Arquitetura latina no MoMA

27/mar

Em 1955 o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA) promoveu a exposição “Latin American Architecture since 1945″, um levantamento sem precedentes da arquitetura moderna da América Latina. No 60° aniversário desse importante marco, o MoMA revisita a região para oferecer um complexo panorama das posições, debates e criatividade arquitetônica do México e Cuba ao Cone Sul entre 1955 e o início da década de 1980.
Esse período de auto-questionamento, exploração e complexas mudanças políticas também viu o surgimento da imagem da América Latina como uma paisagem em desenvolvimento em que todos os aspectos da vida cultural eram coloridos, de uma forma ou de outra, por essa nova atitude que emergiu como o “Terceiro Mundo”. Essa exposição de 1955 apresentava o resultado de uma única série fotográfica; agora, a “Latin America in Construction: Architecture 1955–1980″ reúne uma grande variedade de materiais originais que nunca antes haviam sido compilados e, em sua maioria, são raramente expostos mesmo em seus países de origem.

 

A exposição conta com desenhos arquitetônicos, modelos, fotografias de época e registros audiovisuais, além de maquetes e fotografias recentes. Embora a exposição foque no período de 1955 a 1980 na maioria dos países da América Latina, ela é introduzida por um vasto prelúdio sobre as três décadas precedentes de desenvolvimento arquitetônico na região, apresentando a construção de diversas universidades importantes em cidades como Cidade do México e Caracas, além de expor o desenvolvimento de Brasília. Os arquitetos da época abordaram esses desafios com inovações formais, urbanísticas e programáticas, muitas das quais ainda relevantes para os desafios de nosso tempo; um tempo em que a América Latina continua mostrando respostas arquitetônicas e urbanísticas vibrantes e desafiadoras às questões de modernização e desenvolvimento, embora em contextos econômicos e políticos bastante diferentes daqueles considerados na grande retrospectiva apresentada na exposição.

 

A exposição vem acompanhada de duas grandes publicações: um catálogo e uma antologia de textos seminais traduzidos do português e do espanhol. Organizado por Barry Bergdoll, Curador, e Patricio del Real, assistente de curadoria, Department of Architecture and Design, The Museum of Modern Art; Jorge Francisco Liernur, Universidad Torcuato di Tella, Buenos Aires, Argentina; e Carlos Eduardo Comas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil; com o apoio de um comitê consultivo da América Latina. Colaboradores no Brasil: Igor Fracalossi, Rafael Saldanha Duarte e Carlos Castro. O apôio principal é do The International Council of The Museum of Modern Art com financiamento adicional do The Reed Foundation e MoMA Annual Exhibition Fund.

 

 
De 29 de março a 12 de julho.

Gravura de Ana Linnemann

25/mar

O Museu da Chácara do Céu, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou a primeira edição de 2015 do projeto “Os Amigos da Gravura”. A artista convidada Ana Linnemann apresenta a obra Bordadinho modernista no 5. Trata-se de um desenho em feltro com formas geométricas determinadas por um par de agulhas e seus bordados, a partir de algumas relações de diferenciação: o círculo e o quadrado, o azul e o vermelho, a frente e o verso.

 

Segundo a crítica de arte Glória Ferreira as cores azul e vermelho simbolizam “quente e frio; fogo e água; paixão e energia ao lado de serenidade e monotonia. É este par de cores que tem utilizado Ana Linnemann, como uma espécie de sujeitificação da cor. Com sua clara separação e alteridade, o par de cores traz também questões de gênero, com o azul alinhado ao masculino e o vermelho ao feminino. A relação entre o vermelho e o azul é uma evocação, talvez sem controle racional.”

 

Além do tradicional trabalho inédito para “Os Amigos da Gravura”, a artista irá ocupar uma sala expositiva do terceiro andar com uma estante de nove metros na qual estarão dispostos diversos elementos com as cores azul e vermelho: livros, garrafas, um cálice, pratos, maçãs, um dado azul com o número seis e um dado vermelho com o número um, um par formado por uma lâmpada azul e outra vermelha. Trata-se de um desenvolvimento da série de trabalhos de Ana Linnemann denominada “Cartoon”. A estante que vai ocupar o espaço não serve para guardar, mas apresenta, como num arquivo,  trabalhos recentes. “Porém ali, não são os objetos que estão na prateleira, mas a prateleira que está nos objetos. Ela os envolve, esvaziando-os e a si própria de uma funcionalidade convencional,” declara  Ana Linnemann.

 

 

Sobre a artista

 

Ana Linnemann trabalha a partir de uma trama de materiais, objetos e técnicas. Segundo o crítico Moacir dos Anjos, seu trabalho “é informada por uma vontade de se deter com vagar diante dessas muitas coisas que habitam o mundo, considerando-as naquilo que têm de mais claro e, ao mesmo tempo, no que têm de oculto (…). Coisas que despertam ou comprovam na artista uma imensa atração pelo comum da vida, levando-a a acercar-se delas o mais possível para entender sua natureza banal e mundana, com se fosse a primeira vez que as visse”.  Suas obras já foram apresentadas em instituições como  o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (RJ), Museu de Arte do Rio (MAR), Paço Imperial (RJ), Museu Histórico Nacional, Galeria Laura Alvim (RJ), Centro Cultural Maria Antônia (SP), Centro Cultural São Paulo (SP), Sculpture Center (Nova York), Museo del Barrio (Nova York), Long Island University (Nova York), MALBA (Buenos Aires), o Oslo Kunstforening (Oslo), o Museu Imperial de Petrópolis. Em 2004, recebeu as bolsas Vitae (São Paulo) e Pollock-Krasner (Nova York). Em 2011, recebeu o prêmio Pró-Artes Visuais da Secretaria de Cultura da cidade do Rio de Janeiro, para a produção da monografia Ana Linnemann Ultra Normal (Cosac Naify). Em 2013 foi um dos artistas contemplados pelo prêmio Arte e Patrimônio, Iphan, MinC. Graduou-se em Design pela PUC-Rio e obteve mestrado em Escultura pelo Pratt Institute, NY, e doutorado em Linguagens Visuais pela Eba-UFRJ, RJ

 

 

Sobre o projeto Os Amigos da Gravura

 

Raymundo de Castro Maya criou a Sociedade dos Amigos da Gravura no Rio de Janeiro em 1948. Na década de 1950 vivenciava-se um grande entusiasmo pelas iniciativas de democratização e popularização da arte, sendo a gravura encarada como peça fundamental a serviço da comunicação pela imagem. Ela estava ligada também à valorização da ilustração que agora deixava um patamar de expressão banal para alcançar status de obra de arte. A associação dos Amigos da Gravura, idealizada por Castro Maya, funcionou entre os anos 1953-1957. Os artistas selecionados eram convidados a criar uma obra inédita com tiragem limitada a 100 exemplares, distribuídos entre os sócios subscritores e algumas instituições interessadas. Na época foram editadas gravuras de Henrique Oswald, Fayga Ostrower, Enrico Bianco, Oswaldo Goeldi, Percy Lau, Darel Valença Lins, entre outros.

 

Em 1992 os Museus Castro Maya retomaram a iniciativa de seu patrono e passaram a imprimir pranchas inéditas de artistas contemporâneos, resgatando assim a proposta inicial de estímulo e valorização da produção artística brasileira e da técnica da gravura. Este desafio enriqueceu sua programação cultural e possibilitou a incorporação da arte brasileira contemporânea às coleções deixadas por seu idealizador. A cada ano, três artistas plásticos são convidados a participar do projeto com uma gravura inédita. A matriz e um exemplar são incorporados ao acervo dos Museus e a tiragem de cada gravura é limitada a 50 exemplares. A gravura é lançada na ocasião da inauguração de uma exposição temporária do artista no Museu da Chácara do Céu. Neste período já participaram 44 artistas, entre eles Iberê Camargo, Roberto Magalhães, Antonio Dias, Tomie Ohtake, Daniel Senise, Emmanuel Nassar, Carlos Zílio, Beatriz Milhazes e Waltercio Caldas.

 

 

Até 06 de julho.

Mécanique des femmes

Chama-se “Mécanique des femmes – la suíte” a exposição do consagrado fotógrafo Miguel Rio Branco atual cartaz da Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ. Em sua última exposição na Silvia Cintra + Box 4 em 2013, Miguel Rio Branco mostrou fotografias que em sua totalidade falavam sobre o feminino de forma suave e poética.

 

Para esta nova exibição, o artista propõe uma continuação do tema, mas desta vez transformando completamente o espaço da galeria e trazendo novos materiais para compor uma verdadeira “suíte” misteriosa e sensual. A luz será baixa e as paredes serão todas pintadas de cinza e o chão de vermelho. Numa tela em LED o espectador poderá ver filmes do artista, passando ininterruptamente ao lado de aquarelas em papel pintadas, também repletas de um erotismo velado.

 

Em outra parede, um mural de ferro traz uma assemblage de fotografias, impressas no seu próprio atelier, sobrepostas e coladas a outros objetos, formando um altar perverso e sensual. Os trípticos e dípticos fotográficos, marcas da obra de Miguel também completam o ambiente. Ao todos serão 6 novas peças, feitas especialmente para a continuação da “Mécanique des femmes”.

 

Para completar o clima da mostra, foram produzidas caixas de luz (backlights) que o artista apresenta pela primeira vez. Um trabalho de parede e três mesas de luz que revelam transparências de imagens do corpo feminino nu. Conhecido como um dos maiores nomes da fotografia brasileira, Miguel Rio Branco acredita que esta exposição é uma chance para o espectador entender um pouco mais sobre o seu processo criativo. A colagem de várias imagens, interferências de objetos que vão ganhando novos significados, desenhos, pinturas e não somente a fotografia completam o universo que Miguel explora e transforma.

 

 

Até 25 de abril.

Moreleida na Mama/Cadela

Situada no bairro Santa Teresa, em Belo Horizonte, MG, a  Galeria Mama/Cadela exibe uma mostra especial, com obras nunca expostas do artista plástico Pedro Moraleida. Com curadoria de Adriano Gomide, “Pedro Moraleida: Pinturas e Desenhos”, traz também trabalhos que fazem parte da “Imagine: Brazil”, que  estreiou em Oslo, Noruega, no Astrup Fearnley Museum of Modern Art e já passou pelo Musée d ‘Art Contemporain de Lyon, França. Embora curta, sua carreira artística foi muito intensa deixando um expressivo trabalho entre telas, desenhos, textos e músicas. A exposição conta com 14 obras de grande porte, 40 menores, entre pinturas sobre papel e desenhos.

 

 
A palavra do curador

 
“O Pedro tinha uma pintura em linhas viscerais, com muita criatividade. Em algumas obras os sentimentos afloram mais. Ele retrata temas como religião e sexualidade… Ele também é ligado à história da arte e tem um lado lírico. Pedro vai de um lado a outro e tem desenhos com letras bastante poéticos.”

 
“Estamos escolhendo tudo com o pai dele, o Luiz Bernardes, e também será exibido o vídeo feito por Sávio Leite em 2004 em uma de suas exposições em Belo Horizonte, que mostra bem seu processo criativo.”

 

 

Sobre o artista

 

 
Pedro Moraleida Bernardes nasceu em Belo Horizonte, em 10 de agosto de 1977, e faleceu em 1999. Seu pai, jornalista, e sua mãe, socióloga, deram-lhe uma base cultural na infância e, em 1996, classificou-se em primeiro lugar no vestibular para a Escola de Belas Artes da UFMG.

 
Em sua produção nas artes plásticas aparecem vestígios de seu interesse pelos quadrinhos, tendo realizado, na adolescência, muitas histórias completas, com personagem criativos e irônicos, como a “Escova de Dentes Assassina”, o “Vruum Incandescente”, o “Moraleida” – um híbrido de humano e passarinho, o “Caralho a Quatro” e muitos outros. Seu amor por bichos, grandes companheiros de sua infância, reaparece nas figuras antropomórficas que povoam seus desenhos e pinturas, bem como nos textos de reflexão e nos escritos poéticos.

 
Em sua breve, mas intensa, vida profissional produziu as imagens para os cartazes 1° e 2° Festivais de Cinema Antropológico (1997 e 1998) e entre as exposições coletivas que participou, destacam-se a “X – INTEGRARTE”, no Salão Anual dos Alunos da EBA/UFMG (1997) – exposição comemorativa dos 100 anos da cidade de Belo Horizonte; e “As Lembranças São Outras Distâncias” (1998), no Centro Cultural da UFMG – 10 Anos, comemorativa dos 10 anos de funcionamento do centro.

 
Participou ainda, a partir de 1999, do “Grande Círculo das Pequenas Coisas”, mostra itinerante do curador Marcio Sampaio. Sua exposição “Condoam-se F.D.P.”, em conjunto com Frederico Ernesto, foi considerada como um dos eventos culturais mais importantes da cidade em 1998.

 
Depois de sua morte, a revista Graffiti publicou em pôster seu políptico “Os sete pecados capitais” ou “Eu quero essa mulher assim mesmo”. E a XIII – INTEGRARTE, em 2000, dedicou-lhe uma sala especial com oito de seus trabalhos.

 

 
Até 30 de março.

Um olhar em Brasília

A Galeria Almeida Prado, CLN 405 Bloco C Loja 45, Asa Norte. Brasília, DF, inaugura a exposição “Olhar sobre uma cidade singular”, da artista francesa Virginie Caquot. São mais de 20 fotografias que retratam sua visão, como estrangeira, do cotidiano brasiliense. Para Virginie, além do impacto de morar temporariamente em outro país, sua grande surpresa foi se deparar com uma cidade singular. Como ela mesma diz, não existe nenhum outro lugar no mundo como Brasília. De imediato, a artista sentiu-se esmagada pelo concreto árido e os grandes espaços vazios que compõem o espaço urbano da cidade. A falta de domínio da língua tampouco ajudava. Foi então que, como artista e fotógrafa, Virginie transformou seus registros fotográficos em suas novas palavras e identidade.

 

Através de seu olhar, expressou a saudade de sua antiga moradia, a solidão por estar cercada de pessoas desconhecidas, os contrastes entre os vários lugares onde já morou, a arquitetura angulosa da cidade que se revelava a cada dia, e a surpresa e curiosidade em explorar e viver uma nova cultura. Essa série de fotografias nasceu de uma explosão de sentimentos da artista em busca de equilíbrio e harmonia entre todos os elementos que permeiam um instante fotográfico.

 

Entre cores, luzes e sombras, a artista mescla, em meio à arquitetura moderna de linhas retas ou curvas, registros de desconhecidos vivendo seu cotidiano sem que percebam que estão sendo retratados. Tudo isso para captar um momento único e espontâneo, real e fiel tanto ao seu olhar estrangeiro quanto ao olhar de qualquer um.

 

 

De 26 de março 17 de abril.

Vergara em Paris

19/mar

Em co-produção com MdM Gallery, Paris, França, em parceria com YIA Art Fair fora das paredes, o pintor Carlos Vergara exibe na igreja de Paris Saint-Gervais, 4º arrondissement, trabalhos inéditos da série mortalha já apresentada no Museu de Arte Contemporânea de Niterói e no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, Brasília. Conforme explica o artista, “…tudo começa em 1970, com uma vontade irresistível de olhar para fora da oficina e produzir um trabalho que seria o resultado do acaso e da colisão com o desconhecido.”

 

Desde então, percorrendo diversos lugares, Vergara vem realizando obras (site-specific) na Capadócia, Turquestão, Pompéia e em cidades do interior do Brasil. Não se limitando a visão documentária, o artista tenta capturar o invisível no visível de cada lugar. Juntamente com fotografias, vídeos e esculturas, produz monotipias – estampas exclusivas tecidos estampados – a partir de contato com os restos de terra (lençóis, redes, palha …).

 

O convite para expor na Capela de St. Lawrence, no lado esquerdo da nave em Saint-Gervais, imediatamente lembrou Vergara sua série de obras em 2008 na missão jesuíta de mesmo nome. Localizado na histórica região de Sete Povos, no Rio Grande do Sul. A missão de São Lourenço se desenvolveu a partir do final de 17 a início do século 18 um modelo singular de convivência entre os sacerdotes e indios com base na ausência da propriedade privada e da catequese transmitida através da música. Trabalhando na construção dos edifícios previstos pelos missionários, foram dadas carta branca aos nativos para reinterpretar a doutrina católica através dos ornamentos arquitetônicos.

 

“Eu achei interessante trazer essa atmosfera do sul do Brasil dentro da capela parisiense de St. Lawrence,” disse ao artista que retornou recentemente a São Lourenço para criar uma nova série original para Exposição da igreja de St. Gervais. Uma dessas novas obras é uma instalação que representa uma cruz missioneira, a cruz de origem espanhola retrabalhada com o fio de lã. Símbolo da experiência entre jesuítas e índios guaranis, a cruz missioneira de Vergara foi por outro caminho, de volta ao Velho Mundo.

 

Sudário, os antigos lenços nome usado por viajantes para enxugar o suor, é uma metáfora para o processo criativo de Carlos Vergara nos lugares por onde passou. O título da exposição ganha uma segunda direção neste espaço religioso.

 

 

 

 Sobre o artista

 

Nascido em 1941, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Carlos Vergara é uma das figuras mais importantes da arte brasileira desde sua participação na exposição “Opinião 65″ dedicados à Nova Figuração brasileira e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1965. Seu trabalho com múltiplas facetas – pinturas, instalações, monotipias e fotografias – compreendem a figuração e a abstração. Suas obras fazem parte das maiores coleções brasileiras: MAM Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, MAC Museu de Arte Contemporânea, Niterói, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Gilberto Chateaubriand Coleção e Fundação Calouste Gulbenkian.

 

 

 

Até 05 de abril.

Manoel Santiago, mestre impressionista

18/mar

O Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, promove a exposição “Manoel Santiago, mestre impressionista”. A mostra, sob a curadoria de Angela Ancora da Luz, revela o trabalho de um artista emblemático da arte no Brasil a partir da década de 1920. Discípulo de Eliseu Visconti, também foi aluno de Rodolfo Chambelland e Baptista da Costa na Escola Nacional de Belas Artes. Depois de uma temporada de cinco anos em Paris, tornou-se professor do Instito de Belas Artes e lecionou, ainda, no Núcleo Bernardelli para alunos como José Pancetti, Milton Dacosta, entre outros.

 

Manoel Santiago foi um dos primeiros artistas a trabalhar com a diluição da pincelada, aproximando-se dos impressionistas, o que faz dele um pioneiro da arte no Brasil. A mostra “Manoel Santiago, mestre impressionista”, procura apresentar obras de todas as fases da vida artística do pintor, desde a inspiração em nossas lendas e a memória da vibrante natureza da floresta amazônica, até as diferentes paisagens do Rio de Janeiro, quando a diluição da pincelada o aproxima dos impressionistas franceses. O modelo vivo, a figura humana e o retrato foram por ele interpretados sob a mesma luz que atravessa a atmosfera e promove o brilho da paisagem. Nesse sentido, a exposição “Manoel Santiago, mestre impressionista” revela um dos mais significativos artistas brasileiros que, através de seu trabalho, revela páginas da arte brasileira fundamentais para a compreensão de sua história e importância.

 

Segundo a curadora Angela Ancora da Luz a obra de Manoel Santiago “…é fundamental para entendermos os rumos da construção de nossa modernidade. Ele parte da fragmentação da pincelada, como os impressionistas, e, explorando os efeitos da luz registra resíduos icônicos, sugestões de figuras que caminham na direção da desmaterialização para se fixarem apenas por meio da tinta na superfície da tela, como em “O Kosmo” de 1919″.

 

A produção da mostra é de Anderson Eleotério e Izabel Ferreira – ADUPLA Produção Cultural, que vem realizando diversas exposições no Brasil, como: Athos Bulcão, Farnese de Andrade, Milton Dacosta, Raymundo Colares, Bandeira de Mello, Carlos Scliar, Debret, Aluísio Carvão, Mário Gruber, Antonio Bandeira, Nazareno Rodrigues entre outros. Patrocínio: Correios.

 

 

Sobre o artista

 

Manoel Santiago nasceu em 1897 em Manaus e faleceu em 1987 no Rio de Janeiro. Cursou a Faculdade de Direito e foi aluno do Curso Livre da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Produziu intensamente ao longo de sua vida, sendo presença destacada nos mais significativos momentos da construção de nossa modernidade. Discípulo de Rodolpho Chambelland e Batista da Costa, quando freqüentou a Escola Nacional de Belas Artes, buscou a direção da fragmentação da pincelada, da luz e da cor que caracterizariam sua paleta. Recebeu aulas particulares de Visconti e obteve o Prêmio de Viagem do Salão Nacional de Belas Artes em 1927, indo para Paris. Em sua volta passa a lecionar no Núcleo Bernardelli, a partir de 1934, tornando-se mestre de Pancetti, Edson Motta, Bustamante de Sá, Milton Dacosta e demais pintores nucleanos, que, a exemplo dos impressionistas, buscavam a pintura plein air, as atmosferas luminosas e a natureza com seus brilhos fugidios, domínio absoluto de Manoel Santiago. Casou-se com Haydéa Santiago, também pintora, que comungava com ele dos mesmos ideais.

 

 

Até 03 de maio.

Rubem Grilo no Recife

16/mar

A Prefeitura da Cidade do Recife, Secretaria de Cultura, Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães – MAMAM (Rua da Aurora, Boa Vista), Art.Monta Design e Artepadilla apresentam a exposição “RUBEM GRILO 1985 – 2015″. A mostra, já apresentada nas unidades Rio de Janeiro (2009), Salvador e São Paulo (2010), Brasília (2011) e Fortaleza (2012) da CAIXA Cultural, e em João Pessoa, na Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes (2014), chega agora ao Recife, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães.

 

A exposição, que tem curadoria do próprio artista, um dos mais importantes xilogravadores brasileiros vivos, é um passeio pelos trabalhos realizados nos últimos 30 anos, com foco na produção realizada desde 2005. Apresenta 172 obras: 127 xilogravuras em diferentes formatos, 6 matrizes e 39 trabalhos realizados com colagens e desenhos.

 

Os desenhos e colagens, realizados entre 2009 a 2015, reúnem importante vertente do trabalho de Rubem Grilo presente na exposição. A mudança de tratamento e de visualidade, bem como o diálogo entre diferentes mídias, estabelecido pela síntese gráfica no pensamento da imagem, motivam o espectador a estabelecer sua própria leitura do universo visual criado pelo artista.

 

 

A palavra do artista

 

Como explica o próprio Rubem Grilo, o componente temporal da mostra reforça a ideia de um processo que inclui a busca de afirmação de identidade e, ao mesmo tempo, transformações em aberto: “Escolhi a xilogravura pelo fato de ela ser simples, direta, quase rudimentar, e me permitir o envolvimento com duas experiências básicas e complementares, o desenho e a gravação. Não se trata de uma escolha nostálgica. Tem a ver com uma visão de mundo, a concentração em mim mesmo, propiciada pela intensidade da prática manual e do olhar, em busca do aprimoramento e autoconhecimento por meio da dilatação da experiência”.

 

 

De 18 de março a 03 de maio.

Mamute com Fernanda Valadares

11/mar

A Galeria de Arte Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, apresenta a exposição “DEPOIS:”, individual de Fernanda Valadares. A mostra, com curadoria de Gabriela Motta, propõe um encontro de espaços a partir de um percurso horizontal feito pela artista no trecho de mais de 1.000 km e apreendido em uma série de pinturas de encáustica sobre compensado naval e cubos/objetos em chapas de aço com áreas de horizontes oxidados.

 

 

 
Texto da curadora

 
Antes, durante e DEPOIS:

 
A cena que me assalta é a seguinte: a caminho do trabalho, ao cruzar uma ponte sob a chuva, um professor impede uma jovem de se jogar. Depois disso – e do livro que ele acha com a menina – nada será como antes(1). Tenho a sensação de ter encontrado a Fernanda – seguramente não à beira de um abismo – mas em uma dobra importante do seu caminho. Conheci primeiro seu trabalho em encáustica: largos horizontes, delicados, precisos, sutis. Dois dias depois, ela mesma: gesticulando, cabelos amarrados com uma larga faixa, inquieta. Se a urgência e a agitação da artista não estavam na contemplação e no tempo expandido da obra que eu havia visto, estavam no que ela iria me falar.

 
Nesse encontro, as Migrações, com suas respectivas coordenadas geográficas – assim ela nomeia esses trabalhos, indicando o ponto de vista preciso de cada horizonte – ao contrário do que eu pensava, não eram a pauta. Fernanda queria falar de um projeto urgente, ainda próximo à paisagem, ainda tóxico ou árduo em função dos seus suportes, porém um projeto que lhe pedia para mudar violentamente de posição em relação a sua própria produção. Ela estava diante de um risco e não recuou.

 
Na exposição Depois: o que se vê são alguns desses trabalhos em encáustica, alinhados em um único e contínuo horizonte, como se pudessem expandir-se indefinidamente, e cinco cubos em aço corten, em diferentes tamanhos e situações. Em todos esses cubos – um aberto em cruz sobre o chão da galeria, outro absolutamente soldado, dois em vias de se fecharem e outro retorcido após ter sido arremessado de um helicóptero! – Fernanda oxida aqueles mesmos horizontes que encontramos nos trabalhos em encáustica. Encapsular a paisagem em um sólido geométrico – o seu horizonte – e depois arremessar este objeto de um helicóptero é uma atitude radical, um gesto que permite uma vasta gama de interpretações e abordagens. A minha primeira leitura do trabalho – porque tudo é muito recente, a ação, a artista, o vôo – é de que tudo isso está impresso na obra. Ou seja, o aço corten, tão importante na arte contemporânea, a paisagem oxidada cuja referência não é mais o horizonte da natureza mas aquele da sua própria obra anterior, as negociações para carregar o objeto num vôo e depois arremessar esse peso do céu, tudo isso está impregnado no trabalho lhe conferindo densidade.  A expansão indefinida de horizontes na obra de Fernanda está acontecendo no momento presente. E isso envolve a contração literal da paisagem em segredos cúbicos, objetos que encontram o mundo cheios de verdade.   (Gabriela Motta)

 
(1)Trem Noturno para Lisboa. Direção: Bille August, 2013.

 

 
Sobre a artista

 
Fernanda Valadares é Mestre em Poéticas Visuais pelo Programa de Pós-Graduação de Artes Visuais/UFRGS; Bacharel e licenciada pela Faculdade Santa Marcelina/São Paulo. Entre suas exposições individuais estão – À Beira do Vazio. Museu de Arte de Santa Catarina. Curadoria Paula Ramos (2014). O Sétimo Continente. Galeria Zipper São Paulo(Projeto Zip’Up). Curadoria Bruna Fetter (2014). Na Adega Evaporada. Museu de Arte Contemporânea do RS. Curadoria Paula Ramos (2014). Museu de Arte Extemporânea. Goethe Institut/Porto Alegre (2012). Exposições coletivas: De Longe e de Perto. Galeria de Arte Mamute. Porto Alegre. Curadoria Angelica de Moraes (2014). Gatomiacachorrolateegomata. Galeria Tina Zappoli. Porto Alegre/RS (2014). The War of Art: visions from behind the mind. The Safari, NYC. Curadoria Wyatt Neumann (2014). Poéticas em Devir. Galeria Mamute Porto Alegre/RS.  Curadoria Sandra Rey (2013). Um Novo Horizonte. Galeria Tina Zappoli. Porto Alegre/RS (2013). Contemporâneos Novos/ Diante da Matéria. 20 anos MAC/RS. curadoria Paula Ramos (2012). A artista participou de salões e premiações como o 65º Salão Paranaense, MAC/Curitiba. 42º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto/ Santo André. 64º Salão de Abril/CE. Fortaleza.Trabalho selecionado para o Acervo Museu de Arte Contemporânea do RS. XIII Concurso de Artes Plásticas Goethe Institut/Porto Alegre. I Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea. Ministério das Relações Exteriores. Fernanda Valadares é representada pela Galeria de Arte Mamute/Porto Alegre.

 

 

 
Sobre a curadora

 
É curadora, crítica e pesquisadora em artes visuais. Atualmente desenvolve pesquisa de doutorado sobre o artista Nelson Felix no Programa de Pós Graduação da Escola de Comunicação e Artes da USP. Faz parte do comitê de indicação do Prêmio IP Capital Partners de Arte – PIPA 2015. Em 2014, fez parte da comissão curatorial do prêmio Marcantonio Vilaça CNI-SESI/2014. Integrou, como curadora, a equipe do programa Rumos Itaú Artes Visuais, edição 2011/2013 e edição 2008/2010. Em 2012 desenvolveu projetos com as instituições MAC – USP, MAC Niterói e Fundação Iberê Camargo. Em 2010 foi contemplada com a Bolsa Funarte de Estímulo à Produção Crítica em Artes Visuais. De 2008 à 2010, fez parte do grupo de críticos do Centro Cultural São Paulo. Como curadora realizou as exposições CANTOSREV, do artista Nelson Felix (Porto Alegre, 2014), Canto Escuro, do artista Luiz Roque (Porto Alegre, 2014), Um vasto Mundo, da artista Romy Pocztaruk (Curitiba, 2014), A invenção da Roda, da artista Letícia Ramos (Porto Alegre, 2013), as exposições coletivas Fio do Abismo (Belém, 2012); 41a Coletiva de Joinville (Joinville, 2011); Era Uma Vez um Desenho (Porto Alegre, 2010); Convivência Espacial ( Recife e Porto Alegre, 2010); O Corpo das Coisas (Jaraguá do Sul, SC, 2010); Terra de Areia (Florianópolis, 2009); Campo Coletivo (São Paulo, 2008); Linha Poa – Cxs (Caxias do Sul, 2007); entre outras. Integrou o projeto Arte e Identidade Cultural na Indústria, promovido pelo SESI-RS (2007-2008). É autora do livro “Entre olhares e leituras: uma abordagem da Bienal do Mercosul”, publicado pela editora ZOUK. Tem artigos publicados em diversas revistas especializadas e em catálogos sobre arte contemporânea.

 

 

 
A partir de  13 de março com visitação entre 16 de março e 30 de abril.

Bienal de Veneza

09/mar

Marcada para maio, a Bienal de Veneza acaba de anunciar a lista de artistas de sua mostra principal. Sônia Gomes, artista conhecida por sua obra delicada e a técnica do bordado, é a única brasileira no elenco da mostra organizada pelo nigeriano Okwui Enwezor.
Na lista de 136 artistas da mostra estão nomes polêmicos, como a performer cubana Tania Bruguera, mantida em prisão domiciliar em Havana desde a virada do ano pela tentativa de fazer uma performance na praça da Revolução, e o coletivo Gulf Labor, que denuncia abusos aos operários em obras como a filial do Guggenheim em Abu Dhabi.
Além de Sônia Gomes, outros quatro brasileiros estarão em Veneza: André Komatsu, Antonio Manuel e Berna Reale, no pavilhão brasileiro, e Tamar Guimarães, brasileira radicada em Copenhague, que terá uma obra no pavilhão belga.

 

Fonte: Silas Martí