Exibição de Rochelle Costi

17/out

A fotógrafa Rochelle Costi, realiza a exposição – “Passatempo” -, individual no Museu do Trabalho, Porto Alegre RS. A curadoria é de Gabriela Motta.

 

Durante os anos 1980 Rochelle Costi não era apenas uma artista que vivia em Porto Alegre. Rochelle vivia, trabalhava com e atuava na cena cultural local, tendo a própria cidade, seus
personagens e lugares como matéria prima de sua produção artística. O Hotel Majestic em meio a sua transformação em Casa de Cultura Mário Quintana, em 1984, foi palco de um preview da exposição da artista, “Vivo Retrato”, que iria circular por varias cidades do Brasil nos anos seguintes.

 

A Usina do Gasômetro antes de ser um espaço cultural da cidade está em seus registros fotográficos. O bar Ocidente, um dos lugares mais icônicos da contracultura nacional, onde o movimento punk e o público LGBTQ+ sempre conviveram, com toda a sua fauna ensandecida, como canta Nei Lisboa na música Berlim, Bom Fim também figura na sua produção do período, como o próprio Nei. Isso tudo ao lado da turma da Casa de Cinema, do Falcão (ator), das bandas Os Replicantes, DeFalla, TNT, Cascaveletes, das festas no Scalp, da escadaria da Igreja das Dores, da ponte do Guaíba, do morro da TV. Rochelle Costi estava em todos esses lugares e com todos esses sujeitos, fotografando-os, expondo, criando situações e gerando imagens nas quais é possível acompanhar, além das inquietações estéticas da artista, a própria cidade em transformação.

 

Exatos trinta anos após mudar-se para São Paulo, Rochelle Costi retorna com sua primeira individual na cidade. Passatempo, a exposição que a artista apresenta no Museu do Trabalho é um olhar para esse tempo que passou, mas um olhar de hoje, capaz de nos fazer rir e refletir sobre as transformações da cidade, das relações sociais, do nexo sempre tensionado entre os sujeitos e o lugar em que vivem. Essa mirada sobre sua trajetória, e acima de tudo sobre a trajetória da cena cultural da cidade nos faz lembrar, principalmente, que as conquistas sociais, culturais, humanistas, não são definitivas. São avanços que fazem parte de um processo em permanente negociação e que, novamente, se vêem ameaçados pela ascensão de um conservadorismo que enxerga no outro uma ameaça e não um espelho da sua própria humanidade contraditória.

 

É assim que, ao articular registros, resíduos, amostras de obras desenvolvidas ainda no início de sua trajetória, a artista atribui aos trabalhos, através de seus novos formatos e contextos, significados outros, condizentes com o cenário político e cultural que vivemos na atualidade. Há uma Porto Alegre de ontem e há uma Porto Alegre de hoje, e a proximidade entre ambas mobiliza

reflexões sobre os rumos e desvios das políticas sócio-culturais da cidade, das cidades.

 

 

Abertura: dia 20 de outubro, sábado, às 19 horas.

Universo maranhense

08/out

No Dia das Crianças, o Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, uma instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo gerida pela Associação Museu Afro Brasil – organização social de cultura, abre as portas para receber duas novas exposições que revelam a pulsante diversidade artística do Maranhão: “Hiorlando” e “Afetos”. As exposições fazem parte da programação em comemoração ao aniversário do Museu Afro Brasil, que celebra catorze anos de existência no próximo dia 23 de outubro.

 

 

 

Sobre Hiorlando

 
Hiorlando é o nome adotado pelo artista João Pereira Marques, que apresenta no Museu Afro Brasil 100 esculturas em madeira da sua fauna lúdica e animada composta por girafas, peixes, sapos, jacarés, cachorros, entre outros bichos fartamente coloridos. “Os bichos de olho vivo e cara sapeca marcam o trabalho de Hiorlando e carregam sua alma”, destaca Paula Porta, curadora da exposição.
Nascido no povoado João Peres, no município de Araioses, no Maranhão, em 1963, Hiorlando começou a esculpir há pouco mais de dez anos, quando um acidente o afastou do trabalho de estivador marítimo e acabou permitindo que seu talento artístico se desenvolvesse. Galhos do cajueiro, tamboril e cedro são os tipos de madeira que edificam as esculturas do artista, que estão divididas em três categorias: bichos da água, do seco e do imaginário. Um deleite ao público infantil.

 

 

Afetos

 
A exposição traz um panorama do trabalho do fotógrafo paulistano Edgar Rocha, estabelecido no Maranhão há mais de 40 anos. São 41 fotografias que passeiam por temas como o patrimônio cultural, os navegantes e as celebrações do povo maranhense.
”O trabalho de Edgar Rocha traz duas características muito marcantes: a luz âmbar, morna, que nos aproxima da imagem capturada. E um fascínio pelos saberes, pelas tradições e pelo jeito de ser dos negros do Maranhão, que registra de maneira intimista e verdadeiramente amorosa”, destaca Paula Porta, que também assina a curadoria da mostra.

 

 

 

De 12 de outubro até dezembro de 2018.

Brasília extemporânea

04/out

A exposição “Brasília Extemporânea”, em cartaz na Casa Niemayer, Brasília, DF, assinada pela curadora Ana Avelar, propõe obras de artistas que se depararam com essa cidade atual, ou que dialogam com aspectos dela, sejam eles simbólicos, históricos, políticos ou sociais, buscando levar adiante um debate que se deteve, em grande parte e por muito tempo, entre apoiadores e críticos de sua fundação e projeto inicial. São trabalhos de naturezas diversas (instalações, filmes, vídeos, objetos, intervenções), que informam sobre uma realidade negligenciada, mas não menos constituinte, da “capital planejada”.ACasa Niemeyer, é a antiga residência de Oscar Niemeyer, cujo estilo colonial é por si só um fato peculiar dentro das experiências modernistas do arquiteto.

 

 

Artistas participantes

 

Adirley Queirós, Camila Soato, Cao Guimarães, Christus Nóbrega, Clara Ianni, Clarisse Tarran, Diego Castro, Ding Musa, Dora Smék, Gabriela Masson (Lovelove6), Gê Orthof, Helô Sanvoy, Gregório Soares, Isabela Couto, João Trevisan, Joana Pimenta, Karina Dias, Laercio Redondo, Lenora de Barros, Luciana Paiva, Luiz Alphonsus,  Márcio H Mota, Milton Machado, Nuno Ramos, Raquel Nava, Paul Setúbal, Peter de Brito, Vera Holtz e Xico Chaves.

 

 

Até 15 de fevereiro de 2019.

No Instituto Tomie Ohtake

27/set

AI-5 50 ANOS – Ainda não terminou de acabar

 

“Para que pode servir uma instituição de arte em um país como o Brasil, hoje, em 2018? Embora isso não chegue diretamente ao olhar dos visitantes, essa é uma pergunta que as equipes do Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP, enfrentam cotidianamente, no trato com as responsabilidades intrínsecas aos trabalhos desenvolvidos. As respostas para isso são muitas e uma delas passa pela revisão contínua da história da arte dentro da história mais ampla da sociedade, acreditando que tanto uma quanto a outra podem aparecer de forma renovada quando colocadas em tensão”.

 

A partir dessa reflexão, assinalada pelo Instituto Tomie Ohtake, nasce  AI-5 50 ANOS – Ainda não terminou de acabar, exposição que busca discutir os custos da retirada de direitos democráticos para o imaginário cultural do País, em resposta aos 50 anos do Ato Institucional No. 5, marco do agravamento do totalitarismo da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985).

 

Conforme o curador Paulo Miyada, a pesquisa tem como núcleo a produção de artes visuais do período, com obras, ideias e iniciativas que nasceram em tensão com a interdição da própria opinião política, que chegou a ser virtualmente criminalizada pelas práticas de censura e repressão. Em alguns casos, as obras reunidas foram proibidas, destruídas ou subsistiram ocultas; em outros, sua circulação foi seriamente contida e seus modos de expressão passaram por codificações e táticas de resistência.

 

Como uma exposição-ensaio, AI-5 50 ANOS – Ainda não terminou de acabar propõe um percurso que passa por diversos estágios de restrição dos direitos democráticos e destaca múltiplas atitudes de contestação, grito e reflexão. Há também espaço para textos e documentos de contextualização, além de algumas obras comissionadas de artistas mais jovens, que conheceram o período por meio da história.

 

Segundo Miyada, uma das contribuições que a arte pode oferecer mesmo durante os arcos mais sombrios da história humana é a sua capacidade de ampliar o campo do que pode ser dito e sentido frente aos limites e interdições da linguagem. “Com isso em mente, é possível considerar que esta mostra não é apenas um memorial de silenciamentos e perdas, mas também de reinvenções e resistências, com apelos que se endereçaram à sociedade de então e continuam em aberto para os cidadãos de hoje”, completa o curador.

 

 

A exposição está dividida em seis núcleos:

 

Censura no período da ditadura civil-militar frente a frente com a emergência da ideia de “opinião” na produção artística entre 1964-1968. Apresenta exemplos de engajamento crítico das vanguardas artísticas e o acirramento gradual de mecanismos de silenciamento que fizeram um arco desde casos de censura moral até ataques explícitos à liberdade de expressão e crítica.
Destaques desse núcleo:Textos de Hélio Oiticica e obras de Cybele Varela e Carlos Vergara, fotografias de Evandro Teixeira e projeto não realizado de Carmela Gross.

Criminalização da própria opinião após o AI-5 e transformação das tendências artísticas que, com o acirramento das estratégias de repressão, alcançaram seu ponto de máxima tensão entre 1968 e 1970. Discute como artistas que integraram ativamente a transformação da arte brasileira na segunda metade da década de 1960 produziram obras limítrofes, radicais e de contestação, muitas vezes de perto (ou de dentro) de episódios de prisão, exílio, tortura e coerção.

 

Destaques desse núcleo:Depoimento de Gilberto Gil, obras e depoimentos de Claudio Tozzi e Carlos ZIlio, depoimento de José Carlos Dias, obras de Antonio Henrique Amaral e Anna Bella Geiger, obras e caderno inédito de Antonio Dias.

Produção da chamada “geração de guerrilha”, que ganhou espaço na arte brasileira entre 1969 e 1970 e constantemente emulou em seus processos criativos táticas de infiltração, resistência e indistinção típicos de movimentos de guerrilha urbana. Trata-se, também, de uma produção que buscou ocupar espaços nas bordas ou fora do circuito artístico institucional, além de reagir a tentativas de censura e/ou enquadramento formal de suas proposições.

 

Destaques desse núcleo:Obras de Antonio Manuel, Artur Barrio e Cildo Meireles. Contraposições e contrastes: Carlos Pasquetti, Regina Vater e Nelson Leirner.

Arte na década de 1970 e recursos de busca de liberdade e crítica em um país autoritário. Levantamento de caminhos apesar dos interditos, que passaram pelo teor libidinoso e lúdico da produção chamada de “marginal”; pela formação de circuitos subterrâneos de distribuição, como cineclubes e redes de arte correio; e por experimentação de modelos linguísticos com alto grau de codificação e desenvolvimento conceitual.

 

Destaques desse núcleo:Obras de Wlademir Dias-Pino, Paulo Bruscky, Regina Silveira, Regina Vater e filmes de José Agrippino de Paula e Ivan Cardoso.

Críticas ao desenvolvimentismo do ideal de país promovido pela ditadura. Seleção de obras que apontam para a resistência ao otimismo nacionalista impulsionado pela retórica de ocupação da Amazônia, megalomaníaco e inconsequente com reflexões ecológicas e os direitos das populações indígenas.

 
Destaques desse núcleoObras e livros de Claudia Andujar, obra de Cildo Meireles e filme de Jorge Bodanzky.

Reflexão sobre a crise institucional que alcançou o processo de “abertura democrática”, aplicado ao caso das instituições artísticas, a exemplo de tantas outras áreas, não passaram por um processo cuidadoso e amplo de reconstrução e revisão de suas premissas com o final da ditadura na década de 1980.

 
Os assuntos em destaque são proposições provocativas para o campo artístico, todas interrompidas ou descontinuadas: a criação do Museu da Solidariedade no Chile, por Mario Pedrosa; a proposição do Museu das Origens após o incêndio do Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, também por Mario Pedrosa; e o Encontro de Críticos de Arte da América Latina, organizado por Aracy Amaral com o intuito de rediscutir as premissas da Bienal de São Paulo.

 

 

Lista de artistas participantes:

 

Adriano Costa, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Antonio Benetazzo, Antonio Dias, Antonio Henrique Amaral, Antonio Manuel, Aracy Amaral, Artur Barrio, Aurélio Michiles,Augusto Boal, Aylton Escobar, Bené Fonteles, Caetano Veloso, Carlos Pasquetti, Carlos Vergara, Carlos Zilio, Carmela Gross, Chico Buarque, Cildo Meireles, Claudia Andujar, Claudio Tozzi, Coletivo (Ana Prata, Bruno Dunley, Clara de Capua,  Derly Marques, Deyson Gilbert, Janina McQuoid, João GG, Leopoldo Ponce, Mauricio Ianês, Pedro França e Pontogor), Cybèle Varela, Daniel Santiago, Décio Bar, Décio Pignatari, Desdémone Bardin, Edouard Fraipont, Evandro Teixeira, Francisco Julião, Frederico Morais, Gabriel Borba, Genilson Soares e Francisco Iñarra, Gilberto Gil, Glauber Rocha, Glauco Rodrigues, Guga Carvalho, Hélio Oiticica, Ivan Cardoso, Jo Clifford, Renata Carvalho, Natalia Mallo e Gabi Gonçalves, João Sanchez, Jorge Bodanzky, José Agrippino de Paula, José Carlos Dias, José Celso Martinez Corrêa, Lula Buarque de Hollanda, Marcello Nitsche, Marcio Moreira Alves, Marisa Alvarez Lima, Mario Pedrosa, Matheus Rocha Pitta, Mauricio Fridman, Nelson Leirner, Paulo Bruscky, Paulo Nazareth, Raymundo Amado, Regina Silveira, Regina Vater, Reynaldo Jardim, Ricardo Ohtake, Roberto Schwarz, Samuel Szpigel, Sérgio Sister, Vera Chaves Barcellos, Wlademir Dias-Pino e outros.

 

 

Até 04 de novembro.

Miguel Rio Branco na Silvia Cintra+Box4

25/set

Miguel Rio Branco, um dos maiores nomes da fotografia e da arte contemporânea brasileira, inaugura no dia 27 de setembro a mostra “Através do olhar dourado” na galeria Silvia Cintra+Box4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ. Ao contrário das duas últimas exposições do artista na galeria, quando a mulher foi o tema central, agora os trabalhos não trazem a presença da figura humana.

 

Entre dípticos, trípticos e polípticos – montados por Miguel como um quebra-cabeça de fotografias de diferentes momentos e lugares – a exposição se constrói como um exercício poético de não temas, apenas uma viagem do olhar do artista sobre paisagens, detalhes arquitetônicos, cavalos, uma roda gigante desativada, restos de coisas e relíquias.

 

Conhecido por obras de forte cunho social e político, como as séries Maciel, realizada no Pelourinho no final dos anos 70 e Santa Rosa numa academia de boxe carioca nos anos 90, a mostra na galeria Silvia Cintra é uma boa oportunidade para o público conhecer um lado mais lírico da obra do artista.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

Nascido em 1946, filho de diplomata, bisneto do barão do Rio Branco e neto do caricaturista J. Carlos, Miguel Rio Branco ganhou em 2010, um pavilhão no centro de arte contemporânea de Inhotim, MG. Espaço que considera a mais instigante proposta de comunhão entre Arte e Natureza. Miguel Rio Branco é um dos artistas nacionais com maior projeção no exterior, com um currículo repleto de exposições em espaços de grande prestígio, como as suas individuais “Out of Nowhere”, no Groninger Museum, na Holanda (2006), “Gritos Surdos” nos encontros de Fotografia de Arles (2005), “Plaisir La Douleur”, na Maison Européenne de La Photographie, em Paris (2005) e no Kulturhuset de Stockholm. No Brasil realizou recentemente a mostra individual “Nada levarei quando morrer” no MASP (2017) e “Wishfull Thinking” na Oi Futuro (2108). Atualmente está em cartaz também na 33ª Bienal de São Paulo.

O Poder da Multiplicação

13/set

Artistas contemporâneos do Rio Grande do Sul e da Alemanha apresentados na exposição lidam com as questões referentes à arte reprodutível de maneiras muito diferentes em exibição no MARGS, Porto Alegre, RS.

 

 

Artistas e obras

 

 

Vergara

E as gravuras que são pinturas

 

Os pigmentos foram emancipados pela poética de Vergara, foram elevados a uma potência léxica e, simultaneamente, a uma função sintática na pintura. Tanto produzem sentidos quanto estruturam essa produção de significados.

 

 

Marcelo Chardosim

Procuram-se pessoas que gostem de Alvorada!

 

De modo pragmático ou poético, Marcelo Chardosim desenvolve seu trabalho arte-vida apostando nas atitudes do cotidiano, na educação emancipadora, nas coisas que estão ao nosso lado e pelas quais podemos e devemos lutar.

 

 

Hélio Fervenza

Arte do desencontro

 

Ocorre que, aparentemente, não há nada nos parênteses fixados na superfície do museu. As perguntas, pouco a pouco, fazem-se outras: se não há nada, tudo cabe? O público, diante desses sinais, está fora ou está dentro?

 

 

Flavya Mutran

Desmemórias

 

Apostando na relação entre fotografia e objeto, Mutran propõe uma reflexão abrangente sobre a tecnologia como fenômeno social no qual novas questões estéticas nos convocam para outro tipo de percepção

 

 

Helena Kanaan

Da matéria aos fluxos da natureza, dos tempos e da vida

 

Os procedimentos litográficos desenvolvidos por Helena Kanaan constituem princípios que remetem ao deslizante e ao escorregadio do informe

 

 

Rafael Pagatinie

Sua estratégia artística: por um retrato calado contra o colapso da memória

 

Se há um artista do circuito contemporâneo da arte, no Brasil, obcecadamente dedicado a subverter e construir variadas imagens potentes que aludem à história política do país permeada pela violência, esse nome é Rafael Pagatini.

 

 

Xadalu

Um olhar etnográfico

 

Os procedimentos artísticos que utiliza com a matriz serigráfica despertam de modo inspirador uma reflexão sobre esses signos e suas relações étnicas com os lugares que sua obra ocupa.

 

 

Regina Silveira

A reprodutibilidade e o poder, mesmo

 

O eixo em torno do qual se move e estrutura-se a obra de Regina Silveira é formado por processos e poéticas que expandem linguagens nascidas da expressão gráfica.

 

 

Ottjörg A.C.

Histórias ocultas

 

As gravuras de Ottjörg A.C. estão carregadas de sentidos históricos. As marcas, as fissuras, os cortes nas superfícies, assim como seus processos de impressão e escolhas de matrizes, ampliam as possibilidades de compreensão das narrativas históricas.

 

 

Thomas Kilpper 

Vestígios impressos da História

 

O compromisso contra todas as formas de opressão política marca a obra artística de Thomas Kilpper, sempre, reportando-se a um contexto local ou a um projeto.

 

 

Hanna Hennenkemper

Uma arqueologia da impressão

 

Desenhar e gravar são, para Hanna Hennenkemper, atividades corporais, sendo que essas também devem transparecer no resultado.

 

 

Olaf Holzapfel

Uso gráfico de ambientes locais

 

A produção artística de Olaf Holzapfel abrange as mais diversas mídias, como pintura e gravura, escultura, instalação, fotografia e filme.

 

 

Tim Berresheim

Multiplicação múltipla

 

Com o auxílio de ferramentas como aplicativos de realidade aumentada ou do aixCave – um sistema de realidade virtual da RWTH, Universidade de Aachen, que permite a recepção imersiva e interativa de imagens ‒, algumas obras selecionadas podem ser contempladas de maneira múltipla.

 

 

Vera Chaves Barcellos

Desnaturar o dispositivo: Inflexões Fotopictográficas

 

Inquirir as especificidades dos meios da arte tem sido algo recorrente em práticas da arte contemporânea por artistas que trabalham com imagens de imagens. A reutilização de imagens preexistentes, emprestadas dos meios de comunicação de massa, muitas vezes, passa por transformações plásticas para questionar regimes visuais da arte, como mostram trabalhos da artista Vera Chaves Barcellos.

33ª Bienal de São Paulo

06/set

Intitulada “Afinidades afetivas”, mostra com curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro busca modelo alternativo ao uso de temáticas, privilegiando o olhar dos artistas sobre seus próprios contextos criativos

 

De 07 de setembro a 09 de dezembro de 2018, a 33ª Bienal de São Paulo – “Afinidades afetivas” vai privilegiar a experiência individual do espectador na apreciação das obras, em detrimento de um tema que favoreceria uma compreensão pré-estabelecida. O título escolhido pelo curador Gabriel Pérez-Barreiro – apontado pela Fundação Bienal de São Paulo para conceber a mostra – remete ao romance de Johann Wolfgang von Goethe “Afinidades eletivas”, de 1809, e à tese “Da natureza afetiva da forma na obra de arte”, de 1949, de Mário Pedrosa.

 

O título não tem o intuito de dar direcionamento temático à exposição, mas caracteriza a forma de organizar a exposição a partir de vínculos, afinidades artísticas e culturais entre os artistas envolvidos. Como no texto de Pedrosa, há uma proposta de investigação das formas pelas quais a arte cria um ambiente de relação e comunicação, passando do artista para o objeto e para o observador. Presença, atenção e influência do meio são as premissas que norteiam a curadoria desta edição, numa reação a um mundo de verdades prontas, no qual a fragmentação da informação e a dificuldade de concentração levam à alienação e à passividade.

 

O curador crê no aspecto positivo de uma mudança radical do sistema operacional da Bienal. Para esta edição, ao lado dos doze projetos individuais eleitos por Pérez-Barreiro, os sete artistas-curadores escolhidos por ele já definiram suas propostas expositivas, com total liberdade na escolha dos artistas e seleção das obras – a única limitação imposta a eles foi que incluíssem em suas exposições trabalhos de sua própria autoria.

 

 

Proposições curatoriais concebidas pelos artistas-curadores

 

A partir de seu interesse em questões como repetição, narrativa e tradução, Alejandro Cesarco (Montevidéu, Uruguai, 1975) realiza uma curadoria de obras de artistas que compartilham de suas inquietações conceituais e estéticas. Intitulada  “Aos nossos pais, “a mostra propõe questionamentos acerca de como o passado (a história) ao mesmo tempo possibilita e frustra potencialidades e de como ele pode ser reescrito pelo trabalho do artista, gerador de diferenças a partir de repetições”, explica. Além de Cesarco, participam da mostra artistas de três diferentes gerações, entre os quais Sturtevant (EUA, 1924 – França, 2014), Louise Lawler (EUA, 1947) e Cameron Rowland (EUA, 1988). “Dedicar esta exposição a uma relação primária (biológica ou adotiva, literal ou metafórica) é construir uma genealogia e uma tentativa de aproximação da fonte central de nossas interpretações, métodos, inibições, possibilidades e expectativas”.

 

Antonio Ballester Moreno (Madri, Espanha, 1977) aborda sua curadoria na 33ª Bienal como forma de contextualizar um universo baseado na relação íntima entre biologia e cultura, com referências à história da abstração e sua interação com natureza, pedagogia e espiritualidade. Para tanto, ele relaciona a produção de filósofos, cientistas e artistas: “somos todos criadores de nosso próprio mundo, mas entendo que tamanha variedade de linguagens nos separou da noção do que nos é comum, então esta proposta salienta o estudo de nossas origens, sejam elas relacionadas a aspectos naturais, sociais ou subjetivos – os três eixos que organizam a exposição”, afirma. Intitulada sentido/comum, a mostra abarca desde brinquedos educativos das vanguardas históricas e obras da Escuela de Vallecas à presença de artistas contemporâneos. Dentre os participantes, encontram-se o filósofo e pedagogo Friedrich Fröbel (Alemanha, 1782-1852); Andrea Büttner (Alemanha, 1972); Mark Dion (EUA, 1961); e Rafael Sánchez-Mateos Paniagua (Espanha, 1979), que contribuiu também com a publicação educativa “Convite à atenção”.

 

Para sua exposição intitulada “O pássaro lento”, Claudia Fontes (Buenos Aires, Argentina, 1964) parte de uma metanarrativa: um livro fictício homônimo cujo conteúdo é desconhecido, salvo por alguns fragmentos e por seus vestígios materiais. Fontes e os artistas convidados apresentam trabalhos que ativam as aproximações entre artes visuais, literatura e tradução através de experiências que propõem uma temporalidade expandida. “A experiência de velocidade e lentidão são experiências políticas enraizadas no corpo. Ambas influenciam nossos entendimentos de espaço, distância e possibilidade.”, afirma Fontes. Em um processo curatorial horizontal e colaborativo, todos os participantes, à exceção de Roderick Hietbrink (Holanda, 1975), desenvolvem obras comissionadas para a ocasião: Ben Rivers (UK, 1972), Daniel Bozhkov (Bulgária, 1959), Elba Bairon (Bolívia, 1947), Katrín Sigurdardóttir (Islândia/EUA, 1967), Pablo Martín Ruiz (Argentina, 1964), Paola Sferco (Argentina, 1974), Sebastián Castagna (Argentina, 1965) e Žilvinas Landzbergas (Lituânia, 1979).

 

Para sua exposição,”Stargazer II [Mira-estrela II]”, Mamma Andersson (Luleå, Suécia, 1962) reúne um grupo de artistas que têm inspirado e nutrido sua produção como pintora. A seleção inclui uma ampla gama de referências, como ícones russos do século 15, os “outsiders” Henry Darger (EUA, 1892-1973) e Dick Bengtsson (Suécia, 1936-1989); e artistas contemporâneos como a cineasta Gunvor Nelson (Suécia, 1931) e o piloto de caça e artista sonoro Åke Hodell (Suécia, 1919-2000), entre outros. Em comum, todos os participantes compartilham o interesse pela figuração expressiva e pelo corpo humano. “Estou interessada em artistas que trabalham com a melancolia e a introspecção como um modo de vida e uma forma de sobrevivência”, afirma Andersson. A exposição inclui também uma quantidade significativa de pinturas de Andersson, estabelecendo um diálogo vibrante entre sua obra e suas inspirações artísticas.

 

A curadoria de Sofia Borges (Ribeirão Preto, Brasil, 1984), “A infinita história das coisas ou o fim da tragédia do um”, parte de interpretações filosóficas sobre a tragédia grega para mergulhar em uma colagem de referências mitológicas e investigar os limites da representação e da impossibilidade da linguagem enquanto instrumento de mediação do real. “Eu passei anos procurando, através da imagem, desvendar o estado de representação das coisas, até que entendi se tratar de uma questão sem solução, visto que ela é na verdade o problema do significado. A linguagem é em si trágica, porque ambígua, e não se pode usar uma matéria para falar de outra”, explica. Seu projeto expositivo se constrói a partir de um modelo curatorial misto em que a seleção de peças específicas é acompanhada por trabalhos comissionados. Uma das particularidades da proposta – que inclui obras de Jennifer Tee (Holanda, 1973), Leda Catunda (Brasil, 1961), Sarah Lucas (UK, 1962) e Tal Isaac Hadad (França, 1976), entre outros – é sua ativação por um programa de experimentações ao longo da duração da Bienal.

 

Waltercio Caldas (Rio de Janeiro, Brasil, 1946), que sempre considerou a história da arte como material de trabalho, projeta na curadoria “Os aparecimentos” obras de diversos artistas confrontadas com trabalhos de sua autoria. “Visto que a produção de um artista trata de inúmeras questões que variam ao longo do tempo, escolhi obras que desviam do que mais se conhece de cada um deles e se destacam por seu valor e especificidade. O resultado da relação entre as peças escolhidas passou a ser o principal interesse desta seleção”, explica. Caldas propõe uma reflexão sobre a poética, a natureza das formas e das ideias e suas implicações na atividade artística desde o final do século 19. “Procurei, através da tensão entre obras muito diversas, as surpresas esclarecedoras que resultam destes confrontos”, comenta. A partir de uma visão desafiadora do artista sobre sua própria obra e dos enfrentamentos muitas vezes inusitados – como entre trabalhos de Victor Hugo (França, 1802-1885), Jorge Oteiza (Espanha, 1908-2003) e Vicente do Rego Monteiro (Brasil, 1899-1970) – abrem-se novas possibilidades de leitura para a arte.

 

Para seu projeto expositivo intitulado “sempre, nunca”, composto exclusivamente por obras comissionadas,Wura-Natasha Ogunji (St. Louis, EUA, 1970) convidou as artistas Lhola Amira (África do Sul, 1984), Mame-Diarra Niang (França, 1982), Nicole Vlado (EUA, 1980), ruby onyinyechi amanze (Nigéria, 1982) e Youmna Chlala (Líbano, 1974) para criar, assim como ela, novos trabalhos em um processo curatorial colaborativo e horizontal. A produção dessas seis artistas “concilia aspectos íntimos (como corpo, memória e gesto) a épicos (arquitetura, história, nação)”, explica Ogunji. “Em diálogo aberto e contínuo, nossos projetos individuais abarcam práticas e linguagens distintas, que convergem em ideias e questões cruciais para a experimentação, a liberdade e o processo criativo”. O trabalho dessas artistas é afetado por suas histórias individuais e pelas complexas relações que mantêm com suas terras, nações e territórios. “Suas obras quebram as narrativas hegemônicas e abraçam interrupções como aberturas necessárias”, complementa a artista-curadora.

 

 

Os projetos individuais selecionados por Gabriel Pérez-Barreiro

 

Entre os doze projetos individuais escolhidos pelo curador, três deles são de artistas homenageados: Aníbal López (Cidade da Guatemala, Guatemala, 1964-2014), Feliciano Centurión (San Ignacio, Paraguai, 1962 – Buenos Aires, Argentina, 1996) e Lucia Nogueira (Goiânia, Brasil, 1950 – Londres, Reino Unido, 1998). “Eu queria artistas que fossem históricos, mas ao mesmo tempo não consagrados, ou seja, que esses núcleos não fossem apenas a reiteração de nomes que já conhecemos. Os artistas homenageados são pouco conhecidos na América Latina, mas são expoentes de sua geração, então trazê-los à Bienal é uma forma de resgatá-los do desaparecimento da história da arte e mostrá-los para as novas gerações”, diz Pérez-Barreiro. Para o curador, a realização dessas exposições também significa uma contribuição expressiva da Fundação Bienal na pesquisa, catalogação e recuperação desses acervos.

 

Aníbal López, também conhecido por A-1 53167, o número de sua cédula de identidade, foi um dos precursores da performance em seu país. Sua obra, que inclui vídeo, performance, live act e intervenções urbanas, entre outras formas de expressão, tem forte caráter político e se volta para questões de disputas entre fronteiras nacionais, culturas indígenas, abusos militares e até do mercado de arte. Registros em vídeo e fotografias de ações efêmeras, realizadas como forma de protesto à objetificação e fetichização da arte, compõem a mostra.

 

O universo queer é abordado com delicadeza por Feliciano Centurión, que deixou seu país natal, o Paraguai, para radicar-se na Argentina, onde se tornou expoente da chamada geração “Rojas” (primeiros artistas a expor na galeria do Centro Cultural Rector Ricardo Rojas, da Universidad de Buenos Aires) até ser vitimado por complicações decorrentes da AIDS, aos 34 anos. Centurión trabalhava primordialmente com tecidos e bordados, incorporando peças como lenços e crochês comprados em feirinhas portenhas. Descendente de uma família de bordadeiras, ele se apropria de práticas artesanais como linguagem artística para expressar elementos de sua história pessoal a partir de uma tradição familiar comum na cultura paraguaia.

 

Ainda pouco conhecida no Brasil, a goiana Lucia Nogueira é uma figura essencial para compreender a arte britânica do período e desenvolveu uma carreira internacionalmente reconhecida. Suas esculturas e instalações, foco da individual incluída na 33ª Bienal, subvertem o utilitarismo de objetos com um humor sutil, tanto pela associação inusitada entre elementos quanto pelo jogo semântico constantemente presente em seus títulos, criando uma atmosfera de estranheza e poesia.

 

Projetos individuais de outros nove artistas, dos quais oito foram especialmente comissionados, completam a seleção de Pérez-Barreiro. Do grupo, o único a exibir um trabalho histórico é Siron Franco (Goiás Velho, Brasil, 1950), com a série de pinturas Césio/Rua 57. Nela, Franco eterniza a impressão de horror e isolamento causada pelo acidente radioativo acontecido em 1987 no Bairro Popular, em Goiânia, com o elemento Césio 137. Nascido e criado naquele bairro, o artista retornou à sua cidade natal logo após o acidente, na contramão da população local, deixando definitivamente o eixo Rio-São Paulo. Seus registros da catástrofe ambiental marcaram uma guinada em sua carreira, antes de temática irônica, para o uso de alegorias com elementos simbólicos.

 

Os oito artistas com projetos comissionados têm em comum o desenvolvimento de trabalhos que não se encaixam numa estrutura temática. “São pesquisas complexas que funcionam individualmente e não precisam de um contexto adicional para que o espectador se relacione com os trabalhos”, explica Pérez-Barreiro.

 

O portenho Alejandro Corujeira (Buenos Aires, Argentina, 1961) possui uma concepção formal leve e fluida, que parece querer captar o movimento da natureza. Ele terá esculturas e pinturas apresentadas na mostra. Denise Milan (São Paulo, Brasil, 1954) cria esculturas e instalações com grandes pedras e cristais. Na 33ª Bienal, a artista exibirá novos trabalhos nesses formatos.

 

O cotidiano serve de inspiração às obras de Maria Laet (Rio de Janeiro, Brasil, 1982), que exibirá um novo vídeo na 33a Bienal, e de Vânia Mignone (Campinas, Brasil, 1967), que trará pinturas inéditas. Nelson Felix (Rio de Janeiro, Brasil, 1954), que em seu “trabalho formal parece materializar uma consciência planetária”, nas palavras de Pérez-Barreiro, mostrará uma nova instalação escultórica.

 

As pesquisas de Bruno Moreschi (Maringá, Brasil, 1982) e Luiza Crosman (Rio de Janeiro, Brasil, 1987) se relacionam com a corrente da crítica institucional e fogem de suportes artísticos tradicionais. “Com esses artistas teremos, dentro da exposição, um olhar crítico sobre como a arte funciona, é exibida e justificada”, afirma Pérez-Barreiro. Partindo de uma abordagem pessoal e poética, Tamar Guimarães (Viçosa, Brasil, 1967), que une uma abordagem crítica sobre as instituições a preocupações poéticas e narrativas, apresentará um novo vídeo.

 

33ª Bienal de São Paulo – “Afinidades afetivas” de 07 de setembro a 09 de dezembro.

Terças, quartas, sextas, domingos e dom e feriados: 9h – 19h (entrada até 18h).

Quintas, sábados: 9h – 22h (entrada até 21h)

Fotos de André Sheik

05/set

A exposição individual “EU SOU O POST(e)”, do artista visual André Sheik, com curadoria de Raul Mourão, é o cartaz atual do espaço Marquês 456, Gávea, Rio de Janeiro, RJ. Em exibição fotografias – tiradas entre 2014 e 2018 – da série “Antropomórfica”. Sombras de postes da cidade aparecem misturadas com a sombra do artista, criando personagens gráficos inusitados. Raul Mourão, amigo pessoal de Sheik e curador da exposição, viu as imagens no Instagram e sugeriu levar a criação artística para a galeria.

 

“Nessa série, Sheik incorpora o non sense e vai para a rua criar cartoons instantâneos, espalhados nas calçadas da cidade. O resultado final sugere um conjunto de estranhos personagens: um padre e sua bíblia, o cachorro de boca aberta e cerveja na mão, um homem de três cabeças, a bolsa da raposa”, comenta Raul.

 

O humor e a ironia são traços presentes na obra de Sheik. Segundo ele, a brincadeira com o nome da exposição também leva a pensar na relação das pessoas com a própria imagem nos tempos atuais: “O título da exposição ” EU SOU O POST(e)”, – surgiu desde o início, e apesar de polêmico, optamos por ele, porque nos leva a pensar ironicamente na forma como lidamos com nossa própria imagem hoje nas redes sociais”.

O resultado será apresentado ao público no espaço Marquês 456, na Gávea, do dia 29 de setembro até o dia 10 de outubro.

 

 

 

Sobre os artistas

 

 

André Sheik

Nasceu no Rio de Janeiro em 1966. Artista, curador, poeta e músico, dedica-se às artes visuais desde 1999, participou de exposições e mostras no Brasil (RJ, SP, MG, PE, CE, ES, BA, PR), em Portugal, França, Polônia, Suécia, EUA, Bolívia, Venezuela, Colômbia e Cuba, e já foi sócio de galeria. Atualmente, é editor executivo da revista Concinnitas, do Instituto de Artes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ); pesquisador associado do Núcleo de Tecnologia da Imagem da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); colaborador em grupo de pesquisa sobre o mercado de arte na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO); cursa Bacharelado em História da Arte na UERJ.

 

 

Raul Mourão

Raul Mourão é artista plástico, nasceu no Rio de Janeiro em 1967. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e expõe seu trabalho desde 1991. Sua obra abrange a produção de desenhos, gravuras, pinturas, esculturas, vídeos, fotografias, textos, instalações e performances. Com muitas exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior, também é escritor, curador, produtor de exposições e editor de publicações de arte.

 

 

 

Até 10 de outubro.

Vivências reais e fictícias de Gilberto Perin

29/ago

“Linha d’Água” e “Sem Identificação” são duas séries de fotografias que serão expostas pelo fotógrafo Gilberto Perin, nas Salas Negras do MARGS,

Museu de Arte Ado Malagoli, Porto Alegre, RS, com abertura no dia 05 de setembro, às 19 horas. Os dois conjuntos, segundo Perin, têm como ponto em comum “uma visita às salas escuras da alma, com se expressou o cineasta Ingmar Bergman se referindo ao sentido da Arte”.

 

Na primeira série, “Linha d’Água”, são apresentados 25 dípticos onde Gilberto Perin cria uma autoficção com associações e vivências reais ou fictícias. As imagens têm a reminiscência como elemento catalizador mas, muitas vezes, a fronteira entre a realidade e a ficção é indefinida e nebulosa. “Portanto, o voo – ou o mergulho – é livre”, explica o conhecido fotógrafo.

 

A ideia de utilizar a relação entre duas imagens é encontrar novos significados para cada fotografia ao se combinar com outra, ganhando um novo significado numa forma de poética visual. As fotografias colocadas lado a lado podem estimular ao espectador a sua própria ficção nas imagens associadas à infância, vida adulta ou envelhecimento.

 

O fotógrafo russo Nikita Pirogov diz que “…o díptico é a combinação do passado e do presente, das tradições e das suas novas ramificações. Os dípticos foram utilizados pela primeira vez na Grécia Antiga, muito antes da invenção da Imprensa. Eles vieram na forma de duas ou mais placas de argila para o texto de gravação ou imagens”.

 

“Sem Identificação”, a segunda série que Gilberto Perin apresenta, é uma crítica irônica e reflexiva de um tempo desconcertante, repleto de informações e mensagens visuais. Perin, junto aos os modelos que posaram nus, criou fotografias explorando imagens icônicas ou, simplesmente, imagens que surgiram espontaneamente no momento do ensaio fotográfico.

Em tempos de selfies, “Sem Identificação” tem concepção simples e direta onde a nudez é apenas a parcela aparente daquilo que não é revelado sobre a nossa identidade e pensamento. Gilberto Perin através de suas imagens pergunta “…que indivíduos somos nessa sociedade que têm impulsos tão primitivos a ponto de anular a identidade do outro?”.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

Gilberto Perin, formado em Comunicação Social pela PUC-RS (1976), fotógrafo, diretor de cena e roteirista. Algumas exposições individuais: “Fotografias para Imaginar” (2013 e 2015), no Instituto dos Arquitetos do Brasil e Pinacoteca Aldo Locatelli, as duas em Porto Alegre: “Vestiário” (2013), no Museu do Futebol de São Paulo; “Camisa Brasileira” (2010 a 2018), Porto Alegre, no interior do Rio Grande do Sul, na França e Itália; “Conexões Infinitas” (2009), no Centro Cultural Erico Verissimo, em Porto Alegre. Algumas coletivas:“Queer Museu” (2017 e 2018), em Porto Alegre e no Parque Laje no Rio de Janeiro; “A Fonte de Duchamp, 100 Anos de Arte Contemporânea”, MARGS, Porto Alegre; “Objectif Sport” (2016), circuito internacional da Aliança Francesa, em Porto Alegre na Galeria La Photo; “Manifesto: Poder, Desejo, Intervenção” (2014), MARGS, Porto Alegre; “The Beautiful Game: o Reino da Camisa Amarela” (2014), Museu dos Direitos Humanos do Mercosul, Porto Alegre; “De Humani Corporis Fabrica”, MARGS, Porto Alegre; “Cromo Museu” (2012), MARGS, Porto Alegre. Dois livros de fotografias publicados: “Camisa Brasileira” (2011); e “Fotografias para Imaginar” (2015). Tem fotografias publicadas em jornais e revistas brasileiras e do Exterior; além de fotografias em capas de livros e obras em museus, entidades culturais e coleções particulares.

 

 

Até 04 de novembro.

Arte latino-americana na Pinacoteca

24/ago

A Pinacoteca de São Paulo, apresenta a grande exposição coletiva “Mulheres radicais: arte latino-americana, 1960-1985”. A mostra tem curadoria da historiadora de arte e curadora venezuelana britânica Cecilia Fajardo-Hill e da pesquisadora ítaloargentina Andrea Giunta e é a primeira na história a levar ao público um significativo mapeamento das práticas artísticas experimentais realizadas por artistas latinas e a sua influência na produção internacional. Quinze países estarão representados por cerca de 120 artistas, reunindo mais de 280 trabalhos em fotografia, vídeo, pintura e outros suportes. A apresentação na capital paulista encerra a itinerância e conta com a colaboração de Valéria Piccoli, curadora-chefe da Pinacoteca.

 

 

Mulheres radicais aborda uma lacuna na história da arte ao dar visibilidade à surpreendente produção, realizada entre 1960 e 1985, dessas mulheres residentes em países da América Latina, além de latinas e chicanas nascidas nos Estados Unidos. Entre elas, constam na mostra algumas das artistas mais influentes do século XX – como Lygia Pape, Cecilia Vicuña, Ana Mendieta, Anna Maria Maiolino, Beatriz Gonzalez e Marta Minujín – ao lado de nomes menos conhecidos – como a artista mexicana Maria Eugenia Chellet, a escultora colombiana Feliza Bursztyn e as brasileiras Leticia Parente, uma das pioneiras da vídeoarte, e Teresinha Soares, escultora e pintora mineira que vem recebendo atenção internacional recentemente.

 

 

O recorte cronológico da coletiva é tido como decisivo tanto na história da América Latina, como na construção da arte contemporânea e nas transformações acerca da representação simbólica e figurativa do corpo feminino. Durante esse período, as artistas pioneiras partiram da noção do corpo como um campo político e embarcaram em investigações radicais e poéticas para desafiar as classificações dominantes e os cânones da arte estabelecida. “Essa nova abordagem instituiu uma pesquisa sobre o corpo como redescoberta do sujeito, algo que, mais tarde, viríamos a entender como uma mudança radical na iconografia do corpo”, contam as curadoras. Essas pesquisas, segundo elas, acabaram por favorecer o surgimento de novas veredas nos campos da fotografia, da pintura, da performance, do vídeo e da arte conceitual.

 

 

A abordagem das artistas latino-americanas foi uma forma de enfrentar a densa atmosfera política e social de um período fortemente marcado pelo poder patriarcal (nos Estados Unidos) e pelas atrocidades das ditaduras apoiadas por aquele país (na América Central e do Sul), que reprimiram esses corpos, sobretudo os das mulheres, resultando em trabalhos que denunciavam a violência social, cultural e política da época. “As vidas e as obras dessas artistas estão imbricadas com as experiências da ditadura, do aprisionamento, do exílio, tortura, violência, censura e repressão, mas também com a emergência de uma nova sensibilidade”, conta Fajardo-Hill.

 

 

Para Giunta, tópicos como o poético e o político são explorados, na exposição, “em autorretratos, na relação entre corpo e paisagem, no mapeamento do corpo e suas inscrições sociais, nas referências ao erotismo, ao poder das palavras e ao corpo performático, a resistência à dominação; feminismos e lugares sociais”. E complementa: “Estes temas atravessaram fronteiras, surgindo em obras de artistas que vinham trabalhando em condições culturais muito diferentes”. Não à toa, a mostra é estruturada no espaço expositivo em torno de temas em vez de categorias geográficas.

 

 

A curadora da Pinacoteca, Valéria Piccoli, destaca a importância da representatividade das brasileiras dentro da mostra: “além dos nomes que participaram das exposições no Hammer e no Brooklyn Museum, também vamos incluir obras de Wilma Martins, Yolanda Freyre, Maria do Carmo Secco e Nelly Gutmacher na apresentação em São Paulo”, revela.

 

 

A América Latina conserva uma forte história de militância feminista que – com exceção do México e alguns casos isolados em outros países nas décadas de 1970 e 1980 – não foi amplamente refletida nas artes. Mulheres radicais propõe consolidar, internacionalmente, esse patrimônio estético criado por mulheres que partiram do próprio corpo para aludir – de maneira indireta, encoberta ou explícita – as distintas dimensões da existência feminina. Para tanto, as curadoras vêm realizando uma intensa pesquisa, desde 2010, que inclui viagens, entrevistas, análise de publicações nas bibliotecas da Getty Foundation, da University of Texas entre diversas outras.

 

 

O argumento central da exposição mostra que, embora boa parte dessas artistas tenham sido figuras decisivas para a expansão e diversificação da expressão artística em nosso continente, ainda assim não haviam recebido o devido reconhecimento. “A exposição surgiu de nossa convicção comum de que o vasto conjunto de obras produzidas por artistas latino-americanas e latinas tem sido marginalizado e abafado por uma história da arte dominante, canônica e patriarcal”, definem as curadoras.

 

 

Segundo o diretor da Pinacoteca, Jochen Volz, “foram, principalmente, artistas mulheres as pioneiras que experimentaram novas formas de expressão, como performance e vídeo, entre outras. Assim, a itinerância da mostra Mulheres radicais para o Brasil é de grande relevância para a pesquisa contemporânea artística e acadêmica e o público em pauta ampla e ao mesmo tempo urgente. Entretanto, ainda há muito geral”. Esse rico conjunto de trabalhos, bem como os arquivos de pesquisa, coletados para a concepção da exposição, chegam finalmente ao público paulista, contribuindo para abrir novos caminhos investigativos e entendimentos acerca da história latino-americana. ”O tópico agora faz parte de uma trabalho a ser feito e temos plena consciência de que este é apenas o começo”, finalizam as curadoras.

 

 

Mulheres radicais: arte latino-americana, 1960-1985 é organizada pelo Hammer Museum, Los Angeles, como parte da Pacific Standard Time: LA/LA, uma iniciativa da Getty em parceria com outras instituições do Sul da Califórnia e teve curadoria das convidadas Cecilia Fajardo-Hill e Andrea Giunta. Mulheres radicais será complementada com um catálogo que inclui as biografias das mais de 120 artistas e mais de 200 imagens de obras da mostra além de outras de referência documental, ampliando o panorama deste mapeamento para além da exposição. A publicação original é a primeira a reunir uma extensa pesquisa sobre o tema e sua versão portuguesa editada pela Pinacoteca de São Paulo é a primeira a tornar este conteúdo acessível aos leitores da América Latina. Diferentemente da mostra, o catálogo é organizado por países acompanhados de ensaios de Fajardo-Hill e Giunta, assim como outros dez autores, como a curadora-chefe do Hammer Museum, Connie Butler, e a guatemalteca Rosina Cazali.

 

 

 

Até 19 de novembro.

Legendas: Josely Carvalho

                  Lenora de Barros

                  Marie Orensanz

                  Sandra Eleta