Reabertura no MNBA

10/jan

 

Depois de passar por reformas estruturais em meados deste ano, reabre uma das principais mostras permanentes do Museu Nacional de Belas Artes, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Situada no 3º Piso a Galeria de Arte Brasileira Moderna e Contemporânea do MNBA abriga uma das raras mostras no Brasil onde se pode descortinar, num mesmo espaço, todo um percurso artístico que vai do inicio do século XX até o contemporâneo.

 

Na nova exposição da Galeria de Arte Brasileira Moderna e Contemporânea foram incluídas obras, a maior parte doações, como “Retrato de Yedda Schmidt” (esposa do falecido empresário Augusto Frederico Schmidt, poeta e dono do supermercado Disco, ghost-writter de Juscelino Kubitchek, etc), de Candido Portinari; telas de Willys de Castro, Décio Vieira, João Fahrion, Timóteo da Costa, Alex Flemming, gravuras de Maria Bonomi, Fayga Ostrower, e Gilvan Samico; e esculturas de Celso Antonio, entre vários outros.

 

Superando a mostra anterior, antes o espaço abrigava 180 trabalhos, agora serão 205 obras em exposição. Possuindo 1.800 metros quadrados, divididos em dois andares, a Galeria de Arte Brasileira Moderna e Contemporânea apresentará no primeiro andar o movimento da “Abstração na gravura”, com destaque para obras de Fayga Ostrower, Anna Bella Geiger, Rossini Perez, Artur Luiz Piza, Dora Basílio, Edith Behring, Anna Letycia, entre outros. No segundo andar artistas como Gilvan Samico, Maria Bonomi, Leonilson, Carlos Martins, Adir Botelho, Rubem Grilo, Claudio Mubarac e Fernando Vilela, se reunirão aos outros artistas representando a importância da gravura na produção artística brasileira das décadas de 1980 a contemporaneidade.
Na tocante às esculturas, novas peças também serão apresentadas, de artistas como Farnese de Andrade, Celso Antonio, Rubens Gerchman, Zelia Salgado, Abraham Palatnik e um bronze de Paulo Mazzucchelli.

 

Os novos trabalhos completam a coleção anterior que volta a exibir autores como: Manabu Mabe, Iberê Camargo, Beatriz Milhazes, Eliseu Visconti, Di Cavalcanti, Jorge Guinle Filho, Tarsila do Amaral, Carlos Oswald, Gonçalo Ivo, Mauricio Bentes, Amílcar de Castro, Pancetti, Guignard, Tomie Ohtake, Marcos Coelho Benjamin e Antonio Henrique Amaral.

 

A partir de 10 de janeiro (em exibição permanente).

Presença de Rubens Mano

07/jan

 

Na exposição “corte e retenção”, em cartaz na Casa da Imagem, São Paulo, SP, Rubens Mano apresenta uma instalação no Beco do Pinto, 13 fotografias e um vídeo de curta duração. O material foi criado a partir de uma ação comandada pela prefeitura, que destruiu grande parte das caixas de madeira usadas para o transporte de hortifrutis no Ceasa, em São Paulo. A partir desse episódio, o artista aborda questões referentes às dinâmicas visíveis e e invisíveis presentes na produção do espaço físico da cidade.

 

A palavra de Guilherme Wisnik

 

Apropriando-se poeticamente dessas caixas como ready-mades urbanos, Rubens Mano cria uma grande montanha que obstaculiza a passagem. E se as pilhas originais, tal como vemos nas fotos, se escoravam em espaços estreitos de calçadas contra muros descascados, envolvendo postes e árvores, no Beco do Pinto o artista cria um volume profundo e impenetrável, e autônomo enquanto forma geométrica e cargas portantes. Assim, enquanto o corte no primeiro caso está associado à destruição e remoção das caixas, no segundo ele reaparece como interrupção de um fluxo através das mesmas caixas, em uma espécie de retorno simbólico do reprimido, para falar em termos psicanalíticos. Sendo o trabalho de arte uma ação física real, é como se a dinâmica de transformação de uma parte da cidade ativasse involuntariamente processos em outros locais, reaparecendo então como enigma, e sem deixar de trazer também, nela inscrita, uma componente de violência surda.

 

Quase no pé do antigo Colégio dos Jesuítas, o Beco do Pinto é uma das vielas íngremes construídas para conectar a colina histórica da cidade à baixada do rio Tamaduateí, onde se situa, significativamente, a primeira Zona Cerealista de São Paulo. Fechado por um portão, o Beco já está hoje interditado ao livre trânsito entre essas áreas, deixando de ser um espaço público. Assim, ao edificar uma rigorosa trama de caixas entre a antiga Casa no 1 da cidade e o Solar da Marquesa de Santos, Rubens Mano conecta discursivamente elos invisíveis da metrópole, ainda que na forma física de uma obstrução. Um bloqueio que também funciona como elemento de conexão.

 

Até 31 de maio.

Di Cavalcanti, retrospectiva no MON

29/dez

 

Para continuar com as comemorações de uma década do Museu Oscar Niemeyer, MON, Curitiba, Paraná, encontra-se em cartaz a exposição “Di Cavalcanti, Brasil e Modernismo”. A mostra é uma retrospectiva de um dos mais expressivos artistas do período modernista da arte brasileira, que retratou o povo e a cultura do nosso país. Aproximadamente 80 obras, divididas entre trabalhos sobre tela, papel, desenhos e aquarelas, estão na mostra e retratam a intimidade e a vertente lírica do pintor e desenhista carioca. O curador Olívio Tavares realizou uma seleção dos trabalhos mais significativos do artista presentes tanto em acervos museológicos do Brasil quanto em coleções particulares.

 

Sobre o artista

 

A carreira artística de Di Cavalcanti se iniciou em 1914, quando aos 13 anos publicou, na Revista FON-FON, no Rio de Janeiro, sua primeira caricatura. Foi morar em São Paulo para estudar Direito e acabou atuando como jornalista no jornal O Estado de São Paulo. Aos 20 anos, começou sua produção como pintor e no mesmo ano fez sua primeira exposição individual. Di Cavalcanti foi também um dos organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922.

Abre Alas 9

23/dez

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a 9ª edição do “Abre Alas”. O projeto nasceu ao final do primeiro ano de vida da galeria quando Marcio Botner, Laura Lima e Ernesto Neto, diretores do espaço, perceberam que tinham um tesouro em mãos: cerca de 200 portfólios recebidos de artistas de toda parte. Resolveram então aproveitar todo esse material em uma exposição que acontece desde 2005, próxima ao carnaval. Assim como o nome “Abre Alas” remete ao carro que inaugura o desfile das escolas de Samba, o projeto “Abre Alas” é uma exposição que abre espaço para jovens artistas de todo o Brasil. Com o tempo, a exposição passou a ser internacional. Ao longo desses 9 anos, mais de 100 novos nomes participaram do projeto que acaba funcionando como uma vitrine.

 

Sabendo da importância de dar continuidade ao projeto para sedimentar seu pensamento, Marcio Botner, Laura Lima e Ernesto Neto buscam incentivar a produção desses jovens artistas, abrindo oportunidades e contribuindo para uma potencialização das redes e trocas entre artistas, galerias, colecionadores e público. Desde 2010 dois curadores e um artista são convidados para realizar a seleção dos expositores,  esse ano fizeram parte do comitê de seleção, Daniela Castro e os artistas e professores João Modé e Alexandre Sá.

 

Participam da 9ª edição os artistas Bet Katona, Bruno Baptistelli, Bruno Senise, Camila Soato, Fábia Schnoor, Frederico Filippi, Gabriel Secchin, Gustavo Torezan, Ícaro Lira, Jaime Lauriano, Juan Parada, Leonardo Akio, Oscar Barbery, Patricio Gil Flood, Rafael Perpétuo, RG Faleiros e Silvio de Camilis Borges

 

Em 2011 foi realizado o primeiro concurso de fantasia durante abertura do Abre-Alas. Dando continuidade a essa ideia, o 3° concurso será na abertura do Abre-Alas, pois é quando a galeria convida a todos a se fantasiarem e desfilarem na encruzilhada em frente A Gentil Carioca. A melhor fantasia ganha o prêmio e a saudação de todos os artistas foliões.

 

De 26 de janeiro  a 16 de março.

No Cofre da Casa França-Brasil

20/dez

Efrain Almeida

Em todas as exposições que acontecem na Casa França-Brasil, o espaço do Cofre é ocupado por um artista diferente do que expõe nos demais espaços. Na exposição “Ulysses”, de José Rufino, não foi diferente. O detalhe especial é que foi o próprio José Rufino que fez o convite a Efrain Almeida, artista cearense radicado no Rio e que utiliza a madeira em suas obras. “O Sozinho” é uma escultura em madeira – um autorretrato – que mede, aproximadamente, 6 x 26 x 28 cm, apresentada sobre uma base de MDF em cor natural.

 

Efrain Almeida explica que “a base da escultura é proporcionalmente desproporcional à obra…O objetivo é justamente enfatizar a diminuta escala do corpo da escultura, em relação ao espaço expositivo. Para mim, a situação espacial e o local onde a peça está colocada se referem a questões recorrentes em meu trabalho, como as relações da obra com o espaço arquitetônico, e também uma certa atmosfera melancólica…Neste projeto, que intitulei O Sozinho, o enclausuramento, a solidão e o abandono se fazem presentes”.

 

Na opinião de José Rufino, as duas obras tratam do corpo, em escalas completamente distintas: “Essa relação entre o gigantismo e a miniatura vai criar uma tensão entre as duas obras…Ulysses é um corpo histórico, social, todo feito de fragmentos dos outros, uma verdadeira quimera gigante de partes esquecidas da cidade, enquanto o pequeno corpo de Efrain é íntimo, tem uma poesia e uma força contida, é quase a carne encolhida dele mesmo. No entanto, ambos podem se encontrar na inversão das escalas, pois Ulysses também pode ser investigado nos detalhes, nas reentrâncias – e o corpo de Efrain vai ocupar o pequeno volume do cofre como se aquele espaço fosse imenso”.

 

Sobre o artista

 

Efrain Almeida nasceu em 1964, em Boa Viagem, Ceará, onde morou durante a infância e a adolescência. Depois, seguiu com a família para o Rio de Janeiro, cidade onde reside. Entre 1986 e 1990, estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro e fez um curso no Museu de Arte Moderna, onde iniciou também uma pesquisa de materiais, acabando por privilegiar a madeira. Sua obra se baseia na apropriação do imaginário e da religiosidade popular, através dos ex-votos. Apesar de todas as referências da história da arte universal que recebeu nos cursos de Pintura e Escultura da Escola do Parque Lage, o artista nunca abandonou as influências visuais que marcaram a sua infância. Interessado pelos fenômenos da fé, registra em seus trabalhos as marcas físicas que certos tipos de religiosidade deixam no corpo humano. Por isso, os entalhes dos artesãos populares e as peças de ex-votos são um traço comum da sua obra, que ganham uma conotação levemente subversiva, quando deslocadas de seu contexto original. Suas peças são, em geral, de pequena dimensão – mas propõem uma ocupação global do espaço que as acolhe, convidando o observador a aproximar-se, a fim de desvendar os pequenos pormenores. São peças que evocam a harmonia entre o popular e o erudito, o instintivo e o calculado, o simples e o sofisticado. Entre as exposições em que participou destacam-se Infância Perversa (1995), no Museu de Arte Moderna Rio de Janeiro e no Museu de Arte Moderna, Salvador. Efrain Almeida começou a expor em 1987, no Rio, como integrante do XI Salão Carioca de Arte. Daí em diante, ganhou o Brasil e o mundo, expondo em centenas de cidades brasileiras, na Europa e nos EUA. Tem obras em importantes coleções públicas, como o Centro Galego de Arte Contemporânea (Santiago de Compostela, Espanha); no Museum of Modern Art – MoMa (Nova Iorque, EUA); no Toyota Municipal Museum of Art, Japão; no ASU Art Museu, na Universidade do Arizona, EUA; no Museu de Arte Moderna de São Paulo; no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – MAMAM (Recife); e o Museu de Arte Contemporânea do Ceará.

 

Até 17 de fevereiro de 2013.

 

No dia 06 de janeiro, o artista vai receber a crítica de arte do jornal O Globo, Marisa Flórido, e o curador Marcelo Campos na mesa redonda às 18h30, na instituição.

Thiago Toes na Reserva+

18/dez

Thiago Toes

O artista plástico Thiago Toes realiza sua primeira exposição individual em terras cariocas. A mostra “Uma Luz que Nunca se Apaga” reúne cinco telas e três desenhos, e está em cartaz na galeria Reserva +, Copacabana, Rio de janeiro, RJ.

 

Entre as obras expostas e inéditas, está a pintura “Desejando Milagres”, uma tela geométrica com tinta acrílica e aquarela, que compõem grande parte de seus trabalhos. “Essa pintura tem tudo a ver com o título. Um milagre é uma forma de luz, de fazer isso acontecer. Quero despertar a fé nas pessoas, fazer com que elas acreditem em um bem maior”, afirma o artista.

 

É deste conceito que surgiu o nome da exposição, com a premissa de que deve sempre existir uma luz que nunca se apaga, que representa nossas esperanças. As cores presentes nas telas também transmitem essa ideia e falam por si só, como, por exemplo, as cores claras que representam espasmos de sonhos; as escuras refletem o universo interior; enquanto as quentes demonstram sentimentos. A paleta de cores estimula esse desejo de conforto, luz e busca por calmaria e reflexão interior.

 

Seus desenhos são marcados pelos traços geométricos, a arte abstrata, o cubismo e o surrealismo. Além de tudo, os trabalhos refletem poesias, como um salto no vazio, nos sonhos, no universo paralelo e particular do artista. Em grande parte dos desenhos, um personagem surge em meio às cores e cria então seu próprio habitat íntimo e excepcional. Mistérios e inquietudes são retratados através de cores gélidas, que em algumas ocasiões ganham um toque forte de vida, com tons de magenta, laranja, lilás, azul, branco e cinza.

 

Sobre o artista

 

Thiago Henrique, ou Toes, como é conhecido, descobriu o graffiti na adolescência e fez as primeiras experimentações aos 15 anos. Hoje faz parte da nova geração de grafiteiros de São Paulo, estado onde cresceu e mora.

 

O artista já realizou trabalhos em Miami (Projeto Wynwood Walls), Los Angeles e, junto com a dupla Osgemeos, realizou alguns trabalhos, como um mural para o festival Indie Hip Hop (Sesc). Em outubro de 2010 ganhou patrocínio da marca de roupas RVCA e foi o único artista da empresa a expor seu trabalho para o projeto Design For Humanity (Billabong). Em março de 2011, recebeu o convite para ser um dos artistas do festival Risadaria, com curadoria d’Osgemeos, e expos seu trabalho na Bienal de São Paulo.

 

A percepção de arte e a naturalidade com que lida com os tons e contrastes se encarregaram, com o tempo e com a sua vontade, de transpor os aspectos visuais do graffiti. Hoje e cada vez mais Thiago se dedica à pintura de telas com o uso de pincel, aquarela, pastel, óleo e até mesmo spray e látex.

 

Até 04 de janeiro de 2013.

Reflexões

 

O Museu Ariana, Genebra, Suiça, é uma instituição voltada para as artes em geral, e agora abre suas portas para uma exposição original e multidisciplinar de arte contemporânea. O tema deste projeto iniciado e conduzido por Adelina von Fürstenberg, atraiu a instituição. A conservação e consumo de alimentos e bebidas é o foco de suas coleções. O Museu Ariana reunirá trabalhos de muitos artistas internacionais (inclusive de alguns brasileiros) na exposição “Reflexões com a Mãe Terra, Agricultura e Nutrição”.

 

Este evento reúne obras de Marina Abramovic (Servia), John Armleder (Suiça), Joseph Beuys (Alemanha), Marcel Broodthaers (Bélgica), Lenora de Barros (Brasil), Mircea Cantor (Romênia /França), Subodh Gupta (India), Jannis Kounellis (Grécia-Itália), Los Carpinteros (Cuba), Anna Maria Maiolino (Brasil/Itália), Marcello Maloberti (Itália), Cildo Meireles (Brasil), Miralda (Espanha), Tony Morgan (Inglaterra/Suiça), Liliana Moro (Itália), Gianni Motti (Itália/Suiça), Ernesto Neto (Brasil), Meret Oppenheim (Alemanha/Suiça), Angelo Plessas (Grécia), Pipilotti Rist (Suiça), Dieter Roth (Suiça), Shimabuku (Japão), Vivianne van Singer (Suiça), Raghubir Singh (India), Daniel Spoerri (Suíça/Romênia), Barthélémy Toguo (Camerões/França), Nari Ward (Jamaica/Estados Unidos).

 

Paralelamente, serão projetados os curta-metragens dos realizadores Jia Zhang-ke (China), Murali Nair (India), Idrissa Ouedraogo (Burkina Faso), Pablo Trapero (Argentina)  e um documentário Mesa Brasil, produzido pela direção regional do SESC, São Paulo, Brasil e do coletivo austriaco Wastecooking.

 

Até 24 de fevereiro de 2013.

Vieira da Silva no MAM-Rio

Uma das mais importantes artistas plásticas do século XX, Maria Helena Vieira da Silva, ganha sua primeira mostra de peso no Rio de Janeiro. O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, MAM-Rio, exibe a exposição “Vieira da Silva – Agora”. No âmbito dos eventos do pleno ano Portugal no Brasil/Brasil em Portugal, em que os países reafirmam sua proximidade, a Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva e a Espírito Santo Cultura apresentam 51 obras inéditas ou pouco vistas no Brasil da artista portuguesa. A mostra tem curadoria de Marina Bairrão Ruivo, da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva (FASVS), e de Luiz Camillo Osorio, do MAM-Rio, e integra as comemorações do Ano de Portugal no Brasil.

 

Os desenhos e pinturas da mostra foram produzidos entre 1934 e 1986, e traçam um arco praticamente completo do trabalho de Vieira da Silva – um conjunto de obras vindas de colecionadores particulares e institucionais do Brasil e de Portugal. “Reunir trabalhos que cobrem cinco décadas de produção nos permitiu apresentar ao público carioca o desenvolvimento de sua trajetória e a constante renovação de sua linguagem pictórica”, afirma o curador Luiz Camillo Osorio. “O embate entre figuração e abstração acompanhou a construção de sua poética, colocando dentro de um universo muito pessoal, às vezes lírico, às vezes trágico, aspectos relevantes da pintura do pós-guerra – momento de maturidade de sua linguagem”, conclui.

 

A curadora Marina Bairrão Ruivo, lembra que “…sua pintura é um testemunho da inteligente associação de um passado – em que Lisboa permanece como um referente cultural – a um presente de renovação e modernidade, simbolizado por Paris”.

 

Além das 51 obras, a exposição “Vieira da Silva, Agora” apresenta uma fotobiografia da artista; e o Museu de Arte Moderna preparou a mostra “Diálogos com Vieira da Silva”, reunindo 28 obras de artistas brasileiros que efetivamente dialogaram com a criadora franco-portuguesa. Volpi, Guignard, Antônio Bandeira, Lygia Clark, Carlos Scliar, Guignard, Arpad Szenes, Fernando Lemos, Ione Saldanha, Pancetti, Maria Leontina, Maria Martins, Sergio Camargo e Willys de Castro, entre outros, são alguns dos 21 artistas que integram esta mostra complementar e essencial à compreensão desta troca artística.

 

Sobre a artista

 

Nascida em 1908 em Lisboa, Portugal, a artista faleceu em 1992, em Paris. Despertou cedo para a pintura. Aos onze anos ingressou na Academia de Belas-Artes, em Lisboa. Motivada também pela escultura, estudou Anatomia na Faculdade de Medicina de Lisboa. Em 1928 foi residir em Paris, onde estudou com Fernand Léger e trabalhou com Henri de Waroquier e Charles Dufresne. Em Paris conheceu o também pintor Arpad Szenes, húngaro, com quem se casou em 1930. Realizou numerosas viagens à América Latina para participar de exposições, como em 1946 no Instituto de Arquitetos do Brasil. Devido ao fato de seu marido ser judeu e de ela ter perdido a nacionalidade portuguesa, eram oficialmente apátridas. O casal decidiu residir no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial e no período pós-guerra, onde entraram em contato com importantes artistas locais, como Carlos Scliar e Djanira e exerceram grande influência na arte brasileira, especialmente entre os modernistas.

 

Vieira da Silva criou uma série de ilustrações para crianças que constituem uma surpresa no conjunto da sua obra. “Kô et Kô, les deux esquimaux”, é o título de uma história para crianças inventada por ela em 1933. Não se sentindo capaz de escrever, a pintora entregou essa tarefa ao seu amigo Pierre Guéguen e assumiu o papel de ilustradora, executando uma série de guaches. Mais tarde a artista viveu e trabalhou em Paris. A partir de 1948 o Estado Francês começa a adquirir as suas pinturas. Em 1956 ela e o marido obtém a nacionalidade francesa. Em 1960 o Governo Francês atribui-lhe uma primeira condecoração, em 1966 é a primeira mulher a receber o Grand Prix National des Arts e em 1979 torna-se cavaleira da Legião de Honra francesa. Participou da Europália, em 1992, e veio a morrer nesse ano. Para honrar a memória do casal de pintores, foi fundada em Portugal a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, sediada em Lisboa, e a Escola Vieira da Silva, em Carnaxide.

 

Até 17 de fevereiro de 2013.

Colagens inéditas

17/dez

A Galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, São Paulo, SP, revela pela primeira vez ao público uma faceta do arquiteto Aurélio Martinez Flores, nascido no México, que chegou ao Brasil nos anos 60. A mostra reune cerca de 30 obras.

 

Nos anos 80, o arquiteto Aurelio Martinez Flores enriqueceu seu espírito de artista ao conceber colagens, a exemplo do renomado colega Richard Méier que também começa a desenvolver trabalhos na mesma técnica, durante suas viagens entre NY e Los Angeles, para o projeto da sede do Getty Institute. Para compor suas colagens – cuja produção é intensificada a partir de 2007 –, Aurelio Martinez Flores recorre a elementos que encontra em torno de si, e outros que vai buscar especialmente, como os bichinhos de brinquedo que compra em Paris.

 

Sobre o artista

 

Aurélio Martinez Flores traz ao país a sua arquitetura formada a partir das influências de Mies van der Rohe, com quem trabalhou, e do convívio com as obras de Luis Barragán. Seu estilo minimalista e preciso se expressa desde seus primeiros projetos aqui no Brasil.

 

Sua carreira no Brasil começa na loja Forma, em 1960. Com sua visão de que o desenho do mobiliário é a extensão do projeto arquitetônico, em seus dez anos de empresa, chegou a desenvolver cerca de 50 projetos de interiores por mês. Em 1970, com o amigo Luis Carta, abre a Interdesign, loja referência em São Paulo, onde, durante 40 anos, desenhou, importou e comercializou peças de design e projetos de arquitetura de interiores.

 

Até 15 de janeiro de 2013.

Marcelo Moscheta | “Norte”

Também no Paço Imperial, encontra-se em exibição “Norte”, individual do paulista Marcelo Moscheta, no térreo do prédio, sob curadoria de Daniela Name. São dez instalações, feitas a partir de sua viagem de três semanas ao Ártico, em 2011. Desde 2000, o artista cria instalações, desenhos e fotografias, identificando e recolhendo elementos da natureza de lugares remotos, para construir pensamentos sobre paisagem e memória.

 

Moscheta destaca a instalação “Atlântida”, pela associação com o continente perdido. O trabalho é inspirado na cidade-fantasma de Pyramiden, antigo polo soviético de mineração, onde só moram duas pessoas, que sobrevivem das expedições turísticas.

 

“Maré Vers.1.3” se compõe de uma máquina, criada por Moscheta, em que um motorredutor aciona o movimento vertical de três projetores, reproduzindo o vaivém das marés, enquanto a projeção na parede tenta, em vão, conciliar as três imagens em uma única linha do horizonte. É a vitória da natureza sobre as tentativas de apreensão e controle feitas tanto pela ciência quanto pela arte.

 

Em “A line in the Arctic #4”, dá-se outro duelo entre paisagem e natureza. Moscheta tentou traçar, com fita adesiva amarela, no chão coberto de gelo, as linhas do meridiano e do paralelo que passam por ali, nas direções norte, leste, sul e oeste.

 

As “Fotocromáticas” do Ártico têm origem na constatação de que há muito mais tons de branco na neve do que se pode supor. Outra relação imediata é o esforço que o olho faz para verter uma foto em preto e branco, imaginando uma paleta que possa colorir a paisagem.

 

“Miragem” fragmenta em 35 partes uma única imagem, em que o Moscheta retrata uma montanha gelada. A escala da natureza e a perda da noção de profundidade fazem com que a paisagem do Ártico pregue peças e iluda o viajante. As demais instalações são intituladas “Ilha Elephant”, “Notes from the cold”, “NY Alesund”, Driftwood” e “À deriva”.

 

Marcelo Moscheta é Mestre pela Universidade Estadual de Campinas. Participou de coletivas e individuais no Brasil e na Europa e tem obras incluídas nas coleções de museus brasileiros e belgas, além de coleções particulares nos EUA, na Itália, Rússia e em países latino-americanos. Suas últimas residências artísticas, antes do Ártico, foram o deserto de Atacama (Chile), a fronteira entre o Brasil e o Uruguai, as regiões de Galiza (Espanha) e Bretagne (França) e a floresta amazônica.

 

Até 17 de fevereiro de 2013.