Rodrigo Kassab explora limites

05/mar

A Galeria LUME, Itaim Bibi, São Paulo, SP, inaugura sua programação de exposições de 2013 com “Priva-cidade, Publi-cité”, mostra individual de Rodrigo Kassab, na qual são exibidas pela primeira vez todas as fotografias da série que dá nome à mostra.

 

Esse conjunto de fotografias é composto por imagens de linhas paralelas que delineiam fachadas de prédios e janelas, que são o cerne dessas fotografias. Em “Priva-cidade, Publi-cité”, o artista faz uma investigação dos limites e das relações entre os espaços públicos e os privados. “Percebi que este limite estava muito presente em cortinas e janelas, e, ao fotografá-las, poderia colocar o espectador entre esses dois espaços, como um voyeur, mas sem o elemento fetiche do voyeurismo, que é o medo de ser percebido”, explica Rodrigo.

 

O que se vê nessas fotografias são fragmentos de histórias, que, embora pessoais, estão à vista de quem passa diante dessas janelas. “A eterna pausa da fotografia nos dá segurança e nos permite a reflexão. Se pararmos para pensar, esse jogo entre público e privado vai acompanhar a foto onde quer que ela esteja”, diz ainda o artista.

 

Em sua pesquisa conceitual, Rodrigo Kassab escolhe um ambiente e caminha a esmo por ele até se deparar com elementos que servem como resposta a suas indagações. A série foi iniciada em Paris, daí o motivo para uma das palavras do título estar em francês. “Se essas imagens fossem estar situadas em algum lugar, esse lugar seria o espaço que há entre a privacidade e a publicidade, que parece imenso, mas na verdade é menor que o traço que separa o titulo”, reflete o fotógrafo.

 

Com influência do construtivismo, grande inspiração para “Priva-cidade, Publi-cité” é a arquitetura, analisada sob o espectro de reflexo humano e interação social, além do fator efemeridade, visto que as construções fotografadas para a série podem deixar de existir em algum momento, dando lugar a novas histórias, compartilhadas com o mundo, acidentalmente ou não, através das janelas. A curadoria é de Paulo Kassab Jr e a coordenação de Felipe Hegg.

 

Formado em Cinema e Fotografia, Rodrigo Kassab trabalha como diretor de cinema, diretor de fotografia e fotógrafo. Além das artes visuais, o artista se interessa principalmente pela arquitetura e música, artes que busca retratar em suas imagens. Morou em Paris de 2008 a 2011.

 

Até 25 de março

 

Um olhar sobre o Brasil/CCBB-Rio

28/fev

Com mais de 300 imagens de diferentes acervos públicos e coleções privadas, chega ao CCBB-Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, a exposição “Um olhar sobre o Brasil. A Fotografia na construção da Imagem da Nação”, realizada pela Fundación Mapfre, com a colaboração do Instituto Tomie Ohtake. O projeto inédito, de pensar 170 anos de história do país, 1883-2003, a partir do registro fotográfico, tem curadoria do especialista em história da fotografia Boris Kossoy e curadoria adjunta da antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz.

 

A mostra, com cenografia assinada por Daniela Thomas e Felipe Tassara, percorre caminhos de luz e sombra, costurando história e iconografia. Tomando como ponto de partida o momento próprio de invenção da técnica fotográfica, a exposição revisita o olhar “científico” que guiava as expedições estrangeiras, o gosto de D. Pedro II pelo novo suporte e os registros de revoltas populares como a de Canudos, até chegar à grande multiplicação de temas, ângulos, acontecimentos e reviravoltas que compuseram o longo século 20.

 

Cada fotografia se faz acompanhar por um pequeno texto; na verdade, sua micro-história, com informações que vão muito além da tradicional legenda (título, data, autor). Esse diferencial é conseqüência da ampla pesquisa realizada para a mostra, tanto referencial quanto iconográfica (essa última assinada por Vladimir Sacchetta). Ao refletir sobre as fotos escolhidas, o curador destaca o esforço em ”valorizar o simbólico, tentar evitar a redundância, destacar o anônimo e o cotidiano naquilo que têm de aparente e oculto, rever criticamente as imagens conhecidas e ideologicamente comprometidas com as histórias oficiais.”

 

A mostra

 

Para organizar o grande número de imagens, a curadoria estruturou o material a partir de quatro grandes eixos temáticos: política, sociedade, cultura/artes e cenários. Ao mesmo tempo, os 170 anos foram divididos em sete períodos, demarcados por fatos marcantes da história nacional: 1833 -1889/Luzes sobre o Império; 1889 – 1930/Urbanidade, conflitos, modernidade; 1930 -1937/Ideologias, revoluções, nacionalismos; 1937 -1945/Autoritarismo, repressão, resistência; 1945 -1964/Industrialização, desenvolvimento, anos dourados; 1964 -1985/Tempos sombrios e 1985 – 2003/O reacender das luzes.

 

Escolhida como ponto de partida da exposição, a data de 1833 refere-se às experiências precursoras de Antoine Hercule Romuald Florence, 1804–1879, levadas a efeito na vila de São Carlos (Campinas) e que o conduziram a uma descoberta independente da fotografia, pioneira nas Américas e contemporânea às que se realizavam na Europa, na mesma época.

 

Pensando ainda no século 19, Lilia Schwarcz ressalta os fotógrafos itinerantes que varreram o país de ponta a ponta – motivados, a princípio, pelo desejo de conhecer esse Império dado a costumes, climas e políticas em tudo tão distintos.

 

Hobby do imperador D.Pedro II, a fotografia tornou-se ferramenta para registrar um número cada vez maior de famílias da elite, em cenas devidamente posadas.  Junto com o registro da paisagem urbana, rural e natural, os retratos de estúdio introduziram a prática fotográfica no cotidiano das sociedades em todo o mundo.

 

Ao longo de todo o século 20 e com cada vez mais intensidade, a nova arte tomou as páginas das revistas e dos jornais, diversificou seus temas e, saindo às ruas, acompanhou os momentos mais marcantes da vida brasileira – alguns gloriosos, outros bastante sombrios.

 

Técnica documental, mas também plataforma da criação e profusão de sentido, a fotografia fez parte da construção da identidade nacional desde a época de sua invenção não só retratando, mas também contribuindo para definir costumes, numa intrincada rede de relações.

 

De 01 de março a 07 de abril.

Eduardo Berliner no CCBB/Rio

26/fev

O artista Eduardo Berliner é o único brasileiro com obra na Saatchi Collection de Londres, participou da Bienal Internacional de São Paulo de 2012 e esta é a maior individuai de sua carreira. A Sala A Contemporânea do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe a maior exposição individual de Eduardo Berliner. São cerca de 30 trabalhos figurativos de dimensões variadas, desenhos e aquarelas, pinturas a óleo sobre tela, duas esculturas inéditas e dois vídeos que, pela primeira vez, ele inclui em uma mostra. Segundo Berliner, seu processo escultórico segue o mesmo raciocínio da pintura. Ele sempre trabalhou com esculturas. Algumas vezes, constrói objetos a serviço da pintura. “Faço objetos, aquarelas, desenhos e a pintura é a coluna vertebral. Um alimenta o outro” diz o artista. Um dos vídeos inéditos tem bonecos feitos de massinha como personagens.

 

A construção das cenas é baseada na observação direta, em memórias e situações imaginadas. Paisagem, arquitetura, resíduos da cultura e relações humanas são reconfigurados através de narrativas pessoais e pelo próprio processo de pintura. Quando está fora de seu ateliê, Berliner  desenha e faz anotações em cadernos, usa aquarela e registros fotográficos. Suas obras costumam mostrar narrativas que causam estranhamento, o que parece tangenciar o “surrealismo”. O artista, porém, não considera o termo adequado à sua produção. O desenho ou a pintura pode surgir de algo observado ou representar situações híbridas, afetadas por imagens mentais, de coisas mundanas.

 

A palavra do artista

 

Às vezes imagino cenas complexas e tento materializá-las parcialmente no mundo, articulando objetos, filmando a mim mesmo ou pedindo para alguém posar. Fotografo a cena e faço alguns desenhos para refletir sobre as possibilidades que aquela imagem me oferece como ponto de partida para uma pintura.  Ao tentar materializar essas imagens mentais, o acaso é incorporado ao processo narrativo. A medida que avanço na fatura da pintura, minhas ações passam a ser guiadas pela necessidade do quadro e meu raciocínio torna-se mais abstrato.

 

Associo o aspecto aparentemente fantástico do trabalho a uma tentativa de criar uma analogia visual próxima do arrebatamento que sinto diante do  que minha cabeça deforma e reordena minhas memórias e sua complexidade sensorial, ou como, às vezes, ao observar algo aparentemente banal, meus pensamentos são transportados para lugares estranhos sem que eu saiba o porquê.

 

Em meu trabalho, sou obrigado a confrontar com minhas ansiedades, medos e traumas. Este confronto converte adversidade em potência.  Os animais sempre fizeram parte da minha obra desde meu primeiro trabalho, pois ocupam papel importante em minha memória da infância. Eles não são o assunto, mas parte do meu vocabulário. Às vezes não consigo avaliar se lembro de fato do animal ou se a memória veio de uma foto antiga de um álbum de família, se um coelho era real ou da estampa em um pijama. Creio que, em meu trabalho, situações que envolvem figura humana e animal seja uma tentativa de construir metáforas sobre nossa vulnerabilidade.

 

Sobre o artista

 

Eduardo Berliner nasceu, em 1978, no RJ, onde vive e trabalha. Sua formação em arte foi com Charles Watson, com quem estudou desenho e participou de seu grupo  de estudos. Paralelamente, graduou-se em Desenho Industrial e Comunicação Visual pela PUC, Rio, em 2000, e fez Mestrado em Tipografia na Universidade de Reading, Inglaterra, concluído em 2003. Berliner tem obras na Coleção Gilberto Chateaubriand/ MAM Rio; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Coleção Banco Itaú S.A., São Paulo; Coleção Saatchi, Inglaterra; Coleção Cisneros, Nova York-Caracas; Bob and Renee Drake Collection, Wassenaar, Holanda, entre outras. Esta é a quarta individual do artista. Em 2006 e 2012, participou da Bienal Internacional de São Paulo, foi finalista do “Prêmio Pipa 2011″ e foi agraciado com o “Prêmio CNI-SES/ Marcantonio Vilaça”, 2010. Sua obra fez parte de salões e coletivas em algumas capitais brasileiras e em Paris.

 

Até 31 de março.

Agnieszka Kurant no Brasil

22/fev

A galeria Fortes Vilaça, Vila madalena, São Paulo, SP, exibe a primeira exposição individual no Brasil, da artista polonesa Agnieszka Kurant apresentando uma série de trabalhos que tem como fio condutor o seu interesse por elementos fugazes ou imperceptíveis. Estes elementos norteiam as obras que tem suportes diversos e fazem referências à historia, à ciência e à literatura.

 

A idéia de um “capital fantasma” (Phantom Capital), que dá título à exposição, permeia todos os trabalhos na mostra. Este conceito se refere a uma troca de valores simbólicos, de forças intangíveis ou invisíveis que muitas vezes influenciam nossa sociedade sem que necessariamente tenhamos consciência disto.

 

Na obra “Phantom Library”, a artista produz livros imaginários, títulos que nunca foram escritos, lidos ou publicados mas que aparecem em livros reais de autores como Stanislaw Lem, Roberto Bolaño e Jorge Luis Borges, entre outros. Kurant os apresenta como objetos esculturais para os quais ela comprou números de ISBN e adquiriu códigos de barra dando-lhes assim um status no mundo material.

 

Já “MacGuffin” é uma escultura em forma de tapete que se move misteriosamente. O tapete é uma reprodução de um dos tapetes na sala da conferência de Yalta, onde os líderes mundiais definiram a divisão do mundo no pós guerra. O título da obra é um termo de técnica narrativa que define um objeto ou pessoa cuja importância não se define na trama, de certa forma como um fantasma.

 

Em88,2 mhz”, – o título da obra muda de acordo com a frequência de rádio utilizada na exposição -, um toca-fitas com um rádio transmissor, emite o som de pausas silenciosas extraídas de diferentes discursos políticos, intelectuais ou econômicos. O som é captado por uma antena que o retransmite para um rádio em um terceiro espaço da exposição. A fita com a compilação de silêncios é, por sua vez, a concretização de um trabalho fictício existente no conto de Heinrich Boll “Murke’s collected Silences” , de 1955.

 

A exposição também inclui um mapa-mundi retratando ilhas inexistentes, inventadas por exploradores do passado, impresso com tinta termo sensível que faz a imagem desaparecer conforme o calor. E “Uncertainty Principle”, uma escultura em forma de uma ilha que “magicamente” levita no ar, entre outros trabalhos na mostra, aos poucos revela o universo do desconhecido que alimenta a obra conceitual de Agnieszka.

 

Sobre a artista

 

Agnieszka Kurant nasceu em 1978 na Polônia e vive e trabalha em Nova York. Representou seu país natal na Bienal de Veneza em 2010 com um trabalho em colaboração com a arquiteta Aleksandra Wasilkowska. Já participou de exposições individuais e coletivas tais como, CoCA, Torun, PL, 2012; Witte de With, Rotterdam, 2011; Performa Biennial, Nova York, 2009; Athens Biennale, Greece, 2009; Frieze Projects, London 2008, Moscow Biennale, 2007; Tate Modern, London, 2006; Mamco, Geneva, Italy, 2006 and Palais de Tokyo, Paris, 2004; entre outras. Foi artista residente na Location One, Nova York, 2011-2012; Paul Klee Center (Sommerakademie), Bern, 2009; ISCP, New York 2005; e Palais de Tokyo, Paris, 2004. Foi finalista, em 2009, do International Henkel Art Award, MUMOK, Vienna. Sua monografia “Unknown Unknown” foi publicada pela editora Sternberg Press,  2008.

 

Até 23 de março.

Esculturas de Toyota

Diferente de uma exposição tradicional, que mantém os visitantes a certa distância das obras de arte, a mostra “Sim, pode tocar!”, cartaz do Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, convida o visitante a entrar em contato com as 18 esculturas de Yutaka Toyota não apenas pela visão, mas também pelo tato e pela audição. O público poderá ouvir a descrição das esculturas feita por um catálogo sonoro gravado em CD. As obras emitirão sons pela aproximação do espectador que, nesse ato, ativará sensores instalados em suas bases.

 

Além disso, o catálogo reproduz 10 obras em baixo relevo, para serem tocadas. O trabalho, desenvolvido principalmente para deficientes visuais, também desperta – através de texturas, formas e sons – os sentidos de quem possui visão normal. Segundo a curadora Cláudia Lopes, “as obras de Toyota são o que são, e são o que somos. Tal qual espelhos, nos incorpora e são por nós incorporados. Um reflete o outro”.

 

Sobre o artista

 

Yutaka Toyota nasceu em 1931 em Tendo, ao norte do Japão. Chegou ao Brasil em 1958 e montou, no bairro da Liberdade, uma pequena fábrica de artesanato e de móveis de charão, ou seja, móveis revestidos com um verniz negro ou vermelho que tem como base a laca. Paralelamente, montou um pequeno ateliê de pintura no qual utilizava tanto o óleo como a laca na realização de sua obra. Em 1961, foi convidado a expor em Buenos Aires, Argentina, na Galeria Velazquez. De volta a São Paulo, Toyota participou de numerosas exposições coletivas e individuais, em salões e galerias realizadas em São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro conquistando premiações importantes. Em 1965, mudou-se para a Itália, onde realizou várias individuais.

 

Na década de 1970, Toyota desenvolveu intensa atividade artística, com exposições individuais no Brasil, Colômbia, Estados Unidos e Japão, e numerosas coletivas no Brasil, Colômbia, Bélgica, Japão e Canadá. Nessa mesma década dedica-se à realização de esculturas monumentais para espaços públicos, no Brasil e no exterior. No Brasil cria e instala esculturas na Praça da Sé, Hotel Maksoud Plaza, Campus da Fundação Armando Alváres Penteado – FAAP, Aeroporto de Brasília, Hotel Mofarrej, Jardim da Luz, contíguo à Pinacoteca do Estado de São Paulo, Conselho Brasileiro Britânico, São Paulo. Em 1991 a APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte – conferiu a Yutaka Toyota o prêmio de Melhor Escultor Nacional.

 

Até 17 de março.

Exposição de Verão: 10 anos

19/fev

A Exposição de Verão da Galeria Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, chega à 10ª edição, em clima de celebração. O perfil desbravador, com o olhar voltado para o futuro da arte contemporânea brasileira, ganha companhia de um sentimento de reconhecimento. Muitos nomes que passaram pela mostra na última década ganharam projeção no país e no exterior.

 

A curadoria é da crítica de arte Luisa Duarte, contemporânea dessa geração e que acompanhou atentamente seu crescimento. A jovem crítica, em seu diálogo constante com nomes da chamada “Geração 2000″,  como Cinthia Marcelle, Marcius Galan, Laércio Redondo, Pedro Motta, Sara Ramo e Marilá Dardot – que faz a sua estreia – permitiu um trabalho minucioso na escolha das obras.

 

A força motriz do projeto, no entanto, não será deixada de lado. Ao contrário. O processo de busca por novos olhares se materializa em trabalhos de expoentes como Adriano Costa, Clara Ianni, Jimson Vilela e Regina Parra. Nas mãos de Luisa, a missão de integrar isso tudo.

 

“A mão da curadoria é leve, pois já havia um conceito estabelecido. A ideia é promover um diálogo entre esses artistas que alçaram vôos altos e os que começam a trilhar esse caminho. É uma exposição que sempre aponta para o futuro, mas nesta edição vem também atestar o sucesso da iniciativa. Mostrar o passado para reforçar o sucesso do presente, olhando para o futuro”, diz Luisa.

 

Os 10 artistas estão divididos em três categorias: “Representados pela galeria que já fizeram verão”; “Convidados que já fizeram verão, mas não fazem parte do elenco”; e “Artistas novos”. O espírito de diversidade, que já é marca do projeto, estará novamente presente, com trabalhos em técnica de pintura, colagem, fotografias, vídeos e instalações.

 

Uma quarta categoria acabou sendo criada para fazer uma “correção histórica”, como define Juliana Cintra, coordenadora do projeto. Tudo para receber a mineira Marilá Dardot, que participará com os trabalhos “O melhor continua sendo o maior” e “Juventude e Beleza”, obra de 2012, pintura sobre vidro, além de “La Luna Blanda”, também e 2012, tríptico em fotografia, em conjunto com Sara Ramo.

 

Até 22 de março.

Flurin Bisig em São Paulo

 

A KUNSTHALLE, Pinheiros, São Paulo, SP, inicia o projeto LX92 com o artista suíço Flurin Bisig, que apresenta o projeto “The seismographical back”. Seu trabalho é uma pesquisa sistemática que transforma materiais e objetos encontrados na rua em estruturas precariamente equilibradas, geralmente feitas de madeira e papelão e com traços de cores fortes. Ao longo do período de residência do artista na cidade essas estruturas evoluem, criando a obra de arte e alterando o espaço expositivo da galeria.

 

A forma e a história do espaço expositivo, as relações entre artista, curadoria, visitantes, e todas as pessoas envolvidas no processo são elementos que influenciam a realização da obra e o caminho pela qual será desenvolvida. Finalmente, o trabalho será constituído a partir de uma leitura da curva sismográfica gerada por todas essas esferas de relacionamentos, gerando uma instalação para o espaço e um livro de artista. Flurin Bisig poderá ser visto trabalhando no espaço durante todo o período da exposição e a instalação final será apresentada no último dia da mostra (24/02/2013), juntamente com o lançamento da edição do livro do artista.

 

Sobre o artista

 

Flurin Bisig, nasceu em Samedan, Suíça, em 1982, vive e trabalha entre a Alemanha e a Suíça. Estudou na Universität der Künste Berlin e na Hochschule für Gestaltung und Kunst de Lucerna. Entre as exposições que participou estão: Jahresausstellung, no Kunstmuseum Lucerne, 2012; “Werkbeiträge 2011″, na Kunsthalle Lucerne; “Zentralschweizer Kunstszenen”, na Kunstmuseum Lucerne, 2010, todas em Lucerna, Suiça; “Pursue Other Avenues”, no Corner-College, 2012; a individual “Mit dem Rücken zum Publikum”, na Wäscherei, Kunstverein Zurich, 2011, ambas em Zurique; “About Abstraction”, no KTV-Club , 2011; “Wir können auch anders!”, na Bourouina Gallery, 2010, ambas em Berlim; “In the fall of twothousandandten we flowed upstream and had nothing to eat”, na Gallery Suzy Shammah, com Mickael Marchand, 2010, em Milão; e a individual “The first Rendez-Vous”, na Playstation at Gallery Fons Welters, 2010, em Amsterdam.

 

Projeto LX92

 

O projeto “LX92″ consiste em uma série de exposições de artistas estrangeiros na KUNSTHALLE São Paulo, e tem como objetivo criar um diálogo internacional entre a capital paulistana e a Suíça, ampliando a cena artística local para as idéias que estão sendo discutidas naquele país e promovendo os artistas de diversas nacionalidades que nele residem. Da mesma forma, os artistas que realizam suas exposições na KUNSTHALLE São Paulo, têm a chance de experimentar um contato com a cultura brasileira enquanto instalam suas obras, que na maioria das vezes são desenvolvidas para o espaço exclusivamente. O título do projeto é uma referência ao número do vôo direto que liga Zurique a São Paulo.

 

Até 24 de fevereiro

Márcia X no MAM-Rio

14/fev

O MAM-Rio, Praia do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Márcia X – Arquivo X”, com cerca de 60 obras da artista emblemática na história da arte brasileira, precursora, visionária e polêmica, que nasceu em 1959 e faleceu em 2005. Com curadoria de Beatriz Lemos, será apresentado um amplo panorama da produção da artista, com trabalhos produzidos entre 1980 e 2005. São instalações, objetos, fotogramas, gravuras, desenhos, registros das performances, documentos em papel – cartas, estudos, relatos escritos à mão, croquis, projetos para trabalhos –, além do acervo fotográfico e de imagens em movimento em diferentes mídias.

 

Este projeto foi contemplado pelo “Prêmio Procultura de Estímulo às Artes Visuais”, Funarte/MinC, e teve inicio em 2010 com a catalogação do acervo da artista. Ao final da mostra, todos os trabalhos serão doados ao Museu. O projeto inclui, ainda, o lançamento de um livro, um inventário completo das obras da artista, com textos de Beatriz Lemos, Luiz Camillo Osorio, Marcelo Campos, Alex Hamburger e Alexandre Sá, além de todos os textos escritos até hoje sobre a artista. Com design de João Modé, o livro terá cerca de 300 páginas e será acompanhado de um DVD com vídeos sobre a artista.

 

A exposição abrange cinco instalações, 11 fotogramas, 17 desenhos em pastel e caneta, uma pintura em guache, dez objetos e esculturas, quatro vídeos, além do vestuário das performances e todo o arquivo documental da artista. “Arquivo X tem como roteiro o arquivo de documentos de Márcia X – desenhos, anotações, referências para trabalhos, fotografias, recortes de jornais, pré-organizado pela artista ao longo de sua vida, e tendo em vista cada trabalho projetado. Neste processo de pesquisa para maturação da obra, Márcia deixa pistas de suas obsessões, dedicação, foco, método, linha e coerência de pensamento visual ou conceitual, entre períodos e assuntos abordados. E é a partir deste arquivo de memórias que suas obras brotam pelo espaço expositivo”, explica a curadora Beatriz Lemos.

 

A cenografia da exposição foi criada com o objetivo de reproduzir o ateliê da artista, no Catete. Haverá, ainda, um mobiliário feito especialmente para a mostra. Dentre os destaques da exposição estão os registros das performances/instalações “Desenhando com terços”, 2000, na qual Márcia X, de camisola branca, usa terços para realizar desenhos de pênis no chão, e “Ação de Graças”, 2001, onde a artista, também de camisola branca, aparece deitada no chão de uma sala. O chão é um gramado natural, bem verde. Em um dos extremos da sala estão duas bacias de louça contendo um líquido branco perolado. Cada um de seus pés está enfiado na cloaca de um galo. Os galos depenados têm o corpo e as cristas cravejados de pérolas. Os pés e as cabeças dos galos são ornados com pequenas coroas douradas. Estas coroas estão ligadas por correntes douradas a uma coroa fixada na parede. A performance termina com a artista se levantando, molhando os pés no líquido das bacias e depois jogando-o em cima dos galos.

 

Márcia X iniciou sua trajetória na década de 1980, pesquisando a linguagem da performance e do happening, em uma época em que a cena de arte voltava-se para o retorno à pintura, movimento que caracterizou a “Geração 80”. Ao lado do artista Alex Hamburger, com quem realizou diversos trabalhos em colaboração neste período, Márcia X foi uma das poucas artistas do período que trilharam caminhos alternativos à prática da pintura em grandes formatos, “levando sua pesquisa ao amadurecimento nos anos 1990 e início dos 2000, o que possibilitou ser considerada um dos nomes de referência na performance brasileira”. Beatriz Lemos observa que, “devido a sua morte prematura em fevereiro de 2005, sua obra, todavia não recebeu a atenção e análise crítica que a convém, em que seus trabalhos estão documentados apenas em catálogos de exposições coletivas, e em textos críticos publicados em periódicos”. “Desta forma”, salienta a curadora, este projeto, que inclui a publicação de um livro completo sobre a obra da artista, vem cobrir essa lacuna”.

 

Até 14 abril.

Centenário de Tomie Ohtake

07/fev

Tomie Ohtake

A primeira das três exposições, “Tomie Ohtake – Correspondências”, que o Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, prepara para comemorar, em 2013, o centenário da artista que lhe dá o nome, estabelece relações de aproximação e contraposição entre a sua produção desde 1956 até 2013 e obras de artistas contemporâneos, de Mira Schendel e Hércules Barsotti a Lia Chaia e Camila Sposati, passando por Cildo Meireles e Nuno Ramos, entre outros.

 

Com curadoria de Agnaldo Farias e Paulo Miyada, a mostra aponta intersecções entre os campos de interesse do trabalho pictórico, como a cor, o gesto e a textura. Segundo os curadores, a partir destes núcleos revelam-se temas e sensações inesperados, tanto na obra de Tomie Ohtake, como na de seus interlocutores.
“Partindo do gesto, por exemplo, somos conduzidos pelas linhas curvas das esculturas de aço pintado de branco de Ohtake, que atravessam o espaço e lhe imprimem movimento, as quais se encontram com a linha inefável dos desenhos Waltercio Caldas e a linha espacial composta pelo acúmulo de notas de dinheiro de Jac Leirner”, explicam.

 

Ressalta também a dupla de curadores, que a curvatura do gesto das mãos de Tomie anuncia-se nos indícios da circularidade presentes em suas primeiras telas abstratas produzidas na década de 1950 e culmina no círculo completo e na espiral, formas recorrentes nas últimas três décadas de sua produção. Esse percurso é apresentado em companhia de obras que extravasam o interesse construtivo da forma circular, procurando relações com o corpo do artista e com estratégias de ocupação do espaço, como nas obras de Lia Chaia, Carla Chaim e Cadu.

 

Uma vez que se forma o círculo, discute-se a cor, pele que corporifica toda a produção de Tomie e fundamental aos artistas que são apresentados nesse grupo. “De contrastes improváveis a variáveis que demonstram a profundidade latente em um simples quadro monocromático, exemplos de pinturas dos anos 1970 figuram lado a lado com obras recentes de Tomie e com telas de especial sutileza na produção de artistas como Alfredo Volpi, Paulo Pasta e Dudi Maia Rosa”, destacam os curadores. Segundo eles, em Tomie, a cor é sempre realizada por meio da textura e da materialidade da imagem, que foi deixada a nu em suas “pinturas cegas” do final da década de 1950.

 

Completa o pensamento curatorial a tese de que há uma longa linha de experimentos que desfazem a ilusão da neutralidade do suporte da imagem pictórica, a qual se inicia muito antes das colagens cubistas e possui um momento decisivo nas iniciativas que ousaram liberar-se do verniz em parte de algumas pinturas realizadas no século XIX. “Essa linha de experimentos tem em Tomie uma pesquisadora aplicada, que pode reunir em torno de si figuras tão distintas como Flavio-Shiró, Arcangelo Ianelli, Nuno Ramos, Carlos Fajardo e José Resende”.

 

Em agosto, os estudos de Tomie – desenhos, projetos de esculturas, colagens etc – serão tema da próxima mostra comemorativa de seu centenário em 21 de novembro de 2013. Já no mês em que a artista completa 100 anos, o Instituto inaugura uma grande exposição, “Gesto e Razão Geométrica”, com curadoria de Paulo Herkenhoff e lança um novo livro sobre a obra pública de Tomie.

 

No mês de fevereiro ainda será inaugurada no dia 23 de fevereiro ( com duração até 23 de março), na Galeria Nara Roesler, Jardim Europa, São Paulo, SP, exposição individual da artista, também com curadoria de Agnaldo Farias, apresentando esculturas recentes e sua nova série de pinturas 2012/2013. “Nossa grande artista apresenta duas sereis inéditas de pinturas monocromáticas, uma demonstração da sua maestria em expandir as cores trabalhando-as em profundidade, criando atmosferas luminosas ou ensombrecidas”, afirma o curador.

 

De 06 de fevereiro a 24 de março.

Gianotti: exposições, seminário e livro

30/jan

Na Galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, São Paulo, SP, o pintor Marco Giannotti apresenta “Penumbra”, exposição que reúne 14 telas de grandes e pequenos formatos feitas a base de têmpera, esmalte (spray) e óleo, realizadas em 2012, após sua estada de um ano em Kioto, Japão, em 2011.

 

“Penumbra” é o ponto de transição entre a luz e sombra, trata-se de uma área iluminada a meia-luz. O artista retoma questões presentes já no seu mestrado em filosofia em 1993, quando traduziu parcialmente a “Doutrina das Cores” de Goethe. Na introdução do livro, o autor nos diz que as cores “são ações e paixões da luz”, ou seja,  a cor nasce do embate entre luz e escuridão. Ao retomar uma concepção clássica, Goethe inaugura, por outro lado, uma interpretação fisiológica da cor, que passa a ter uma importância enorme para os pintores a partir do impressionismo. De fato, a teoria física sobre o fenômeno cromático não trata propriamente da percepção da cor, fundamental para a pintura.

 

Ao término da exposição, dia 9 de março, na galeria, o livro será lançado em sua terceira edição pela editora Nova Alexandria, desta vez com ilustrações coloridas, celebrando os vinte anos de sua primeira publicação aqui no Brasil.

 

Além da obra de Goethe, outro ponto de partida para esta exposição é “Em louvor da sombra”, de Junichiro Tanizaki, célebre escritor japonês do século XX. Nesta obra, o autor afirma que o aposento japonês é comparável a uma pintura monocromática a sumi, (tinta a base de nanquim em gradações de preto e branco) em que os painéis (shoji) correspondem a tonalidade mais clara e o nicho (tokonoma) à mais escura. Ele lamenta a introdução da luz elétrica no Japão, analisando como mais um elemento ocidental exógeno que vem a desconfigurar a cultura Japonesa.

 

Por fim, outra referência importante que deve ser levada em consideração é a obra “Shadows” de Andy Warhol, feita em homenagem ao pintor metafísico Giorgio de Chirico após sua morte em 1978 e atualmente presente no Dia Art Foundation. Trata-se talvez da obra menos pop do artista, que flerta com a abstração e uma dimensão mais metafisica da pintura.

 

A exposição de certa forma representa também uma síntese de duas exposições anteriores do artista “Passagens” realizada em 2007 na Pinacoteca do Estado e “Contraluz”, feita em 2009, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud.

 

De 02 de fevereiro a 09 de março.

 

 

Gianotti: livro e exposição 

 

Paralelamente à sua exposição de pinturas na Galeria Raquel Arnaud, será lançado no Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, juntamente com uma exposição, o caderno de viagem de Giannotti, concebido durante a sua permanência em Kioto, em 2011. Ao longo do período em que ministrou aulas de cultura brasileira na Universidade de Estudos Estrangeiros de Kioto, o artista e professor escreveu uma série de artigos para o jornal O Estado de S.Paulo. Esses textos e as obras – colagens e fotografias – produzidas a partir desta experiência no Japão estão reunidos em “Diário de Kioto”, editado pela WMF Martins Fontes.

 

O livro traz as impressões poéticas, plásticas, intelectuais e afetivas de Giannotti sobre suas visitas a templos budistas e xintoístas, a vilas, como a Katsura, bem como a museus contemporâneos, como o Benesse Art Site, em Naoshima, projeto de Tadao Ando, ou o Museu Miho, feito pelo arquiteto I. M. Pei. O dia-a-dia de Kioto e as inúmeras cerimônias e rituais que demarcam a passagem das estações são também observados pelo autor.

 

De 21 de fevereiro a 21 de abril.

 

 

Gianotti : seminário

 

Em março, Marco Giannotti promove um Seminário internacional sobre a Cor, no Centro Universitário Maria Antonia, Consolação, São Paulo, SP, contando com a participação de professores e curadores como David Anfam (editor da Phaidon Press, premiado pelo catálogo raisonné de Rothko), Takashi Suzuki (curador do museu Kawamura em Chiba, Japão) e, Toshya Echizen (professor de estética da universidade Doshisha, em Kioto) e Ana Magalhães, curadora do MAC de São Paulo (Centro Universitário Maria Antonia).

 

Dias 03 e 04 de março.