho do museu, foi organizada uma programação musical a partir dos conceitos trabalhados no Panorama para o dia 18/08, dia seguinte à abertura no MAM; e, com a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, novos debates acontecerão em setembro e outubro, promovendo o encontro entre artistas, psicanalistas e o público.
Irmãos Campana na loja mam

 
O estúdio Campana, dos irmãos Fernando e Humberto Campana, que celebra em 2019 seus 35 anos de trabalho, ficará a cargo da curadoria da loja mam durante o período do Panorama, com o patrocínio do Iguatemi São Paulo. O trabalho dos Campana incorpora a ideia da transformação, reinvenção e integração entre o artesanato e a produção em massa, oferecendo um design com identidade própria, mixando a individualidade dos materiais à preciosidade das características comuns no cotidiano brasileiro, como as cores, as misturas, o caos criativo. A partir do olhar único dos irmãos Campana, que contam com um extenso trabalho de pesquisa da cultura vernacular nordestina presente em suas coleções, os visitantes poderão vivenciar um novo espaço da loja mam e encontrar peças cuidadosamente selecionadas que trabalham com o conceito expandido de sertão.
Equipe do 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão
Curadoria – Júlia Rebouças (Aracaju, 1984. Vive entre Belo Horizonte e São Paulo) curadora, pesquisadora e crítica de arte. É curadora do 36o Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna – SP, em 2019. No mesmo ano, realiza a curadoria de Entrevendo, mostra antológica de Cildo Meireles, a ser inaugurada no Sesc Pompeia -SP, em setembro. Foi co-curadora da 32a Bienal de São Paulo, Incerteza Viva (2016). De 2007 a 2015, trabalhou na curadoria do Instituto Inhotim, Minas Gerais. Colaborou com a Associação Cultural Videobrasil, integrando a comissão curadora dos 18o e 19o Festivais Internacionais de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil, em São Paulo. Foi curadora adjunta da 9a Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, em 2013. Realiza diversos projetos curatoriais independentes, dentre os quais destacamos a exposição Entrementes, da artista Valeska Soares, na Estação Pinacoteca, São Paulo, de agosto a outubro de 2018, a mostra MitoMotim, no Galpão VB, São Paulo, de abril a julho de 2018 e Zona de instabilidade, com obras da artista Lais Myrrha, na Caixa Cultural, São Paulo, em 2013. Graduou-se em Comunicação Social/ Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (2006). É Mestre e Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Minas Gerais.
Assistência curatorial – Catarina Duncan (Rio de Janeiro, 1993. Vive em São Paulo) curadora e programadora cultural. Formada em Culturas Visuais e História da Arte pela Goldsmiths College, University of London (2010 – 2014), foi assistente curatorial da 32a Bienal de São Paulo (2015- 2016), do ‘Pivô Arte e Pesquisa’ (2014 – 2015) e das exposições ‘Terra Comunal Marina Abramovic’ no Sesc Pompeia (2014), entre outros. Coordenou a programação pública da obra ‘Cura Bra Cura Té’ de Ernesto Neto na Pinacoteca (2019). Participou de diversas residências artísticas, entre elas a ‘Residents Art Dubai’ (2019) com curadoria de Fernanda Brenner, e ‘Lastro’, na Bolívia e Guatemala (2015 – 2017), ao lado da curadora Beatriz Lemos. Assinou a curadoria das exposições ‘⦿‘ na Galeria Leme (2018), ‘Somos Muitxs’ no Solar dos Abacaxis (2018), ‘Oráculo Piedoso’ de Martin Lanezan na Galeria Sancovsky (2018), ‘Travessias Ocultas – Lastro Bolivia’ no Sesc Bom Retiro (2018), Fio Corpo Terra’ no espaço Saracura (2017). Integrou o coletivo Terreyro Coreográfico (2015- 2016). Atua como representante do programa COINCIDENCA da fundação suíça para cultura Pro Helvetia no Brasil.
Arquitetura – Estudio Risco. Inaugurado em 2007, o estúdio Risco é um coletivo formado por artistas de trajetórias variadas e interesses múltiplos. Presta serviços de arquitetura, cenografia, expografia, desenho de produto, desenho gráfico e videografia. Hoje é formado por Humberto Pio, Juliana Amaral, Marcelo Dacosta e Tiago Guimarães. Nos últimos quatro anos, desenvolveu o desenho de mostras de arte como: “O que os Olhos Alcançam – Cristiano Mascaro” (Sesc Pinheiros, 2019), “Arte-Veículo (Sesc Pompeia, 2018)”, “Estou Cá” (Sesc Belenzinho, 2016-7), “Sempre Algo Entre Nós” (Sesc Belenzinho, 2016), “Potlatch: Trocas de Arte” (Sesc Belenzinho, 2016), “Provocar Urbanos” (Sesc Vila Mariana, 2016), “Arno Rafael Minkkinen: O corpo como evidência” (Sesc Jundiaí e Sesc Vila Mariana, 2016) e VI Mostra de 3M de Arte Digital (Fundição Progresso, Rio de Janeiro, 2015).
Design – Elaine Ramos (São Paulo, 1974) é designer atuante na área cultural e sócia da editora paulistana Ubu. Foi, por 11 anos, diretora de arte da editora Cosac Naify, onde também coordenou a edição dos títulos sobre design. É co-organizadora da Linha do tempo do design gráfico no Brasil, foi co-curadora da exposição Cidade Gráfica, no Itaú Cultural em São Paulo e é membro da Alliance Graphique Internationale (AGI).

 

Mauro Restiffe no IMS/MG

14/ago

Em 2012, a convite da revista ZUM, o fotógrafo paulista Mauro Restiffe fotografou o bairro da Luz, região que abriga a famosa Cracolândia e que passava por controversa intervenção municipal e estadual. Em 2013, Mauro Restiffe foi convidado a estender o trabalho e registrar a transformação da cidade no período que antecedeu a realização da Copa do Mundo. A exposição “São Paulo, fora de alcance”, que abre dia 17 de agosto de 2019 no Instituto Moreira Salles, Poços de Caldas, MG, é o resultado de muitas caminhadas diárias que o fotógrafo realizou durante cerca de três meses em bairros centrais e periféricos, como Brás, República, Pinheiros, Vila Congonhas e Itaquera. Conhecido pelas séries fotográficas que desenvolve em torno de questões urbanas de relevância histórica, política e arquitetônica, Restiffe produziu centenas de fotografias com a câmera Leica e o filme preto e branco de alta sensibilidade que fazem parte sua poética artística.

 

As obras escolhidas para a exposição apresentam a cidade, o espaço urbano e seus habitantes. Longe de cartões-postais, as fotografias atualizam o repertório visual de São Paulo ao olhar para espaços públicos e construções importantes como o Itaquerão, a praça do Relógio, o Templo de Salomão, a praça Roosevelt, o vão livre do Masp e o Museu do Ipiranga. Catálogo da exposição com texto do curador Thyago Nogueira

 

Até 15 de março de 2020.

 

Milhazes em NY

13/ago

A Fortes D´Aloia & Gabriel, anuncia a presença da artista visual Beatriz Milhazes, em segmento à sua vitoriosa projeção internacionalq que estará, a partir de 15 de agosto e até novembro, com “Aquarium”, na Cartier, Hudson Yards.

 

Hamish Fulton na Bergamin & Gomide

A Galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, apresenta Hamish Fulton A Walking Artist “Caminhar transforma, andar é mágico. Caminhar é um bom remédio.” Na terceira exposição do ano, a Bergamin & Gomide apresenta a individual do artista britânico Hamish Fulton, entre os dias 13 de Agosto e 05 de Outubro de 2019, reunindo obras que compreendem diversas mídias e períodos ao longo da trajetória do artista, cuja poética dialoga com a experiência do caminhar. Hamish Fulton (Londres, 1946) afirma ser um “artista caminhante” e desenvolve uma pesquisa que evidencia a intenção de transformar ideias em experiências reais. Sua obra não se limita ao ato de caminhar – Fulton é reconhecido pela trajetória singular que possui como essência a fusão entre natureza, fotografia e texto. Na segunda exposição do artista no Brasil, a galeria apresentará 25 trabalhos produzidos desde a década de 1960 até os dias atuais, entre esculturas, desenhos, fotografias e uma obra Site-Specific. A obra “Sem título (EUA, 1969) / Untitled (USA, 1969)” reúne registros fotográficos em preto e branco de uma das muitas vezes em que realizou travessias pela Península Ibérica. Neste trabalho é possível assimilar a experiência sutil e poética do trajeto de Fulton, assim como os obstáculos e descobertas do caminho, representados pela carcaça de um animal, a sombra do tronco de madeira refletida na terra, o desenho circular que se expande no espelho d’água e o rebanho de gado que atravessa a estrada. Também serão apresentados trabalhos com referências ao Nepal e à Noruega; desenhos com linhas que remetem as formas das montanhas combinados a textos que fazem referência aos trajetos percorridos, como no Monte Fuji, na obra “Fuji. Japan” de 1988, e nas montanhas rochosas de Wyoming, na obra “Seven Small Mountains” de 2017. Estarão expostas também obras em que o artista usa a madeira como suporte e cria uma concepção simétrica particular dessas experiências; como na travessia de Serra Nevada na Espanha, com a obra “A Walk to the top of Mulhacen Sierra Nevada Spain Easter” de 1984, e o vulcão Licancabur na fronteira entre Chile e Bolívia, na obra “Licancacur Bolivia” de 2012. Sobre Hamish Fulton: Ao longo de quase 50 anos de carreira, Hamish Fulton realizou exposições individuais e retrospectivas nas mais importantes instituições, como Centre George Pompidou em Paris, MoMA em Nova York e Tate Britain em Londres; participou de exposições coletivas como a Documenta 5 e Documenta 6 em Kassel, e integra os principais acervos mundiais como do National Museum no Japão e o Guggenheim Museum em Nova York. Possui mais de 40 publicações sobre sua obra e as experiências nas viagens ao redor do mundo para países como Nepal, Tibete, Japão, Bolívia, Chile, França, Espanha, Escócia e outros. Sua produção artística envolve recursos diversos como desenhos, textos, fotografias, wall paintings, pinturas, vídeos, caminhadas coletivas em espaços urbanos e projetos editoriais. Embora sua produção artística seja muitas vezes associada à Land Art; aspecto ironizado pelo próprio artista no convite de uma de suas exposições com o uso da frase “ISTO NÃO É LAND ART”; a mesma transborda o conceitualismo normalmente presente em intervenções na natureza, manifestando-se através da diversidade da produção de materiais e do rígido processo de documentação daquilo que experiencia. Rotas, mapas, percursos, diários, datas, fotos, desenhos, colagens e anotações, tudo coexiste e está sob controle do artista. Suas rotas devem ser bem definidas, os mapas de fácil leitura, a barraca e o saco de dormir de alta qualidade e fácil manuseio, seus calçados adequados a cada itinerário, a comida deve estar seca e não ter invólucros que ocupem espaço, e acima de tudo, o artista deve ter um bom livro e um bloco de anotações à sua disposição. O processo criativo de Fulton, isto é, o caminhar, confere à terra uma importante evidência na sua obra, trazendo à tona uma espécie de conhecimento que excede o compreensível. Em sua obra, sem qualquer ato de interferência na natureza, é possível sentir a presença humana, e ver o reflexo da identificação entre artista e homem, ou até uma resposta à necessidade instintiva e primitiva que os seres humanos têm de entrar em contato uns com os outros. Hamish Fulton pode estar nos mostrando, talvez inconscientemente, que antes de ser um artista, ele é um indivíduo. Como ele mesmo declarou, uma caminhada não é uma recriação nem um estudo da natureza, caminhar é uma maneira de melhorar a si mesmo, física e mentalmente, a fim de experimentar um estado temporário de euforia, uma conexão íntima entre sua mente e o ambiente. O caminhar é antigo e contemporâneo; o caminhar é a relação com tudo.

 

A palavra do artista

 

WALKing (Caminhar) é uma palavra de sete letras. Os primeiros sete passos. LUA CHEIA DO SOLSTÍCIO. UMA CAMINHADA DE SETE DIAS NAS MONTANHAS DE CAIRNGORM NA ESCÓCIA. JUNHO 1986. Simplicidade. Caminhar é transformador, caminhar é mágico. Caminhar é um bom remédio. Uma longa caminhada. Hoje 2013, caminhar é mais importante que usar a internet. Wiki-walks. Opinião é uma palavra de sete letras. Caminhar é antigo e contemporâneo. Consistentemente, caminhar é a relação com tudo. LUA CHEIA SOLSTÍCIO INVERNAL. UMA CAMINHADA CONTÍNUA SEM DORMIR PELO CAMINHO DOS PEREGRINOS DE WINCHESTER ATÉ CANTERBUTY. INGLATERRA 21 22 23 DEZEMBRO 1991. (Rotas de peregrinação – uma perda do ego.) Sou o que chamo de um ‘artista caminhante’. Nenhuma dessas duas palavras descrevem uma técnica artística convencional (Não sou um escultor nem um fotógrafo de paisagem.) Não sou um artista conceitual. Transformo ideias em realidades vivenciadas. Sou um artista que anda, e não um andarilho que cria arte. Walking art é a aproximação de duas atividades completamente separadas. CAMINHAR É UMA FORMA DE ARTE POR MÉRITO PRÓPRIO. CAMINHAR É O CONSTANTE, A TÉCNICA DE ARTE É QUE É VARIÁVEL. Com Richard Long, realizei a minha primeira ‘artwalk’ (uma palavra de sete letras) quando era estudante na St Martins em Londres em 2 de fevereiro 1967. Porém levaria ainda mais seis anos para estabelecer progressivamente uma prática de trabalho através de tentativa e erro. (As caminhadas são construídas com regras auto-impostas). 16 de outubro 1973 após a realização de uma caminhada de costa a costa de mais de mil milhas do nordeste da Escócia até o sudoeste da Inglaterra, aos 27 anos, me comprometi com o seguinte: FAZER 100% DE ARTE RESULTANTE DA EXPERIÊNCIA DE CAMINHADAS INDIVIDUAIS. Criatividade. Acredito na diversidade (debate e discussão, concordamos em discordar) Uma diversidade de categorias de caminhadas, uma diversidade de criação de arte, uma diversidade de artistas. Mais importante, uma diversidade de formas de vida, GRAMAS INSETOS. Mercadorias? Os Direitos da Natureza (Oceanos.) Deixar a arte falar por si? Até agora não. Os historiadores de arte nos anos 70 presumiram que a minha walking art se encaixa nos seus temas escolhidos, a saber – pintura paisagista do passado e escultura ao ar livre no presente. Nenhuma pesquisa sobre a caminhada. L.A. Confidentiel: Nunca fui influenciado pelos Românticos e não quero ser associado ao landArt (uma palavra de sete letras.) A colisão entre os E.U.A. ‘não-deixe-rastros’? Para que fique registrado, a data do começo da minha postura foi 1959 quando li sobre a vida de Wooden Leg. da tribo Northern Cheyenne que lutou contra Custer. (25 de junho 1876.) História? História de quem? Justiça? Justiça para quem? Os direitos dos povos indígenas. Dez anos depois, em 13 de setembro 1969 caminhei – com Nancy Wilson, carregando comigo aquele mesmo livro sobre o campo de batalha de Little Bighorn. (Celebridade? Não existem fotografias de Crazy Horse.) Por volta de 1977, precisei ‘escapar’ da arte paisagística (jardinagem e o sistema de classe inglês). Assisti a palestras de alpinistas internacionalmente famosos como Doug Scott e mergulhei na literatura de expedições. Tornei-me um ‘alpinista de poltrona’. GRAVIDADE. Não sou alpinista nem escalador. Não sou científico nem um engenheiro. Sendo caminhante, considero o alpinismo inspirador. Nas palavras do alpinista contemporâneo norte-americano Steve House, ‘O meu machado de gelo pode ser o seu pincel’. Faço caminhadas em cidades. INDOORS (dentro), é uma palavra de sete letras. Acredito em caminhadas solitárias OUTSIDE (ao ar livre) em combinação com acampamento ‘selvagem’. Vida de tenda de acampar, rente ao chão, mais perto da natureza. Gramas, insetos. Posso caminhar o dia inteiro, mas não sou um caminhante rápido. Slowalk (caminhada lenta), é uma palavra de sete letras. No Tate Modern (30 de abril 2011) realizei uma caminhada comunitária indoor chamada, slowalk em apoio a Ai Weiwei. Protegido pelo Estado de Direito? T.A.A. Trekking de alta altitude. No 49º dia da expedição ficamos imóveis no topo do monte Everest, Chomolungma. Bardo. Essa experiência só me foi possível graças aos meus guias xerpas. Fui guiado por Ang Dorje xerpa de Pangboche. Alto e baixo, perto e longe. longe e há muito tempo atrás. Uma boa pergunta é, até onde você consegue andar?. Até a presente data, a minha caminhada mais extensa cobriu uma distância de 2838 quilômetros (carregando toda a minha bagagem), costa a costa da Espanha até os Países Baixos. CAMINHANDO NA DISTÂNCIA ALÉM DA IMAGINAÇÃO. É importante ressaltar que essa caminhada não muito longa foi ‘fácil’. Uma caminhada muito mais difícil, ‘cheia de nós’, duraria uma mera fração dessa duração. Os alpinistas me ensinaram a importância da rota e do estilo. Depois de vários anos de tentativas fracassadas, finalmente consegui: CONTAR 49 PASSOS DESCALÇOS NO PLANETA TERRA DURANTE CADA NOITE DAS DOZE LUAS CHEIAS DE 2010. Minha pegada de carbono oculta. Apenas uma consequência de persistentemente ignorar a natureza é o aquecimento global. Quem se importa com datas? Números é uma palavra de sete letras. Ursa Maior. Quipu. Horário do relógio, duração da vida, morte. Primavera, verão, outono, inverno. A migração das baleias, a migração das borboletas. (Calendário lunar.) No thing (nenhuma coisa), é uma palavra de sete letras. Tudo é feito de alguma coisa. Uma montanha não é feita de pedra, ela é pedra. UM OBJETO NÃO PODE COMPETIR COM UMA EXPERIÊNCIA. Desde 1973 toda obra de arte que eu materializei (coisas) contém um texto sobre a caminhada. Não proporciono o alivio de uma arte sem palavras. (Também não crio arte abstrata.) NÃO HÁ PALAVRAS NA NATUREZA. O peso físico de palavras (faladas). Talk the walk (“pratique o discurso”), A CAMINHADA É A ARTE. ARTE PEQUENA EXPERIÊNCIA GRANDE. Caminhar é transformador, caminhar é mágico. Kora Tibetana. Monjas tibetanas. Os derradeiros sete passos. Até o momento em que escrevo, 99 tibetanos têm se auto-imolado. História? História de quem? Hamish Fulton, 2013.

 

 

No Martins na Baró

08/ago

A Baró, Jardins, São Paulo, SP, exibe até 14 de setembro, “Campo minado”, a primeira exposição do artista No Martins na galeria. A curadoria é de Hélio Menezes. Durante a abertura aconteceu a performance “Em território hostil”.

 

Sobre o artista

 

No Martins nasceu em São Paulo, Brasil, 1987. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. No Martins teve seus primeiros contatos com as artes visuais nas ruas de São Paulo, através da Pixação e do Graffiti, em 2003, aos 16 anos. Por conta de sua curiosidade em conhecer novas linguagens artísticas passou a frequentar os ateliês de gravura da Oficina Cultural Oswald de Andrade entre 2007 e 2011, onde foi aluno de artistas como Rosana Paulino, Kika Levy, Ulysses Bôscolo e outros. Cursou Licenciatura em História e Artes Visuais. Entre as exposições que participou, se destaca a Histórias Afro-atlânticas no MASP e Instituto Tomie Ohtake, eleita pelo New York Times a principal exposição de 2018. No segundo semestre 2019 No Martins é um dos 55 artistas participantes da 21ª Bienal SESC VideoBrasil, e terá ainda em 2019, individuais no CCSP e no Instituto Pretos Novos no Rio de Janeiro – RJ. Sua produção artística transita em meio a pintura, performance e experimentação com objetos, nas quais Martins investiga as relações interpessoais cotidianas, principalmente a convivência do Negro(a), no cotidiano urbano, problematizando questões de territorialismo, acesso, racismo, mortalidade e encarceramento da população negra brasileira.

 

Um campo minado é, por definição, um terreno repleto de armadilhas subterraneamente prontas para machucar, ou mesmo destruir, todos que tentem atravessar uma determinada área. Uma espacialização de aparatos repressivos, artifício de obstrução de passagem, de impedimento de circulação. A expressão também nomeia um jogo popular de computador, cujo funcionamento reproduz a lógica explosiva da tática de guerra: um passo em falso, um descuido, e o lugar que antes parecia seguro, logo se revela um gatilho. O termo serve também de boa metáfora para os territórios segregados da vida social brasileira, repletos de perigos escondidos: para certos corpos, a experiência de atravessar as fronteiras invisíveis que dividem a cidade em CEP, cor e classe, equivale à de atravessar um campo minado. De transitar em espaços nos quais um mero desvio ou desencontro pode acionar conflitos incendiários no dobrar da esquina. Essa matéria do cotidiano urbano, de um Estado policialesco, uma sociedade desigual, uma vida vigiada e catracalizada, se converte em centro de interesse e experimentação no trabalho de No Martins. Em Campo Minado, o artista paulistano, nascido e residente à zona leste da cidade, apresenta um conjunto de obras que disseca as camadas de um racismo expressamente urbano, no qual o direito elementar de ir e vir é praticado ou restringido de maneira desigual entre negros e brancos, entre periferia e centro. Com referências autobiográficas e explorando diferentes linguagens – entre pinturas, objetos, vídeos, instalação -, a mostra individual de No Martins traduz e relê temas da ordem do dia, como o encarceramento em massa crescente, a seletividade penal flagrante do sistema judiciário, o racismo estrutural, a violência estatal abusiva e o crescimento do discurso militarista na sociedade brasileira. A obra que empresta nome à mostra é boa pista para o entendimento do conjunto. Nela, o artista se faz autorretratar de costas em escala humana, posicionado em situação de enquadro. Não é dado ao observador ver seu rosto: ao entrar em contato com a obra, somos deslocados a ocupar momentaneamente o lugar da polícia no momento da abordagem, fitando-o como o veria um agente de segurança pública. Somos, desse modo, como que convocados a entendermo-nos parte corresponsável pela cena que se configura à frente – violenta, mas absolutamente cotidiana para “indivíduos fora do padrão” como o artista: negro, jovem, periferizado. CAMPO MINADO A pintura horizontal em pedaços assimétricos de lona, cores marcantes e luminosas, a exploração de signos distintivos e elementos alegóricos (placas proibitivas de trânsito, câmeras de vigilância, letreiros de sinalização), uma expressividade que ecoa um muralismo da arte de rua, reforçam e instauram um ar de urgência, de alerta e gravidade. O contraste complementar com Sem título, retrato vertical e sensível de um agente policial fardado, mas descalço, complexifica a exploração do tema e desfaz maniqueísmos apressados. Com pés que remetem aos do Mestiço de Portinari, a ausência de sapatos faz ressaltar a pessoa, o sujeito negro por detrás do uniforme, seu mundo interior para além (ou aquém) do ofício. Se recordarmos que na história do Brasil o uso de calçados era interdito aos escravizados, convertendo-se em símbolo distintivo de liberdade, a composição ganha novos contornos. O trabalho de No Martins não busca conciliação, não está à cata de boas maneiras. Uma linguagem direta, sem rodeio, em obras como Expediente e 111 dividido por 5, engendra efeitos de denúncia, mas também convite à ação, à saída da letargia diante de um estado de sítio. A busca por uma reflexão sobre o momento presente, o agora, é marca e potência poética de sua produção. Nada parece escapar ao seu olhar: o assassinato de cinco jovens com 111 tiros pela polícia (o número de balas equivale, espantosamente, ao presidiários mortos no massacre do Carandiru); a profissionalização do tráfico de drogas e sua promiscuidade com a política institucional; o estrangulamento de um jovem negro por um golpe de “gravata” dado por um agente de segurança de supermercado. Episódios de violência cotidiana que informam um produção artística deliberadamente politizada, em consonância com movimentos mais contemporâneos da arte preocupados em influir e desejosos de atuar sobre o curso da vida.

 

 

Arrechea/Nara Roesler, Ipanema

Fragmentos e camadas de cores dão forma a máscaras carregadas de simbologia. Essa é a temática da exposição “Superfícies em conflito” do cubano Alexandre Arrechea, que após mais de uma década atuando junto ao coletivo Los Carpinteros, apresenta mostra individual no Rio de Janeiro. A exposição fica em cartaz até o dia 31 de agosto, na Galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de janeiro, RJ e apresenta 12 trabalhos em diversos suportes, que vão das tradicionais telas à tapeçaria, papéis artesanais de cânhamo, linho e algodão, e videoinstalação.

 

As obras nos remetem, em um primeiro momento, às máscaras africanas, impressão essa confirmada pelo curador Rodolfo de Athayde, que destaca em texto curatorial as influências de Picasso e Malevich. As máscaras de Arrechea, sem olhos e sem bocas, de aparência enigmática, podem ser lidas a partir da problemática cubana com relação a liberdades e direitos humanos.

 

Mas esses trabalhos vão além: evocam estruturas urbanas, tanto em sua construção – que utiliza linhas, sulcos, texturas e sobreposições geométricas, lembrando os tradicionais bairros cubanos, suas casas e arquitetura – quanto na intenção de revelar, também filosoficamente, “as camadas da ação humana no tempo”. Dessa forma, o que inicialmente pode parecer uma obra de rápida assimilação, oferece, em seguida, outras possibilidades interpretativas.

 

Longo Bahía na Argentina

A artista brasileira Dora Longo Bahía está na Sala de Audiovisual do Parque de La Memória, pela Bienal Sur (Bienal Internacional de Arte Contemporáneo de América del Sur). Parque de la Memoria – Monumento a las Víctimas del Terrorismo de Estado, Av. Costanera Norte Rafael Obligado 6745, Adyacente a Ciudad Universitaria, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina.

 

“Choque” leva o título da unidade antidistúrbios da polícia brasileira, também conhecida como “Tropa de Choque”, uma divisão treinada e equipada para reprimir multidões e protestos no espaço público. A videoinstalação de Dora Longo Bahía, de profunda potência visual, questiona criticamente os métodos que os poderes do Estado aplicam para suprimir as forças de resistência. Assim, longe de se estabelecer como símbolo de proteção, as forças policiais transmitem em “Choque”, uma filosofia do medo e, embora a obra ancore sua base conceitual na realidade histórico-política do Brasil contemporâneo, a narrativa visual implantada pela artista encontra ressonâncias semelhantes em várias cidades ao redor do planeta.

 

Sobre a artista

 

Dora Longo Bahía nasceu em São Paulo, 1961. Artista visual e doutora em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo. Seus trabalhos são desenvolvidos em várias mídias, incluindo pintura, fotografia, vídeo, instalações sonoras e livros. Sua ligação com o punk rock dos anos 1980 levou-a a participar de diferentes bandas como Disk-Putas e Blah Blah Blah. Dora Longo Bahía se define como um produtor de imagens e suas obras tratam, sem buscas retóricas, da violência do mundo contemporâneo.

 

Até 13 de outubro.