O Carnaval no IBEU

17/nov

Carlos Vergara, um dos expoentes da história da arte brasileira, é o convidado para celebrar a retomada das atividades da Galeria de Arte IBEU, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. O artista inaugurou a exposição individual “Devassos no Paraíso”, com curadoria de Ulisses Carrilho. Na exposição, o público conhecerá uma série de fotografias produzidas durante a década de 1970, além de pinturas e monotipias recentes relacionadas ao tema do Carnaval do Rio de Janeiro.

A mostra permanecerá em cartaz até 09 de fevereiro de 2024.

A dinâmica vital de Janaina Tschäpe

16/nov

As estrelas de Janaina Tschäpe conversando em voz alta é a exposição que encerra a programação de 2023 na Fundação Iberê Camargo, Porto Allegre, RS. Com curadoria de Luisa Duarte, esta será a primeira exposição da artista teuto-brasileira na capital gaúcha e poderá ser visitada de 25 de novembro a 18 de fevereiro de 2024.

Em “Janaina Tschäpe – Estrelas conversando em voz alta”, a mostra apresenta 39 obras da artista, radicada em Nova York há 27 anos, entre pinturas, aquarelas e desenhos, além de fotografias e livros de artista.

“Estrelas conversando em voz alta” é o resultado deste processo, que habita um território maleável entre realidade e fabulação. Exuberantes e impactantes, as pinturas têm um aspecto líquido e translúcido que recorda contornos vegetais, animais ou minerais em paisagens silvestres e subaquáticas. O repertório de formas orgânicas da artista se compõe em grandes superfícies animadas pelo movimento dos seus gestos: os riscos velozes que traça com bastões a óleo sobrepõem-se à fluidez de pinceladas mais largas. A natureza não é retratada fielmente na obra de Janaina Tschäpe, mas tem sua dinâmica vital traduzida em termos pictóricos, em grandes superfícies que envolvem o público numa ambiência inquieta.

Como escreve a curadora Luisa Duarte para o catálogo, “a intensidade dos gestos da artista, que levam o olhar a percorrer velozmente toda a superfície da tela, parece remeter a um silêncio grávido de palavras, pois envolto em uma inquietude tangível, como se a densidade própria de toda floresta doasse um ethos grave à cena. Na mão contrária se encontra o trabalho que dá nome à exposição, Estrelas conversando em voz alta, realizado especialmente para a ocasião da atual mostra na Fundação Iberê, que, com seus verdes, vermelhos e laranjas, nos fazem imaginar uma noite na qual o sol se fez presente”.

“Ao nos determos nos trabalhos que fazem parte dessa produção aqui reunidos nota-se, de maneira evidente, como a técnica serve à sua poética, e não o inverso. Aqui, o olhar é lançado para diferentes direções transitando entre opacidade, brilho e transparência. Se ao fundo, por vezes, a caseína aquosa ainda se faz presente, doando translucidez, no primeiro plano o óleo sempre tem protagonismo. O uso de bastões possibilita uma simultaneidade entre pintura e desenho, conferindo um gestual de cunho caligráfico às obras. Certa vez escrevi que os traços da artista no interior de suas pinturas “remetem à escrita automática dadaísta, ou mesmo ao gesto da criança de rabiscar sem finalidade precisa.”  Mais recentemente, foi dito sobre estas telas que estamos “diante de uma escrita repleta de rabiscos-arranhões entre o signo e o traço mudo, entre a iminência de uma forma significante e a pura expressão gestual”, complementa a curadora.    

Sobre a artista

Janaina Tschäpe é uma artista do mundo. Nasceu em Munique, filha de pai alemão e mãe brasileira. Quando tinha um ano de idade, sua família mudou-se para o Brasil, onde morou no Rio e em São Paulo. Aos onze, todos retornaram à Europa, onde Janaina Tschäpe permaneceu até os 16 anos. Pouco tempo depois, ela fez as malas de volta para o Brasil, desta vez para Curitiba, onde cursou o então colegial. Retornou à Alemanha para graduar-se na Academia de Arte em Hamburgo. Recém-formada, mudou-se para Berlim a fim de fazer alguns cursos e, aos 21 anos, aterrissou no Brasil pela terceira vez para estudar a cultura afro na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Em 1996, Janaina Tschäpe rumou para Nova York para um mestrado na School of Visual Arts (SVA), mas agora seria definitivo. Seu primeiro bairro foi o East Village, o epicentro da arte vanguardista. Em 2000, mudou-se para o Brooklyn, mesmo prédio onde instalou seu ateliê. Ficar junto do estúdio deu mais liberdade à artista e o tempo ganho foi uma virada de chave. A pintura se desenvolveu em termos de materiais, tecnicamente falando, na qual ela passou a utilizar novos materiais (BC1), como bastões de óleo e caseína, uma tinta que lhe deu espaço para desenhar em cima com lápis aquarela.

“Quando estive em Paris para instalar uma exposição, comprei uma mala inteira de bastões a óleo e comecei a experimentar. Como o bastão é grosso, você pode tanto desenhar como pintar. Então o desenho vai entrando na pintura de uma maneira muito mais suave e transparente”, conta Tschäpe. Com o óleo, você cria uma relação com as camadas, a textura, o tempo de secagem. Por outro lado, é um material que tenta te controlar, você entra em cada pintura meio sem saber como vai sair”, diz. Representada pela Fortes D’Aloia & Gabriel, Janaina Tschäpe realizou recentemente as exposições individuais “Soy mi proprio paisaje”, CAC Málaga, Málaga, Espanha (2023); “Restless Moraine”, Sean Kelly, Nova York, Estados Unidos (2023); “FIRE just sparkles in the sky”, Carpintaria, Rio de Janeiro, Brasil (2022); “Counterpoint#5″ – (exposição solo), L’Orangerie, Paris, Franca (2021); e “Janaina Tschäpe and Ursula Reuter Christiansen: Das Unheimliche”, Den Frie Center of Contemporary Art, Copenhagen, Dinamarca (2021). Participou também das coletivas “The Big Picture”, Night Gallery, Los Angeles, Estados Unidos (2023); “Earth Works, Hunt Gallery”, Webster University, Luxembourg City, Luxemburgo (2021) e “Abundant Futures”, TBA21, Córdoba, Espanha (2021). A artista tem trabalhos em importantes coleções públicas, incluindo 21st Century Museum of Contemporary of Art, Kanazawa, Japão; Banco Espírito Santo, Lisboa, Portugal; Centre Pompidou, Paris, França; Clifford Chance Collection, Nova York, Estados Unidos; Fondation Antoine de Galbert, Paris, França; Fondation Belgacom, Bruxelas, Bélgica; FRAC Champagne-Ardennes, Reims, França; Harvard Art Museum, Boston, Estados Unidos; Instituto Inhotim, Brumadinho, Brasil; Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Kandinsky Library Collection, Centre Pompidou, Paris, França; Moderna Museet, Estocolmo, Suécia; Mudam Musée d’Art Moderne Grand Duc Jean, Luxemburgo; MAM – Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador, Brasil; Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, Espanha; National Gallery of Art: Washington DC, Estados Unidos; Polk Museum of Art, Lakeland, Estados Unidos; SMAK – Stedelijk Museum voor Actuele Kunst, Gent, Bélgica; The Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York, Estados Unidos; Tokyo Roki Co. Ltd, Tóquio, Japão e TBA21 – Thyssen-Bornemisza Art Contemporary, Viena, Áustria.

A Fundação Iberê tem o patrocínio do Grupo Gerdau, Itaú, Grupo Savar, Renner Coatings, Grupo GPS, Grupo IESA, CMPC, Savarauto Perto, Ventos do Sul, DLL Group, Lojas Pompéia e DLL Financial Solutions Partner; apoio da Renner, Dell Technologies, Pontal Shopping, Laghetto Hotéis, Coasa Auditoria, Syscom e Isend, e realização do Ministério da Cultura/ Governo Federal.   

A Geometria em Rubem Valentim

09/nov

A Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “Rubem Valentim – Sagrada Geometria”, exposição com curadoria de Max Perlingeiro, e consultoria de Bené Fonteles, artista plástico, poeta e amigo mais próximo de Rubem Valentim, e que o acompanhou por duas décadas, até sua morte.

A exposição celebra este extraordinário artista que fez do sagrado sua vida e obra. São 75 obras, em pinturas e desenhos, e ainda seus “objetos”, com pintura sobre madeira, e um ensaio fotográfico de Christian Cravo, dedicado ao celebrado conjunto com 20 esculturas e 10 relevos brancos chamado “Templo de Oxalá”. Este conjunto, feito por Rubem Valentim em 1974, e pertencente ao Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, é um dos destaques da 35ª Bienal de São Paulo.

Será exibido, em looping, o vídeo “Rubem Valentim (1922-1991) – Sagrada Geometria”, feito especialmente para a ocasião, com 28’15 de duração, Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, é um dos destaques da 35ª Bienal de São Paulo.

Até 16 de dezembro.

Ana Durães – Diálogos da Paisagem

07/nov

Completando 40 anos de carreira, artista apresenta pinturas e gravuras inéditas na Casa de Petrópolis, na serra fluminense, onde mantém ateliê. Quem conhece a artista Ana Durães sabe que a delicadeza rege sua vida e sua arte intrinsicamente, assim como sua conexão com a natureza. Isso está perceptível, pulsando, na exposição “Ana Durães – Diálogos da Paisagem”, que abre para visitação a partir do dia 11 de novembro, na lendária Casa de Petrópolis, sob curadoria de Monica Xexéo. A individual que permanecerá em cartaz até 25 de fevereiro de 2024, é realizada pela Galeria Patricia Costa, que a representa, e reúne trabalhos desenvolvidos nos últimos três anos em seu ateliê no Vale das Videiras, cidade serrana fluminense, a partir do jardim projetado pelo botânico e paisagista francês Auguste François Marie Glaziou (Lannion, França, 1828-Bordeaux, França, 1906), para a residência do empresário José Tavares Guerra (1861-1907), bisavô de Luiz Aquila, um dos herdeiros do icônico casarão do século XIX. Atualmente, abriga a Casa de Petrópolis – Instituto de Cultura, reconhecida por seus inovadores projetos de inclusão e acessibilidade da arte contemporânea brasileira. Com esta exposição, Luiz Aquila encerra sua gestão “com chave de ouro”, como ele mesmo frisa, no espaço cultural. No ano que vem, em fevereiro, está programada uma roda de conversa finalizando esta etapa.

“A obra de Ana Durães é um dos mais belos exemplos contemporâneos da pintura de paisagem, gênero cultivado ao longo da história da arte por artistas brasileiros e estrangeiros. Com sólida e erudita formação, retrata com escrita própria, em muitos dos seus trabalhos, as suas investigações de botânica e sua preocupação com a preservação da natureza”, afirma a curadora Monica Xexéo.

A coloração das sapucaias com suas variações do bordô ao rosa, misturadas ao verde, impressionou Ana Durães ao chegar um dia na cidade. Estarão expostas obras inéditas em tinta a óleo de grandes formatos, além de outras impressas em fine art  em papel de bambu e hemp – resultado, segundo ela, de uma pesquisa em que fotografa a natureza reproduzindo como uma “paisagem inventada” de sua janela no período em que permaneceu reclusa na serra.  “Desde que o Aquila me convidou para fazer essa exposição fiquei muito feliz e honrada; Petrópolis tem uma representação muito importante na minha vida, principalmente nos últimos tempos. A ideia do ateliê no Vale das Videiras, que mantenho há mais de 10 anos, foi justamente a de ter um lugar onde eu pudesse pintar dentro da paisagem”. Fui muito bem acolhida pela cidade e posso dizer que a delicadeza das pessoas do lugar foi o fator primordial para mim”, diz Ana Durães. “Se eu puder levar para alguma pessoa um sopro de beleza, um respiro, é o que me proponho a fazer”, resume.

Sobre a artista

Natural de Diamantina, Minas Gerais, Ana Durães iniciou a sua formação artística na tradicional Escola Guignard, em Belo Horizonte, criada em 1943 e, hoje, vinculada a Universidade do Estado de Minas Gerais. Na década de 1980, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, onde cursou a Escola de Belas Artes, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Hoje, a artista se divide entre Petrópolis e Lisboa, onde mantém outra residência e contatos profissionais e afetivos.

Mostra individual de Vera Chaves Barcellos

06/nov

A Superfície, Jardins, São Paulo, SP, apresenta “Película”, exibição individual da artista Vera Chaves Barcellos. Através de uma seleção de doze trabalhos, a mostra traça um panorama de sua carreira artística, reunindo obras conhecidas e outras menos vistas pelo público. Com texto de Veronica Stigger, o título faz referência à série “De Película”, que discute metonimicamente fotografia e cinema, em conversa franca com a arte conceitual.

Película também diz respeito à pele: película é uma camada de pele muito fina, mas também é uma pele pequena, apontando para o corpo, tão central na obra de Vera Chaves Barcellos. Película é ainda a camada por meio da qual a artista faz com o que o corpo (a pele) não seja percebida em sua totalidade. Há sempre um véu que encobre a imagem, como em L’Intervallo Perduto (Homenagem a Gillo Dorfles) (1977-1995); ou esta é desfocada, como em A filha de Godiva (1994); ou se confunde com seu reflexo no vidro, como em Manequins de Dusseldorf (1978). Quando não há esse véu, há outro expediente que faz com que o corpo não seja visto por completo: o retrato tirado das costas (e não do rosto), como em Retratos (1992-93); ou, outro exemplo, o corpo visto em fragmentos, como na série Epidermic Scapes (1977).

A exposição ocupa os dois andares da galeria e traz, principalmente, a produção fotográfica da artista, seja na forma de engajamento político ou com o desenvolvimento de uma ideia experimental. Flertando constantemente com a arte conceitual, “Película” é um recorte curatorial da produção da artista, em que obras centrais de sua carreira se reunem às que não foram devidamente apreciadas pelo público. A mostra tem abertura prevista para o dia 11 de novembro e permanecerá em cartaz até o dia 03 de fevereiro de 2024.

Viagens pela Amazônia

01/nov

A Amazônia na visão de Hiromi Nagakura e Ailton Krenak é o cartaz em exposição no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP. A exposição “Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak”, mostra os registros gerados durante as viagens que o fotojornalista japonês fez com o filósofo indígena nos anos 1990 em algumas das principais terras indígenas do Brasil.

Eliza Otsuka, produtora e intérprete que acompanhou os dois, conta que Nagakura conheceu povos como os Krikati, no Maranhão, Xavante, no Mato Grosso, e Ashaninka, no Acre, cujos “momentos de intimidade e contentamento” aparecem agora nas 110 imagens da exposição que há na mostra de Nagakura e Krenak e qual a história da amizade dos dois e dos povos que os receberam na Amazônia.

A exposição

A mostra do Instituto Tomie Ohtake divide em três salas os registros feitos por Nagakura quando viajou com Krenak entre 1993 e 1998. Duas vezes por ano, o fotojornalista acompanhou o filósofo indígena em visitas a territórios no Acre, Amazonas, Mato Grosso, Roraima e Maranhão, onde conviveu com povos como Ashaninka, Xavante, Krikati, Yawanawá e Yanomami. Imagens do cotidiano, de rituais e da intimidade dos povos indígenas estão entre os destaques da exposição. Krenak, curador da mostra, descreve no texto que a apresenta que andou com o fotojornalista por dezenas de aldeias onde “a vida continua vibrante como nos primórdios da criação” e os seres humanos “brincam na chuva como crianças felizes com a vida”.

A história dessa aproximação foi contada em 1998 no livro de Nagakura “Assim como os rios, assim como os pássaros: uma viagem com o filósofo da floresta, Ailton Krenak”, que o indígena considera uma biografia. Outras obras e documentários para a emissora japonesa NHK foram produzidos, com audiência relevante no país asiático. Essa é a primeira vez que uma mostra sobre o projeto é feita no Brasil.

Fonte: ponto.futuro

Artista francesa no Brasil

Exposição retrospectiva da carreira da artista francesa ORLAN ocorre no SESC, Paulista, São Paulo, SP. O projeto traça um panorama dos quase sessenta anos de atuação da artista e apresenta um conjunto de obras ilustrativas de sua trajetória, privilegiando obras fotográficas, vídeos e esculturas. Mireille Suzanne Francette Porte, conhecida como Orlan (Saint-Étienne, 30 de maio de 1947), é uma artista francesa. Ela usa o corpo como suporte para suas artes.

Com curadoria de Alain Quemin e Ana Paula C. Simioni a exposição pretende dar a conhecer ao público de São Paulo o considerável e tão variado trabalho artístico de ORLAN, revisitando suas principais criações e mostrando como essas derivam, em grande parte, de obras seminais que ela fez ainda muito jovem, até as mais atuais. Trata-se ainda de mostrar como a criação, tanto de si mesma quanto de suas obras, e o processo de empoderamento, estão intimamente ligados.

ORLAN tem estado continuamente presente no cenário internacional da arte contemporânea, produzindo um conjunto de obras considerável. Quer seja por sua contribuição para a arte feminista, arte corporal, arte relacionada às tecnologias vivas ou para arte relacionada às novas tecnologias, deve-se notar que ORLAN é, sem dúvida, uma das artistas francesas mais reconhecidas internacionalmente. Há três anos, ORLAN é representada por uma nova galeria internacional, a Ceysson & Bénétière Gallery, que, em muito pouco tempo, já dedicou duas exposições em Paris, além de uma em Nova York, trazendo à tona todo o significado histórico de seu trabalho. Em 2021, ORLAN obteve a mais alta distinção atribuída pelo Estado francês, a Legião de Honra (Legion d´Honneur), pelo conjunto de sua obra, e, nesse mesmo ano, publicou a sua autobiografia pela Editora Gallimard.

Até 28 de janeiro de 2024.

Neste sábado

26/out

A conversa com a curadora e artistas na exposição “O que há de música em você”, na Galeria Athena, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, será neste sábado, 28 de outubro, às 19h, entre a curadora Fernanda Lopes e os artistas Andro Silva, Atelier Sanitário (Daniel Murgel e Leandro Barboza), Hugo Houayek, Natália Quinderé (Seis gentes dançam no museu) e Rafael Alonso, como parte da exposição “O que há de música em você”, que, devido ao sucesso, acaba de ser prorrogada até o dia 02 de dezembro. A conversa será gratuita e aberta ao público.

A mostra “O que há de música em você” apresenta edições únicas de icônicas obras de Hélio Oiticica, produzidas em 1986. Elas participaram da primeira exposição póstuma de Hélio Oiticica (1937-1980), organizada pelo Projeto HO, na época coordenado por Lygia Pape, Luciano Figueiredo e Wally Salomão, que se chamava “O q faço é música” e foi realizada na Galeria de Arte São Paulo. Desde então, essas obras permaneceram em uma coleção particular, e agora voltam a público, depois de 37 anos, sendo o ponto de partida para a exposição “O que há de música em você”.

A exposição apresenta um diálogo com fotografias, vídeos, objetos e performances de outros 20 artistas, entre modernos e contemporâneos, como Alair Gomes, Alexander Calder, Aluísio Carvão, Andro de Silva, Atelier Sanitário, Ayla Tavares, Celeida Tostes, Ernesto Neto, Felipe Abdala, Felippe Moraes, Flavio de Carvalho, Frederico Filippi, Gustavo Prado, Hélio Oiticica, Hugo Houayek, Leda Catunda, Manuel Messias, Marcelo Cidade, Rafael Alonso, Raquel Versieux, Sonia Andrade, Tunga e Vanderlei Lopes. Na fachada da galeria está a grande obra “Chuá!!!”, de Hugo Houayek, feita em lona azul, simulando uma queda d´água.

Imagens fotográficas

18/out

Ed Beltrão lança o calendário “Bahia, ensaio sutil” com doze fotografias autorais selecionadas pelo curador Eder Chiodetto onde, com sensibilidade e técnica apuradas, procura transmitir tanto a consistência cultural da região como nuances de sua rica história. O evento está agendado para o dia 19 de outubro, quinta-feira, na Livraria da Travessa do Shopping Iguatemi, São Paulo, SP, às 19h.

A busca da sutileza, da delicadeza e suavidade no que se refere à Bahia, exige de um fotógrafo um extremo foco e dedicação já que o tema é facilmente associado à alegria, emoção e cenas de impacto. Restringir-se a apenas poucas imagens de uma quantidade imensa de registros com o intuito de oferecer uma experiência visual excepcional fez com que o curador/editor atuasse com extrema atenção para realçar a narrativa por trás de cada uma das imagens. Pelo viés do fotógrafo, “(…) tive que esculpir um corpo amplo de trabalho para deixá-lo bem delgado e ainda assim animador, alegre e arrojado sem ser óbvio e lugar-comum”, diz Ed Beltrão. Exige um olhar para situações incomuns e que denotam centésimos de segundos em cada imagem.

Nas palavras de Eder Chiodetto, “Bahia, ensaio sutil integra parte da constelação de imagens do acervo de Ed Beltrão da qual esse calendário expõe algumas luminescências. O gesto fotográfico de Ed foi, em boa parte, aprimorado na Bahia, território de afetos que cativou no fotógrafo a cadência necessária para se deixar levar pelo tempo sem tempo da contemplação. Logo, essas imagens ilustrarem os meses de um calendário, que rege o tempo linear dos homens, parece algo paradoxal. Mas não seriam os calendários impressos de parede uma percepção mais detida do tempo em relação a urgência dos aparatos digitais de hoje? Contemplar cada uma dessas doze imagens, mês a mês, pode ter o poder de nos lembrar, na soma dos dias, que a vida é para ser intensamente vivida. Se possível, na Bahia.”

Os calendários, feitos por artistas, sempre foram parte integrante da cultura mundial; uma forma de apresentar a arte fora de museus e galerias. “Bahia, ensaio sutil” tem como inspiração o feito por Pierre Verger que possui um exemplar no museu homônimo sediado na capital baiana. Confluente com as temáticas desenvolvidas por Ed Beltrão que, em seus registros imagéticos exibe pequenos recortes da vida local, se possível, próximo à água, essa seleção contém desde a Via Láctea até as cenas aquáticas no Farol de Itapuã. “Tentei clicar a alegria, o vigor e a esperança que o povo local transmite; seja em um festival ou em uma simples pelada na praia”, comenta o fotógrafo.

“Bahia, ensaio sutil”, de Ed Beltrão, tem tiragem de 350 exemplares e patrocínio de Spinelli Advogados que contribui para tornar este projeto, inovador, uma realidade. “Essas minhas imagens resultaram de breves, porém, profundos mergulhos na magia da alma brasileira e baiana. Fui atraído pelo vigor da natureza, das cores e das belezas que cativam olhos e corações daqueles que se lançam no desafio de eternizar átimos destas paisagens”, diz  Ed Beltrão

Arte Brasileira na Casa Fiat

11/out

Esta é a primeira vez que uma mostra de tamanha robustez é montada em Belo Horizonte, MG, fora do Museu de Arte da Pampulha (MAP) – algumas obras, inclusive, jamais foram vistas que não na icônica construção encravada às margens da Lagoa da Pampulha, pensada originalmente para abrigar um cassino aberto ao público. A exposição “Arte Brasileira” está organizada em seis núcleos inter-relacionados: Conjunto Moderno da Pampulha, Os Modernos, Pampulha Espiralar: Um Lar, Um Altar, Nossos Parentes: Água, Terra, Fogo e Ar, O Menino Que Vê o Presépio e Novos Bustos. Obras de Cândido Portinari, Guignard, Di Cavalcanti, Burle Marx, Mary Vieira, Oswaldo Goeldi, Antônio Poteiro, Yara Tupynambá, Cildo Meireles, Jorge dos Anjos, Vik Muniz, Nydia Negromonte, Froiid, Wilma Martins, José Bento, Eustáquio Neves e Luana Vitra, entre outros, são artistas de diferentes gerações e movimentos que agora se reúnem na exposição “Arte Brasileira: A Coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura”, inaugurada em Belo Horizonte.

No terceiro e extenso andar da Casa Fiat de Cultura, cerca de 200 obras, entre gravuras, pinturas, fotografias, esculturas e cerâmicas, nunca antes expostas em conjunto, fazem um importante passeio pela produção artística brasileira dos séculos XX e XXI, ressaltando os principais deslocamentos da arte contemporânea do país. Ali, estão nomes que contribuíram para elevar não só o pensamento estético, mas também uma criação que lançou olhares inovadores e utópicos sobre o Brasil, a partir de uma elaboração da releitura de uma identidade nacional proposta pelo modernismo.

As obras expostas na Casa Fiat evidenciam, também, a característica vanguardista do MAP, como sublinha o curador do Museu de Arte do Rio (MAR), Marcelo Campos, que assina a curadoria ao lado de Priscila Freire, ex-diretora do museu, inaugurado em 1957: “Na arte brasileira, a palavra vanguarda foi inaugurada no modernismo e acompanha essa coleção do MAP, que sempre se mostrou com muita coragem ao constituir seu múltiplo acervo”.

Priscila Freire, que esteve à frente do MAP durante 14 anos, diz que pode contar um pouco dessa história por meio da exposição. “Indiquei obras que considero interessantes da coleção de um museu que passou pelo moderno, pós-moderno e contemporâneo sendo sempre contemporâneo”, comenta.

Fruto da parceria entre a Casa Fiat de Cultura e prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Fundação Municipal de Cultura, “Arte Brasileira: A Coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura” fica aberta ao público até fevereiro do ano que vem e é parte das celebrações dos 80 anos do Conjunto Moderno da Pampulha, eleito Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.

Para a secretária de Cultura de Belo Horizonte, Eliane Parreiras, “a exposição é um marco para a história do MAP, abre portas para pesquisas futuras e olhares que até então não tinham sido feitos sobre o acervo e a instituiçao”. Por sua vez, o presidente da Casa Fiat, Massimo Cavallo enfatiza o aspecto ousado, grandioso e inovador da mostra, “que desvela novos ângulos que habitam esse Patrimônio Cultural da Humanidade, nutrindo vínculos de pertencimento e identidades”.

Vocação contemporânea

“Arte Brasileira” dialoga com as indagações que permeiam o que há de mais atual nos debates sociais e com a literatura de Conceição Evaristo, Ailton Krenak e Leda Maria Martins, homenageados e retratados no núcleo Novos Bustos. Muito antes de termos como decolonial ou pós-colonial se popularizarem no nosso vocabulário, as obras que serão vistas na mostra já traziam questionamentos que hoje encontram o pensamento contemporâneo. Quando Marcelo Campos e Priscila Freire propuseram que a exposição revelasse tal traço, perceberam que a coleção do MAP respondia a esse anseio e unia o que é considerado erudito, popular e contemporâneo.

“Só um acervo de vanguarda poderia nos dar insumos e elementos para constituir uma exposição com quantidade de arte popular que temos, com artistas negros e negras e também com muitas mulheres fundamentais para a arte brasileira. A exposição explicita isso, mas também busca renovar a leitura. Muitas obras aqui pertencem ao acervo, mas nunca tinham sido expostas. Isso é fundamental”, explica Campos.

Os quadros “Os acrobatas” (1958), de Candido Portinari, e “Espaço (da série Luz Negra)”, de Jorge dos Anjos, são dois destaques da exposição. “No Portinari é bonito porque a gente vê um artista modernista observando a cultura popular. Uma das utopias modernistas foi pensar uma sociedade mais justa, igualitária, com os ideais humanistas presentes. A grandeza de Portinari foi alertar para um Brasil que tinha na população suas riquezas culturais”, ressalta o curador.

Sobre Jorge dos Anjos, que tem outras duas obras expostas na Casa Fiat, Marcelo Campos salienta que o ouro-pretano ampliou tradições e “é um artista negro que olha para o seu tempo e, por outro lado, não esquece as discussões ancestrais”.

Entre as obras inéditas, vêm à tona o conjunto de pinturas populares e o presépio pertencente ao núcleo O Menino Que Vê o Presépio, montado em uma das pontas do terceiro andar da Casa Fiat. Exibido pela primeira vez ao público, a obra, inspirada em um conto de Conceição Evaristo, tem cerca de 300 peças e é composta por esculturas em cerâmicas originárias do Vale do Jequitinhonha, com autoria de Cléria Eneida Ferraz Santos e Mira Botelho do Vale.

“Esse é outro grande destaque, vamos colocar isso dentro de uma exposição que, em tese, seria de arte moderna e contemporânea. Esse gesto reforça a ideia de vanguarda do acervo do MAP”, afirma Marcelo Campos. Outra novidade fica por conta do restauro de duas obras: “Estandartes de Minas” (1974), de Yara Tupynambá, e “Tempos Modernos” (1961), de Di Cavalcanti, que se juntarão à mostra.

“Arte Brasileira: A Coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura” joga luz na potência cromática da arte brasileira e faz as pazes com a diversidade e a força das cores, tão rechaçadas e inferiorizadas por uma leitura antiquada e elitista. Com a mostra, atual e tropicalista, o curador diz que esse trauma pode ser superado: “A cor é uma conquista, horizontaliza a arte”.

Programação paralela

No dia 29 de outubro, às 11h, o Encontros com o Patrimônio convida a diretora de museus da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, Janaina Melo, para o bate-papo “Museu de Arte da Pampulha (MAP): Um Museu e Suas Histórias”. O evento é virtual e gratuito, com inscrição pela Sympla. Já no dia 07 de novembro, às 19h30, a Casa Fiat de Cultura realiza um bate-papo presencial com os curadores Marcelo Campos e Priscila Freire.

A exposição “Arte Brasileira: A Coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura” fica aberta ao público, na Casa Fiat de Cultura (Praça da Liberdade, 10 – Funcionários), até 04 de fevereiro de 2024.