Mostra de Alice Quaresma

19/abr

 

 

Apresentando o desdobramento mais recente da sua pesquisa na construção de imagens, a artista Alice Quaresma se aventura na criação de NFT na mostra “Glorious Spell of Sobriety” em exibição na CASANOVA, Jardim Paulista, São Paulo, SP. A artista utiliza ferramentas digitais em fotografias intervindas com pintura.

 

 

Em 2021 participou do projeto “Every Woman Biennal” que aconteceu em diferentes locais das cidades de Nova Iorque e Londres. Já na sua quarta edição, é a maior bienal de arte feminina e não binária do mundo. Na ocasião Alice Quaresma exibiu seu primeiro NFT e subsequente foi convidada pela Tropix para fazer o lançamento do NFT exibido agora.

 

 

Essa obra focalizada na ideia da imagem como um registro subjetivo/abstrato, explorando o campo da imaginação, misturando técnicas antigas, como negativos de 35 mm com imagens digitais e geometrias criadas no computador. A paisagem criada é uma representação do momento atual, onde percorremos um processo de transição e questionamento.

 

 

Alice Quaresma sempre teve como grande influência na sua prática artística os trabalhos dos pioneiros do Neoconcretismo, Lygia Clark e Hélio Oiticica. Numa releitura do movimento artístico que aconteceu no Brasil no final da década de 1960, procurou criar qualidades sensoriais e interativas em suas obras através do uso de tinta, lápis, fita adesiva e bastão a óleo, criando intervenções geométricas sobre fotografias autorais, desconstruindo a imagem e trazendo características da pintura para a fotografia. Agora, com o uso das mídias digitais insere elementos visuais e animação expandindo a narrativa na construção das imagens.

 

 

Sobre a artista

 

 

Alice Quaresma nasceu no Brasil em 1985 e vive atualmente em Nova Iorque. Tem feito experiências com materiais que permitem que as suas fotografias sejam sensoriais e lúdicas, forçando os limites da fotografia como um meio descritivo. Utilizando imagens do seu arquivo pessoal, ela reflete sobre identidade e imaginação, estimulando o lúdico nas suas imagens. Participou de exposições em instituições de todo o mundo, tais como Patrick Heide Contemporary Art, Londres; Sobering Galerie, Paris; Félix Frachon Gallery, Brussels; Sotheby’s Institute, Nova Iorque; Centro de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro; Cincinnati Contemporary Arts Center e A.I.R Gallery, Brooklyn, Nova Iorque. Realizou sua primeira exposição individual institucional na Caixa Cultural São Paulo em 2018 e lançou seu primeiro livro, “Playground”, com a editora francesa Editions Bessard, em 2019. Os prêmios incluem Photoworks Festive Commission Prize, 2021; Aperture Foundation Summer Open Prize, 2019; Houston Center for Photography Annual Exhibition Prize, 2019; Foam Talent Prize, 2014 e PS122 Exhibition Prize, 2009. Criou projetos especiais para várias organizações como Gap, Haus der Kulturen der Welt, Hermès, Air France, e Red Bull. Seu trabalho foi publicado em Exit Magazine, Espanha; Foam Magazine, Holanda; Extra Fotographie in Context, Bélgica; Edicola, Itália; IMA, Japão; Serafina, São Paulo; Lens Culture, e Artsy, entre outros. Alice Quaresma tem BFA do Central Saint Martins College, Londres e MFA do Pratt Institute, Nova Iorque.

 

 

Até 30 de abril.

 

 

Fotografias de Daido Moriyama

13/abr

 

 

 

O Instituto Moreira Salles, IMS Paulista, apresenta até 14 de agosto a primeira grande retrospectiva de Daido Moriyama na América Latina. A mostra reúne mais de 250 trabalhos, além de uma centena de publicações e escritos do fotógrafo japonês, um dos principais nomes da fotografia contemporânea mundial. Através de dois andares do instituto preenchidos com o trabalho do artista é possível vislumbrar diferentes momentos de sua carreira, desde o interesse pelo teatro experimental dos anos 1960, passando pelos trabalhos contestadores dos anos 1970, até a documentação das cidades e a reinvenção do seu próprio arquivo nos últimos anos.

A curadoria da exposição é de Thyago Nogueira, coordenador da área de Fotografia Contemporânea do IMS, sendo o resultado de três anos de pesquisa, visitas ao arquivo de Moriyama em Tóquio, e consulta com os pesquisadores japoneses Yutaka Kambayashi, Satoshi Machiguchi e Kazuya Kimura.

 

Sobre o artista

Nascido em 1938, em Ikeda-cho, Osaka, Moriyama passou a infância em diversas cidades. Após se formar em Design, mudou-se para Tóquio em 1961, onde começou a fotografar para jornais e revistas de grande circulação, em um período de crescimento econômico e fortalecimento da cultura de massas. Logo, tornou-se conhecido por suas fotografias em preto e branco, granuladas e de alto contraste. Moriyama desafiou as ideias convencionais de fotografia documental e de realidade fotográfica em sua abundante produção, na qual livros e publicações independentes têm participação fundamental; a produção do fotógrafo está muito associada à indústria editorial, mais do que ao circuito da arte.

O primeiro andar da exposição destaca as décadas de 1960 e 1970, momento inicial de Moriyama influenciado por mestres do pós-Guerra, como Eikoh Hosoe e Shōmei Tōmatsu, e artistas americanos, como William Klein e Andy Warhol. Durante tal período, o fotógrafo documentou a efervescente cultura japonesa, marcada pela destruição da guerra, a ocupação das tropas americanas, o desaparecimento dos modos de vida tradicionais e a ocidentalização do país. Em 1969, Moriyama integrou a equipe da contestadora revista Provoke, formada por artistas e intelectuais que questionavam a submissão das imagens às palavras e o realismo engajado. A publicação consagrava o estilo are, bure, boke (granulado, tremido, desfocado), que marcaria a fotografia japonesa do período. Alguns anos depois, Moriyama produziu o livro Adeus, fotografia! (1972), uma coletânea de imagens feitas de negativos rasurados, riscados e inutilizados, quase indiscerníveis. Segundo o curador, a publicação, que completa 50 anos em 2022, revela “a revolta de um artista contra sua submissão ao código fotográfico, a expressão máxima da descrença no poder de transformação das imagens”. Sobre esse período, o próprio artista afirma: “Tentei desmontar a fotografia, mas acabei desmontando a mim mesmo”.

No segundo andar, a retrospectiva apresenta o retorno de Moriyama ao fazer artístico, nos anos 1980, após um momento de depressão e crise criativa. Entre as obras, estão as famosas séries Luz e sombra e Memórias de um cão, publicadas entre 1982 e 1983. A mostra também traz o arquivo completo da revista Record, seu diário pessoal iniciado em 1972, que chega à 50ª edição em 2022. No centro do andar, uma grande mesa-biblioteca exibe diversos livros do artista, muitos deles disponíveis para leitura do público.

A entrada é gratuita, liberada mediante apresentação do comprovante de vacinação contra Covid-19 (para todos acima de 5 anos). É recomendaddo o uso de máscaras.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Retrospectiva de Pedro Moraleida

 

 

 

 

 

A Janaina Torres Galeria apresenta individual inédita de Pedro Moraleida. O mais intrigante artista de sua geração. Uma história marcada pela produção compulsiva e cheia de significados. Um trágico fim disfarçado na inalcançável liberdade. A breve e contundente história de Pedro Moraleida (1977 – 1999) deixou como legado um considerável conjunto de obras que chamam atenção por sua singularidade, coerência, vigor e coragem de enfrentar a apatia dominante à sua volta. Nas artes, inclusive. Parte desse valioso acervo poderá ser visto na mostra “Fluxos Plenos de Desejo”, com curadoria de Ricardo Resende, até 26 de maio, na Janaina Torres Galeria, Barra Funda, São Paulo, SP.

 

 

 

Entregue a mergulhos em universos muito próprios, só dele, o jovem Moraleida ousou ignorar tendências, com a coragem de quem corta a própria carne para expor medos, desejos e sonhos, determinado a se envolver com tudo aquilo que existe e perturba, dentro e fora de si. Bem como se espera de um enfant terrible, um artista romântico pleno – e incontrolável.

 

 

Trata-se de um acervo que tem conquistado, à medida em que é exposto, repercussão e admiração imediata, no Brasil e no exterior. “É um trabalho extraordinário, feito por um artista extraordinário e que precisa ser mais mostrado, conhecido e estudado”, diz Hans Ulrich Obrist, curador da Serpentine Gallery, de Londres, e da mostra Imagine Brazil (2013), que levou os trabalhos de Moraleida pela primeira vez ao exterior, e é considerado um dos curadores de arte contemporânea mais influentes do mundo.

 

 

E é assim que o mundo herda um acervo reconhecido por suas dimensões, diversidade e poder de provocar as mais variadas reações. Muitas vezes irônica e irreverente; sempre corajosa e intensa, a obra de Moraleida surpreende, provoca e incomoda, mas não só.
“Nesta seleção, além de obras conhecidas, polêmicas, incluímos também alguns trabalhos pouco vistos, revelando outras características da sua produção, como uma série de paisagens que, mesmo sendo paisagens, mantêm seu traço visceral”, anuncia o curador Ricardo Resende.

 

 

“Fluxos Plenos de Desejo” traz 25 pinturas, 61 desenhos e 16 desenhos/pinturas de um criador arredio às regras, livre e  experimental, combinando formatos, técnicas e materiais. Um recorte que representa a potência de suas obras visuais (para além dos textos e arquivos sonoros), em sua maior parte sobre papel. A exposição é fruto de um projeto desenvolvido ao longo de oito anos de relacionamento e trabalho junto a família do artista.
Trata-se de uma seleção expressiva, dentro de um universo de 1.900 peças (1.450 desenhos e 150 pinturas) deixados pelo jovem artista. Moraleida abraçou a tradição clássica da pintura e do desenho em um momento – os anos 1990 – em que essas linguagens eram desacreditadas e  preteridas frente a uma explosão de performances, vídeos e instalações, sob domínio da arte conceitual.

 

 

“É como se estivéssemos descobrindo o artista agora há pouco, em 2017, em Belo Horizonte, quando a exposição de sua obra chamou muita atenção por conta do momento político conservador que estamos vivendo. Um assombro que continuou em 2019, em São Paulo, na “Canção do Sangue Fervente”, retrospectiva no Instituto Tomie Ohtake, onde caímos de joelhos diante da magnitude de trabalhos que compõem sua obra maior, “Faça Você Mesmo Sua Capela Sistina”, reflete Resende, no texto curatorial

 

 

Entre os destaques desta exposição na Janaina Torres Galeria, estão obras em que Pedro faz referência a outros artistas, evidenciando sua admiração a nomes como Andy Warhol, Leonilson e Picasso, que, assim como Caravaggio, Miró e, sobretudo, Arthur Bispo do Rosário, tiveram evidente influência no seu processo criativo. Também chamam a atenção as séries “Primitiva”, “Corpos sem Órgãos”, “Paisagens, Mulheres, Histórica – Presidentes Americanos” e “Líderes Comunistas Vendem Pornografia”, “Casais Sorridentes de Mãos Atadas”, “O Deslocamento dos Artistas”, “Deuses”, “Desenhos com Letras”, “Amebóide” e “Angústia”, exibidas pela primeira vez em uma galeria na cidade. Destaque, também, para a serpente em acrílica sobre papel de formato inusitado (“Cadáver adiado que procria – A roda da serpente”, de 1,5m x 1,5m), coração pulsante desta mostra na Barra Funda.

 

 

Assim como para Leonilson e Bispo do Rosário, a palavra para Moraleida tem papel importante no seu trabalho plástico, uma consequência da sua relação próxima com a literatura, poesia, filosofia, psicanálise e cinema (de Pasquim, MAD e Rê Bordosa a Fassbinder e Artaud), o que acabou por aproximá-lo de questões urbanas, políticas e sociais do seu tempo. Palavras o influenciaram até mesmo na titulagem das obras, como em “Cão morto e menino chorando”, “Tiro atinge estudante em colégio”, “Fúria diante de um morto”, “Homem faz declarações proféticas”, “Ó senhor, por que tenho tanto frio”, “Rapaz entristecido e o cão a consolá-lo”. Agora, na Janaina Torres Galeria, surge nova chance de decifrar uma obra de intensidade sem limites, fruto de um artista que nos presenteou com uma poética inquietante e representações que ousam revelar o que há de sedutor e assombroso em todos e cada um.

 

 

Sobre o artista

 

 

Pedro Moraleida (1977 – 1999, Belo Horizonte, MG) – Estudou na Escola de Belas Artes da UFMG. Desde a adolescência, produzia desenhos ligados à linguagem das histórias em quadrinhos, debruçando-se na Literatura e Filosofia. Possui uma obra provocadora e ácida, onde não se limitou apenas à produção visual, mas, também, ao estudo da linguagem e da comunicação, onde uma vasta produção de pinturas e desenhos, carregados de cor e expressividade, mesclam-se a textos e poemas autorais. Seu trabalho pôde ser visto em sua cidade natal, Belo Horizonte e também em grandes mostras póstumas, coletivas e individuais em espaços como Instituto Tomie Ohtake, Astrup Fearnley Museet (Noruega), Musée d’Art Contemporain de Lyon e 11ª Bienal de Berlim.

Dois eventos na Bolsa de Arte SP

12/abr

 

 

Estreou na quinta-feira, 07 de abril, o espetáculo “Lygia.” na Bolsa de Arte, Jardins, São Paulo, SP. O monólogo é interpretado por Carolyna Aguiar com direção de Bel Kutner e Maria Clara Mattos, que também assina a dramaturgia desenvolvida a partir dos diários de Lygia Clark. A cenografia foi concebida pelo Estúdio Mameluca composto por Ale Clark, neta da artista, e Nuno FS.

 

Em parceria com a Associação Lygia Clark, o espetáculo fica em cartaz na Bolsa de Arte até 28 de maio, quintas e sextas-feiras às 20h e sábados às 18h. Os ingressos estão disponíveis na plataforma do Sympla.

 

Através dos diários, o monólogo “Lygia.” pretende apresentar ao público essa artista que usou a própria angústia como material de pesquisa, revelando não só o contexto de criação das obras, mas reflexões sobre o que lia e via, amores, temores, dúvidas e desencantamentos.

 

Juntamente à apresentação do espetáculo, inaugurou, sexta-feira, 08 de abril a exposição homônima com curadoria e texto de Felipe Scovino.

 

A exposição – com entrada gratuita – pode ser visitada de segunda a sexta-feira das 11h às 19h e sábados das 11h às 17h.

 

 

Desejo imaginante

 

 

Uma exposição de Maria Martins, em colaboração com o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), aprofunda uma parceria que remonta não apenas a iniciativas recentes, como também aos tempos de nosso patrono.

 

Uma das primeiras obras a capturar o olhar do visitante, na Casa Roberto Marinho, é a escultura em bronze O implacável (1944), da mineira Maria Martins (1894-1973), instalada diante da fachada do casarão neocolonial, no Cosme Velho.

 

Até 26 de junho.

 

 

Tim Burton em São Paulo

09/abr

 

 

Uma mega exposição sobre o universo criativo de Tim Burton chegou em São Paulo. Os fãs do diretor responsável por obras como “Edward Mãos de Tesoura” e os remakes de “Dumbo”, “A Fantástica Fábrica de Chocolate” e “Alice no País das Maravilhas” poderão mergulhar nessas obras com a mostra “A Beleza Sombria dos Monstros: 13 Anos da Arte de Tim Burton”.

“É a mais abrangente antologia da obra do cineasta nos últimos quarenta anos”, ressalta Jenny He, curadora da exposição, que acompanhou o projeto em cada detalhe. “À medida que o público adentra as imersivas e interativas experiências presentes nas diferentes galerias da exposição, a ilimitada criatividade e prolífica produção artística de Tim Burton se revelam intimamente”, destaca ela.

O evento terá uma área de 2600m² para a exposição, ocupando dois andares da Oca, no Parque do Ibirapuera. O evento ocorre entre os dias 08 de maio e 14 de agosto.

Simone Cupello: Sombras sem figura

 

 

A Central Galeria, São Paulo, SP, apresenta até 21 de maio “Sombras sem figura”, a segunda exposição individual de Simone Cupello na galeria. Com curadoria de Marisa Flórido, a mostra reúne obras recentes – produzidas ao longo da pandemia e em parte influenciadas por ela – que refletem sobre o tempo e o estatuto da imagem.

Como é recorrente na prática da artista, um grande acervo de fotografias analógicas coletado ao longo de anos é empregado em trabalhos com características escultóricas e instalativas. Esse uso não convencional do material fotográfico aponta para temas basilares de sua poética, na qual a artista está mais interessada na imagem como prática humana do que enquanto mídia em si.

“Simone Cupello debruça-se, pela fotografia, à investigação da imagem: seu estatuto difícil, sua indeterminação constitutiva, os lugares e o movimentos de sua aparição e desaparição, os códigos de enquadramento e os dispositivos que determinam os regimes de visibilidade, que moldam as subjetividades, que codificam vida e arte”, analisa a curadora Marisa Flórido.

Ainda que a figura humana não apareça de forma ostensiva, ela é evocada ao longo de toda a exposição, sugerindo histórias de pessoas que se apagaram com o tempo. Lápides, fragmentos e vazios também são elementos que se repetem para indicar ausências. “De fato, tenho a sensação que alguma coisa importante mudou nos últimos tempos”, reflete Simone. “Acho que não iremos mais nos relacionar como antes, que a tal ‘ruptura comportamental’ via tecnologia, que tanto temíamos e prevíamos há décadas, foi finalmente consolidada. Estamos partidos, mais além das divisões de classe. Minhas fotos parecem pertencer a um outro momento da vida, viraram vestígio”.

 

Sobre a artista

Simone Cupello nasceu em Niterói, RJ, 1962. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduada em Arquitetura (1986) e com uma extensa carreira com cenografia, TV e cinema, desenvolve desde 2013 sua pesquisa como artista visual. Já realizou exposições individuais em: Central Galeria (São Paulo, 2018), Centro Cultural Cândido Mendes (Rio de Janeiro, 2017), Centro Cultural Justiça Federal (Rio de Janeiro, 2016), entre outras. Entre suas exposições coletivas recentes, destacam-se: Arte Londrina 7, Casa de Cultura da UEL (Paraná, 2019); 43° SARP, Museu de Arte Ribeirão Preto (Ribeirão Preto, 2018); MONU – A Arte Delas, Marina da Glória (Rio de Janeiro, 2018); Frestas – Trienal de Artes, Sesc Sorocaba (Sorocaba, 2017); Mostra Bienal Caixa de Novos Artistas (mostra itinerante, 2015-2016); Fotos Contam Fatos, Galeria Vermelho (São Paulo, 2015). Sua obra está presente nas coleções do MAR (Rio de Janeiro) e do FAMA (Itu).

Individual de Victor Arruda na Belizário

07/abr

 

 

A Belizário Galeria, Pinheiros, São Paulo, SP, em paralelo à primeira participação na SP-Arte, recebe em seu espaço e apresenta ao circuito cultural de São Paulo a exposição “Babado e Confusão” do icônico pintorVictor Arruda, sob curadoria de Marcus Lontra. Artista conhecido e reconhecido por seus temas

diretos, sua pintura não dá margem à dupla interpretação sendo uma crítica obstinada contra o abuso de poder e a hipocrisia, além da presença desde o início de sua trajetória artística, das questões referentes a gênero, com cenas explicitas. A arte de Victor Arruda, a seus olhos, é conceitual onde a agressividade está a serviço da discussão de temas necessários e também sociais.

Ao contrário do que pode sugerir os temas escolhidos, os trabalhos não são agressivos nem com caráter sombrio. Suas telas são compostas de uma profusão de cores e figuras, traços incomuns mas que trazem nessa “brincadeira”, mensagens fortes e necessárias. “O mundo contemporâneo explode nas telas de Victor Arruda”, define o curador.

Na década de 1970, os quadrinhos são uma influência em suas criações, ligadas aos movimentos modernos como expressionismo e surrealismo que, com o passar do tempo, deram lugar ao psicanalismo de Freud. A pintura permite que o artista critique conscientemente suas angústias através dos registros de seu inconsciente. “Ela dialoga com as vertentes marginais do modernismo; abraça despudoradamente a arte popular, o grafite, a linguagem visual urbana anônima, e introduz soluções estéticas de extrema sofisticação” explica Marcus Lontra.

Em sua primeira exposição na Belizário Galeria, faz-se coro às palavras do curador: “(….) é muito importante que Victor Arruda esteja aqui em São Paulo, nesta metrópole confusa e encantadora, cheia de contrastes como a obra do artista. Victor Arruda merece São Paulo. E São Paulo merece e precisa conhecer com urgência Victor Arruda. Afinal, como sabemos, o amor será sempre uma via de mão dupla. ❤️”

Sobre o artista

Victor Arruda nasceu em Cuiabá, MT, 1947. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Decidiu que seria pintor aos doze anos de idade e, aos treze, muda para o Rio de Janeiro onde dá sequência a seus estudos. Graduado em Museologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), elabora seus trabalhos com base em padrões estéticos não convencionais, fazendo referências ao pensamento, segundo ele, da “antipintura”apresentando imagens irreverentes. Suas obras trazem referências de nomes icônicos da arte como Chagall, Picasso, Klee e Torres Garcia. A imagética por ele elaborada é constituída por cenas que vivencia em seu cotidiano. Suas obras integram as coleções mais importantes do Brasil como a de Gilberto Chateaubriand. O artista é aplaudido por diversos críticos e curadores. Segundo o crítico italiano Achille Bonito Oliva, Victor Arruda é um dos maiores artistas brasileiros da atualidade. Em 2018, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) inaugurou uma ampla retrospectiva de 50 anos da trajetória artística de Victor Arruda, reunindo 105 de suas obras. A exposição individual intitulada “Temporal”, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ, foi uma das mais aclamadas no país em 2021.

Sobre o curador

Marcus Lontra nasceu no Rio de Janeiro, 1954. Nos anos 1970 morou em Paris onde conviveu e trabalhou com Oscar Niemeyer, então marido de sua mãe. Trabalhou com o casal na revista Módulo. Foi crítico de arte do Globo, Tribuna da Imprensa e Revista Isto é. Dirigiu a Escola de Artes Visuais do Parque Lage onde realizou a histórica mostra “Como vai você Geração 80?”. Foi curador do Museu de Arte Moderna de Brasília e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Implantou e dirigiu o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães em Recife. Secretário de Cultura e Turismo do Município de Nova Iguaçu. Curador chefe do Prêmio CNI/SESI Marcantonio Vilaça. Atualmente coordena a implantação da Estação Cultural de Olímpia, SP.

Sobre a galeria

A BELIZÁRIO Galeria, com sede no bairro de Pinheiros em São Paulo, é o resultado de uma parceria entre Orlando Lemos, José Roberto Furtado e Luiz Gustavo Leite. Sua proposta visa se apresentar como uma opção adicional de participação e visibilidade da produção de artistas emergentes e consolidados no panorama da arte contemporânea brasileira no circuito paulistano de cultura. A galeria se junta ao movimento que busca promover horizontes que estabeleçam novos meios de redirecionar e ampliar o mercado de arte, pensando nas diferentes trajetórias e produções artísticas que o compõe. Assim, visando a fomentação da diversidade cultural intrínseca na contemporaneidade, serve de palco para artistas novos e estabelecidos, nacionais e estrangeiros, em parcerias com curadores que também estejam imbuídos do mesmo propósito. Na BELIZÁRIO Galeria, procura-se atender a um público que busca a aquisição de trabalhos artísticos e, também, a criação e fomento de novas coleções. O seu acervo é composto por diferentes temas e estéticas, mediante o universo poético de cada artista. Seu repertório abrange trabalhos artísticos de diferentes linguagens, suportes, técnicas e mídias como desenho, escultura, fotografia, gravura, pintura, objetos, instalação e outras.

 

Até 07 de maio.

Panorâmica de Anna Bella Geiger

 

 

A Danielian Galeria, Gávea, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta a mostra “Entre os vetores do mundo”, de Anna Bella Geiger, com cerca de 50 obras produzidas pela artista em quase 60 anos de carreira. Com curadoria de Marcus Lontra e co-curadoria de Rafael Peixoto, a panorâmica reúne tanto trabalhos emblemáticos – como a série “Visceral” (anos 1960), os mapas dos anos 1970 ou a videoinstalação “Circa” (2006) – quanto produções inéditas – como os bordados, “gavetas” e obras das séries “Rrolos” e “RroseSelavy”. Com trabalhos produzidos nas mais variadas plataformas – esculturas, pinturas, gravuras, desenhos e instalações multimídia -, Anna Bella Geiger tem uma produção pautada em uma visão crítica, política e social, assim como em inquietações dos campos subjetivos.

 

Até 07 de maio.

 

Zerbini no MASP

06/abr

 

Luiz Zerbini exibe até 05 de junho no MASP, São Paulo, SP, a exposição “A mesma história nunca é a mesma”. Luiz Zerbini (São Paulo, 1959) é um dos principais nomes da arte contemporânea latino-americana, e esta é sua primeira individual em um museu em São Paulo. A mostra reúne cerca de 50 trabalhos, em sua maioria inéditos, em que é possível ver características de sua diversa produção: o interesse na pintura, na monotipia, na instalação, na paisagem e na botânica, a paleta multicolorida e os diálogos entre abstração, geometria e figuração.

A exposição inclui cinco pinturas de grandes dimensões, quatro delas produzidas especialmente para a mostra, em que o artista revisita de maneira crítica a pintura histórica. Utilizada para representar eventos marcantes de uma nação, como guerras, batalhas, independências e abolições, a pintura histórica frequentemente os idealiza ou romantiza, a serviço de uma certa ideologia.

Em 2014, Zerbini recriou uma das imagens mais clássicas da pintura histórica brasileira, em sua icônica Primeira missa, formulando uma nova representação para essa cena ocorrida em 1500, que é um emblema da colonização portuguesa no Brasil. A partir dessa obra, o MASP comissionou novas pinturas para o artista, que realizou trabalhos sobre a Guerra de Canudos, ocorrida em 1896-97, o Massacre de Haximu, em 1993, o garimpo ilegal e os ciclos históricos de monocultura na agricultura no país.

A mostra inclui também 29 monotipias em papel da série Macunaíma (2017), concebidas para uma edição do livro do mesmo nome de Mário de Andrade (1893-1945), um marco da literatura modernista brasileira. As pinturas e as monotipias são instaladas em uma expografia que desdobra uma outra, elaborada em 1970 para uma mostra no MASP por Lina Bo Bardi (1914-1992), arquiteta que concebeu este edifício. Duas instalações ocupam as vitrines do Centro de Pesquisa e do restaurante no 2º subsolo do museu, uma com raízes extraídas do jardim do ateliê do artista no Rio de Janeiro, e outra com um conjunto de objetos expostos sobre caixas de areia.

A mostra foi especialmente pensada no enquadramento de Histórias brasileiras, ciclo temático da programação do museu em 2021-22. Seu subtítulo, a mesma história nunca é a mesma, aponta para a repetição das histórias ao longo dos séculos, bem como para a necessidade de se criar outras narrativas para esses episódios, fazendo emergir novas leituras, protagonistas e imagens.

Luiz Zerbini: a mesma história nunca é a mesma é curada por Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP.