Kboco na SIM galeria

14/out

A SIM galeria, Curitiba, Paraná, apresenta trabalhos recentes de Kboco. A apresentação é de Felipe Scovino: “Nas recentes obras de Kboco nos deparamos com uma imagem fatiada, retomada e reinventada. Mas que imagem é essa? Qual é o signo que ela revela? São cidades que apresentam uma arquitetura em trânsito, um dinamismo frenético da urbanidade. São obras que não possuem apenas a visualidade da rua mas possuem o cheiro, as incongruências e belezas do nosso entorno.  Não há uma narrativa com começo, meio e fim, porque aliás não há fim. É uma obra em andamento. Nosso olhar se perde – pois não há um centro -, ele é multidirecionado e assim avistamos as inúmeras encruzilhadas, avenidas, ruas, prédios, casas, parques que compõem essas telas. Como uma planta baixa, suas pinturas sobrevoam uma cidade imaginária constituída por inúmeras referências, que variam desde fabulações a indícios de arabescos, torres, portais, pórticos e fachadas. Esta proximidade com a transformação da cidade e o contato com a arquitetura estão conectados desde o início da trajetória do artista. Suas pinturas murais realizadas em cidades com características e formações históricas e temporais tão distintas como Goiânia, Olinda e Porto Alegre auxiliaram na construção de um método muito próprio relacionado a sua percepção sobre o desenvolvimento da cidade, seus males e benefícios.

 

Ainda pensando no alargamento das influências ou diálogos que sua obra realiza, é interessante pensar não apenas nas relações (talvez já óbvias) que as obras de Jean-Michel Basquiat e Keith Haring tiveram não somente para a obra de Kboco mas para a transição entre uma produção artística realizada na rua e seu deslocamento para o cubo branco.

 

O trabalho especialmente produzido para a exposição cria uma associação com as suas telas e além disso, deslocando para a história da pintura, sua obra amplia o conceito de pintura de paisagem. Não seriam paisagens de ordem mimética, mas formas que ao mesmo tempo em que apontam a falência de uma representação figurativa, alcançam novos limites para a pintura. Em suas obras, a fragmentação do objeto leva-nos a duvidar sobre a realidade ou presença de um lugar, e aí surge a necessidade de reunir seus pedaços em uma unidade. Este discurso acerca da paisagem não tem mais ligação com um objeto do mundo natural, mas com a investigação a respeito das próprias circunstâncias que são mobilizadoras dessa transformação da paisagem”.

 

 

De 18 de outubro a 16 de novembro.

Lançamento de catálogo

10/out

Quarta-feira, 30 de outubro, às 19h, tem visita guiada e lançamento do catálogo da exposição “Umas e Outras”, de Lenora de Barros, com as presenças da artista e da curadora Glória Ferreira, na Galeria Laura Alvim, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, com entrada franca. O catálogo será distribuído aos visitantes neste dia.

 

Essa é penúltima mostra da programação 2013 da Galeria, espaço da Secretaria de Estado de Cultura (SEC). Nela, Lenora de Barros exibe 65 colunas publicadas no “Jornal da Tarde”, de São Paulo, na década de 1990, vídeos inéditos, apresentados em díptico e tríptico, e uma intervenção sonora.

 

A exposição “Umas e Outras” está aberta ao público até 17 de novembro.

 

Anna Bella Geiger, Mostra Síntese em BH

08/out

“Mostra Síntese”, como sugere o nome, levou à Galeria Murilo Castro, Savasi, Belo Horizonte, MG, um recorte da obra da artista plástica Anna Bella Geiger. Conhecida por uma vasta e ininterrupta produção artística, Anna Bella Geiger, hoje com 80 anos de idade, está entre os poucos artistas brasileiros surgidos no começo dos anos 50 ainda em ação na atualidade. A exposição reúne 32 obras, desenhos e gravuras produzidos em épocas diversas; vídeos; duas pinturas; trabalhos fotográficos; além de dois “Fronteiriços” e peças tridimensionais (como os rolos/scrolls, recentemente produzidos). “É, portanto, uma mostra única, já que pode contribuir para a compreensão dos liames existentes entre o processo criativo pessoal de Anna Bella e as transformações experimentadas pela produção artística brasileira a partir do pós-guerra”, analisa o crítico Fernando Cocchiarale.

 

Sua obra inovadora, é marcada por uma veia irônica trazendo sempre à tona questões ideológicas do universo das artes e do contexto político. Em 1974 participou de uma mostra de videoarte na Filadélfia, que foi considerada a primeira exibição pública de vídeos brasileiros. Em Belo Horizonte, além da Galeria Murilo Castro, a artista tem obras na exposição “ELLES: Mulheres Artistas na coleção do Centro Pompidou”, no Centro Cultural Banco do Brasil, organizada pelo Centro Georges Pompidou/Musée National d’Art Moderne, na França, que traz um olhar contemporâneo de mulheres inovadoras. Ao longo dos 60 anos de sua produção artística, Anna Bella Geiger vem mantendo notável atualidade, posto que, frequentemente, ultrapassa o âmbito de sua dinâmica processual específica, para somar-se à de outros artistas que contribuíram para as transformações ocorridas na arte do país ao longo desse extenso período.

 

“Questões formuladas no âmbito da arte só se consumam por meio da criação de sistemas que as distinguem de discursos meramente ideológicos, transmitidos por meio da palavra falada ou escrita. O sucesso do sistema Geiger resulta da superação desses discursos por intermédio de uma ordem espacial gráfica de teor geográfico, pela apropriação de materiais de trabalho e mídias diversos, elaborados isoladamente ou combinados às instalações e aos objetos atualmente produzidos. De seu cais poético, a obra de Geiger segue viva, experimental e surpreendentemente contemporânea”, completa Cocchiarale.

 

 

Sobre a artista

 

Anna Bella Geiger nasceu no Rio de Janeiro em 1933. É escultora, pintora, gravadora, desenhista, artista intermídia e professora. Com formação em língua e literatura anglo-germânicas, inicia, na década de 1950, seus estudos artísticos no ateliê de Fayga Ostrower (1920 – 2001). Em 1954, vive em Nova York, onde frequenta as aulas de história da arte com Hannah Levy no The Metropolitan Museum of Art – MET (Museu Metropolitano de Arte) e, como ouvinte, cursos na New York University. Retorna ao Brasil no ano seguinte. Em 1960 participa do ateliê de gravura em metal do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM/RJ, onde passa a lecionar três anos mais tarde. Em 1969, novamente em Nova York, ministra aulas na Columbia University. Em 1982, recebe bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, em Nova York. Publica, com Fernando Cocchiarale, o livro “Abstracionismo Geométrico e Informal: a vanguarda brasileira nos anos cinquenta”, em 1987.

 

Até 19 de outubro.

 

Legado Zanine

A Romanzza Design, Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a mostra “Legado Zanine: O uso da madeira por José Zanine Caldas e Zanini de Zanine”. Rogerio e Rafael Tanico, da T2 Design e proprietários da Romanzza Recreio, abriram a exposição homônima e receberam junto com a ABD – Associação Brasileira de Designers de Interiores, cerca de 120 arquitetos e designers que participaram de um bate papo com Zanini de Zanine.

 

Aos 35 anos e já consagrado como um dos nomes mais importantes do design brasileiro contemporâneo, Zanini  falou sobre a história da utilização da madeira como matéria-prima em sua carreira e na de seu pai, José Zanine Caldas, acompanhado por  Reduzino Vieira, que trabalhou com José Zanine Caldas por 30 anos, Marcelo Vasconcelos, da MeMo (Galeria de Design Mercado Moderno) e de Beto Consorte, da Branding Consult.

 

Pela primeira vez, Zanini, que chegou de Nova Iorque para participar do evento, reúne em uma mostra apenas peças em madeira para uma exposição, com destaque para a poltrona “Anil” e o banco “Joá”, criações dele, além da poltrona “Revisteiro”, assinada por Zanine Caldas. Na exposição poderão ser vistas cerca de 20 obras do designer e de seu pai, incluindo maquetes de madeira (registro dos projetos de acervo).

 

Rogerio Tanico alega que receber esta mostra é um privilégio para a casa e para os cariocas também. “ Zanini de Zanine recebeu os mais importantes prêmios de design do Brasil, além daqueles que trouxe de fora pelos móveis que criou nos dois segmentos e expôs nos principais eventos nacionais e internacionais da área. Hoje, ele assina peças para grandes marcas nacionais e internacionais como a francesa Tolix e as italianas Poltrona  Frau e Slamp. Quem sabe, num futuro próximo poderemos unir nossas marcas?” confidenciou Rogerio Tanico, lembrando que o mobiliário brasileiro precisa muito da assinatura do jovem designer.

 

 

Até 26 de outubro.

Daniel Feingold no MAM-Rio

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, exibe Daniel Feingold no Espaço Monumental do Museu com cerca de 60 obras inéditas. O artista apresenta fotografias e pinturas, produzidas especialmente para sua primeira exposição individual no MAM Rio. A mostra, em curadoria de Vanda Klabin, apresenta um conjunto de seis pinturas emblemáticas da trajetória do artista, produzidas entre 1999 e 2003. “Daniel Feingold possui um firme senso de direção, apesar de lidar com o fluxo do imprevisível até conseguir uma unidade pictórica. Explora as interrupções, as instabilidades e cria  um espaço complexo pelo enervamento intenso da superfície  da tela,  uma verdadeira malha flutuante de cores e geometria”, afirma a curadora.

 

A exposição está dividida em seis espaços distintos. Em uma sala sob o mezanino são apresentadas pela primeira vez 36 fotografias da série “Homenagem ao Retângulo”, feitas no Jardin des Plantes, em Paris, em 2007.  “São árvores em topiária, todas cortadas desta forma, retas, em cima e dos lados. Vi nelas uma relação espacial muito forte com o meu trabalho de pintura. Essas fotografias carregam a estrutura da minha pintura, a abstração geométrica e o pensamento plástico que busco em meu trabalho”, afirma Daniel Feingold. A curadora Vanda Klabin ressalta que as fotografias revelam “…um constante desdobrar do seu trabalho, onde a trama geométrica atua como um vetor de força no seu jogo de luz e sombra e cria novos acontecimentos plásticos que se agregam ao fluxo poético das suas pinturas”. Em outra sala, cinco pinturas da série “Yahweh”, em grandes formatos. São pinturas feitas em esmalte sintético preto fosco sobre tecido terbrim. Uma característica comum entre elas é que a tinta é diretamente escorrida sobre a tela. “É um conjunto que trata da religiosidade ao evocar a beatitude e a transcendência através da redutividade de elementos plásticos”, explica o artista.

 

Também fazem parte da exposição quatro pinturas da série “Estruturas”, que são “…obras extremamente gráficas”, em que predominam, em cada uma delas, as cores amarelo, vermelho e violeta. Neste mesmo espaço também encontram-se duas pinturas da série “Cromatistas”. “O ideário construtivista encontra ressonâncias através de uma intensa articulação de  diferentes linhas e cores que se traduzem por um fraseado sincopado e rítmico, pela emergência de uma estrutura de tramas, faturas em camadas e superposições de planos que trazem em si uma perturbadora espacialidade cromática”, conta a curadora. Outras seis pinturas também em grande formato, da série “Grades e Cortinas”, produzidas em 2012, e feitas em esmalte sintético sobre terbrim, ocupam mais um diferente espaço. “O artista aqui revela o seu enfrentamento direto com a pintura através da execução de unidades de grande escala. A exuberância da matéria nos pega desprevenidos ao combinar um sistema pictórico  com conceitos críticos, com o repensar a arte, seus limites, suas inquietações. O seu trabalho pulsa, irradia-se para as bordas e margens em formas ondulantes, fluidas, sempre materializando um novo gesto”, diz a curadora Vanda Klabin.

 

 

A palavra da curadora

 

Esta exposição de Daniel Feingold consolida  as suas afinidades com o território da pintura, ao enfatizar a qualidade da matéria e o embate com a tensão da tela, que é o núcleo plástico de seu trabalho. O ideário construtivista encontra ressonâncias por meio de uma intensa articulação de  diferentes linhas e cores que se traduzem por um fraseado sincopado e rítmico, pela emergência de uma estrutura de tramas, faturas em camadas e superposições de planos que trazem em si uma perturbadora espacialidade cromática.

 

O artista tem um firme senso de direção, apesar de lidar com o fluxo do imprevisível até conseguir uma unidade pictórica. Ele explora as interrupções, as instabilidades e cria um espaço complexo pelo enervamento intenso da superfície da tela, uma verdadeira malha flutuante de cores e geometria. Feingold aqui revela o seu enfrentamento direto com a pintura através da execução de unidades de grande escala.  A exuberância da matéria nos pega desprevenidos, ao combinar um sistema pictórico  com conceitos críticos, com o repensar a arte, seus limites, suas inquietações. O seu trabalho pulsa, irradia-se para as bordas e margens em formas ondulantes, fluidas, sempre materializando um novo gesto.

 

A trama interna das suas grandes superfícies pictóricas traz uma espécie de desordem de possibilidades e se apresenta, por vezes, como empenas. Ora parecem se arquear para fora da tela, ora ocupa lugares tremulantes nos planos frontais, mas sempre parecem querer se expandir no espaço ao redor. O gesto original se dissolve nas linhas oscilantes que se dilatam ao serem vertidas nesse universo descentrado pelo próprio deslizamento e pelo peso gravitacional da matéria viscosa da tinta, sempre à deriva, com múltiplas direções, obstruções, áreas de suspensão e intervalos luminosos, quase como uma fenda na interpretação do mundo.

 

A sequência fotográfica de Feingold tem maior imediaticidade, reivindica um exercício de metalinguagem e cria um novo espaço para a sua arte transitar. Revela um constante desdobrar do seu trabalho, em que a trama geométrica atua como um vetor de força no seu jogo de luz e sombra e cria novos acontecimentos plásticos que se agregam ao fluxo poético das suas pinturas. As obras aqui presentes revelam a sua potência pictórica, a sua presença estética e reafirmam um frescor e uma atualidade ímpares.

 

Vanda Klabin é cientista social, historiadora e curadora de arte.

 

 

SOBRE O ARTISTA

 

Daniel Feingold nasceu em 1954, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. É artista plástico desde 1988, e desenvolve trabalhos em pintura, fotografia e escultura. Graduado em Arquitetura pela FAUSS, no Rio de Janeiro, em 1982. Mestrado em Pintura pelo Pratt Institute, Brooklyn, em New York, em 1997. Dentre suas principais exposições individuais estão mostras no Atelier Sidnei Tendler, em Bruxelas, na Bélgica, em 2011; na 5ª Bienal Mercosul, em Porto Alegre, em 2005; no Centro Maria Antonia, em São Paulo, e no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Rio de Janeiro, ambas em 2003; no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2001, entre outras. São destaques de exposições coletivas: “Arte Brasileira e Depois na Coleção Itaú”, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2011; “Escape from New York”, na Nova Zelândia, em 2010, na Austrália, em 2009 e em 2007; “Minus Space Show”, no PS1 Cont Art Center, em Nova York, em 2008; “Chroma”, no MAM Rio, em 2005; “Artist in the Marketplace”, no Bronx Museum, em Nova York, em 1998; “Gravidade e Aparência”, no Museu Nacional de Belas Artes, em 1993; mostra no Centro Cultural São Paulo, em 1991, entre outras.

 

Até 17 de novembro.

Teoria dos Contrários


A VG Arte, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Teoria dos Contrários”, uma exibição coletiva com a participação dos artistas especialmente convidados para a ocasião: Evany Cardoso, Osvaldo Gaia, Marilou Winograd, Melinda Garcia, Mirian Pech, Pedro Paulo Domingues e Roberto Tavares. O grupo expositor buscou inspiração na doutrina da unidade dos opostos do filósofo pré-socrático Heráclito de Éfeso (535 a.C./475 a.C.), que parte do princípio de que tudo é movimento e que nada pode permanecer estático – “tudo flui como um rio”.  “Não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio.” A teoria dos contrários é a lei secreta do mundo, onde reside a relação de interdependência entre dois conceitos opostos, em luta permanente; mas, ao mesmo tempo, um não pode existir sem o outro.

 

De 10 de Outubro a 30 de outubro.

Brasília na galeria LUME

03/out

A  nova exposição no calendário da Galeria LUME, Itaim Bibi, São Paulo, SP, chama-se “A Construção de Brasília“, mostra individual do fotógrafo brasileiro Alberto Ferreira. Com curadoria de Paulo Kassab Jr. e composta por 12 imagens em preto e branco,  algumas inéditas, representa um retrato da euforia e das descrenças alastradas junto à inauguração da nova capital federal do país. A coordenação da mostra é de Felipe Hegg.

 

Alberto Ferreira ocupou, durante anos, importante cargo na imprensa e o fez com a ética e a obrigação jornalística de mostrar o acontecimento sem distorcer os fatos. Da mesma forma na fotografia, o artista apresenta não apenas belas imagens, mas também um senso crítico  deste momento histórico: o contraste entre políticos, exaltados com a capital federal,  talvez por sua distância das demais cidades; pessoas da alta sociedade, crentes em um novo país; e os candangos, construtores da cidade que, posteriormente, acabaram por ficar à margem do projeto habitacional, sendo obrigados a viver em periferias.

 

Acompanhando Juscelino Kubitschek em suas idas e vindas à nova capital, Alberto Ferreira presenciou todo o processo de construção da cidade e criou um dos mais importantes registros visuais deste momento. Nestas ocasiões, o fotógrafo teve diversas oportunidades de registrar cenas como a chegada do embaixador inglês, a interação entre as pessoas e a arquitetura modernista da cidade, a cerimônia inaugural de Brasília, alguns dos operários que trabalharam na obra, entre outras.

 

 

A palavra do curador

 

“Mais que um documentarista, Alberto Ferreira estava à frente de seu tempo e, diferente de outros que acompanharam a criação de Brasília, não se iludia com o novo projeto.  Em 1960, no ano da inauguração da capital, o fotógrafo já vislumbrava as dificuldades de se ter uma  capital no interior do país e os problemas trazidos por um planejamento que, sem intenção, segregava as diferentes classes sociais em suas zonas de habitação.”

 

 

De 08 de outubro a 14 de novembro.

 

 

Piza com Gustavo Rebello no Rio

Gustavo Rebello Arte, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição Elementos no Espaço, do artista plástico Arthur Luiz Piza. Pintor, gravador, desenhista, escultor e pensador requintado, Piza é um dos grandes artistas plásticos brasileiros contemporâneos.  Nascido em São Paulo, o artista vive e trabalha em Paris onde fixou-se há mais de 50 anos. Seus trabalhos constam no acervo dos principais museus do mundo e é consagrado internacionalmente, sendo um inventor de linguagens e técnicas. Com rico repertório técnico, Piza criou um universo com acentuado toque pessoal através da gravura em metal, relevos em madeira, gesso e papel.

 

Os “Elementos”, chapas de zinco com formas geométricas, pintadas de cores fortes e uniformes, já conhecidas do público nas gravuras, nos capachos e nas tramas, desta vez, saltaram para as paredes e teto, experimentando uma grande liberdade. São conjuntos, arrumados pelo artista de maneira aparentemente aleatória, que darão ao espectador, a sensação de estar literalmente dentro da sua obra. Segundo o artista, depois de adquiridos, os trabalhos podem ser reagrupados, desde que seja mantida ideia de conjunto.

 

“Os elementos no espaço surgiram quando  escaparam da moldura, quando me separei da necessidade de enquadrar, são  como novas possibilidades de animar o espaço, de ver  o que se cria entre uns e outros, entre grandes e pequenos. O ‘entre’ tem importância, ele também é forma, ele faz parte do elemento como o elemento faz parte dele. Tudo é uma relação e as sombras tambem participam dela”, explica Arthur Luiz Piza. O trabalho de Piza está sempre se renovando e no seu percurso, independente dos suportes que trabalha, seu ofício sempre se traduz em liberdade, ousadia e coerência, provocando reflexão.

 

Sobre o artista

 

Arthur Luiz Piza nasceu em 1928, em São Paulo, onde teve seu primeiro contato com as artes. Nos anos 40, estudou pintura e afresco com Antonio Gomide, um dos grandes nomes da Primeira Geração de Modernistas. Mudou-se em 1951 para Paris, onde passou a trabalhar no estúdio do mestre da gravura Johnny Friedlaender. Piza logo se tornou um especialista em todas as suas técnicas. Abandonou as mais tradicionais e desenvolveu uma técnica exclusiva de gravar nas placas com martelos e cinzéis de diferentes formatos. Entre 1951 e 1963, participou das Bienais de São Paulo; em 1959, da Documenta de Kassel, e em 1966, da Bienal de Veneza, ganhando o prêmio de gravura. Seu trabalho encontra-se nos acervos dos principais museus do mundo, como o Museum of Modern Art (MoMA) e o Guggenheim Museum, em Nova York, a Bibliothèque Nationale de France e o Musée National d’Art Moderne Centre Georges Pompidou, em Paris. No Brasil, seus trabalhos estão, por exemplo, no Museu de Arte Contemporânea e no Museu de Arte Moderna, ambos em São Paulo. Em 2002, a Pinacoteca do Estado organizou uma importante retrospectiva e a editora Cosac Naify lançou um catálogo de seus relevos.

 

Até 26 de Outubro.

 

 

Suzana Queiroga no MAC Niterói

02/out

O Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Mirante da Boa Viagem s/n, Boa Viagem,  Niterói, RJ, apresenta a exposição “Olhos d’Água”,  de Suzana Queiroga, artista contemplada com o 5º Prêmio de Artes Marcantonio Vilaça – MINC – Funarte. A mostra apresenta uma grande escultura de ar (inflável) : “Olhos d’Água”, que será doada ao acervo do MAC  como contrapartida do prêmio. Sob a curadoria de Guilherme Vergara, também serão expostas três séries de sete desenhos, três vídeos e uma pintura todos inéditos.  Ainda em outubro a artista vai realizar uma exposição na galeria Artur Fidalgo e uma instalação em homenagem a Hilda Hilst na vitrine da Livraria da Travessa, Ipanema. “Olhos D’água” é um trabalho que se relaciona com a questão da morte do pai de Suzana, na década de 1960, em um acidente aéreo na Baía de Guanabara próximo ao aeroporto Santos Dumont, enquanto sua mãe ainda estava grávida da artista.  O MAC fica exatamente em frente ao aeroporto que seria o destino de um pouso que não aconteceu.

 

A palavra da artista

 

“A localização do museu foi essencial para esse projeto. Lido com essas memórias simbolicamente, o despedaçamento e dissolução do corpo no mar, o fado, a espera de quem jamais virá. É um contato cada vez maior que faço com minha origem portuguesa. Para mergulhar nessa proposta, precisei pesquisar e abrir recentemente, junto com minha mãe, os arquivos que ela não via desde a época do acidente, as matérias do jornal, as cartas de amor de um para o outro, os diários do meu pai, telegramas, enfim, toda uma sorte de coisas que fizeram com que eu pudesse passar a conhecê-lo, e houve sintonias incríveis, os desenhos dele em azul, diários dele com as capas no mesmo azul que eu uso, telegramas de minha mãe falando de azul. Aos poucos, conheço esse homem com uma memória construída no hoje, o que talvez revestirá, com algum tipo de membrana esse buraco enorme que sempre senti dentro do peito”, declara a artista.

 

“Neste momento estou  profundamente ligada a uma paleta de azuis profundos, azuis violetados, cinzas azulados e oceanicamente esverdeados. Minha relação com as cores agora só passa pelo que é céu, densidade atmosférica, ar, nuvem, e também mar, oceano e profundidade. Tenho um respeito tão grande pela cor, que é como se essa fosse algo que pairasse acima de tudo, pois a cor é a própria luz, e o seu comportamento mutante, desviante, relativo e infinitamente plural é de uma poesia imensa a qual penso que poucos artistas conseguem tocar. Sinto que não é uma operação meramente técnica ou objetiva, não basta saber as misturas e conhecer os pigmentos. Existe uma resposta maior que a cor me dá e que é proporcional ao quanto eu consigo me aproximar mais e mais delicadamente de seus sutis momentos de transformação vibracional. A cor “ideia” logo me vem como algo pronto, idealizado, e plenamente dominado, porém, a cor que “realmente” torna potente as minhas intenções diante de um trabalho somente será obtida a partir de uma busca, revalidada a cada instante, num percurso no qual é exigida a totalidade de minha atenção”, completa.
Suzana Queiroga começou a trabalhar com infláveis há 10 anos, pelo anseio de ampliação dos limites da pintura. “Ver a pintura fora do plano, no espaço. O material transparente, os reflexos do espaço em torno na película de PVC colorido se relaciona com aspectos da pintura, tais como transparências, manchas e pinceladas”, explica.

 
 
De 05 de outubro a 08 de dezembro.

Ulrike Ottinger – Retrospectiva

01/out

O setor de Mostras-Coordenação de Artes Plásticas, a Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria da Cultura de Porto Alegre e o Goethe-Institut Porto Alegre vão expor fotografias acerca da produção cinematográfica e fotográfica da cineasta Ulrike Ottinger. A exposição pode ser visitada no porão do Paço Municipal , Centro Histórico, Praça Montevidéu, Porto Alegre, RS. A artista, que faz parte da mesma geração dos diretores Rainer Werner Fassbinder  e Werner Schroeter, dois dos principais expoentes do cinema alemão do pós-guerra, é autora de obra extremamente original, que a colocou entre os realizadores de vanguarda em seu país a partir da primeira metade da década de 70. Os filmes de Ulriker Ottinger atraíram a atenção da crítica por sua peculiar visão de mundo, pela profusão de referências eruditas e por sua extravagante direção de arte.

 

De 11 de outubro a 08 de novembro.