Diferentes olhares na Virgilio

13/ago

A exposição Raros Vintages & Inéditos, cartaz da Galeria Virgilio, Pinheiros, S~]ao Paulo, SP, traz o trabalho de 32 fotógrafos brasileiros, de várias regiões do país com um resgate histórico da construção da história da fotografia brasileira nas últimas cinco décadas. Trata-se de uma exibição com diferentes olhares, técnicas e suportes diversos e algumas produções contemporâneas, com curadoria de Fausto Chermont.

 

As obras revelam o significado que as fotografias tiveram ao longo do tempo em que foram realizadas, e que trazidas para o presente, proporcionam uma reflexão sobre as imagens e os artistas que ajudaram a construir esta trajetória. São profissionais com idade entre 39 e 67 anos de carreira extensa e ainda em atividade, premiados e que participaram de exposições nacionais e internacionais, com livros publicados.

 

Com o incremento microeletrônico e o advento das mídias digitais – com suas facilidades e conveniências e também por um inegável avanço qualitativo –, a fotografia vive um momento de consolidação de um novo modo de produção. Momento este em que se instala uma dicotomia entre uma produção eminentemente artesanal e histórica e os novos métodos automatizados, possibilitados pela tecnologia digital. Uma revisita técnica, tecnológica e estética do que foi produzido entre os anos 1970 e hoje e os autores que vivem esta transformação estão narrando visualmente esta experiência. São eles: Ana Lucia Mariz (SP), Antonio Saggese (SP), Artur Lescher (SP), Cesar Barreto (RJ), Claudio Machado (RJ), Daniel Renault (MG), Dimitri Lee (SP), Eduardo Castanho (SP), Eustáquio Neves (MG), Fausto Chermont (SP), Fred Jordão (PE), Gentil Barreiras (CE), Guilherme Maranhão (RJ), Hilton Ribeiro (SP), Kenji Ota (SP), Luiz Carlos Felizardo (RS), Marcelo Lerner (SP), Mônica Zarattini (SP), Nair Benedicto (SP), Neide Jallageas (SP), Patricia Yamamoto (SP), Paulo Angerami (SP), Penna Prearo (SP), Ricardo de Vicq (RJ), Roberto Linsker (SP), Roger Sassaki (SP), Rogerio Assis (PA), Rogerio Reis (RJ), Rosa Gauditano (SP), Silvio Dworecki (SP) Vania Toledo (MG) e Zé de Boni (SP).

 

Os fotógrafos que desenvolvem processos diversos, são pesquisadores de técnicas históricas, híbridas e alternativas com diferentes abordagens e olhares em diferentes épocas. Vania Toledo, por exemplo, escolheu uma foto de 1991, época que sofreu um grave atropelamento. No trabalho ela quis fazer uma homenagem à morte com a atriz Gulia Gam e usou uma luz de cinema, soturna que ilumina basicamente o rosto com um clima de morte ou pós-morte. Já Rosa Gauditano optou por um trabalho de 2008 que faz parte do livro Índios os Primeiros Habitantes e mostra oito etnias indígenas e seus rituais.

 

Na foto “Máquina”, Artur Lescher e Fausto Chermont usaram de muita engenharia para chegar ao resultado final. Em “Raros Vintages & Inéditos”, Silvio Dworecki apresenta uma coletânea de séries usadas para sua Tese de Livre Docência à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Numa delas, mostra as andanças de um elefante e seus encontros. Assim, cada prancha apresenta várias fotos como que a solicitar a atenção do espectador. As narrativas de cada imagem, são únicas, advindas do histórico de experiências profissionais e pessoais de cada artista.

 

“Colocados lado a lado, a produção imediatamente contemporânea, dialoga intensamente com o passado das sombras nas cavernas queimadas, estas hoje são projetadas sobre telas de Amoled – active-matrix organic light-emitting diode. Não importa o nome, pois amanhã já terá outro. É disso que se trata a exposição “Raros Vintages & Inéditos”, define o curador da mostra, Fausto Chermont.

 

Além da exposição, faz parte da programação palestras, mesa redonda, visitas guiadas e outras atividades com os artistas, de forma a sugerir um fórum de debates sobre a fotografia no Brasil e ampliar a perspectiva de uma discussão sobre o tema, por meio de agentes que ajudaram a construir e produziram parte deste tecido histórico.

 

 

De 19 de agosto a 15 de outubro.

Fotos de Gian Spina

03/ago

O artista brasileiro Gian Spina inaugura sua mostra individual contemplada pelo Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, Piso Caio Graco, Paraíso, São Paulo, SP. Gian Spina utiliza da fotografia, do vídeo e da poesia para criar obras que tratam de temas sociais e políticos dentro de sua poesia particular. Na mostra ele apres​e​nta ​sua mais recente produção sobre o desastre ambiental da cidade de Mariana, MG.

 

Gian Spina é paulista de berço, mas mesmo jovem já viveu, estudou e trabalhou em San Diego, Vancouver, Bordeaux, Berlim e Frankfurt. Seu trabalho e pesquisa é uma combinação de práticas interdisciplinares que se desenvolvem em rede, onde um gesto leva a outro. Sua primeira formação se iniciou em 2002,  com a graduação de fotografia no Instituto Senac em São Paulo, depois Cinema em Vancouver com o professor Roy Hunter, de 2005 a 2006 adentrou na Teoria do Cinema com o Prof. Carlos Augusto Calil na USP, e de 2007 a 2008 arquitetura na Escola da Cidade. Em 2010 o artista se mudou para Alemanha, onde estudou com o Prof. Sigfried Zielinski na Vilem Flusser Archive na Universidade de Artes de Berlim e com o Prof. Ulrik Gabriel e Prof. Juliane Rebentisch na Academia de Artes e Design em Offenbach am Main, na Alemanha, onde recebeu a bolsa de estudo pelo Rotary-Club da cidade (2011). Terminou seu mestrado orientado pelo filósofo e professor Fabien Vallos e pelo artista Daniwl Dewar na Escola de Belas Artes de Bordeaux. Atualmente trabalha como professor assistente no Departamento de Estética na Escola da Cidade e como assistente da curadora Daniela Buosso. Gian Spina atravessou os Balkans e a Ásia Central sobre sua bicicleta, e a Cisjordânia e o Himalaia a pé. O artista fala fluentemente alemão, inglês, espanhol, francês e português.

 

 

De 06 de agosto a 30 de outubro.

Dois fotógrafos

26/jul

A partir do dia 30 de julho, a unidade paulistana da Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, abrigará uma nova exposição que permitirá ao público uma compreensão maior do trabalho de Mário Cravo Neto. Além de peças assinadas pelo grande nome da fotografia nacional, o espaço também exibirá imagens produzidas pelo amigo inseparável Vicente Sampaio, que o acompanhou até o fim de sua trajetória artística, encerrada em 2009 aos 62 anos.

 

Nome cultuado da fotografia nacional e protagonista de exposições grandiosas dentro e fora do país, Mário Cravo Neto desenvolveu uma linguagem singular através de suas lentes: brasileira e universal ao mesmo tempo, ela vem fundamentada entre o universo religioso africano e a arte contemporânea. Os panos de fundo também são múltiplos e neles podem aparecer as ruas da Bahia – cidade onde nasceu e cresceu em berço artístico – e em cidades maiores, como Berlin e Nova York, ou então alcançar altos níveis técnicos dentro de estúdio.

Graças à curadoria apurada da exposição, o expectador será contemplado com uma maioria de obras inéditas e também algumas peças icônicas que pontuam a trajetória de Mário Cravo Neto. Todas elas com uma certa áura de mistério e da mística sagrada oriunda do Candomblé.

 

A série “Eterno Agora”, a mais famosa de Mário Cravo Neto, aparece complementada por cópias de época inéditas. Produzidas do final de 1970 até a década de 1990, as fotografias têm impressão em gelatina e prata e são todas em preto em branco.

 

Já a série “Laróyè”, composta apenas por imagens coloridas, reúne fotografias feitas nas ruas da Bahia, onde, além de captar a atmosfera e a veneração à ancestralidade e cultura africanas, Mário Cravo Neto também expressa uma crítica social sutil. Dentro da série “Nova York e Bahia” aparece a compilação de cópias vintage de fotografias realizadas nas duas cidades a partir da década de 1960.

 

Além disso, a Galeria Marcelo Guarnieri também apresenta imagens criadas por Mário Cravo Neto em uma época de aprendizagem no início do seu percurso. Alguns exemplos são “Mulher na Ladeira de São Felix”, clicada em 1965 – quando ele tinha 18 anos e considerou esta imagem digna de um fotógrafo profissional – e também imagens inéditas e assinadas (tiragem de época) registradas em Nova York nos anos de 1968 e 1969, como o show de Jimi Hendrix, cenas do Central Park e de seus filhos Christian e Lua na Dinamarca.

 

Na ala dos trabalhos de autoria do fotógrafo Vicente Sampaio, comparsa criativo de Mário desde os auge do experimentalismo fotográfico que vivenciaram na Bahia durante a década de 1970, a coletânea de imagens tem carga mais afetiva e mostra imagens inéditas nas quais Mário aparece como personagem em momentos de emoções diversas.

 

Dessa convivência diária – de 1973 até os anos 1990 – Vicente Sampaio possui cerca de 200 fotos que narram uma história de amizade e inquietação artística, além de um registro comportamental de época. Seis dessas fotos serão exibidas na exposição.

 

Mariozinho, como os amigos carinhosamente o chamavam, e Vicente Sampaio formavam uma dupla das mais fecundas na cidade de Salvador no final dos anos 1960 e durante toda a década de 1970. Eram vizinhos no Bairro da Boca do Rio, na época reduto de artistas e malucos beleza de todos os tipos. Até o guitarrista Frank Zappa deu as caras por lá durante algum tempo. Os dois compartilhavam o aprendizado fotográfico. Desde o início, nada escapava das lentes do Vicente.

 

 

A palavra de Vicente Sampaio

 

“Há três anos perdemos Cravo Neto, o Mariozinho. Na época abalado, tive o ímpeto de postar nossas fotos juntos em um tempo grandioso que não escapa da memória, os tais anos 70… Éramos jovens e doidos na Bahia mágica daquele tempo, na fruição do momento e tesão de apreender fotograficamente toda aquela insanidade visual que víamos pela frente. Tive o privilégio de conviver com ele durante bons anos e bem próximo. Éramos até vizinhos de casa, o fundo de seu estúdio dava para a minha rua, quase em frente de minha casa. Trocávamos figurinhas noturnas, num vai e vem incessante de um laboratório para outro. Dessa convivência, além de uma bela e gigante exposição no MAM-Bahia em 76, que marcou época, ficou um registro de fotografias espontâneas, sem nenhuma pretensão, a não ser exercitar o clique. Momentos como a imagem de 1975 com  Mario no hospital, depois de um acidente automobilístico; ou a foto da foto, que mostra o fotógrafo num estúdio em Salvador tirando uma foto 3×4 para o passaporte.”

 

 

Até 27 de agosto.

Nos Correios Rio

25/jul

Contar 120 anos de história da relação entre o cinema e o esporte internacional, brasileiro e olímpico é o objeto da exposição “Memórias do Esporte”, que o Centro Cultural Correios, Centro,  Rio de Janeiro, RJ, apresenta. Esta é a única exibição audiovisual da programação cultural da Rio 2016. A partir do acervo da Federação Internacional de Cinema e Televisão Esportivos (FICTS), avalizada pelo Comitê Olímpico Nacional (COI), e de coleções brasileiras, os curadores J. C. Soares e J. J. Soares editaram 30 vídeos que compõem uma  incursão por registros raros e inéditos de manifestações esportivas pelo mundo, de 1896 até hoje.

 

Os irmãos cineastas J. C. e J. J., que  pesquisam há uma década a conexão do esporte com o cinema, também assinam as trilhas sonoras individualizadas. Cada monitor de 42” tem como personagem principal uma modalidade esportiva. Às imagens inéditas foram acrescidas narrações sobre a história daquele esporte. Há ainda legendas ao lado de cada tela com mais informação e curiosidades.

 

O filme mais antigo da exposição é um jogo de bocha em Lyon, França, de 1896, um dos primeiros realizados pelos irmãos Lumière, inventores do cinema. Em uma sala reservada estarão os registros mais recentes: as transmissões ao vivo de 16 canais da Sportv. Ainda dos irmãos Lumière, há o primeiro filme ficcional de esporte, uma comédia, com atores lutando boxe, de 1897, e outras raridades da memória do desporto, como esportes indígenas, a final do campeonato paulista de futebol de 1909 e os últimos dias do Derby Club, o templo do turfe, de 1925, onde hoje está o Maracanã.

 

A prosa poética esportiva de Armando Nogueira está presente com diversos trechos de seu livro “A Chama que não se Apaga” e com citações de pensadores e poetas como Jean-Jacques Rousseau, Walt Whitman, Jean Giraudoux e o romano Juvenal, autor de “Mens sana in corpore sano”, impressos nas paredes do espaço expositivo. A linha do tempo que abarca, além de Olimpíadas, Copas do Mundo, Jogos Pan-Americanos e Jogos Olímpicos de Inverno é outra atração da mostra. O Brasil participa pela primeira vez de uma Olimpíada em 1920, na Antuérpia.

 

 

Sala Brasil

 

Um espaço exclusivamente dedicado ao Brasil reúne imagens preciosas, por exemplo, do tempo da Expedição Rondon à Amazônia, iniciada em 1910, destacando os esportes indígenas como a canoagem e o cabeçobol, um jogo de bola com a cabeça, praticado até hoje. O país ganha também uma linha do tempo própria.

 

 

Paralimpíadas e o mundo

 

A exposição tem ainda um longa metragem sobre as Paralimpíadas de Inverno de Sóchi, Rússia, de 2014, e uma seleção de filmes sobre esportes de 113 países em duas sessões diárias.

 

Catálogo e visita guiada

 

Acompanha a exposição um catálogo que será lançado em 20 de agosto, com distribuição gratuita e visita guiada pelos curadores. Entrada franca. “Memórias do Esporte” em o patrocínio dos CORREIOS, co-patrocínio do JW Marriott Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura do Rio e apoio da SPORTV. A mostra, é uma proddução da Artepadilla.

 

De 28 de Julho a 25 de setembro.

Sebastião Salgado no Rio

Sebastião Salgado, um dos maiores nomes da fotografia internacional, inaugura sua primeira exposição individual na galeria Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ. Trata-se de uma seleta de imagens de importantes passagens da obra do artista desde os anos 1970 até seus registros atuais.

 

O ponto de partida é um conjunto de 4 (quatro) fotografias feitas na América Latina entre o final dos anos 70 e princípio dos 80. Essa série deu origem ao primeiro livro lançado por Sebastião Salgado, “Outras Américas”.

 

Seguindo pela década de 1980, 5 (cinco) imagens representam a histórica produção da série denominada “Serra Pelada”, uma serra localizada no Pará que chegou a ser considerada o  maior garimpo a céu aberto do mundo e que nesta época viveu uma verdadeira “corrida do ouro”.

 

Os anos 1990 estão representados por 3 (tês) três obras, sendo uma delas a maior imagem da exposição, uma estação de trem lotada de pessoas na Índia.

 

Finalizando a mostra, 18 (dezoito)  imagens da série “Gênesis”, exibem um lado mais poético da obra de Sebastião Salgado que durante oito anos, percorreu inúmeros locais do planeta em busca de paisagens ainda intocadas pelo homem. O Brasil aparece com força nesta série, que passa pela Amazônia, Pantanal e tribos indígenas no Pará. Durante as expedições do “Gênesis”, o artista viveu pela primeira vez a experiência de fotografar animais e estabelecer com eles uma relação de proximidade, muitas vezes de confiança. Jacarés, baleias, pinguins e onças fecham a exposição.

 

 

Sobre o artista

 

Sebastião Salgado nasceu no dia 8 de fevereiro de 1944 em Aimorés, Minas Gerais, Brasil. Vive em Paris. Economista de formação, começa sua carreira de fotógrafo em Paris em 1973. Trabalha sucessivamente com as agências Sygma, Gamma e Magnum Photos até 1994 quando, junto com Lélia Wanick Salgado, fundam a agência de imprensa fotográfica, Amazonas Images, exclusivamente dedicada ao seu trabalho. Viajou para mais de 100 países para projetos fotográficos que, além de inúmeras publicações na imprensa, foram apresentados em forma de livros, tais como: “Outras Américas”, 1986; “Sahel,l’Homme en détresse”, 1986; “Trabalhadores”, 1993; “Terra”, 1997; “Êxodos” e “Retratos de Crianças do Êxodo”, 2000); “África”, 2007; e “Gênesis”, de 2013. Publicou em 2015 o livro “Perfume de Sonho, uma viagem ao mundo do café”. Exposições itinerantes destes trabalhos foram e continuam a ser apresentadas internacionalmente. Juntos, Sebastião e Lélia trabalham desde os anos 1990 na recuperação do meio-ambiente de uma parte da Mata Atlântica. Eles devolveram à natureza uma parcela de terra que possuíam, e em 1998, esta terra foi transformada numa Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN. Neste mesmo ano, criaram o Instituto Terra que tem como missão a restauração da floresta, pesquisa e monitoramento, educação ambiental e desenvolvimento sustentável. Em reconhecimento ao trabalho desenvolvido no Instituto Terra, em 2012, Sebastião e Lélia receberam o Prêmio e. Instituto e, UNESCO Brasil e Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, e também o Prêmio “Personalidade Ambiental”, WWF-Brasil. Sebastião Salgado além de receber inúmeros prêmios por seus trabalhos fotográficos, é Embaixador de Boa-Vontade da UNICEF, membro honorário da Academy of Arts and Science dos Estados Unidos. Recebeu no Brasil a comenda da  “Ordem do Rio Branco”, sendo ainda “Commandeur de l’Ordre des Arts et des Lettres”, pelo Ministério da Cultura e da Comunicação da França. Em 13 de abril 2016 foi eleito membro da Académie des Beaux-Arts de l’Institut de France, assumindo a cadeira ocupada anteriormente pelo fotógrafo Lucien Clergue.

 

 

De 28 de julho a 03 de setembro.

Rio enquadrado

19/jul

Com formação em arquitetura e urbanismo, Leonardo Finotti se tornou um dos principais fotógrafos brasileiros de arquitetura. Sua exposição realizada pelo Museu da Casa Brasileira, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, mostra 80 obras inéditas sobre a cidade do Rio de Janeiro.

 

Diferentemente do usual formato de proporção 2:3 e colorido, com o qual o fotógrafo mais trabalha, as fotografias desta exposição são em P&B e quadradas, nas dimensões 80 cm x 80 cm. Esse recorte estabeleceu uma nova relação entre Finotti e seu acervo de imagens coletadas no Rio de Janeiro, que se iniciou em 2007 e é composto de quase 5 mil fotos. Seu acervo é largamente caracterizado pelo uso da cor. Nesta série, porém, o P&B incita novas descobertas fora do padrão explícito colorido, revelando diferentes aspectos da cidade que encontramos com esse novo olhar.

 

A vontade de fazer um tributo ao Rio de Janeiro surgiu com o aniversário de 450 anos da cidade, em 2015, que se fortaleceu com uma nova incursão do fotógrafo à arquitetura moderna bastante presente na cidade. MAM-RJ, de Affonso Reidy, e a Casa das Canoas, de Oscar Niemeyer, são alguns dos projetos registrados, além de paisagens naturais e urbanas. Público e privado, interior e exterior compõem os objetos fotografados por Finotti.

 

A exposição, uma foto-instalação conceitual e imersiva, permite a apreensão de cada obra individualmente, bem como a apreciação da força do conjunto, expressando a grandiosidade da cidade e sua relação com a natureza através das intervenções do homem, principalmente da arquitetura. A curadoria e a expografia são de Michelle Jean de Castro. Realização da MCB e Obra Comunicação e apoio d Hotel Emiliano, LAMA SP, Estúdio Logos.

 

 

 

Sobre o artista     

 

Leonardo Finotti é um fotógrafo brasileiro de São Paulo com fotos publicadas nas principais revistas especializadas em arquitetura do mundo. Representou o Brasil em duas Bienais de Veneza, na Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires e na Bienal do Mercosul. Seu trabalho também foi exposto em exposições na Triennaledi Milano (Itália), DAM (Alemanha), MOT (Japão), MAR (Brasil), além de integrar coleções em instituições públicas e privadas na Alemanha, Portugal, França, e Áustria. Em 2008, Finotti participou da exposição do MoMA de Nova York “LatinAmerica in Construction: Arquitecture 1955-1980”, quando o museu adquiriu 15 obras para sua coleção.

 

 

 

Até 31 de julho.

Novos artistas

18/jul

A Galeria de Arte Ibeu, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, no dia 26 de julho, a exposição “Novíssimos 2016”. A mostra conta com a participação de 12 artistas que apresentarão pinturas, instalações, objetos e fotografias. Único Salão de Arte do Rio de Janeiro, o Salão de Artes Visuais Novíssimos chega à 45ª edição, na qual as inquietações comuns a artistas de diversas gerações e localidades estão reunidas em um mesmo espaço expositivo.

 

Os artistas selecionados são: Amanda Copstein, RS; Gilson Rodrigues, MG; Gustavo Torres, RJ; Hermano Luz, DF; João Paulo Racy, RJ; Kammal João, RJ; Manoela Medeiros, RJ; Maria Fernanda Lucena, RJ; Mariana Katona Leal, RJ; Rafael Salim, RJ; Reynaldo Candia, SP e Vera Bernardes, RJ. O artista em destaque no Salão de Artes Visuais “Novíssimos 2016” será contemplado com uma exposição individual na Galeria de Arte Ibeu em 2017. O nome do premiado será divulgado na noite de abertura.

 

O objetivo de “Novíssimos” é reconhecer e estimular a produção desses artistas emergentes, e com isso apresentar um recorte do que vem sendo produzido no campo da arte contemporânea brasileira. Já participaram deste Salão artistas como Anna Bella Geiger, Ivens Machado, Ascânio MMM, Ana Holck, Mariana Manhães, Bruno Miguel, Pedro Varela, Gisele Camargo, entre outros. Até 2015, 598 artistas já participaram da coletiva anual.

 

“Nesta nova edição, utilizei 13 livros da poetisa portuguesa Sophia de Mello BreynerAndresen para dispor as obras dos 12 artistas escolhidos. As obras são percebidas como internas a melancolia do tempo circunscrito, aquela dentro da qual o tempo pode ser percebido passando. Para isso, cada artista recebe uma obra da autora, com seu respectivo ano”, afirma o curador Cesar Kiraly.

 

“Por exemplo: “Amanda Copstein/O Nome das Coisas, 1977 ou Vera Bernardes/Mar Novo, 1958”. A intenção é permitir que a bruma do livro envolva o trabalho ao mesmo tempo em que esse se mostre coerente com os nomes implicados na fabricação poética. O décimo terceiro livro, “O Nome das Coisas, 1964” foi escolhido como aquele que conduz a lógica dos encontros entre livros e artistas e nomeia a coletiva.”, complementa Cesar Kiraly.

 

 

 

Até 26 de agosto.

Heróis por Daniel Mattar

12/jul

O fotógrafo Daniel Mattar, com mais de 20 anos de trajetória no universo da moda, volta a experimentar linguagens para universos que vão além de campanhas e editoriais. Assim como fez na individual “Simulacro”, onde abordou a realidade do consumo solitário no Japão, agora exibe em “Heróis Nacionais” uma seleção de 18 imagens, nove delas inéditas, que trazem atletas como modelos.A mostra tem curadoria de Lauro Wöllner e fica em cartaz no Shopping Leblon, Rio de Janeiro, RJ, como continuidade de um projeto lançado em 2010 no formato de calendário, com beleza de Vini Kilesse e produção de Bebel Moraes.

 

Segundo Mattar, o desafio foi descobrir qual aspecto explorar no caso de cada personagem, com possibilidades que surgiam apenas no momento do ensaio, com jogos de luz e muita observação a partir dos movimentos congelados frente ao fundo negro. “Ao contrário de uma campanha de moda, no qual já chegamos com uma imagem pré-estabelecida, em “Heróis Nacionais” nos surpreendíamos a partir do relacionamento com os atletas e seus equipamentos. Um exemplo é a foto do Bernardo Oliveira, que chama atenção pela interação do jovem atleta com a complexidade do arco. Já com a Juliana Veloso e com a Ingrid Santos, dos saltos, exploramos a altura com o auxílio de uma cama elástica”, conta.

 

No conceito do trabalho está ainda uma busca por uma estética mais limpa e sensível para as variadas atividades, sem vícios ou coloridas interferências, e com o olhar de surpresa de alguém que nunca teve nenhum contato mais profundo com velas, remos ou trampolins. “Tenho o maior orgulho deste material, porque começamos em 2009 para a produção do calendário e desde aquela época venho pensando em novas leituras para diversas modalidades. Enquanto na primeira etapa fotografei Martine Grael e Isabel Swan enroladas numa vela, o símbolo do esporte aparece este ano quase como uma bandeira nas mãos do Henrique Haddad. Por outro lado, no caso das meninas do nado, uso praticamente a mesma técnica e foco na plasticidade de cada movimento e sua reação na água”, completa.

“Heróis Nacionais” explora ainda o potencial da luz na criação de rastros de movimento, como na foto em que a bicampeã olímpica Fabiana Alvim de Oliveira, medalhista em Londres e Pequim no voleibol, dá o popular “peixinho” evitando o contato da bola com o chão. Efeito semelhante pode ser visto no clique do ciclista Kacio Freitas, no contraste com tronco e cabeça inertes.

 

De acordo com Lauro Wöllner, que selecionou os atletas junto ao Comitê Olímpico Brasileiro, “…pessoas que dedicam oito, dez anos de vida em um único foco e objetivo são verdadeiros heróis”. Aficionado do esporte e competidor de vela e triatlo, afirma que toda sua vida foi pautada pelos esportes. “Essa influência me trouxe competitividade para o mundo dos negócios, mas também humildade, disciplina e companheirismo”, pondera. A ideia do empresário é seguir fotografando atletas em parceria com Daniel Mattar. “Nosso grande desejo é encorpar esse trabalho com novas fotos e outros esportistas e concretizar o ciclo com um livro”, conta.

 

 

Atletas fotografados: Em 2016, Bernardo Oliveira (Tiro com Arco); Fabiana Alvim de Oliveira (Voleibol); Henrique Haddad (Vela); Ingrid Santos (Saltos ornamentais); Juliana Veloso (Saltos ornamentais); Kacio Freitas (Ciclismo); Lara Puglia (Nado sincronizado); Marinalva Almeida (Vela adaptada) e Pedro Drummond (Remo). Em 2010, Cezar Castro (Saltos ornamentais); Clarisse Menezes (Esgrima); Fabiana Beltrame (Remo); Giovana Nunes (Nado sincronizado); Martine Grael e Isabel Swan (Vela); Nivalter Santos (Canoagem); Patrícia Freitas (Vela); Raquel e Rafaela Lopes (Judô) e Virgilio de Castilho (Triatlon).

 

 

De 12 a 24 de julho.

Coletiva na SIM galeria

08/jul

Anna Maria Maiolino, Alice Miceli,  Daisy Xavier, Juliana Stein, Lais Myrrha, Laura Vinci, Leonilson, Luiza Baldan, Lygia Pape, Maria Laet, Marilá Dardot, Mira Schendel e Romy Pocztaruk  formam o grupo de artistas expositores reunidos sob a curadoria de Luisa Duarte para a mostra coletiva “Hiato”, em cartaz até o dia 13 de agosto na SIM galeria, Curitiba, PR.

 

 

 

A palavra da curadora

 

Hiato

 

Ao me convidar para realizar uma exposição que contasse somente com artistas mulheres, a SIM Galeria desejava incorporar à sua agenda um debate atual no Brasil. Tratava-se de tentar refletir um momento no qual os movimentos feministas e pós-feministas mobilizam de maneira candente o país.

 

Mas, aceito o convite, acabei por descartar os caminhos que me levariam a uma exposição sobre o feminismo, mas me comprometi a buscar uma pesquisa sobre traços que pudessem evocar aquilo que associamos ao registro feminino. Tratava-se de insistir numa chance de me ocupar de um universo que partisse da feminilidade sem cair num gesto ilustrativo.

 

Em meio a pesquisa leio uma entrevista da crítica e curadora Lisette Lagnado, cujo tema central era justamente o feminismo. Dessa fala sublinho o seguinte trecho:

 

Ao longo da sua carreira como curadora, você já organizou exposições que deram ênfase a artistas mulheres? E quanto a obras que exploram questões feministas?

 

Só fiz uma vez uma curadoria efetivamente voltada para descascar essa questão. Era o aniversário do livro de Simone de Beauvoir, O Segundo Sexo (1949). Clio, Pátria (Caderno Sesc-Videobrasil nº 5) foi um exercício muito especial para mim, porque percebi que eu falava do Leonilson quando era convidada a falar de feminismo…

 

Poderia citar alguns artistas e/ou obras que abordam essas questões e que considera bons?

 

Para mim, Leonilson contribuiu mais para me pensar como mulher do que Ana Maria Tavares, então não sei se consigo responder. A pergunta me parece machista. O que é “bom”? Que questões? Como já disse, o feminismo não se reduz a temas (violência doméstica, aborto, estupro, salários iguais etc.). As questões formais não devem ser menosprezadas. Eva Hesse era feminista? O que importa? Na minha percepção, o feminismo é um modo de estar no mundo, de se relacionar com o outro, de lidar com problemas econômicos, de fazer partilhas, de pensar ecologia, de resolver dívidas, de brigar e botar o pau na mesa, de ser generoso e não perder a ternura, tudo isso junto e muito mais.

 

Tomando a colocação de Lisette Lagnado com uma posição com a qual me identifico, tendo sido Leonilson um leitmotiv de diversos textos meus até hoje publicados e de ao menos duas exposições, tomo o artista como ponto de partida para a exposição hoje apresentada. O título escolhido evoca o intervalo entre vogais. Hiato tem origem no termo Latim “hiatus”, cujo significado é “abertura, fenda, lacuna”. Assim, o título sinaliza para algumas características presentes no trabalho de Leonilson, quais sejam: o uso da palavra seguida por longos intervalos em branco; a capacidade de se fazer dizer justamente no intervalo, no não dito; o vazio como produtor de sentido; a ausência que caminha na contra mão do espetáculo.  Tais aspectos da obra de Leonsilson me levaram, por sua vez, a uma citação a respeito de Walter Benjamin que pode iluminar o caminho que pretendemos seguir, trazendo a tona a questão da mulher, e do feminino, de um modo singular:

 

 “O silêncio – tipificado como atitude da mulher – é o elemento decisivo para a compreensão, no texto, da natureza da conversa. A valorização do silêncio determina a grande diferença de sua compreensão em relação às teorizações filosóficas sobre o diálogo da tradição metafísica. Estas teorizações, privilegiando a dimensão comunicativa da conversa, detêm-se unicamente na fala, compreendendo o diálogo como uma troca verbal onde se produziria o sentido. A dialética aqui é simétrica, entre iguais – os dois falantes. Para Benjamin, a dialética da conversa é, ao contrário, assimétrica e se estabelece entre duas diferenças: a que fala, e a que escuta, ou seja, entre a fala e o silêncio, entre o homem e a mulher. Na conversa, silêncio e fala engendram-se mutuamente: se o silêncio é a fonte de sentido, a fala gera o silêncio. (…) É no vazio das palavras escutadas que o ouvinte apreende, com desenvoltura, a verdadeira natureza da linguagem – o som das palavras que lhe entra pelos ouvidos, a sua visibilidade nos esforços de expressão do rosto de quem fala. (…) As conversas dos homens são sempre ardilosas e Benjamin usa termos fortemente negativos para classificá-las: “jogos obscenos”, “paradoxos que violentam a grandeza da linguagem”. A cultura, onde a linguagem degradou-se ao interesses de poder e dominação é, para Benjamin, uma cultura masculina onde a mulher não pode existir sem também degradar-se. (…) Estes personagens, a mulher, o jovem, fornecem-lhe a diferença necessária para construir a sua crítica da cultura e a esperança de uma outra cultura apenas adivinhada, uma visão fugaz do paraíso. Como conversam entre si as mulheres que não perderam a alma no mundo das palavras masculino? pergunta-se Benjamin.”

 

Assim, em tempos nos quais somos todos chamados a guerrear por meio de palavras diariamente num Brasil imerso na polarização política, a presente exposição busca uma pausa reflexiva, um intervalo para pensarmos na importância do silêncio como formador de sentido, ou mesmo em uma outra forma de nomear e conversar que nos endereça a possibilidade de outras maneiras de se estar no mundo.

 

“Hiato” torna-se assim uma aposta no murmúrio em meio a cacofonia generalizada em que estamos imersos. Uma aposta na delicadeza, na falha, no momento em que a palavra nos falta, na permanência no vazio que gera tempo para algum tipo de elaboração. Ou seja, trata-se de recordar que é ali, no espaço em branco entre um verso e outro de um poema que encontra-se guardado o sentido daquilo que está sendo dito.

Luisa Duarte

 

 

 

 

 

Daniel Feingold no MON

O Museu Oscar Niemeyer, MON, Curitiba, PR, exibe a exposição “Acaso Controlado”, do artista carioca Daniel Feingold. A mostra ocupa a Sala 2, com cerca de 40 obras, dentre fotografias e pinturas. Com curadoria da cientista social, historiadora e curadora de arte Vanda Klabin, a exposição se divide em quatro ambientes. No primeiro, serão apresentados três obras históricas, entre elas, o tríptico “Grid# 02”, que fez parte da Bienal do Mercosul, seguidas de outras duas obras da série “Espaço Empenado”, dando um caráter retrospectivo da carreira de Feingold. Nas salas seguintes serão apresentados quatro pinturas da série “Estrutura” e cinco pinturas da série “Yahweh”.

 

Fechando a exposição, serão apresentadas 32 fotografias da série "Homenagem ao Retângulo", feitas no Jardin des Plantes, em Paris. “A fotografia para Feingold é um modo de apreensão do real e o eixo condutor do seu aparelho sensível e perceptivo”, comenta a curadora.

 
A série negra, que o artista chama de Yahweh (Javé) leva o nome do Deus judaico do Antigo Testamento e é composta por telas pintadas em preto sobre branco, na posição vertical e, depois, unidas na horizontal, formando dípticos de grandes dimensões. Essa série marca um novo ciclo de trabalhos do artista.

 

Serão apresentadas ainda quatro pinturas medindo até dois metros e oitenta cada, da série “Estrutura”, são dípticos, em esmalte sintético, cada um com uma paleta reduzida de cores, enfatizando as questões: estrutura, plano e cromatismo. Pinturas de grande formato através do qual o espaço bidimensional da tela interage incisivamente com o observador.

 

A série fotográfica nomeada “Homenagem ao Retângulo” é composta por 32 imagens. As fotografias dessa série são abstrações geométricas feitas a partir de troncos de árvores secas do Jardin des Plantes, que o artista descreve como uma maneira de reestruturar o espaço, contradizendo a situação arquitetônica.

 

Processo de criação Daniel Feingold trabalha com esmalte sintético escorrido, e a pintura acontece neste processo, quando a geometria organiza o olhar na apreensão do movimento dos planos. A articulação da grade geométrica é atingida pela fluência do esmalte sintético escorrendo na tela sem que o artista interfira no seu movimento. O controle surge pela combinação da espessura da tinta com a precisão obtida pelo ritmo e quantidade despejada. Não há fitas separando os  campos de cor, não há pincel, rolo ou espátula. Feingold revela o seu enfrentamento direto com a pintura por meio da execução de unidades de grande escala. A exuberância da matéria combina um sistema pictórico com conceitos críticos, com o repensar a arte, seus limites, suas inquietações. O seu trabalho pulsa, irradia-se para as bordas e margens em formas ondulantes, fluidas, sempre materializando um novo gesto.

 

Sobre o artista

 

Nascido no Rio de Janeiro, em 1954, formou-se em Arquitetura na FAUSS, RJ 1983. Estudou História da Arte e Filosofia com o crítico de arte Ronaldo Brito, UNIRIO/PUC 1988-1992; Teoria da Arte & Pintura e Núcleo de Aprofundamento, EAV Parque Lage, RJ 1988-1991; Mestrado no Pratt Institute, NY 1997. O artista tem como trajetória exposições no Museu de Arte Moderna (MAM-RJ), 5° Bienal Mercosul e agora mostra suas obras no Museu Oscar Niemeyer.

 

 

Até 25 de setembro.