Exposição de Bruno Cançado

02/ago

 

 
A Central Galeria, República, São Paulo, SP, apresenta até 19 de setembro a exposição “A menor distância” de Bruno Cançado. Em sua  segunda exposição individual na galeria, o artista de Belo Horizonte apresenta trabalhos tridimensionais inéditos em que emprega materiais diversos como terra de cupinzeiro, cimento, resina, adobe, concreto, madeira, aço e bronze. A mostra é acompanhada de um texto crítico assinado por Agnaldo Farias.

 

O trabalho de Bruno Cançado intersecciona arquitetura, ecologia e epistemologia. Baseando-se no conhecimento empírico de construir – seja da arquitetura vernacular ou da construção em escala industrial -, sua obra culmina em uma mistura de temporalidades e elementos, que vão do natural ao manufaturado, do artesanal ao erudito. “Bruno aventura-se pela cidade em busca do que não sabe, mas que reconhece tão logo encontra, seja algo realizado pelo exercício puro da inteligência quando açulada pela necessidade de improviso, pela carência de recursos, seja pelo encontro de coisas que atuam como gatilho da sua capacidade de estabelecer conexões entre coisas díspares”, observa Agnaldo Farias. “O artista interessa-se por suas serventias, pelos destinos que justificaram suas presenças no mundo, pelos sentidos que lhes foram e são atribuídos no decorrer do tempo.”

 

Sobre o artista

 

Bruno Cançado nasceu em Belo Horizonte em 1981. Mestre em Artes Visuais pela Cornell University (Ithaca, EUA, 2019), graduou-se em Artes Plásticas pela UEMG (2010) e em Comunicação Social pela PUC Minas (2003). Participou de diversas residências, como Lighthouse Works (Fishers Island, EUA, 2019), Fine Arts Work Center (Provincetown, EUA, 2014-2015) e Fundação Bienal de Cerveira (Portugal, 2014), entre outras. Entre suas exposições, destacam-se as individuais em: CCBB-BH (Belo Horizonte, 2021), Central Galeria (São Paulo, 2017), AM Galeria (Belo Horizonte, 2016) e Hudson D. Walker Gallery (Provincetown, 2015), entre outras. Seu trabalho integra as coleções do MAC Niterói e do Museu de Arte do Rio.

 

Surrealismo na Tate Modern

01/ago

 

 

O surrealismo não é apenas um movimento, mas um estilo de vida que subverte a realidade e é justamente isso que a exposição “Surrealism Beyond Borders” (Surrealismo Além das Fronteiras) na Tate Modern, Londres, enfatiza.

 

A exposição reúne os grandes mestres do movimento surgido em Paris na década de 1920. Desta vez, a Tate Modern, não só apresenta os grandes expoentes do surrealismo, mas também lança luz sobre o movimento em geral e mostra como, pouco a pouco, ele se espalhou pelo mundo.

 

Para isso, a equipe curatorial do famoso espaço cultural pesquisou por um período de seis anos o máximo possível sobre o surrealismo em todas as partes do mundo. O resultado obtido pelos especialistas foi espetacular porque descobriram um tipo inesperado de ecossistema surreal que não havia sido detectado.

 

A exposição mostra, de forma super bem executada e em infinitas obras que foram feitas por um grande número de artistas que viveram em Buenos Aires, Cairo, Tóquio, Rio de Janeiro (como prova a participação de Tarsila do Amaral) e Cidade do México, que o surrealismo é radical e anti-sistema.

 

Os trabalhos de Picasso, Max Ernst, Dali e Yayoi Kusama certamente são os grandes destaques mas há espaço para algumas grandes (e desconhecidas) pérolas nesse movimento artístico. A centelha do surrealismo foi acesa em Paris no início da década de 20, mas ao longo de 60 anos espalhou-se literalmente por todo o mundo. Para o Brasil é vital o destaque da obra de Tarsila do Amaral nesta exibição.

 

“Surrealismo além das fronteiras” estará aberta ao público até 29 de agosto.

 

 

Exposição Christian Cravo na Paulo Darzé Galeria

27/jul

 

 

 

Desde o dia 04 de agosto, com temporada até 03 de setembro, e sob o título “Anima”, a Paulo Darzé Galeria, Salvador, BA, expõe 32 fotografias de Christian Cravo. A apresentação da mostra é assinada por Thaís Darzé.

 

Anima. Palavra de origem latina que designa a parte individual de cada ser humano, a “alma”. Em latim, significava literalmente “sopro, brisa, ar” possivelmente a partir daí adquiriu o sentido de “sopro vital, alma”, já que para a humanidade a alma está relacionada a algo imaterial, intangível e espiritual. Em “Anima” exposição individual de Christian Cravo, o artista que tem como suporte a fotografia, apresenta um novo conjunto de trinta e duas imagens imagens realizadas entre 2015 e 2022.

 

Na elaboração desse projeto, o artista utilizou duas series distintas, porém ambas produzidas em tempos praticamente concomitantes. Passando por longas temporadas no continente africano se dedicando a sua difundida série “Luz e Sombra” que já lhe rendeu três publicações e seis mostras, ao voltar dessas viagens “Anima” vinha nascendo de forma silenciosa e oculta para o público. Durante seus retornos para casa, sua esposa Adriana e suas três filhas, Sofia, Helena e Stela, eram suas musas e fontes de inspiração. Apesar do novo recorte, permanecemos diante das questões da construção da imagem, e seus problemas essenciais de luz, tempo e espaço. A fusão dos dois trabalhos, estabelece um diálogo estético tão harmonioso, consagrando a questão estrutural do corpo na obra de Christian Cravo, “luz, tempo e espaço”.

 

Na psicologia Junguiana, existe uma psique arcaica, possuidora de diversos arquétipos, que é a base de nossa mente individual. Jung (1987) diz que o arquétipo “Anima” é o lado feminino da psique masculina e o arquétipo “Animus” compõe o lado masculino da psique feminina. Partindo da compreensão desses arquétipos, podemos estabelecer uma comparação entre eles e a produção de Christian nos últimos anos. Seu lado masculino, cruza o Atlântico e faz sucessivas viagens ao velho continente, para fotografar a vida animal, a natureza selvagem, imagens marcadas por um distanciamento emocional e ausência de figuração humana (presença marcante em produções anteriores do artista). Para essa mostra em específico, apenas as imagens produzidas nos desertos da Namíbia estão presentes, o que confirma excesso de aridez, uma certa atmosfera de esterilidade das imagens, quando vistas de forma isolada. Partindo do pressuposto de que para a personalidade ficar bem ajustada é necessário equilíbrio entre masculino e feminino, a atmosfera infértil das imagens africanas, ganham novo sentido e nova potência quando acompanhas das imagens produzidas no cotidiano do artista, na presença de suas mulheres, “Anima”, emerge e traz o balanceamento necessário. Nas imagens de família, temos excesso, afeto, acolhimento, gestação, poder do feminino que acolhe e nutre a vida. A figura humana retorna na obra de Christian Cravo, mas a questão da espacialidade permanece, o gesto do corte, que subtrai das figuras e da espacialidade uma fatia do real, pontuado por Lidia Canongia em seu texto “A margem do real”, se preservam com a mesma ênfase, apenas partes dos corpos são enquadrados e a tomada de campos visuais bem restritos se mantém. Em tempos de intolerância, como o que vivemos, que se manifestam atualmente no número alarmante de crimes de ódio baseado por questões de gênero, o artista reconhece a urgência contra essas ações violentas que marcam a sociedade brasileira contemporânea. “Anima” é no mínimo um convite a reflexão e apelo por mais respeito e tolerância a todos os arquétipos que coabitam em cada um de nós”.

 

Sobre o artista

 

Christian Cravo nasceu em 1974, de mãe dinamarquesa e de pai brasileiro. Foi criado num ambiente artístico na cidade de Salvador, Bahia, convivendo com o mundo das artes desde a mais tenra idade. No entanto, só começou suas experiências com a técnica fotográfica aos onze anos de idade, enquanto morava na Dinamarca, lugar onde passou toda sua adolescência. Em 1993, interrompeu suas pesquisas fotográficas para cumprir o serviço militar nas forças armadas dinamarquesas. Com vinte e dois anos, volta ao Brasil, sua terra natal, quando começa a ficar profundamente entrosado com a máquina fotográfica. Ao longo dos últimos vinte anos, Christian conseguiu ver seu trabalho reconhecido, não apenas no nível nacional, mas também internacionalmente, por meio de exposições no Museu de Arte Moderna da Bahia, Throck Morton Fine Art em Nova Iorque, Billed Husets Galery em Copenhague, Ministério da Cultura em Brasília, Instituto Tomie Ohtake e no Museu Afro Brasil, ambos em São Paulo e em exposições coletivas como na Witkin Gallery em Nova Iorque, S.F. Camera Works Gallery na Califórnia, Bienal Fotofest em Houston e no Palais de Tokyo em Paris. Recebeu prêmios do Museu de Arte Moderna da Bahia, e do Mother John International Fund for Documentary Photography. Além de bolsas de pesquisa da Fundação Vitae e da Fundação John Simon Guggenheim para sua pesquisa sobre a água e a fé. Em 2016 foi premiado pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) pela melhor exposição fotográfica de 2015. Já foi indicado para prêmios internacionais como o Paul Huff (Holanda 2007) e o Prix Pictet (Suíça/Reino Unido, 2008 e 2015 e 2016). Seu primeiro livro “Irredentos” foi publicado em 2000. Em 2005 o segundo livro “Roma noire, ville métisse”, publicado em Paris, por Autrement. Outros livros de sua autoria são: “Nos Jardins do Éden” 2010, “Exú Iluminado” 2012, “Christian Cravo”, editado pela prestigiada editora Cosac &Naif 2014 e “Mariana”.

 

O Mapa da Mina por Alex Flemming 

26/jul

 

 

No ano do Bicentenário da Independência, em “O Mapa da Mina”, exposição individual do artista plástico Alex Flemming é proposto o debate sobre as riquezas naturais do Brasil.

 

A partir de 30 de julho, a Biblioteca Mário de Andrade, República, São Paulo, SP, recebe a série de obras feitas em chapas de madeira, recortadas no formato do mapa do Brasil, cravejadas de pedras nativas como topázios, ametistas, citrinos, opalas, rodolitas, peridotos, rubilitas e kunzitas, compondo uma cartografia visual que sustenta uma profunda potência estética e política.

 

A mostra exalta a riqueza e beleza gerada em nosso solo e traz um convite à reflexão sobre sua utilização: “Minha proposta com essas obras é discutir as riquezas do Brasil, a forma de extração e sua má distribuição. Desde nossa colonização o extrativismo gera fortunas que vão para os bolsos de uma minoria, escancarando a desigualdade da população”, explica Flemming. A mostra carrega também uma carga simbólica de pertencimento e deslocamento que os mapas fazem emergir, o que sem dúvida dialoga muito com Alex Flemming – artista que divide seu tempo entre o Brasil, país de origem, e a Alemanha, onde reside desde 1991. Flemming é um artista multimídia que transita pela pintura, gravura, instalação, desenho, colagem, esculturas, fotografia e objetos, com foco na “pintura sobre superfícies não tradicionais” como o próprio artista define. Foi professor da Kunstakademie de Oslo, na Noruega, entre 1993 e 1994 e em 1998 produz sua obra pública de maior impacto, na estação Sumaré do Metrô em São Paulo, com 44 retratos em vidro recobertos por poesia. Em 2016 inaugura mais 16 retratos em vidro colorido na Biblioteca Mário de Andrade, também em São Paulo.

 

Sobre o artista

 

Alex Flemming nasceu em São Paulo, SP e o reside na Alemanha desde 1991. Cursou Arquitetura na FAU-USP e frequentou o Curso Livre de Cinema na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo, entre 1972 e 1974. Na década de 1970, realizou filmes de curtas-metragens e participou de inúmeros festivais de cinema. Em 1981, se muda para Nova York, onde permanece por dois anos e desenvolve projeto no Pratt Institute, com bolsa de estudos da Fulbright Foundation. A partir dos anos 1990, realiza instalações em espaços expositivos (MASP e XXI Bienal Internacional de São Paulo) usando bichos empalhados pintados com fortes cores metálicas, inaugurando assim uma duradoura série de pinturas sobre superfícies não tradicionais. Posteriormente passa a utilizar como material suas próprias roupas, móveis, objetos utilitários e computadores. Flemming também cria silhuetas de aviões feitas com tapetes persas na série “Flying Carpets” e aborda os dilemas da guerra em fotografias de grandes dimensões na série “Body-Builders”, só para citar algumas de suas frentes de trabalho nos 40 anos em que atua como artista. Em 2002, são publicados os livros Alex Flemming, pela Edusp, organizado por Ana Mae Barbosa, com textos de diversos especialistas em artes visuais; Alex Flemming, uma Poética…, de Katia Canton, pela Editora Metalivros; e, em 2005, o livro Alex Flemming – Arte e História, de Roseli Ventrella e Valéria de Souza, pela Editora Moderna. Em 2006 a editora Cosac & Naif publica Alex Flemming com texto e entrevistas produzidas pela jornalista e curadora Angélica de Moraes. Em 2016 tem sua primeira retrospectiva no MAC-USP com curadoria de Mayra Laudanna e a exposição e livro Alex Flemming editado pela Martins Fontes. Em 2017 expõe a série “Anaconda” na Fundação Ema Gordon Klabin, e de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018 tem sua segunda retrospectiva – de CORpo e Alma – no Palácio das Artes em Belo Horizonte, com curadoria de Henrique Luz. No ano de 2019, expõe a série “Ecce Homo” na Galeria Kogan Amaro, em São Paulo, e a série “Apokalypse” em uma grande individual na Kirche am Hohenzollernplatz em Berlim (Alemanha). Em 2020, com a pandemia, Alex Flemming, em uma ação com a Companhia do Metrô de São Paulo ressignifica a sua mais conhecida obra pública, a estação Sumaré do Metrô. Para conscientizar a população sobre o uso de máscaras em espaços públicos, o artista aplica formas pentagonais de cores vibrantes que remetem à máscaras sobre os já conhecidos retratos da estação.

 

A exposição “ALEX FLEMMING: o Mapa da Mina” terá vernissage aberta ao público dia 30 de julho(sábado) às 11h, e poderá ser visitada até 28 de agosto das 11h às 18h.

 

 

Exibição de Pedro Weingärtner

25/jul

 

 

Com obras distribuídas entre pinturas e desenhos de um dos grandes nomes da arte brasileira inaugura a exposição “Pedro Weingärtner, nosso contemporâneo” em 30 de julho, e segue até 27 de agosto na Galart, Porto Alegre, RS. A mostra coordenada pelo empresário, colecionador e marchand Heitor Bergamini inclui obras apresentadas pela primeira vez  ao público.

 

Exposição de caráter histórico “Pedro Weingärtner, nosso contemporâneo” apresenta 23 obras do célebre artista sendo apresentada pelo historiador da arte e professor Paulo Gomes, um dos principais pesquisadores da obra do artista que afirma: “Seu diálogo preciso com seu tempo, visível nas pinturas de paisagens e de gênero, colocaram o Rio Grande do Sul no mapa artístico do Brasil, um feito inigualável na arte brasileira, talvez equiparado somente às realizações do Clube de Gravura e do Grupo de Bagé, isso mais de cinquenta anos depois”.

 

Trata-se de uma oportunidade para o público conhecer obras raras de Pedro Weingärtner. Boa parte das produções integra o acervo da própria GalArt, além de peças raras do período neoclássico e do modernismo. “Há uma década, quando colecionador iniciante, adquiri a primeira obra de PW (eu me permito tratá-lo assim pela intimidade adquirida nesses anos de convívio). A obra está comigo até hoje. É um retrato de um velho com barba longa com os olhos baixos como a fitar o chão. O desenho é autenticado por nada mais nada menos que Ângelo Guido (outro dos grandes) e integra a exposição”, revela Heitor Bergamini. “Em Pedro Weingärtner eu vejo um artista admirado e valorizado, um dos mais importantes que já surgiu no Rio Grande do Sul e que foi e continua sendo reconhecido nacionalmente”, ressalta.

 

A exposição, antes de sua abertura, já é considerada como fundamental para quem quiser conferir aspectos até então inéditos da obra (atemporal) de um dos mais importantes artistas brasileiros de uma época e da história do Rio Grande do Sul.

 

Sobre o artista

 

Filho de imigrantes alemães, Pedro Weingärtner nasceu em Porto Alegre, RS, em 1853, onde viveu até 1929. Foi pintor, desenhista e gravador. Estudou na Europa e viveu um longo tempo em Roma. Nas obras que compõem a presente exposição destacam-se os retratos, as cenas cotidianas da aristocracia, as paisagens e os desenhos. São justamente os desenhos, a parte menos conhecida e acessível de toda a produção de Weingärtner, mas não menos meritória. “Sua maestria no desenho, disperso em dezenas de folhas, demonstra, de modo cabal, todo o intenso e cuidadoso trabalho de concepção de suas obras, marcado pelos modos da pintura acadêmica (aqui no sentido de filiada aos modos de fazer das academias) que exigia o desenho como base de todo o trabalho”, analisa o historiador Paulo Gomes. Neles, o artista registra seu trabalho em campo nas anotações para paisagens. Denotam ainda a observação atenta dos modos e expressões de modelos nos retratos. Sobre os outros elementos presentes na exposição, Paulo Gomes faz algumas reflexões. “Suas paisagens eram identitárias, fator importante na sua consolidação como artista do Sul do Brasil. Suas pinturas de antiguidades atendiam a um gosto de época. Seus retratos ficaram para trás, perdidos no passado”, reconhece. “Mas restam valores inquestionáveis, como a excelência da sua fatura artística, da sua pintura, do seu desenho e da sua gravura, que impressionam ainda hoje pela qualidade, pela beleza e pelo requinte e finalmente, o seu testamento para nós, seus conterrâneos distantes no tempo”, finaliza.

 

 

Miniarte Magia

 

 

A primeira edição do Projeto Miniarte Internacional ocorreu em 2003 na Usina do Gasômetro, com mais de cem participantes sob a chancela da Prefeitura Municipal de Porto Alegre Alegre.

 

Desde sua fundação pela artista plástica Clara Pechansky, o objetivo do projeto é democratizar a arte permitindo acesso livre aos artistas, que não são submetidos a qualquer seleção, e divulgando as obras para um público cada vez mais diversificado. Desse modo, o Projeto Miniarte Internacional cumpre um duplo papel social. Ao longo de seus 19 anos, sempre organizado por artistas independentes, em espaços públicos e gratuitos, o projeto já percorreu os cinco continentes.

 

Para a edição de 2022 foi ecolhido o tema “Magia”, abrangendo uma grande variedade de interpretações e técnicas, como Pintura, Desenho, Gravura, Colagem, Fotografia, Escultura e Cerâmica.

 

A “Miniarte Magia” vai mostrar 192 (cento e noventa e dois) artistas que representam Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Espanha, Equador, Estados Unidos, Índia, Irã, México e Portugal somando ao todo 21 (vinte e um) Artistas Convidados, 12 (doze) Artistas Líderes de Grupo, cada um trazendo consigo mais de 10 (dez) artistas, e 33 (trinta e três) Artistas Prestígio, uma inovação introduzida nesta edição.

 

A 42ª edição do Projeto Miniarte Internacional terá sua inauguração, mantendo a tradição, no Centro Municipal de Cultura de Gramado, RS, dia 30 de julho, e a 43ª edição acontecerá em Porto Alegre, RS, em 08 de outubro no espaço profissional da Gravura Galeria de Arte.

 

42ª edição – Gramado – até 30 de agosto.

43ª edição –  Porto Alegre – até 29 de outubro.

 

Daniel Lannes no Paço Imperial

22/jul

 

 

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Jaula”, individual do artista carioca Daniel Lannes, com curadoria e texto crítico de Lilia Schwarcz, que acontece até o dia 23 de outubro. A exposição conta com a produção recente do artista, marcada por pinturas a óleo que retratam hipóteses históricas do Brasil através de uma perspectiva subjetiva e transfigurada. Daniel Lannes foi vencedor do Prêmio Marcantonio Vilaça, o mais importante prêmio de Artes Visuais do país e teve uma tela adquirida para o acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo neste ano.

 

Sobre o artista

 

Daniel Lannes nasceu em Niterói em 1981, e vive e trabalha em São Paulo. O artista é mestre em Linguagens Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012) e Bacharel em Comunicação Social pela PUC-Rio (2006). Daniel Lannes protagonizou exposições em grandes instituições nacionais e internacionais como as individuais ‘Pernoite’ na Galeria Kogan Amaro, São Paulo (2020), ‘A luz do fogo’ na Magic Beans Gallery, Berlim (2017), ‘Republica’ no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2011) e ‘Midnight Paintings’ no Centro Cultural São Paulo (2007). Suas obras integram importantes coleções como do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, entre outros.

 

A natureza vista por Rodrigo Bivar

21/jul

 

 

Rodrigo Bivar apresenta a exposição individual “Breve” na Casa de Cultura do Parque, Alto de Pinheiros, São Paulo, SP. A mostra faz parte do II Ciclo Expositivo de 2022 da instituição e reverbera a produção figurativa do artista. As dezessete pinturas, todas em pequeno formato, trazem pássaros e naturezas mortas, criando uma continuidade do interesse de longo prazo do artista em cenas cotidianas, natureza e retratos.

 

Neste conjunto, Bivar voltou-se à representação de elementos que poderia nomear, orientando-se para o seu entorno. Na série “Bípedes”, fez retratos de passarinhos, explorando um recorte de imagem que se assemelha a uma fotografia, explorando um olhar que humaniza esses animais. O artista ressalta, nesta mostra, a efemeridade, o curto instante que temos para observar um pássaro, que geralmente rapidamente alça voo.

 

Em “Breve” observamos o esforço de captar o transitório e registrá-lo por meio da tinta na tela. A exposição fica aberta até 18 de setembro, uma rara oportunidade de adentrar o universo proposto por Rodrigo Bivar.

 

Duas mostras no MASP

 

 

O MASP, Avenida Paulista, São Paulo, SP, abriga duas exposições poderosas que apontam uma parte da diversidade nacional: “Dalton Paula: Retratos Brasileiros”, com pinturas sobre lideranças e personalidades negras; e “Joseca Yanomami: Nossa Terra-Floresta”, com obras sobre a vida e a cosmologia do povo Yanomami. As duas mostras ficam em cartaz de 29 de julho a 30 de outubro.

 

Arte negra

 

Com curadoria de Adriano Pedrosa, Glaucea Britto e Lilia Schwarcz, a mostra “Retratos Brasileiros” reúne 45 pinturas – muitas delas inéditas – do artista contemporâneo brasiliense Dalton Paula. Ele produziu 12 desses trabalhos com apoio do MASP, e, por isso, as obras foram doadas para a instituição. As pinturas retratam lideranças e personalidade negras que foram historicamente invisibilizadas no Brasil. As obras são o resultado de um longo processo criativo, que passa por um estudo de biografias dos homenageados e a coleta de documentos sobre eles, como fotos e recortes de jornal. Entre essas figuras, estão a escritora Maria Firmina dos Reis, considerada a primeira romancista negra no país; Manuel Congo, o líder da maior rebelião de escravos no Vale do Paraíba; e Assumano Mina do Brasil, um famoso alufá (nome dado aos líderes religiosos muçulmanos no norte da África) no Rio de Janeiro. Em sua investigação, o artista busca ressignificar e dar protagonismo às contribuições de personalidades afrodescendentes.

 

Arte Yanomami

 

Já a mostra “Nossa Terra-floresta” é pautada pela celebração aos 30 anos da homologação da terra indígena Yanomami. Com curadoria de Adriano Pedrosa e David Ribeiro, a exposição reúne 93 desenhos do artista Joseca Yanomami, que retrata personagens, cenas, paisagens, mitologia desse povo indígena. O artista adota como referência a floresta amazônica e os vários seres que a habitam. Os cantos xamânicos, a vida cotidiana dos Yanomami e as lutas das lideranças indígenas e dos espíritos também são elementos presentes nas obras, que foram produzidas entre 2011 e 2013. Muitos dos desenhos são acompanhados por descrições feitas originalmente em yanomami pelo artista e que dão conta das dimensões cosmológicas presentes em sua narrativa visual. A obra “Urihi xi wãrii tëhë thë urihi huëmaɨ wihi thëã (Os xamãs seguram a terra quando esta entra em caos)”, de 2011, por exemplo, se preocupa em demonstrar o trabalho de preservação da terra pelos xamãs.

 

 

A geometria de Luciano Figueiredo

20/jul

 

 

A LURIXS: Arte Contemporânea, Leblon, Rio de Janeiro, RJ – apresenta até 19 de agosto – exposição individual de Luciano Figueiredo. Com texto de Paulo Venancio Filho, a mostra reúne obras recentes do artista produzidas em sua residência no Rio de Janeiro durante o período do isolamento imposto pela pandemia de covid-19.

 

Construir reconstruindo

 

Esses últimos trabalhos de Luciano Figueiredo reafirmam seu inconformismo com o confinamento da tela; o limite que a separa do espaço circundante. As dobras e recortes, práticas de longa data, nada mais faziam que demonstrar essa pretensão; romper a estabilidade geométrica pelos próprios meios da geometria. Desestabilizar o estável e encontrar outra estabilidade, ainda inédita, como um “ponto” geométrico futuro e imprevisto. Poderia se imaginar o quadrado como o núcleo inicial e gerador de todos os desdobramentos e variações. Dobrar desdobrando, rompendo recompondo, construir reconstruindo; o grau de insistência no construtivismo coincide com a ânsia de renová-lo – uma inesgotável e irresistível pressão. O que parecia exaurido revela cada vez mais surpresas insuspeitas, como ocorre agora. Ou seja, nada mais do que ativar as potencialidades geométricas ainda irreveladas.

 

Nesses trabalhos, vemos linhas cruzando o plano da tela em várias direções, porém não são apenas linhas; são finas varetas de madeira revestidas do tecido da tela. Desse modo, pertencem e não pertencem à tela. Superpostas à tela, são linhas que ativam a superfície e parecem vir de fora; atravessar e sair do quadro. Esse vocábulo gráfico – uma novidade recente – faz pensar nos cabos de energia que cruzam o céu nas cidades. Tais ligeiras e delicadas presenças tridimensionais insinuam direções e movimentos rápidos, velozes, marcam uma presença na tela ao mesmo tempo momentânea e permanente. Tais delicados condutores de uma energia plástica poderiam seguir para outro lugar; para outra tela, sem dúvida, e ali permanecer ou ir além. Esse parece ser o móbile novo dessa pintura/objeto; a linha, ou linhas, desconcertantes; impondo seu desígnio visual – do qual não há como escapar -; só resta ir para onde elas vão, segui-las com o olhar. Vejo também, quando elas se tornam essas delicadas varetas, a tentativa de fixá-las, de inseri-las no espaço material da tela e trazê-las pelo artifício da colagem para um espaço que faz a pintura adquirir uma materialidade objetal. Surge no espaço um momento de calculada tensão, contido e liberto em sua potencial expansão. Tais linhas não estabelecem limites, não obedecem a um esquema prévio, e afirmam sua própria independência. Cortam, ou melhor, riscam, atravessam, os planos de cor. Dão às telas um ritmo visual veloz, diríamos elétrico. Os planos de cor delimitam a estabilidade de certas áreas, impondo enfaticamente a inescapável determinação cromática, mas o que se manifesta é uma calculada disputa visual entre linha e cor. Assim, novamente encontramos a vivacidade do espaço, a renovada revelação do substrato pulsante do construtivo, sua inesperada e surpreendente agitação, surpreendente porque ainda pressiona há mais de um século. É o novo que se apresenta; novo porque podemos medi-lo com o passado. Aí a surpresa; especialmente porque é algo que é parte, e parte decisiva da nossa história artística.

 

Ainda – outra surpresa – encontramos espaços vazados na tela. E estes apresentam o que a tela de fato é: transparências que denunciam o objeto mesmo, aquilo que ele é, sem disfarces, expondo o vazio, tornando-o ativo. O olhar ultrapassa a tela, ali o espaço vazio da tela, o negativo da linha, buraco através do qual se vê a parede, desnuda a estrutura do quadro/objeto. Não há como esquecer a colagem; mas de elementos do mesmo léxico, afins e complementares, e as infinitas combinações que cada uma possui e contém. É como um vaivém óptico interminável, o mesmo renovado, e tendo a audácia de isto fazer. Cortes e recortes se alternam; o dobrar e o desdobrar imprevisíveis surpreendem a cada momento num movimento cinemático. A tela se mostra na sua plasticidade literal, flexível, dobrável, manipulável; é a matéria primeira, mais, muito mais, do que o mero suporte da pintura. A materialidade do tecido é libertada da rígida planaridade e se expande, há muito ultrapassou a estrita imposição ortogonal do quadro, tal como se o quadro se reconstruísse de dentro dele.

 

É notória a vinculação da obra de Luciano com o jornal e o cinema. Vejo até e principalmente a interseção entre jornal e cinema. Duas expressões visuais que se cruzam aqui, criando esse novo mutante, direto, ágil, imprevisível, que quer se libertar do aprisionamento do enquadramento. Disse atrás que são quadros que contêm uma eletricidade; não seria esta a mesma que se originou no construtivismo russo, no cinema de Eisenstein? Cinema, jornal e colagem não poderiam deixar de estar presentes nesta exposição. Vemos isso claramente em três colagens. Em duas delas, a presença de atrizes emblemáticas do cinema: Anna Karina e Monica Vitti – aí inclusos, indiretamente, Godard e Antonioni. E numa pequeníssima imagem, efêmera e casual – é preciso prestar atenção -, temos, poderíamos dizer, uma perfeita tradução da Kinomania de Luciano: na foto, recorte de um jornal, Antonioni e Monica Vitti estão na calçada, cada um lendo um jornal.

 

O vazado, talvez a maior novidade, é uma surpresa; mas uma surpresa que já se veria antecipada. A não-tela se revela também como um espaço da obra; o vazio é obra. É o reverso das linhas, contido dentro de limites, é um vazio recolhido à obra. A dobra leva ao recorte, e a tela, a sua materialidade, é um plano flexível, dobrável, recortável; problematiza o que parecia estável, estabilizado, cristalizado. Daí recortes, telas vazadas, manobras e desvios da ortodoxia, verdadeira desmontagem da tela. Tais combinações, passagens, interrupções, deslocamentos, revelam a inquietude do plano, sua predisposição em se mostrar como tal; disponível às manobras que a obra exige a todo momento, em cada trabalho: construir reconstruindo.Paulo Venancio Filho