No Paço Imperial e no Espaço OASIS

14/jul

 

 

Ricardo Ribenboim presente em dois momentos singulares: o resgate do passado e a criação do novo presente!

 

O artista plástico Ricardo Ribenboim exibe, em datas sequentes no circuito cultural do Rio de Janeiro, após uma ausência de 18 anos, duas exposições individuais: “Rastro dos Restos”, no Paço Imperial e “O Acaso” no Espaço OASIS. As duas mostras estão sob curadoria de Yuri Quevedo. As 120 obras inéditas em exibição, mesmo não se apresentando como recortes de um todo, oferecem dois aspectos complementares e elucidativos da produção do artista nos últimos 5 anos. Em “Rastro dos Restos”, os trabalhos dialogam com o tempo e exibe a consciência do artista sobre o curso da história, a passagem do tempo e a finitude das coisas de onde surge a possibilidade de transformação do todo em vestígios. Já em “O Acaso”, há o compartilhamento por parte do artista, de seu processo criativo onde ressignifica fragmentos de trabalhos antigos. Ricardo Ribenboim oferece a proposição de convivência com o mutável e o incerto, sem buscar frear o fluxo dos eventos e da vida, mas admirando-os como uma força estética.

 

“Em cada um dos espaços a produção de Ricardo Ribenboim é vista sob um aspecto diferente. No Paço Imperial, temos a investigação mais recente do artista, que parte de rastros do passado para configurar o novo. Já no Oasis, espaço de residências experimentais, estão aquelas obras onde ele compartilha conosco  seu processo de trabalho e os entraves para elaborar aquilo que o rodeia.”, explica o curador.

 

“Rastro dos Restos” – Paço Imperial

 

“A partir da lembrança, Ribenboim propõe a singularidade”, define Yuri Quevedo. Coletando, aleatoriamente, restos de materiais diversos, fragmentos do ordinário, do urbano, restos do atelier, rastros de seu próprio trabalho com memórias de sua trajetória, o artista enfrenta o desafio e a necessidade de criar o novo e apresentá-lo na seleção de 80 trabalhos expostos. Enquanto muitos buscam encontrar o sentido de um todo coeso, Ricardo Ribenboim vai na contramão e faz da desarticulação o seu método; desmembra sistemas inteiros e os analisa e, sendo o artista que encontra poesia nova naquilo que sobrou – aquilo que é substantivo no rastro dos restos”, diz o curador. O artista formula uma ecologia própria – o que restou de algo, pode servir de suporte para uma nova realidade. Aqui, a história é vista como uma trama, em que ciclos se reciclam, intercalados com lacunas de esquecimento. Ao construir marcos e estandartes com esses retalhos de lembranças, Ribenboim compartilha conosco sua ética: a memória pode ser matéria do presente à medida em que ela adquire significado no agora.

 

“O Acaso” – Espaço Oasis

 

Nos últimos anos, Ribenboim fez do ateliê e da própria trajetória, um espaço  de reflexão, onde seu potente lado criativo finaliza objetos inconclusos, reanima pedaços de trabalhos antigos e lhes dá nova forma, nova ordem, nova significância. Nas 40 obras selecionadas pelo curador, estão as grandes telas onde ‘sinistras silhuetas tentam romper as camadas’. Desta forma “o artista compartilha conosco o valor do fazer como pensamento, do fazer enquanto dúvida, do fazer como processo de configuração de si e do mundo – e não como terreno das definições e das certezas”, explica Yuri. Em “O Acaso”, Ricardo Ribenboim nos descreve seu processo criativo, as agruras do fazer, onde resgata os vestígios guardados daquilo que as coisas eram antes de serem articuladas em novos sentidos: suas pinturas olham para suas esculturas para transformá-las em imagens. Para Yuri Quevedo, “…como no sonho, o caldo disforme do inconsciente ganha matéria em associações, coincidências e encaixes. Indefinições que resistem a ser figuradas, daí o acaso vira assunto”.

 

Paço Imperial até 15 de agosto e 27 no OASIS.

 

 

Duas mostras no MAR

11/jul

 

 

O Museu de Arte do Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ,  abriga duas exposições simultâneas, em cartaz até setembro. Em “Gira”, Jarbas Lopes, cuja trajetória na arte começou há 30 anos, propõe novos significados para objetos que foram descartados nas ruas, de jornais e revistas a faixas de divulgação de shows e propaganda política, com os quais ele criou esculturas e pinturas interativas. Com curadoria de Amanda Bonan e Marcelo Campos, a mostra reúne cerca de 100 obras que fazem parte da produção do artista, além de trabalhos inéditos e projetos que só existiam no papel. Lopes também apresenta fotografias, desenhos, livros, maquetes e instalações.

 

Já a mostra “Coleção MAR + Enciclopédia Negra” propõe uma reparação histórica, trazendo à luz trabalhos realizados por artistas contemporâneos, que retratam personalidades negras cujas imagens e histórias de vida foram apagadas ou nunca registradas. Antes do século 19, apenas os nobres eram retratados. Já negras e negros, foram fotografados, muitas vezes, em condições anônimas ou em cenas em que apenas aparecem carregando mercadorias em suas cabeças.

 

A exposição – que hoje reúne obras de 36 artistas contemporâneos no MAR – nasceu da colaboração entre os consultores e curadores Flávio Gomes, Lilia Schwarcz e Jaime Lauriano e teve sua primeira apresentação na Pinacoteca de São Paulo, em 2021. O trabalho resultou também no livro “Enciclopédia Negra”, que reuniu biografias de mais de 550 personalidades negras, em 416 verbetes individuais e coletivos, publicado em março de 2021 pela editora Companhia das Letras.

 

Das 250 obras de artes expostas, 13 são novos retratos, criados por seis artistas contemporâneos, convidados pelo MAR, e que vão entrar para a coleção do museu após a mostra. O elenco de artista reúne Márcia Falcão, Larissa de Souza, Yhuri Cruz, Bastardo, Jade Maria Zimbra e Rafael Bqueer, que fizeram retratos de personalidades como Abdias Nascimento, Heitor dos Prazeres, Tia Ciata, Manuel Congo, Mãe Aninha de Xangô e João da Goméia. Em tempo: Coleção MAR + Enciclopédia Negra é a sexta exposição inaugurada neste ano pelo Museu de Arte do Rio e é parceria com a Pinacoteca de São Paulo.

 

“Gira”, Jarbas Lopes – Até 16 de setembro.

“Coleção MAR + Enciclopédia Negra” – Até 11 de setembro.

 

 

Ampliando espaço e nova exposição      

08/jul

 

Completando uma década de atividade, a galeria Gaby Indio da Costa Arte Contemporânea, São Conrado, Rio de Janeiro, RJ, amplia seu espaço expositivo e comemora, no dia 09 de julho, sábado, com exposição individual de Marcus André.  Em “Tamoia-Califa”, o artista apresenta cerca de 25 obras inéditas e o lançamento do múltiplo serigráfico “Califórnia”, desenvolvido por Heloisa Amaral Peixoto, que assina o projeto curatorial.

 

“Partindo da sua experiência de formação técnica e estética em gravura, em especial na sua prática permanente com a xilogravura, o artista Marcus André rearticula as suas pesquisas para novas pinturas numa poética intercambiável onde enfatiza a superfície do seu suporte, a madeira. Deixando mais exposta a sua matéria/matriz, o artista explora a sua textura e a sua aparência natural, assim como determina as áreas de intervenção cromática, aplicando as suas técnicas combinadas”, diz a curadora.

 

Sobre a galeria

 

Gaby Indio da Costa atua no mercado de arte desde 2009, abrindo seu espaço em 2012. Desde então, acompanha de perto a produção de vários artistas. Há dez anos realiza diversas exposições, a maioria com a curadoria de críticos e curadores renomados. A galeria Gaby Indio da Costa Arte Contemporânea tem como objetivo principal divulgar a produção dos artistas que representa e suas propostas, promover projetos e exposições e manter um diálogo constante com críticos, curadores e colecionadores, incentivando a formação de novas coleções e buscando fortalecer as que já existem. Trabalha com artistas jovens e consagrados, alguns com trajetória consolidada, todos eles comprometidos com a experimentação e a ousadia no âmbito da linguagem que define a arte contemporânea.

 

Sobre o artista

 

Marcus André nasceu no Rio de Janeiro em 1961. Vive e trabalha entre o Rio de Janeiro e Búzios, RJ. Frequentou o curso de desenho e introdução à pintura na Oficina do Corpo na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro entre 1978-79. Entre 1981 a 1985, cursa Desenho Industrial na Universidade Federal do Rio de Janeiro tendo como professores Roberto Verscheisser e Gilberto Strunke e paralelamente freqüenta a Oficina de Gravura do Palácio do Ingá em Niterói com orientação de Anna Letycia e Edith Behring, recebe prêmio no IV Salão Carioca de Arte e participa da V Mostra Nacional de Gravura em Curitiba. Em 1984 realiza sua primeira individual na Galeria Contemporânea e participa nas exposições; Como Vai Você, Geração 80 ?, Arte Brasileira Atual e V Salão Nacional de Artes Plásticas no MAM no Rio de Janeiro. Viaja para Nova York em 1985 frequentando a Parson’s New School Of Social Reaserch Printing Studio com o artista Roberto DeLamonica 1985-88, estágio na Osíris Priting Co. e mais tarde é contratado como impressor-colorista na Ruppert J. Smith Printing Co. em Nova York, participando das edições de artistas como James Rosenquist, Larry Rivers, Kenny Scharf e Andy Warhol, sob coordenação do impressor Jean-Paul Russell, atualmente Durham Press, Pennsylvania. Participa da exposição Latin? ABC Notório Gallery no East Village. Em 1988 retorna ao Brasil, recebe prêmio no XIII Salão Nacional de Artes Plásticas e realiza individuais de pintura na Funarte Projeto Macunaíma/ Espaço Alternativo RJ, Projeto Centro Cultural São Paulo / Pavilhão da Bienal Ibirapuera e MASP SP e nas representações brasileiras da Bienal Ibero-Americana Cidade do México, Bienal de La Havana Cuba, Bienal de Pintura Cuenca Equador 2001 e no Machida Tokyo Museum Japão. Recebe os prêmios de aquisição em pintura no Museu de Arte de Brasília DF e na Mostra Internacional de Gravura Curitiba PR. A partir de 1995 é contemplado com as bolsas: Primeiro Programa de Bolsas RioArte 1995-96, tendo na comissão os críticos e professores Heloisa Buarque de Holanda e Ronaldo Britto, O Artista Pesquisador MAC Niterói RJ 1998, Bolsa FAPERJ / Fundação de Apoio a Pesquisa 1998 e The Pollock-Krasner Foundation Inc. Grant NY 2007. Marcus André investe na construção e desconstrução de espaços afetivos, estabelecendo narrativas orgânicas de traços e linhas, espaços mentais de uma natureza contaminada pelo advento do industrial e organização social, vestígios do humano cotidiano. O artista alcança o sublime, extraindo da pintura duas técnicas básicas e milenares; a pintura encáustica e a têmpera, um resultado em que se vê o que se toca, consequência da soma de diversas camadas, peles da pictórica sobrepostas conferindo uma narrativa contemporânea que traz ao presente a utilização de técnicas tão laboriosas.

 

A palavra da  curadora

 

A partida para a escolha de um múltiplo serigráfico do artista Marcus André teve inspiração na sua obra instalativa vencedora do prêmio “Projéteis Funarte 2006” realizada no hall do icônico edifício modernista Palácio Capanema, no centro do Rio de Janeiro.   Desde que o artista se propôs a executar uma pintura mural de grande porte, de caráter panorâmico e espacial, utilizando a têmpera e a encáustica, duas técnicas milenares, estabeleceu-se na sua produção um tipo de ritual narrativo formal de interpretação bastante singular do que entendemos como “paisagens”. Na experiência de conduzir a sua expressão de modo integrado aos aspectos arquitetônicos do entorno, o artista incorporou as premissas do contexto muralista e levou para as suas pinturas uma série de propostas estruturadas na superposição de linhas e outros grafismos. Consciente de que o seu percurso é compreendido dentro de uma poética intercambiável, no diálogo entre procedimentos e métodos produzidos para diferentes fins, e no seu caso em especial, na prática íntima com a xilogravura, Marcus André passa a rearticular as suas pesquisas trazendo de volta a superfície do seu suporte, a madeira. Deixando mais exposta a matéria, ele explora a sua textura e aparência natural, assim como determina as áreas de intervenção cromática, aplicando as suas técnicas combinadas. Esse procedimento vem acompanhado desta vez de elementos geométricos mais ampliados, que ganham mais contornos e volumes, e ainda sugerem um plano de terceira dimensão. Seus recentes trabalhos produzem uma sensação de apropriação de ingredientes de raiz cultural popular, entretanto há uma presença da metrópole invadindo a pintura. Nesse duplo contato com a tradição artesã e da cultura de massa, própria do cenário urbano, as suas formas e signos se acomodam na madeira. O suporte material é também poético. Partindo da natureza vão se encadeando a criação, a transformação e a síntese, e uma inédita visualidade vai se revelando em simples e eloquentes acontecimentos.

 

De 11 de julho a 19 de agosto.

 

 

Conversa com Rafael Bqueer

 

 

Na próxima terça-feira, dia 12 de julho, às 19h, será realizada uma conversa gratuita e aberta ao público com a artista Rafael Bqueer, na C. Galeria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, onde a artista apresenta até 15 de julho a exposição “Boca que tudo come”.

 

Conhecida por trabalhos de performances, fotos e vídeos, a artista criou, pela primeira vez, esculturas e objetos tridimensionais. A curadoria é de Paulete Lindacelva. As obras foram criadas este ano, inspiradas no carnaval, mas também se desdobram em temas que a artista já vinha trabalhando, como o universo Drag Themonia e a luta por questões raciais e de gênero.

 

“Meu trabalho percorre o universo das escolas de samba e da cultura drag. Estes novos trabalhos trazem esse universo da fantasia, dos adereços, da maquiagem. É como se eu tivesse tirado esses elementos do corpo, dando a eles uma nova forma”, diz Bqueer. “Sinto este trabalho como uma prática de desuniformizar, de criar também uma trama de propósitos, de refazer os tecidos da linguagem com nós”, acrescenta a curadora.

 

As obras são compostas por paetês, pedrarias e tecidos diversos, elementos que fizeram parte do carnaval de 2020 e foram doados pela escola de samba Grande Rio para a artista. “As alegorias exuberantes dos barracões são transportadas para a galeria como alegorias da própria língua e confirmam sua presença no trabalho como algo vasto de muita suntuosidade e de potencial transformador do material”, ressalta a curadora Paulete Lindacelva. Muito ligada ao carnaval, Bqueer foi destaque da escola campeã deste ano, cujo tema foi Exu, que também inspirou a artista na criação das novas obras. “O desfile da Grande Rio deste ano foi uma das principais referências para a criação de vários trabalhos e também do título da exposição, em referência a Exu. Mastigar os universos e vomitar um novo projeto”, conta a artista, que começou sua história com o carnaval em Belém, onde trabalhou em diversos desfiles, incluindo o da Império de Samba Quem São Eles, uma das maiores agremiações paraenses, além de ter trabalhado em diversas escolas cariocas dos grupos D, B e A.

 

“É a gênese e uma boca com fome que não se sacia. Pela boca de Exu tudo passa. A fome de Exu não cessa, pois é pela sua boca que tudo acontece, conflui, compartilha. Na boca de Exu se instaura o mistério de todo acontecimento vivo. Engole para devolver de maneira ambívia! O que ultrapassa a ideia de antropofagia, pois é muito mais antigo e é na diferença que o mistério acontece”, ressalta a curadora.

 

Os trabalhos também abordam a questão do racismo, trazendo suas experiências com os desfiles das escolas de samba, arte drag e a cultura de massa das periferias para questionar os símbolos eurocêntricos de poder, bem como a ausência de narrativas afro-brasileiras e LGBTQIA+ na arte-educação e em instituições de arte. Paralelamente a seu trabalho como artista visual, Bqueer tem um trabalho como drag queen e é uma das fundadoras do coletivo paraense Themônias. O grupo, formado em 2014, reflete, já no nome, a estética distante do padrão das drags luxuosas e subverte o fato dos corpos LGBTQIA+ terem sido historicamente demonizados. “Isso tudo também está presente nesses novos trabalhos, a estética da monstruosidade, do exagero, do brega”, ressalta Rafael Bqueer, que foi selecionada pela Bolsa ZUM 2020, do Instituto Moreira Salles, com uma série de quatro curtas-metragens do projeto Themônias, que tratam da cena drag-themônia amazônica.

 

Sobre a artista

 

Rafael Bqueer (Belém/ Pará, 1992. Vive e trabalha entre Rio de Janeiro e São Paulo) tem formação em Artes Visuais pela UFPA. Trabalha com múltiplas plataformas, como fotografia, vídeo e performance. Em seu trabalho, investiga o impacto do colonialismo e da globalização por meio de ícones da cultura de massa recontextualizando as complexidades sociais, raciais e políticas do Brasil. Participou de exposições nacionais e internacionais, destacando: “Against, Again: Art Under Attack in Brazil”, Nova York (2020), e a individual “UóHol”, no Museu de Arte do Rio (2020). Artista premiada na 8º Edição da Bolsa de fotografia da Revista ZUM – Instituto Moreira Salles (2020) e na 7º edição do Prêmio FOCO Art Rio (2019). Participou da 6º edição do Prêmio EDP nas Artes do Instituto Tomie Ohtake (2018) e da 30ª edição do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo- CCSP (2020). Atualmente, além da exposição individual “Boca que tudo come”, na C. Galeria, a artista também participa das exposições coletivas “Crônicas Cariocas” e “Enciclopédia Negra”, no Museu de Arte do Rio (MAR), “Zil, Zil, Zil”, no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica (RJ), Misturas”, no Galpão Bela Maré (RJ). Suas obras fazem parte das coleções do Museu de Arte do Rio (MAR), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) e Museu do Estado do Pará (MEP).

 

Sobre a galeria

 

A C. Galeria é uma galeria de arte contemporânea que, através de novas ideias e formatos, contribui para uma nova forma de fazer e pensar o colecionismo da arte. Dirigida por Camila Tomé, a galeria surgiu em 2016 e está localizada no Jardim Botânico onde desde então apresenta um programa que auxilia e desenvolve nacional e internacionalmente a carreira de seus artistas representados. Através de seus artistas e seu programa, a C. propõe projetos plurais de arte contemporânea e abre espaço para discussões sobre ativismo, arte e vida. A C. Galeria representa os artistas Bruno Weilemann, Diego de Santos, Eloá Carvalho, Emerson Uýra, Laura Villarosa, Marcos Duarte, Maria Macedo, Paul Setúbal, Piti Tomé, Rafael Bqueer, Ruan D`Ornellas e Vítor Mizael.

 

 

Coletiva de pintura brasileira contemporânea

07/jul

 

 

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Sentido Comum”, coletiva de pintura brasileira contemporânea com 22 obras dos artistas Camila Soato, Douglas de Souza, Herbert de Paz, Igor Rodrigues, Marcelo Amorim, Maria Antônia, Marjô Mizumoto, Mônica Ventura, O Bastardo, Pedro Varela, PV Dias e Rafael Carneiro, oriundos de diferentes cidades brasileiras, em sua maioria com idades próximas aos quarenta anos, e com trajetórias já conhecidas no circuito da arte.

 

Questões presentes nas obras apresentadas são uma revisão histórica, de modo a destacar a relevância dos negros e indígenas no Brasil, e que, apesar de subjugados, resistem. Questões de gênero também estão em vários trabalhos. Na abertura apresentou-se o DJ Lucas Alves.

 

Cinco artistas contemporâneos em Maricá

 

 

A Prefeitura de Maricá, RJ, por meio da Secretaria de Cultura, apresenta a exposição “Canto porque Resisto”, que comemora o centenário da Semana de Arte Moderna permanecendo em cartaz até 30 de julho, na Casa de Cultura de Maricá, no Centro. A mostra, com curadoria de Luiz Guilherme Vergara, reúne 27 obras contemporâneas e experimentais de cinco artistas consagrados, moradores da cidade, cujas carreiras foram sucesso dentro e fora do Brasil em importantes museus e galerias.

 

“Depois de uma longa paralisação das atividades, a Casa de Cultura e o Museu Histórico de Maricá reabrem suas portas em grande estilo. “Canto porque Resisto” é iluminadora, como uma fábula de imagens explosivas instaladas no coração da Vila de Santa Maria, nossa praça central, onde o imaginário habita o inconsciente coletivo do povo maricaense contra forças destrutivas. A exposição está magnífica”, comentou Sady Bianchin, ressaltando que a mostra é realizada pela Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar), com apoio da Secretaria de Promoção e Projetos Especiais.

 

Os trabalhos de Bill Lundberg (dez obras, sendo fotografias de 63cm x 76cm cada e uma projeção de 2mx2m), Edmilson Nunes (cinco, entre pintura, desenho e instalação), Jarbas Lopes (uma escultura e uma instalação cinematográfica), Marcos Cardoso (uma instalação) e Regina Vater (nove, sendo instalação, fotografia e vídeo arte) ocuparão não somente os ambientes da Casa de Cultura (1841) – patrimônio tombado e de extrema importância para a história local -, como também sua fachada e entorno, compondo um projeto inaugural de arte contemporânea para a cidade.

 

“Expor aqui é fundamental para mostrar minhas obras aos moradores e visitantes da cidade que escolhi para viver. Digo isso com muita felicidade de participar desta mostra de arte contemporânea que apresenta um pouco do nosso trabalho”, comentou o artista Jarbas Lopes, morador de São José do Imbassai.

 

A artista visual Lina Ponzi, que veio de Niterói para apreciar a exposição, parabenizou os responsáveis pela bela iniciativa. “Aqui temos artistas conhecidos mundialmente e podemos visitar com entrada franca. A arte é magnífica e ser mostrada à população por dois meses é maravilhoso! Esta mostra está fantástica!”, comentou.

 

Sobre os artistas

 

Bill Lundberg – Albany, EUA, 1942

 

Um pioneiro no campo da performance, filme e vídeo instalação, Lundberg se envolveu em investigações estéticas que antecedem as de seus contemporâneos mais notáveis, incluindo Gary Hill, Bill Viola e Tony Oursler. Por mais de 40 anos, Lundberg integrou as qualidades formais da pintura, performance e filme para falar sobre a condição humana.

 

Edmilson Nunes – Campos dos Goytacazes, 1964

 

Estudou Arquitetura e Urbanismo na UFRJ, onde teve seu primeiro contato com arte, conhecendo Celeida Tostes e Lygia Pape, entre 1985 e 1990. Em 1992, estudou no núcleo de aprofundamento da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 1993, fez sua primeira individual na Galeria Anna Maria Niemeyer. Em 2007, abriu outra mostra individual no Paço Imperial RJ. Desde 2002, faz a direção artística da escola de samba mirim “Pimpolhos da Grande Rio”. Foi professor nas oficinas do Museu do Ingá, de 2003 a 2008. Em 2013, foi convidado para ocupar a varanda do MAC Niterói com a exposição “A Felicidade às vezes mora aqui”, que reuniu importantes artistas, parte de sua trajetória como professor de novas gerações.

 

Jarbas Lopes – Nova Iguaçu, 1964

 

Concluiu seus estudos sobre escultura em 1992, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio Janeiro. A sua produção reúne esculturas, desenhos, instalações e performances. Também desenvolve projetos conceituais que operam à margem da lógica capitalista, valorizando o pensamento artesanal e a participação do espectador. Na série “A paisano”, por exemplo, ele recupera a prática popular do trançado para construir com tramas multicoloridas imagens que situam-se entre a pintura e a escultura.

 

Marcos Cardoso – Paraty, 1960

 

Formado pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 1992, frequentou a Oficina de Gravura do Ingá, de 1988 a 1990, e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, em 1991. Foi aluno e amigo de Lygia Pape, que fez o seguinte relato do artista: “Marcos Cardoso metamorfozeou-se pelo mito do Carnaval e suas máquinas: reciclou pó e pano em palácios e castelos, faz-de-conta sem fim, hoje pura linguagem nobre, mergulhada no sensível, no sonho do alquimista que engendra transtornados objetos arfantes”.

 

Regina Vater – Rio de Janeiro, 1943

 

Em pesquisa que abrange as relações entre sociedade, natureza e tecnologia, Regina Vater desenvolve, ao longo das últimas quatro décadas, um corpo de trabalho complexo e sofisticado que contribui de maneira expressiva para o debate sobre a emergência de uma ecologia midiática nos âmbitos da arte e da vida contemporânea. A natureza poética, ativista e ecológica de sua obra foi sempre tecida em impulsos transmidiáticos, em que a linguagem de cada trabalho se apresenta como mais um desdobramento de seus interesses.

 

 

Modernidades Emancipadas

06/jul

 

 

Com oitenta obras de 34 artistas brasileiros ou radicados no Brasil, a exposição “Modernidades Emancipadas”, com curadoria de Marcos Lontra da Costa e Rafael Peixoto, que a Danielian Galeria, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, abre no dia 07 de julho, traça um grande panorama do Modernismo, com obras raras do século 19, de grandes nomes, junto com trabalhos emblemáticos que ficaram à margem da história oficial da arte.

 

Estão presentes obras de artistas negros e mestiços do século 19, como Arthur Thimoteo da Costa (1882-1922) e Estevão Silva (1844-1891), e do século 20, como Ismael Nery (1900-1934), Heitor dos Prazeres (1898-1966), Chico da Silva (1910-1985) e Mestre Vitalino (1909-1963).

 

A exposição se articula em quatro eixos centrais: “A paisagem como transformação”; “O ser moderno – uma estética identitária”; “Modernidade em construção” e “Territórios de Re-existência”, e textos na parede dão o contexto socioeconômico e político daquele núcleo. Ao final, há um núcleo documental com capas de discos em vinil, fotografias, revistas e jornais, que destacam personalidades negras ou mestiças, de várias áreas, que construíram diferentes modos de sobreviver nesse ambiente moderno.

 

Os artistas que estão em “Modernidades Emancipadas” são: Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), Alvim Correia (1876-1910), Candido Portinari (1903-1962), Carlos Bippus (18? – 19?), Chico da Silva (1910-1985), Cícero Dias (1907-2003), Eliseu Visconti (1866-1944), Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976), Estevão Silva (1844-1891), Eugenio de Proença Sigaud (1899-1979), Georg Grimm (1846-1887), Georgina de Albuquerque (1885-1962), Giovanni Battista Felice Castagneto (1851-1900), Gustavo Dall’ara (1865-1923), Heitor dos Prazeres (1898-1966), Henrique Bernardelli (1858-1936), Iracema Orosco Freire (séc 10-séc 20), Ismael Nery (1900-1934), J. Carlos (1884-1950), Jose Ferraz de Almeida Jr. (1850-1899), Lasar Segall (1889-1957), Estúdio fotográfico LTM, Manoel Santiago (1897-1987), Manuel Teixeira da Rocha (1863-1941), Mestre Vitalino (1909-1963), Oscar Pereira da Silva (1867-1939), Pedro Peres (1850-1923), Pedro Weingartner (1853-1929), Presciliano Silva (1883-1965), Rodolfo Amoedo (1857-1941), Rodolfo Bernardelli (1852-1931), Tarsila do Amaral (1886-1973), Vicente do Rego Monteiro (1899-1970) e Victor Brecheret (1894-1955).

 

Até 13 de agosto.

 

A Gentil Carioca informa

 

 

A equipe d’A Gentil Carioca entrará de férias coletivas a partir do dia 09 de julho de 2022. Retornaremos às atividades no dia 25 de julho, renovados e cheios de energia.

As exposições “Livro de Quartzo”, individual de Rodrigo Torres, Centro, no Rio de Janeiro, e “A Trama da Terra que Treme”, coletiva com curadoria de Victor Gorgulho, Higienópolis, em São Paulo, seguem abertas à visitação nesse período.

Para mais informações, acesse o nosso site.

Até breve!

Equipe Gentil

 

Ascânio MMM no MON

04/jul

 

 

A partir de 07 de julho, “Grid”, é a exposição em cartaz na Sala 01 do MON, Museu Oscar Niemayer, Curitiba, PR, sob curadoria assinada por Felipe Scovino, que apresenta os últimos 25 anos de trabalho de Ascânio MMM (1941-) e sua relação particular com a grade, signo marcante para artistas, como Ascânio, que ajudaram a repensar as bases do pensamento abstrato-geométrico no Brasil. A grade ou grid, com a grafia em língua inglesa mesmo, como muitas vezes é pronunciada no vocabulário das artes, representa também o diálogo que mantém, desde o início da sua trajetória nos anos 1960, com a escultura e a arquitetura.

 

A forma como essas obras mantém um balanço entre o material, invariavelmente o metal, e a sua capacidade orgânica é um ponto nodal da exposição. Percebe-se que há um convite ao toque que elabora uma circunstância de pele mesmo a essas formas industriais.

 

As obras oscilam entre um estado de equilíbrio e ordem, de um lado, e instabilidade e organicidade, por outro. São arquiteturas que exploram a memória e a afetividade de um espaço da cidade. Revelam simultaneamente tramas e cobogós, levando a nossa imaginação para tempos e lugares distintos, e revivendo em nossas memórias, formas que fazem parte da nossa própria história.

 

O grid também é um propositor de lugares. A figura de uma malha vazada faz com que o olhar “fure” o volume, promovendo não só um diálogo incessante entre arte e arquitetura, mas também nos movendo para outras culturas, como a associação que realiza com as tradições mouras e o legado que o muxarabi trouxe para a contemporaneidade.

 

Nesse emaranhado de estruturas metálicas, o grid se torna uma estrutura ilusória, mole e participativa, provocando sensibilidades e afetos àquilo que costumeiramente é identificado como da ordem da construção objetiva.

 

Sobre o Artista

 

Nasceu em Fão, Portugal, em 1941, vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 1959. Sua formação inclui passagem pela Escola Nacional de Belas Artes entre 1963 e 1964, e pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ), entre 1965 e 1969, onde se graduou. Atuou como arquiteto até 1976. Começou a desenvolver seu trabalho artístico a partir de 1966 ainda na FAU e posteriormente em paralelo com a prática de arquiteto. Neste mesmo ano, exibiu pela primeira vez seus trabalhos ao público, no I Salão de Abril no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. São deste período as caixas, cubos de madeira sobre as quais o espectador pode movimentar quadrados de diferentes tamanhos, formando desenhos variados. A relação entre escultura, arquitetura, matemática e filosofia fixou-se como questão central do seu trabalho durante toda a década de 1970. Neste período, a partir de módulos de ripas de madeira pintadas de branco e um eixo, desenvolveu progressões em torções verticais e horizontais, explorando a questão da luz e sombra. Na década de 1980, com os relevos e esculturas Fitangulares, interessou-se pela madeira crua, passando a explorar as cores naturais da madeira de diferentes espécies (cedro, mogno, pau marfim, ipê, freijó, etc). Já no final dos anos 1980 surgiram as primeiras Piramidais de madeira. Nos anos 1990, a questão das grandes dimensões e o espaço público tornaram-se uma preocupação central para Ascânio e as pesquisas com perfis de alumínio se intensificaram. O alumínio tornou-se então a base para a criação de novos trabalhos, sempre utilizando o módulo. As esculturas desta fase caracterizam-se pelos tubos retangulares de alumínio cortados, que geram esculturas de grandes dimensões com vazios internos e sucessões de transparências e opacidades, tornando-as quase imateriais conforme a posição do espectador. Nos anos 2000, desenvolve os Flexos e Qualas. Nos primeiros, os parafusos que eram usados nas Piramidais foram substituídos por arames de aço inoxidável amarrando os tubos quadrados cortados com um centímetro, e gerando tramas flexíveis. Nos Qualas, a amarração de arame foi substituída por argolas, resultando em uma trama “que se atravessa pelo olhar, pela luz e pelo vento”. Na década 2010, com os Quasos, mantém seu interesse pelas possibilidades do alumínio, e passa a inverter a lógica convencional do uso dos parafusos de tamanhos variados. Estes trabalhos oferecem torções e flexões resultantes da desconstrução da malha geométrica construída, introduzindo a questão da imprevisibilidade nos seus trabalhos. A cor voltou a ser usada mas de forma sutil. A produção artística de Ascânio foi objeto de estudo e análise crítica por Paulo Herkenhoff no livro Ascânio MMM: Poética da Razão (BE? Editora, 2012). Em 2005 foi publicado o livro Ascânio MMM (Editora Andrea Jakobsson, 2005), com textos de Paulo Sergio Duarte, Lauro Cavalcanti, Fernando Cocchiarale e Marcio Doctors.

 

 

MON exibe Juarez Machado

 

 

A exposição comemorativa “Juarez Machado – Volta ao Mundo em 80 Anos”, na sala 3 do Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, PR, apresenta até 18 de setembro a obra de um dos mais representativos e importantes artistas brasileiros. O multiartista catarinense Juarez Machado tem sua história ligada a Curitiba, para onde se mudou no início dos anos 1960 para estudar na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Ele completou 80 anos em 2021. A exposição reúne 166 obras em diversos suportes: pintura, desenhos, fotos, escultura e instalação. A coletânea abrange desde o início da carreira do pintor na capital paranaense até sua fase internacional com a mudança para Paris, em 1986 – passando pelos períodos no Rio de Janeiro, onde se destacou também como ilustrador, cenógrafo para televisão e teatro, figurinista, escultor e cartunista, entre outros ofícios criativos. A curadoria é de Edson Busch Machado.

 

“Lúdica e poética como tudo o que Juarez Machado produz, a mostra percorre com interatividade diferentes décadas, estilos, localidades, materiais, técnicas, mídias e vertentes artísticas”, afirma a diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer (MON), Juliana Vosnika. “Artista com obra no acervo, ele escreve agora o seu nome definitivamente na história do MON, num importante momento em que completa 20 anos e se consolida entre os principais museus da América Latina”, comenta.

 

Curitiba

 

A exposição inclui trabalhos que remetem ao início da carreira do artista em Curitiba. “Seu despertar como artista teve início em Joinville. Mas foi em Curitiba que ele fundamentou esse trabalho antes de seguir pelo mundo”, diz Edson Busch Machado, que é também irmão do artista.

 

A mostra conta, por exemplo, com desenhos feitos com graxa para sapato na Rua XV de Novembro, no início dos anos 1960, quando Juarez nem sequer tinha recursos para comprar tintas. “O público de Curitiba irá se identificar com o Juarez que viveu em Curitiba de 1961 a 1964, quando também fez grandes amizades com nomes como Fernando Velloso, João Osorio Brzezinski, Fernando Calderari e Domício Pedroso”, lembra o curador.

 

Ateliês

 

O nome da exposição – uma referência ao clássico de Júlio Verne “A Volta ao Mundo em 80 Dias” – traduz, em parte, o movimento constante de Juarez Machado, que nasceu em Joinville (SC), em 1941, e hoje se divide entre seus ateliês nas capitais fluminense e francesa depois de correr o mundo. A mostra inclui obras produzidas em diferentes locais – sobretudo em ateliês em Paris, mas também em locais temporários para o artista, como Veneza e Saint Paul de Vence, na França. “Cada ateliê é representado com cores, códigos e uma linha pictórica diferente, que a exposição reúne muito didaticamente”, explica Busch Machado.

 

Influência

 

A obra de Juarez Machado tornou-se patrimônio mundial, colecionando prêmios de arte nacionais e internacionais. Suas criações, ricas em ousadia, complexidade e humor, influenciaram gerações de artistas no Brasil e no exterior. Entre os artistas influenciados por Juarez Machado está o diretor francês de cinema Jean-Pierre Jeunet, que se inspirou no inconfundível universo de cores do pintor para criar o visual do famoso filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (2001). O diretor conheceu o artista no início dos anos 2000, comprou quadros e estudou seu estilo.  “É possível relacionar a temática, as paletas de cores e diversas nuances do filme com todas as pinturas da exposição, pois Jeunet se inspirou diretamente nas obras do artista”, explica o curador. “O público conseguirá identificar cores como o verde veronese e o vermelho terral que são vistos em “Amélie”, explica Busch Machado.

 

Mímica

 

No Brasil, o artista multimídia também deixou sua marca em referências da cultura popular como o semanário impresso “O Pasquim” e a TV Globo, onde criou quadros humorísticos e musicais, além de assinar a criação de cenários e figurinos. Muitos ainda se lembram dos vídeos de mímica que Juarez Machado criou e estrelou para o programa “Fantástico” nos anos 1970. A exposição fará referência a este famoso personagem nacional com a exibição de alguns desses vídeos em dois monitores. “É realmente uma figura significativa para muita gente que começou a conhecer Juarez a partir deste quadro do Fantástico”, lembra o curador.

 

Ilustração

 

Também tiveram a assinatura de Juarez Machado capas de livros e discos e projetos de design e arquitetura ao lado de nomes como Sergio Rodrigues e o próprio Oscar Niemeyer. Algumas das mais de 200 capas de discos e livros criadas pelo artista poderão ser vistas na vitrine de artes gráficas da mostra, que ajudará a compor a retrospectiva da vida e obra de Juarez, juntamente com um painel de fotografias e informações biográficas.

 

Escultura

 

Entre os destaques da exposição estão dezenas de esculturas, suporte com o qual Juarez Machado se destacou logo no início da carreira. Há obras em bronze, metal e gesso, além da conhecida instalação criada com estátuas de Branca de Neve e os Sete Anões. Também estará presente a famosa bicicleta com rodas quadradas que inspirou o logotipo do Instituto Juarez Machado.

 

Instituto

 

Mais recente empreendimento de Juarez Machado em Joinville, o instituto que leva seu nome foi fundado pelo artista em 2014, com a ideia de estimular a arte na cidade catarinense. A instituição, sediada em uma antiga casa da família construída em meados da década de 1930, desenvolve pesquisas, resgate e promoção de obras de Juarez e de outros artistas locais. O instituto vem desenvolvendo mostras paralelas a partir da aprofundada pesquisa sobre a trajetória de Juarez Machado para a exposição aberta agora no Museu Oscar Niemeyer.

 

Bicicleta

 

Segundo o curador da exposição, Edson Busch Machado, a ideia é que o público percorra a mostra como se estivesse fazendo um passeio de bicicleta – um dos ícones do universo pictórico de Juarez. Esse é o tema da projeção de vídeo que encerra a exposição. “Juarez mescla a bicicleta, um elemento da infância em sua cidade natal, com a descoberta da figura humana, seja no estudo da anatomia no Belas Artes ou das belas mulheres que ele tão bem retrata em suas pinturas. E, a partir desses dois elementos, a curadoria parte para suas demais obras”, explica. “É uma viagem de bicicleta que percorre esses 80 anos e relembra todos esses elementos – os ateliês, as paisagens, as mulheres”, explica Busch.

 

Educativo

 

Ao longo do período expositivo, estão previstas seis oficinas para escolas públicas de Curitiba. Também haverá duas visitas guiadas realizadas pelo curador da exposição para o público visitante, com tradução em libras, às 11h e às 15h do dia 24 de agosto. Um tour virtual da mostra com audiodescrição também será disponibilizado online.

 

A exposição “Juarez Machado – Volta ao Mundo em 80 Anos” foi concebida pelo Instituto Juarez Machado e fica em cartaz até 18 de setembro. A mostra é uma realização da Secretaria Especial da Cultura (Ministério do Turismo) e do MON e tem patrocínio da Vonder.

 

Até 18 de setembro.