Em busca do essencial

17/out

A LUME Photos, Itaim-Bibi, São Paulo, SP, inaugura “Naïve”, a primeira exposição individual do fotógrafo Gabriel Wickbold com 14 imagens da série homônima. Em sua busca pela essência do homem, registrou imagens de rostos de modelos pintados com guache e efeitos craquelados, sobrepostos por insetos ou plantas. Para Gabriel Wickbold, este ser humano ingênuo (tradução da palavra francesa naïve), fossilizado, atua “adubando algo novo, gerando vida através de sua carcaça pura”. O título da série faz alusão ao sentimento de superioridade do homem em relação à Natureza.

 

Sempre estiveram presentes no trabalho do fotógrafo a figura humana e a criação de interferências em seus personagens com o emprego da tinta. Em “Naïve”, a novidade fica por conta da interação com outros elementos da natureza, acessórios dispostos com a intenção de questionar a posição do homem no mundo. Apesar de forte relação com a temática do impacto ambiental provocado pela ação humana, as questões fundamentais nas obras de Gabriel Wickbold são filosóficas, interiores. Nesses trabalhos, o fotógrafo foca-se na natureza do homem, arrogante devido a sua falta de conhecimento acerca da vida que o cerca, da vida que está além de sua própria vida.

 

Em “Naïve”, Gabriel Wickbold optou por fotografar apenas as cabeças dos modelos, já que é a parte do corpo onde se concentram as ideias e emoções. Antes do clique, o inseto ou planta é posicionado sobre a face. Todos os elementos que compõem as obras do artista estão presentes no momento da fotografia. Tão importante quanto a técnica do manuseio da câmera é esse processo de transformação dos modelos em homens-instalação. O artista trata a fotografia como instrumento para representar sua estética, que é utilizada como um impulso para o conteúdo, um meio de exprimir sua visão de mundo. “A arte é reflexo do homem e suas questões. Essa série veio como uma transpiração desse meu momento”, diz. A curadoria é de Paulo Kassab Jr e a coordenação de Felipe Hegg.

 

Até 23 de novembro.

Fotos exóticas

16/out

A fotógrafa Christiana Carvalho abre sua primeira exposição na Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, na qual exibe 22 fotografias que contam a história de sua experiência em alto mar. Christiana Carvalho começou a fotografar espetáculos de dança e teatro em São Paulo na década de 70. Em 1976 começou a se interessar também pela natureza e povos de lugares distintos, foi quando resolveu passar 10 anos de sua vida a bordo do navio sueco “Lindblad Explorer” onde produziu um fascinante acervo mostrando fotos submarinas, a vegetação exótica e diversos povos de lugares como Antártica, África, Ásia e Austrália.

 

Sobre a artista

 

Christiana Carvalho colaborou com assiduidade em várias publicações, no Brasil e no exterior, como National Geographic e People Magazine na Austrália. No início de 2000, voltou a fotografar teatro e foto still para cinema e começou a expor todo o seu material em galerias. Participou de coletivas na França, África, Bolívia, Peru, além do MASP, São Paulo e do MAM-Rio. Também realizou individuais no Museu da Imagem e do Som, Rio de Janeiro, RJ, e em diversos espaços profisionais no eixo Rio-São Paulo.

 

 

Até 26 de novembro.

Tripla Comemoração

10/out

O marchand Ricardo Camargo comemora 61 anos de vida, sendo 46 deles em atividade contínua no mercado de arte nacional e 17 à frente da Ricardo Camargo Galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP. Agora, Ricardo Camargo une de modo inteligente essas datas para compor a exposição “61+46+17”, na qual exibe um seleto e expressivo acervo com obras assinadas por Lasar Segall, Anita Malfatti, Brecheret, Antônio Bandeira, Krajcberg, Baravelli, Burle Marx, Lothar Charoux, Vik Muniz, Antônio Henrique Amaral, Edgar de Souza, Fernanda Gomes Mira Schendel, Djanira, um raro pastel de Renoir e um objeto de Lina Bo Bardi..

 

Segundo Roberto Comodo, na apresentação do catálogo, Ricardo Camargo é “…o único galerista de São Paulo que iniciou o seu ofício nos anos 60 e ainda hoje está na ativa, ele se orgulha de suas origens. Ricardo começou em 1966, trabalhando em várias funções na Galeria Art Art, do seu irmão Ralph Camargo. E foi com ele que aprendeu a fazer montagens de exposições e desenvolveu o senso estético e o olhar crítico para diferentes obras de arte”.

 

Um dos destaques da mostra é o “Polochon”, a escultura do porco de “duas cabeças” criada pela arquiteta Lina Bo Bardi em 1985 para a peça “UBU, Folias Physicas, Pataphysicas e Musicaes” do Teatro do Ornitorrinco, dirigida por Cacá Rosset..

 

Até 31 de outubro.

City Lights

A Huma Art Projects, Humaitá, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “City Lights”, com 19 obras inéditas de Patricia Thompson, pensadas especialmente para sua primeira exposição individual na galeria. A ideia para esta exposição surgiu na última viagem da artista à Nova York, cidade onde viveu por seis anos e que continua sendo uma fonte de inspiração para seu projeto autoral de arquitetura abstrata, trabalhos que ela nomeou como “Abstracted Urbanism”. Nesta série, fotografa construções urbanas com composições elaboradas, através de detalhes geométricos e arranjos visuais. Na atual exposição, a artista apresenta um desdobramento dessa pesquisa, mostrando, pela primeira vez, fotografias noturnas. Todos os efeitos foram obtidos no momento exato da captação da foto, sem uso posterior de photoshop ou qualquer outro programa de edição. Patricia Thompson trabalha com o tempo e a luz ambiente.

 

No primeiro andar da galeria, Patricia exibe 12 fotografias impressas em papel de algodão, nas quais dá continuidade ao processo de pesquisa da arquitetura novaiorquina, com fotos diurnas: arranjos visuais gráficos de objetos reconhecíveis, como uma vitrine, uma escada ou uma parede de um prédio; uma intenção não representativa. Trata-se de uma transformação do real.

 

Mais um desdobramento dessa pesquisa é exibido no segundo andar, com fotos feitas durante a noite. Ao todo, nove fotografias sobre construções urbanas e iluminação noturna, produzidas em backlight. Neste espaço, com luzes apagadas para criar um ambiente escuro, a iluminação surge através de caixas de luz que envolvem o espectador no universo em que a artista encontrava-se ao realizar as obras.

 

Sobre a artista

 

Nascida no Rio de Janeiro, em 1985, Patrícia Thompson é fotógrafa de interiores e arquitetura. Morou um ano em Londres e seis anos em Nova York, onde se formou na Parsons School of Design com um BFA Photography. Foi nesta cidade que ela descobriu sua identidade artística e a preferência por construções urbanas. O projeto desenvolvido durante esses anos se chama “Abstracted Urbanism” e rendeu uma bolsa no penúltimo ano de faculdade e uma exposição individual patrocinada pela MaxMara para o evento mundial “Fashion’s Night Out 2010”. Participou das exposições coletivas “As Quatro Pontes”, na Huma Art Projects, em 2011 e em duas ocasiões na Parsons School of Design, em 2009 e 2010.

 

 Exposição: De 11 de outubro a 11 de novembro.

 

 Lançamento do catálogo: 11 de novembro, às 18h.

Milhazes na Argentina

09/out

Love

Chama-se “Panamericano” a exposição que Beatriz Milhazes realiza na Sala 5 do Malba – Fundación Costantini, Buenos Aires, Argentina. A mostra faz parte do “Mês do Brasil na Argentina”, organizada pela Embaixada do Brasil em Buenos Aires. A curadoria é de Frédéric Paul, e apresenta uma seleção de cerca de 30 pinturas da produção recente da artista. Trata-se da primeira exposição individual que Beatriz Milhazes realiza – fora de seu país – em uma instituição da América Latina. A mostra foi produzida integralmente pelo Malba que apresenta uma intervenção cenográfica desenhada especialmente para esta ocasião.

 

A mostra concentra-se nos últimos dez anos da produção pictórica da artista e reúne peças provenientes, em sua maioria, de coleções públicas e privadas do Brasil e Estados Unidos. Entre elas encontram-se obras emprestadas pela primeira vez pelos museus Guggenheim, de Nova Iorque e Museu de Arte Moderna de São Paulo. A destacar nesse contexto, duas obras importantes da coleção particular de Eduardo F. Costantini: “O mágico”, de 2001, e “Pierrot e Colombina”, de 2009-10, trabalhos que abrem e encerram uma década notável da carreira de Beatriz Milhazes.

 

O Malba editou um catálogo bilíngue, espanhol-inglês, com 124 páginas, sendo esta a primeira publicação de referência em espanhol sobre uma exposição antológica da artista. O livro inclui o ensaio “Beatriz Milhazes, o la ventaja de no salir nunca del laberinto en pintura”, do curador Frédéric Paul; e a reedição e primeira tradução para o espanhol de textos importantes sobre a artista como: “Beatriz Milhazes. El baúl brasilero”, do crítico e curador Paulo Herkenhoff; e uma entrevista com o designer de moda Christian Lacroix, originalmente publicada em “Beatriz Milhazez/Avenida Brasil”, Frédéric Paul ed., Domaine de Kerguéhennecc, Centre d’art contemporain, 2004. O catálogo também inclui uma seção completa com a reprodução (em cores) das obras em exposição.

 

A exibição conta com a colaboração das galerias Fortes Vilaça, São Paulo; James Cohan, Nova Iorque; Stephen Friedman, Londres e Max Hetzler, Berlim.

 

Sobre a artista

 

Suas obras integram coleções de importantes museus internacionais como o Museum of Modern Art (MoMA), Solomon R. Guggenheim Museum e The Metropolitan Museum of Art (Met), ambos em Nova Iorque, e o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid, Espanha, entre outros. Colabora desde 1996 com a Durham Press (serigrafías) e a partir de 1994, cria cenografias para a Companhia de Danças de Márcia Milhazes, Rio de Janeiro.

 

Até 19 de novembro.

Série ‘Nós’

O fotógrafo Paulo Gouvêa Vieira estreia na edição 2012 da Casa Cor, Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, com a série “Nós”, sob curadoria do arquiteto Chicô Gouvêa. As 51 imagens, selecionadas a partir de um total de 220, mostram detalhes da natureza flagrados em close de nós de arames farpados. Borboletas, gotas de orvalho, teias de aranha, por do sol, lua… A interação da natureza com os arames farpados surpreende pela beleza e riqueza visual.

 

Feitas em diferentes cenários – não há arame farpado repetido – as fotos são o resultado de um trabalho realizado entre os anos de 2009 e 2010, em Itaipava e Arco Verde, interior de Pernambuco. Todas as fotos foram feitas com luz natural e não passaram por corte, tratamento ou qualquer outra interferência.

 

Entre as curiosidades que envolvem o trabalho está o fato de as fotos serem únicas, nenhuma foi refeita. Para ambientar o espaço de 61 metros, que dá acesso a diferentes ambientes da Casa Cor, Chicô Gouvêa escolheu imagens que “conversam entre si” e formam uma composição independente do que representam isoladamente.

 

Até 19 de novembro.

Três no Palácio Capanema

08/out

A galeria da Funarte, Centro, situada no mezanino do Palácio Gustavo Capanema, apresenta “Palácio”, exposição dos artistas Alvaro Seixas, Hugo Houayek e Rafael Alonso. O projeto foi contemplado com a Edição 2011 do ‘Prêmio Funarte de Arte Contemporânea – Projéteis Funarte de Artes Visuais Rio de Janeiro”. Os três artistas apresentam trabalhos que estabelecem estreito diálogo entre si e constituem uma grande instalação concebida especificamente para o espaço em questão. A monumentalidade da maioria das obras e a sua relação com a arquitetura do edifício paradigmático do modernismo brasileiro, propiciam uma potente presença teatral para os objetos expostos, que se situam estrategicamente entre categorias como a pintura, a escultura e o design. Um catálogo da exposição será posteriormente editado, contendo imagens das obras e entrevistas dos três artistas com o crítico de arte Felipe Scovino e o artista e crítico de arte Fernando Gerheim.

 

Alvaro Seixas, vive e trabalha na cidade de Niterói, expõe mais de uma dezena de telas-objetos de grande formato, pintadas à mão – grande parte delas dotadas de estruturas de ferro aparentes. Esses trabalhos, em seu conjunto e em sua relação com a arquitetura, nos remetem simultaneamente a certas formas e composições surgidas da associação entre a pintura, a geometria e o design ao longo do século XX.  As obras – que em parte se “comportam” aparentemente como objetos utilitários – do mobiliário doméstico ou ainda da sinalização urbana – fazem lembrar as formas emblemáticas do suprematismo e do construtivismo, mas também as práticas e questionamentos lançados por movimentos contemporâneos como o minimalismo e o pós-minimalismo, e o neo-geo e o neo-conceitualismo. A vaga repetição por Seixas de antigos – e recentes – modelos estéticos parece afirmar certo caráter paradoxal do fazer da “pintura” na atualidade, que se recusa a ser apenas mais uma peça em uma sequência lógica de fatos.

 

Hugo Houayek apresenta trabalhos que exploram os limites do campo pictórico. Um deles,  “Queda”, obra de grandes dimensões constituída de 100 metros de lona plástica, ocupa uma parte considerável do mezanino do Palácio Capanema. Nessa obra o artista explora as sensações táteis e visuais desse material banal – mas ao mesmo tempo profundamente enraizado em nossas atividades quotidianas. Através da sua vibração cromática e maleabilidade escultórica esse produto sintético é convertido num dispositivo expressivo de traços. Na série “Bancos”, Houayek “contamina” suas obras com o caráter utilitário dos objetos de design, produzindo peças de escultura-pintura-mobiliário. Desse modo, as obras de Houayek servem como elementos provocadores esteticamente – trata-se de objetos dotados de uma “camuflagem” que mimetiza outros objetos e outras coisas do mundo. Na exposição, esses trabalhos contaminam o espaço, são contaminados pelo espaço e se contaminam entre si.

 

Rafael Alonso, vive e trabalha no Rio de Janeiro. O artista apresenta uma massiva estrutura em forma de cubo, recoberta com largas faixas de papel adesivo multicoloridas, que a transformam num objeto opticamente ativo. Tais adesivos são do tipo conhecido popularmente como lambe-lambe, item muito utilizado como um ágil e improvisado veículo de divulgação publicitária nas grandes cidades, na maioria das vezes de modo ilegal. O grande objeto – que pode ser descrito como uma “Caaba ótica” – se afirma não apenas como um elemento formalmente ambíguo e, portanto, provocador, mas é também uma espetacular atração que se torna, a partir de certo momento, desconfortável para os olhos, tendo em vista o impacto visual obtido pela justaposição de inúmeras e estreitas linhas diagonais azuis, vermelhas e amarelas. O padrão ótico adesivado, que servirá em alguns momentos como “pano de fundo ativo” para as obras de Seixas e Houayek, é uma versão precária das formas geométricas vibrantes concebidas por movimentos históricos como o Art Déco e a Op-Art.

 

 

De 09 de outubro a 07 de novembro.

Exposição de Luiza Baldan

07/out

A fotógrafa Luiza Baldan apresenta coletânea de trabalhos recentes no Centro Carioca de Design/Studio X Rio, Praça Tiradentes, Rio de Janeiro, RJ. A exposição, “São Casas”, recebeu curadoria assinada por Guilherme Bueno e reúne 20 fotografias e uma videoinstalação de projetos de residências realizados entre 2009 e 2011 como “Natal no Minhocão”, “Pinturinhas”, “De murunduns e fronteiras”, “Insulares”, “Marginais”, “Serrinha” e “Beira”.

 

Luiza Baldan seleciona áreas urbanas transfiguradas por construções arquitetônicas para viver durante um mês e trabalhar através da experiência do habitar. Foi assim que a artista viveu por um período no Conjunto Habitacional Pedregulho, em Benfica; no condomínio de luxo Península, na Barra da Tijuca e no Conjunto Residencial Rapozo Tavares, o Rapozão, em Santa Teresa.

 

Os deslocamentos têm sido também deslocamentos de olhar ou, mais do que isso, a criação de “outro” olhar a partir da experiência que um lugar estrangeiro desencadeia. Não se trata de documentar a experiência, mas de produzir ficção a partir dos fatos cotidianos. Entre residências, mudanças, errâncias e cidades, Baldan se habituou ao trânsito e ao transitório, e seu olhar vem acompanhando o percurso, ora cinematográfico, ora pictórico, mas sempre fotográfico. A artista trabalha diretamente com a sua memória em relação ao morar. O cinema, a pintura e a literatura atravessam suas imagens, sempre marcadas pela convivência com a arquitetura, com o espaço construído.

 

Sobre a artista

 

Nasceu no Rio de Janeiro, 1980.  Mestre e bacharel em Artes Visuais pela UFRJ , Rio de Janeiro, 2010, e Florida International University, Miami, 2002. Selecionada pelo programa Rumos Artes Visuais 2011–2013 do Itaú Cultural e premiada com a bolsa-residência no CRAC Valparaíso; recebeu o XI Prêmio Marc Ferrez de Fotografia da Funarte, 2010, o prêmio aquisição na 1ª Mostra de Fotografia CCSP, 2008, além dos internacionais Color Express Award e Brown L. & Marion Whately Scholarship, 2002.

 

De 09 de outubro a 13 de dezembro.

Carmela Gross na Vermelho

Répteis

A Galeria Vermelho, Pacaembú, São Paulo, SP, apresenta “Serpentes”, exposição individual de Carmela Gross.

Ao chegar no pátio da Vermelho, antes mesmo de entrar no espaço expositivo da galeria, o visitante terá pistas sobre o conceito que permeia a primeira individual da artista na galeria. Em “Serpentes”,  Carmela Gross reúne construções tridimensionais, vídeo, luz, desenhos e colagens digitais, que propõem um terreno movediço impossível de ser domesticado pelo espaço.

 

Duas perfurações no muro da fachada conectam o exterior com o interior criando um fluxo direto entre aquilo que constitui o lugar privado do cubo branco e a ordem do espaço público da cidade. Mais do que uma simples alteração na materialidade do local, essas perfurações, chamadas pela artista de “2 Buracos”, revelam que o campo de ação de Carmela Gross também é a cidade. “Luz Del Fuego”, vídeo de 2012, reúne imagens documentais de incêndios publicadas em jornais, entre os anos de 2007 e 2011. Na obra, a imagem do fogo conduz a narrativa e aponta para transformações radicais de ordem política e social.

 

Na sala 1, encontra-se a obra “Escada de Emergência”, criada em 2012. Construída com lâmpadas florescentes verdes e vermelhas e sustentadas por tripés metálicos, o trabalho sugere uma experiência física a partir de uma experiência visual. Desprovida de sua funcionalidade, ela aponta para o universo simbólico representado pela escada.

 

Todo o piso da sala 2 será ocupado por uma Instalação composta por 280 peças fundidas em latão e banhadas em níquel, nominadas pela artista como “Répteis”.

 

“Entre Palavras”, série de desenhos feitos com grafite e esmalte sobre folhas do dicionário Aurélio, ocupa a sala 3. Na obra, a figura flexível da cobra surge associada à palavra e às suas variações. Ao cobrir os verbetes das páginas do dicionário com desenhos de cobras, Carmela Gross articula a potência do discurso à astucia do animal.

 

De 09 de outubro a 03 de novembro.

Roger Ballen no MAM-Rio

04/out

O MAM-Rio, Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição retrospectiva do artista americano radicado na África do Sul, Roger Ballen, um dos fotógrafos contemporâneos mais importantes de sua geração. “Roger Ballen – Transfigurações, Fotografias 1968-2012” é a primeira grande exposição na  América Latina do artista, que recentemente teve retrospectivas em grandes instituições dos Estados Unidos e da Europa.

 

A exposição apresentará uma seleção de trabalhos de Roger Ballen, que datam desde a década de 1960 até os dias de hoje, possibilitando ao espectador a observação do processo de desenvolvimento da obra do artista. Ballen começou a fotografar aos 18 anos e menos de uma década depois se mudou para a África do Sul, onde ainda reside.  A partir dos anos 1980, ele passa a fotografar com câmera de médio formato, que exige uma abordagem mais consciente e meticulosa frente a seus objetos, e que resulta na imagem quadrada que utiliza até hoje.

 

A série “Platteland”, publicada em livro em 1994, ano em que Nelson Mandela seria eleito presidente, atraiu a ira dos setores conservadores da África do Sul, fazendo com que Ballen chegasse a ser preso diversas vezes, e a sofrer ameaças de morte por seu trabalho. A partir de 1995, Ballen começa a ter reconhecimento internacional. Abandona a prática da fotografia documental e começa a desenvolver, a partir da série “Outland”, uma nova linguagem, fundamentada nas teorias junguianas. Essa fotografia repleta de ambiguidades e criadora de uma estética do grotesco culmina em “Shadow Chamber” e “Boarding House”. Ballen continua trabalhando com uma Rolleiflex – mesma câmera analógica empregada em “Dorps” há 30 anos –  e se mantém, até o momento, distante das manipulações digitais. As fotos são todas em preto e branco.

 

Com curadoria de Daniella Géo, brasileira radicada na Bélgica, a exposição cobre desde os primeiros anos da trajetória de Ballen até o seu projeto mais recente. São oito séries fotográficas e mais de cem obras, que abrangem a produção do artista, apresentadas em um espaço labiríntico, projetado pelo arquiteto belga Koen Van Synghel, ganhador do Leão de ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2004.  Daniella Géo é doutoranda em artes visuais pela Université de la Sorbonne Nouvelle, Paris.

 

“Roger Ballen – Transfigurações, Fotografias 1968-2012” terá um catálogo bilíngue, com textos de Luiz Camillo Osorio, Philippe Dubois, Koen Van Synghel e uma conversa entre a curadora e o artista. O design é da Mameluco.

 

Sobre o artista

 

Nascido em Nova York, em 1950, vive e trabalha em Joanesburgo, África do Sul. Roger Ballen expôs individual e coletivamente em diversas instituições internacionais, tais como George Eastman House, Rochester, exposição retrospectiva nomeada finalista na categoria de melhor exposição de 2010 do Lucie Awards, considerado o Oscar da Fotografia; Gagosian Gallery, NY, uma das diversas galerias de arte que o representa; Sala Rekalde, Bilbao; Berlin Biennial; Wurttembergischer Kunstverein, Stuttgart; Sydney Biennale, Australia; National Library of Australia; PhotoEspana, Madri, onde recebeu o prêmio de melhor livro monográfico em 2001; Iziko South African National Gallery, Cidade do Cabo; State Museum of Russia, São Petersburgo; Bozar, Brussels; Hasselblad Center, Gutenberg; Kunsthaus, Zürich; Triennale, Milan; Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris; Festival de la Photographie d’Arles, onde foi selecionado como fotógrafo do ano de 2002; Biblioteque Nationale, Paris; Noordelicht, Amsterdã; Kunstal Museum, Rotterdã; BIP 2010, Biennale internationale de la Photographie, Liège, Haus der Kulturen der Welt, Berlin; Victoria and Albert Museum, Londres; Zacheta National Gallery, Varsóvia; New Museum, MoMA-NY etc. Suas exposições individuais figuraram entre as Top 10 Exhibitions da ArtForum, nos anos 2002 e 2004.

 

As fotografias de Roger Ballen fazem parte das coleções: MoMA, NY; Brooklyn Museum, NY; Museum of Fine Arts, Houston; Centre Georges Pompidou, Paris, França; Maison Européenne de la Photogrpahie e Musée Nicephore Niepce, França; Fotomuseum, Munique, Alemanha; Victoria & Albert Museum, Londres, Inglaterra; Stedelijk Museum, Amsterdã, Holanda; Hasselblad Center, Gothenburg, Suécia, entre outros.

 

 

Exposição: De 03 de outubro a 02 de dezembro.

 

Palestra: No dia 04 de outubro, às 19h30, haverá uma palestra de Roger Ballen, no Parque Lage, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ.