A mistura poética de Clara Veiga

06/nov

A Galeria Artur Fidalgo, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “De-va-nei-os”, série de obras monocromáticas de Clara Veiga.

Sobre a artista

Clara Veiga nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, 1987, cria composições que resultam em desenhos monocromáticos, quase sempre usando canetas esferográficas. Atualmente, busca um aprofundamento na pintura. Sua investigação nesta técnica caminha em direção ao inconsciente e ao vasto território que é o universo dos sonhos. “Poças, águas, imagens refletidas, piscinas e muitos reflexos. Possibilidades que a água permite ver algumas vezes em seu reflexo e dimensões profundas que nos arriscamos a cada mergulho. Uma mistura poética de Psicologia e Arte. Fusões lacanianas”.

Exposições Individuais

Graduada em Desenho Industrial, pela Universidade PUC-Rio, 2011; Técnicas de pintura em tela, pela Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, 2012; Das formas de navegação: a experiência pintura e além, com a artista e mestre Suzana Queiroga, 2017.

Participou de exposições coletivas como Congresso II SILID/ I SIMAR (exposição organizada pelos departamentos de Artes & Design e de Letras) / RJ, 2011; Centro de Movimento Deborah Colker / RJ, 2013; Palazzina Azzura / Itália, 2014; Escola em Transe, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, 2017; Impressão das coisas, Casavoa, 2018; Sala Anexa, Artur Fidalgo galeria, 2019; O que emana da água, Carbono galeria, Fixo só o prego, Espaço Cultural Sérgio Porto, 2020 Ainda fazemos as coisas em grupos, Hélio Oiticica, Casa de Colecionador – Artur Fidalgo galeria, SP Arte Viewing Room, Artur Fidalgo galeria.

Viagens pela Amazônia

01/nov

A Amazônia na visão de Hiromi Nagakura e Ailton Krenak é o cartaz em exposição no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP. A exposição “Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak”, mostra os registros gerados durante as viagens que o fotojornalista japonês fez com o filósofo indígena nos anos 1990 em algumas das principais terras indígenas do Brasil.

Eliza Otsuka, produtora e intérprete que acompanhou os dois, conta que Nagakura conheceu povos como os Krikati, no Maranhão, Xavante, no Mato Grosso, e Ashaninka, no Acre, cujos “momentos de intimidade e contentamento” aparecem agora nas 110 imagens da exposição que há na mostra de Nagakura e Krenak e qual a história da amizade dos dois e dos povos que os receberam na Amazônia.

A exposição

A mostra do Instituto Tomie Ohtake divide em três salas os registros feitos por Nagakura quando viajou com Krenak entre 1993 e 1998. Duas vezes por ano, o fotojornalista acompanhou o filósofo indígena em visitas a territórios no Acre, Amazonas, Mato Grosso, Roraima e Maranhão, onde conviveu com povos como Ashaninka, Xavante, Krikati, Yawanawá e Yanomami. Imagens do cotidiano, de rituais e da intimidade dos povos indígenas estão entre os destaques da exposição. Krenak, curador da mostra, descreve no texto que a apresenta que andou com o fotojornalista por dezenas de aldeias onde “a vida continua vibrante como nos primórdios da criação” e os seres humanos “brincam na chuva como crianças felizes com a vida”.

A história dessa aproximação foi contada em 1998 no livro de Nagakura “Assim como os rios, assim como os pássaros: uma viagem com o filósofo da floresta, Ailton Krenak”, que o indígena considera uma biografia. Outras obras e documentários para a emissora japonesa NHK foram produzidos, com audiência relevante no país asiático. Essa é a primeira vez que uma mostra sobre o projeto é feita no Brasil.

Fonte: ponto.futuro

Artista francesa no Brasil

Exposição retrospectiva da carreira da artista francesa ORLAN ocorre no SESC, Paulista, São Paulo, SP. O projeto traça um panorama dos quase sessenta anos de atuação da artista e apresenta um conjunto de obras ilustrativas de sua trajetória, privilegiando obras fotográficas, vídeos e esculturas. Mireille Suzanne Francette Porte, conhecida como Orlan (Saint-Étienne, 30 de maio de 1947), é uma artista francesa. Ela usa o corpo como suporte para suas artes.

Com curadoria de Alain Quemin e Ana Paula C. Simioni a exposição pretende dar a conhecer ao público de São Paulo o considerável e tão variado trabalho artístico de ORLAN, revisitando suas principais criações e mostrando como essas derivam, em grande parte, de obras seminais que ela fez ainda muito jovem, até as mais atuais. Trata-se ainda de mostrar como a criação, tanto de si mesma quanto de suas obras, e o processo de empoderamento, estão intimamente ligados.

ORLAN tem estado continuamente presente no cenário internacional da arte contemporânea, produzindo um conjunto de obras considerável. Quer seja por sua contribuição para a arte feminista, arte corporal, arte relacionada às tecnologias vivas ou para arte relacionada às novas tecnologias, deve-se notar que ORLAN é, sem dúvida, uma das artistas francesas mais reconhecidas internacionalmente. Há três anos, ORLAN é representada por uma nova galeria internacional, a Ceysson & Bénétière Gallery, que, em muito pouco tempo, já dedicou duas exposições em Paris, além de uma em Nova York, trazendo à tona todo o significado histórico de seu trabalho. Em 2021, ORLAN obteve a mais alta distinção atribuída pelo Estado francês, a Legião de Honra (Legion d´Honneur), pelo conjunto de sua obra, e, nesse mesmo ano, publicou a sua autobiografia pela Editora Gallimard.

Até 28 de janeiro de 2024.

Participação na Itália

A Gentil Carioca anuncia sua participação entre os dias 03 e 05 de novembro na Artissima 2023 (Stand PINK A – 19), Oval Lingotto, Via Giacomo Mattè Trucco, Torino, Itália, com uma seleção especial de obras que traduzem a essência poética da galeria a partir da produção dos artistas: Agrade Camíz, Ana Linnemann, Arjan Martins, Denilson Baniwa, Jarbas Lopes, João Modé, José Bento, Laura Lima, Marcela Cantuária, Maria Laet, Novíssimo Edgar, O Bastardo, Renata Lucas, Rodrigo Torres e Vinicius Gerheim.

Anjos com armas na Pinakotheke SP

30/out

A Pinakotheke, Morumbi, São Paulo, SP, exibe a exposição “Anjos com armas”, apresentando 42 obras dos artistas Sergio Camargo (1930-1990), Lygia Clark (1920-1988), Mira Schendel (1919-1988) e Hélio Oiticica (1937-1980), pertencentes a diversas coleções particulares. A curadoria de “Anjos com armas” é de Max Perlingeiro, que explica que a exposição tem como alguns pontos de partida o fascínio do crítico e curador britânico Guy Brett (1942-2021) pela produção artística brasileira, e seu importante papel em sua internacionalização. Guy Brett foi o responsável por exposições de Sergio Camargo, Lygia Clark e Mira Schendel na lendária galeria Signals (1964-1966), em Londres, de que era sócio junto com o amigo e artista filipino David Medalla (1942-2020), entre outros artistas e curadores, e depois, na galeria Whitechapel, na capital inglesa, pela primeira mostra internacional de Hélio Oiticica.

Guy Brett é celebrado também na publicação “Angels with Guns” (“Anjos com Armas”), do historiador e filósofo Yve-Alain Bois, que publicou no ano passado (na revista “October”, do MIT) o ensaio sobre a produção de Guy Brett e sua profunda amizade com David Medalla. O livro, traduzido para o português, será lançado até dezembro pelas Edições Pinakotheke junto com o catálogo da exposição. O artista Luciano Figueiredo é colaborador do projeto.

Até 16 de dezembro.

Instituto Cervantes apresenta Pablo Sycet

Concebida como uma aventura emocional, a exposição “Sala de Mapas”, exibição individual de Pablo Sycet que apresenta obras usando técnica mista sobre papel, explora suas memórias afetivas resgatando lembranças de suas primeiras visitas a algumas cidades do Brasil, há duas décadas. Tomando o avião como ponto de partida e suporte da trama, o artista acabou expandindo sua experiência de viagem para outras cidades que foram fundamentais (e sentimentais) para o futuro do pintor. Na mostra que será apresentada, a partir do dia 07 de novembro, no Instituto Cervantes, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, Pablo utiliza fragmentos aleatórios da cartografia de São Paulo, Havana, Istambul, Lisboa, Nova Iorque, Madri e Granada. Por ocasião da primeira exibição desta exposição, foi publicado “Map Room”, poema homônimo de Juan Manuel Bonet, acompanhado de algumas pinturas desta série. A mostra itinerante, que já foi exibida no Instituto Cervantes de São Paulo, conta com a colaboração da Fundação Olontia.

“Procurei recuperar e recriar no papel, aquelas sensações vivenciadas em primeiras incursões àquelas cidades. Vários anos se passaram até que eu pudesse projetá-las nesta ficção pictórica representada. São os traços mais íntimos de uma outra educação sentimental”, explica.

Sobre Pablo Sycet

Quando os mapas ainda não eram instrumentos de uso diário, exceto para profissionais do turismo e disciplinas acadêmicas ligadas à geografia, Pablo Sycet Torres nascia, em 1953, em Huelva, pequena cidade portuária ao sul de Espanha, sem qualquer tradição familiar no mundo da arte. Pablo Sycet Torres é um artista visual espanhol de muitas facetas. Embora a pintura seja a sua principal manifestação artística, também atua como curador de exposições, editor, designer gráfico, letrista de inúmeras canções e produções musicais, além de ser um dos arquitetos em atividade artística na capital desde os anos da Movida Madrileña (movimento disruptivo cultural importantíssimo na Espanha, tendo Almodóvar como um dos personagens de destaque). Desenvolveu sua carreira profissional em Madri, realizando a primeira exposição individual “Gestos”, em 1978, na Galeria Antonio Machado. Em 1982, obteve uma bolsa do Ministério da Cultura espanhol; três anos depois obteve outra bolsa, desta vez do Comitê Misto Hispânico Norte-Americano para Cooperação Cultural e Educacional para residir em Nova York. Sycet é um dos pintores andaluzes mais representativos da geração dos anos 1980. Sua atividade principal há mais de 40 anos, a pintura se agrega a um amplo leque de áreas complementares como a edição, a tipografia, o design gráfico, a fundação de galerias de arte, a organização de exposições, letras de músicas, produção musical e a criação e programação da Galeria Sandunga em conjunto com o artista Julio Juste. Manteve durante muitos anos uma estreita colaboração com o crítico e curador de arte Quico Rivas, participando em alguns dos seus projetos.

Até 15 de dezembro.

Toyota no Paraná

27/out

O “Espaço Arco-Irís” será inaugurado no Parque Geminiani Momesso, no Paraná. Nele, a obra de Yutaka Toyota celebra união entre Brasil e Japão no museu a céu aberto que chega para fortalecer a posição do Paraná no roteiro cultural e artístico brasileiro. Em 28 de outubro, o Parque Geminiani Momesso, localizado em Ibiporã, PR, inaugurará a obra “Espaço Arco-Íris”, de Yutaka Toyota. O artista nipo-brasileiro criou a obra para a comemoração do Centenário do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação Brasil-Japão. Composta por 10 blocos dourados – cada um representa uma década – e uma “alça” em aço que remete ao casco do navio que transportou imigrantes japoneses para o Brasil, a ponta da escultura instalada no Japão está direcionada para o sentido geográfico do Brasil e a ponta da nova escultura a ser inaugurada em solo brasileiro será direcionada para o país asiático. A peça tem 10 metros e pesa cerca de três toneladas, duas toneladas a menos do que a original. Dado seu peso e altura, a instalação ocorre em etapas, nas quais as partes de aço serão transportadas separadamente e a pintura finalizada in loco. As duas bases da escultura são firmadas no chão a partir de blocos de concreto cobertos por terra, invisíveis ao observador.

Sobre Yutaka Toyota

Nasceu em Tendo na província de Yamagata ao norte do Japão. Em 1954, graduou-se na Universidade de Artes de Tóquio. Imigra em 1958 ao Brasil após trabalhar no Instituto de pesquisas industriais de Shizuoka. Faz as primeiras pinturas abstratas no início da década de 60 no Brasil já com conceitos cosmológicos, ponto central dos seus trabalhos até hoje. Após receber o prêmio do I Salão Esso de Artistas Jovens – “II Prêmio” (de pintura) no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1965, resolve ir à Itália. Aproxima-se da vanguarda europeia e seu trabalho bidimensional torna-se tridimensional, fixando na Itália por 5 anos. Retorna ao Brasil após ser convidado para participar, em 1969, da X Bienal Internacional de Arte de São Paulo e recebe dois prêmios aquisição, o Itamaraty e o Banco de Boston. Participa de diversos salões de arte moderna e ganha outros importantes prêmios, em seguida, fixa seu ateliê em São Paulo e naturaliza-se brasileiro no dia 11 de janeiro de 1971. Em 2016 monta um novo estúdio em São Paulo para criação e produção de obras monumentais de alto padrão. Yutaka Toyota está em contínua criação executando uma infinidade de projetos e obras autorais a partir de seu ateliê em São Paulo para o mundo.

Sobre o Parque Geminiani Momesso

Empresário, colecionador e incentivador das artes, Orandi Momesso, fundou o Parque Geminiani Momesso e a organização sem fins lucrativos Instituto Luciano Momesso, que tem a responsabilidade de administrar o museu a céu aberto. Construída ao longo de cinco décadas, a Coleção Orandi Momesso é um importante acervo de arte brasileira, reunindo cerca de 5 mil obras, relevantes trabalhos de uma grande diversidade de artistas, em praticamente todos os períodos da arte brasileira, incluindo clássicos, pré-modernos, modernistas e contemporâneos. A 25 km de Londrina, o parque é um paraíso ecológico formado por uma área 1.355 milhão metros quadrados, dos quais 121 mil são de mata virgem que encontram o Rio Tibagi, um dos mais importantes da região. A área foi doada por Orandi Momesso e está sendo paulatinamente transformada no centro cultural com o projeto do importante paisagista Rodolfo Geiser. Com um olhar aguçado, Orandi Momesso teceu uma das coleções de arte mais relevantes do Brasil. O Parque carimba o legado deste trabalho de mais de cinco décadas ao salvaguardar o acervo em acesso público e, além disso, dedicar um espaço cultural e biodiverso à sua terra natal. O patrimônio de Momesso conta com peças de grandes artistas como Angelo Venosa, Emanoel Araújo, Gilberto Salvador, José Resende, Nicolas Vlavianos, Rubem Valentin e Victor Brecheret, além de mobiliário colonial e moderno de Lina Bo Bardi e Rino Levi.

“É um parque dedicado às artes brasileiras, acho que isso é o mais relevante, é o diferencial. Ao mesmo tempo, há uma gama de artistas ali que vieram do exterior, mas que fizeram sua história no Brasil e se tornaram parte desse território. O parque tem esse valor em relação ao fortalecimento da arte nacional”, afirma Gianni Toyota, filho do artista e diretor do projeto.

Neste sábado

26/out

A conversa com a curadora e artistas na exposição “O que há de música em você”, na Galeria Athena, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, será neste sábado, 28 de outubro, às 19h, entre a curadora Fernanda Lopes e os artistas Andro Silva, Atelier Sanitário (Daniel Murgel e Leandro Barboza), Hugo Houayek, Natália Quinderé (Seis gentes dançam no museu) e Rafael Alonso, como parte da exposição “O que há de música em você”, que, devido ao sucesso, acaba de ser prorrogada até o dia 02 de dezembro. A conversa será gratuita e aberta ao público.

A mostra “O que há de música em você” apresenta edições únicas de icônicas obras de Hélio Oiticica, produzidas em 1986. Elas participaram da primeira exposição póstuma de Hélio Oiticica (1937-1980), organizada pelo Projeto HO, na época coordenado por Lygia Pape, Luciano Figueiredo e Wally Salomão, que se chamava “O q faço é música” e foi realizada na Galeria de Arte São Paulo. Desde então, essas obras permaneceram em uma coleção particular, e agora voltam a público, depois de 37 anos, sendo o ponto de partida para a exposição “O que há de música em você”.

A exposição apresenta um diálogo com fotografias, vídeos, objetos e performances de outros 20 artistas, entre modernos e contemporâneos, como Alair Gomes, Alexander Calder, Aluísio Carvão, Andro de Silva, Atelier Sanitário, Ayla Tavares, Celeida Tostes, Ernesto Neto, Felipe Abdala, Felippe Moraes, Flavio de Carvalho, Frederico Filippi, Gustavo Prado, Hélio Oiticica, Hugo Houayek, Leda Catunda, Manuel Messias, Marcelo Cidade, Rafael Alonso, Raquel Versieux, Sonia Andrade, Tunga e Vanderlei Lopes. Na fachada da galeria está a grande obra “Chuá!!!”, de Hugo Houayek, feita em lona azul, simulando uma queda d´água.

Nuances de realidades cotidianas

A Central Galeria, Vila Buarque, São Paulo, SP, anuncia sua próxima exposição: “Hoje acordei linda”, um duo entre Ana Júlia Vilela e Roxinha. Com texto crítico de Paula Borghi, a mostra será inaugurada no dia 07 de novembro e poderá ser visitada até 24 de fevereiro de 2024.

O título faz referência a uma das obras de Roxinha e expõem a forma dual de se encarar a contemporaneidade: ora de forma otimista, ora pessimista. Como observado por Paula Borghi, baseando-se na anedota sobre “O Dia da Boa Notícia” do portal iG (contada recentemente no episódio 42 do podcast Rádio Novelo Apresenta), “sempre há de haver boas e más notícias. […] Por exemplo, num dia se acorda linda e no outro se indaga se todos os homens odeiam as mulheres”.

As pinturas de Ana Júlia e Roxinha, com uma variedade de tons pastéis, exploram as nuances de suas realidades cotidianas. De gerações diferentes, as artistas compartilham, muitas vezes, formas semelhantes de encarar o mundo. Ana Júlia nasceu logo após a popularização da internet doméstica, o que a torna intimamente familiarizada ao consumo e produção de texto e imagem conforme a linguagem de deboche das redes sociais. Em contrapartida, Roxinha vem de uma época e sociabilidade muito distintas, quando “os memes eram feitos analogicamente, tal como nas frases de caminhão”, como coloca Borghi.

A exposição “Hoje acordei linda” apresenta pinturas sobre tela e madeira com discursos paralelos, muitas vezes em tom irônico, que abordam temas diários e triviais, permeados por questões relacionadas ao gênero feminino e aos discursos feministas.

Sobre as artistas

Ana Júlia Vilela nasceu em 1996 em Belo Horizonte, MG. Bacharel em Artes Visuais pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), desenvolve sua poética principalmente na pintura e desenho. Seu trabalho transita entre o gráfico e o pictórico entendendo a tela tanto como superfície quanto janela. Aproveitando da linguagem instantânea das redes sociais em uma iconografia própria, repleta de formas fluidas e narrativas não lineares que intercalam humor e cultura pop, desenvolve um universo próprio com um leque de possibilidades temáticas.

Maria José Lisboa da Cruz nasceu em 1956 em Lagoa de Pedra, Alagoas. Conhecida como Roxinha, começou a trabalhar no fim da adolescência no cultivo de macaxeira, feijão e milho. Quebrou brita em pedreira e foi gari por quase duas décadas. Aos 59 anos começou a desenhar, e, em pouco tempo, expandiu fisicamente sua produção, substituindo as pequenas folhas de papel pelas paredes e muros de sua casa. Em 2021, passou a pintar em pedaços de MDF e materiais que encontrava em terrenos baldios durante suas caminhadas com um de seus filhos e o marido. Em 2023, fez sua primeira exposição individual, “Roxinha, uma vida de novela”, no Museu do Pontal, Rio de Janeiro, RJ.

Duas referências culturais

24/out

A Simões de Assis convidar para a abertura da mais nova exposição em sua sede de Curitiba, PR. “Vai Saudade: Heitor dos Prazeres & Zéh Palito” reúne obras inéditas do pintor paulista, inspiradas por trabalhos históricos do artista carioca.

A mostra conta com texto crítico de Ademar Britto, que aproxima a produção de Zéh Palito e Heitor dos Prazeres por meio da celebração da cultura negra no Brasil. Seja pela lendária contribuição para o surgimento do samba, seja pela elegância e atuação no campo da moda, seja pelas pinturas nas quais retratava favelas, rituais religiosos, bailes de carnaval, rodas de choro e outras festas populares, Heitor dos Prazeres foi um grande protagonista e também promotor das vivências típicas dos subúrbios do Rio de Janeiro. Zéh Palito, por sua vez, nascido quase 100 anos depois de Heitor, começou sua carreira na pintura de rua, realizando murais e grafites no interior paulista. Seu interesse pelo viés público da pintura o levou a expandir sua pesquisa a outros países e, em seguida, para as telas. Na contramão das correntes do embranquecimento cultural do país, Zéh Palito retrata personagens com dignidade, plenitude e, sobretudo, elegância, de forma semelhante a de Heitor dos Prazeres, vestidos à risca para os bailes de Carnaval, rodeados pelos elementos típicos dos botecos ou ainda rodeados por referências da música, da cultura pop e da sociedade de consumo.

A abertura da exposição contará com uma roda de samba cantando os sucessos do conjunto “Heitor dos Prazeres e Sua Gente”, além de composições clássicas e icônicas de nomes como Cartola, Noel Rosa e Pixinguinha.

Até 16 de dezembro.