A pintura de Lucy Citti Ferreira

05/ago

A Pinacoteca de São Paulo, Luz, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Lucy Citti Ferreira”, com cerca de 60 trabalhos realizados entre 1930 e 1990. As obras fazem parte de um conjunto de pinturas, desenhos, gravuras, fotografias, recortes de jornal, manuscritos, correspondências e documentos pessoais, catálogos e convites de exposições, que foram doados por Lucy -São Paulo, SP, 1911 – Paris, França, 2008 – para a Associação Pinacoteca Arte e Cultura-APAC, poucos meses antes de sua morte. A doação foi recebida por Regina Teixeira de Barros, curadora da Pinacoteca que, junto com Rosa Esteves, pesquisadora do Museu Lasar Segall e amiga da artista, ficaram responsáveis por organizar e catalogar todo o conteúdo recebido. “Estimava-se, à primeira vista, que houvesse cerca de 600 obras sobre papel a serem catalogadas (…). Entretanto, após quase três anos chegou-se a um número mais do que cinco vezes maior: foram catalogadas 3219 obras de Lucy”, afirma Regina Teixeira de Barros, curadora da mostra.
Esta exposição é a mais completa já realizada sobre sua obra. É uma rara oportunidade de ver um significativo conjunto da artista reunido num só espaço, pois sua última mostra individual aconteceu em 1988 no Museu Lasar Segall, ocasião em que também doou para a Pinacoteca cinco obras, um desenho e quatro xilogravuras.  A exposição Lucy Citti Ferreira começa com pinturas realizadas no período de formação da artista em Paris e termina com um conjunto de paisagens imaginárias realizadas em aquarela, na década de 1980. Entre os dois extremos estão os desenhos, aquarelas e pinturas que a artista produziu entre 1935 e o final da década de 1950, período mais produtivo de sua carreira. Aí estão contemplados retratos, naturezas-mortas, grupos de figuras, cenas de interiores e, em maior evidência, os autorretratos, que se sobressaem tanto pela  qualidade da pintura quanto pela quantidade de variações sobre o tema. Por meio dessa seleção de obras também é possível acompanhar as sutilezas das transformações formais que se apresentam nesse intervalo: do alinhamento às características do retorno à ordem, às simplificações da figura levemente contaminadas pelas tendências abstracionistas do pós-Guerra.
“A mostra tem como objetivo evidenciar a qualidade da obra de Lucy e reparar, na medida do possível, o apagamento a que foi relegada. Ao mesmo tempo, a ocasião é propícia para explicitar sua singularidade, que muitas vezes foi posta em dúvida devido à (superficial) similaridade de algumas obras com aquelas de Lasar Segall, de quem foi modelo e discípula. Finalmente, essa mostra tem a intenção de saldar um compromisso selado muitos anos antes, de acolher sua obra, estudá-la e divulgá-la com a merecida distinção, de maneira a inseri-la efetivamente na história da arte brasileira”, afirma a curadora Regina Teixeira de Barros.
Sobre a artista

Lucy Citti Ferreira, nasceu em São Paulo, SP, em 1911 e faleceu em Paris, França, em 2008. Foi pintora, desenhista, gravadora e professora. Viveu a infância e adolescência na Itália e na França com a família. Em 1930 frequenta o curso noturno de desenho de modelos clássicos na École Régionale des Beaux- Arts do Havre, França. Inicia seus estudos de pintura com André Chapuy. De 1932 a 1934, freqüenta a École Nationale des Beaux-Arts, em Paris. Aperfeiçoa-se em Pintura com Fernand Sabatté e escultura com Armand Matial. Expõe no Grand Palais e no Salon des Tuilleries. Retorna ao Brasil e instala seu ateliê na Rua Martinico Prado, em Higienópolis, em São Paulo. Conhece o pintor Lasar Segall, de quem se torna aluna e modelo. Volta a morar em Paris em 1947 e, no ano seguinte, expõe na Galerie Jeanne Bucher, em Paris. Em 1954, faz exposição individual no Museu de Arte de São Paulo. Em 1988, realiza a exposição individual “Sombras e luzes” no Museu Lasar Segall. Nessa ocasião, doa cinco obras (um desenho e quatro xilogravuras) para a Pinacoteca do Estado de São Paulo e sete obras (seis pinturas e um desenho) para o Museu da Arte Moderna de São Paulo. Em 2000 participa da exposição “Mostra do redescobrimento: Negro de corpo e alma”, organizada pela Fundação Bienal de São Paulo. Em 2004 participa da exposição “Mulheres pintoras”, na Pinacoteca do Estado, São Paulo e da mostra “O olhar modernista de JK”, no Ministério das Relações Exteriores, Palácio do Itamaraty, Brasília, DF.
Até 19 de outubro.

 

 

Nuno Ramos, Anjo e Boneco

02/ago

Chama-se “Anjo e Boneco” a nova exposição individual de Nuno Ramos na Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP.  A mostra traz uma série de desenhos em larga escala, inéditos, todos realizados com guache. O título da exposição é parte de um verso extraído da obra “Elegias de Duíno “, de Ranier Maria Rilke – “Anjo e boneco: haverá espetáculo” (tradução de Dora Ferreira da Silva). Nuno Ramos, ele mesmo também um escritor, inspira-se frequentemente na obra de outros poetas, escritores e compositores. Sua série de desenhos anteriores partia do famoso diário de memórias de Daniel Paul Schreber, e em “Faca só Lâmina”, uma série de desenhos sobre alumínio, Nuno utilizava versos extraídos de um poema de João Cabral de Melo Neto, para citar apenas alguns exemplos.

 

Porém, diferentemente de desenhos anteriores, o artista trabalha com poucos elementos e materiais para compor os trabalhos desta nova série. As composições são todas feitas somente com guache, carvão e pastel seco apresentando em sua maioria apenas uma cor em contraste com o negro do carvão. Há formas geométricas combinadas com linhas gestuais, como em “Anjo e Boneco 18: Compreendemos Facilmente os Criminosos”. O jogo entre as linhas e formas parece estar sempre na beira do desequilíbrio. Há uma expectativa do porvir, a composição não é estática. Nuno também incorpora escorridos e manchas causados pelas tintas, trazendo o acaso para o processo de criação.
Comum a quase a todos os desenhos, além do título da série, são diferentes versos, também extraídos da IV Elegia de Rilke, impressos sobre o papel em letras de forma com carvão. “Como o coração de uma bela maçã” ou “abandonas a serenidade dos mortos” podem ser lidos entre as linhas, semicírculos e tinta, formando a composição. Ao extrair os versos de seu contexto original e incluí-los nos desenhos, Nuno explora a ressonância das palavras em um contexto de abstração. Ao alinhar todos os desenhos, apoiados na parede, bem perto uns dos outros, contornando o espaço da galeria, o artista cria a sua própria narrativa, o seu próprio poema, visual e literário. Há uma beleza latente, da mesma potência de suas esculturas.

 

Sobre o artista

 

Nuno Ramos nasceu em 1960, em São Paulo, onde vive e trabalha. Formou-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo em 1982. Artista plástico, compositor, cineasta e escritor, participou de diversas exposições coletivas e individuais, destacando-se recentemente: em 2012, “O Globo da morte de tudo” (em parceria com Eduardo Climachauska) na Galeria Anita Schwartz, Rio de Janeiro, “Ai Pareciam Eternas!” na Galeria Celma Albuquerque, Belo Horizonte e “Solidão, Palavra” no Sesc Pompéia, São Paulo; em 2010 “Fruto Estranho” no MAM, Rio de Janeiro; e a 29ª Bienal Internacional de São Paulo. Publicou em 2011 seu oitavo livro, Junco, pela editora Iluminuras, vencedor do prêmio Portugal Telecom de Literatura na categoria poesia. Em 2008, venceu Prêmio Portugal Telecom para melhor livro do ano com Ó, também da Iluminuras.

 

Até 14 de setembro.

Waltercio Caldas na Paulo Darzé

31/jul

A Paulo Darzé Galeria de Arte, Corredor da Vitória, Salvador, Bahia, apresenta série de novos trabalhos de Waltercio Caldas, através da exposição denominada “O que é mundo. O que não é”. Waltercio Caldas é um dos maiores nomes da arte contemporânea brasileira e internacional. Esta é uma frase direta que serve precisamente para afirmar a criação de esculturas, desenhos, objetos, livros e maquetes realizados por Waltercio Caldas, um artista que nas palavras de José Thomaz Brum, constrói “com aço inoxidável traços que circunscrevam o ar, deixando permanecer uma relação de contiguidade entre o desenho e o objeto, dotando estes de pausas, e suas linhas de intervalos, como um músico, concretizando esses anseios e os explorando”.

 

Waltercio Caldas nasceu no Rio de Janeiro, em 1946, e nos anos 60 começa a expor. Em sua trajetória realizou exposições individuais em alguns dos mais conceituados museus e galerias do mundo e participou de eventos como a Bienal de Veneza, Itália, e a Documenta de Kassel, Alemanha, tendo obra, entre outros, no acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York. A diversidade de meios com que trabalha e seu absoluto domínio sobre os materiais nos faz pressentir a passagem de uma matéria para a outra, as relações entre pesos, densidades e transparências, e uma obra que se constitui um eterno processo, um fluxo constante que interliga a presença e a ausência, o sólido e o ar, o pleno e o vazio. Experimentação e questionamento, o fluir entre as coisas, a ocupação do espaço, a linha e o ar, um desenho do espaço induzindo o espectador a lembrança da figura, e utilizando uma diversidade de materiais, oferecendo a todos um sentido ou as possibilidades do olhar, num convite a imaginação, é que fazem a obra de Waltercio Caldas ser considerada pela crítica internacional como uma das mais importantes na arte contemporânea internacional.

 

Experimentação e questionamento, o fluir entre as coisas, a ocupação do espaço, a linha e o ar, um desenho do espaço induzindo o espectador à lembrança da figura, e utilizando uma diversidade de materiais, oferecendo a todos um sentido ou as possibilidades do olhar, num convite a imaginação tornaram a obra de Waltercio Caldas destacada pela crítica internacional como uma das mais importantes na arte contemporânea internacional.

 

Até 31 de agosto.

Mario Cravo Neto – Butterflies and Zebras

30/jul

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, Luz, Praça da Luz, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Butterflies and Zebras” de Mario Cravo Neto, artista falecido em 2009. Considerado um dos mais representativos fotógrafos brasileiros, a mostra reúne 250 fotografias inéditas feitas entre os anos de 1969 e 1970, período em que o artista viveu em Nova Iorque, dedicando-se também aos estudos da escultura e pintura. Nelas podemos notar a procura do fotógrafo por ângulos inusitados, realizados nos apartamentos onde viveu, nas ruas, nas estações e dentro dos vagões do metrô. Muitas delas foram feitas a partir de janelas, numa série em busca de descobertas, nada mental, com planos e cortes realizados ao acaso, o que faz com que o conjunto se torna ainda mais provocante ao descrever movimentos que transitam entre um mundo interior e outro, exterior.

Por uma decisão curatorial e para que o público tenha uma compreensão maior sobre a obra de Mario Cravo, também serão exibidas 45 imagens em preto e branco, ícones na obra do artista, que originalmente fizeram parte da série “O Fundo Neutro e Seus Personagens” realizada entre 1980 e 1999 que foram o ponto de partida para o livro “The Eternal Now”. Segundo Diógenes Moura, curador da mostra, “Butterflies and Zebras não é apenas uma exposição, um livro. É uma experiência sobre o tempo, sobre o destino, sobre o amor, sobre a vida, sobre a morte e sobre de como se poderá ir do ontem ao muito além”.
A mostra começou a ser pensada pelo artista e pelo curador em 2006. Um trabalho de edição e pesquisa através das centenas de imagens produzidas por ele. A primeira fase do trabalho que foi interrompido em 9 de agosto de 2009 pela morte do artista.

 

 
A palavra do curador
“Mario Cravo Neto me falou e mostrou as fotografias. Falou-me apenas: “São as fotos que fiz em Nova Iorque”. Cada vez que eu olhava cada uma das imagens ficava imaginando de que forma cada uma delas teria sido feita. Juntas, formam uma série. Separadas, cada uma delas representam um instante preciso. São como fotogramas. São ao mesmo tempo fotografia e cinema e fotografia. Revelam personagens anônimos tornados mais anônimos ainda, caminhantes nas ruas da cidade; recortam figuras descendo as escadas ou dentro do metrô e as leva para dentro numa mesma cédula não identificável; aproxima e afasta gente de automóveis por dentro e por fora. Ali, há aproximação e distância. Uma cidade dilatada.”

Sobre o artista

Estudou em Berlim e Nova York, acentuando suas pesquisas sobre escultura e fotografia. Em 1970, publicou sua primeira fotografia fora do Brasil no catálogo da exposição “Information”, do Museum of Modern Art, MoMA, em Nova York. Durante os anos 1970, dedicou-se à criação de projetos in situ, interferindo na natureza do sertão baiano e no perímetro urbano de Salvador. Expôs inúmeras vezes no Brasil e no exterior. Publicou cerca de catorze livros em diversas línguas, assim como matérias em revistas e jornais. Tem obras no acervo de importantes museus e em coleções particulares em todo o mundo. Em 2000, numa busca sempre imersa no mundo mítico e na natureza de seu país, publicou “Laróyè (Áries)”, no qual procura o semelhante junguiano de Exu nas ruas de Salvador, e realizou exposição homônima na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Sua última exposição foi realizada na galeria Paulo Darzé, em Salvador, sob o título “A flecha em repouso”.

Até 10 de novembro.

Roberto Alban apresenta Willyams Martins

29/jul

A Roberto Alban Galeria de Arte, Ondina, Salvador, Bahia, apresenta a exposição “Peles do Cárcere“, individual de Willyams Martins, que ocupará o espaço expositivo com 30 obras inéditas. As obras apresentadas fazem parte da série “Peles Grafitadas”, compostas por imagens das superfícies murais das cidades através da técnica de remoção e deslocamento. Desta vez, o artista pesquisou e descolou imagens desgastadas existentes nas paredes da Penitenciária Lemos Brito, onde os presidiários imprimiram suas expressões subjetivas durante anos.

 

Em “Peles do Cárcere”, Willyams Martins expõe todo o trabalho de pesquisa realizado no Complexo Penitenciário. “A parede do presídio torna-se um suporte mediador de onde se retiram signos de referências sociais e artísticas, deslocando uma produção visual, um repertório de identificação”, explica o artista. A arte de Martins traz assim um olhar cuidadoso e com aspectos etnográficos sobre a vida no cárcere, ao mesmo tempo em sintonia e em oposição ao cotidiano estritamente urbano da vida moderna.

 

A mostra “Peles do Cárcere” busca lançar um olhar diferenciado das imagens comuns existentes nas superfícies das paredes internas, externas e do urbanismo. “As imagens que estavam encarceradas formam uma polifonia de significados produzindo uma conexão entre o perto e o longe, o interno e o externo, aquilo que foi extraído da parede encarcerada e que agora está livre”, diz o artista.

 
As imagens que compõem a mostra foram retiradas do presídio através da técnica de remoção, onde se utiliza voille e resina de poliéster aplicado sobre a imagem para remover a “pele” das superfícies.

 

 
Sobre o artista

 

O artista visual Willyams Martins vive e trabalha em Salvador, Bahia. É mestre em Artes Visuais, Escola de Belas Artes, Universidade Federal da Bahia. A arte feita por Willyams Martins tem como fonte de inspiração, além do urbanismo, a música e a estética do punk nacional. Martins foi um dos fundadores da banda “Dever de Classe” nos anos 80. Possui ampla experiência em oficinas em diversas instituições culturais, como, por exemplo, as de “laboratório instantâneo” em arte contemporânea apresentada no MAM-BA, relacionados à 29 Bienal de São Paulo – Obras selecionadas. Suas obras transversais são permeadas pela articulação de diversos campos estéticos. Participou do documentário “paredes que hablam”, para a TV do México e da Argentina. Participou de uma exposição coletiva em Bogotá – Colombia. Realizou exposição individual na Estação Central do Metrô de Belo Horizonte – MG. Foi selecionado para a 11ª Bienal Nacional de Santos, e seu trabalho intitulado “peles grafitadas”, foi premiado pelo Braskem de Cultura e Arte, além de ter sido selecionado em diversos editais, etc. Atualmente foi selecionado com a oficina “salinas compartilhada” para o Programa BNB de Cultura – Edição 2012, como também foi citado na tese de doutorado: Enterros: Momentos Específicos, de Rebeca Stumm. Já foi professor de Pintura  e Teoria e Técnica de Pintura, na EBA – UFBA. Atualmente é professor de Desenho VI (murais) e Processos Artísticos pela mesma Escola.

 

 

De 02 a 31 de agosto.

Na Galeria Marcelo Guarnieri

A artista plástica Mariannita Luzzati  apresenta “Panoramas“, série de pinturas na  Galeria Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto, São Paulo, SP. E sua atual exposição serão exibidos trabalhos recentes em grande escala que evocam a natureza na paisagem brasileira. Nessas obras a artista anula todos os vestígios da civilização restabelecendo as condições primárias da paisagem devolvendo suas fisionomias naturais. Em relação a essa sequência criativa da artista, assim se refere Gabriel Perez Barreiro: “Ao observarmos uma tela de Luzzati, vivenciamos a sensação dupla de familiaridade e surpresa. Se por um lado as pinturas são extremamente convincentes ao evocar lugares, climas e atmosferas, por outro lado também estamos simultaneamente cientes de seus artifícios, cores “não-naturais” e contraste. Essa alternância entre a sedução da imagem e nossa consciência de sua construção gera uma fricção produtiva que depende tanto de nossa vontade de acreditar na imagem, quanto da necessidade de compreendermos de que forma ela foi construída. As imagens de fato se alternam entre os dois hemisférios do cérebro, valendo-se de seus recursos. Embora a obra de Luzzati tenha sido amplamente discutida no que se refere ao tema, eu diria que, ainda mais importante, é sua articulação de três conceitos relacionados mas aparentemente contraditórios: conhecimento, crença e desejo”, Gabriel Perez Barreiro.
 

 

Sobre a artista
 

Mariannita Luzzati tem participado de importantes exposições em instituições brasileiras e estrangeiras, destacando: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museum of London, Haus Der Kulturen Der Welt, em Berlim, Maison Saint Gilles, em Bruxelas, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Museu Nacional de Buenos Aires, Machida City Museum, em Tóquio, entre outros. Nascida em São Paulo, realizou sua primeira exposição individual em 1989, no Centro Cultural São Paulo, quando passou a ser representada pela Galeria Subdistrito. No mesmo ano, recebeu o primeiro prêmio do Salão Nacional de Artes Plásticas. Em 1993, recebeu o premio aquisição em mostra de gravura no Machida City Museum, em Tóquio e foi convidada a integrar o Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM, São Paulo. Um ano depois, foi selecionada para representar o Brasil na 22º Bienal Internacional de São Paulo, sendo posteriormente convidada a participar de exposições na Alemanha, França, Espanha, Estados Unidos e Inglaterra, onde vive desde 1994, representada pela Purdy Hicks Gallery.
 

Em 2010 Mariannita Luzzati idealizou o projeto “Cinemusica” junto ao pianista Marcelo Bratke que tem como foco abrir uma janela imaginária para o mundo sensível e contemplativo dentro de penitenciárias brasileiras por meio das artes visuais e música. O projeto foi apresentado em 10 penitenciarias brasileiras ,em 10 teatros do SESI no estado de São Paulo, no Brotfabrik,  Alemanha e no Queen Elizabeth Hall – Southbank,  Londres. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil e Londres.

 

 
De 02 de agosto a 09 de setembro.

 

Passagens bíblicas de Carlos Araujo

22/jul

 

A Sergio Gonçalves Galeria, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “Genesis“, exposição individual de pinturas de Carlos Araujo, que retrata passagens bíblicas em 15 obras em óleo sobre tela. A mostra celebra a Jornada da Juventude e a vinda do Papa Francisco ao Brasil.  Há 30 anos Carlos Araujo trabalha apenas sobre o tema sacro, retratando citações da Bíblia, e reúne um acervo impressionante: já pintou 2 mil telas sobre 750 citações. Na mostra carioca, através de seu estilo o artista exibe obras relativas ao livro do Antigo Testamento.

 

 

Paralelamente à mostra será lançado o terceiro livro do artista, “Gênesis”, com 300 páginas, capa dura e sobrecapa, em tiragem de 3 mil exemplares. Composto por telas dispostas em ordem cronológica, traz títulos que fazem referência direta às passagens retratadas. Carlos Araujo morava em Paris quando um convite mudou sua carreira – e sua vida pessoal. “Em 1989, lancei um livro de litogravuras editado por Claude Draeger para a Édition Anthèse, que abordava a temática da não-espiritualidade como uma das causas da miséria humana. Pesquisando, vi que isso não tinha fim. Neste momento recebi uma encomenda de uma grande editora francesa para um livro sobre o Apocalipse de São João – um livro enorme, com capa de bronze. Foi a grande virada: digo que entrei na Bíblia quase por imposição. Mas nunca mais saí dela”, conta o artista.

 

 

A partir daí, Carlos Araujo entrou “em uma viagem sem fim”, como ele mesmo define. Não sem sacrifício. “À medida que você penetra neste universo, tudo o que você achava sobre as coisas deixa de ser e o que você não percebia passa a existir. Foram três anos de reviravolta pessoal, mas depois tudo passou a fluir mais facilmente. E tive a consciência do que teria de fazer com minha arte dali para a frente”, conta.  O galerista Sergio Gonçalves conhece o artista há bastante tempo, e queria muito trazê-lo para a galeria. “Araujo é o único artista brasileiro que tem um quadro no Museu do Vaticano, o painel “Anunciação”, de 1979, e também o único a expor no Parlamento Europeu”, atesta Gonçalves. A mostra no Vaticano aconteceu em 2009, na Basilica Papale di San Paolo, em decorrência do lançamento de seu primeiro livro, “Bíblia Citações” – uma edição de 685 páginas com  a reprodução de 900 obras, com 50cm de altura e pesando 10 quilos, cujo primeiro exemplar foi entregue ao Papa Bento XVI. A individual no Parlamento Europeu ocorreu em 2012 e denominava-se “Peintures de la Biblie”.

 

 

Araujo já tem dois livros com esta temática: além de “Bíblia Citações”, de 2007, lançou, em 2010, “Araujo – Pinturas do Antigo e Novo Testamento”. Na mostra atual  também será lançado o aplicativo para iPad Bíblia em 1000 imagens, com obras do Gênesis ao Apocalipse, lançado este mês em versão eletrônica em quatro línguas, e que até o fim do ano que vem será lançada em mais oito. “Até agora foram 2 mil quadros retratando 750 passagens. Como a Bíblia tem 35 mil citações, acho que ainda tenho um longo caminho pela frente”, diz o artista. “Além do mais, à medida que me aprofundo no estudo dos textos bíblicos, os quadros vão fluindo mais facilmente. E ao traduzir este ensinamento em imagens, me aproximo mais da igreja primitiva, em que as mensagens eram passadas pictoricamente, já que poucos sabiam ler. É quase uma missão: não sem sacrifício, mas com muito prazer”, finaliza.

 
Sobre o artista

 

Carlos Araujo nasceu em São Paulo, SP, 1950. Entre as principais exposições coletivas e individuais que realizou destacam-se: 1973 – Museu de Arte de São Paulo, MASP, São Paulo, SP, – integra a exposição “Imagens do Brasil”; 1974 – Museu de Arte de São Paulo, MASP, São Paulo, SP, – individual; 1979 – Museu de Arte de São Paulo, MASP, individual, Museu do Vaticano – painel “Anunciação”; 1984 -Museu de Arte Brasileira, MAB, São Paulo, SP, – individual; Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo, SP, lançamento, “Araujo”, Monografia – Éditions Anthèse, Claude Draeger, Paris; 1988 – lançamento, “Araujo – Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse”, livro-objeto – litografias originais – French Art Book Editions, Ariane Lancell, Paris; 1993 -Fundação Danielle Miterrand – painel “As crianças do Brasil”, Paris; 2007 – Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Florença, Sala Especial, Florença, Itália; lançamento, “Araujo – Bíblia – Citações 1028 pinturas” – livro, cujo primeiro exemplar foi entregue ao Papa Bento XVI pelo Governo do Estado de São Paulo; Fundação Casa França-Brasil – individual – Rio de Janeiro, RJ; 2008 – Carroussel du Musée du Louvre – coletiva, Paris; 2009 – Basílica Papal de São Paulo – individual, Vaticano; 2010 – Museu Brasileiro da Escultura, MuBE, – individual – São Paulo; 2012 – Parlamento Europeu – individual – Bruxelas, Bélgica.

 

 

De 23 de julho a 24 de agosto.

Alexandre Mury, Fricções históricas

19/jul

 

A Caixa Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe em sua Galeria 1, a exposição“Fricções históricas”, mostra individual do artista plástico Alexandre Mury, com curadoria de Vanda Klabin e coordenação geral do marchand Afonso Costa. Nessa que será a primeira mostra institucional individual do artista, o espectador terá a oportunidade de conferir um panorama de imagens que, muito mais que se prestarem ao julgamento estético, instigam e provocam a reflexão sobre temas extremamente presentes. Os trabalhos de Mury evocam questões antropofágicas de autoria, tais como cópia, citação, releitura, recriação, crítica, apropriação, paródia, pastiche, já que ele trabalha a partir de obras consagradas, canônicas, portanto, de rápido reconhecimento. Sua proposta faz, assim, a discussão enveredar pelo questionamento do próprio papel da obra de arte em nossa sociedade.

 

A exposição “Alexandre Mury | Fricções históricas” apresenta um vídeo e 42 fotografias em grandes formatos, metade delas inéditas, todas protagonizadas pelo próprio artista, com provocativas releituras de obras consagradas da história da arte, ícones da cultura e do imaginário coletivo. São releituras do olhar único de Mury, que desenvolve um estudo não linear da história da arte, percorrendo do renascentista ao contemporâneo, passando pela Antiguidade e indo ao moderno. Uma das obras inéditas bastante esperadas para esta exposição é a versão de Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Para aparecer em sua leitura da obra renascentista, Mury raspou o cabelo, a barba e as sobrancelhas.
A alquimia poética que envolve os trabalhos de Alexandre Mury tem a capacidade de nos trazer questionamentos, inquietações, provocações e até um insistente desconforto aliado às ambiguidades de um prazer libidinoso. Desdobrar-se e despersonalizar-se ao estabelecer o seu eu como centro de todas as suas obras, por meio de um procedimento descontínuo e lacunar, gerado ao transformar a própria imagem constantemente e introduzir o seu ser como agente de suas investigações históricas, é exatamente a junção de acontecimentos que o torna portador de uma experiência artística bastante singular, diz a historiadora de arte e curadora da exposição, Vanda Klabin.

 

 

Sobre o artista

 

Alexandre Mury nasceu em São Fidélis, RJ, 1976, onde reside. Artista por vocação, desde criança desenhou e pintou e aos 16 anos começou a fotografar. Em 1997, ingressa na Faculdade de Filosofia de Campos cursando Publicidade e Propaganda, que conclui em 2001. Lecionou em algumas faculdades entre 2003 e 2006, nos cursos de Comunicação Social e Design Gráfico. Atuou profissionalmente como diretor de arte em agências de publicidade de 2001 até 2010. Desde então, dedica-se exclusivamente ao trabalho de fotografia, participando de importantes coleções, como as de Gilberto Chateaubriand e Joaquim Paiva.

 

 

Sobre a curadora

 

Vanda Klabin é historiadora de arte, curadora de diversas exposições de arte e autora de artigos e ensaios sobre arte contemporânea. É formada em Ciências Políticas e Sociais, pela PUC-Rio e em História da Arte e Arquitetura pela Uerj. Fez pós-graduação em Filosofia e História da Arte, PUC-Rio. Nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro.

 

 

De 20 de julho a 8 de setembro.

Maria Martins: metamorfoses

15/jul

 
A exposição “Maria Martins: metamorfoses“, no MAM-SP, Sala Paulo Figueiredo, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, acompanha as contínuas transformações na obra de um dos grandes nomes da escultura brasileira. A retrospectiva destaca não apenas as esculturas de Maria Martins, mas também suas pinturas, gravuras e escritos. A obra de Maria Martins é considerada longe da estagnação, da redundância e dos padrões delineados por algum movimento artístico. A vocação metamórfica do trabalho da artista foi investigada a fundo pela pesquisadora e crítica de arte Veronica Stigger, estudiosa do legado da escultora e curadora da mostra.

 

Esta é uma das maiores mostras já realizadas no país sobre a obra da artista. Anteriormente essa tarefa foi assumida, no Rio de Janeiro, pelo conhecido marchand e colecionador Jean Boghicci, em sua galeria de Ipanema. Nascida em Campanha, MG, em 1894, que começou a estudar as técnicas da escultura na Bélgica, na década de 30. São mais de 30 esculturas em exposição, a maioria em bronze, distribuídas em cinco núcleos – “Trópicos”, Lianas”, “Deusas e Monstros”, “Cantos e Esqueletos” -, que são determinados mais pela comunicação formal do que propriamente por uma ordem cronológica. A exposição reúne também livros, artigos, obras bidimensionais em papel e cerâmicas de parede. “É uma artista que não se enquadra em nenhum movimento de arte, ela tem um trabalho muito singular”, descreve a curadora Veronica Stigger, apontando uma das características do trabalho de Maria Martins. Segundo Felipe Chaimovich, curador do MAM-SP, a exposição é uma maneira de o museu lançar um olhar sobre a artista a partir do Brasil. Sem o devido reconhecimento em seu país de origem, Maria Martins consolidou carreira internacional, a ponto de, no ano passado, ganhar postumamente destaque na Documenta de Kassel, Alemanha.

 

“Maria Martins: metamorfoses” exibe as contínuas transformações da forma ao longo do desenvolvimento artístico de Maria Martins, a partir da fase desencadeada pela exposição de 1943, na Valentine Gallery, em Nova York, onde ela inaugurou sua terceira mostra individual, tida como um marco em sua trajetória. Lá, ela assumia, de vez,mudanças significativas – e irreversíveis – na concepção formal de seus trabalhos. Se antes sua representação do humano tendia ao tradicional, com contornos mais nítidos, a partir dali, suas figuras, apesar de ainda reconhecíveis, se entrelaçam a elementos da natureza. Esse encontro do homem com a natureza foi alvo de reverências de artistas surrealistas de seu tempo, como o escritor francês André Breton, autor do “Manifesto Surrealista” de 1924. Na época da exposição individual da artista na Valentine Gallery, ele disse: “Maria conseguiu capturar tão maravilhosamente em sua fonte primitiva não apenas a angústia, a tentação, a febre, mas também a aurora, a felicidade calma, e até mesmo às vezes o puro deleite”. Do desejo de representar a Amazônia, veio a concretização nas esculturas de oito personagens-mitos, batizados de “Amazônia”, “Cobra Grande”, “Boiúna”, “Yara”, “Yemanjá”, “Aiokâ”, “Iacy” e “Boto”. Alguns exemplares dessa série exposta na emblemática mostra de 1943, poderão ser vistos agora na exposição do MAM-SP. Outro destaque de Maria Martins: metamorfoses são os 5 artigos que a artista escreveu para o Correio da Manhã, na década de 60, reunidos sob o título “Poeira da vida”, que voltam a público depois de anos, após serem encontrados por Veronica Stigger na Hemeroteca da Biblioteca Nacional.

 

 

Sobre os núcleos da exposição

 

Trópicos

 

Antes da exposição de 1943, Maria Martins já vinha voltando sua atenção para temas brasileiros, mas ainda moldava seus “Samba”, “Negra”, “Yara” em formas convencionais.Obras como “Yemenjá” e “Iacy” já sinalizam o entrelaçamento do elemento humano ao vegetal, embora as figuras representadas sejam ainda claramente discerníveis.
Lianas

 

Neste segundo conjunto de esculturas, há certa concentração nos elementos que eram secundários no primeiro: as formas enredadas que circundavam as figuras principais. Em “Comme une liane”, é a própria figura feminina que tem seus membros convertidos em algo semelhante a galhos flexíveis ou cipós.

 

Deusas e Monstros

 

Ao longo da carreira, Maria produziu uma série de deusas e monstros, nos quais a figura humana aparece transformada. Em “Impossible”, a escultura mais célebre deste núcleo, o caráter erótico da metamorfose se explicita: dois corpos, um feminino e um masculino, são impedidos de se aproximar totalmente em função das estranhas formas pontiagudas de suas cabeças, ao mesmo tempo em que parecem magneticamente -amorosamente – ligados para sempre.
Cantos

 

Em seu livro sobre Nietzsche, Maria Martins demonstra especial admiração pelos cantos de Zaratustra. Em “O canto da noite”, título que ela toma emprestado para uma de suas esculturas, Nietzsche escreve: “Uma sede está em mim, insaciada e insaciável, que busca erguer a voz”. Em “O canto do mar” e na escultura sem título, as formas se tornam mais arredondadas, mais indefinidas, mais abstratas, numa possível tentativa de dar forma ao que não é palpável, como a voz.
Esqueletos

 

De uma maneira geral, a obra de Maria Martins se voltou sobretudo para as formas orgânicas. No entanto, há um conjunto de trabalhos que tendem à forma do esqueleto, ou seja, que se concentram naquilo que, no organismo, bordeja o inorgânico. “Tamba-tajá” e “Rito dos ritmos” perdem corporalidade, se comparadas com outras esculturas suas, e se reduzem a ossaturas. “Pourquoi toujours”, que pode lembrar a forma de uma planta, é toda pontuada por pequenas caveiras. É como se Maria, barrocamente, nos recordasse que o que resta do humano, ao fim das metamorfoses, são os ossos. Somente a eles corresponde talvez a utopia de uma forma final.

 

Sobre a curadora

 

Veronica Stigger é escritora, pesquisadora, crítica de arte e professora universitária. Fez doutorado em Teoria e Crítica de Arte pela Universidade de São Paulo, USP, com tese sobre a relação entre arte, mito e rito na modernidade, com ênfase nas obras de Piet Mondrian, Kasimir Malevich, Marcel Duchamp e Kurt Schwitters. Também tem pós-doutorado pela Università degli Studi di Roma “La Sapienza” e Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, MAC-USP, no qual desenvolveu pesquisa sobre as obras de Maria Martins e Flávio de Carvalho. Atualmente, é coordenadora de escrita criativa na Academia Internacional de Cinema e professora de pós-graduação em História da Arte e Fotografia na Fundação Armando Alvares Penteado, FAAP. É autora de livros como “Gran Cabaret Demenzial” e “Os Anões”, além de ser uma das escritoras de “Maria”, organizado por Charles Cosac.

 

 Até 15 de setembro.

MURILO CASTRO EXIBE MARIA LYNCH

05/jul

 

 

Maria Linch realiza a exposição individual denominada “Instalação Macia” na Galeria Murilo Castro, Savassi, Belo Horizonte, MG. O destaque é uma grande instalação na sala principal da galeria, a mostra, que já passou pelo Paço Imperial, Rio de Janeiro, conta também com duas telas e três objetos flutuantes. A instalação encobre toda a sala, do chão ao teto, de objetos macios, pelúcias, veludos, rendas, e perde-se a dimensão e divisões do ambiente, misturando o erótico e o lúdico, o gozo e a culpa.

 

“O trabalho se instaura entre o feminino e o lúdico, entre o erótico e uma repulsa à realidade. Existe nessas figuras femininas uma projeção de um ideal de mulher e ao mesmo tempo o apagamento da identidade, como uma questão existencial, falando dessa ausência/falta. Essas contradições e ambivalência geram ansiedade e angústia. Recrio uma ficção, uma alegoria, um excesso junto a fragmentos do imaginário, sublimando o real numa lógica particular.”, assim define seu trabalho a própria Maria Lynch.

 

“A artista, não por acaso, escolhe cores vibrantes e cenicamente compõe um quarto de criança, um ambiente “alegre”, que mentes mais ingênuas julgariam como propício para a brincadeira. O fato é que a forma dos objetos a serem manipulados nega a aparência meiga e delicada que a imagem daquele ambiente pode supor. É nessa ambiguidade que Lynch está interessada”, revela o crítico Felipe Scovino. E completa: “A obra de Lynch pede uma fenomenologia dos sentidos porque é tão visual quanto tátil. Na ativação dessas ambiguidades, a proliferação desses objetos fricciona um lugar que fica entre a adoração, o refúgio e a culpa. Não se trata de uma obra meramente participativa ou erótica, mas de como perversão, erotismo e aspectos lúdicos vão se contaminando, se apropriando e se misturando nessa obra, sobrando para nós uma atitude de perplexidade e encantamento. Um sorriso amarelo, talvez. Mas nunca descaso. Lynch aponta os paradoxos de uma sociedade (hipócrita) e as suas ambiguidades sexuais; o espectador agora está defronte do cotidiano que ele mesmo criou, dos elementos e perversões que ele glorifica e de que necessita”.

 

Sobre a artista

 

Maria Lynch nasceu no Rio de Janeiro em 1981, onde vive e trabalha. Formada pela Chelsea College of Art and Design, Londres, onde concluiu pós-graduação e mestrado em 2008. Entre suas principais exposições estão, “The Jerwood Drawing Prize” com itinerância por Londres e outras cidades da Inglaterra, em 2008. “Nova Arte Nova” no CCBB, RJ e São Paulo, também em 2008. Em 2009, foi a artista convidada para o “Salão Paranaense”, em Curitiba, e apresentou a performance “Incorporáveis” no Oi Futuro e no SESC 24 Horas, Pier Mauá, no Rio de Janeiro. Em 2010, foi convidada para a exposição coletiva ‘] entre [‘ na Galeria IBEU e foi contemplada com o Prêmio Marcantônio Vilaça, Funarte com exposição no MAC de Niterói. Em 2011 participou da 6º Bienal de Curitiba, VentoSul. Em 2012 apresentou a instalação “Ocupação Macia” no Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ, e realizou a performance “Incorporáveis” no MAM-RJ. Foi convidada para fazer a residência artística na Bordalo Pinheiro, em Portugal e no mesmo ano a expor Barbican na exposição coletiva Creative Cities, nas Olimpíadas de Londres. Além destas, participou da exposição individual na galeria Marília Razuk, São Paulo, SP. Em 2013 fez exposição individual na Galeria Anita Schwartz, Rio de janeiro, RJ, e contemplada com a bolsa do Itamaraty para uma residência em Lima para 2014. Foi comissionada para fazer uma obra para a Fundação Getúlio Vargas, na nova sede do Flamengo. A artista tem obras em importantes coleções, como o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Committee for Olympic Fine Arts 2012, Londres, Coleção Gilberto Chateubriand, Ministério das Relações Exteriores – Palácio do Itamaraty, DF e Fundação Getúlio Vargas, RJ. Em agosto, Maria Lynch segue para Nova York, onde fará uma residência na Residency Unlimited. A instituição tem o objetivo de fomentar a criação e difusão da arte contemporânea, oferecendo uma experiência multifacetada. Em janeiro, a artista continua na cidade para estudar na New York Art Residency and Studios (NARS).

 

Até 27 de julho.