Mira Schendel em Londres

26/set

A Tate Modern, museu britânico, Londres, tornou-se palco de uma ampla retrospectiva das obras de Mira Schendel. A artista é uma das mais importantes do pós-guerra na América Latina e, ao lado de seus contemporâneos Lygia Clark e Hélio Oiticica, reinventou a linguagem do modernismo europeu no Brasil. Ocupando 14 salas do museu, a mostra leva o nome da artista e exibe obras procedentes de coleções particulares e da Pinacoteca do Estado de São Paulo, algumas expostas pela primeira vez. São mais de 270 pinturas, desenhos e esculturas de todos os períodos da carreira de Mira Schendel. Entre os destaques estão “Droguinhas”, de 1965-1966, escultura em papel de arroz; e “Graphic Objects”, de 1967-1968, uma série que explora a linguagem e a poesia e que foi exibida na Bienal de Veneza de 1968. Outras obras importantes integram a mostra, como as pinturas abstratas do início da carreira da artista e as instalações “Still Waves of Propability”, 1969, e “Variants”, 1977. As últimas obras de Schendel, conhecidas como “Sarrafos”, 1987, também estão na exposição. Mia Schendel nasceu em Zurique em 1919 e cresceu em Milão. Depois da guerra viveu em Roma, antes de se mudar para o Brasil em 1949, onde morou e trabalhou até a sua morte, em 1988.

 

 

Até 19 de janeiro.

 

Fontes: ArtDaily, Folha de S. Paulo, Touch of class

Nelson Screnci na Arte Aplicada

24/set

A galeria Arte Aplicada, Cerqueira César, São Paulo, SP, inaugura a mostra “Caminhos”, exposição individual de pinturas do artista plástico Nelson Screnci. Com curadoria de Sabina de Libman, 10 telas inéditas fazem uma analogia entre caminhos reais e os trajetos percorridos pelo artista ao longo de sua carreira. Nesta nova série, Nelson Screnci apresenta pinturas que contém assuntos aparentemente dissonantes, como bibliotecas, paisagens imaginárias, estudos de perspectiva inversa, releituras de flores a partir de quadros históricos, florestas de frontalidades febris, etc. Todavia, analisadas em conjunto, tais temáticas formam um único corpo, atingindo a intenção do artista de explorar os elementos comuns existentes entre as telas.

 

A partir de uma pesquisa concentrada em exercícios de linguagem visual – como a interação entre cores e as articulações das formas -, Nelson Screnci optou pelo uso de cores de forma mais pura, estruturando as relações de tons com maior sutileza. Ao finalizar os trabalhos com camadas finas e transparentes, o artista procura um resultado pleno, de delicadas harmonias. Sobre seu processo criativo, Nelson Screnci observa: “As obras são construídas como uma casa. Primeiro o alicerce, proveniente das ideias iniciais, de exercícios de desenho, ou de alguma inspiração. Depois as outras partes que se assentam sobre esta primeira composição, como o desenho estrutural, a eliminação de excessos e a determinação das áreas de cor básicas. E, finalmente, cobrindo tudo, o trabalho poético de construção de uma imagem final, com jogos de luzes, definição de detalhes, texturas e tons de cores variados.”

 

Com o título de certa forma metafórico – no sentido de que os “caminhos” também se referem a sua própria trajetória -, Nelson Screnci revela seu universo de indagações e deixa ao espectador a tarefa de identificá-las. “Talvez as obras de arte sejam mesmo isto para o espectador: marcas do pensamento e da sensibilidade humana, deixadas nas trilhas do tempo para lembrar aos que vierem depois que por ali passou alguém sonhando com coisas às vezes só realizáveis pela arte, ou pela imaginação de quem cria.”, diz a curadora Sabina de Libman.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em São Paulo, em 1955, Nelson Screnci é artista plástico, professor de Artes Visuais e de História da Arte. Formado na FAAP em 1982, recebeu no ano seguinte o Prêmio Pirelli-MASP. Desde então participa ativamente do circuito cultural realizando palestras, cursos, artigos e exposições. O seu trabalho integra também o acervo de importantes museus nacionais e internacionais, além de servir de referência em diversas publicações culturais. Utilizando-se de recursos compositivos tais como a multiplicação de imagens ou a analogia entre obras históricas, propõe um exercício criativo e poético com a intenção de provocar no expectador o questionamento da condição humana diante da realidade contemporânea.

 

 
De 28 de setembro a 19 de outubro

9ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre

19/set

Se o clima for favorável

 

 

Si el tiempo lo permite

 

 

Weather Permitting

 

 

 

O título da 9ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS, “Se o clima for favorável”, em português, “Si el tiempo lo permite”, em espanhol, e “Weather Permitting”, em inglês, foi proposto como um lema para sugerir que diferentes climas – atmosférico, emocional e político – estão no centro do projeto. Por mais que o clima possa ser uma preocupação pública (ecológica e econômica), ele também é substância material (física e psicológica). Então, essa frase tão corriqueira é um convite para ponderar sobre quando e como, por quem e por que algumas obras de arte e ideias carecem de ou têm visibilidade física ou cultural em um determinado momento. Desde as etapas iniciais de planejamento, as promessas curatoriais envolveram identificar, propor e reformular os cambiantes sistemas de crenças e avaliações de experimentação e inovação, encontrar recursos naturais e culturas materiais sob uma nova luz e especular sobre as bases que marcaram as distinções entre descoberta e invenção. Seu objetivo era suscitar questões ontológicas e tecnológicas por meio de práticas artísticas, da produção de objetos e de nódulos de experiência. Isso deu forma às três principais iniciativas públicas desta 9ª Bienal: Portais, previsões e arquipélagos, uma exposição de arte contemporânea apresentada em diversos museus da cidade; Encontros na Ilha, uma série de discussões e publicações; e Redes de Formação, um programa pedagógico em arte. Compõem a exposição obras históricas e novas, além de obras históricas criadas a partir de projetos colaborativos comissionados e novos projetos realizados a partir do programa Máquinas da Imaginação, desenvolvido com empresas, centros de pesquisa e comunidades no Brasil. De maneiras singulares e inter-relacionadas, essas iniciativas se concentram conceitualmente na interação entre natureza e cultura, e nas maneiras pelas quais os artistas visuais lidam com fenômenos desconhecidos, imprevisíveis e aparentemente incontroláveis. Eles levam em conta as causas e efeitos naturais que impulsionam os homens em suas viagens e deslocamentos sociais, os avanços tecnológicos e o desenvolvimento mundial, as expansões verticais no espaço e as explorações transversais ao longo do tempo.

 

 

Espaços expositivos e Artistas

 

Usina do Gasômetro, artistas: Aurélien Gamboni & Sandrine Teixido – Daniel Steegman Mangrané – David Medalla – Eduardo Navarro – George Levantis – Gilda Mantilla & Raimond – Hans Haacke – Hope Ginsburg – Koenraad Dedobbeleer – Nicholas Mangan – Sara Ramo – The Otolith Group – William Raban

 

Santander Cultural, artistas: Allan McCollum – Audrey Cottin – David Zink Yi – Elena Damiani – Erika Verzutti – Faivovich & Goldberg – Fernando Duval – Fritzia Irizar – Jason Dodge – Jessica Warboys – Lucy Skaer – Pratchaya Phinthong – Robert Rauschenberg – Suwon Lee – Thiago Rocha Pitta – Trevor Paglen

 

Memorial do Rio Grande do Sul, artistas: Anthony Arrobo – Beto Shwafaty – Cao Fei – Cinthia Marcelle – Daniel Santiago – Edgar Orlaineta – Fernanda Laguna – Liudvikas Buklys – Malak Helmy – Mario Garcia Torres – Marta Minujín – Michel Zózimo – Nicolás Bacal – Tania Pérez Córdova – Ekphrasis: Alta Tecnología Andina – Ana Laura López de la Torre – Aurélien Gamboni & Sandrine Teixido – Bik Van der Pol – Christian Bök – Eduardo Kac – Fritzia Irizar – Grethel Rasúa – Marta Minujín – Trevor Paglen – Zhenia Kikodze sobre Yuri Zlotnikov

 

MARGS, artistas: Allora & Calzadilla – David Medalla – Jason Dodge – Luis F. Benedit –Luiz Roque – Mario Garcia Torres – Mira Schendel – Takis – Tony Smith – Trevor Paglen

 

Curadoria: Sofía Hernández Chong Cuy

 

 

Até 10 de novembro.

Fortes Vilaça 1

Recebeu o título de “Desenhos”, a nova exposição individual de Iran do Espírito Santo na Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP. A mostra traça um panorama histórico da produção de desenhos do artista, que vai de 1993 à produção atual, apresentando um recorte de 108 trabalhos, inéditos em sua grande maioria. O desenho está presente em toda a produção artística de Iran do Espírito Santo. É a maneira como organiza seus pensamentos, onde o trabalho bidimensional informa a prática tridimensional e vice-versa. Sua produção sobre papel é extensa e os trabalhos selecionados para a mostra procuram abranger esta diversidade. São desenhos feitos com os mais diversos materiais, tais como carvão, caneta, pastel, aquarela e grafite.

 

A seleção de obras da mostra privilegia os trabalhos onde o desenho é o meio e muitas vezes o assunto. “SPRD” é uma série de desenhos recentes, dos quais 14 serão apresentados na exposição. O título é um termo usado em publicações para designar duas páginas abertas de um livro, aqui desenhadas pelo artista com linhas muito finas, em grafite, traçadas paralelamente umas às outras. Outra série apresentada é a “Line and Shadow”, de 2010, onde vemos apenas duas singelas linhas dispostas formando diferentes ângulos.

 

Os três trabalhos mais antigos da mostra, de 1993, são desenhos de observação de peças do vestuário. “Jacket” , “Shoes” e “Shirt’ diferem muito da maioria dos trabalhos guardando no entanto um enorme interesse pelo detalhamento das superfícies. Em “Project for Corrections”, de 2000, Iran desenha pedras facetadas de diferentes tamanhos que futuramente ele realizaria como esculturas, e “Study for Extension” é um projeto realizado em 1997 para uma pintura na parede do SFMOMA. Um livro inteiramente dedicado aos desenhos de Iran do Espírito Santo está em produção e será lançado – em 2014 – com todos os desenhos presentes na exposição atual.

 

Sobre o artista

 

Iran do Espírito Santo nasceu em Mococa em 1963 e vive e trabalha em São Paulo. Já participou de diversas exposição importantes dentre as quais: as 48ª e 52ª Bienais de Veneza, a 19ª Bienal Internacional de São Paulo, a 6ª Bienal de Istambul e a 5ª Bienal do Mercosul. Retrospectiva realizada em 2006/2007 no MAXXI, Museo Nazionale delle Arti del XXI Secolo, Roma; no Irish Museum of Modern Art, Dublin; e na Estação Pinacoteca, São Paulo. Suas obras figuram nas coleções do MoMA, Nova York; do Museum of Contemporary Art de San Diego; do MAXXI, Roma, entre outras. Este mês o artista inaugura sua primeira escultura pública nos EUA, como parte do programa Public Art Fund; a obra ficará na praça Doris C. Freedman, na entrada do Central Park, até fevereiro de 2014.

 

Até 09 de novembro.

 

Fortes Vilaça 2 – Galpão

“San Marco” é a segunda exposição individual de Mauro Restiffe na Galeria Fortes Vilaça. Agora, o artista ocupa o espaço do Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP,   com onze fotografias inéditas tiradas dos afrescos pintados por Fra Angelico dentro das celas dos frades no Mosteiro de San Marco, em Florença, Itália.

 

A investigação poética de Restiffe sobrepõe a linguagem documental e a referências da história da arte e da fotografia. A utilização do filme analógico preto e branco de alta sensibilidade não é aleatória, é um recurso formal que possibilita ao artista trabalhar a ideia de representação e de uma desconstrução do real. A granulação das imagens e as gradações de cinza funcionam como a tinta em uma tela – suas fotos são repletas de textura.

 

As obras da mostra rompem com a frontalidade de enquadramento características de outros trabalhos do artista. A fotografia é feita de modo que uma área homogênea escura fica em primeiro plano mas onde ainda assim é possível ver, através das sutis gradações de cinza, os detalhes dos arcos da entrada de cada cela. A questão arquitetônica constantemente presente na obra de Mauro aparece também aqui. O artista tira as fotos todas de um mesmo ângulo, usando o arco como um elemento repetido em uma estrutura minimalista.

 

Há um certo voyeurismo presente nas imagens que surge como uma novidade em seu trabalho. Os afrescos ficam ao fundo, distantes, como se olhássemos através de um buraco de fechadura. Mas diferentemente do que acontece no mosteiro, onde cada afresco é visualizado individualmente, na mostra é possível ver todos como um conjunto, assim observando as mínimas nuances e diferenças entre cada imagem.

 

As situações de representação e reprodução de obras de arte já foi abordada pelo artista em outras ocasiões. Na sua série “Vermeer”, em exposição atualmente em Inhotim, Brumadinho, Minas Gerias, Mauro Restiffe fotografa uma mesma obra do pintor holandês de várias maneiras. Já na exposição “Planos de Fuga” realizada pelo CCBB em 2012, a participação do artista se deu através da documentação de todas as obras da mostra.

 

Sobre o artista

 
Mauro Restiffe nasceu em São José do Rio Pardo em 1970 e vive e trabalha em São Paulo. Entre suas exposições individuais, destaca-se sua recente exposição individual “Obra” no MAC São Paulo, ainda em cartaz até outubro de 2013, com fotografias feitas durante a reforma do prédio projetado por Oscar Niemeyer. O artista participa ainda este ano da Bienal de Fotografia do MASP e do Panorama de Arte Brasileira do MAM de São Paulo. Sua obra está presente nas coleções do Inhotim, Brumadinho; Tate Modern, Londres; SFMOMA, São Francisco; Museu de Arte Moderna de São Paulo, entre outras.

 

Até 09 de novembro.

 

 

Smael, mostra em Paris

18/set

Acontece na Galerie Brugier-Rigail, Paris, a exposição “Le Voyage Imaginaire du Cirque Fantastique – A Viagem Imaginária do Circo Fantástico” do artista carioca Smael. É o grafite brasileiro ganhando espaço na Cidade-Luz. Jovem artista conhecido por seus grafites cheios de cores vibrantes, Smael exibe 16 pinturas e 5 desenhos  de sua mais recente produção com os mais diversos personagens circenses e assim apresentado: De la joie, du rêve, du fantastique au service de l’imagerie populaire brésilienne. Ces images créées par Ismaël Wagner de la Serna, aka Smaël, puisent leur inspiration dans la joie et la nature brésilienne, mais aussi dans la vision des enjeux sociaux politiques du Brésil au sein de l’Amérique du sud. Toute la culture cosmopolite de Rio de Janeiro, terre de contraste, permet à l’artiste de se maintenir dans cette bipolarité permanente.

Antônio de Dedé: Esculturas

12/set

Com curadoria de Roberta Saraiva, a Galeria Estação, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta 38 esculturas na individual do artista alagoano Antônio de Dedé que, em 2012 participou da coletiva “Histoires de Voir”, organizada pela Fundação Cartier, em Paris, e do projeto “Teimosia da Imaginação”, livro, documentário e exposição no Instituto Tomie Ohtake. Autodidata, Antônio de Dedé aprendeu a arte observando o pai trabalhar a madeira na carpintaria e diz ter uma relação “transparente com a sua criação”. Segundo ele, sua habilidade é um dom que surgiu da vontade de recriar o trabalho do pai. O resultado deste talento herdado pode ser visto neste conjunto de peças inusitadas, mas que fazem parte da sua realidade, como animais, santos e figuras humanas, com cores e tamanhos variados até dois metros de altura.

 

Antônio de Dedé começou a talhar aos 8 anos, criando brinquedos como carrinhos, aviões e peões que vendia pela vizinhança. Na adolescência, a sua obra se desenvolveu quando passou a trabalhar em uma olaria, onde usava o barro para “queimar os bonequinhos junto com as telhas” e, com isso, começaram a surgir patos, bonecos e cavalos modelados, queimados e pintados. “No meu trabalho, eu tava descobrindo o ouro”, conta o artista. Com o tempo, a olaria foi se extinguindo e de Dedé começou a usar a madeira como matéria prima principal para suas esculturas.

 

Sempre com muita cor, é possível encontrar peças de pequena escala com membros de proporção naturais, no entanto, o trabalho do artista é característico por suas esculturas geralmente verticais, com extremidades comprimidas, nas quais o corpo alongado com pés pequenos e os braços sem fim com mãos encolhidas geram um contraste particular. Para a curadora Roberta Saraiva, “as peças ganharam corpo e tamanho e se estabeleceram numa verticalidade de proporções curiosas, de expressão e colorido ricos, que fazem lembrar as carrancas que outrora se erguiam à proa dos barcos do rio São Francisco.” Com dentes, olhos arregalados, bigode, sobrancelha e unhas pintadas, cada detalhe dos personagens esculpidos por de Dedé é extremamente marcado.

 

A expressividade do entalhe e a dramaticidade de cada peça são características marcantes na obra de Antônio de Dedé. Um trabalho que, segundo a curadora, “se encaixa perfeitamente no conceito de arte popular, sobretudo se essa marca estiver ligada ao sentido da origem rural do artista e de sua magnitude com relação ao mercado da arte – mas também se encaixa em outros rótulos, se observada a complexidade de uma cosmogonia própria em primeiro plano.”

 

 

Sobre o artista

 

Antônio de Dedé nasceu em Lagoa da Canoa, AL, 1957. Seu nome civil é Antônio Alves dos Santos, filho de Dedé Lourenço, mora com os cinco filhos em sua cidade natal. Começou esculpindo seus brinquedos na infância. Assim como muitos artistas populares, migrou para a madeira por conta da escassez do barro. Seus primeiros trabalhos ainda eram de pequeno porte. Depois vieram as figuras do touro e do tigre, longilíneas e com os membros reduzidos, anunciando a proporção “esticada” dos trabalhos futuros do artista.

 

De 12 de setembro a 31 de outubro.

 

 

Ana Michaelis – ILLUSION

11/set

A artista plástica Ana Michaelis é a primeira brasileira selecionada para participar do prêmio Artprize 2013, que ocorre durante o mês de Setembro em Grand Rapids, Michigan, USA. Na quinta edição do evento, – a única representante do Brasil na mostra -, cria com sua delicada pintura, um site specific intitulado “ILLUSION”, obra que ocupará três grandes paredes do Grand Rapids Art Museum – GRAM.

 

Durante os últimos anos, Ana Michaelis tem visto na pintura de paisagem seu principal interesse. A artista constrói pinturas inabitadas, imaginárias, sobre os quais aplica inúmeras camadas de branco, no intuito de fazer sobressair a luz e diluir os traços, sugerindo uma paisagem que instiga no observador a sensação única de ilusão, de lembrança. Criada a partir de recordações da artista, “ILLUSION” proporciona a reflexão do observador, para estabelecer o diálogo entre memórias: “Acredito que a consciência da paisagem é baseada na memória, muitas vezes filtrada através de recordações de algum momento da vida. Minha intenção é evocar assim uma conversa entre memórias, aquelas que o observador traz consigo e a minha memória apresentada através da pintura.”

 

A Artprize é uma organização independente, e a escolha de Ana Michaelis para mostra no Grand Rapids Art Museum – GRAM é fruto de um concurso de arte aberto e internacional. Ao longo de 19 dias, três quilômetros quadrados no centro de Grand Rapids – Michigan, tornam-se uma enorme exposição de arte, com os trabalhos selecionados. Os espaços expositivos são abertos ao público e a entrada é gratuita, contando com uma premiação – decidida inteiramente por votação do público – que pode chegar a US$ 560,000.00. Este ano, o tema do GRAM é “Reimaginando a Paisagem e o Futuro da Natureza”, conta com 24 artistas instigados a exibir obras que exploram imagens e ideias tiradas não apenas do mundo que nos cerca, como também de discussões contemporâneas sobre o meio ambiente e as fronteiras da ciência natural.

 

 

De 11 de setembro a 06 de outubro.

Galeria Pilar comemora 2 anos

10/set

A Galeria Pilar, Santa Cecília, São Paulo, SP, comemora seus dois anos de atividades com exposição panorâmica da artista argentina Marta Minujín. A mostra tem curadoria do argentino Rodrigo Alonso e reúne importantes obras da carreira da artista, desde sua produção efêmera e pioneira em instalações de ambiente dos anos 1960 até trabalhos mais recentes, da última década.

 

Na exposição, constam documentações e croquis de performances e instalações históricas, como “Obelisco Acostado”, realizada na Bienal de São Paulo, em 1978; e a ação “Repollos”, realizada em 1977, no MAC-USP. A mostra traz ainda a celebrada série de seis fotografias da ação “O pagamento da Dívida Argentina”, realizada com Andy Warhol, em 1985, em Nova York, desdobramentos dos famosos colchões do anos 1960, além da escultura “Catedral para o Pensamento vazio”.

 

No mesmo período da mostra em São Paulo, a artista recria um de seus mais importantes trabalhos na 9a Bienal do Mercosul 2013, que ocorre entre 13de setembro e 10 de novembro de 2013 em Porto Alegre. Apresentada originalmente em 1966, no Instituto Torcuato de Tella, em Buenos Aires, a obra “Simultaneidad en Simultaneidad”, trata-se de um projeto internacional denominado “Three Countries Happening”, concebido em colaboração com os artistas Allan Kaprow (desde Nova York) e Wolf Vostell (desde Berlim). De Buenos Aires, Minujín usava todos os meios de comunicação (tv, telex e rádio), para criar uma invasão de mídia instantânea.

 

Sobre a artista

 

Marta Minujín é uma figura emblemática na história da autogestão de projetos na Argentina. Incansável “projetista”, Minujín transitou por múltiplas experiências durante sua produção. No início dos anos sessenta, realizava performances de caráter efêmero, como “La destruccíon”, realizada em Paris em 1963. Essa sua primeira obra autodenominada Happening, na qual convocou os artistas Alejandro Otero, Carlos Cruz Diez e Christo, para queimar e destruir seus trabalhos expostos

 

Até 26 de outubro.

 

Inéditos ou quase…

“Inéditos ou quase…”, é uma exposição que reúne exemplos de várias décadas da criação artística de Vera Chaves Barcellos. Esta visão panorâmica da produção da artista ocupa, pela primeira vez, a Sala dos Pomares da Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS, e mostra cerca de 30 obras. A curadoria é de Ana Albani de carvalho e traz desde objetos inéditos dos anos 60, obras em xerografia e fotografia manipulada dos anos 70 e 80, até trabalhos mais recentes incluindo um vídeo e dois livros de artista.

 

Vera Chaves Barcellos foi uma das primeiras artistas gaúchas a problematizar a relação entre imagem fotográfica e texto através de sua série “Testartes”, iniciada na década de 1970, o que levou a artista a representar o Brasil na Bienal de Veneza, em 1976. No TESTARTE VII, o público poderá ver o caderno com o relato da pesquisa psico-social realizada com estudantes gerada a partir deste trabalho.

 

 

As obras da panorâmica

 

Muitos trabalhos inéditos da artista (em séries) são apresentados pela primeira vez, como: “Cadernos para Colorir”; “Cadernos de Leonardo”; “On ice”, 26 fotos p&b realizada em coautoria com Flávio Pons e Claudio Goulart, a partir de uma performance em um lago congelado em Amsterdã, em 1978; o selfportrait irônico, “Meus pés”, composto de 30 fotografias dos pés da própria artista; “Do aberto e do fechado”, trabalho dos anos 70, em imagens agora digitalizadas e em novo e grande formato; “Epidermic Scapes”, de 1977,  cópias fotográficas p&b, com impressões sobre papel vegetal, com 9 imagens originais da época; “Comparações”, 4 colagens com fotografias e desenhos; “Telegrama Planetário”, de 1974; “O Grito”, de 2006, e “Fêmme Aeroporto”, de 2002, inéditos no Brasil, apresenta imagens apropriadas da mídia; “Atenção II”, de 1980, uma fotografia reproduzida em dezenas de detalhes, em xerografia; “Arroio Dilúvio” e “Consum”, ambos de 2013, livros de artista com impressões digitais; completando a panorâmica, os inéditos “Auto-retrato no espelho”, fotografia digital colorida de 2013, com a imagem da artista duplamente refletida no espelho e “Falso Andy Warhol”, em xerografia, de 1987, obra irônica, uma apropriação de uma foto de Man Ray retratando Meret Oppenheim e, numa paródia de Andy Warhol, a artista exacerba a questão da apropriação de imagens.

 

 

A palavra da curadora

 

O uso da fotografia e a exploração das qualidades intrínsecas da imagem técnica são procedimentos recorrentes na produção de Vera Chaves Barcellos, desde o início de sua trajetória artística. Alinhada com a vertente conceitual desde o final dos anos 1960, a importância concedida pela artista ao plano das ideias nunca se dá em detrimento da materialidade ou do apuro formal. Dito de forma mais precisa, o interesse de Vera Chaves pela imagem e pela fotografia passa pela atenção à forma, ao lugar e ao contexto de apresentação, assim como é direcionado ao exercício da linguagem e às referências ao próprio campo da arte e à sua história. A investigação sobre as relações entre pensamento e percepção constitui outro fundamento para a abordagem dos trabalhos reunidos nesta exposição, na medida em que a conduta perceptiva ou imaginativa do receptor/espectador é um dos focos de pesquisa da artista. O recurso à série, por sua vez, é outro ponto de conexão entre vários trabalhos apresentados em Inéditos ou Quase, por sua recorrência na produção de Vera Chaves ao longo destas quatro décadas de atividade. Mais do que um desejo de elaborar um tipo de narrativa visual, o trabalho com séries de imagens sinaliza o caráter processual da produção de uma obra artística, conectando o momento de sua concepção ao seu destino. Destino que se manifesta ao propiciar o compartilhamento de uma experiência estética que desestabilize as certezas e os lugares-comuns da vivência cotidiana. Ao atingir este caráter emancipador pouco importa se vemos uma obra pela primeira ou pela milésima vez.

 

 

Até 14 de dezembro.