Dois na Casa França-Brasil

14/mar

A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, abre sua temporada de 2013, com a exposição “Contos sem Reis”, individual de Laercio Redondo, sob curadoria de Frederico Coelho. A mostra, que reúne um conjunto de obras heterogêneas interrogando o processo de construção de uma identidade nacional. Tomando sempre como ponto de partida livros, filmes, personagens ou acontecimentos históricos, a obra de Laercio assume como matéria a memória e seus apagamentos (voluntários ou não), revelando e expandindo esses processos invisíveis através de imagens e instalações. Em“Contos sem Reis”, o artista revolve a história da Casa França-Brasil, pensada como emblema da cidade do Rio de Janeiro, antiga capital do Império.

 

A mostra é composta por trabalhos de grandes dimensões, mas também por pequenas interferências na arquitetura e circulação do prédio, como, por exemplo, a abertura de uma tampa no piso, revelando, assim, uma antiga galeria subterrânea logo na entrada da Casa França-Brasil. Essa intervenção guarda as relações com a planta original do edifício e assinala sua proximidade com o mar e sua antiga função de Alfândega.

 

O salão central, de 200 metros quadrados, abriga a obra “Ponto Cego”, uma construção em madeira, em que se lê a palavra REVOLVER (no sentido de investigar, examinar). Feita com pequenas ripas de madeira, a peça tem 12 metros de largura por quatro de altura. Dependendo do ponto de vista do espectador no espaço, a palavra ganha ou perde legibilidade.

 

Na primeira das salas laterais da Casa, Redondo apropriou-se de imagens do livro“Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, do artista de Jean-Baptiste Debret (1768 -1848), para construir três outros trabalhos interligados – todos inéditos. Uma das obras se constitui de um arquivo ou uma biblioteca de referência que pode ser consultado pelos visitantes, em que 77 bancos de madeira têm os assentos impressos com paisagens de Debret sobre o Rio de Janeiro.

 

Concluindo a mostra, “Carmen Miranda – uma Ópera da Imagem” ocupa a segunda sala lateral da Casa. A escultura sonora investiga a imagem da cantora luso-brasileira, atriz da Broadway e de Hollywood. Pequenos alto-falantes presos aos móbiles emitem fragmentos de um texto sobre Carmen Miranda, escrito pela filósofa brasileira Márcia Sá Cavalcante Schuback, colaboradora de Laercio Redondo nesse projeto.

 

Sobre o artista

 

Laercio Redondo, nasceu em Paranavaí, Paraná, 1967. Formado pela Academia de Belas Artes de Varsóvia, Polônia, 1993-94, e pela FAAP de São Paulo, o artista concluiu o Mestrado na Konstfack, University College of Art, Crafts & Design de Estocolmo, Suécia 2001. Realizou diversas mostras individuais, entre elas, “Lembrança de Brasília”, Galeria Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro, 2012); “Listen to me”, no Kunsthalle Göppingen, Alemanha; Centro de Artes Visuales Pedro Esquerré, Matanzas, Cuba, 2005 e no Espaço Cultural Sergio Porto, Rio de Janeiro, 2002. Entre as exposições coletivas de que participou destacam-se: “MAC 50: Doações Recentes 1”, MAC-USP, São Paulo, 2013; “Solo Projects”, Museu Carmen Miranda|ArtRio, Rio de Janeiro, 2011; “Some found text and borrowed ideas”,Björkholmen Gallery, Estocolmo, Suécia, 2010; “Leibesubüngen – Vom tun und Lassen in der Kunst”, Galerie der Hochschule für Bildende Künste, Braunschweig e também no Museu de Arte de Heidenheim, Alemanha, 2008; “Geração da Virada”, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2006; XI Triennale Índia, Nova Delhi, Índia, 2005; “The Flip Book Show”, Kunsthalle Düsseldorf, Alemanha, 2005; “Im Bild”, Kunsthalle Göppingen, Alemanha, 2004; “Modos de usar”, Galeria Vermelho, São Paulo, 2003 e Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil, 2003. Foi artista residente em diversas instituições, como, IASPIS em Estocolmo, Suécia, em 2008, Programa Batiscafo em Havana, Cuba, em 2007, e na Akademie Schloss Solitude, em Stuttgart, Alemanha, em 2004-2005. Entre os prêmios conquistados estão: Prêmio Energisa, Usina Cultural Energisa, João Pessoa, 2012; II Prêmio Sergio Motta, São Paulo, 2002; Mostra Rio Arte Contemporânea, MAM-Rio, 2002 e Salão Nacional de Artes Plásticas, MAM-Rio, 1998. O artista  vive e trabalha entre Estocolmo, Suécia, e o Rio de Janeiro.

 

De 16 de março a 05 de maio.

 

 

Projeto COFRE

 

Daniel Steegmann Mangrané apresenta “Cipó, Taioba, Yví”

 

Na Casa França-Brasil, uma nova dinâmica curatorial colaborativa foi introduzida: o artista do Cofre tem sido escolhido pelo artista que ocupa o grande espaço expositivo da Casa, criando um contato direto entre as obras apresentadas. EmContos sem Reis”, Laercio Redondo cede parte do seu espaço para Daniel Steegmann Mangrané, que ocupará a área exígua do cofre, de apenas 2 x 2m. Steegmann apresenta uma instalação, feita especialmente para a Casa, intitulada “Cipó, Taioba, Yví”. A obra é um painel vertical folheado a ouro, afixado no interior do Cofre, na altura dos olhos do visitante. Sobre ele, são projetados slides de diversas sombras de plantas endêmicas das florestas do Brasil.

 

Sobre o artista

 

Daniel Steegmann Mangrané nasceu em Barcelona em 1977 e vive no Brasil desde 2004, entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Sua obra foi mostrada recentemente em individuais na Mendes Wood, São Paulo, 2011; Halfhouse, 2011, Barcelona; Centro Cultural Sergio Porto, Rio de Janeiro, 2010; Fundació La Caixa, Barcelona, 2008. Seus trabalhos participaram de coletivas, como a Bienal de São Paulo, A Iminência das poéticas, 2012, Galeria Diana Stigter, Amsterdam, 2012; RongWrong, Amsterdam, 2012; Espai d’Art Contemporani de Castelló, 2011, Galeria Estrany de la Mota, Barcelona, 2011; Galerie im Riegerungsviertel / Forgotten Bar Project, Berlim, 2010; Galerie KoraAlberg, Antwerp, 2010; Entes, Barcelona, 2009; After-the-Butcher, Berlin, 2009; Bienal de Teheran, 2008; Museo de Arte Contemporanea de Santiago do Chile, 2008 e Centro Cultural São Paulo, 2007. Steegamann recebeu ainda bolsas e prêmios, entre os quais, do MUSAC, Ciutat d’Olot, CoNCA, ABC Prize, Miquel Casablancas, José García Jiménez Foundation e o Akademie der Kunste. Além da prática artística, Daniel Steegmann Mangrané é um dos organizadores do programa acadêmico experimental Universidade de Verão no Capacete, Rio de Janeiro.

 

De 16 de março a 05 de maio.

Livro e exposição no Recife

11/mar

No catálogo da exposição que realiza em sua galeria no Recife, PE, o marchand Carlos Ranulpho recebe uma saudação do psicanalista e crítico de arte mineiro Carlos Perktold por seus “45 anos com Arte’. Afirma Perktold: “…Nosso marchand Ranulpho, cultivador de beleza e cultura em Recife, começou em 1968, o ano que não terminou, ano tão importante e decisivo politicamente pelo mundo afora. Importante para Recife, que recebeu Ranulpho com abraços e carinhos. Não foi somente a cidade, mas seus bravos e talentosos pintores, a começar por Vicente do Rego Monteiro, brilhante em tudo que fazia e amigo do “lado esquerdo do peito” do marchand”. O conhecido marchand lançou na ocasião o livro “Vicente do Rego Monteiro/Olhar sobre a década de 1960”, de autoria do crítico Jacob Klintowitz.

 

Até 05 de abril

Piza em BH

A galeria Murilo Castro, Sala 1, Savasi, Belo Horizonte, MG, exibe “Tramas”, mostra individual de Arthur Luiz Piza. A exibição causa impacto pelo material empregado: um conjunto de molas, gradis e aramados aparentemente retorcidos. Trata-se do mais recente conjunto de obras criadas pelo artista. A exposição, mostra a capacidade evolutiva de Piza, um dos mais importantes gravadores brasileiros que agora revela algumas esculturas. Piza foi aluno, nos anos 40, de seu primo, Antonio Gomide, com quem estudou desenho e pintura. Piza vive e trabalha em Paris desde 1951, período que marca sua participação na 1ª Bienal Internacional de São Paulo. Em Paris aprendeu técnicas de gravura em metal que mais tarde o conduziram às primeiras experimentações tridimensionais. Em edições seguintes da Bienal, foi contemplado com os prêmios de “Aquisição”, em 1953, e “Melhor Gravador Nacional”, em 1959. Desde então se dedicou a montagem de aquarelas reorganizando os fragmentos geométricos em colagens sobre tela, papel, cobre e madeira. Aos 84 anos, e ainda radicado na França, o artista segue em plena atividade. A mostra “Tramas” exibe esculturas em arame, colagens e gravuras produzidas a partir do ano 2000. Complementando a mostra,  uma série de aquarelas recortadas em pequenos formatos. Em telas de 12 por 8 centímetros, Piza sobrepôs diversos fragmentos. Sua obra pode ser admirada em importantes museus mundo afora como o Museu Albertina, Viena, Áustria; Art Institute of Chicago, Chicago, EUA; Musée National d´Art Moderne, Centre Pompidou, Paris, França; Museum of Modern Art, Nova York, EUA; Victoria and Albert Museum, Londres, Inglaterra e também nos brasileiros MAM-Rio; MAM-SP e Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP. No texto de apresentação da mostra, Jean François Jaeger, diretor da Galerie Jeanne-Boucher, Paris, afirma que “…Aqui o que vemos é o material que se dobra para chegar pá harmonia, que procura a respiração na espessura do entrelaçado e sua flexibilidade e transparência para nos convidar a explorar, segundo as possibilidades de cada um, um espaço mágico. Tudo o que em suas gravuras revelam de energia, fineza, sensualidade, está intacto nesses transes mediúnicos. Em geral pequenos, e como obrigados à modéstia, eles concentram todo tipo de energia, à vezes como efígies que revelam, porque em contração, a monumentalidade da concepção, que autorizaria a metamorfose deles em grande dimensão.”

 

Até 12 de abril

Aquila, 70 anos

08/mar

 

O artista plástico Luiz Aquila completou 70 anos de vida e comemorou com exposição individual no Sesc Quitandinha, Petrópolis, RJ. A curadoria leva a assinatura de Vanda Klabin que selecionou 20 obras, entre oito pinturas inéditas, guaches, aquarelas, bico de pena e acrílico sobre tela. A mostra reúne telas de grandes e médias dimensões e uma série sobre papel, disposta em ordem cronológica. Durante a mostra, exibição de dois vídeos, um deles produzido por João Emanuel Carneiro há 20 anos, fazendo um passeio pelo cotidiano do artista e conta com depoimentos de Beatriz Milhazes, Daniel Senise e Aluisio Carvão. O trabalho mais antigo, “Guache Carnavalesco”, é de 1979, “corresponde justamente ao meu retorno definitivo ao Rio e a Petrópolis, depois de quase 18 anos morando em cidades como Lisboa, Paris e Brasília”, relembra o artista. “A pintura de Luiz Aquila ocupa, na história de nossa arte brasileira, uma posição singular, tanto pelo requinte cromático quanto pela extrema complexidade formal”, diz a curadora Vanda Klabin. As comemorações pelos 70 anos de Luiz Aquila vão continuar ao longo do ano, com palestras e a publicação de um livro sobre sua trajetória.

 

Até 21 de abril.

Ivan Serpa por Adriano de Aquino

Ivan Serpa – Amantes, 1965

A Caixa Cultural, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição “Olhar de Artista: Adriano de Aquino lê Ivan Serpa”, trazendo a visão do pintor Adriano de Aquino sobre a trajetória de Ivan Serpa. Na curadoria, Aquino selecionou aproximadamente 80 trabalhos de Serpa, que revelam a pluralidade própria à obra do homenageado. Ao invés de privilegiar um período da carreira de Serpa ou uma linguagem com que tenha trabalhado, a mostra explora a multiplicidade de sua trajetória, tendo como ponto de partida o quadro da “Série Geomântica”, sem título, pintado em 1973. A obra não chegou a ser concluída pelo pintor e, em catálogo, ganhou a inscrição “Inacabado” entre as suas descrições técnicas. O quadro “Inacabado” aproxima duas figuras de referência para a história da pintura brasileira, Serpa e Aquino. As trajetórias de ambos ajudam a compreender as principais forças que mobilizaram o campo artístico em meados do século XX. Cada um à sua maneira, ambos são reconhecidos por sua forte sensibilidade crítica.

 

Sobre os artistas

 

Ivan Serpa, 1923-1973, nascido no Rio de Janeiro, além de pintor e desenhista, também é reconhecido pela diversidade de linguagens que experimentou em sua trajetória. Produziu colagens em papel, desenhos, guaches, híbridos de formas abstratas e figurativas. Foi celebrado como o melhor artista jovem, na I Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, com uma pintura já concreta. Na década de 1960, esteve ligado ao movimento concretista, sendo considerado o pioneiro no Brasil. Em 1953, juntamente com Lygia Clark, Lygia Pape, Franz Weissmann, Abraham Palatinik, Hélio Oiticica e Aluísio Carvão, articulou a criação de um núcleo de arte chamado Grupo Frente.

 

Adriano Aquino, em 1973, viajou para Paris, após receber do governo francês uma bolsa de estudos, por sua participação na mostra “12 desenhistas do Rio”. Participou da exposição, “Geometria sensível”, em 1978, realizada no MAM-Rio, marco principal de sua volta ao Brasil. Há mais de 30 anos, atua como gestor e articulador de políticas públicas para a cultura. O pintor nasceu mais de 20 anos depois de Serpa, em 1946, porém compartilhou com ele muitas das inquietações que conduziam o ambiente artístico na década de 1960, quando começou a produzir.

 

Até 28 de abril.

40 fotos de Boris Kossoy

“Busca-me”, é a nova e inédita série concebida por Boris Kossoy, nome fundamental na história da fotografia brasileira – como autor e pensador –, será apresentada nesta sua primeira individual na galeria Berenice Arvani, Cerqueira César, São Paulo, SP. Conforme aponta o curador da exposição Diógenes Moura, as 40 fotografias (peças únicas, sem cópias), “não são apenas imagens, nem em seus signos e em suas representações, mas cada uma contém a vida inteira do fotógrafo”.

 

Segundo Moura, depois da exposição realizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2008, Kossoy recolheu-se como de costume, em casa e em vários países do mundo e está de volta para comprovar que uma fotografia não possui apenas uma face exterior. “E, não sendo exterior, um dos seus manequins poderá inclusive sorrir, ou derramar uma lágrima. A fotografia de Kossoy é precisa: domina o tempo. O espectador sente a presença do fotógrafo invisível querendo sair para encontrar o sol, se aproximar do hidrante vermelho que, como os ETs, estão de volta. Os hidrantes, os ETs ou a natureza onde novamente no meio das folhas encontraremos outra máscara, um grito”, completa o curador.

 

Em “Busca-me”, Boris Kossoy evoca seu mundo flutuante, “um roteiro imaginado, entre muitos outros, de situações, prazeres, amores, perfumes e dores que afetaram para sempre seus sentidos. Vemos personagens deste teatro imaginário onde coabitam seres dos dois mundos e imaginamos os espectadores com eles interagindo numa relação secreta e triangular”, explica o fotógrafo. Todo esse universo foi interpretado a partir de paisagens, ruas e praças, o olhar do fotógrafo através das janelas, diante de espelhos, pelo interior de vitrines, nas telas do cinema e da TV e dos aparelhos eletrônicos.

 

Boris Kossoy, com seu preciosismo técnico e teórico, extrai, sobretudo, do profundo os fundamentos de sua fotografia. Com isso, vem construindo uma trajetória que o coloca como um dos mais importantes fotógrafos brasileiros, autor de produção aclamada também internacionalmente.

 

Sobre o artista

 

Suas obras fazem parte de importantes coleções permanentes, como do Museum of Modern Art – MoMA, N.Y; George Eastman House, Rochester, N.Y; Smithsonian Institution, Washington, D.C.); Bibliothèque Nationale de Paris, Paris, França; Museu de Arte de São Paulo, São Paulo, SP, entre outras.

 

Como pensador, Kossoy, recentemente assinou a curadoria da elogiada mostra “Um olhar sobre o Brasil. A Fotografia na construção da Imagem da Nação”, realizada no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP. Em sua produção intelectual, destacam-se os livros: Viagem pelo Fantástico; Hercule Florence, a Descoberta Isolada da Fotografia no Brasil; Origens e Expansão da Fotografia no Brasil – Século XIX; Fotografia e História; Realidades e Ficções na Trama Fotográfica e Os Tempos da Fotografia: O Efêmero e o Perpétuo.

 

Kossoy é também professor titular da Escola de Comunicações e Artes da USP, foi diretor do Museu da Imagem e do Som de São Paulo e do IDART – Divisão de Pesquisas do Centro Cultural São Paulo criou dentro da mesma universidade NEIIM – Núcleo de Estudos Interdisciplinares de Imagem e Memória. É membro do conselho consultivo da Coleção Pirelli-MASP de Fotografia, entre outras instituições culturais.

 

Até 19 de abril.

Hugo Houayek: reflexos e cores

07/mar

A exposição individual do artista Hugo Houayek na galeria Cosmocopa, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, denominada “Sobre reflexos e cores” explora certos limites do campo pictórico, confundindo algumas fronteiras e certezas. Assim como espelhos refletem outros mundos com outras cores, a exposição busca uma possibilidade de outros mundos e cores através de pinturas, objetos, vídeo, desenhos, texto e música que são convocados para conversarem sobre este assunto.

 

Em“Lanças Azuis” são apresentados 12 objetos apoiados na parede, são ferramentas esquecidas de seu uso marcial que sofrem uma transmutação poética. Já o vídeo “1001 Cores” faz uma referencia à narrativa de Sherazade em que cada história leva a outra – uma história dentro de outra sucessivamente. O vídeo propõe uma narrativa de cores que se sucedem de maneira que cada cor termina em outra. A obra “Cadáver Esquisito” é um texto escrito a 4 mãos – uma colaboração entre Fernando Gerheim e Hugo Houayek – pensado e produzido como o jogo surrealista de maneira que não é uma tentativa de descrição, explicação ou crítica da exposição.

 

No corredor do shopping, que separa a galeria do acervo, foi montada uma obra “h² (k7 baractho remix)”que resulta da parceira com o artista Renato Baratcho. O trabalho tem sua base em uma entrevista feita pelo “Programa de Álvaro Figueiredo” da Rádio Roquete Pinto/RJ, no qual as falas foram editadas e apresentados em uma fita K7: “Lado A” erros e falhas da voz de Hugo Houayek, re-editados e re-mixados em uma espécie de trilha de áudio que se torna música. No “Lado B” a onda gráfica é convertida por algorítimo em texto e lido pelo leitor de texto. Parte do trabalho o espectador é convidado a manusear os K7 entre o lado A e B, executar o play, adiantar, voltar e virar a fita.

 

Até 02 de abril

Novo museu no Rio

06/mar

Tarsila do Amaral – Sol Poente, 1929

O Museu de Arte do Rio, MAR, Zona Portuária, Rio de Janeiro, RJ, abriu suas portas ao público. Após quase três anos em obra e com uma reforma com custo estimado em mais de 76 milhões de reais, o complexo na Zona Portuária do Rio de Janeiro soma 15 000 metros quadrados, divididos por dois edifícios: o Palacete Dom João VI, de estilo eclético, que exibirá todas as exposições de seu calendário, e o prédio modernista – onde funcionou um terminal rodoviário – abrigará o programa educativo da novíssima instituição. O curador do espaço é o experiente crítico de arte Paulo Herkenhoff.

 

Foram inauguradas quatro exposições com a abertura do museu. No térreo se encontra “O Abrigo e o Terreno – Arte de Sociedade no Brasil I”, um projeto que deve se estender pelos próximos cinco anos e que investiga questões ligadas à ocupação do espaço público e à dinâmica da sociedade. Entre os artistas reunidos estão Antônio Dias, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Waltercio Caldas, Lygia Pape e Raul Mourão. A outra mostra “Rio de Imagens: uma Paisagem em Construção”, aborda a evolução da cidade ao longo de 400 anos. Com cerca de 400 peças, o acervo exibe nomes importantes da cena nacional como Lasar Segall e Ismael Nery. As outras duas mostras foram idealizadas a partir de acervos de colecionadores particulares. O marchand Jean Boghici cedeu 140 obras de artistas como Tarsila, Di Cavalcanti, Brecheret, Rubens Gerchman, Kandinsky e Morandi. Outro colecionador que cedeu obras foi Sérgio Fadel com mais de 200 obras de estilo concretista, assinadas por Amílcar de Castro, Willys de Castro, Barsotti, Carvão, entre outros.

 

Até 07 de julho – Vontade Construtiva na Coleção Fadel

Até 14 de julho – O Abrigo e o Terreno – Arte de Sociedade no Brasil I

Até 28 de julho – Rio de Imagens: uma Paisagem em Construção

Até 01 de setembro – O Colecionador: Arte Brasileira e Internacional na Coleção Boghici

Marta Jourdan na Laura Alvim

05/mar

A Galeria Laura Alvim, Ipanema, Rio de janeiro, RJ, inaugura a maior exposição da carreira da carioca Marta Jourdan, com esculturas e um filme, feitos entre 2008 e 2012. A artista apresenta esculturas cinéticas que dão forma a experiências sutis, como condensações, fusões e evaporações, para levar o espectador a perceber o acontecimento, às vezes, desprezível.

Na Laura Alvim, ela propõe um trajeto de situações ao visitante, começando por “Zona de lançamento”: uma pequena bomba envia água para a cabeça de um retroprojetor tradicional, modificado pela artista. Uma válvula acoplada ao aparelho faz pingar o líquido sobre a lente do retroprojetor, que agiganta e projeta as gotas nas paredes  ininterruptamente.

 

Na maior sala da exposição, estará o filme “Súbita matéria”, em que, com uma câmera de altíssima velocidade que registra até mil quadros por segundo, a artista filma a poesia das explosões. A captura mostra os movimentos no milésimo de segundo, revelando a delicadeza das partículas de uma explosão, a magia da água na luz,  a força de um jato que surpreende uma mulher pelas costas. Marta usou dinamites, canhão de ar e 30 mil litros de água para compor as cenas.

 

Em “InSólidos”, um dispositivo eletrônico aciona um ferro de solda que derrete barras de estanho. O estanho derretido pinga em um copo com água formando gotas sólidas.

 

No trabalho intitulado “Óleo”, a artista usa um recipiente com óleo, que espelha o ambiente. Ao se acionar um motor, o cilindro de alumínio gira em alta velocidade e desfaz a imagem refletida sobre o óleo, do ambiente e/ou do público. Quando o motor para, a imagem se recompõe. A operação dura 23 segundos.

 

“Líquidos perfeitos” é um conjunto de 11 esculturas, em que gotas d’água de recipientes de vidro pingam sobre chapas quentes de ferros industriais de passar roupa. Ao tocar a placa de 100º C, as gotas evaporam formando pequenas nuvens e produzindo um som de tzzzzziiii. Os ferros são instalados sobre bancos de madeira de diversas alturas.

 

No texto do folder, o crítico Fernando Cocchiarale diz que “Marta não quer dar forma permanente à matéria sólida. Ela cria, inversamente, máquinas voltadas não só para a alteração de estados físicos da matéria, sobretudo aqueles da transformação da solidez (condição permanente da matéria escultórica), em líquido (InSólidos) e deste, em gasoso (Líquidos perfeitos), como também para a alternância de movimento e repouso (Óleo).”

 

Sobre a artista

 

Marta Jourdan, nasceu no Rio de Janeiro, em 1972. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Graduada em Teatro pela Escola de Artes de Laranjeiras, RJ, em História pela PUC-Rio, a artista completou seus estudos em Cinema na Escola Jacques Le Coq, em Paris, onde desenvolveu técnicas de construção de objetos cênicos. Neste período trabalhou no acervo do Centro Georges Pompidou, Paris. Suas principais exposições individuais foram na Galeria Artur Fidalgo, RJ, 2012; Mercedes Viegas Arte Contemporânea, RJ, 2008 e na Fundação Eva Klabin, RJ, “Projeto Respiração”, 2007.

 

Entre as coletivas das quais participou estão “Super 8″, Christopher Grimes Gallery, Los Angeles, 2011; “Nova Escultura Brasileira”, Caixa Cultural, RJ, 2011; “Projeto Coleções Instituto Inhotim”, BH, MG, 2010; Projeto “2 em 1” Cavalariças do Parque Laje, RJ, 2009; Instituto Goethe de Nova York, 2008; Festival Multiplicidade, Sesc Pompéia, SP, 2008; Jeu de Paume, Paris, 2007; Gandy Gallery, Bratislava, Eslováquia, 2007 e Kunstverein Hamburgo, Alemanha, 2001.

 

A curadoria da programação da Galeria Laura Alvim é do crítico carioca Fernando Cocchiarale, que se despede com a exposição de Marta Jourdan, depois de dois anos.

 

Até 28 de abril

Rodrigo Kassab explora limites

A Galeria LUME, Itaim Bibi, São Paulo, SP, inaugura sua programação de exposições de 2013 com “Priva-cidade, Publi-cité”, mostra individual de Rodrigo Kassab, na qual são exibidas pela primeira vez todas as fotografias da série que dá nome à mostra.

 

Esse conjunto de fotografias é composto por imagens de linhas paralelas que delineiam fachadas de prédios e janelas, que são o cerne dessas fotografias. Em “Priva-cidade, Publi-cité”, o artista faz uma investigação dos limites e das relações entre os espaços públicos e os privados. “Percebi que este limite estava muito presente em cortinas e janelas, e, ao fotografá-las, poderia colocar o espectador entre esses dois espaços, como um voyeur, mas sem o elemento fetiche do voyeurismo, que é o medo de ser percebido”, explica Rodrigo.

 

O que se vê nessas fotografias são fragmentos de histórias, que, embora pessoais, estão à vista de quem passa diante dessas janelas. “A eterna pausa da fotografia nos dá segurança e nos permite a reflexão. Se pararmos para pensar, esse jogo entre público e privado vai acompanhar a foto onde quer que ela esteja”, diz ainda o artista.

 

Em sua pesquisa conceitual, Rodrigo Kassab escolhe um ambiente e caminha a esmo por ele até se deparar com elementos que servem como resposta a suas indagações. A série foi iniciada em Paris, daí o motivo para uma das palavras do título estar em francês. “Se essas imagens fossem estar situadas em algum lugar, esse lugar seria o espaço que há entre a privacidade e a publicidade, que parece imenso, mas na verdade é menor que o traço que separa o titulo”, reflete o fotógrafo.

 

Com influência do construtivismo, grande inspiração para “Priva-cidade, Publi-cité” é a arquitetura, analisada sob o espectro de reflexo humano e interação social, além do fator efemeridade, visto que as construções fotografadas para a série podem deixar de existir em algum momento, dando lugar a novas histórias, compartilhadas com o mundo, acidentalmente ou não, através das janelas. A curadoria é de Paulo Kassab Jr e a coordenação de Felipe Hegg.

 

Formado em Cinema e Fotografia, Rodrigo Kassab trabalha como diretor de cinema, diretor de fotografia e fotógrafo. Além das artes visuais, o artista se interessa principalmente pela arquitetura e música, artes que busca retratar em suas imagens. Morou em Paris de 2008 a 2011.

 

Até 25 de março