Exposição de Arthur Luiz Piza

16/dez

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, recebe a exposição “A Gravura de Arthur Luiz Piza”, um importante panorama da obra gráfica de um dos principais artistas contemporâneos brasileiros. A mostra, que acontece na Estação Pinacoteca, Largo Gal. Osório, São Paulo, SP, apresenta pela primeira vez um conjunto de gravuras editadas pelo artista paulistano e doadas à Pinacoteca. A curadoria é de Carlos Martins.

 

Ao todo são 137 obras que mostram o percurso que Arthur Luiz Piza imprimiu à sua produção desde as suas experimentações realizadas em 1952, quando começou. Na primeira sala os visitantes encontram trabalhos que exploram o uso da água forte, da água tinta e a ação dos ácidos sobre a matriz de cobre, que trazem ainda figuração e algumas referências do surrealismo. Obras do período que Piza combinava linhas e formas abstratas também podem ser vistas neste espaço.

 

Na sequência, Piza redefine a sua produção e, na segunda sala, estão as peças deste período, que passam a contemplar formas geométricas reconhecíveis, fruto dos estímulos que os novos rumos da arte proporcionavam. “Aqui as imagens crescem em escala, muitas vezes ocupando toda a superfície do papel. A utilização de cores intensas  de texturas em relevo, minuciosamente gravadas, confere a gravura de Piza um vocabulário próprio e inconfundível, indicando também ao artista possibilidades para o seu trabalho de colagens, pintura, entalhe e escultura. O relevo vai marcar definitivamente o corpus de sua produção”, explica o curador Carlos Martins.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido na cidade de São Paulo em 1928, Arthur Luiz Piza iniciou sua formação artística em 1943 com Antonio Gomide. Após participar da I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Piza se mudou para Paris e frequentou o ateliê de Johnny Friedlaender, com quem aprendeu as técnicas de gravura em metal. Dedicou-se depois à aquarela e à colagem. Realizou mostras individuais no Brasil e em vários outros países como Japão, Equador, França, Alemanha, Suíça, Suécia, Iugoslávia, Itália, Espanha, Dinamarca e Estados Unidos.

 

 

Até 14 de fevereiro de 2016.

Damien Hirst em Ipanema

A Mais Um Galeria de Arte, Ipanema, Rio de Janeiro, inaugurou com com a exposição “Damien Hirst”, reunindo dezenove trabalhos do artista inglês Damien Hirst, um dos nomes icônicos da atualidade. Encontram-se nesta mostra trabalhos em papel, em tiragem limitada, das séries dedicadas a medicamentos, que trazem seus famosos pontos coloridos e o armário com pílulas, e ainda as que têm como tema borboletas, tanto em fundo preto, branco, ou formando imagens caleidoscópicas.

 

Também consta nessa exibição o cobiçado trabalho do trabalho do artista denominado “For the Love of God”, em impressão lenticular sobre plástico, que propicia um efeito holográfico. Há serigrafias e gravuras em metal, algumas em água forte (baixo relevo),
com aplicações manuais de verniz e poeira de diamantes. As obras foram editadas pela prestigiosa Other Criteria, de Londres, parceira no Brasil da Mais Um Galeria de Arte. A exposição tem consultoria curatorial de Fernando Cocchiarale.

 

A Mais Um Galeria de Arte terá como característica principal oferecer obras múltiplas em vários suportes – gravuras, fotografias, vídeos e esculturas – em associação com importantes editoras brasileiras e estrangeiras.

 

A colecionadora Maria Cassia Bomeny decidiu expandir sua paixão pela arte para um espaço aberto ao público. “Após um ano de desenvolvimento do projeto da galeria, decidi por uma casa preservada e megassimpática na Rua Garcia D’Ávila, Ipanema. Vamos apresentar artistas brasileiros e estrangeiros através de trabalhos múltiplos com uma curadoria criteriosa, visando à qualidade da formação da coleção para nossos clientes”, explica.

 

 

Importância da obra múltipla

 

Fernando Cocchiarale ressalta que “múltiplo não é réplica”. “Não pode ser reduzido a mera reprodução, já que ao diferir da obra única – graças a possibilidades poéticas fundadas na reprodutibilidade – amplia o campo de invenção e criação do artista para além da produção de “originais”. O múltiplo não é simplesmente a edição baseada em uma obra única. Tem suas questões próprias. Faz parte de seu conceito ser multiplicado. É uma modalidade de produção”, explica. “Há que ressalvar escultores que querem trabalhar com diferentes escalas, produzindo múltiplos especiais”. “Se olharmos para a história da arte há várias obras múltiplas que se tornam ícones, como por exemplo “Seja marginal seja herói” (1968) e “Mangue Bangue” (1971), de Hélio Oiticica, vários trabalhos de Lygia Pape, Nelson Leirner, Anna Bella Geiger, Andy Warhol,  e do próprio Damien Hirst”. Ele acrescenta que “o múltiplo permite acesso à compra de determinadas obras de arte que de outra forma as pessoas não teriam, criando possibilidades de se organizar coleções com critério, e o colecionismo transforma o conjunto como algo maior do que simplesmente a soma das partes”.

 

 

Vídeoarte na vitrine

 

A vitrine da Mais Um Galeria de Arte terá uma permanente exibição de vídeoarte, que começará com Antonio Dias, em janeiro, e seguirá com uma programação dedicada a artistas mulheres, com seleção de Fernando Cocchiarale.  Maria Cassia Bomeny destaca que  “esta é uma forma de interagir com quem passa pela rua, e também uma bela maneira de aproximar o público”.

 

 

Programação para 2016

 

Dentre as exposições agendadas para o próximo ano, estão a de Antonio Dias, Roberto Magalhães, Richard Serra e Alberto Burri – que é tema de uma grande exposição no Guggenheim de Nova York, aberta em outubro e que segue até 6 de
janeiro.

 

 

 

Sobre Damien Hirst

 

Damien Hirst nasceu em Bristol, Inglaterra, em 1965. Ele chamou a atenção do público em 1988 quando concebeu e fez a curadoria de “Freeze”, uma exibição de seu trabalho e de seus contemporâneos no Goldsmiths College, em um armazém desativado em Londres. Desde então se tornou internacionalmente um dos mais reconhecidos e influentes artistas de sua geração.

 

 

Até 16 de janeiro de 2016.

Obra e livro de Paulo Pasta

15/dez

A Galeria Millan, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta até 19 de dezembro, a nova exposição individual de Paulo Pasta “Há um fora dentro da gente e fora da gente um dentro”, verso do poeta Francisco Alvim. A mostra marca a inauguração do novo espaço da Galeria: o Anexo Millan e a exposição ocupará simultaneamente os dois endereços da Millan na cidade.

 

No espaço tradicional da galeria serão expostas telas abstratas, marcadas por uma intensa e ambígua atmosfera cromática e refinada estrutura geométrica, que são responsáveis por seu inquestionável protagonismo na pintura contemporânea brasileira. Mas junto delas será possível ver uma das paisagens produzidas recentemente pelo artista tomando como ponto de partida o entorno de sua cidade natal, Ariranha.

 

No Anexo Millan, situado a poucos metros de distância da galeria, o mesmo processo de fricção estará presente no bloco expositivo. Dedicado às paisagens, o novo espaço abrigará ainda uma enorme pintura feita na parede. Na abertura, foi lançado livro “Fábula da Paisagem”, com 28 paisagens do artista.

Vasco Prado no Santander Cultural

A exposição “A Escultura em Traço”, Santander Cultural, Centro, Porto Alegre, RS, apresenta um viés específico de um dos artistas pioneiros da escultura  realizada no Rio Grande do Sul, Vasco Prado, um dos nomes mais celebrados da representação escultórica moderna no Brasil. Criador e incentivador da formação de  diversos artistas, foi um dos artistas mais combativos de sua geração (ao lado de Iberê Camargo e Xico Stockinger). Sua obra foi festejada em vida e obteve registros em livros e catálogos categorizados. A curadoria é de Paulo Amaral, atual diretor do principal museu gaúcho, o MARGS. O mote da exibição é o percurso do artista a partir de sua produção em desenho realizada desde os anos 1950.

 

De acordo com o jornalista Francisco Dalcol, do jornal Zero Hora, “….A Escultura em Traço reúne mais de 90 trabalhos produzidos a partir dos anos 1950, oferecendo uma visão do percurso do artista. Há desde estudos para esculturas e obras públicas (Vasco é autor, por exemplo, do mural Revolução Farroupilha na Assembleia Legislativa) até desenhos realizados como obras autônomas. Hábil artesão, Vasco esculpiu em bronze, pedra, madeira e terracota, mas também trabalhou com desenvoltura em desenho, xilogravura e gravura em metal. Em toda a sua produção, manteve o interesse por referências desde a arte rupestre até os grandes mestres modernos, como as superfícies vazadas do inglês Henry Moore, as anatomias sensuais do francês Aristide Maillol, as formas arredondadas do romeno Constantin Brancusi e do alemão Jean Arp e os cavalos e cavaleiros do italiano Marino Marini. Conferindo um aspecto ancestral e arcaico a sua produção, Vasco fez dos cavalos, dos cavaleiros, das lendas gaúchas, dos nus femininos e dos casais enamorados seus temas e suas figuras centrais. E, ao colocar em diálogo a cultural regional e a tradição da arte ocidental, tornou-se um intérprete da alma gaúcha com sotaque universal. Nos trabalhos agora reunidos no Santander Cultural, é possível notar o quanto o desenho está implicado em sua escultura – e vice-versa. Em alguns, percebe-se o gosto pela linha e pela simplificação das formas. Em outros, ao contrário, destaca-se a sugestão de volume na construção das figuras, obtido pela habilidade nos jogos de sombra e luminosidade. É como se esses desenhos fossem eles próprios uma espécie de escultura”.

 

 

A palavra do curador

 

“– Em Vasco, o desenho é a alma de sua escultura”.

 
“– Mostrar os desenhos não é uma leitura inédita, mas oferece um modo diferente de vermos a produção de Vasco, que tinha a escultura como ofício”.

 

 

Até 28 de fevereiro de 2016.

 

Em tempo: Registre-se que o centenário do artista foi celebrado – em 2014 – através de uma exposição panorâmica realizada em Porto Alegre, no Guion Arte com curadoria do diretor do espaço, Carlos Schmidt.

César Meneghetti no MAXXI

11/dez

O artista visual brasileiro César Meneghetti expõe “IO_ IO È UN ALTRO”, no MAXXI – Museo Nazionale Delle Arti Del XXI Secolo, em Roma, Itália, com curadoria de Simonetta Lux. A mostra é composta por 55 vídeos, 2 fotografias e uma áudio-instalação, nos quais o artista coloca em destaque pessoas com deficiências mental, física e psíquica, propondo a desconstrução de padrões de realidade e a criação de novas rotas, que deixam de lado preconceitos sociais e certezas existenciais, no intuito de oferecer ao público a oportunidade de mudar seu olhar além dos estereótipos e julgamentos.

 

 

Ao longo de 5 anos de pesquisas, iniciadas em 2010, César Meneghetti reuniu mais de 200 pessoas com tipos variados de deficiências, através de uma ação multidisciplinar promovida pelos Laboratórios de Arte da Comunidade de Sant’Egidio (periferia de Roma), motivado pela ideia de fragilidade da fronteira da normalidade, num contexto amplo. Os resultados da pesquisa, dos estudos, workshops e atividades criativas deste projeto culminaram no lançamento do livro “IO_ IO È UN ALTRO”, e na presente mostra individual, a primeira de um artista brasileiro no MAXXI.

 

 

“IO” ou “1” – do código binário da informática – é o paradoxo desta fronteira da normalidade, onde uns são 1 e outros 0, mas ambos importantes para a construção de linguagem, de vida, positivo/negativo e todas as leis eletromagnéticas que regulam o planeta. O subtítulo “io è un altro” (“eu é um outro”) contém o conceito de Arthur Rimbaud, “Je est un autre”, que aparece em duas cartas de 1871. Com essas referências, “IO_ IO È UN ALTRO” desconstrói a realidade, criando um outro cenário, e pondo de lado todos os preconceitos aceitos a priori como condição para definir a existência de um indivíduo. “Homens e mulheres, negros e brancos, ricos e pobres, pessoas com deficiência, sem-teto, hetero ou homossexuais, oprimidos de todos os tipos, nesta incompletude é que buscamos dar uma resposta a várias questões e desafios, através da construção de nossa – embora limitada – consciência”, comenta Meneghetti.

 

 

Das 20 peças que perfazem o projeto como todo, 5 foram selecionadas para a exposição no MAXXI. Citando algumas dessas obras, “IO_OPERA #01 VIDEOCABINA #3″ descreve artistas com deficiência em uma espécie de diálogo simétrico, que também envolve o espectador, abordando temas universais como amor, solidão, felicidade, a morte, a normalidade e a diversidade. Em “IO_OPERA #03 EX-SISTENTIA”, César Meneghetti torna visível a consciência de Gabriele Tagliaferro – artista que sofre de uma grave forma de autismo –, revelando como ele vive a distância entre seu corpo e seu plano de ação, ou comunicação, como percebe o espaço a seu redor, como vive seu pensamento. Ainda, “IO_OPERA #08 PASSAGGI-PAESAGGI” é composta por 4 monitores, nos quais são projetadas imagens de pessoas que andam com olhos fechados, em uma metáfora da nossa efêmera existência na Terra. A mostra também inclui o espaço “I/O_OPERA #19 REPERTI / ACHADOS” (SALA DOC), contendo rastros dos 5 anos da pesquisa de Meneghetti, colocados em exposição para o público fazer suas próprias buscas.

 

 

Com este trabalho, César Meneghetti – sempre interessado em fronteiras geográficas, políticas, linguísticas e mentais -, pretende contribuir com o fim do preconceito, mostrando que pessoas com deficiência revelam uma incrível capacidade de imaginar, perceber, pensar, retratar a realidade, e uma faculdade de análise insuspeita. Para tanto, o artista utiliza o potencial transformador da arte, objetivando a mudança de percepção da realidade e de nós mesmos, com a proposta de oferecer oportunidade para compartilhar experiências. Em suas próprias palavras: “Viver é conviver. Somos seres incompletos e inacabados porque um não existe sem o outro. Nós somos incompletos porque não podemos existir sem os relacionamentos, sem aquele com quem interagimos, mas acima de tudo porque somos um fluxo em constante mutação: nós seres humanos, nós vida”.

 

 

 

 

 

 Até 17 de janeiro de 2016.

Sete individuais no Paço Imperial

10/dez

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura seu maior bloco de exposições da gestão da diretora Claudia Saldanha, com individuais de sete artistas contemporâneos: José Bechara, Célia Euvaldo, Renata Tassinari, David Cury, Cristina Salgado, Bruno Miguel e Amalia Giacomini. Junto com seu conselho curatorial, composto por Carlos Vergara, Luiz Aquila e Marcelo Campos, a diretora do Paço formou essa programação contemplando expressões diversas, como pintura, escultura, desenho e instalação.

 

 

 

 

Sobre cada uma das mostras:

 

 

 

José Bechara  | Jaguares

 

O carioca José Bechara ocupa a sala do térreo do Paço com sete pinturas em três dimensões. Intitulada “Jaguares”, a exposição de trabalhos inéditos e recentes, em grandes formatos, resulta da pesquisa de dois anos do artista sobre limites da pintura. Ele usa materiais como vidro, papel glassine, mármore, lâmpada e cabos de aço. O artista chama de “pintura” trabalhos em três dimensões, em que vidros funcionam como planos. Ele acha que o visitante pode se perguntar se está mesmo diante de uma pintura, mas adverte que “diferentemente da escultura, o espectador não circunda o trabalho. Ao final das contas é uma investigação sobre este limite, imposto pela parede que está no fundo, da qual eu também tiro proveito, trazendo-a para o trabalho, por conta da transparência do vidro. Você imagina que uma pintura seja uma operação bidimensional. A minha pintura vem de uma produção tridimensional”, explica Bechara. Nesta individual, ele, que produz no ateliê  simultaneamente pinturas e esculturas, pretende confrontar e colidir essas duas experiências. Junto com as pinturas tridimensionais estará “Miss Lu Silver Super-Super” (2013), da série “Esculturas gráficas”, de 2009,  incluída aqui por trazer questões também relativas à gravidade semelhantes às das obras com planos de vidro.

 

“Jaguares” tem texto crítico de Luiz Camillo Osorio.

 

 

Sobre o artista

 

José Bechara nasceu no Rio de Janeiro em 1957, onde vive e trabalha. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, RJ. Integrou exposições, como a Bienal Internacional de São Paulo de 2002; Panorama da Arte Brasileira de 2005, no MAM-SP; 5ª Bienal Internacional do Mercosul (2005); Trienal de Arquitetura de Lisboa (2011);  “Caminhos do Contemporâneo” (2002) e “Os anos 90” (1999), ambas no Paço Imperial. Realizou exposições individuais e coletivas em instituições como Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2014); Instituto Tomie Ohtake SP, Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto); ASU Art Museum (Phoenix, EUA); Culturgest (Lisboa), MAM Rio, Museu de Arte Contemporaneo Espanhol-Patio Herreriano (Valladolid, Espanha) e Ludwig Museum de Koblenz (Alemanha). José Bechara tem obras em coleções públicas e privadas, como a Coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Centre Pompidou, Paris; Es Baluard Museu d’Art Modern i Contemporani de Palma (Palma de Mallorca, Espanha); Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto, SP); Coleção João Sattamini/ MAC Niterói; Instituto Itaú Cultural (SP); MAM Bahia; MAC Paraná; Culturgest (Lisboa); ASU Art Museum (Phoenix, EUA); MoLLA (Califórnia, EUA); Ella Fontanal Cisneros (Miami, EUA); MARCO de Vigo (Espanha) e Basilea Stiftung (Basel, Suíça).

 

 

 

 

Célia Euvaldo | Curadora Vanda Klabin

 

 

A paulistana Célia Euvaldo apresenta conjuntos de cinco colagens e de cinco pinturas, datados de 2013 a 2015. A partir de sua experiência recente sobre a massa e o peso da tinta, a artista usa nas Colagens (170 x 100cm) material de consistências diferentes: um papel branco chinês, leve,  recebe uma folha de papel preto mais pesado, deformando o papel branco pelo efeito do peso e da cola e, ao longo do tempo, pela ação do clima. As Pinturas em óleo sobre tela (100 x 260cm e 123 x 200cm), a artista descreve que “elas lembram que saíram do desenho: pinceladas–linhas horizontais (quando a tinta é aplicada) e espatuladas–linhas verticais (quando a tinta é arrastada) preenchem o campo inteiro, deixando seu rasto de linhas.” Diferentemente de obras anteriores, em que parte da tela não era pintada, a superfície dos trabalhos recentes é toda recoberta com tinta preta. As pinturas, diz Celia, se estendem para dentro como buracos negros, e também se modificam como as colagens, não fisicamente, mas com a incidência de luz e o ângulo do olhar do espectador.

 

 

 

Sobre a artista

 

Célia Euvaldo mora e trabalha em São Paulo. Começou a expor na década de 1980. Suas primeiras individuais foram na Galeria Macunaíma (Funarte, RJ, 1988), no Museu de Arte Contemporânea da USP (1989) e no Centro Cultural São Paulo (1989). Ainda em 1989,  ganhou o I Prêmio no Salão Nacional de Artes Plásticas da Funarte. Participou da 7ª Bienal Internacional de Pintura de Cuenca, Equador (2001) e da 5ª Bienal do Mercosul (2005). Realizou individuais, entre outros, no Paço Imperial (RJ, 1995 e 1999), na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2006), no Centro Cultural Maria Antonia (SP, 2010), no Museu de Gravura da Cidade de Curitiba (2011) e no Instituto Tomie Ohtake (SP, 2013).

 

 

 

 

Renata Tassinari Curadora Vanda Klabin

 

 

A paulistana Renata Tassinari mostra 16 trabalhos, entre pinturas de grandes dimensões sobre acrílico e desenhos em óleo sobre papel japonês, inéditos no Rio de Janeiro, celebrando 30 anos de carreira. A curadoria de Vanda Klabin fez um recorte da última década de produção da artista para a exposição do Paço Imperial. Tassinari pinta sobre superfícies de acrílico e, ao mesmo tempo, deixa a moldura de certas seções da obra cobrir apenas uma parte da superfície planar. Seus trabalhos se desdobram em séries, usando quadrados e retângulos  como elementos compositivos, altermando as cores e o acrílico do suporte, transparência e opacidade, rugosidade e lisura. A cor é sua matéria-prima. Sobre a artista, Vanda Klabin diz: “Renata Tassinari desafia e transforma os limites do plano pictórico, pela apropriação e pelos deslocamentos de materiais industriais na superfície da tela, que passa a não atender mais os conceitos tradicionais do fazer artístico”.

 

 

Sobre a artista

 

Renata Tassinari é formada em Artes Plásticas pela Faap São Paulo (1980). Estudou desenho e pintura nos ateliês dos artistas Carlos Alberto Fajardo e Dudi Maia Rosa. Já expôs em importantes instituições brasileiras, como o MAM Rio e o MAM-SP. No início de 2015, a artista ganhou retrospectiva no Instituto Tomie Ohtake, SP.

 

 

 

 

David Cury | A vida é a soma errada das verdades

 

David Cury, artista piauiense, radicado no Rio de Janeiro, descreve conceitualmente sua instalação inédita, que ocupa três espaços do Paço Imperial, como uma “paisagem cívica negativa”. O eixo do trabalho são 15 textos irônicos sobre três formas de violência incorporadas ao nosso cotidiano: a social (“Aos que matam por hábito jamais os pardos foram tão alvos”), a política (“A ianque Dorothy Stang não voltou para casa”) e a moral (“Aqui o mal ao menos de impostura prescinde”). Seja de senso metafórico, filosófico ou lírico, cada uma delas quer ser um aforismo. Aqui a palavra quer valer por uma imagem, em confronto com uma imagem vale por mil palavras. As sentenças estão sulcadas em lajes de concreto e ferro, em meio a escombros residuais, distribuídas nas três salas, começando pela violência moral, seguida da violência social e da violência política. A ordenação da sequência da instalação segue o critério dos diferentes graus de violência: a moral é a primeira porque o artista a considera um estímulo à social e à política.

 

 

 

Sobre o artista

 

David Cury (Teresina, 1964) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Ele atua em suportes diversos. Desde “Para a inclusão social do Crime (Funarte, RJ, 2003), “Há vagas de coveiro para trabalhadores sem-terra” (Carreau du Temple, Paris, 2005), “Paradeiro” (Estação da Leopoldina, RJ, 2006) e “Hydrahera” (Morro da Conceição, RJ, 2008), suas intervenções articulam caráter de situação, iminência e ambição formal. Em 2009, ocupou o Espaço Monumental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro com “Eis o tapete vermelho que estendeu o Eldorado aos carajás” – entre outras abstrações (de escala pública) acerca dos conflitos fundiários mais emblemáticos da história brasileira. Em 2010, participou da 29ª Bienal Internacional de São Paulo com a instalação “Antônio Conselheiro não seguiu o conselho”. Realizou “Corumbiara não é Columbine” (Musée Bozar, Bruxelas, 2011), “É com o sexo que os homens se deitam, pedindo como anões o seu ascenso” (Somerset House, Londres, 2012) e “Rasa é a cova dos vivos” (Museu de Arte Contemporânea, Fortaleza, 2013).

 

 

 

Cristina Salgado No Interior do Tempo | Curador Marcelo Campos

 

 

A carioca Cristina Salgado apresenta uma instalação composta pela série “Poemas visuais interiores” (2015) – cerca de vinte desenhos em guache e impressão sobre papel de algodão, partindo de ilustrações apropriadas de um livro de anatomia seccional humana. Esses poemas visuais estão instalados sobre duas longas paredes laterais da sala. Ao fundo, há uma grande projeção de imagem em movimento, a mesma que está em um pequeno monitor, pousado no interior de um armário vertical de ferro e vidro situado no centro do espaço; cinco esculturas em ferro fundido da série”Humanoinumano” (1995) e elementos diversos de mobiliário industrial obsoleto se relacionam nessa região do espaço expositivo. Sua aposta é que “a instalação “No interior do tempo”, na forma como traz a presença do corpo, às vezes por sua ausência ou em situações que explicitam interioridade/exterioridade, possa tornar visível uma atmosfera diversa daquela onde impera a temporalidade lógica produtiva oficial.”

 

 

Sobre a artista

 

Cristina Salgado (RJ, 1957) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage/RJ, entre 1977 e 1978. Doutora em Artes Visuais (EBA/UFRJ) e professora adjunta no Instituto de Artes da UERJ, desde 1997. Suas exposições individuais mais recentes são “A mãe contempla o mar”, Galeria Marsiaj Tempo, 2014; “Ver para olhar”, Paço Imperial, 2012,  e “Vista”, Casa França-Brasil, 2010. Entre as coletivas estão “Situações Brasília 2014 – Prêmio de Arte Contemporânea”, Prêmio de aquisição, Museu Nacional do Conjunto Cultural da República-Brasília; “O corpo na arte contemporânea brasileira”, Itaú Cultural, SP, 2005; “Como Vai Você, Geração 80?”, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, RJ, 1984.

 

 

 

Bruno Miguel | Essas pessoas na sala de jantaCurador Bernardo Mosqueira

 

 

O carioca Bruno Miguel apresenta duas instalações inéditas: “Essas pessoas na sala de jantar” e “Cristaleira”. “Essas pessoas…” é formada por 400 composições distintas com peças de porcelana de vários países, espuma de poliuretano, papel maché, pequenas árvores esculpidas pelo artista e tinta de cores vibrantes. O poliuretano vaza ora do bico do bule, ora do interior de uma xícara, criando formas abstratas que servem de amálgama para os elementos da composição. Os ítens são agrupados no chão, com intervalos que permitem o trânsito do visitante entre eles. Durante a temporada da exposição, os objetos serão rearranjados no espaço, criando diferentes percursos pela sala. Em uma sala vizinha, estará “Cristaleira” composta por 150 esculturas, também únicas, sobre uma prateleira de vidro que percorre as paredes do espaço expositivo. Essas são objetos utilitários de vidro e cristal, preenchidos com resina de poliéster colorida com spray, que formam esculturas por encaixe, empilhamento ou justaposição. Em algumas esculturas, o artista retira o vidro que serviu de molde e usa a forma de resina na obra. “A pesquisa de Bruno Miguel, que além de artista tem atuação como professor de pintura, aponta bastante para os elementos característicos dessa técnica e de sua história. Se há anos Bruno vem investigando o gênero pictórico da paisagem, agora ele o relaciona também com a natureza morta”, identifica o curador Bernardo Mosqueira.

 

 

 

Sobre o artista

 

Bruno Miguel (RJ, 1981) vive e trabalha no Rio de Janeiro. É formado em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Fez diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2007, realizou sua primeira individual, no RJ, recebeu Menção Honrosa Especial na V Bienal Internacional de Arte SIART, em La Paz, Bolívia, e ganhou bolsa da Incubadora Furnas Sociocultural para Talentos Artísticos. Participou das coletivas “Nova Arte Nova”, apresentada no CCBB RJ e SP, em 2008 e 2009; “Latidos Urbanos”, no MAC de Santiago do Chile (2010), “Novas Aquisições – Gilberto Chateaubriand”,  no MAM Rio, em 2012, e “GramáticaUrbana”, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica RJ. Realizou diversas individuais na Luciana Caravello Arte Contemporânea, RJ, e na Emma Thomas, SP. Em Nova York, apresentou a individual “Make Yourself at Home”, na S&J Projects, e esteve nas coletivas “Sign of the Nation” e “Etiquette for a Lucid Dream,” em Newark, Nova Jersey, em 2013.  Em 2014, participou das coletivas “Encontro dos mundos” e “Tatu: Futebol, Adversidade e Cultura da Caatinga”, no MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro. Em 2015, realizou a individual “Sientase em casa”, na Sketch Gallery, Bogotá. É professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage desde 2011.

 

 

 

Amalia Giacomini | Viés Curador Felipe Scovino

 

A paulistana Amalia Giacomini, radicada no Rio de Janeiro,  investiga questões da percepção do espaço, da arquitetura e de suas representações, através de instalações e objetos. Seus trabalhos remetem a elementos abstratos – como linhas, pontos, grades, perspectivas, em que o ar atravessa e faz parte deles. A artista se propõe tornar visível o vazio ao espectador. Nessa individual, ela apresenta sete obras, entre as quais duas instalações inéditas. A primeira, à entrada da sala, é composta por correntes finas na cor grafite, suspensas pelo teto, formando um grande volume – serão utilizados 500 metros de corrente. A obra poderá ser atravessada pelo visitante: ora ele estará dentro, ora por baixo dela. Pela característica do material, leve e flexível, a instalação está sujeita ao toque e à movimentação de ar do ambiente. A outra instalação terá relação direta com a janela da sala. Ela é composta por telas translúcidas, espécies de filtros de luz, criando um diálogo visual entre interior e exterior. Entre os demais trabalhos de parede, está “Dobra”, feito por linhas elásticas, que moldam uma forma curva de vazio entre duas paredes.

 

 

Sobre a artista

 

Formada em Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP), com Mestrado em Linguagens Visuais pela EBA-UFRJ, Amalia Giacomini (SP, 1974) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Instituto Tomie Othake (SP), Itaú Cultural (SP), Museu da Casa Brasileira (SP), Paço Imperial (RJ), Centro Cultural São Paulo, Centro Universitário Maria Antonia da USP, Galerias da FUNARTE (RJ e DF), Centro Cultural Sérgio Porto (RJ), Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba), MAC Niterói (RJ) são algumas instituições brasileiras em que já expôs. No exterior, realizou em 2012 a individual “The invisible apparent”, na Galeria Nacional de Praga, e, em 2009, “Liberér l’horizon reinventér l’espace”, na galeria da Cité des Arts em Paris. Na mesma cidade, participou, em 2005, da Exposição Comemorativa do Ano do Brasil da França, realizada
pela FUNARTE/MinC. Entre 2011 e 2014 foi professora História da Arte no curso de Arquitetura da PUC Rio.

 

 

 

De 17 de dezembro a 28 de fevereiro de 2016.

Wesley Duke Lee e Ricardo Camargo

Em atividade há mais de quatro décadas, o marchand Ricardo Camargo, é um personagem reconhecido no cenário cultural brasileiro, e agora, celebra os 20 anos de sua galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, com a exposição “Wesley Duke Lee” e, em parceria com Patricia Lee, inaugura o Wesley Duke Lee Art Institute, com o happening “A/TEMPORAL”.

 

 

 

 

A exposição

 

A mostra “Wesley Duke Lee”, composta por 35 obras do período entre 1958 a 2003, exibe trabalhos em técnicas variadas como desenho, pintura, gravura, têmpera, colagens e objetos, propiciando um passeio pela produção de Wesley Duke Lee, um dos grandes ícones da vanguarda brasileira. A diversidade de materiais e técnicas utilizadas permitem inúmeros destaques entre as obras selecionadas, desde a têmpera abstrata “Cloaca” de 1964 à sua última tela de 2003.

 

As obras, sutis e ao mesmo tempo impactantes, produzidas no Japão em 1965, oferecem a visão de Wesley Duke Lee aos elementos representativos da cultura local, em óleos com colagens sobre tela, aquarela e nanquim sobre papel japonês. Desenhos da “Série das Ligas”, de 1962, lembrada pela comoção causada após um happening em São Paulo estão presentes, bem como exemplares de “O Triumpho de Maximiliano I”, de 1966/1986, representando com delicadeza, a “procura da alma do mundo”.

 

 

O início da projeção internacional de Wesley Duke Lee se dá após a premiação na Bienal de Tóquio (1965), onde é também selecionado para a Bienal de Veneza (1966), com a primeira obra arte ambiental “Trapézio”. Durante sua permanência em Nova York, recebe um convite do diretor do Museu Guggenheim e é chamado a expor junto aos mestres do Pop-Art – Robert Rauschenberg, Jasper Johns e Oldenburg – na Galeria Leo Castelli. Os trabalhos representativos do período após seu retorno ao Brasil, que causaram grande impacto no circuito local com séries de quadros-esculturas, culminam com os espaços de seus ambientes tornando-se uma das mais originais contribuições à arte contemporânea brasileira, reconhecido por Helio Oiticica como um dos precursores da “nova objetividade”, lembra a historiadora Cláudia Valladão de Mattos.

 

 

Um dos principais destaques da exposição é o objeto/instalação “O/Limpo: Anima”, de 1971, da qual emana uma força da mistura de materiais díspares, contrastando com o espelho no qual o espectador vê a si mesmo.

 

 

“Sou um artesão de ilusões. O que realmente me interessa é a qualidade da ilusão. Se você conseguir atravessar o espelho e tiver a coragem de olhar para trás, você não vai ver nada”, declarou Wesley em uma de suas entrevistas. Com artistas como Nelson Leirner, Geraldo de Barros, Carlos Fajardo e José Resende, foi um dos fundadores do Grupo Rex, que oferecia um contraponto combativo e bem-humorado ao mercado de arte, na década de 1960. Nesse período, foi também responsável pela realização dos primeiros “happenings” da arte brasileira.

 

 

A proposta única da galeria é aproximar do público “evidências de que foi com sofisticada erudição, verve, estilo e impecável desenho que Wesley Duke Lee realizou toda a sua obra”, define o marchand Ricardo Camargo que assina a curadoria.

 

 

 

O Instituto Wesley Duke Lee Art Institute

 

 

Cláudia Valladão de Mattos, em 1997, descreveu a casa/atelier de Wesley Duke Lee como sendo um lugar mágico: “Lá nascem as ideias e para lá volta sua memória. As paredes repletas de recortes, quadros, desenhos, fotos, objetos, que se agrupam e se sobrepõem num conjunto visual vibrante, chamam a atenção pela sua proximidade com a Merz-Bau de Schwitters. Sua casa é o núcleo unificador de sua produção. Um grande “ambiente”, habitado e constantemente transformado pelo artista. Aqui as “séries” encontram o seu ápice e a verdadeira natureza unitária da obra de Wesley torna-se evidente.”

 

 

Em 2013, Ricardo Camargo e Patricia Lee materializaram um dos sonhos máximos do artista: criar um espaço para fomentar cultura em São Paulo, dar oportunidade a novos talentos e abrir caminhos nas artes. Nascia então o Wesley Duke Lee Art Institute. Após um longo trabalho de garimpo e preparação do espaço com todos os pertences do artista, a casa/museu é entregue ao público, paredes revestidas de lembranças e inspiração. Paredes que contam histórias e revelam a personalidade do artista, que dizia: “Minha casa sou eu virado para fora”. Em meio ao que parece uma bagunça de objetos, um sistema de memória usado pelo artista, na verdade, uma organização de relíquias que remontam a vida e as referências de Wesley Duke Lee.

 

 

 

Os objetivos são claros:

 

  • Preservar a obra, a pessoa, a história e toda a informação referente ao artista, atentando para que tudo seja verificado e organizado corretamente;
  • Fazer circular conteúdo cultural e informativo;
  • Provocar o pensamento artístico e criativo, reinventar a didática à maneira de Wesley Duke Lee e estimular o autoconhecimento.

 

Estão reunidos na casa/museu, textos diversos, cartas, fotografias, filmes, diários, desenhos, fichas de catalogação de obras, livros, objetos e toda sorte de memorabilia do artista. Grande parte do arquivo já está à disposição de estudantes e pesquisadores. O espaço é totalmente dedicado ao Instituto e está aberto para estudantes, pesquisadores e público. “Estou certa de que todo esse trabalho vai, assim, difundir a obra de Wesley e colaborar no reconhecimento e preservação do valioso acervo que o artista nos deixou, confirmando-o na posição merecida de um dos mais importantes de sua geração, líder de vários movimentos e acontecimentos que marcaram e transformaram a arte do século XX no Brasil. Fique tranquilo, Mestre Wesley, sua obra permanece viva e consistente, e o tempo corre a seu favor”, declara Cacilda Teixeira da Costa.

 

 

 

A composição dos membros

 

Diretor Administrativo/Ricardo Camargo; Diretora Cultural/Patrícia Lee; Coordenador de Marketing/Rodrigo Avelar; Analista de Marketing/Julio Jovanolli; Conselho Consultivo/Augusto Lívio Malzoni, Bruno Musatti, Cacilda Teixeira da Costa, Carlos Fajardo, Fabio Cascione, Fernando Stickel, James Lisboa, Jeanete Musatti, José Resende, Kim Esteve, Luisa Strina, Lydia Chamis, Marcelo Cintra, Max Perlingeiro, Olivier Perroy, Paulo Kuczynski, Ralph Camargo, Regina Boni, Roberto Profili, Telmo Porto e Thomaz Souto Correa.

 

 

De 12 de dezembro a 30 de janeiro de 2016.

Ateliê da Tia Lúcia

07/dez

O Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), Gamboa, Rio de Janeiro, RJ,  e Quimera Empreendimentos Culturais, convidam para a abertura da exposição “Ateliê da Tia Lúcia”. A curadoria é de Marco Antônio Teobaldo.

 

 

A palavra do curador

 

O local de trabalho de um artista é composto pelos elementos físicos que darão forma ao seu pensamento, apresentando-se como um conjunto de suas opções que possibilitam a sua criação. No caso de Tia Lúcia, seu ateliê na Vila Olímpica é uma verdadeira instalação, com suas tintas e pincéis, e toda sorte de materiais que ela adquire ou encontra pelo caminho.Colecionados sem qualquer ordem formal, pedaços de bonecas e brinquedos quebrados misturam-se aos ícones religiosos, retalhos, papéis, botões, contas, pedras, objetos de decoração e outros elementos que lhe ofereçam a oportunidade de compor algum trabalho.

 

Neste cenário, a artista exibe algumas de suas obras prontas e outras, em processo de acabamento. Mas é com suas fábulas que este universo onírico se revela em toda sua potência. O desejo de criar é atribuído por ela aos seus sonhos e visões, que são transcritos em desenhos, pinturas e assemblages.

 

Como um story board de roteiro de filme, a artista desenvolveu um estilo de pintura em bobinas de papel para máquinas de calcular, no qual personagens e paisagens surgem enquadrados, catalogados em ordem numérica por meio de inscrições de legendas individuais.

 

O Instituto Pretos Novos anuncia para a noite de abertura um samba com os Velhos Malandros.

 

 

De 12 de dezembro a 28 de fevereiro.

Individual de Carla Chaim

O projeto “Presença” foi desenvolvido como um site specific para o espaço da Casa Nova, Jardim Paulista, São Paulo, SP, com curadoria e texto crítico de Gabriel Bogossian e em parceria com a Galeria Raquel Arnaud. Nele, um conjunto esculturas, fotografias e um vídeo ocupam os espaços do térreo, em um diálogo com a arquitetura do lugar.

 

Cada escultura reproduz um elemento chave da arquitetura: o piso e a coluna, da varanda de entrada, e o tampo da lareira na sala. Deslocadas no espaço como negativos dos elementos reais, elas exploram esses fragmentos arquitetônicos despidos de suas funções decorativas ou estruturais.

 

As fotos e o vídeo, por seu lado, também exploram fragmentos da Casa. Neles, contudo, trata-se de intervir com o corpo sobre os espaços vagos e os intervalos, que têm assim seu significado visual e espacial alterado. Desse modo, escultura e corpo se equivalem no gesto de explorar as brechas nos limites impostos pela arquitetura.

 

Enquanto modos de abordar o espaço, as obras apontam para novas formas de relação com ele, alterando percepções de tempo, escala, volume, superfície e cor. Em um diálogo com (ou sobre) o desenho arquitetônico, o gesto de seleção de elementos e espaços da Casa revela a identidade do lugar, tanto a partir de seus aspectos estéticos (a forma curva da varanda de entrada, que ecoa a varanda de cima) quanto dos estruturais ou decorativos: aqui, a Casa se torna visível para si mesma.

 

Carla Chaim é formada em Artes Visuais pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, 2004, onde também realizou a Pós-graduação em História da Arte, 2007. A artista trabalha diferentes mídias como desenho, escultura, vídeo e instalação. Chaim tenta se aproximar de uma ampla escala de assuntos cotidianos, trazendo-os para seu atelier e repensando novas formas e novas relações. A artista tem o desejo de controlar seus trabalhos, tanto em regras pré-estabelecidas na execução, quanto de seus movimentos físicos durante a feitura de um desenho, trazendo o corpo como importante instrumento neste processo, também pensando-o como local de discussão conceitual explorando seus limites físicos e sociais. A artista não trabalha pensando no resultado final. O que lhe interessa são os movimentos, passos e processos de cada trabalho. Carla define regras e parâmetros e segue com eles até o final. Os trabalhos de Chaim não contam histórias, elas são o próprio fazer, combinando sistemas dicotômicos: regras rígidas e movimentos físicos orgânicos.

 

Carla Chaim recebeu diversos prêmios como em 2015 o Prêmio CCBB Contemporâneo, e o Prêmio FOCO Bradesco ArtRio, ambos no Rio de Janeiro e, em São Paulo, em anos anteriores, o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea e Prêmio Energias na Arte, no Instituto Tomie Ohtake, onde participou também das exposições “Os primeiros dez anos”, 2011, e “Correspondências”, 2013.

 

Participou de residências artísticas como: Arteles, Finlândia, 2013; Halka Sanat Projesi, Turquia, 2012; The Banff Centre for the Arts, Canadá, 2010. Fez, em 2014, sua primeira individual em Lisboa, Portugal, no Carpe Diem Arte e Pesquisa, e participou de exposições como “Afinidades”, no Instituto Tomie Ohtake, e “Entre dois mundos”, no Museu Afro-Brasil, em São Paulo, Brasil. Sua obra faz parte de coleções como Ella Fontanals-Cisneros, Miami, EUA; Museu de Arte do Rio – MAR, RJ, Brasil; e Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, Brasília, Brasil. A Galeria Raquel Arnaud, que representa a artista desde 2012, apresentou a exposição individual “Pesar do Peso” em 2014.

 

Gabriel Bogossian é curador independente, editor e escreve textos críticos. Já trabalhou como tradutor das editoras Hedra, em 2008, e Rocco, em 2011, foi curador da exposição Ensaio para a Loucura, de Gui Mohallem, no Museu Brasileiro de Escultura (MuBE), em 2011, editor para a Red Bull House of Art, em 2013, pesquisador do festival Videobrasil, em 2014, e curador do festival de perfomance Transperformance 3: Corpo Estranho, em 2014. Foi curador da exposição Cruzeiro do Sul, realizado no Paço das Artes, em 2015.

 

 

De 12 de dezembro a fevereiro de 2016.

Laboratório OMA

Um espaço para discutir, fomentar e trocar experiências práticas e teóricas sobre artes visuais. Resumidamente, este é o objetivo do projeto “Laboratório OMA de Artes Visuais” iniciado em julho deste ano. Cinco meses depois, doze encontros e muito diálogo, o público poderá conferir o resultado da primeira edição.

 

Sob a orientação de Cristina Suzuki – artista visual com mais de 20 anos de experiência e com obras expostas em diversas cidades brasileiras-, a ação contou com as participações de Bruno Novaes, Juan Bianchi, Luiz Prieto e Mariana Vilela. Segundo Suzuki nortear e preparar os encontros teve influência até mesmo em suas produções. “Quando estamos dentro de um processo criativo, ficamos tão dentro dele que muitas vezes não conseguimos ter um distanciamento de nossas ideias – o que pode até mesmo dificultar o avanço criativo de nossas produções. Foi interessante estar como interlocutora, porque a gente consegue estar mais atenta, com muito carinho, aos pontos que estão sendo expostos. E assim, contribuir com um olhar externo. Foi uma experiência enriquecedora estar com um grupo tão heterogêneo como o que formamos”, conta.

 

A seleção dos artistas – de Bruno Novaes, Juan Bianchi, Luiz Prieto e Mariana Vilela – foi feita a partir de uma inscrição em que a orientadora, a arte-educadora, Letícia Barrionuevo, e o galerista, Thomaz Pacheco, avaliaram portfólios e currículos artísticos para a formação do grupo. Para o galerista, a prática é um meio de atender os anseios de artistas que desejam trocar experiências na OMA | Galeria. “Nos tornamos referência para os artista locais, que sempre procuravam, e ainda procuram, a OMA para apresentar suas produções. Percebemos que o melhor jeito de trabalhar essa demanda e realmente ajuda-los era criar esse espaço de troca. Com certeza, este é somente o primeiro de muitos, pois o Laboratório gerou muitas possibilidades não só para eles quanto para nós”, comenta Thomaz Pacheco.

 

A segunda edição do “Laboratório OMA de Artes Visuais” está com as inscrições abertas. Para participar da seleção é necessário o preenchimento da ficha de inscrição, além do envio de portfólio com 5 a 10 trabalhos e do currículo artístico. O material digital deverá ser enviado para o e-mail contato@omagaleria.com, em formato pdf com até 5Mb. Em caso de versão impressa, pode ser entregue pessoalmente na OMA | Galeria (Rua Carlos Gomes, 69 – Centro de São Bernardo).

 
As inscrições vão até o dia 31 de Janeiro do próximo ano, e as vagas são limitadas. A divulgação dos selecionados será realizada por e-mail até o dia 5 de Fevereiro. O investimento para participar do acompanhamento que resultou nessa exposição, é de R$ 150 mensais.

 

 

Até 12 de dezembro.