Carmela Gross na Vermelho

07/out

Répteis

A Galeria Vermelho, Pacaembú, São Paulo, SP, apresenta “Serpentes”, exposição individual de Carmela Gross.

Ao chegar no pátio da Vermelho, antes mesmo de entrar no espaço expositivo da galeria, o visitante terá pistas sobre o conceito que permeia a primeira individual da artista na galeria. Em “Serpentes”,  Carmela Gross reúne construções tridimensionais, vídeo, luz, desenhos e colagens digitais, que propõem um terreno movediço impossível de ser domesticado pelo espaço.

 

Duas perfurações no muro da fachada conectam o exterior com o interior criando um fluxo direto entre aquilo que constitui o lugar privado do cubo branco e a ordem do espaço público da cidade. Mais do que uma simples alteração na materialidade do local, essas perfurações, chamadas pela artista de “2 Buracos”, revelam que o campo de ação de Carmela Gross também é a cidade. “Luz Del Fuego”, vídeo de 2012, reúne imagens documentais de incêndios publicadas em jornais, entre os anos de 2007 e 2011. Na obra, a imagem do fogo conduz a narrativa e aponta para transformações radicais de ordem política e social.

 

Na sala 1, encontra-se a obra “Escada de Emergência”, criada em 2012. Construída com lâmpadas florescentes verdes e vermelhas e sustentadas por tripés metálicos, o trabalho sugere uma experiência física a partir de uma experiência visual. Desprovida de sua funcionalidade, ela aponta para o universo simbólico representado pela escada.

 

Todo o piso da sala 2 será ocupado por uma Instalação composta por 280 peças fundidas em latão e banhadas em níquel, nominadas pela artista como “Répteis”.

 

“Entre Palavras”, série de desenhos feitos com grafite e esmalte sobre folhas do dicionário Aurélio, ocupa a sala 3. Na obra, a figura flexível da cobra surge associada à palavra e às suas variações. Ao cobrir os verbetes das páginas do dicionário com desenhos de cobras, Carmela Gross articula a potência do discurso à astucia do animal.

 

De 09 de outubro a 03 de novembro.

Roger Ballen no MAM-Rio

04/out

O MAM-Rio, Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição retrospectiva do artista americano radicado na África do Sul, Roger Ballen, um dos fotógrafos contemporâneos mais importantes de sua geração. “Roger Ballen – Transfigurações, Fotografias 1968-2012” é a primeira grande exposição na  América Latina do artista, que recentemente teve retrospectivas em grandes instituições dos Estados Unidos e da Europa.

 

A exposição apresentará uma seleção de trabalhos de Roger Ballen, que datam desde a década de 1960 até os dias de hoje, possibilitando ao espectador a observação do processo de desenvolvimento da obra do artista. Ballen começou a fotografar aos 18 anos e menos de uma década depois se mudou para a África do Sul, onde ainda reside.  A partir dos anos 1980, ele passa a fotografar com câmera de médio formato, que exige uma abordagem mais consciente e meticulosa frente a seus objetos, e que resulta na imagem quadrada que utiliza até hoje.

 

A série “Platteland”, publicada em livro em 1994, ano em que Nelson Mandela seria eleito presidente, atraiu a ira dos setores conservadores da África do Sul, fazendo com que Ballen chegasse a ser preso diversas vezes, e a sofrer ameaças de morte por seu trabalho. A partir de 1995, Ballen começa a ter reconhecimento internacional. Abandona a prática da fotografia documental e começa a desenvolver, a partir da série “Outland”, uma nova linguagem, fundamentada nas teorias junguianas. Essa fotografia repleta de ambiguidades e criadora de uma estética do grotesco culmina em “Shadow Chamber” e “Boarding House”. Ballen continua trabalhando com uma Rolleiflex – mesma câmera analógica empregada em “Dorps” há 30 anos –  e se mantém, até o momento, distante das manipulações digitais. As fotos são todas em preto e branco.

 

Com curadoria de Daniella Géo, brasileira radicada na Bélgica, a exposição cobre desde os primeiros anos da trajetória de Ballen até o seu projeto mais recente. São oito séries fotográficas e mais de cem obras, que abrangem a produção do artista, apresentadas em um espaço labiríntico, projetado pelo arquiteto belga Koen Van Synghel, ganhador do Leão de ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2004.  Daniella Géo é doutoranda em artes visuais pela Université de la Sorbonne Nouvelle, Paris.

 

“Roger Ballen – Transfigurações, Fotografias 1968-2012” terá um catálogo bilíngue, com textos de Luiz Camillo Osorio, Philippe Dubois, Koen Van Synghel e uma conversa entre a curadora e o artista. O design é da Mameluco.

 

Sobre o artista

 

Nascido em Nova York, em 1950, vive e trabalha em Joanesburgo, África do Sul. Roger Ballen expôs individual e coletivamente em diversas instituições internacionais, tais como George Eastman House, Rochester, exposição retrospectiva nomeada finalista na categoria de melhor exposição de 2010 do Lucie Awards, considerado o Oscar da Fotografia; Gagosian Gallery, NY, uma das diversas galerias de arte que o representa; Sala Rekalde, Bilbao; Berlin Biennial; Wurttembergischer Kunstverein, Stuttgart; Sydney Biennale, Australia; National Library of Australia; PhotoEspana, Madri, onde recebeu o prêmio de melhor livro monográfico em 2001; Iziko South African National Gallery, Cidade do Cabo; State Museum of Russia, São Petersburgo; Bozar, Brussels; Hasselblad Center, Gutenberg; Kunsthaus, Zürich; Triennale, Milan; Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris; Festival de la Photographie d’Arles, onde foi selecionado como fotógrafo do ano de 2002; Biblioteque Nationale, Paris; Noordelicht, Amsterdã; Kunstal Museum, Rotterdã; BIP 2010, Biennale internationale de la Photographie, Liège, Haus der Kulturen der Welt, Berlin; Victoria and Albert Museum, Londres; Zacheta National Gallery, Varsóvia; New Museum, MoMA-NY etc. Suas exposições individuais figuraram entre as Top 10 Exhibitions da ArtForum, nos anos 2002 e 2004.

 

As fotografias de Roger Ballen fazem parte das coleções: MoMA, NY; Brooklyn Museum, NY; Museum of Fine Arts, Houston; Centre Georges Pompidou, Paris, França; Maison Européenne de la Photogrpahie e Musée Nicephore Niepce, França; Fotomuseum, Munique, Alemanha; Victoria & Albert Museum, Londres, Inglaterra; Stedelijk Museum, Amsterdã, Holanda; Hasselblad Center, Gothenburg, Suécia, entre outros.

 

 

Exposição: De 03 de outubro a 02 de dezembro.

 

Palestra: No dia 04 de outubro, às 19h30, haverá uma palestra de Roger Ballen, no Parque Lage, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ.

25 anos da Multiarte

03/out

A Galeria Multiarte, Fortaleza, CE, em comemoração aos seus 25 anos de atividades profissionais, apresenta a exposição de Luciano Figueiredo denominada “Do Jornal à Pintura”. Quando surgiu, em 1987, a Multiarte iniciava suas atividades com uma proposta diferenciada: mostrar na cidade exposições de importantes artistas brasileiros e, assim, apresentar suas obras para os visitantes cearenses, entre estudantes, professores, amantes da arte e novos colecionadores, a maioria distante dos espaços expositivos dos grandes centros. Para a abertura do espaço, realizou uma retrospectiva de Antonio Bandeira, com exibição de pinturas e desenhos do consagrado artista. Nesse tempo de atuação apresentou 31 exposições, publicou 31 catálogos, a maioria esgotados, hoje referências bibliográficas para estudiosos da arte brasileira.

 

A exposição de Luciano Figueiredo, “Do Jornal à Pintura”, recebe título análogo à grande mostra realizada no Musée Departamental de GAP, na França, em 2005, com a edição de um extraordinário catálogo com textos de Chris Dercon, Marcelin Pleyner e Frédérique Verlinden. A exposição é composta de 44 obras, selecionadas entre pinturas e objetos tridimensionais, executadas entre os anos de 1984 a 2012. O artista fará uma palestra na galeria, para convidados, no dia 3 de outubro e terá como atividade complementar a exibição, durante o período da mostra, os filmes: LIVRO-FILME,  FILME-LIVRO, e FILME-POEMA, todos de 2010 e assinados em co-autoria por André Parente e Kátia Maciel e poema de Antonio Cícero.

 

Sobre o artista

 

Luciano Figueiredo – artista, designer e curador – mantém uma coerência ímpar no seu trabalho, de caráter experimental. Firmou-se como um dos expoentes no movimento da chamada contracultura no Brasil, na década de 1970. Seus projetos gráficos são referência e sua participação na histórica publicação “Navilouca”, em 1975, foi definitiva. Com uma vasta biografia, exibiu suas criações em renomados espaços públicos e privados, no Brasil e no exterior. Entre as mais recentes apresentações, destaca-se a mostra multimídia apresentada em 2010, no espaço Oi Futuro, Rio de Janeiro: “Livro de Sombras 2”. O projeto foi uma exposição do livro-objeto de Luciano Figueiredo, realizado entre 2007-2008, do poema de Antonio Cícero, parte do mesmo livro, e de filmes dos artistas Kátia Maciel e André Parente. A exposição integrou pintura, cinema e poesia em um mesmo espaço-tempo, no qual o movimento de uma obra interfere na outra: a temporalidade da montagem do livro como filme, do filme como livro e da leitura como poesia, com a curadoria de Alberto Saraiva.

 

Participou de inúmeras bienais – a partir de 1967 – e de mostras coletivas como “Transfutur, Kunstetage Kassel”, Kassel, Alemanha, 1990; “Marginália 70”, Itaú Cultural, São Paulo, 2001; e, mais recentemente, “Dessin, Couleur, etc.”, Galerie des Docks, Nice, França, 2011. Destacou-se como cenógrafo de teatro e cinema. Seu nome está intimamente ligado ao de Hélio Oiticica, pois foi fundador do Projeto HO; grande estudioso da obra de Oiticica, é hoje um das maiores referências sobre o artista, com publicações no Brasil e no exterior. Como curador trabalhou para instituições como: Witte de With, Center for Contemporary Art, Roterdã, Holanda; Galerie Nationale Du Jeu de Paume, Paris, França; Fundació Antoni Tàpies, Barcelona, Espanha; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal; Walker Art Center, Mineápolis, USA; Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo, e MAM, Rio de Janeiro, RJ.

 

Até 01 de dezembro.

Inéditos de Judith Lauand

02/out

A Galeria Berenice Arvani, Cerqueira César, São Paulo, SP, apresenta uma coleção inédita de trabalhos de Judith Lauand, obras produzidas na década de 50,  são mostradas ao público pela primeira vez, ocasião em que são comemorados 70 anos de carreira e 90 anos de vida da artista. Judith Lauand nasceu no ano da Semana de Arte Moderna, 1922.

 

A mostra “Judith Lauand Guaches, Desenhos e Colagens Anos 50” traz à luz 70 trabalhos, sendo a quase totalidade deles inteiramente inéditos, e distribuídos entre projetos de pintura, desenhos autônomos, colagens e guaches, sempre sobre papel. O conjunto remete àquilo que viria a ser a síntese de sua obra – o concretismo e a pintura geométrica – sendo que Judith Lauand é considerada a Dama do Concretismo, justamente por ter sido a única integrante do grupo paulista “Grupo Ruptura”, principal irradiador dos preceitos concretistas no país.

 

A história destes “guardados” é singular. O curador Celso Fioravante, que também foi responsável pela curadoria de exposição anterior da artista, em 2007, sempre foi um interessado em obras sobre papel e não se conformava em ver apenas pinturas da artista. Depois de dois anos de insistência, Judith Lauand finalmente mostrou-lhe uma pasta com dezenas de trabalhos em papel, projetos de obras, esboços e outros, que nunca haviam sido expostos ou sequer mostrados aos seus familiares, exceto àqueles mais próximos. Desde este momento ele e a marchand Berenice Arvani vem insistindo em apresentá-las e apenas agora ganham exposição pública.

 

A artista e a galeria, em parceria com a editora “Papel Assinado”, lançam uma série limitada de 100 caixas contendo 10 serigrafias assinadas.

 

Sobre a artista

 

Judith Lauand iniciou sua carreira artística em 1945, em Araraquara, SP, formando-se em 1950 pela Escola de Belas Artes local. Em 1953, foi convidada a participar do “Grupo Ruptura”, porta-voz do movimento concretista de São Paulo, do qual foi a única presença feminina, tendo feito parte do mesmo até sua dissolução, em 1959. Desde 1945 e até agora, realizou 11 exposições individuais, sendo duas delas no MAC-USP, São Paulo, SP.

 

Foi premiada em 8 salões nacionais e soma uma infinidade de mostras coletivas pelo Brasil – mais de 80, incluindo 5 participações na Bienal Internacional de São Paulo e outras em países como Argentina, Rosario, 1957; Chile, Santiago, 1957; Peru, Lima, 1957; Alemanha, Munique, 1959; Áustria, Viena, 1959; Holanda, Haia, 1959; Suíça, Zurich,1960; França, Provence, 2000 e Estados Unidos, Cambridge, 2001.

 

Suas obras encontram-se em importantes acervos de diversas  instituições públicas no Brasil e no exterior, entre elas o MAC-SP; MAM-SP; MAM-RJ; Pinacoteca do Estado, SP; Museu de Arte Moderna de Grenoble, França e Museum of Fine Arts, Houston, EUA.

 

Até 26 de outubro.

 

Oiticica em Portugal

01/out

A temporada de novas exposições do Museu Coleção Berardo, Centro Cultural de Belém, Lisbôa, Portugal, foi inaugurada com uma retrospetiva sobre a obra de Hélio Oiticica, artista considerado um dos criadores brasileiros mais importantes do século XX.

 

Hélio Oiticica cuja característica principal é a experimentação, iniciou sua carreira em 1954, quando passa a frequentar o curso de pintura de Ivan Serpa no MAM-Rio. Entre 1955 e 1956, participou do “Grupo Frente” e a partir daí, desenvolveu trabalhos que passam da arte abstrata e concreta para um período de transição com as suas “Invenções” e “Pinturas Brancas”, é quando suas obras saem da parede para o espaço, com seus “Bilaterais” e “Relevos Espaciais”.

 

A exposição intitulada “Museu é o Mundo”, com curadoria de Fernando Cocchiarle e César Oiticica Filho, abrange todos os períodos da sua produção, e inclui cerca de 117 obras, filmes, fotografias e documentos de grande interesse e atualidade, que serão apresentados cronologicamente, começando com o “Grupo Frente”, “Metaesquemas”, “Pinturas Brancas”, “Bilaterais”, “Relevos Espaciais”, “Penetráveis”, “Bólides”, “Parangolés” e “Cosmococas”. Todos estes trabalhos permitem acompanhar a trajetória de Oiticica e a forma como o artista questionou o próprio sentido da arte.

 

Algumas destas obras serão apresentadas nos espaços exteriores do Museu Berardo, que funcionarão como locais para performances e proposições de Hélio Oiticica. Por ocasião da exposição será reeditado, pela Azougue Editorial, um livro sobre a obra do artista,  coordenado pelo Projeto Oiticica. A exposição será acompanhada por um amplo Programa Educativo, realizado pelo Museu Berardo, que inclui entre diversas atividades e conferências com Fernando Cocchiarale e Cesar Oiticica Filho dentre outros conferencistas convidados. A obra de Hélio Oiticica é conhecida no país, em 1992, a Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, dedicou-lhe uma exposição. A mostra atual, insere-se no quadro da iniciativa oficial “Os Anos de Portugal no Brasil, e do Brasil em Portugal”.

 

Até 06 de janeiro.

Goeldi ilustra Dostoiévski

27/set

Goeldi

A Caixa Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta a exposição “Goeldi e Dostoiévski”, que reúne ilustrações de Oswaldo Goeldi produzidas para quatro livros do escritor russo Fiódor Dostoiévski. Além das gravuras, a mostra exibirá livros originais e interferências tecnológicas com aplicativos criados especialmente para esta ocasião,  que podem ser baixados para celulares e tablets, com informações detalhadas sobre o escritor e o artista.

 

As 94 obras de Oswaldo Goeldi ilustraram os livros “Humilhados e ofendidos”, “Memórias do subsolo”, “O idiota” e “Recordações da casa dos mortos”, de Dostoiévski, a pedido da editora José Olympio, entre os anos de 1944 e 1953. As ilustrações são consideradas uma contribuição importante para a iconografia do escritor russo. Nelas, Goeldi soube capturar e sublinhar a essência de cada romance e, com traços sucintos, retratar o cotidiano dos personagens descritos. As obras de Dostoiévski ilustradas por Goeldi foram publicadas apenas na Rússia.

 

“Oswaldo Goeldi conseguiu expressar a relação peculiar entre suas ilustrações e o texto do autor russo. Muitos críticos já apontaram para o fato de que Dostoiévski capta a psique humana em seus momentos de crise, e é nisso que Goeldi nos proporciona com seus desenhos predominantes densos e soturnos. Seu mundo branco e preto se funde com a visão dostoievskiana do homem vivendo no submundo e no ápice da tortura”, explica a curadora Lani Goeldi.

 

A exposição contará também com uma criação cenográfica com interferências pictóricas do artista plástico muralista Jefferzion, que complementará o cenário com uma obra representativa do tempo dos czares russos. Autodidata e com 18 anos de carreira, Jefferzion constrói, em seus trabalhos de grandes dimensões, o espaço, a perspectiva e a profundidade dentro de sua pintura. O objetivo principal é iludir os olhos do espectador a fim de proporcionar sensações inusitadas como o tridimensionalismo.

 

Até 18 de novembro.

Toyota por Klintowitz

Klintowitz-Toyota

Reunidos, o Ministério da Cultura, Cinemateca Brasileira, Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural e Bradesco Seguros, apresentam o lançamento – com exposição de esculturas – do livro “A leveza da matéria” de autoria do crítico de arte Jacob Klintowitz. Nesse novo volume de sua extensa e criativa produção, Klintowitz aborda a obra do artista Yutaka Toyota e sobre o trabalho realizado afirma: “Pensar este livro, encontrar a palavra justa para criar a equivalência entre o verbo e a forma tão sutil e pura, foi significativo para mim: estive na dimensão da sensibilidade”. A mostra de esculturas de Toyota encontra-se em cartaz na Cinemateca Brasieleira, Vila Clementino, São Paulo, SP.

 

Trechos do livro

 

…Quem sonhou esta escultura que une dois continentes e povos foi um artista chamado Yutaka Toyota. Uma obra de arte é feita de sonho – alguém a sonhou – imaginação e matéria, concretude e desejo, signo e símbolo. É este conjunto que define a natureza da obra e nos diz de sua dimensão e de seu alcance. E de sua grandeza intrínseca.

 

…A permanente participação do público na sua obra tem outro caráter e é de natureza diversa. Yutaka convida o público a meditar sobre a essência do real, a descartar a aparência como verdade e a perceber o oculto como parte do existente. Mais até do que isto, a obra de Yutaka Toyota se oferece ao público para partilhar certo estado de percepção. Não para saber a verdade do invisível, do não visto, mas para estar neste espaço do oculto.

 

…O processo criativo de Yutaka Toyota se constitui a partir de dois estamentos constantes e exatos. O primeiro é a intuição, o sonho, o conceito, nesta ordem. Ele sonha com universos. Yutaka pensa o espaço sideral. E o segundo, é o minucioso trabalho de construtor que o leva à busca da forma impecável executada de maneira justa, perfeita, similar ao que a intuição lhe mostrara. Um engenheiro cósmico. É o método Yutaka Toyota.

 

…Neste sentido, à medida que o artista avança na sua procura e identificação do invisível, mais a sua obra é feita de desprendimento. O seu aprendizado é o de tornar-se, por sua vez, invisível. A escultura de Yutaka Toyota é feita de visibilidade e invisibilidade, de oculto e evidência, de claro e escuro, de cor e não cor. Entretanto, a obra é visível e o autor, cada vez mais, invisível.

 

De 30 de setembro a 06 de outubro.

Pras: ordem e beleza

Taxi Borusse

Encontra-se em exposição na Sérgio Gonçalves Galeria, Rua do Rosário, Centro, Rio de Janeiro, RJ, uma instalação criada pelo artista francês Bernard Pras, que pela primeira vez exibe uma obra em site specific. Seis outras obras compõem a mostra. Bernard Pras é bem pouco ortodoxo, se autodenomina pintor mas em vez (ou além de) tintas, telas e pincéis, se apropria de todo tipo de objeto cotidiano para criar sua obra: instalações construídas com embalagens, brinquedos, tecidos, eletrodomésticos, talheres, parafusos e materiais que muitas vezes teriam o lixo como destino. O que, a princípio, pode parecer um caos sem sentido, adquire forma e conteúdo se for visto de um determinado ponto de vista – o mesmo da máquina com que fotografa sua obra, para que a torne eterna. É o seu “Inventário”. Normalmente as instalações são levadas para o local da mostra, entretanto, durante a confecção desse trabalho, a Sérgio Gonçalves Galeria transformou-se no ateliê do artista.

 

Pras expõe a instalação “Samba”, reprodução em 3D do quadro de mesmo nome de Di Cavalcanti, obra perdida no incêndio no apartamento do marchand Jean Boghici. “Uma homenagem à obra, ao artista e ao colecionador. Ele ficou muito tocado quando soube, ainda em Paris, da notícia do incêndio e das perdas”, conta o marchand Sérgio Gonçalves.

 

O lado curioso da mostra é que, como em todas as instalações de Pras, o artista consegue este efeito de “caos e ordem” através de recursos de ótica, como a perspectiva e a anamorfose. Na galeria, a contemplação será através de um pequeno buraco na vitrine da galeria, que estará coberta. Apenas dali, daquele pequeno ponto, a obra de Di Cavalcanti – e de Bernard Pras – toma forma e sentido.

 

Completando a mostra, no segundo andar da galeria, seis obras fotográficas (quatro inéditas no Brasil) do artista – como “Casablanca”, reproduzindo uma cena do filme com Ingrid Bergman e Humphrey Bogart; “Nuit étoilée”; reproduzindo a obra homônima de Van Gogh; e “Taxi borusse”. A Sérgio Gonçalves Galeria também está produzindo um livro do artista, a ser lançado em outubro.

 

Até 15 de novembro.

Ponto Cego/Miguel Rio Branco

Carro-doce

“Ponto Cego”, individual de Miguel Rio Branco, é uma das principais exposições de artes visuais realizadas pelo Santander Cultural, Porto Alegre, RS, em 2012. São 110 criações que representam a multiplicidade do artista, possuidor de um domínio no emprego de cores, fato de reconhecimento internacional como uma das maiores manifestações poéticas da arte contemporânea.

 

O recorte de obras produzidas entre 1986 e 2012 atesta o vigor da expressão criativa de Miguel Rio Branco. Trata-se de quase cinco décadas de criação do artista que nasceu na Espanha, em 1946, uma diversida poética da imagem e da fotografia que permitem refletir sobre o seu trabalho.

 

Paulo Herkenhoff, crítico de arte e curador da exposição, selecionou obras que traduzem a extensa produção fotográfica, pictórica, fílmica, de livros e projetos do artista. A disposição dos trabalhos não obedece ordem cronológica ou temática e muito menos por técnicas. A montagem é organizada para propiciar ao público um contato com o esforço vital do artista na elaboração de sua expressão.

 

Sobre o artista

 

Brasileiro nascido por acaso nas Ilhas Canárias, na Espanha (é filho de um diplomata, além de neto do gênio carioca das artes gráficas Jota Carlos), Miguel Rio Branco é frequentemente descrito como o único fotógrafo do país a integrar a agência Magnum. As fotos de Miguel Rio Branco são frequentemente mostradas em exposições e revistas internacionais e estão documentadas em 4 livros: “Dulce Sudor Amargo ” (85, México), “Nakta”, com poema de Louis Calaferte (96-Paraná), “Miguel Rio Branco” com ensaio de Davi Levi Strauss (ed. Apertur/ Cia das Letras) e “Silent Book” (ed. Cosac Naify) em 98.

 

Como pintor, realizou duas exposições, em 1964 na Galeria Alikerkeller, Berna, Suiça e em 1989, na Galeria Saramenha, Rio de janeiro, RJ. O artista já dirigiu 14 curtas-metragens e fotografou 8 longas, muitos deles premiados. No Brasil, Miguel Rio Branco participou de mostras em várias cidades, participando inclusive da Bienal Internacional de São Paulo, nas edições de 1967, 1983 e 1998;  de exposições no MAM/RJ e na Bienal Internacional de Fotografia de Curitiba, PR, em 1996; mostra de arte no MAM/RJ na Eco -92. No ano 2000, realizou exposições na Grécia, França, Espanha, Bélgica e Estados Unidos e participou do módulo de Arte Contemporânea do evento “Brasil+500″. Em 2010 foi inaugurado o pavilhão Miguel Rio Branco em Inhotim, MG.

 

Até 11 de novembro.

China: acervo Carvalho Hosken

25/set

A Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, abrigará a exposição “China Revelada” no Espaço Cultural Península. Em exibição, um total de 250 peças da arte chinesa, peças imtegrantes da coleção Carvalho Hosken; selecionadas por Liliu Castello Branco, curadora da mostra.

 

A Carvalho Hosken é responsável por um admirável e fascinante acervo que reúne peças como esculturas clássicas e obras contemporâneas dos mais variados estilos e épocas dos quatro cantos do mundo.

 

“Nesta exposição o público terá uma oportunidade única de apreciar peças que atravessaram os séculos, e que, graças ao espírito do colecionador, foram mantidas e agora estarão disponíveis para observação e admiração dos visitantes” afirma Liliu.

 

A mostra foi idealizada para que o público possa percorrer 400 séculos de arte chinesa e ao mesmo tempo conhecer e compreender essa união de duas culturas, a européia e a chinesa. E é nesse cenário que poderá ser admirado a perfeição técnica e o requinte das porcelanas e objetos que retratam a suntuosidade das Cortes Imperiais, além das delicadas flores, paisagens, pássaros e animais selvagens que ornamentam em ricos esmaltes. Entre as peças da coleção estão objetos em porcelana, esculturas em marfim, madeira e bronze, mobiliário, figuras humanas e animais, e as mais variadas técnicas que os chineses tão bem dominavam.

 

De 27 de setembro a 16 de dezembro.