Fotos de Claudia Andujar

08/set

O Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro, Gávea, exibe a exposição “Claudia Andujar: no

lugar do outro”. A curadoria é de Thyago Nogueira. A mostra lança nova luz sobre a trajetória

da fotógrafa de origem húngara ao apresentar trabalhos pouco conhecidos da primeira parte

de sua carreira, anterior ao seu envolvimento com os índios Yanomami. São reportagens

fotográficas e ensaios pessoais, que incluem desde os registros documentais em preto e

branco do começo da carreira até a experimentação gráfica colorida do final dos anos 1960 e

começo dos anos 1970.

 

A mostra é dividida em quatro núcleos. O núcleo “Famílias Brasileiras” apresenta um dos

primeiros trabalhos de fôlego feitos por Claudia no Brasil. Entre 1962 e 1964, a fotógrafa

registrou o cotidiano de quatro famílias de contextos muito distintos: uma família baiana dona

de uma próspera fazenda de cacau, uma família da classe média paulista, uma família de

pescadores caiçaras isolada em uma praia de Ubatuba (SP) e uma família mineira religiosa.

Feito com a intenção de entender como viviam os brasileiros, Claudia almejava publicar o

trabalho em uma revista, mas o perfil diverso do conjunto não interessou à publicação.

 

O segundo núcleo é formado por reportagens desenvolvidas pela fotógrafa para a revista

Realidade, onde trabalhou de 1966 a 1971. Criada em 1966, Realidade foi um marco na

imprensa brasileira pela qualidade das matérias e por reunir um time notável de fotógrafos,

que incluía nomes como Maureen Bisilliat, George Love e David Drew Zingg. A ousadia editorial

de Realidade foi o ambiente perfeito para que Claudia mergulhasse em temas controversos,

espinhosos e poucos discutidos na imprensa.

 

Para a revista Realidade, Claudia fotografou as polêmicas operações do médico-espírita Zé

Arigó, em Congonhas do Campo (MG); a intensa atividade de uma parteira na pacata cidade de

Bento Gonçalves (RS); a situação dos pacientes do Hospital Psiquiátrico do Juqueri, em São

Paulo; uma sessão de psicodrama, e o controverso “trem baiano”, que levava imigrantes

desempregados em São Paulo de volta a seus estados natais. Além de reportagens, Claudia

também desenvolveu ensaios fotográficos para ilustrar matérias da revista. Fazem parte da

exposição uma série sobre relacionamentos homossexuais, cujas fotos não foram publicadas

pela revista, e um ensaio sobre a natureza dos pesadelos.

 

O terceiro núcleo é formado por três ensaios experimentais que Claudia desenvolveu em São

Paulo a partir de seu interesse pela cidade e pelo corpo humano. Fazem parte desse núcleo a

série sobre a “Rua Direita”, os nus da série “A Sônia” e fotos aéreas tiradas com filme

infravermelho.

 

O quarto e último núcleo da mostra contém fotografias de natureza feitas durante as primeiras

viagens à região da Amazônia, no começo dos anos 1970, especialmente ao longo do rio Jari,

no Pará, e em Roraima. Claudia fotografou as cachoeiras de Santo Antônio e o lavrado

roraimense com a experimentação e a sensibilidade que marcaram sua produção do período.

Em 1971, enquanto trabalhava numa edição especial da revista Realidade dedicada à

Amazônia, Claudia entrou em contato com os índios Yanomami. A partir de então,

transformou a documentação e a proteção desse povo em missão de vida. Seu trabalho como

fotógrafa e sua atividade política à frente da Comissão Pró-Yanomami trouxeram contribuições

inestimáveis ao país. Durante os anos que se seguiram, a produção de Claudia ligada aos índios

se sobrepôs ao extenso trabalho feito nas décadas anteriores, que agora começa a ser

retomado.

 

É essa produção ainda pouco vista e estudada que a exposição Claudia Andujar: no lugar do

outro vem regastar. Desde que chegou ao Brasil, nos anos 1950, Claudia mergulhou em

realidades que desconhecia e se interessou por núcleos fechados (como na série das famílias

brasileiras) ou grupos marginalizados e isolados (como os adeptos do espiritismo ou os

pacientes do Juqueri). Claudia usava a fotografia para entender o país que adotara, para

compreender o outro e descobrir a si mesma. Durante toda a carreira, Claudia fez questão de

se aproximar do outro e de se pôr em seu lugar – daí o título da exposição. Um deslocamento

que também ocorreu no âmbito geográfico, quando Claudia foi obrigada a abandonar suas

raízes e reconstruir a vida em um novo país. Ao focar-se nas primeiras décadas de sua carreira,

Claudia Andujar: no lugar do outro nos ajuda a entender a relevância, a originalidade e a

complexidade da produção de uma das mais importantes fotógrafas brasileiras.

 

 

Sobre a artista

 

Claudia Andujar nasceu na Suíça, em 1931, e em seguida mudou-se para Oradea, na fronteira

entre a Romênia e a Hungria, onde vivia sua família paterna, de origem judia. Em 1944, com a

perseguição aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial, fugiu com a mãe para a Suíça, e

depois emigrou para os Estados Unidos, onde foi morar com um tio. Em Nova York,

desenvolveu interesse pela pintura e trabalhou como intérprete na Organização das Nações

Unidas. Em 1955, veio ao Brasil para reencontrar a mãe, e decidiu estabelecer-se no país, onde

deu início à carreira de fotógrafa. Sem falar português, Claudia transformou a fotografia em

instrumento de trabalho e de contato com o país. Ao longo das décadas seguintes, percorreu o

Brasil e colaborou com revistas nacionais e internacionais, como Life, Aperture, Look, Cláudia,

Quatro Rodas e Setenta. A partir de 1966, começou a trabalhar como freelancer para a revista

Realidade. Recebeu bolsa da Fundação Guggenheim (1971) e participou de inúmeras

exposições no Brasil e no exterior, com destaque para a 27a Bienal de São Paulo e para a

exposição Yanomami, na Fundação Cartier de Arte Contemporânea (Paris, 2002).

 

 

Até 15 de novembro.

Em Ribeirão Preto

A Galeria Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto, São Paulo, SP, apresenta a exposição de Pierre Verger. Depois de realizar em fevereiro deste ano a mostra “O Mensageiro” na unidade de São Paulo, a galeria amplia o conjunto de imagens em uma nova montagem na unidade de Ribeirão Preto.

 

 

Antes de chegar ao Brasil, antes de se debruçar sobre a cultura afro-brasileira, antes de se tornar babalaô, Pierre Verger era, essencialmente, fotógrafo. Um fotógrafo já reconhecido desde antes da Segunda Guerra Mundial e com fotografias publicadas nas mais importantes revistas francesas e internacionais da época, como Life, Vu, Regards e Arts et Métier Graphiques.

Quando sua vida e sua obra caminharam em direção às questões afro-brasileiras, tornou-se um homem do candomblé, publicou intensamente sobre essa temática – notadamente sobre sua matriz religiosa -, fixou residência na Bahia e mergulhou tão profundamente nesse novo viver que foi aos poucos desaparecendo da memória de seus contemporâneos franceses e europeus, ao menos como fotógrafo.

Em 1993, a Revue Noire, das primeiras a destacar a arte africana no mercado ocidental, realizou a grande exposição Pierre Verger, Le Messager, com mostras na Suíça e na França, no Musée d’Art d’Afrique et d’Océanie. Amplamente divulgadas nos meios de comunicação franceses, esse grande evento cultural recolocou Verger no cenário da fotografia em seu país de origem.

No processo de construção dessa exposição e com o objetivo de selecionar imagens para a mostra e para o livro-catálogo, os diretores da Revue Noire vieram até a casa de Verger, na Bahia. Após um minucioso trabalho, desenvolvido em conjunto com o fotógrafo, levaram mais de 300 negativos para Paris, onde realizaram, pela primeira vez, cópias de excelente qualidade. A maioria dessas ampliações foram, então, utilizadas para fazer os fotolitos do livro Le Messager e/ou expostas.

Nessa época, os donos da Revue Noire, aproveitando a presença de Verger em Paris, conseguiram que ele assinasse uma certa quantidade dessas cópias, o que Verger aceitou fazer, embora normalmente não se submetesse a esse tipo de cerimonial. O que realmente importava para Verger – ao contrário de muitos fotógrafos – eram seus negativos, por representarem suas memórias. Na verdade, ele dava pouca importância às ampliações, que não costumava vender e que podia reproduzir quando se fizesse necessário.

 

 

Poucos anos depois, em fevereiro de 1996, Verger faleceu na Bahia, deixando esse conjunto único de imagens, que continuou em poder da Revue Noire, em Paris. Essas imagens foram comercializadas na França, até o final do ano de 2000, quando a Fundação adquiriu sua quase totalidade. (Fundação Pierre Verger)

 

 

 

Até 09 de outubro.

 

Artistas cubanos na Casa Daros

04/set

Na próxima terça-feira, 08 de setembro, às 11h, será realizada uma coletiva de imprensa na Casa Daros, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, sobre a exposição “Cuba – Ficción y fantasia”, que será inaugurada em 12 de setembro. A curadoria é de Hans-Michael Herzog e Katrin Steffen. Serão apresentados 130 trabalhos de 15 destacados artistas cubanos: Ana Mendieta, Belkis Ayón, Ivan Capote, Javier Castro, José Bedia, Juan Carlos Alom, Lázaro Saavedra, Los Carpinteros, Manuel Piña, Marta María Pérez Bravo, René Francisco, Santiago Rodríguez Olazábal, Tania Bruguera, Tonel e Yoan Capote. Está será a última exposição da Casa Daros.  Estarão presentes na coletiva os curadores da mostra, o diretor-geral da Casa Daros, Dominik Casanova, e alguns artistas com trabalhos da exposição.

Lucio Salvatore exposição e instalações

03/set

O artista plástico ítalo brasileiro Lucio Salvatore apresenta ao público carioca a exposição “Fragmento #2015_1″, com curadoria de Fernando Cocchiarale. A mostra reúne instalações, fotos e vídeos que serão apresentadas em dois módulos, o primeiro no Centro Cultural dos Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, de 04 de setembro a 03 de outubro de 2015, e o segundo conjunto de obras instaladas em algumas ruas e estabelecimentos comerciais do centro do Rio de Janeiro, de 3 a 11 de setembro.

 

“A exposição é feita de rupturas e pedaços deslocados de uma unidade que nunca existiu, recompostos segundo novas constituições que as obras impõem”, explica Salvatore. A mostra inicia um ciclo de projetos que já foram pensados em forma de fragmento, são discursos incompletos, abertos, a serem manipulados pelo público, pelo tempo.

 

Italiano radicado no Rio de Janeiro, Lucio Salvatore já apresentou dois projetos por aqui. O primeiro, “One Blood/Fenomenologia da memoria”,  em 2010/2011 (no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, com mais de 15.000 visitantes, e no museu MuBE, em São Paulo),que impressionou a todos, onde o artista utilizou o sangue dos próprios retratados. E a segunda, “Projeto de Redução Espacial” com o tema da relaçao entre ‘capital e natureza’, em 2014 (Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro), onde o artista apresentou uma série de monotipias realizada com um método de frotagens representando a memória topográfica de mina de escavação e lavoração de pedras.

 

A exposição Fragmento #2015_1 é dividida em dois módulos : o primeiro, apresentado no Centro Cultural Correios, é um conjunto de obras cuja questão dominante são Os jogos de Significados que acontecem ao longo da vida da obra de arte, desde a sua criação e relação com o público até a posse pelo colecionador. As obras levantam uma questão de poder entre as pessoas que participam delas. A dialética entre unidade e multiplicidade é muito presente nas obras de Salvatore.

 

 

1º Piso/Instalações

 

O JOGO DA FORMA #7, 2015 – Instalação – Estojo com 6 pedras, espelho, placa com as regras do jogo, 48 fotos das esculturas realizadas pelo público.

 

1400 MANIPULAÇÕES E UMA REGRA, 2015 – Instalação – 1400 quadrados pretos, papel de algodão, regra de colagem, ação de colagem realizada pelo público. A obra trata da relação de poder entre o artista que cria um campo de significados e os utilizadores da obra que a manipulam

 

MARGEM INDIFERENTE, 2015 – A palavra marginal escrita pelo artista na entrada dos Giardini foi cancelada pela passagem do público convidado para estreia da 56a Bienal de Arte de Veneza, em maio de 2015, durante 12 horas, o tempo da ação coletiva. Registro da obra: #2 fotos, um livro com uma seleção de 512 imagens da passagem do público.

 

QUADRADO PRETO | 100 MANIPULAÇÕES, 2015 – 100 quadrados pretos, papel de algodão, regra de colagem, ação de colagem realizada por um artista reconhecido usado como mão de obra.

 

POST-AR, 2015 – #4 caixas, cada uma contendo 9.936 cm3 de ar enviadas pelo correio da Itália até o Rio de Janeiro. O sistema logístico utilizado para o deslocamento de ar é a matéria prima da obra: embalagem, selos, sistema de pagamento, trabalho de funcionários de empresas envolvidas, acionistas das empresa, alfândega, impostos etc.

 

 

2º Piso/Sala vídeo

 

O FIM DO QUADRADO PRETO #1, 2015 – Vídeo – Parte de um projeto realizado na Itália nos meses de junho e julho de 2015 e representa também uma conexão com a próxima exposição que Salvatore está preparando para 2016 Fragmento #2016_1. O artista desenhou nas paredes de uma pedreira um quadrado preto em homenagem aos 100 anos da criação da pintura de Malevich e logo em seguida quebrou esta parede com máquinas para escavação reduzindo-a em mil fragmentos de rochas que carregam as marcas pretas do quadrado.

 

LAVRA (RASTRO), PATERNIDADE, INDÍCIO, 2015 – Vídeo – Também é parte de um projeto realizado na Itália nos meses de junho e julho de 2015 e representa igualmente uma conexão com a próxima exposição que Salvatore está preparando para 2016. O artista tem tem se apropriado do processo de escavação dentro de uma pedreira a procura de uma forma de escultura expandida, simbólica da forma primordial do homem deixar sinal (rastro, marca) da sua passagem, da criação do mundo a partir da terra herdada. Salvatore que até agora nunca tinha assinado as obras criadas, resolve pela primeira vez usar sua assinatura para questionar o valor dela junto ao significado da obra.

 

O segundo conjunto de obras cria um circuito externo ao Centro Cultural Correios composto por obras instaladas em algumas ruas e estabelecimentos comerciais do centro do Rio de Janeiro. Estas obras tratam da questão legal e política do espaço, de situações de ocupações, de posse e propriedade legal ou real da terra e do ambiente urbano.

 

 

Circuito externo/Urbano da exposição/Instalações

 

UN METRO QUADRATO DI TERRA #1, 2014 – Instalação com dimensões variáveis. Processo de Venda Imobiliária. Contrato de compra e venda de um lote de terra, fotos da propriedade de terra expostas numa agência imobiliária do Rio de Janeiro. Essa obra é um contrato de compra e venda de uma porção (1/100) de metro quadrado de terra de propriedade do artista na Itália, identificado por uma escultura de mármore. Questão da obra de arte como investimento, até objeto de especulação.

 

AQUI TAMBÉM TEM ESPAÇO PARA ARTE – Instalação com dimensões variáveis. Esta obra é parte de um projeto iniciado por Salvatore em 2014, um projeto que questiona a natureza da utilização do espaço público para fins públicos ou privados. O projeto consiste em ocupações realizadas com diferentes objetos e sistemas usados cotidianamente por pessoas e empresas para delimitar e utilizar espaços públicos. Para fragmento #2015_1 o artista ocupará um espaço do centro da cidade, um lugar que não será revelado explicitamente para que a obra possa levantar o questionamento e a dúvida do público frente a cada espaço, cuja ocupação seja questionável. O artista desta maneira quer utilizar o questionamento e a dúvida do público como matéria prima da obra.

 

BANCA NEUTRAL – O Poder da Escrita Menos o Poder da Imagem – Instalação com dimensões variáveis. Esta obra é parte de um projeto do artista iniciado em 2014. Ele adquiriu em bancas de jornais do Rio de Janeiro revistas que tratam explicitamente de politica, substituiu as capas e contracapas destas revistas reproduzidas com os textos originais sem formatação e sem imagens e recolocou as revistas novamente em circulação nas bancas. Para exposição Fragmento #2015_1 Salvatore instala nas vitrines de uma banca do centro do Rio de Janeiro uma série de revistas manipuladas.

 

Lucio também estará participando do circuito de exposições para convidados da ArtRio 2015, onde vai receber o público que fizer reservas antecipadas para uma visita guiada a sua exposição.

 

Em ocasião da exposição Fragmento #2015_1 Salvatore apresentará pela primeira vez ao público da cidade o projeto do museu que esta desenvolvendo MAC Rio de Janeiro – Museu de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro

 

 

 

Sobre o artista

 

Artista plástico ítalo brasileiro, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formado em economia na Universidade Bocconi de Milão, estudou filosofia e arte na EAV Parque Lage. Suas obras tratam das ‘relações de poder e manipulação’ dentro de uma comunidade a partir de questões linguísticas, políticas, econômicas e tecnológicas. Exposições individuais selecionadas: Superstudio, Milão (2008), Grant Gallery, New York (2007, 2009), Potsdamer Platz, Berlin (2007). No Brasil: Museu Brasileiro de Escultura MuBE em São Paulo (2011) e no Centro Cultural Correios no Rio de Janeiro (2010 e 2014).

 

 

 Sobre o curador Fernando Cocchiarale

 

Crítico de arte, curador e professor de filosofia da arte do Departamento de Filosofia da PUC-RJ, é também professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Autor de artigos, textos e resenhas publicados em livros, catálogos, jornais e revistas de arte do Brasil e do exterior. Foi curador e coordenador do programa Rumos Itaú Cultural Artes Visuais, Coordenador de Artes Visuais da Funarte, e curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAMRJ), além de membro de inúmeros júris e comissões de seleção de mostras e salões no Brasil. É curador independente, sendoresponsável por exposições no MAM-RJ, Itaú Cultural (SP), Santander Cultural (RS), Oi Futuro, (RJ), Paço Imperial (RJ), Casa França-Brasil (RJ), Museu Nacional do Centro Cultural da República (DF). É doutor em Tecnologias da Comunicação e Estética pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 

 

De 03 de setembro a 03 de outubro.

 

Circuito Externo: De 03 a 11 de setembro.

Interpretações e traduções

02/set

Com curadoria de Lilia Moritz Schwarcz, a exposição “Nelson Leirner leitor do outros e de si mesmo” na Galeria Vermelho, Jardim Paulista, São Paulo, SP,  apresenta cerca de 75 obras de Nelson Leirner nas quais o artista interpreta, traduz e dialoga com trabalhos de 12 artistas de diversas épocas, como Leonardo da Vinci, Lucio Fontana, Damien Hirst, Yayoi Kusama, Lucio Fontana e Mondrian. Cada espaço da Galeria Vermelho fica reservado às interpretações de cada um desses artistas com obras produzidas por Nelson Leirner entre os anos de 1968 e 2015.

 

 
Até 03 de outubro.

Pinturas de Wanda Pimentel

31/ago

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição

“Geometria/ Flor”, com cerca de 35 obras inéditas da artista carioca Wanda Pimentel.

 

Com uma importante e reconhecida trajetória artística de quase 50 anos, Wanda

Pimentel expõe no grande salão térreo da galeria pinturas da série “Geometria/Flor”,

iniciadas há dois anos. Cada uma das pinturas tem uma moldura diferente, que integra

o trabalho. Apesar de ser uma série totalmente nova, ela carrega elementos que

sempre estiveram presentes em seu trabalho, como as formas geométricas e as

famosas escadas. “É como se fosse uma celebração de todas as séries que fiz desde

a década de 1960”, conta a artista, ressaltando que sempre trabalha com séries.

“Quando termino uma, quero criar algo novo, totalmente diferente, mas uma série

sempre carrega elementos das outras”.

 

Anita Schwartz destaca que este é “um momento de homenagem ao trabalho e à

trajetória da Wanda Pimentel”, que em outubro participará da Frieze Masters, no

Regent’s Park, em Londres, feira que reúne mestres da história da arte

contemporânea, onde mostrará nove pinturas produzidas nos anos 1960.

 

As obras que estarão na exposição na Anita Schwartz Galeria têm a ver com um

processo iniciado pelo artista em 2011, de rever o passado. “Esses trabalhos tem um

tom dramático, têm a ver com as minhas memórias, mas, ao mesmo tempo, é uma

saudação à vida, rompendo com tudo que já fiz. Vou dissecando lembranças e

construindo novas memórias”, afirma a artista. Neste processo, ela partiu em busca de

lembranças do pai, açoriano, de natureza muito reservada, que faleceu quando ela

tinha 12 anos. Ela atribuiu a esta procura por sua origem o fato de ter incluído o

dourado em seus trabalhos. “O manuseio com o dourado é muito difícil. A condução

da cor deve seguir uma trajetória do não efeito fácil. O dourado da série relaciono com

Portugal, pois é uma cor presente no Barroco, lembrando a celebração da vida”, diz.

“Introduzi nos trabalhos atuais um novo elemento: flores, em tons de branco, vermelho

e dourado. Ao olhar o trabalho, você percebe que há um embate entre geometria e

natureza, por mais paradoxal que seja”, afirma.

 

No terceiro andar da galeria estarão os trabalhos iniciais desta fase, que fazem parte

da série que ela chamou de “Memória”. Serão três caixas de acrílico, medindo 97cm x

33cm cada, onde a artista coloca desenhos e objetos. Em uma delas há um coração

vermelho, cheio de alfinetes, em alusão ao coração de espuma que a sua mãe usava

para colocar os alfinetes enquanto costurava. Em outra, há casulos do bicho-da-seda

e, na terceira, uma linha e uma tesoura desenhadas, como se esta cortasse o

desenho. Junto a esses trabalhos, estarão quatro obras de 1965, que nunca foram

expostas. “São desenhos da época que eu era aluna do Ivan Serpa, feitos com caneta

esferográfica em folha de papel ofício. Nunca mostrei esses desenhos, mas eles falam

muito sobre o meu trabalho”, afirma a artista.

 

Ao invés de texto crítico, o público poderá ler o poema “O último sortilégio”, de

Fernando Pessoa, que Wanda Pimentel encontrou durante o processo de produção

das obras, e considerou muito apropriado com o que estava fazendo. “O poema tem

muito a ver com esses trabalhos. Queria algo sensível, por isso escolhi esta poesia. O

português de Portugal é muito denso, muito bonito quando escrito. E meu pai gostava

muito de Fernando Pessoa”, ressalta. A poesia também estará no catálogo, que será

lançado ao longo da exposição.

 

 

Sobre a artista

 

Wanda Pimentel nasceu no Rio de Janeiro, em 1943. Estudou pintura com Ivan Serpa,

no MAM Rio, em 1965. Dentre suas principais exposições individuais estão a

exposição no MAM Rio, em 2004; no Paço Imperial, em 1999 e em 1997; no Centro

Cultural Banco do Brasil, em 1994; entre outras. Dentre suas principais exposições

coletivas estão: “Artevida Política”, no MAM Rio, em 2014; “Nova Figuração anos

1960-1970”, no MAM Rio, em 2009; “Panorama dos Panoramas”, no MAM São Paulo,

em 2008; “Arte contemporânea e patrimônio”, no Paço Imperial, em 2008; “Arte Como

Questão/Anos70”, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, em 2007; “Manobras

Radicais”, no CCBB São Paulo, em 2006; “Um Século de Arte Brasileira – Coleção

Gilberto Chateaubriand”, no MAM Rio, na Pinacoteca do Estado de S.Paulo e no

Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, ambas em 2006; “Abrigo Poético – Diálogos com

Lígia Clark”, no MAC de Niterói, em 2006; “Arte En América Latina (Coleccion Eduardo

Constantini)”, no MALBA, em Buenos Aires, em 2001; entre outras. Participou, ainda,

do Salão da Bússola (1969), no MAM Rio; Salão de Verão (1969), no MAM Rio; V

Salão de Arte Contemporânea de Campinas (1969), no Museu de Arte

Contemporânea de Campinas; XVIII Salão Nacional de Arte Moderna, no Ministério da

Educação e Cultura- Rio de Janeiro/RJ (1969); II Salão Esso de Artistas Jovens

(1968), no MAM Rio e Representação Brasileira à Bienal de Paris (1969), no MAM Rio.

 

 

 De 09 de setembro a 17 de outubro.

ArtRio no Pier Mauá

Reconhecida como um dos principais eventos de arte no cenário

internacional, pelo quinto ano a ArtRio vai reunir, entre os dias 10 e 13

de setembro, no Píer Mauá, as mais importantes galerias do país e do

mundo, além de trazer para a cidade colecionadores, curadores,

críticos e artistas. Nesta edição, além de galerias brasileiras, estarão

representantes de 11 países – Argentina, Espanha, Estados Unidos,

França, Itália, Japão, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido, Suíça e

Uruguai.

 

A feira está dividida em três programas: PANORAMA (Galerias

nacionais e estrangeiras com atuação estabelecida no mercado de

arte moderna e contemporânea), VISTA (programa dedicado às

galerias jovens, com projeto de curadoria experimental desenvolvido

especialmente para e evento), e o PRISMA (programa curatorial

inédito, assinado por Carolyn H. Drake e Bernardo José de Souza,

com obras de artistas brasileiros e estrangeiros).

 

A ArtRio faz parte do calendário oficial de eventos da cidade do Rio de

Janeiro. Realizada pelos sócios Brenda Valansi, Elisangela Valadares,

Luiz Calainho e Alexandre Accioly, a ArtRio pode ser considerada uma

grande plataforma de arte contemplando, além da feira internacional,

ações diferenciadas e diversificadas com foco em difundir o conceito

de arte no país, solidificar o mercado, estimular e possibilitar o

crescimento de um novo público oferecendo acesso à cultura.

 

“Entre nossos objetivos para este ano está ser a melhor feira para a

realização de negócios, unindo no mesmo ambiente os mais

relevantes players do mercado – galeristas, colecionadores e

curadores, e artistas. Nosso foco está em fomentar o mercado, dando

grande visibilidade para a arte brasileira e também trazendo para o

país os grandes destaques do cenário mundial.”, conta Brenda

Valansi.

 

Pelo quarto ano consecutivo, o Bradesco é o patrocinador máster da

ArtRio, através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura.

A feira de arte tem também patrocínio da Secretaria de Cultura,

através da Lei de Incentivo à Cultura da Cidade do Rio de Janeiro, e

do Rock in Rio, apoio da Heineken, Sky, Minalba, Nescafé Dolce

Gusto e Pirelli, apoio institucional da Klabin, Body Tech e Estácio e

apoio cultural da H. Stern.

Releituras


Chama-se “Releituras da Natureza-morta” a próxima exposição a ser

inaugurada na Carbono Galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP. Com

curadoria de Ligia Canongia, a mostra reúne obras de treze artistas

nacionais e internacionais, que refletem suas percepções quanto às visões

contemporâneas da Natureza-morta.

 

A coletiva apresenta trabalhos dos artistas Alex Yudzon, Angelo Venosa,

Bruno Dunley, Carlito Carvalhosa, Gabriela Machado, Iran do Espírito

Santo, José Damasceno, Laura Lima, Livia Marin, Maria Nepomuceno, Vera

Chaves Barcellos, Vik Muniz e Waltercio Caldas.

 

A natureza-morta é estudada e representada ao longo da história da arte

e em “Releituras da natureza-morta”, o gênero será representado por um

“um conceito expandido, uma reinterpretação”.

 

 

De 29 de agosto a 31 de outubro.

Celina Portella na Galeria Inox

Celina Portella abre a exposição “Puxa”, apresentando trabalhos inéditos na Galeria Inox, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. A artista carioca, que também estará com suas obras expostas na Art Rio, no stand da Galeria Inox, mostra instalações fotográficas, onde aparece em situações de tensão com cordas que se prolongam para fora do quadro. Criando sistemas de peso e contra-peso entre seu corpo na foto e objetos reais no espaço, ela joga com as proporções e cria uma ilusão de que os tamanhos são diferentes do que realmente são. “Trata-se de um ensaio para futuras esculturas”, afirma.

 

 

Sobre a artista

 

Celina Portella investiga questões sobre a representação do corpo a partir do vídeo e fotografia. Recentemente foi contemplada com o I Programa de Fomento a Cultura Carioca, com a Bolsa de Apoio a Criação da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro e indicada para o prêmio Pipa 2013. Ultimamente participou das residências Récollets em Paris na França, LABMIS, no Museu da imagem e do Som, em São Paulo, na Galeria Kiosko em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia e no Núcleo de Arte e Tecnologia da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Foi contemplada no II Concurso de Videoarte  da  Fundaj  em  Recife.  Participou  da  III  Mostra  Do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, da Mostra SESC de Artes, em São Paulo, entre outras exposições. Estudou design na Puc-RJ e se formou em artes plásticas na Université Paris VIII em 2001.

 

 

 

A partir de 12 de setembro.

Galeria Ipanema : 50 anos

27/ago

A Galeria de Arte Ipanema, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, comemora 50 anos de atividades, e irá

celebrar a data com as exposições “50 anos de arte: Parte I” e “50 anos de arte: Parte II”. Para

a exposição “50 anos de arte: Parte I”, a galeria irá homenagear os artistas Tomie Ohtake e

Hélio Oiticica, com uma seleção de dez obras de cada um, feitas nas décadas de 1950 e 1960,

pertencentes a acervos particulares e ao Projeto Hélio Oiticica. Os dois artistas, de grande

importância na história da arte brasileira, integraram exposições ao longo da trajetória da

Galeria.

O estande da Galeria Ipanemana ArtRio também comemorará os 50 anos de atividade,e  terá

trabalhos do venezuelano Carlos Cruz-Diez, um dos grandes nomes da arte cinética, artista

representado pela Galeria, além de obras de Jesús Rafael Soto, Victor Vasarely, Sérgio

Camargo, Lygia Pape, Maria Leontina, Milton Dacosta, Portinari,  José Panceti e Tomie Ohtake.

 

 

A fundação da galeria Ipanema

 

Fundada por Luiz Sève, a mais longeva galeria brasileira iniciou sua bem-sucedida trajetória em

novembro de 1965, em um espaço do Hotel Copacabana Palace, com uma exposição com

obras de Tomie Ohtake e Manabu Mabe, entre outros. Até chegar à casa da Rua Aníbal de

Mendonça, em Ipanema, passou ainda por outros endereços, como o Hotel Leme Palace, no

Leme, e a Rua Farme de Amoedo, já em Ipanema. Paralelamente a sua ação no Rio, manteve

entre 1972 e 1987 um espaço na Rua Oscar Freire, em São Paulo, projetado por Ruy Ohtake. A

Galeria Ipanema foi uma das precursoras a dar visibilidade ao modernismo, e representou por

muitos anos, com uma estreita relação, os artistas Volpi e Di Cavalcanti, e realizou as primeiras

exposições de Paulo Roberto Leal e Raymundo Colares.

 

 

Arte Moderna e Contemporânea

 

Sua história se mistura à da arte moderna e sua passagem para a arte contemporânea, e um

dos mais importantes artistas cinéticos, o venezuelano Cruz-Diez, é representado pela galeria,

que mantém um precioso acervo, fruto de seu conhecimento privilegiado de grandes nomes

como Hélio Oiticica, Ivan Serpa, Lygia Clark, Sérgio Camargo, Jesús Soto, Mira Schendel,

Guignard, Pancetti, Portinari, Di Cavalcanti, Cícero Dias, Iberê Camargo, Tomie Ohtake, Lygia

Pape, Amelia Toledo, Milton Dacosta, Maria Leontina, Dionísio del Santo, Antônio Bandeira,

Heitor dos Prazeres, Vasarely, Rubens Gerchmann, Nelson Leirner, Waltercio Caldas, Franz

Weissmann, Ângelo de Aquino, Geraldo de Barros,  Heitor dos Prazeres, Joaquim Tenreiro e

Frans Krajcberg. Dos artistas trabalhados pela galeria, apenas Portinari e Guignard já haviam

falecido antes de sua inauguração.

 

 

A palavra do fundador: Fonte de prazer

 

Nascido em uma família amante da arte, Luiz Sève aos 24 anos, cursando o último ano de

engenharia na PUC, decidiu em 1965 se associar à tia Maria Luiza (Marilu) de Paula Ribeiro na

criação de uma galeria de arte. Outro tio, o pneumologista Aloysio de Paula (1907-1990),

médico de Guignard, havia sido diretor do MAM, no final da década de 1950. Com a ajuda de

Luiz Eduardo Guinle e de sua mãe, dona Mariazinha, a Galeria de Arte Ipanema instalou-se em

1965 em um dos salões do Hotel Copacabana Palace, passando depois para o térreo, na

Avenida Atlântica, onde permaneceu até 1973. Ainda jovem, passou a trabalhar no mercado

financeiro, mas é na galeria que encontra sua “fonte de prazer”. Uma característica de sua

atuação no espaço de arte é “jamais ter discriminado ou julgado ninguém pela aparência”. São

várias as histórias de pessoas que pedem para entrar e apreciar o acervo, e estão vestidos de

maneira simples ou até desleixadas, e acabam “comprando muita coisa”. “Há o componente

sorte também”, ele ressalta, dizendo que já teve acesso a obras preciosas por puro acaso.

Dentre seus clientes, passaram pela galeria também figuras poderosas como o banqueiro e

mecenas da arte David Rockefeller, e Robert McNamara, secretário de defesa do governo

Kennedy.

 

Atualmente Luiz Sève dirige a galeria ao lado de sua filha Luciana, no número 173 da Rua

Aníbal de Mendonça, até finalizar a construção do espaço que tem projeto arquitetônico

assinado por Miguel Pinto Guimarães, previsto para 2016, no endereço original que ocupou

desde 1972, na quadra da praia da mesma rua.

 

Abertura: 02 de setembro, às 19h

Exposição: 03 de setembro a 17 de outubro.

Na ArtRio

 

 

De 09 a 13 de setembro.